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Resumos Sociologia 1

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Sociologia

Cultura, sociedade e socializações


A CULTURA: CONCEITO, EXPRESSÕES E DISPUTAS
• Podemos pensar a cultura através dos objetos?

o Construir sentido sobre um objeto força-nos a encaixá-lo na cultura, na sociedade e na existência situada
dos indivíduos que os fazem e usam.
o Os objetos são resultado da nossa atividade e usá-los é fazer e completar algumas das suas muitas partes.
o Apesar de realidades aparentemente estáveis ou contidas nos limites da sua forma, os objetos são
criativamente manipulados, apropriados e reformulados pelos sujeitos de forma ativa, heterogénea e
diferenciada.
o Na nossa passagem, vivemos, compreendemos e agimos sobre o mundo fazendo, carregando e usando
objetos que transitam entre o indispensável, o desinteressante, o inútil e o lixo conforme se alteram os
nossos gostos, vontades, necessidades, idade, posicionamentos sociais e condições ontológicas.
o Os objetos também acentuam os gostos, vontades, interesses, valores, ideias e intenções retóricas que
nos ligam a coletivos profissionais, religiosos, étnicos, políticos ou mesmo académicos. Objetos com
certos formatos ou estampados com determinadas composições cromáticas e padrões tornam-se
símbolos de nacionalidade, expressões de género ou afirmações políticas.
o O nosso corpo, enquanto realidade trabalhada ao nível material, relacional e simbólico, serve de suporte
a um alargado número de objetos, ativados e entendidos como extensões daquilo que se define como
pessoa.

• Objetos e Cultura: desarrumar e reinventar o conceito

o A ciência social prefere estudar objetos usados e desgastados. Um objeto com "apelido" etnográfico
mostra sinais visíveis de uso, como a pátina, que conta a sua história.

• Um objeto cresce noutras coisas

o Os objetos são realidades em processo, acumulando diferentes materiais, partes, utilidades, experiências
e sentidos. Muito do que eles são e fazem fica fora deles, desdobra-se, estende-se e entranha-se noutras
materialidades.

• Objetos e pessoas completam-se mutuamente

o Dos acessórios e peças de roupa usados no corpo, às ferramentas de trabalho, objetos de coleção e peças
de arte e decoração penduradas em paredes, mulheres e homens adquirem e usam objetos como
prolongamentos ontológicos, encastrando uma ampla variedade de materialidades naquilo que são.
o Na segunda metade do século XX e início do novo milénio, a arte expandiu-se em conceitos, práticas e
modos de exposição, incorporando estilos como Pop, Op, Minimal, Performance, Land Art, Body Art, Arte
Digital, entre outros. Houve um crescente uso de materiais variados, incluindo resíduos humanos e
substâncias tecnológicas e industriais. Artistas femininas trouxeram técnicas do ambiente doméstico,
como bordado e costura, para o cenário artístico principal, ampliando o repertório de materiais e práticas.
o Nos anos 1960 e 1970, a arte tornou-se mais politizada, especialmente com o feminismo, redefinindo
temas e modos de produção artística. Nas décadas de 1980 e 1990, a arte avançou como crítica social,
incorporando técnicas multidisciplinares que mesclam realidade e ficção. A fotografia documental e o
fotojornalismo ganharam destaque, e o digital e o ciberespaço emergiram como novas plataformas
criativas.
o Frequentemente provocativa, a arte atual aborda temas de pobreza, doença, dor e discriminação,
denunciando opressões sociais e dando visibilidade a questões marginalizadas.
o O corpo é um tema central na arte feminina contemporânea, usado para relacionar o íntimo com questões
sociais mais amplas. "Artwriting" — a crítica e reflexão teórica pelas próprias artistas — fortalece o
caráter político das obras, muitas vezes ligadas a movimentos feministas e causas sociais. A exposição do
corpo, inclusive em estados vulneráveis ou de dor, confronta o espectador com questões de identidade,
saúde e limites do corpo, desafiando as convenções sociais e as noções de privacidade e identidade.

AS PRINCIPAIS AGÊNCIAS DE SOCIALIZAÇÃO


• A socialização é o processo contínuo pelo qual indivíduos aprendem normas, valores e comportamentos
para viver em sociedade, interagindo com agentes como família, escola e mídia. Esse processo, central
para a formação da identidade e participação social, é estudado pelas ciências sociais e naturais. A
socialização possibilita a transmissão cultural entre gerações, sustentando a continuidade e a mudança
social.

• Perspetivas:

o Antropologia: O foco da antropologia na socialização reside na enculturação, que se refere ao


processo de transmissão de cultura entre gerações. Antropólogas/os veem as crianças como
recipientes (tabulas rasas) de valores culturais que são moldados pelo contexto social em que
estão inseridas. A sociedade é responsável por “escrever” as normas culturais no indivíduo.
o Psicologia: A psicologia analisa a socialização com base na formação do controlo de impulsos e
no desenvolvimento da personalidade. Teorias psicanalíticas, como as de Freud, sugerem que o
comportamento humano é uma luta entre desejos instintivos (Id) e as normas sociais
internalizadas (Superego).
o Sociologia: Para a sociologia, a socialização é o processo de aprendizagem e aquisição de papéis
sociais. Envolve a aquisição de capacidades e comportamentos necessários para a participação
ativa na vida social, com ênfase na interação social e na adaptação a normas coletivas.

• Agências Primárias de Socialização

o Família: A família é o principal agente de socialização primária. Ela oferece as primeiras normas,
valores e comportamentos. Além disso, é responsável por moldar a identidade social do indivíduo em
termos de classe social, género e religião.
o Escolas: São instituições centrais na socialização secundária, onde os indivíduos aprendem regras
formais e informais necessárias para a participação social e profissional. As escolas também
desempenham um papel importante na reprodução das estruturas de classe.

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o Os Pares: Durante a adolescência, os chamados grupos de pares tornam-se os principais agentes de
socialização, influenciando profundamente o comportamento, a identidade e as escolhas dos indivíduos.
o Os Media: Os meios de comunicação são agentes poderosos que reforçam e moldam normas
culturais e sociais. Filmes, Televisão, Internet e Redes Sociais desempenham um papel cada vez maior na
formação das perceções sociais.

• Socialização e Estrutura Social

o Estruturas Económicas e Políticas: O contexto económico e político tem uma influência profunda
sobre a socialização. O acesso a recursos, como educação e cultura, é determinado em grande parte
pela posição socioeconómica, o que afeta diretamente a socialização de crianças e adultos.
o Capital Cultural: De acordo com Pierre Bourdieu, o capital cultural refere-se ao conjunto de
conhecimentos, capacidades e competências que são transmitidos nas famílias e escolas, e que são
fundamentais para a reprodução das desigualdades e hierarquias sociais.
o Reprodução de Classe: A teoria também indica que as escolas, longe de serem instituições
neutras, são estruturadas para reproduzir estas divisões de classe, preparando as/os estudantes para
ocupar posições semelhantes às dos seus familiares.

• Socialização de Género

o Expectativas de Género: A socialização de género refere-se ao processo pelo qual raparigas e


rapazes aprendem os papéis associados ao sexo com o qual nasceram. Esse processo começa na
família e é reforçado por escolas, pelos pares e pelos Media.
o Linguagem e Género: A linguagem, muitas vezes de forma subtil, reforça as hierarquias de género.
Expressões quotidianas e pronomes de género (“os estudantes”, “os autores”, “o homem”, falando-
se da espécie humana) são exemplos de como o discurso pode perpetuar a desigualdade entre
homens e mulheres, tomando a parte pelo todo.
o Os Media e os Estereótipos: os Media desempenham um papel crucial na perpetuação de
estereótipos de género. As análises mostram que as mulheres são frequentemente retratadas como
subordinadas, objetificadas ou sexualizadas em anúncios, filmes, videojogos, entre outras
produções culturais, moldando as suas expectativas sociais em todas as faixas etárias.

• Socialização ao Longo da Vida

o Teoria do Ciclo de Vida: O processo de socialização não se limita à infância. Ao longo da vida, os
indivíduos passam por diferentes fases, como a adolescência, vida adulta e velhice, e cada uma
delas exige a aquisição de novos papéis e capacidades sociais.
o Ressocialização: Alguns eventos, como o ingresso em ambientes institucionais (como o exército,
prisões ou hospitais) ou a transição para a reforma, exigem um processo de ressocialização, onde
normas e comportamentos anteriores precisam de reformulação ou dar lugar a outros.
o Envelhecimento e Desvalorização Social: A socialização na velhice, ou idade sénior, é marcada por
um declínio na valorização social, o que pode gerar desafios psicológicos e sociais, à medida que
os indivíduos enfrentam mudanças nos seus papéis sociais e estatuto.

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GÉNERO, SEXUALIDADE E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PESSOAL
• Definições de sexo e género - Organização Mundial da Saúde
• A Organização Mundial da Saúde e o Instituto Europeu para a Igualdade de Género definem "sexo" como
as características biológicas e fisiológicas que distinguem machos e fêmeas, enquanto "género" se refere
aos papéis e comportamentos socialmente construídos para homens e mulheres, que variam por
contexto e cultura.
• O "sexo" é atribuído ao nascimento e pode ser alterado em casos de redesignação sexual. Já o "género"
é aprendido durante a socialização, influenciado por família, escola e mídia, e determina expectativas e
papéis, que mudam ao longo do tempo. O género não é restrito ao binário masculino/feminino; há
identidades não-binárias e variações que desafiam normas heteronormativas.
• Além disso, o género é uma construção pessoal e interseccional, afetando-se por fatores como classe,
etnia e deficiência, e está associado a estruturas de poder desiguais que impactam principalmente
mulheres.

Desigualdades e exclusões sociais


As principais desigualdades sociais do nosso tempo

• Dilemas na definição de Interseccionalidade


o A interseccionalidade é uma abordagem que examina como diferentes identidades sociais — como raça,
gênero, classe, sexualidade, etnia, nacionalidade, capacidade e idade — se interconectam e influenciam
mutuamente, em vez de existirem isoladamente. Ela foca-se nas relações de poder e nas desigualdades
sociais que surgem dessas intersecções.

• Collins examina três conjuntos interdependentes de preocupações que caracterizam a


interseccionalidade como um projeto de conhecimento:

o Campo de estudo, por exemplo, a sua história, os seus temas, fronteiras, debates e direção;
o Estratégia analítica, por exemplo: a forma como estruturas interseccionais proporcionam novos
ângulos de visão sobre intuições sociais, práticas, problemas sociais e outros fenómenos sociais
associados à desigualdade social;
o Prática crítica, como os atores sociais utilizam a interseccionalidade em projetos de justiça social.
A interseccionalidade amplia a visão tradicional da sociologia do conhecimento, que focava em intelectuais
individuais, abrindo espaço para diversas comunidades sociais — como as afro-americanas, latinas,
asiáticas e indígenas — como produtoras de conhecimento. Em vez de se limitar a um tipo de desigualdade
(como a racial), ela considera múltiplas desigualdades, como patriarcado, capitalismo e heterossexismo,
reconhecendo a complexa interação entre essas estruturas. Isso permite uma compreensão mais profunda
de como desigualdades sociais e representações culturais se interligam.

• A Interseccionalidade tem sido fortemente associada aos estudos sobre mulheres, estudos de género,
estudos culturais, estudos dos media, entre outros campos interdisciplinares.
o O Feminismo Negro nos Estados Unidos e o Feminismo Latino têm sido um “lugar” especialmente
visível para o surgimento da interseção de raça/classe/género. Estas comunidades interpretativas nos
contextos dos movimentos sociais prepararam o terreno para a análise interseccional.
o Os desafios que enfrentavam dentro de sistemas entrelaçados de opressão racial, de classe, de
género e de sexualidade não podiam ser resolvidos por soluções monocategóricas.
o Entre as décadas de 1970 e 1980, entendimentos baseados apenas na raça ou no género avançavam
análises parciais e incompletas das injustiças sociais que caracterizavam a vida das mulheres Afro-

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americanas, considerando que raça, género, classe social e sexualidade moldavam as experiências das
mulheres negras.
o Raça, classe, género, sexualidade, idade, capacidade, nação, etnia e categorias similares de análise são
melhor compreendidas de forma relacionada, em vez de isoladas umas das outras.

• Interseccionalidade enquanto prática crítica


o A interseccionalidade como prática crítica lança luz sobre a realização do trabalho de justiça social.
Grupos locais, movimentos de base (grassroots), de pequena escala e/ou temporários
que recorrem à interseccionalidade para orientar a sua prática crítica muitas vezes escapam à atenção
pública.
o Tipicamente, estes grupos são compostos por comunidades negligenciadas pela sociedade, como os
jovens, mulheres, pessoas de cor e pessoas pobres ou desfavorecidas.
o Os atores sociais que são atraídos pela interseccionalidade como prática crítica procuram
projetos de conhecimento que tomam uma posição; esses projetos criticam as injustiças sociais que
caracterizam complexas desigualdades sociais, imaginam alternativas e/ou propõem estratégias de
ação para uma mudança viável.

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