Apostila Estatística (1)
Apostila Estatística (1)
Apostila Estatística (1)
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................ 4
CAPÍTULO 1 ................................................................................ 6
PREAMBULO .......................................................................................................................... 6
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9
Tipos de erros ..................................................................................................................... 10
Erros aleatórios e sistemáticos em análises titrimétricas ................................................... 13
Manipulando erros sistemáticos ......................................................................................... 15
CAPÍTULO 2 .............................................................................. 19
A ESTATÍSTICA EM ANÁLISES CLÁSSICAS .................................................................. 19
Média e desvio padrão ........................................................................................................ 19
Distribuição de erros .......................................................................................................... 20
A distribuição de médias amostradas ................................................................................. 24
Limites de confiança da média ........................................................................................... 26
Apresentação dos resultados .............................................................................................. 30
Outros usos dos limites de confiança .................................................................................. 31
Propagação de erros aleatórios ......................................................................................... 32
Propagação de erros sistemáticos ...................................................................................... 36
CAPÍTULO 3 .............................................................................. 38
TESTES DE SIGNIFICÂNCIA .............................................................................................. 38
Comparação entre uma média experimental e um valor conhecido ................................... 38
Comparação das médias de duas amostras ........................................................................ 39
Teste t pareado ................................................................................................................... 41
TESTES MONO E BI-CAUDAIS .......................................................................................... 44
TESTES F PARA A COMPARAÇÃO DE DESVIOS PADRÕES ........................................ 45
PONTOS FORA DA CURVA (“OUTLIERS”) ...................................................................... 47
ANÁLISE DE VARIÂNCIA .................................................................................................. 51
Comparação de várias médias............................................................................................ 53
Variações dentro da amostra .............................................................................................. 54
Variação entre amostras ..................................................................................................... 55
CAPÍTULO 4 .............................................................................. 66
A QUALIDADE DAS MEDIDAS ANALÍTICAS ................................................................. 66
Amostragem ............................................................................................................................ 66
Separação e estimativa de variâncias usando ANOVA ...................................................... 68
CAPÍTULO 5 .............................................................................. 71
ERROS EM ANÁLISE INSTRUMENTAL: REGRESSÃO E CORRELAÇÃO ................... 71
COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO PRODUTO-MOMENTO............................................ 73
A LINHA DE REGRESSÃO DE Y EM X ............................................................................. 78
ERROS NA TANGENTE E NO INTERCEPTO DA CURVA DE REGRESSÃO ................ 80
CÁLCULOS DE UMA CONCENTRAÇÃO .......................................................................... 84
CAPÍTULO 6 .............................................................................. 87
LIMITES DE DETECÇÃO ..................................................................................................... 87
O MÉTODO DAS ADIÇÕES PADRÃO ................................................................................ 91
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
PREAMBULO
MEDIÇÕES
A definição de medidas usada neste curso é: “Um conjunto de operações com o objetivo
de se determinar o valor de uma quantidade”.
INTRODUÇÃO
Procedimentos muito mais complexos podem ser necessários. Por exemplo: para
comparar as características de diferentes amostras de solo, ou de substratos de rios ou
lagos, as amostras podem sofrer, inicialmente, uma seleção de partículas, por exemplo,
por meio de separação em peneiras com 10 tamanhos de malhas diferentes. Cada amostra
deverá, então, ser caracterizada dentro dessas 10 distribuições. Procedimentos bastante
complexos de análises poderão então ser empregados para se obter uma conclusão
quantitativa sobre as similaridades das amostras e se estimar a probabilidade delas terem
uma origem comum.
“Nenhum resultado quantitativo tem qualquer valor, a menos que ele seja
acompanhado de alguma estimativa dos erros inerentes”.
Se novos estudos mostrarem que esse valor é correto dentro da faixa de duas
unidades, isso é o valor verdadeiro provavelmente se encontra na faixa de 104 ±
2, então um novo composto foi, provavelmente, sintetizado. Entretanto, se as
novas medidas mostrarem que o erro experimental é maior, talvez 10 unidades,
(104 ± 10), então o valor real pode ser menor que 100 e para se caracterizar um
novo composto ainda serão necessárias muitas análises adicionais.
Tipos de erros
Um analista trabalhando em sua rotina diária, em um laboratório de química está,
normalmente, sujeito a três tipos de erros. Esses erros podem ser classificados como:
grosseiros, aleatórios e sistemáticos.
Erros grosseiros são facilmente reconhecidos. Eles são erros tão sérios que não
deixam alternativas a não ser refazer todo o experimento. Exemplos incluem a quebra do
equipamento, contaminação de reagentes, erros na adição de alíquotas, etc.
erros sistemáticos, que fazem com que todos os valores determinados sejam acima do
valor real.
Erros sistemáticos também são conhecidos como bias, que afetam a exatidão, isso
é, a proximidade do valor real.
A Preciso e inexato
B Exato e sem precisão
D Exato e preciso
9,70 10,00 10,30
Por outro lado, elas são muitas vezes utilizadas indiscriminadamente na vida
cotidiana. Além disso, a convenção moderna exige uma distinção cuidadosa dos termos
reprodutibilidade e repetibilidade. A repetibilidade refere-se a experimentos feitos de
maneira consecutiva, em condições de laboratório idênticas e na mesma vidraria. Já
reprodutibilidade refere-se a experimentos feitos em dias diferentes, com outro conjunto
de vidraria e com condições ligeiramente diferentes. Não é surpresa que, no último caso,
os resultados apresentem uma dispersão de valores maior.
Uma análise titrimétrica (titulação ácido-base) pode ser considerada como tendo
os seguintes passos:
ii. Transferir uma alíquota da solução padrão para o frasco de titulação, com
uma pipeta;
iii. Titular o líquido do frasco com uma outra solução, adicionada à bureta.
Mesmo uma análise elementar desse tipo envolve de 7 a 10 passos separados, que
devem ser repetidos várias vezes. Em princípio, deve-se examinar cada passo
separadamente, para determinar os erros sistemáticos e aleatórios envolvidos no processo.
Isso significa avaliar corretamente os erros aceitáveis em procedimentos de pesagem e de
calibração de vidraria volumétrica.
A tolerância de uma pesagem com o maior grau de precisão, de 100 g, pode ser
tão baixa quanto ± 0,25 mg. Entretanto, para uma pesagem rotineira, ela pode ser até cerca
de quatro vezes maior. Similarmente, uma medida de alto grau de precisão para um
volume de 250 mL pode ser de ± 0,12 mL. Se uma balança analítica ou uma vidraria
volumétrica estiver dentro dos limites de tolerância, mas não no valor exato de pesagem
ou medida de volume, um erro sistemático surge na medida. Por exemplo, se um frasco
volumétrico apresentar um volume de 249,95 mL, esse erro terá reflexo nos resultados de
todos os experimentos que o utilizar. A repetição do experimento não revelará o erro, em
cada repetição o volume será assumido como 250 mL quando, de fato, será menor que
isso. Se os resultados desse experimento forem comparados com aqueles obtidos em
outros laboratórios, feitos com outros frascos, então os respectivos erros sistemáticos
serão evidentes.
utilizados para a calibração da vidraria volumétrica, pesando a água que esta vidraria
contém.
Em muitas análises, o erro total na prática é relacionado com o erro em uma etapa
única: esse ponto será mais bem discutido no decorrer do curso.
Uma classe de erro sistemático muito comum ocorre quando falsas suposições são
aceitas sobre a exatidão dos instrumentos analíticos. Por exemplo, analistas experientes
estão cansados de saber que os monocromadores dos espectrômetros fogem gradualmente
do ajuste e, assim, que erros de vários nanômetros nos comprimentos de onda não são
raros. Entretanto, muitas análises fotométricas são feitas sem que os aparelhos sejam
checados quanto à sua exatidão.
Os erros sistemáticos não surgem apenas dos equipamentos, mas podem ser de
responsabilidade humana. Alguns experimentalistas podem sofrer de astigmatismo ou de
daltonismo, o que pode introduzir erros nas leituras dos instrumentos de medidas.
Muitos autores relatam uma série de outras bias em relação a números, por
exemplo, uma tendência a favorecer um número par sobre um ímpar, ou os dígitos zero e
cinco, no relatório dos resultados. Assim, isso aparenta que erros sistemáticos são um
risco constante, e muitas vezes ocultos, para os analistas, de forma que se deve tomar
cuidado para minimizá-los.
A = εcl (1)
Tem-se um complicado conceito para tratar; apesar de erros aleatórios terem uma
distribuição conhecida e de se combinarem numa maneira previsível num experimento de
múltiplos passos, o mesmo não é válido para os erros sistemáticos. Assim, dar uma
estimativa quantitativa para a incerteza total de um resultado está longe de ser uma tarefa
simples. Apesar desse problema, a importância do conceito de incerteza é clara, e justifica
o esforço que será desenvolvido durante o curso.
CAPÍTULO 2
Foram utilizados dois critérios para se fazer uma análise comparativa desses
resultados, o valor médio e o grau de dispersão. O valor médio utilizado era a média
aritmética, x , que é normalmente abreviado para média, a soma de todos os valores
obtidos dividida pelo número de medidas.
∑ 𝒊 𝒙𝒊
̅=
𝒙 (2)
𝒏
A definição mais útil para a dispersão dos dados experimentais é o desvio padrão,
s. Ele é definido pela equação:
̅)𝟐
∑𝒊(𝒙𝒊 −𝒙
𝒔=√ (3)
𝒏−𝟏
𝟏𝟎𝟎𝒔
𝑹𝑺𝑫 = ̅
(4)
𝒙
Distribuição de erros
O desvio padrão é uma medida da dispersão de um conjunto de resultados em
torno de um valor médio, entretanto, ele não indica a maneira como os valores estão
distribuídos.
0,51 0,51 0,51 0,50 0,51 0,49 0,52 0,53 0,50 0,47
0,51 0,52 0,53 0,48 0,49 0,50 0,52 0,49 0,49 0,50
0,49 0,48 0,46 0,49 0,49 0,48 0,49 0,49 0,51 0,47
0,51 0,51 0,51 0,48 0,50 0,47 0,50 0,51 0,49 0,48
0,51 0,50 0,50 0,49 0,52 0,52 0,50 0,50 0,51 0,51
Concentração nitrato
Frequência
(μg L-1)
0,46 1
0,47 3
0,48 5
0,49 10
0,50 10
0,51 13
0,52 5
0,53 3
A Tabela 4 mostra que, na Tabela 3, o valor 0,46 µg L-1 aparece apenas uma vez,
o valor 0,47 µg L-1 aparece três vezes e assim adiante. O valor mais comum nestas
determinações é o 0,51 µg L-1. Com estes resultados, pode-se calcular o valor médio deste
conjunto como sendo 0,500 µg L-1 e o desvio padrão como 0,0165 µg L-1. A esses valores
foram atribuídos, de maneira arbitrária, três algarismos significativos. Uma discussão
sobre esse importante aspecto da apresentação dos resultados será feita posteriormente.
A distribuição desses resultados pode ser mais bem percebida, colocando-os em um
histograma, como mostrado na Figura 2.
14
12
10
freqüência
0
0,46 0,47 0,48 0,49 0,50 0,51 0,52 0,53
valores medidos
̅)𝟐
∑𝒊(𝒙𝒊 −𝒙
𝒔=√ (3)
𝒏−𝟏
−(𝒙−𝝁)𝟐
𝒆𝒙𝒑{ }
𝟐𝝈𝟐
𝒚= (5)
𝝈√𝟐𝝅
x
y
s = 2
1 > 2
s =
x
Figura 4. Distribuições normais com o mesmo valor de média (μ), mas com valores
diferentes de desvio padrão (σ).
Uma análise mais detalhada mostra que, sejam quais forem os valores de µ e de s,
aproximadamente 68% da população situa-se entre ± 1 s da média, aproximadamente 95
% está entre ± 2 s e que aproximadamente 99,7 % situam-se entre ± 3 s da média.
❖ O primeiro é a precisão das medidas individuais, que, por sua vez, depende
da variância da população.
Tomando cada coluna como uma amostra, os valores das médias serão: 0,506;
0,504; 0,502; 0,496; 0,502; 0,492; 0,506; 0,504; 0,500 e 0,486. É óbvio que esses valores
de média estão menos dispersos que os valores originais. Como as medidas originais são
uma amostra de uma população infinita de medidas possíveis esses valores de médias são
uma amostra das médias possíveis de amostras de cinco medidas tiradas de toda a
população. A distribuição desses valores de média é chamada de “distribuição de médias
amostradas”. O desvio padrão dessa amostra de médias é chamado de “erro padrão da
média” (s.e.m. – standard error of the mean).
𝜎
𝑠. 𝑒. 𝑚. = (6)
√𝑛
relacionado com a diferença entre 𝑥̅ e µ. Isso não é assim, o valor 𝜎⁄√𝑛 dá uma medida
da incerteza envolvida ao se estimar µ a partir de x , como será visto adiante.
Frequência
95 %
- 1,96 s x + 1,96 s
Dados
𝜎 𝜎
𝜇 − 1,96 ( 𝑛) < 𝑥̅ < 𝜇 + 1,96 ( 𝑛) (7)
√ √
O valor exato, 1,96, é usado nessa equação no lugar do valor dois, frequentemente
utilizado.
𝜎 𝜎
𝑥̅ − 1,96 ( 𝑛) < 𝜇 < 𝑥̅ + 1,96 ( 𝑛)
√ √
(8)
𝜎 𝜎
𝑥̅ − 2,97 ( 𝑛) < 𝜇 < 𝑥̅ + 2,97 ( 𝑛)
√ √
(9)
𝜎 𝜎
𝑥̅ − 2,58 ( 𝑛) < 𝜇 < 𝑥̅ + 2,58 ( 𝑛)
√ √
(10)
A equação 8 pode ser usada para calcular a concentração dos íons nitrato com um
limite de confiança de 95%. Tem-se 𝑥̅ = 0,500 e n = 50. A única grandeza na equação,
que não se conhece é s. Para amostras grandes, como a do nitrato, s dá uma estimativa
suficientemente precisa de e pode substituí-lo. Assim, para um intervalo de confiança
de 95% para a concentração de íons nitrato é:
∑𝑖(𝑥𝑖 − 𝑥̅ ) = 0 (13)
Pode ser visto que para tamanhos de amostras maiores que 50, os valores de t são
muito próximos aos valores 1,96 e 2,58, usados nas equações acima. Isso confirma a
proposição usada para calcular os limites de confiança para a concentração de nitrato.
O uso dos dados dessa tabela pode ser ilustrado por meio de um exemplo: o
conteúdo de íons sódio de uma amostra de urina foi determinada usando um
eletrodo íon-seletivo. Os seguintes valores foram obtidos: 102, 97, 99, 98, 101 e
106 mmol L-1. Quais são os limites de confiança para 95% e 99% de confiança
da concentração dos íons sódio? A média e o desvio padrão desses valores são
100,5 mmol L-1 e 3,27 mmol L-1, respectivamente. Há seis medidas e, portanto,
cinco graus de liberdade. A partir da Tabela 5, o valor de t para calcular o limite
de confiança a 95% é 2,57 e a partir da equação:
Onde o uso do subscrito indica que o digito dado é apenas para evitar a perda da
informação. O leitor deve decidir se ele é útil ou não. Da mesma maneira, quando os
limites de confiança são calculados, não há razão para dar o valor de t . s com mais de
duas casas significativas. O valor de x deve ser dado com o número correspondente de
casas decimais.
Algumas vezes a incerteza na última casa é enfatizada pela utilização das formas
0,1046 ou 0,1046 mol L-1, mas continua preferível dar uma estimativa específica da
precisão, como o desvio padrão.
Outro problema a ser considerado é se o número cinco deve ser arredondado para
cima ou para baixo. Por exemplo, se 9,65 deve ser arredondado para uma casa decimal,
ele se torna 9,7 ou 9,6? É evidente que os resultados serão supervalorizados se o cinco
for sempre arredondado para cima. Essa supervalorização pode ser evitada arredondando
o cinco para o número par mais próximo, dando, nesse caso 9,6. De maneira análoga, 4,75
deve ser arredondado para 4,8.
Combinações lineares
Nesse caso, o valor final, y, é calculado a partir de uma combinação linear das
quantidades medidas a, b, c, etc. por:
𝒚 = 𝒂 + 𝒃 + 𝒄 + ⋯. (16)
Esse exemplo ilustra o ponto muito importante de que o desvio padrão para o
resultado é maior do que aqueles para as leituras individuais da bureta, mesmo quando o
volume é calculado por uma diferença, mas é menor que a soma dos desvios padrões.
Expressões multiplicativas
𝒂𝒃
𝒚= (18)
𝒄𝒅
y 2
2 2
= a + b + c + ... (19)
y a b c
If
= (20)
k c l I0
Pode-se observar que o desvio padrão relativo no resultado final não é muito maior
que o maior dos desvios padrões utilizados no cálculo (isso é, 2% para If). Isso é uma
consequência maior da elevação ao quadrado dos desvios padrões relativo e ilustra um
ponto importante: qualquer esforço para melhorar a precisão do experimento deve ser
direcionado para a melhoria da precisão dos valores menos precisos. Como um corolário
para isso, não há qualquer vantagem em tentar aumentar a precisão dos valores mais
precisos. Isso não deve ser encarado como se erros pequenos não sejam importantes.
Pequenos erros em muitos passos da análise, como a análise titrimétrica discutida
anteriormente, produzirão um erro apreciável no resultado final.
É importante ressaltar que, quando uma quantidade é elevada a uma potência, por
exemplo, b3, então o erro não é calculado como uma multiplicação, isso é, b b b, porque
as quantidades não são independentes. Se a equação for:
y = bn (21)
y n b
= (22)
y b
Outras funções
y = f (x) (23)
dy
y = x (24)
dx
A = − logT (25)
Combinações lineares
𝒚=𝒂+𝒃+𝒄+⋯ (26)
∆𝒚 = ∆𝒂 + ∆𝒃 + ∆𝒄 + ⋯ (27)
É importante lembrar que os erros sistemáticos podem ser tanto positivos quanto
negativos e que esses sinais devem ser incluídos no cálculo de Δy.
Expressões multiplicativas
kab
y= (28)
cd
y a b c d
= + + + (29)
y a
b c d
y n b
= (30)
y b
CAPÍTULO 3
TESTES DE SIGNIFICÂNCIA
Umas das propriedades mais importantes de um método analítico é que ele deve
ser isento de erros sistemáticos, isso é, o valor calculado pelo método deve ser o valor
real. Entretanto, erros aleatórios fazem com que o valor medido raramente seja
exatamente igual ao valor real. Para decidir se a diferença entre o valor medido e o valor
padrão pode ser atribuída a esses erros aleatórios, um teste estatístico, conhecido como
teste de significância, pode ser empregado.
a hipótese nula é mantida, não foi provado que ela seja verdadeira, apenas não se
demonstrou que ela seja falsa.
𝑠
𝜇 = 𝑥̅ ± 𝑡 ( 𝑛) (31)
√
É reescrita como:
√𝑛
𝑡 = (𝑥̅ − 𝜇) (32)
𝑠
(𝑥̅1 −𝑥̅2 )
𝑡= 1 1
(34)
𝑠 √( + )
𝑛1 𝑛2
Outra aplicação para esse teste é ilustrada no próximo exemplo, onde ele é usado
para decidir se uma mudança nas condições experimentais afeta o resultado.
Tempo de
refluxo Estanho (mg kg-1)
(min)
30 55 57 59 56 56 59
75 57 55 58 59 59 59
Teste t pareado
Quando se compara a eficiência de dois métodos analíticos distintos, pode não ser
possível gerar conjuntos de dados separados, para os dois métodos, para utilizar um dos
testes t descritos acima. Por exemplo, pode não ser prático obter mais de um resultado
para cada método testado, em cada amostra. Assim, não é possível obter duas médias
experimentais para comparar. Nestes casos, o teste t pareado é muito útil. Ele requer pares
de resultados obtidos da análise de diferentes amostras, como ilustrado na Figura 6
abaixo.
1
Amostras
2
d
C
3 1
d1
4 2
d2
5 3 d3
Método 1
6 Método 2 4 d4
Resultados 5 d5
B 6 d6
Metodologia
A
-2 0 2
B Diferenças
Resultados
Tabela 60. Concentrações de chumbo (µg mL-1) determinadas por dois métodos
diferentes (do exemplo).
Como os métodos analíticos têm, constantemente, que ser aplicados a uma faixa
grande de concentrações, qualquer novo método deve ser comparado a um método padrão
pela análise de amostras nas quais a concentração do analito pode variar em ordens de
grandeza. Nesse caso é inapropriado usar o teste-t pareado, pois sua validade depende da
(x − ) n
t=
s
(25,228 − 25,00) 6
t = t = 2,35
0,238
caudal). Assim, se quiser saber se um método analítico novo é mais preciso que o método
padrão é necessário fazer um teste mono-caudal. Se desejar apenas saber de quanto à
precisão dos dois métodos difere, é necessário executar um teste bi-caudal.
s12
F= 2 (38)
s2
Onde os parâmetros são colocados na equação de tal forma que F é sempre maior
ou igual a um. A hipótese nula adotada é que as populações de onde as amostras são
tomadas são normais, e que as variâncias das populações são iguais.
Se a hipótese nula for verdadeira, então a relação de variâncias deve ser muito
perto de um. Diferenças de um ocorrem por causa das variações aleatórias, mas se a
diferença é muito grande, ela não pode mais ser atribuída a esta causa. Se o valor
calculado de F exceder um certo valor crítico (obtidos das Tabelas adequadas, no final da
apostila) então a hipótese nula deve ser rejeitada. Esse valor crítico de F depende do
tamanho de ambas as amostras, do nível de significância e do tipo de teste executado.
0,32
𝐹= = 1,70
0,232
Nesse caso, entretanto, não se tem qualquer razão para supor, em antemão, que a
variância de um método deva ser maior que a do outro. Assim, um teste bi-caudal deve
ser apropriado. Os valores críticos da tabelados são aqueles que F excede, com uma
probabilidade de 0,05, assumindo que ele deve ser maior que um.
Num teste bi-caudal, a relação entre a primeira e a segunda variância pode ser
menor ou maior que um, mas se F for calculado como maior que um, a probabilidade que
ele exceda o valor tabelado deve ser dobrada. Assim, os valores críticos dados da Tabela
monocaudal não são apropriados para testes bi-caudais e a outra tabela deve ser utilizada
no lugar. Da Tabela para F bicaudal, no final da apostila, tomando o número de graus de
liberdade de ambos numerador e denominador como nove, o valor crítico para F é 4,026.
O valor calculado é menor que isso, assim não há diferença significante entre as duas
variâncias no nível de 5%.
na escrita do número, que deveria ser lido 12,14. Entretanto, mesmo quando esses erros
óbvios estão ausentes, valores que parecem estar fora ainda podem ocorrer. Eles devem
ser mantidos ou removidos?
valorsuspeito − valorvizinho
Q= (39)
valormaior − valormenor
Os valores dados são para os testes bi-caudais, apropriados quando não se conhece
em que extremo um ponto fora da curva pode ocorrer.
Idealmente, mais medidas devem ser feitas, quando um valor suspeito é detectado,
particularmente quando poucas medidas foram tomadas inicialmente. Isso pode tornar
mais claro quando um valor suspeito deve ou não ser rejeitado. Mesmo se ele for mantido,
sua contribuição para o valor da média e desvio padrão será menor.
onde s é calculado com o valor suspeito incluído. O teste assume que a população testada
é normal.
É importante atentar para o fato de que, num nível de significância de 5%, ainda
há uma chance de 5%, ou seja, um em 20, de se rejeitar de maneira incorreta um valor
suspeito. Isso pode ter uma influência considerável na estimativa da precisão de um
experimento. Por exemplo, para todos os sete valores de concentração de nitrito dados
acima, o desvio padrão é 0,011 mg L-1, mas quando o valor suspeito é rejeitado, o desvio
padrão torna-se 0,0056 mg L-1, isso é, a precisão do experimento parece ter aumentado
por um fator de dois. O exemplo acima ilustra a importância de se ater a critérios para
aceitar ou rejeitar um valor fora da curva.
b
2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 3,2
x1 xn
Na Figura 7 há dois resultados, 2,9 e 3,1, que são suspeitos quando comparados
com os outros. Entretanto, se calcular o valor de Q, obter-se-á:
3,1 − 2,9
Q= Q = 0,18
3,1 − 2,0
Um valor que não é significante (P = 0,05). Claramente, o valor fora da curva 3,1
foi mascarado pelo outro valor suspeito 2,9, dando um valor baixo de Q.
Uma situação diferente ocorre com o exemplo b, onde os dois valores suspeitos
estão nas extremidades opostas do conjunto de dados.
Novamente, vários tipos de testes têm sido propostos, um deles sendo (xn - xi) / s,
sendo s o desvio padrão da amostra.
ANÁLISE DE VARIÂNCIA
Nos exemplos anteriores, ela pode ser usada para separar qualquer variação
causada pelos fatores de controle da variação causada por erros aleatórios. Ela pode,
assim, testar se a mudança nos fatores de controle altera significativamente os valores das
médias calculadas.
ANOVA também pode ser usada em situações onde há mais de uma fonte de
variações aleatórias. Considere, por exemplo, o teste de pureza de um lote de frascos de
cloreto de sódio. As amostras são tiradas de várias partes do lote, escolhidas de maneira
aleatória e análises repetidas são feitas nessas amostras. Além do erro randômico na
medida das purezas, também pode haver variações na pureza de cada amostra, de
diferentes partes do lote. Como as amostras são tomadas aleatoriamente, os erros também
serão aleatórios e, assim, eles são chamados de fator de efeito aleatório.
necessário explorar aqui os fatores de efeitos fixos e num próximo tópico os de efeitos
aleatórios. Para esse último caso deve-se, antes, discutir a amostragem com mais detalhes.
Mais adiante, será discutida também situação mais complexa, com dois ou mais
fatores, todos interagindo entre si.
Três medidas repetidas foram feitas de cada amostra. A Tabela 93 mostra que os
valores das médias para cada amostra são diferentes.
Entretanto, sabe-se que, devido ao erro aleatório, mesmo se o valor verdadeiro que
se está tentando avaliar não mudasse, a média de cada amostra deverá variar.
As médias das amostras são x1 , x2 ,..., x n e a média para todos os valores agrupados
é x . A hipótese nula adotada é que todas as amostras foram tiradas de uma população
com média µ e variância σ02.
Com base nesta hipótese, σ02 pode ser estimado de duas maneiras, uma
envolvendo a variação dentro das amostras e outra a variação entre as amostras.
(x i − x )2
(41)
n −1
Fazendo a média dos valores de variância acima tem-se a estimativa de σ02 dentro
da amostra:
1+ 3 + 4 + 4
02 = =3
4
Esta estimativa possui oito graus de liberdade; cada amostra tem dois graus de
liberdade e existem quatro amostras. É necessário observar que esta estimativa não
depende das médias das amostras; se, por exemplo, todas as medidas de A forem
acrescidas de, por exemplo, quatro, esta estimativa de σ02 permaneceria inalterada.
( xij − xi ) 2
02 = (42)
i j h(n − 1)
62
02 = 3 02 = 62
3
Essa estimativa tem três graus de liberdade, desde que ela foi calculada de quatro
médias de amostras. Observe que esta estimativa de σ02 não depende da variabilidade
dentro de cada amostra, pois ela é calculada de médias de amostras. Entretanto, se, por
exemplo, a média da amostra D for mudada, a estimativa σ02 também mudará. Em geral
tem-se (para σ02 entre amostras):
( xi − x )2
02 = n (43)
i h −1
Se a hipótese nula for correta, essas duas estimativas de σ02 não devem diferir
significativamente. Se ela for incorreta, a estimativa de σ02 entre amostras será muito
maior que a de dentro da amostra por causa das variações entre as amostras.
s12 62
F = 2 F3,8 = = 20,7
s2 3
É bom lembrar que cada média quadrada é usada, assim não é necessário mais
elevar ao quadrado.
Como o valor calculado é maior que o valor crítico, a hipótese nula é rejeitada e a
diferença entre as médias é significativa.
2
𝑀𝐷𝑆 = 𝑠√𝑛 . 𝑡ℎ(𝑛−1) (43)
2
3 2,306( P = 0,05) = 3,26
3
Comparando esse valor com as diferenças entre as médias fica evidente que média
(D) e média (C) diferem significantemente uma da outra e da média (A) e média (B), mas
essas duas não diferem entre si, isso é, a exposição à luz é que afeta a fluorescência.
( x
i j
ij − x ) 2 = 4 2 + 2 2 + 3 2 + ... = 210
Os valores das variâncias totais, dados na última linha da Tabela 11, são as somas
dos valores nas duas primeiras linhas, tanto para os quadrados dos desvios padrões como
para os graus de liberdade. Esta propriedade aditiva se mantém para toda a discussão de
ANOVA feita no curso. Assim como no cálculo da variância, existem fórmulas que
simplificam os cálculos das somas dos quadrados.
Dentro da amostra ( x
i j
ij − xi ) 2 = 24 h(n − 1) = 3
Total ( x
i j
ij − x) 2 = 210 hn − 1 = 11
Essas fórmulas estão sintetizadas na
Tabela 126 pode ser ilustrado repetindo-se os cálculos de ANOVA para os dados
da Tabela 93.
Tabela 148. Todos os valores da Tabela 93 foram subtraídos por um valor de 100,
o que simplifica muito os cálculos.
Ti Ti2
A 2 0 1 3 9
B 1 1 4 6 36
C -3 -5 -1 -9 81
D -10 -8 -6 -24 576
T = −24 T i
i
2
= 702
Será visto que uma parte importante da ANOVA é a aplicação dos testes-F. O uso
desses testes é limitado para a comparação da variância de duas amostras e depende de
que as amostras sejam retiradas de uma população normal. Entretanto, por sorte, os testes-
F quando aplicados em ANOVA, não são tão sensíveis para desvios da normalidade.
TESTE CHI-QUADRADO
Os dados usados foram tomados na forma de observações que, por algum tipo de
arredondamento, foram medidos numa escala contínua. Em contraste, nessa parte da aula
a preocupação será com a frequência, isso é, o número de vezes que um evento ocorre.
Por exemplo, a
Como já discutido anteriormente, tais medidas são assumidas como tiradas de uma
população que está normalmente distribuída.
A hipótese nula adotada é que não há diferença nas habilidades dos quatro
técnicos. Assumindo que eles utilizaram a vidraria por um intervalo de tempo igual,
espera-se, pela hipótese nula, que cada um quebrou o mesmo número de vidros. Como o
total de quebra foi 61, espera-se que cada técnico quebrou 61 / 4 = 15,25 vidros. A questão
a ser respondida é se a diferença entre as frequências observadas e esperada é tão grande
que a hipótese nula deva ser rejeitada. Se existe alguma diferença entre os dois conjuntos
de dados de frequências pode ser mais facilmente observado considerando-se uma
sequência de lançamentos de dados.
Observe que o total da coluna O - E é sempre zero assim podendo ser usada para
checar os cálculos. Se χ2 exceder um certo valor crítico, a hipótese nula deve ser rejeitada.
8 15,51
9 16,92
10 18,31
Nesse cálculo de χ2, parece que o resultado significante foi obtido pelo alto
número de quebras reportado pelo técnico número um. Para aprofundar esse estudo, testes
chi-quadrado adicionais devem ser feitos. Um desses testes analisa se o segundo, terceiro
e quarto técnicos diferem significantemente: nesse caso, a frequência esperada para cada
um será: (17 + 11 + 9) / 3.
Observe que um teste T não pode ser aplicado aqui, pois está se trabalhando com
frequências e não com valores contínuos.
Considere uma situação onde um certo produto químico deve conter 3% de fósforo
em massa. Suspeita-se que esta proporção aumentou e para testar isso sua composição
será analisada pelo método padrão com um desvio padrão conhecido de 0,03%. Suponha
que quatro medidas foram feitas e que um teste de significância foi conduzido em um
nível de P = 0,05. Foi necessário um teste mono-caudal, pois se estava interessado apenas
no aumento da concentração de fósforo. A hipótese nula considerada foi = μ = 3,0%.
Tipo 2 Tipo 1
x
3,00 3,05
xc
A probabilidade desse erro tipo dois é representada pela área achurada. Essa figura
esclarece a inter dependência dos dois tipos de erros. Se, por exemplo, P for diminuído
para 0,01 para reduzir a chance do erro tipo um, x c aumentará e o risco de erro tipo dois
também. Da mesma maneira, a diminuição da probabilidade de erro tipo dois só pode ser
feita às custas de um aumento da probabilidade de erro tipo um.
Tipo 2
Tipo 1
x
3,00 3,05
xc
A diminuição resultante no erro padrão das médias produz uma diminuição nos
dois tipos de erros, para um dado valor de x c . A probabilidade de uma hipótese nula falsa
Erros do tipo um e dois são relevantes também quando testes de significância são
aplicados de maneira sequencial. Um exemplo dessa situação é a aplicação de teste-T
para a diferença entre duas médias, após se utilizar um teste-F para decidir se as variâncias
das amostras podem ser associadas.
CAPÍTULO 4
Os testes estatísticos descritos até aqui foram aplicados em situações mais simples
do que as encontradas em muitos laboratórios de análises. Assim, assume-se que não
havia nenhuma dificuldade ou erro envolvido em conseguir as amostras utilizadas nas
análises. Na prática, a amostragem causa problemas diretos nas análises.
Amostragem
Um analista deve lidar com amostra, pois, na maioria dos casos, é impraticável ou
impossível analisar todo o objeto sob consideração. Por exemplo, não é praticável analisar
um tanque cheio de leite para determinar o teor de gordura e é impossível analisar toda a
água de um rio para se determinar poluentes. Além disso, muitos procedimentos analíticos
são destrutivos e assim não podem ser aplicados a um objeto de valor.
Se a amostra for usada para deduzir as propriedades da população, ela deve ser o
que é conhecido estatisticamente como uma amostra aleatória.
Essa é uma amostra tomada de uma maneira que todos os membros da população
têm a mesma chance de ser incluído. Apenas assim as equações utilizadas no tratamento
estatístico, por exemplo, para o cálculo do limite de confiança da média podem ser
utilizadas.
Apesar de, na prática o analista poder espalhar os tabletes na sua bancada e tentar
pegar uma amostra de dez ao acaso, esse método pode originar uma bias inconsciente. A
melhor maneira de se obter uma amostra aleatória é pelo uso de uma tabela de números
aleatórios.
Na prática, os volumes de materiais não são homogêneos por uma série de razões.
Materiais como minerais ou sedimentos consistem de partículas macroscópicas de várias
Na aula passada o uso da ANOVA mono-modal foi descrito para testar a diferença
entre médias quando havia uma possível variação devido a um fator de efeito fixo. Agora
será considerada a situação onde existe um fator de efeito aleatório, ou seja, a variação da
amostragem.
Como já foi discutido, há duas possíveis fontes de variações: aquela devido aos
erros aleatórios nas medidas de pureza, dada pela variância calculada, σ02, e aquela devido
à variação real da pureza das amostras de cloreto de sódio em diferentes pontos do tambor,
dada pela variância das amostras, σ12.
( xi − xi ) 2
02 = (47)
i j h(n − 1)
Como a média quadrada dentro das amostras não depende da média da amostra
(aula anterior), ela pode ser usada como uma estimativa de σ02. A média quadrada entre
as amostras não pode ser usada para estimar σ12 diretamente, pois a variação entre as
médias das amostras é causada por ambos, erros aleatórios de medidas e de pureza das
amostras. Entretanto, antes de uma estimativa da variância das médias quadradas das
amostras, σ12, for feita, é necessário conduzir um teste para verificar se ele difere
significativamente de zero. Isso é feito comparando-se as médias quadradas dentro e inter
amostras: se elas não diferirem significantemente, então σ12 = 0 e ambas médias
quadradas estimam σ02.
O cálculo das médias quadradas usando a fórmula dada na Tabela 16. Todos os
valores da Tabela 162 foram subtraídos de 98,5 para facilitar a aritmética (Tabela 173 e
Tabela 184). Como a média quadrada entre as amostras é maior que aquela dentro de cada
amostra, σ12 deve diferenciar significativamente de zero usando-se um teste-F para
comparar as duas médias quadradas tem-se:
1,96
F4,15 = = 30
0,0653
Amostra Ti Ti2
A 0,3 0,2 0,4 0,3 1,2 1,44
B 0,8 0,2 0,3 0,7 2,0 4,00
C -0,2 0,0 0,3 0,3 0,4 0,16
D -0,5 -0,8 -1,1 -1,2 -3,6 12,96
E 0,8 0,9 1,4 0,9 4,0 16,00
T = 4,0 T Ti 2 = 34,56
i
n=4
h=5
N = 20
x
i j
2
ij = 9,62
O valor crítico de F, para P = 0,05 é 3,056. Como o valor calculado é muito maior,
σ12 difere significativamente de zero.
A média quadrada dentro das amostras dá 0,0653 como uma estimativa de σ02.
Como a média quadrada entre as amostras estima σ02 + nσ12 tem-se: estimativa de σ12 =
(médias quadradas entre amostras – dentro das amostras) / n = (1,96 - 0,0653) / 4 = 0,47,
que seria a variância das médias quadradas entre as amostras.
CAPÍTULO 5
Concentração
i. A curva de calibração é linear? Se ela for uma curva, qual é a sua forma?
iii. Assumindo que a curva de calibração é realmente linear, quais são os erros
estimados e os limites de confiança para a tangente e o intercepto desta
linha?
iv. Quando a curva de calibração for usada pelo analista numa determinação
de uma amostra, quais são os erros e limites de confiança para a
concentração encontrada?
O sinal do instrumento lido para a amostra do branco muitas vezes não será zero.
Ele é, naturalmente, sujeito a erros, como todos os outros pontos da curva de calibração
sendo, portanto, errado, a princípio, subtrair o valor do branco dos outros valores dos
padrões, antes de plotar a curva de calibração. Finalmente, deve-se notar que a curva de
calibração deve ser plotada sempre com a resposta do instrumento na vertical (y) e com
as concentrações dos padrões na horizontal (x).
y = ax + b (44)
Para se estimar quão bem os pontos experimentais se ajustam em uma linha reta,
nós calculamos o coeficiente de correlação produto-momento, r.
( x i − x )( yi − y )
r= i
1
(45)
2 2
2
( xi − x ) ( y i − y )
i i
Uma observação cuidadosa dessa equação mostra que r pode variar no intervalo
entre − 1 r +1 . Como mostrado na Figura abaixo, um valor de r = -1 descreve uma
correlação negativa perfeita, isso é, todos os pontos experimentais caem numa linha reta
com tangente negativa.
r=1
r = -1
r=0
0 x
xi yi xi − x ( xi − x ) 2 yi − y ( yi − y ) 2 ( xi − x )( y i − y )
0 2,1 -6 36 -11,0 121,00 66,0
2 5,0 -4 16 -8,1 65,61 32,4
4 9,0 -2 4 -4,1 16,81 8,2
6 12,6 0 0 -0,5 0,25 0
8 17,3 2 4 4,2 17,64 8,4
10 21,0 4 16 7,9 62,41 31,6
12 24,7 6 36 11,6 134,56 69,6
42 91,7 0 112 0 418,56 212,2
42
x= =6
7
91,7
y= = 13,1
7
216,2 216,2
r= = = 0,9989
(112 418,28) 2 1
216,44
A experiência mostra que mesmo curvas de calibração bem dispersa podem gerar
altos valores de r.
25
20
Fluorescência
15
10
média (x,y)
Y=A+B*X
5 A = 1,51786
B = 1,93036
R = 0,99888
0
0 2 4 6 8 10 12
-1
Concentração (pg mL )
y 5
A
4
1
r = 0,986
5
B r=0
4
0 1 2 3 4 5 x
A lição a ser tirada desse exemplo é que a curva de calibração deve sempre ser
construída (ou num papel milimetrado ou no computador). De outra maneira, uma relação
linear pode ser assumida de maneira errônea com o resultado de r obtido simplesmente
da equação dada. A Figura 13 (B) mostra que um coeficiente de correlação zero não
significa que x e y não possuam qualquer relação, apenas que esta relação não é linear.
r (n − 2)
t=
(1 − r ) 2
(54)
Se o valor calculado de t for maior que o valor tabelado, a hipótese nula deve ser
rejeitada, isso é, conclui-se que, nesse caso, uma correlação significante existe.
A LINHA DE REGRESSÃO DE Y EM X
Como já foi assumido que todos os erros estão no eixo y, procura-se agora uma
reta que minimize os desvios na direção y entre os dados experimentais e a reta calculada.
Como alguns desses desvios (conhecidos tecnicamente como os resíduos y) serão
positivos e outros negativos, é conveniente tentar minimizar a soma dos quadrados desses
resíduos. Isso explica o uso frequente do termo “método dos mínimos quadrados” para
esse procedimento.
A linha reta requerida é calculada com base nesse princípio, assim, como
resultado, é encontrado que a linha deve passar através do “centróide” dos pontos ( x , y )
. Pode-se mostrar que:
(x − x )( y − y )
i i
b= i
(x − x )
i
i
2
(46)
a = y − bx
Se mantivermos com rigidez a proposta que o sinal analítico deve ser plotado
sempre no eixo y e a concentração no eixo x, será sempre a curva de regressão de y em x
que será usada nos experimentos de calibração. Exemplo: calcule a tangente e o intercepto
da curva de regressão para os dados do exemplo anterior (Tabela 25 e Tabela 26).
(x
i
i − x )( y i − y ) = 216,2
(x − x ) = 112
2
i
i
x = 6; y = 13,1
216,2
b= = 1,93
112
a = 13,1 − (1,93 6) = 13,1 − 11,58 = 1,52
y = 1,93x + 1,52
Novamente é importante enfatizar que essas equações não devem ser utilizadas
erroneamente. Elas apenas darão resultados úteis quando um estudo prévio (cálculo de r
e gráfico visual) tiver indicado que uma relação linear é realmente válida para o
experimento em questão. Métodos não paramétricos (isso é, métodos que não fazem
assunção prévia sobre a natureza da distribuição de erros) podem também ser utilizados
para calcular as curvas de regressão e serão discutidos em aulas futuras.
1
( yi − yˆ )2 2
sy = i (47)
x
n−2
y x5 , y 5 x6 , yˆ 6
x5 , yˆ 5 x6 , y 6
x3 , y 3 x4 , yˆ 4
x3 , yˆ 3 x4 , y 4
x1 , y1 x2 , yˆ 2
x1 , yˆ1 x2 , y 2
1
( yi − yˆ ) 2
2
sy = i (48)
x
n−2
(x − x ) i
2
s= i
(49)
n −1
Armado com um valor para sy/x pode-se agora calcular sb e sa, os desvios padrões
para a tangente (b) e o intercepto (a). Eles são dados por:
sy
sb = x
1
2
( xi − x )
2
i
1
(50)
xi2 2
sa = s y i
2
x n ( xi − x )
i
b t sb (51)
a t sa (52)
1
0,9368 2
sy = = 0,4329
x 5
Anteriormente, já foi visto que:
(x
i
i − x ) = 112
2
E, assim a equação:
sy
sb = x
1
(53)
2
( xi − x )
2
i
0,4329 0,4329
sb = = = 0,0409
112 10,58
1
x 2 2
i
sa = s y i
2
x n ( xi − x )
(54)
i
364
s a = 0,4329 = 0,2950
784
sy 2
s xo = x 1 ( yo − y )
2
1 + +
b n b 2 ( xi − x )2
(55)
i
No caso do analista ter que fazer várias leituras de yo, por exemplo, se houver m
leituras, então a equação acima deve ser modificada para:
sy 2
1 1 (y − y)
s xo = x + + 2 o
2
b m n b ( xi − x )2
(56)
i
como sendo: 0,72, 6,21 e 11,13 pg mL-1, respectivamente. Para obter os valores de sxo
correspondentes a esses valores de xo, usa-se a equação:
1
sy
( yo − y )
2
x
2
1
sxo = 1 + +
b n b 2 (xi − x )2 (57)
i
Recordando dos itens anteriores que n = 7, b = 1,93, sy/x = 0,4329, = 13,1 e também
que a (x
i
i − x ) = 112 . Os valores de yo de 2,9; 13,5 e 23,0 geram os valores de sxo de
2
Uma análise da equação acima confirma que quando yo aproxima do valor médio
y , o terceiro termo dentro do colchete tende a zero, e sxo aproxima-se do valor mínimo.
A forma geral dos limites de confiança para uma concentração calculada é mostrada na
Figura 15.
Sinal
( x, y)
Concentração
Figura 15. Forma geral dos limites de confiança para uma concentração.
CAPÍTULO 6
LIMITES DE DETECÇÃO
Uma das principais vantagens em se utilizar métodos instrumentais de análise
consiste na possibilidade de se detectar quantidades muito menores de analito do que os
métodos clássicos. Essa característica implica na possibilidade de se estabelecer a
importância de concentrações em nível de traços de muitos materiais, por exemplo em
amostras biológicas e ambientais. Assim foram desenvolvidas várias metodologias nas
quais os baixos limites de detecção são o principal critério de aplicação bem sucedida.
y − y B = 3S B (58)
O significado desta última definição é ilustrado, com mais detalhes, na Figura 16.
Limite de Limite de
yB
decisão detecção
A B C
P Q
SB y
3SB
Um ponto mais adequado situa-se em y = Q (Figura 16), pois Q está duas vezes
mais afastado de yB que P. Pode-se mostrar que, se yB - Q for 3,28 vezes o desvio padrão
do branco, sB, então a probabilidade de cada um dos dois erros acontecerem (indicada
pela área achurada da Figura 16) é de apenas 5%. Se, como sugerido na Figura 16, a
distância for de 3sB, a probabilidade de ambos os erros será de cerca de 7%. Muitos
analistas consideram esta como sendo uma boa definição de limite de detecção.
Deve ser enfatizado que essa definição é bastante arbitrária e que ainda está
inteiramente aberto para um analista propor uma outra definição alternativa para um
propósito particular. Por exemplo, pode haver ocasiões onde um analista está ansioso para
evitar, a todo custo, a possibilidade de reportar a ausência de um analito quando ele, de
fato, estiver presente, mas está relativamente despreocupado com o erro oposto.
Torna-se claro que, sempre que o termo limite de detecção for citado em um
artigo, a definição usada deve ser também citada.
Um valor de yB + 10 sB foi sugerido para esse limite, mas seu uso ainda é bastante
restrito na prática. Devem-se agora discutir como os termos yB e sB são obtidos na prática,
quando uma reta de regressão convencional for usada para a calibração, como descrito na
aula passada.
O valor de a, o intercepto calculado pela regressão, pode ser utilizado como uma
estimativa do valor de yB, o sinal do branco, ele deve ser uma estimativa mais precisa de
yB do que o único valor medido do branco, y1.
sy/x = sb = 0,433
25
-1
LOD = 0,67 pg mL
sx0 = 0,25
20
Fluorescência
15
10
média (x,y)
Y=A+B*X
5 A = 1,51786
yB + 3sB
B = 1,93036
LOD
0
R = 0,99888
0 2 4 6 8 10 12
-1
Concentração (pg mL )
É muito importante evitar confundir o limite de detecção de uma técnica com sua
sensibilidade. Esta fonte de confusão muito comum se origina, provavelmente, do fato de
não haver uma palavra apropriada que demonstre que uma técnica tem um “baixo limite
de detecção”.
todos são, então, diluídos para o mesmo volume. Os sinais do instrumento analítico são,
então, determinados para todas essas soluções e os resultados graficados como mostrado
na Figura 18.
Como usual, os sinais obtidos são plotados no eixo y, nesse caso o eixo x é
graduado em termos de quantidades de analito adicionadas (tanto como pesos absolutos
como concentrações).
Sinal da
amostra
Quantidade de Quantidade
analito em adicionada
amostra teste
A curva de regressão é calculada da maneira usual, mas dessa vez é feita uma
extrapolação até o ponto no eixo x correspondendo a y = 0. É evidente que esse intercepto
negativo no eixo x corresponde à quantidade de analito na amostra teste.
A análise da Figura 18 mostra que esse valor é dado por a / b, a relação entre o
intercepto e a tangente da curva de regressão. Como ambos, a e b são sujeitos a erros, o
valor calculado é também sujeito a erro, do mesmo modo. Nesse caso, a quantidade não
é predita por um valor único medido de y, assim a fórmula para o desvio padrão, sxE, do
valor extrapolado xE, não é a mesma daquela vista anteriormente, mas sim:
s y 2
2
1 y
s xE = x + 2
b n b (xi − x )2 (59)
i
de tal forma que as soluções para a confecção da curva de calibração devem, se possível,
cobrir um amplo intervalo.
(x − x )( y − y )
i i
b= i
(x − x )
i
i
2
(60)
a = y − bx
Os limites de confiança para esse resultado podem ser determinados com a ajuda
da equação:
s y 2
2
1 y
s xE = x + 2
b n b (xi − x )2 (61)
i
de sxE é igual a 0,749 e os limites de confiança são 17,3 ± 2,57 x 0,749, isso é, 17,3 ± 1,9
µg mL-1. Apesar de ser uma aproximação elegante para o problema do efeito de matriz,
o método da adição de padrões tem a suas desvantagens.
ANEXOS
Teste Monocaudal
υ1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 15 20
υ2
1 161,4 199,5 215,7 224,6 230,2 234,0 236,8 238,9 240,5 241,9 243,9 245,9 248,0
2 18,51 19,00 19,16 19,25 19,30 19,33 19,35 19,37 19,38 19,40 19,41 19,43 19,45
3 10,13 9,552 9,277 9,117 9,013 8,941 8,887 8,845 8,812 8,786 8,745 8,703 8,660
4 7,709 6,944 6,591 6,388 6,256 6,163 6,094 6,041 5,999 5,964 5,912 5,858 5,803
5 6,608 5,786 5,409 5,192 5,050 4,950 4,876 4,818 4,772 4,735 4,678 4,619 4,558
6 5,987 5,143 4,757 4,534 4,387 4,284 4,207 4,147 4,099 4,060 4,000 3,938 3,874
7 5,591 4,737 4,347 4,120 3,972 3,866 3,787 3,726 3,677 3,637 3,575 3,511 3,445
8 5,318 4,459 4,066 3,838 3,687 3,581 3,500 3,438 3,388 3,347 3,284 3,218 3,150
9 5,117 4,256 3,863 3,633 3,482 3,374 3,293 3,230 3,179 3,137 3,073 3,006 2,936
10 4,965 4,103 3,708 3,478 3,326 3,217 3,135 3,072 3,020 2,978 2,913 2,845 2,774
11 4,844 3,982 3,587 3,357 3,204 3,095 3,012 2,948 2,896 2,854 2,788 2,719 2,646
12 4,747 3,885 3,490 3,259 3,106 2,996 2,913 2,849 2,796 2,753 2,687 2,617 2,544
13 4,667 3,806 3,411 3,179 3,025 2,915 2,832 2,767 2,714 2,671 2,604 2,533 2,459
14 4,600 3,739 3,344 3,112 2,958 2,848 2,764 2,699 2,646 2,602 2,534 2,463 2,388
15 4,543 3,682 3,287 3,056 2,901 2,790 2,707 2,641 2,588 2,544 2,475 2,403 2,328
16 4,494 3,634 3,239 3,007 2,852 2,741 2,657 2,591 2,538 2,494 2,425 2,352 2,276
17 4,451 3,592 3,197 2,965 2,810 2,699 3,614 2,548 2,494 2,450 2,381 2,308 2,230
18 4,414 3,555 3,160 2,928 2,773 2,661 2,577 2,510 2,456 2,412 2,342 2,269 2,191
19 4,381 3,522 3,127 2,895 2,740 2,628 2,544 2,477 2,423 2,378 2,308 2,234 2,155
20 4,351 3,493 3,098 2,866 2,711 2,599 2,514 2,447 2,393 2,348 2,278 2,203 2,124
Teste Bicaudal
υ1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 15 20
υ2
1 647,8 799,5 864,2 899,6 921,8 937,1 948,2 956,7 963,3 968,6 976,7 984,9 993,1
2 38,51 39,00 39,17 39,25 39,30 39,33 39,36 39,37 39,39 39,40 39,41 39,43 39,45
3 17,44 16,04 15,44 15,10 14,88 14,73 14,62 14,54 14,47 14,42 14,34 14,25 14,17
4 12,22 10,65 9,979 9,605 9,364 9,197 9,074 8,980 8,905 8,844 8,751 8,657 8,560
5 10,01 8,434 7,764 7,388 7,146 6,978 6,853 6,757 6,681 6,619 6,525 6,428 6,329
6 8,813 7,260 6,599 6,227 5,988 5,820 5,695 5,600 5,523 5,461 5,366 5,269 5,168
7 8,073 6,542 5,890 5,523 5,285 5,119 4,995 4,899 4,823 4,761 4,666 4,568 4,467
8 7,571 6,059 5416 5,053 4,817 4,652 4,529 4,433 4,357 4,295 4,200 4,101 3,999
9 7,209 5,715 5,078 4,718 4,484 4,320 4,197 4,102 4,026 3,964 3,868 3,769 3,667
10 6,937 5,456 4,826 4,468 4,236 4,072 3,950 3,855 3,779 3,717 3,621 3,522 3,419
11 6,724 5,256 4,630 4,275 4,044 3,881 3,759 3,664 3,588 3,526 3,430 3,330 3,226
12 6,554 5,096 4,474 4,121 3,891 3,728 3,607 3,512 3,436 3,374 3,277 3,177 3,073
13 6,414 4,965 4,347 3,996 3,767 3,604 3,483 3,388 3,312 3,250 3,153 3,053 2,948
14 6,298 4,857 4,242 3,892 3,663 3,501 3,380 3,285 3,209 3,147 3,050 2,949 2,844
15 6,200 4,765 4,153 3,804 3,576 3,415 3,293 3,199 3,123 3,060 2,963 2,862 2,756
16 6,115 4,687 4,077 3,729 3,502 3,341 3,219 3,125 3,049 2,986 2,889 2,788 2,681
17 6,042 4,619 4,011 3,665 3,438 3,277 3,156 3,061 2,985 2,922 2,825 2,723 2,616
18 5,978 4,560 3,954 3,608 3,382 3,221 3,100 3,005 2,929 2,866 2,769 2,667 2,559
19 5,922 4,508 3,903 3,559 3,333 3,172 3,051 2,956 2,880 2,817 2,720 2,617 2,509
20 5,871 4,461 3,859 3,515 3,289 3,128 3,007 2,913 2,837 2,774 2,676 2,573 2,464