Respostas Do Trabalho Avaliativo (Digitalizado)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 3

1

DIREITO PROCESSUAL PENAL II


Avaliação Processual de 2º bimestre
Data da Entrega pelo portal acadêmico: até o dia 12.11.2024.
Todos os integrantes precisam realizar a postagem do trabalho no portal.

Trabalho em grupo de até no máximo 05 (cinco) integrantes (não serão aceitos


trabalhos individuais). As respostas devem ser bem construídas, com bons
argumentos em forma de texto com início, meio e fim. Não exceder o limite de
linhas propostas.

Aluno 1: Ana Clara Guilherme Coutinho


Aluno 2: Eduarda Gripp Fortunato
Aluno 3: Kaline Pinheiro Westphal
Aluno 4: Letycia Amaral de Souza
Aluno 5: Luiza Souza Gomes

Questão 1) (0,5) Roberto, Promotor de Justiça, membro do Ministério Público do


Estado do Espírito Santos -MPES, apresentou-se perante a 10ª Vara Criminal de
Vila Velha a fim de participar da audiência de instrução e julgamento nos autos
do Processo nº 00.345.xx.2024.xx. Ao receber o feito, verificou que é acusado o
irmão de sua mãe, logo, seu tio com que não possui relações há mais de 15
anos. Considerando esse cenário e o que dispõe o Código de Processo Penal,
Roberto poderá atuar como membro do Ministério Público nos autos do
processo? Justifique juridicamente sua resposta.

R: No caso supracitado, constata-se que Roberto não poderá atuar como


Promotor de Justiça nos autos processuais, uma vez que este é sobrinho do
acusado, assim possuindo um vínculo consanguíneo em segundo grau.
Ora, o Código de Processo Penal Brasileiro, em seu art. 258, demonstra
expressamente os casos de impedimento e suspeição para a atuação de
membros do Ministério Público em processos em que esses possuam
parentesco com acusados em até terceiro grau de parentesco. Posto isso, é
sabido que Roberto como Promotor de Justiça, por possuir parentesco de
segundo grau com o acusado, deverá então, se declarar impedido, a fim de que
venha ser designado outro Promotor que atuará nos autos processuais até o
trânsito em julgado da sentença.
2

Por fim, cabe dispor que o impedimento de Roberto garantirá ao processo êxito
na aplicabilidade do Princípio da Imparcialidade.

Questão 2 (0,5) Nos autos do processo nº 00.200.xx.2023.xx, o juiz determinou


a citação de Tício pela suposta prática do crime de roubo previsto no caput do
art. 157, CP, cuja pena é de reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Em
cumprimento à ordem judicial, o oficial de justiça foi até o domicílio de Tício, no
entanto, não conseguiu citá-lo e ainda apurou que Tício vem tentando se ocultar
a fim de não ser criminalmente responsabilizado. Nesse contexto, seguindo às
disposições do CPP, qual será a providência que será adotada pelo oficial de
justiça e como será citado o denunciado? Justifique juridicamente sua resposta.

R: Em casos como o de Tício, onde o oficial de justiça não consegue realizar a


citação pessoal do acusado por ele estar ocultando-se deliberadamente para
evitar a responsabilização criminal, o Código de Processo Penal (CPP)
estabelece uma alternativa. Segundo o art. 362 do CPP, “verificando que o réu
se oculta para não ser citado, o juiz poderá ordenar a citação por hora certa, na
forma estabelecida nos arts. 227 a 229 do Código de Processo Civil”. Assim, o
oficial de justiça deverá retornar ao domicílio de Tício em dia e horário
previamente fixados e, caso o réu não seja encontrado, o oficial deixará uma
comunicação para que compareça em hora certa no local determinado para
receber a citação. Dessa forma, a citação por hora certa é uma medida que
assegura a comunicação processual mesmo em casos de tentativa de ocultação
do réu. Essa providência visa garantir o direito de defesa e o andamento regular
do processo penal, uma vez que a citação é essencial para a validade dos atos
processuais e para assegurar que o acusado tenha ciência da acusação.

Questão 3 (1,0) Nos termos do art. 366 do CPP, haverá a suspensão tanto do
processo (efeito processual) quanto da prescrição da pretensão punitiva (efeito
penal), se citado por edital o réu não comparece nem constitui defensor. O art.
366 do CPP não prevê prazo de duração da suspensão do processo e do prazo
prescricional. Trata-se de questão complexa e obscura que dava margem para
interpretações distintas. Por isso, o Supremo Tribunal Federal se debruçou sobre
o dispositivo legal em comento, fixando balizas interpretativas importantes para
assegurar segurança jurídica e uniformidade em todos os Tribunais e Juízes no
Brasil, já que em relação à forma de contagem do prazo, na nossa prática jurídica
na área criminal, o Poder Judiciário aplicava o art. 366 do CPP de maneira
totalmente incorreta ou parcialmente correta, e mesmo quando aplicava de forma
correta não sabia justificar as premissas do cálculo; e as partes não contestavam
por desconhecimento. Nesse sentido, a partir do RE 600.851/DF do Tribunal
3

Pleno do STF, de Rel. Min. Edson Fachin, explique qual foi o entendimento
adotado pelo STF?

R: Desde o RE 600.851/ DF, houve o acerto sobre a questão do prazo de duração


da suspensão do processo e do prazo prescricional. Antes haviam controvérsias
e diferentes entendimentos, pois o CPP não prevê sobre essa questão. Alguns
doutrinadores entendiam que era mais razoável adotar a prescrição pelo máximo
da pena abstratamente cominada para o delito, outros entendiam pela hipótese
da lei 9.613, no qual deveria ser o caso de nomear um advogado dativo e o
processo correr normalmente após isso, essas divergências de interpretação
tornavam as decisões inconsistentes e irregulares (há também os que entendiam
que seria o caso de impresacritibilidade). O, RE foi um julgado paradigma, com
repercussão geral, que trouxe o entendimento que é constitucional limitar o
período de suspensão do prazo prescricional. Ou seja, há a limitação do prazo
prescricional pelo máximo da pena cominada em abstrato para o crime, havendo
a ressalva dos crimes previstos na CF/88 como imprescritíveis, como o crime de
racismo. Ressalva-se que quando acabar a suspensão do prazo da prescrição,
esta volta a correr normalmente embora o processo continue suspenso.

Questão 4 (1,0) Considere que Silvio, denunciado pela prática do crime de


estelionato (CP, art. 171, caput), cujo crime foi cometido em 10/01/2015, a
denúncia foi recebida em 10/02/2017 e a decisão que determinou a suspensão
do processo e da prescrição, com fundamento no art. 366 do CPP, foi publicada
em 10/02/2018. Pergunta-se: quando estará extinta a punibilidade do réu?
Justifique juridicamente sua resposta.

R: Considerando que a pena máxima do crime de estelionato (artigo 171, caput,


CP) é de 05 anos, podemos afirmar que o prazo prescricional é de 12 anos. Isso
porque o artigo 109, inciso III do Código Penal estabelece este prazo
prescricional para crimes com pena máxima entre 4 e 8 anos. Analisando o caso
em concreto, podemos também citar o artigo 117, inciso I do CP que prevê a
interrupção do prazo prescricional pelo recebimento da denúncia. Ou seja, após
o dia 02/10/2017 inicia-se uma nova contagem de 12 anos. Como foi
determinada a suspensão do processo (art. 366, do CPP) ante a ausência do
réu, o prazo prescricional será retomado apenas após a citação do réu. Como
houve um intervalo de1 ano entre o recebimento da denúncia e a suspensão do
processo, o prazo prescricional restante será de 11 anos. Passando esse tempo,
a possibilidade do réu será extinta (art. 107, IV, do CP).

Você também pode gostar