Everton Nedel
Everton Nedel
Everton Nedel
EVERTON NEDEL
São Leopoldo
2019
EVERTON NEDEL
São Leopoldo
2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, em especial a minha mãe e meu pai por todo apoio
prestado em minha caminhada acadêmica.
A todos professores que contribuíram para a aquisição do conhecimento
obtidos nessa trajetória acadêmica, em especial ao meu orientador Prof. Dr. Rodrigo.
Ao grupo de amigos que se criou durante o curso, tornando a rotina acadêmica
muito mais descontraída e divertida.
3
RESUMO
Para facilitar o acesso dos usuários à informação e melhorar os serviços da
linha Circular da Unisinos, foi desenvolvido um sistema capaz de realizar o
monitoramento de localização em tempo real do ônibus. O sistema a partir de uma
rede LoRaWAN® (LoRa for Wide Area Network), utilizando a tecnologia LoRa® (Long
Range) de rádiofrequência, transmite os dados de localização adquiridos de um
modulo GPS (Global Position System) para um servidor, que torna os dados
disponíveis para o usuário em um mapa interativo. O diferencial deste sistema é ter
seu funcionamento sem custos periódicos, como, por exemplo, os gerados pelos
planos de telefonia móvel, que são exigidos em muito dos rastreadores presentes no
mercado. O sistema funcionou plenamente com base nos requisitos levantados,
porém a rede utilizada mostrou limitações quanto ao alcance do sinal, onde em alguns
pontos com distancias de 1 km, a comunicação se perdia. Dessa forma, foi identificado
que com somente um gateway LoRaWAN®, a rede não abrangeu toda a área da rota
do circular, sendo que em alguns pontos houve perda de alguns dados, e em alguns
outros pontos houve total perda de dados. Dessa forma, é necessário uma extensão
da rede com pelo menos mais um gateway, assim tendo toda a rota do circular
coberta.
ABSTRACT
To facilitate user access to information and make better the services of the
Unisinos Circular Line, it was deployed a system able to make a real time bus
monitoring. The system, from a network LoRaWAN®, using radio frequency technology
LoRa® transmit the localization data acquired from a GPS module to a server, that
makes the data available in an interactive map. The system differential is work without
a periodically cost, for example the generated by mobile phone plans, that is required
by the GPS tracker founded in the market. The system worked perfectly but have
limitation about the signal reach, having some points on the route, where with 1 km the
communication got lost. On this way, it was identified that with only one LoRaWAN®
gateway, the network didn’t cover all the Unisinos Circular area, where in some places,
some data were lost, and, in some places, data were completely lost. So, it is needed
to get a network extension with at least one more gateway for having its fully operation.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 14
2.1 NAVEGAÇÃO...................................................................................................... 14
2.1.1 GPS .................................................................................................................. 14
2.2 INTERNET DAS COISAS.................................................................................... 18
2.2.1 LPWAN ............................................................................................................ 18
2.2.2 LoRa®............................................................................................................... 20
2.2.2.1 LORAWAN® .................................................................................................. 23
2.2.3 Protocolo MQTT ............................................................................................. 26
2.3 TRABALHOS CORRELATOS ............................................................................. 26
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 31
3.1 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS .................................................................. 31
3.1.1 Requisito de alcance ...................................................................................... 31
3.1.2 Requisito de não haver custo periódico ...................................................... 31
3.1.3 Requisito de intervalo de envio .................................................................... 32
3.1.4 Requisito de tamanho .................................................................................... 32
3.1.5 Requisito de alimentação e consumo elétrico............................................. 32
3.1.6 Requisito de funcionalidade ininterrupta e permanente............................. 32
3.1.7 Requisito de interface com o usuário........................................................... 33
3.1.8 Requisito de histórico de dados ................................................................... 33
3.1.9 Requisito de sinalização de segurança ........................................................ 33
3.1.10 Requisito de validação dos dados .............................................................. 33
3.1.11 Requisito de funcionamento simultâneo de dispositivos finais .............. 34
3.2 SISTEMA PROPOSTO ....................................................................................... 34
3.3 DISPOSITIVO FINAL .......................................................................................... 35
3.4 BANCO DE DADOS ............................................................................................ 44
3.5 INTEGRADOR .................................................................................................... 46
3.6 APRESENTAÇÃO ............................................................................................... 52
3.7 TESTES DO SISTEMA ....................................................................................... 55
3.7.1 Teste do GPS .................................................................................................. 55
3.7.2 Teste de energia ............................................................................................. 55
3.7.3 Teste de dispositivos simultâneos ............................................................... 56
10
1 INTRODUÇÃO
Na rotina diária das pessoas, cada vez mais é sentida a necessidade de estar
conectado e ter acesso instantâneo à informação. Com o avanço da IoT (Internet of
Things) e a conexão de objetos comuns à Internet, torna-se cada vez mais provável
que a informação desejada esteja disponível. A Unisinos - Universidade Vale do Rio
dos Sinos, disponibiliza de forma gratuita um ônibus que faz uma rota especifica
chamado de circular. O circular permite ao seus utilizadores realizarem o
deslocamento entre as periferias do campus da universidade e a estação do Trensurb
(Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A.). O trabalho proposto terá como
objetivo fornecer ao usuário do circular da Unisinos um sistema que, informe a atual
localização do veículo. O sistema busca melhorar a experiência do usuário do circular,
assim como aprimorar questões de segurança.
Em uma rápida busca por relatos de usuários do circular, é possível encontrar
diversas histórias sobre más experiências ao utilizar esse serviço. Elas se intensificam
principalmente nos períodos de pico, horários das 19:00 às 19:30 e das 21:45 às
22:15, momentos em que há uma maior utilização em função dos horários de início e
fim das aulas noturnas que têm uma maior quantidade de alunos. Dentre os diversos
relatos, muitos estão relacionados à não chegada na parada do ônibus a tempo de
pegá-lo. Essa situação ainda pode se agravar fazendo com que o usuário perca o
próximo transporte, levando consideração que a tabela de horários do circular não
está vinculada a tabela de horários da Trensurb (TRENSURB, [2019?], UNISINOS,
2018.). Isso pode fazer com que se torne um problema em cascata, tendo todo um
planejamento de horário alterado por vários minutos, causado pelo atraso de alguns
segundos.
Ainda é possível citar como problema os dias de chuva, apesar de todas as
paradas da Unisinos terem coberturas, o espaço pode ser insuficiente em certas
ocasiões. O usuário contando com um mecanismo onde fosse possível fazer o
acompanhamento da posição do veículo em tempo real, poderia se deslocar para a
parada somente no momento em que o veículo estivesse muito próximo. Isto
preveniria o usuário de eventualmente ter que esperar o veículo por longos períodos
em lugares não cobertos. Ainda pode ser considerado o melhor aproveitamento do
tempo do aluno em sala de aula. Isto porque com o acompanhamento da
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 NAVEGAÇÃO
2.1.1 GPS
2.2.1 LPWAN
As redes LPWAN são conhecidas por redes de alto alcance e baixo consumo
de energia, surgindo para cobrir uma alta gama de aplicação IoT que necessitam
desses quesitos. Abaixo serão listados os itens principais que caracterizam uma
LPWAN.
19
2.2.2 LoRa®
técnica de espalhamento capaz de diminuir a relação sinal ruído no receptor, para que
ainda consiga capturar o sinal recebido corretamente. Há três parâmetros básicos
para geração desse sinal (GARCIA; KLEINSHCMIDT, 2017):
• Spreading Factor (SF): Define o número de bits enviados a cada chirp,
podem ser configurados entre 7 a 12.
• Bandwidth (BW): É a largura do canal de comunicação, pode ser
definido nas frequências de 125 kHz, 250 kHz e 500 kHz.
• Forward Error Correction (FEC / Code Rate (CR)): Fator de correção
de erro que auxilia na robustez do sinal a ser transmitido, seu valor pode
ser estipulado entre 1 e 4 (BARDYN et al., 2016).
Estes três parâmetros são responsáveis diretos pela determinação da taxa de
dados a serem transmitidas. Abaixo pode ser visualizada a equação referente a
determinação do Rb (Rate bit), que é dada em bits por segundo.
𝐵𝐵𝐵𝐵 4
𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝑆𝑆𝑆𝑆 ∗ 2𝑆𝑆𝑆𝑆 ∗ 4+𝐶𝐶𝐶𝐶 (1)
2.2.2.1 LORAWAN®
últimos cinco anos com o tema em questão foram encontrados e serão trazidos a
seguir com o objetivo de analisar as diferentes tecnologias e metodologias aplicadas.
Uma grande gama de trabalhos foi dedicada ao rastreamento de animais de
pequeno porte. Nesses trabalhos a preocupação com o peso e tempo de vida do
dispositivo eram cruciais, pois, normas regulamentam o peso máximo de um objeto
que pode ser acoplado em um animal com base no seu peso. Um exemplo é o trabalho
de Bouten et al (2012), que criaram um dispositivo capaz de monitorar a migração de
pássaros de pequeno porte. Os três requisitos mínimos para esse sistema eram: a
não necessidade de recapturar os pássaros para aquisição dos dados, obtenção da
localização 3D do animal e um dispositivo com peso máximo de doze gramas. Para
atingir o requisito do peso, uma das abordagens necessárias foi a utilização de uma
antena fractal para o módulo GPS, que tem um peso muito menor quando comparado
a antenas de cerâmica padrões de módulos GPS. O dispositivo ainda conta com uma
placa solar para o carregamento da bateria e uma memória flash de 4 MB, capaz de
armazenar os dados obtidos. Ainda contava com um transceptor ZigBee que com os
testes aplicados alcançava até 8,5 km em céu aberto sem obstáculos e uma altitude
considerável, porém tinha desempenho bastante limitado quando submetido a
ambientes com relevos e obstáculos. Para a situação mais crítica foram necessários
seis concentradores para cobrir a área de estudo de 50 km².
Ainda foi encontrado outro trabalho em que a preocupação com o baixo
consumo de energia estava em foco, buscando trazer alternativas para aquisição da
localização via módulos GPS, que consomem uma quantidade considerável de
energia. Um exemplo é Fargas e Petersen (2017) que em seu trabalho propuseram
um método que consiste em realizar a comunicação a partir de uma rede LoRaWAN®
e que fosse capaz de fornecer a localização sem um módulo GPS. A metodologia
aplicada consistia em criar uma área de cobertura que em qualquer lugar os sinais
transmitidos pelos dispositivos finais fossem recebidos por 4 gateways. Com os
relógios do gateway sincronizados, utilizou-se a técnica de TDOA (Time Diference of
Arrival, do inglês tempo diferencial de recebimento). Esta técnica tem como
fundamento comparar a variação do tempo em que cada gateway recebeu o mesmo
sinal e que, segundo o autor, estudos recentes confirmam que TDOA traz um melhor
desempenho para aquisição da localização quando comparado ao RSSI (Received
signal strength indication). Após a aplicação da metodologia se observou uma
precisão de até 100 metros na obtenção da localização com um consumo médio de
28
12,9 mA, valor de extrema eficiência quando comparado a módulos comuns de GPS
e GSM (Global System for Mobile Communications) que tem um consumo de 400-600
mA durante a transmissão.
Já em outros trabalhos que não havia muita preocupação com o consumo de
energia, foram utilizadas soluções similares à proposta pelo presente trabalho, que
consiste na utilização do módulo GPS e comunicação via LoRAWAN®. Baharudin e
Yan (2016) tinham como objetivo criar um dispositivo capaz de enviar em tempo real
a sua localização via uma rede LPWAN. A arquitetura do projeto consistia em um
número indeterminado de dispositivos finais, que deveriam enviar sua localização para
um concentrador. A arquitetura dos dispositivos finais contava com um
microcontrolador Arduino Uno em conjunto com Dragino Lora Shield, que tem uma
interface dedicada para a comunicação com o microcontrolador utilizado. O dispositivo
final ainda tinha uma bateria de lítio de 9 V responsável por fornecer energia para o
dispositivo e um módulo GPS para aquisição dos dados a serem enviados, que são:
UTC, latitude, longitude, velocidade e curso. O concentrador era composto por um
Galileo Gen 2 da Intel e utilizava a mesma placa Dragino LoRa Shield do dispositivo
final para a comunicação. Após desenvolvimento dos protótipos, foi feita uma análise
na capacidade de alcance do sinal de comunicação, em um estudo comparando o
número de dispositivos realizando a comunicação simultaneamente e o RSSI no
receptor. Com base nos dados coletados, foi possível visualizar que o aumento dos
dispositivos diminui a intensidade do sinal na recepção.
Já San-Um et al (2017) tinham como objetivo em seu trabalho criar um
dispositivo LoRaWAN® chamado U-LoRa para utilização em conjunto de tropas
táticas. Seu dispositivo final contava com um microcontrolador Arduino pro-mini,
módulo GPS neo-6m, um módulo LoRa® e uma bateria de lítio. O gateway era
composto por um módulo LoRa® e uma Raspberry Pi 3 Modelo B+, esse era conectado
a um computador via interface de rede. Os módulos LoRa® tinham uma potência de
transmissão de 2 dBi operando a uma frequência de 433 MHz. Foram capazes de
alcançar distâncias de até 500 metros, após isso o sinal era perdido. O autor ainda
cita que em aplicações onde há necessidade de maiores distâncias, é possível
modificar a potência de saída e as antenas para que o alcance seja maior.
Ao que se trata de trabalhos recentes envolvendo rastreamento de veículos,
poucos foram encontrados. Em geral os trabalhos têm mais que 5 anos e utilizam
outras tecnologias que não envolvam comunicação através de LPWANs. É possível
29
citar Lien, Chen e Bai (2008), que em seu trabalho desenvolveram um rastreador
veicular em tempo real. O rastreador consiste em um módulo GPS e um módulo
GSM/GPRS, capazes de enviar informações referentes à localização do veículo para
um servidor através da internet via rede de dados móveis. Também conta com
sensores que auxiliam na identificação de roubos, enviando um alerta via SMS para o
proprietário do veículo. O sistema ainda permitia a possibilidade de configuração do
intervalo de envio da localização para o servidor.
Mais recentemente Li, Cheng e Zhang (2016) trazem uma abordagem parecida
com o trabalho descrito anteriormente. O sistema contém os mesmos módulos GPS
e GPRS, porém traz algumas novas funcionalidades como captura de imagens em
tempo real a partir de uma câmera integrada e a quantia de gasolina presente no
tanque de combustível. O trabalho também trouxe evoluções referentes a
apresentação para o usuário final, que a partir de um aplicativo de celular consegue
ter a visualização das informações e solicitar a captura de uma foto instantaneamente.
Para os últimos trabalhos apresentados anteriormente, verificou-se que apesar
da eficiência em atingir seus objetivos de rastrear veículos, para cada rastreador era
necessário um plano de telefonia móvel para que a comunicação fosse possível,
planos que acrescentam custos periódicos e que dependo da aplicação podem tornar
o projeto inviável. Com a evolução das LPWANs e seu longo alcance, é possível
analisar uma abordagem diferente para rastreamento de veículos, visando eliminar os
custos periódicos e ainda sim ter o mesmo desempenho. No Quadro 2 é possível
visualizar o comparativo entre o estado da arte e o presente trabalho.
3 METODOLOGIA
Para que seja possível ter um acompanhamento com uma noção razoável de
monitoramento em tempo real, entende-se que seja enviado os dados de localização
e velocidade do veículo a cada 15 segundos, no máximo. Caso contrário, distâncias
muito longas poderão ser percorridas sem que o veículo atualize sua posição atual.
Veículos de grande porte como caminhões e ônibus de modo geral contam com
um sistema elétrico de 24 V (Volts) (OLIVEIRA, 2010). Enquanto o veículo está ligado,
essas baterias são recarregadas pelo seu alternador, mantendo assim as baterias
carregadas para quando o veículo for novamente desligado. Dessa forma, quando
estiver desligado, o veículo consegue acionar seu motor de partida, que irá liga-lo. Em
uma suposta situação em que ocorra o término da carga das baterias enquanto estiver
desligado, o veículo não conseguirá dar partida sozinho (DIAS, 2015). Analisando esta
situação, é necessário atentar para a utilização do dispositivo quando o veículo estiver
desligado por longos períodos, pois provavelmente o dispositivo será instalado em
local de difícil acesso, prejudicando o desligamento manual. O dispositivo deverá
possibilitar o corte ou a limitação de consumo de energia, para que não haja
comprometimento no restante do veículo.
EBYTE. O módulo tem como base o chip LoRa® SX1276 da SEMTECH. Dentre das
suas principais características podem ser citados: interface para antena IPX embutida,
potência de transmissão de 30 dBm, sensibilidade de recebimento de -148 dBm,
interface de comunicação SPI e frequência de operação 900 a 931 MHz (CHENGDU
EBYTE ELETRONIC TECHNOLOGY CO., LTDA., 2018). Como o módulo já conta
com a interface de antena IPX, será necessária ainda uma antena que possua essa
conexão, com dimensões específicas para a frequência de operação no Brasil de 915
MHz.
O módulo GPS escolhido foi o GY-GPS6MV2, com base no chip NEO-6 da
empresa U-BLOX. Muito utilizado, o módulo tem uma interface de comunicação
através do protocolo UART. Esse módulo conta com uma antena cerâmica dedicada,
especifica para o sinal do GPS. Sua tensão de alimentação é de 3 a 5 V (U-BLOX,
2011).
Para o protótipo a ser criado, a energia provida pelo ônibus será obtida através
de uma tomada veicular, disponível no veículo. A escolha da tomada se dá pela
vantagem de não ser necessário mexer na estrutura elétrica do veículo. Será acoplado
à tomada, um circuito elétrico que irá transformar os 24 V fornecidos pelo veículo em
5 V para ser a fonte de alimentação do microcontrolador. A saída de 5 V do circuito
será dada via interface USB, essa que é suportada pelo microcontrolador que
distribuirá a energia para os demais componentes.
Com foco nos componentes de software para desenvolvimento do dispositivo
final, será demonstrado as bibliotecas a serem utilizadas pelo dispositivo. As
bibliotecas facilitam a integração entre o programa objetivo com o hardware utilizado.
Além da biblioteca HAL (Hardware Abstration Library), obtida pelo software
STMCube32MX, que realiza a abstração dos componentes de hardware do
microcontrolador tornando seu uso mais simples (ST, 2017), serão utilizadas duas
bibliotecas externas para facilitar a integração entre os módulos e o microcontrolador.
A biblioteca para utilização em conjunto com o módulo LoRa® será a LMIC
(LoRaMAC in C) da IBM. A biblioteca LMIC é responsável por criar camada MAC
(Media Access Control) para redes LoRaWAN®. Utiliza linguagem de programação C,
tendo seu código aberto. Atualmente está na versão 1.0.5 (IBM CORPORATION,
2015).
Para o módulo GPS a biblioteca utilizada foi a TinyGPS. Biblioteca muito
utilizada, conta com mecanismos para manter o consumo de recursos baixo. TinyGPS
40
também fornece ao seus utilizadores, suporte a NMEA GPS que é uma padronização
de dados suportada por todos os dispositivos GPS (HART, 2013). Seu propósito é
padronizar a comunicação com dispositivos, a fim de que não seja necessário para o
desenvolvedor criar códigos customizados para cada receptor diferente
(GAKSTATTER, 2015).
Para atender ao correto funcionamento do modo fora de operação, foi
desenvolvido um hardware extra, o qual desliga momentaneamente o os módulos
LoRa® e GPS. O módulo LoRa®, por padrão, consome pouca energia quando não está
trocando dados, no entanto o GPS não conta com a mesma capacidade. Seria
necessário um circuito extra para desabilitar o GPS, então se optou por desligar os
dois, com o hardware sendo capaz de atender ambos módulos, contando que gastar
nada é melhor que gastar pouca energia.
Para a ativação e desativação dos módulos foi utilizado um relé em conjunto
com um transistor. O transistor foi necessário pois o consumo de corrente utilizado
para acionar o relé é maior que a capacidade fornecida pelo microcontrolador, que é
limitado em 20 mA por GPIO. Logo o GPIO com uma corrente muito baixa acionará a
base do transistor que por sua vez acionará o relé. O esquemático do circuito pode
ser visualizado na Figura 9.
41
Como pode ser visto na Figura 10, sempre que inicia a contagem do timmer é
acionado uma função específica do microcontrolador. Essa função tem como objetivo
diminuir todo o consumo de recursos por parte do microcontrolador, como GPIO,
interface UART, interface SPI etc. O microcontrolador somente sai desse modo de
baixa economia de energia quando há uma interrupção. Essa interrupção é
justamente o timmer programado para gera-la a cada dez segundos. Caso a contagem
das interrupções não tenha chegado ao valor definido para que o tempo em modo fora
de operação esteja completo, novamente será executado a função de baixo consumo
de energia do microcontrolador, repetindo até que o número de interrupções definido
seja alcançado.
Outro circuito extra desenvolvido foi o circuito para acionar a sinalização
sonora, que é responsável por ativar um buzzer de 5 V. O circuito foi necessário pois
o buzzer consome uma correte maior que a capacidade do GPIO do microcontrolador.
Para sua confecção foi utilizado um transistor, que a partir de uma corrente de base
acionado por um GPIO do microcontrolador irá acionar o buzzer. O transistor utilizado
43
foi o TIP142, é um transistor NPN Darlington com um ganho de 1000. Foi escolhido
justamente para que tivesse o menor consumo possível para o pino do
microcontrolador, assim como a facilidade de obtê-lo já que é disponibilizado pelo
laboratório da Unisinos. Na Figura 11 é possível visualizar o esquemático do circuito
responsável por acionar o buzzer.
3.5 INTEGRADOR
Como pode ser observado na Figura 14, o processo será um aplicativo que fica
rodando como um serviço. Ao iniciar, ele realiza a conexão com o banco de dados e
com o servidor MQTT, no qual irá receber os dados via LoRaWAN®. Com a conexão
bem-sucedida, uma thread vinculada ao evento de recebimento de publicações via
MQTT será iniciada. Sempre que uma publicação via MQTT for recebida, será
realizado o processamento apresentado no fluxograma na Figura 14 como evento de
recebimento. A sua explicação detalhada será apresentada nos parágrafos que
seguem.
Ao receber um dado, a primeira verificação que é realizada busca validar se o
dispositivo do qual os dados foram recebidos está cadastrado no banco de dados, se
o dispositivo está vinculado a um veículo e se o veículo está definido como ativo no
banco de dados. Caso todas as exigências sejam atendidas, os dados serão
processados, caso contrário os dados serão descartados e a operação vinculada
àquela mensagem será encerrada.
O processamento inicial consiste em verificar se os dados recebidos são dados
válidos. Essa validação dos dados é necessária para que os processos de
apresentação mostrem somente dados consistentes para o usuário, ignorando os que
tiveram algum tipo de erro na leitura. Também é necessária para que não seja ativado
o modo de fora de rota, assim causando distúrbio em função do sinal sonoro.
Conforme será visualizado nos testes aplicados, nem sempre os dados GPS e de
velocidade são obtidos com precisão. A validação dos dados ocorre de duas formas
distintas. Uma utiliza o histórico do veículo, para verificar se a distância percorrida está
dentro de uma situação fisicamente possível enquanto a outra verifica se os dados de
localização estão corretos com base na distância máxima que o dispositivo pode se
ficar do gateway. Nos próximos parágrafos essas duas validações serão apresentadas
com mais detalhes.
O primeiro teste a ser aplicado é o da distância máxima entre o dispositivo e o
gateway. Caso seja identificado que a distância de localização recebida pelo
dispositivo final seja maior que a estipulada, diretamente será definido como um dado
inválido, pois não seria possível um dado ser recebido de uma distância tão grande.
A distância em questão é de 3000 metros, valor estipulado a partir dos testes de
distância realizados, onde foi verificado que em nenhum ponto poderia ter um alcance
maior que esse. Caso os dados sejam validados por esse teste, terão que passar pelo
outro teste para serem considerados válidos.
50
3.6 APRESENTAÇÃO
Tanto o aplicativo como a página web tem seu funcionamento de forma similar,
ambos têm um mapa que ocupa toda a área disponível da tela. Poderá ser aplicado
no mapa as funcionalidades de zoom e movimentações, porém sempre será
inicializado como ponto central do mapa o centro administrativo da Unisinos, com o
zoom aplicado de forma que seja possível visualizar toda a rota realizada pelo circular.
Sempre que iniciadas, ambas apresentações carregam as informações de todos os
veículos ativos do banco de dados, tendo cada veículo representado por um pino no
mapa. Após carregados, cada pino terá sua localização atualizada no mapa
periodicamente. Há três tipos diferentes de cores para cada pino presente no mapa,
onde cada uma representa um status diferente.
53
para então serem avaliados, verificando se a validação dos dados feita pelo processo
Integrador está correta.
Como já descrito, o teste GPS foi feito de forma visual com base nos pontos
adquiridos por diferentes dispositivos. Na Figura 17 é possível visualizar os dados
coletados por ambos os dispositivos apresentados no mapa.
representam os dados obtidos pelo módulo GPS. A aquisição dos dados se mostrou
bastante parecida, os dados GPS adquiridos pelo smartphone foram muito concretos
e regulares, não apresentando desvios e distorções, mantendo-se sempre na rota
especificada. O módulo GPS também apresentou um bom resultado, tendo seus
dados muito parecidos com os do smartphone. A única distorção apresentada na
comparação foi uma pequena repetição do local de pontos, onde o módulo GPS que,
por perda de sinal, acabou repetindo alguns pontos no mesmo local. Esse evento pode
ser visto na parte mais superior da imagem, no lado direito.
esse valor não está exato, considerando que existe um conversor de 24 V para 5 V,
que, se levado em consideração, aumentaria mais o tempo de duração. Porém como
não havia equipamento para a medição do consumo da tomada veicular, se utilizou o
consumo na alimentação 5 V do dispositivo. Ainda é possível observar na Figura 19
como o veículo é apresentado no mapa quando em modo fora de operação, tendo a
cor de seu pino diferente para identificar ao usuário o status atual do veículo.
Para apresentar o resultado do teste de alcance, foi feito um mapa que, a partir
de áreas demarcadas com diferentes cores, classifica o desempenho da comunicação
através da rede LoRaWAN®. Foram definidas 3 classificações onde: as áreas verdes
representam os locais onde o sinal é recebido pela sua totalidade, com um número de
perda de dados desprezível ou inexistente; as áreas amarelas representam os locais
que haviam perdas de dados consideráveis; e as áreas em vermelho, que são locais
da rota do circular da Unisinos, na qual houve perda total da comunicação. Na Figura
25 é possível visualizar o mapa com suas respectivas áreas testadas e demarcadas.
constatado que houve uma grande quantidade de envios com sucesso, que não
receberam nenhuma resposta.
Dessa forma foi avaliado que a rede LoRaWAN® não alcançou as distâncias
esperadas indicadas na revisão bibliográfica, sendo assim foram verificados alguns
aspectos que justifiquem esse acontecimento. Analisando o relevo ao redor da
universidade, é possível observar que a Unisinos está localizada em uma baixada,
cercada por morros, apesar da foto não deixar isso claro. Nos extremos da área verde,
olhando em uma linha horizontal, há os picos dos morros que cercam a Unisinos. É
claramente perceptível que conforme se passava os picos dos morros e entrava em
novas baixadas, o sinal decaia consideravelmente. Outro aspecto que pode ter
interferido no baixo alcance da rede foi a antena de telefonia móvel próxima ao local
onde o gateway está localizado.
5 CONCLUS ÃO
Nesse trabalho foi desenvolvido um sistema cujo objetivo principal era melhorar
a experiência do usuário do ônibus circular da Unisinos que, de forma prática, pudesse
acompanhar em tempo real a localização do veículo. Como objetivo secundário estaria
o aumento da segurança do veículo, que em caso de possíveis roubos o veículo
poderia ser rastreado para uma rápida recuperação do mesmo. Além disso, ainda com
relação à segurança, tornaria possível ser verificado se os motoristas estão seguindo
as normas de trânsito. Dentre os principais diferenciais do trabalho, estava a utilização
de uma tecnologia que não gerasse custo periódico, diferente dos vários sistemas de
rastreamento já existentes que utilizam planos de telefonia móvel.
Olhando de forma isolada para o sistema desenvolvido, é possível definir que
teve o desempenho esperado, passando em todos os testes aplicados com exceção
de um, que está diretamente relacionado a tecnologia escolhida para o envio de sinal.
A tecnologia LoRa®, conforme visto no referencial teórico, é capaz de conseguir
comunicação em distancias de até 5 km em áreas urbanas em situações ideais. No
local de utilização da rede para o presente trabalho houve uma considerável
diminuição comparado ao valor máximo que, conforme os testes de cobertura
mostraram, ocorreu principalmente em função do relevo em que o campus da Unisinos
e, consequentemente, a rota do circular estão localizados. Ainda há como
especulação outros fatores, como por exemplo a antena de telefonia móvel muito
próximas ao local. O completo e ideal funcionamento do sistema desenvolvido
ocorrerá certamente com a simples extensão da rede LoRaWAN®, com a adição de
mais um gateway próximo da estação da Trensurb.
Em outro aspecto foi identificado, após os testes, que poderia haver uma
melhoria: a frequência de envio dos dados de localização. Apesar de ter tido uma boa
noção de localização com o intervalo de envio em 10 segundos, diminuindo o tempo
entre envios poderia se obter uma melhor sensação de tempo real por parte do
usuário. Porém não foi possível realizar essa melhoria em função das especificações
LoRaWAN®, que em sua estrutura de envio e resposta não permitem o envio de dados
com intervalos muito menores, sem considerar que poderia congestionar a rede
LoRaWAN®, fazendo com que em caso de mais dispositivos operando
simultaneamente, o sistema não funcionasse. A fim de melhorar ainda mais a
apresentação para o usuário, poderia ser desenvolvido um mecanismo que fizesse
70
REFERÊNCIAS
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