Aula - 02-03 - Irrigação e Drenagem - Água No Solo - 2024-2

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 52

INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS IVAIPORÃ
CURSO DE AGRONOMIA
DISCIPLINA: IRRIGAÇÃO E DRENAGEM

Água no solo
Parte 1

Prof. Dr. David da Cunha Valença

Ivaiporã - PR, 16/09/2024


Programa da Disciplina
❑ Introdução ao estudo da irrigação;
❑ Água no solo;
❑ Relações água-solo-planta- atmosfera;
❑ Qualidade da água para irrigação;
❑ Irrigação por aspersão;
❑ Irrigação localizada;
❑ Irrigação por pivô central;
❑ Irrigação por inundação;
❑ Drenagem agrícola.
Tópicos da Aula

❑ O solo como um reservatório;


❑ Relações entre massa e volume de um solo seco;
❑ Conteúdo de água no solo;
❑ Métodos para a determinação da umidade do solo;
O solo como um reservatório – Conceito
O solo é constituído de partículas sólidas, líquidas e gasosas.
❑A fase sólida é também chamada matriz do solo e composta por
partículas minerais e matéria orgânica.
❑ A fase líquida (solução do solo ou água do solo) é representada
pela água no solo e solutos dissolvidos.
❑ A fase gasosa contém ar e outros gases.

Composição volumétrica do solo


(volume de solução = a L L; e
volume de gases = b L L).
JÚNIOR (2022).
Relações entre massa e volume de um solo seco
Em um solo seco, considerando apenas a matriz sólida e
desprezando a massa de ar presente nele, podemos definir algumas
relaçõe bastante importantes.

DENSIDADE DO SOLO

❑ Denomina-se densidade aparente do solo (ds) ou massa


específica do solo (ρs) a relação entre a massa e o volume de
uma amostra de solo seco.

em que,
ds = densidade do solo e/ou massa específica do solo (g cm-3);
ms = massa de solo seco (g); e
Vs = volume do solo (cm3).
JÚNIOR (2022).
Relações entre massa e volume de um solo seco
DENSIDADE DAS PARTÍCULAS DO SOLO
❑ De forma semelhante, a relação entre a massa de solo seco e o
volume de partículas sólidas é denominada densidade real do
solo ou densidade das partículas do solo (dp), ou ainda, massa
específica das partículas do solo (ρps).
❑ O valor médio da densidade das partículas de solos minerais é de
aproximadamente 2,65 g cm-3.

em que,
dp = densidade das partículas do solo e/ou massa específica
das partículas do solo (g cm-3);
ms = massa de solo seco (g); e
Vp = volume das partículas sólidas solo (cm3).
JÚNIOR (2022).
Relações entre massa e volume de um solo seco

POROSIDADE

❑ Outro importante parâmetro do solo é a porosidade (p), definida


como a razão entre o volume de poros, que corresponde ao
volume de solução mais o volume de gases, e o volume de solo.

em que,
p = Porosidade (decimal, %);
Vporo = volume dos poros (cm3); e
Vs = Volume do solo (cm3).

JÚNIOR (2022).
Conteúdo de água no solo

UMIDADE EM BASE DE MASSA

❑ O conteúdo de água no solo pode ser expresso em base de


massa, também chamado umidade em peso (U), e definida
como a razão entre a massa de água contida no solo em um
determinado instante e a massa do solo seco.

em que,
U = Umidade em peso (g g-1, %);
ma = Massa de água (g); e
ms = Massa de solo seco (g).
JÚNIOR (2022).
Conteúdo de água no solo

UMIDADE EM BASE DE VOLUME

❑ O conteúdo de água no solo também pode ser expresso em base


de volume, também chamado umidade em volume (θ) e
definido como a razão entre o volume de água contido no solo
em um determinado instante e o volume do solo.

em que,
θ = Umidade em volume (cm3 cm-3, %);
Va = Volume de água (cm3); e
Vs = Volume de solo (cm3).
JÚNIOR (2022).
Conteúdo de água no solo
RELAÇÃO U x θ
❑ É possível relacionar a umidade em peso com a umidade em
volume, desde que se conheça a densidade do solo.

SATURAÇÃO
❑ A razão de saturação de um solo (S) é definida como a relação
entre o volume da água e o volume total de poros. Quando o
volume de poros está totalmente cheio de água, diz-se que o solo
está saturado, e a razão de saturação é de 100%

JÚNIOR (2022).
Exercício
Exercício 1: Retirou-se uma amostra de solo com um anel
volumétrico de 10 cm de altura e 10 cm de diâmetro. A massa de
solo úmido foi 980 g e de solo seco 810 g. Sendo a densidade das
partículas igual a 2,65, calcular:
a) a densidade do solo
b) a umidade do solo em base de massa seca
c) a umidade do solo em base de volume
d) a porosidade total do solo
e) a razão de saturação
Exercício
Exercício 1: Retirou-se uma amostra de solo com um anel
volumétrico de 10 cm de altura e 10 cm de diâmetro. A massa de
solo úmido foi 980 g e de solo seco 810 g. Sendo a densidade das
partículas igual a 2,65, calcular:
a) a densidade do solo

b) a umidade do solo em base de massa seca


Exercício
Exercício 1: Retirou-se uma amostra de solo com um anel
volumétrico de 10 cm de altura e 10 cm de diâmetro. A massa de
solo úmido foi 980 g e de solo seco 810 g. Sendo a densidade das
partículas igual a 2,65, calcular:
c) a umidade do solo em base de volume

d) a porosidade total do solo

e) a razão de saturação
Métodos para a determinação da umidade do solo
Método padrão de estufa
Método direto e preciso que consiste em retirar amostras do solo,
na profundidade que se deseja saber a umidade. Pesa-se o
recipiente com a amostra úmida (M1) e coloca-se o recipiente
aberto em estufa a 105-110ºC. Após 24h, no mínimo, pesa-o
novamente (amostra seca - M2), sendo M3 o peso do recipiente.

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 á𝑔𝑢𝑎 𝑀1 − 𝑀2
𝑈= = . 100
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 𝑀2 − 𝑀3

Desvantagem: só permite
saber o teor de umidade
24h após e exige balança.

google imagens.
Métodos para a determinação da umidade do solo
Método das pesagens
Método direto e preciso que consiste nos seguintes passos:
- Colocar 100g de terra seca a 105-110ºC, proveniente da gleba de
onde se deseja irrigar, em um balão de 500 mL;
- Completar o volume com água e pesar (peso padrão – M);
- Em qualquer momento que se deseja saber o teor de umidade,
retirar amostra do solo, colocar 100g no referido balão,
completar o volume e pesar, obtendo-se o peso M’.
Base ′
𝑑𝑝
úmida 𝑈𝑏𝑢 = 𝑀 − 𝑀 100
𝑑𝑝 − 1
100. 𝑈𝑏𝑢
Base seca 𝑈=
100 − 𝑈𝑏𝑢
google imagens.
Métodos para a determinação da umidade do solo
Método das pesagens
Exemplo: O peso de 100 g de terra seca a 105ºC colocada dentro
de uma balão de 500 mL, e completado o volume com água, foi de
971 g (M). A densidade real desse solo (dp) é de 2,65 g cm-3. Na
época em que se desejou saber a umidade do solo, retirou-se
amostra de 100g, colocando-a dentro do referido balão, completou-
se com água, o peso encontrado foi de 960 g. Qual a umidade em
base seca?
2,65
𝑈𝑏𝑢 = 971 − 960 100 = 17,8 %
2,65 − 1

100 𝑥 17,8
𝑈= = 𝟐𝟏, 𝟓 %
100 − 17,8
Métodos para a determinação da umidade do solo
Tensiômetro
Método direto para a determinação da tensão de água no solo e
indireto para a determinação da porcentagem de água no solo.
Constitui-se de uma cápsula de cerâmica ligada por meio de um
tubo a um manômetro, onde a tensão é lida.

Limitação
Tem capacidade para
leituras de tensão até 0,75
atm, por isso ele só cobre
uma parte da “água
disponível no solo”, ou
seja, em torno de 70% em
solos arenosos e 40% em
argilosos.

google imagens.
Métodos para a determinação da umidade do solo
TDR (Reflectometria no domínio do tempo)
Tem como base a medição da constante dielétrica do solo. O
método parte do princípio da emissão de um pulso elétrico por um
gerador de pulso, que é propagado ao longo de uma sonda inserida
no solo, na qual acontece a reflexão do pulso.

O solo é geralmente
composto por ar, partículas
orgânicas minerais e água. A
constante dielétrica K,
desses materiais é igual a 1,
2-4 e 80, respectivamente.

google imagens.
Métodos para a determinação da umidade do solo
Tecnologias de sensoriamento remoto orbital e suborbital
Com o avanço das tecnologias de sensoriamento remoto orbital
(satélites) e suborbital (VANT) é possível estimar de maneira
remota a umidade do solo. Trata-se de um método indireto com
grande importância e em expansão, por não necessitar de amostras
no campo, da precisão das predições e da possibilidade de
espacialização para grandes áreas.

google imagens.
INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS IVAIPORÃ
CURSO DE AGRONOMIA
DISCIPLINA: IRRIGAÇÃO E DRENAGEM

Água no solo
Parte 2

Prof. Dr. David da Cunha Valença

Ivaiporã - PR, 17/09/2024


Tópicos da Aula

❑ Armazenamento de água no solo;


❑ Disponibilidade de água para as plantas; e
❑ Infiltração de água no solo.
Retenção de água pelo solo

Observações

❑ A retenção de água no solo é afetada


fundamentalmente pela textura do
solo, uma vez que ela determina a área
de contato entre a matriz do solo e a
água e os diferentes tamanhos de poros
(MELO et al., 2009);
❑ Secundariamente, a estrutura do solo
também interfere na retenção, por
condicionar o arranjo das partículas,
que por sua vez vai determinar a
distribuição de poros;
Armazenamento de água no solo

É dado por sua umidade e pode ser medida por uma “altura de
água”.

A essa “altura de água” dá-


se o nome de lâmina de
água (h). No exemplo ao
lado a lâmina seria de 10
mm.
Armazenamento de água no solo
A lâmina aplicada multiplicada pela área de interceptação da
lâmina nos fornecerá o volume equivalente.

Água h
Y
X
𝑉𝑠 = 𝑥 𝑦 𝑧
Sólidos 𝑉á𝑔𝑢𝑎 = 𝑥 𝑦 ℎ
Z
Ar
Água θ =?
Armazenamento de água no solo
A lâmina aplicada multiplicada pela área de interceptação da
lâmina nos fornecerá o volume equivalente.

𝑉𝑠 = 𝑥 𝑦 𝑧
𝑉á𝑔𝑢𝑎 𝑥 𝑦 ℎ ℎ
𝑉á𝑔𝑢𝑎 = 𝑥 𝑦 ℎ 𝜃= = =
𝑉𝑠 𝑥𝑦𝑧 𝑧
Obs. 2: Define-se 1 mm de lâmina de água
como sendo um volume de 1 L distribuído 𝒉=𝜽𝒛
em uma área de 1 m2. Da mesma forma, 1
mm é igual a 10 m3/ha.
Obs. 1: Como o solo é um
Δℎ = ℎ𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − ℎ𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 reservatório, quanto maior a
profundidade maior a quantidade
de água armazenada.
𝜟𝒉 = 𝒛 𝜽𝒇 − 𝜽𝒊
Disponibilidade de água no solo para as plantas

Observações
❑ Saturação: Um solo está saturado quando todos os seus poros
estão ocupados pela água.
❑ Capacidade de campo (CC): Representa a quantidade de
água retida pelo solo em condições de campo contra a força
da gravidade. É o limite superior de umidade (aprox. 0,1 –
0,3 atm).
❑ Ponto de murcha permanente (PMP): Representa o teor de
umidade de equilíbrio, entre as forças de coesão, exercidas
pelas partículas do solo sobre a película de água aderente às
mesmas, e a força de sucção exercida pelas raízes. É o limite
inferior de umidade (aprox. 15 atm).
Disponibilidade de água no solo para as plantas

A água disponível de um solo pode ser facilmente calculada,


desde que se conheçam os teores de umidade correspondente ao
limite superior (CC) e ao limite inferior (PMP)

DISPONIBILIDADE TOTAL DE ÁGUA NO SOLO (DTA)


É uma característica do solo, que corresponde à água armazenada
no intervalo entre os limites inferior e superior.

(𝐶𝑐 − 𝑃𝑚)
𝐷𝑇𝐴 = . 𝑑𝑠
10
em que:
◼ DTA – disponibilidade total de água, mm/ cm de solo;

◼ Cc – capacidade de campo, % em peso;

◼ Pm – ponto de murcha permanente, % em peso;


Disponibilidade de água no solo para as plantas

Limites de DTA para solos de diferentes texturas (JÚNIOR, 2022).


Disponibilidade de água no solo para as plantas

CAPACIDADE TOTAL DE ÁGUA NO SOLO (CTA)


Corresponde à disponibilidade de água até uma determinada
profundidade. Também é conhecida como capacidade de água
disponível (CAD) ou simplesmente água disponível (AD).

𝐶𝑇𝐴 = 𝐷𝑇𝐴. 𝑧
em que:
◼ CTA – capacidade total de água, mm;

◼ z – profundidade efetiva do sistema radicular, cm.

Podemos considerar a profundidade do perfil do solo, mas é mais


comum considerar a profundidade efetiva do sistema radicular (z),
ou seja, a profundidade que contém pelo menos 80% do sistema
radicular.
Disponibilidade de água no solo para as plantas
Profundidade efetiva do sistema radicular (z) de algumas culturas no estágio de
máximo desenvolvimento vegetativo.
Disponibilidade de água no solo para as plantas

CAPACIDADE REAL DE ÁGUA NO SOLO (CRA)


É definida como a fração da capacidade total de água no solo que
a cultura poderá utilizar sem afetar significativamente a sua
produtividade. Também é conhecida como água facilmente
disponível (AFD).
𝐶𝑅𝐴 = 𝐶𝑇𝐴. 𝑓
em que:
◼ CRA – capacidade real de água, mm;

◼ f – fração da disponibilidade total de água que a planta


pode utilizar, antes que se configure déficit hídrico.

O fator de disponibilidade f varia entre 0,2 e 0,8. Os valores


menores são usados em culturas mais sensíveis ao déficit hídrico
e os maiores nas culturas mais resistentes.
Disponibilidade de água no solo para as plantas
Fator de disponibilidade de água no solo (JÚNIOR, 2022).

Grupo de Evapotranspiração máxima – ETm (mm dia-1)


culturas 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 0,50 0,42 0,35 0,30 0,25 0,22 0,22 0,20 0,18
2 0,68 0,56 0,48 0,40 0,35 0,32 0,28 0,25 0,22
3 0,80 0,70 0,60 0,50 0,45 0,42 0,38 0,35 0,30
4 0,88 0,80 0,70 0,60 0,55 0,50 0,45 0,42 0,40
▪ Grupo 1: cebola, arroz, alho, folhosas;
▪ Grupo 2: feijão, trigo, ervilha;
▪ Grupo 3: milho, girassol, tomate, batata;
▪ Grupo 4: algodão, amendoim, sorgo, soja, cana-de-açúcar.
Exercício
Exercício 2: Calcular DTA, CTA e CRA para a seguinte condição:
▪ CC = 32% em peso
▪ PMP = 18% em peso
▪ ds = 1,2 g cm-3
▪ cultura milho z = 50 cm
▪ f = 0,5

𝜃𝐶𝐶 − 𝜃𝑃𝑀𝑃 32 − 18
𝐷𝑇𝐴 = . 𝑑𝑠 = . 1,2 = 𝟏, 𝟔𝟖 𝒎𝒎/𝒄𝒎
10 10

𝐶𝑇𝐴 = 𝐷𝑇𝐴. 𝑧 = 1,68 . 50 = 𝟖𝟒 𝒎𝒎

𝐶𝑅𝐴 = 𝐶𝑇𝐴. 𝑓 = 84 . 0,5 = 𝟒𝟐 𝒎𝒎


Disponibilidade de água no solo para as plantas

IRRIGAÇÃO REAL NECESSÁRIA (IRN)


Quando decidimos alterar o valor de f com relação ao tabelado, é
comum atribuir uma nova terminologia para CRA. São
apresentados em dois casos:
a) Irrigação total: quando toda a água necessária à cultura for
suprida por irrigação.
𝐼𝑅𝑁 = 𝐶𝑅A
b) Irrigação suplementar: quando parte da água necessária à
cultura for suprida pela irrigação e outra parate pela
precipitação.
𝐼𝑅𝑁 = 𝐶𝑅𝐴 − 𝑃𝑒𝑓
em que:
◼ Pef – precipitação efetiva, mm.
Disponibilidade de água no solo para as plantas

IRRIGAÇÃO TOTAL NECESSÁRIA (ITN)

Para se calcular a quantidade total de água a ser aplicada por


irrigação (ITN), é necessário se estabelecer a eficiência de
aplicação do sistema (Ea) a ser utilizado.

𝐼𝑅𝑁
𝐼𝑇𝑁 =
𝐸𝑎
Exercício
Exercício 3: Considerando a cultura do feijão (grupo 2)
desenvolvendo para uma certa época do ano uma evapotranspiração
potencial máxima de 5,0 mm d-1. Para um solo com uma CC de
32%, PMP de 20% e ds de 1,25 g cm-3, a IRN para a cultura com
uma profundidade efetiva do sistema radicular de 30 cm (300 mm)
será? 𝑪𝒄 − 𝑷𝒎
𝑰𝑹𝑵 = . 𝒅𝒔 . 𝒛. 𝒇
𝟏𝟎
32 − 20
𝐼𝑅𝑁 = . 1,25 . 30 . 0,4 = 𝟏𝟖, 𝟎 𝒎𝒎
10
Dessa forma, todas as vezes que o sistema de irrigação for acionado,
aplicará uma lâmina de 18 mm. Se considerarmos, ainda, uma área de
projeto hidráulico de 12 ha, e uma eficiência de aplicação de 80%, o
volume a ser aplicado será:
18𝑚𝑚
= 22,5 𝑚𝑚 = 225 𝑚3 ℎ𝑎−1 = 225 𝑚3 . 12 ℎ𝑎 = 𝟐. 𝟕𝟎𝟎 𝒎𝟑 /𝒊𝒓𝒓𝒊𝒈𝒂çã𝒐
0,8
Infiltração da água no solo
Infiltração é o processo pelo qual a água penetra o solo através de
sua superfície (MELO et al. 2009). A capacidade de infiltração é
fundamental na determinação da taxa de aplicação de água
por sistemas de irrigação (ALBUQUERQUE E DURÃES, 2008).

Fatores que afetam o processo de infiltração de água no solo


o Relacionados à superfície do solo: compactação superficial,
fração da superfície do solo com cobertura vegetal e
capacidade de armazenamento superficial;
o Relacionados ao perfil do solo: condutividade hidráulica e
fatores que intererem na condutividade hidráulica, presença de
camadas de impedimento, profundidade do lençol freático e
conteúdo inicial de água;
o Climáticos: duração e frequência de chuvas e temperatura;
o Relacionados ao manejo de irrigação: taxa de aplicação.
ALBUQUERQUE E DURÃES, 2008.
Infiltração da água no solo

Observações
❑ Após a passagem da água pela
superfície do solo, ou seja, cessada a
infiltração, a camada superior atinge
um “alto” teor de umidade, enquanto
que as camadas inferiores apresentam-
se ainda com “baixos” teores de
umidade;
❑ Há então, uma tendência de um
movimento descendente da água;
❑ A esse movimento descendente que
provoca o molhamento das camadas
inferiores dá-se o nome de
redistribuição.

google imagens.
Infiltração da água no solo

Observações

Irrigação por sulco e


gotejamento: infiltração e
redistribuição em todas as
direções

Irrigação por aspersão e


inundação: infiltração e
redistribuição
preferencialmente no sentido
vertical.

google imagens.
Velocidade de infiltração da água no solo
No início da infiltração, o solo
ainda está relativamente seco,
o gradiente de potencial é Após algum tempo, o gradiente
muito grande, e a velocidade de potencial é reduzido e a
de infiltração é alta. velocidade diminui;

Observação: As argilas se expandem


e contraem parcialmente os poros, a
velocidade de infiltração diminui Este valor constante chama-se
gradualmente até chegar a um ponto de Velocidade de Infiltração
em que se mantém praticamente
constante.
Básica – VIB (mm h-1).
VELOCIDADE DE INFILTRAÇÃO
• Solo Argiloso: < 5 mm h-1
• Solo Franco-argiloso: 5 a 10 mm h-1
• Solo Franco: 10 a 20 mm h-1
• Solo Franco-arenoso: 20 a 30 mm h-1
• Solo Arenoso: > 30 mm h-1
Métodos de estimativa de infiltração

MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL


Consiste em se utilizar dois anéis concêntricos, sendo o maior
com diâmetro de 50 cm e o menor com diâmetro de 25 cm, ambos
com altura de 30 cm

google imagens.

A determinação da infiltração se processa pela medida da altura de


água infiltrada no cilindro menor (interno) em tempos sucessivos
de leitura
Métodos de estimativa de infiltração

MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL

google imagens.
Métodos de estimativa de infiltração

MÉTODO DA ENTRADA E SAÍDA DA ÁGUA NO


SULCO
Consiste em colocar um medidor de vazão (calhas medidoras) no
início do sulco e um outro afastado de 20 a 40 cm do primeiro.
Essa distância é função do tipo de solo, sendo recomendado o
maior valor para solos argiloso e menor para arenosos.
Quando vazão no final do
sulco atingir um valor
constante, a VIB pode ser
calculada, sendo:

𝑄𝑒 − 𝑄𝑠
𝑉𝐼𝐵 =
google imagens.
𝐿. 𝐸
Métodos de estimativa de infiltração

SIMULADORES DE CHUVA

A água é aplicada por aspersão com uma intensidade de aplicação


superior à capacidade de infiltração do solo.
A área de aplicação é delimitada por placas metálicas, sendo a
taxa de infiltração obtida pela diferença entre a intensidade de
precipitação e a taxa de escoamento superficial resultante

google imagens.
Modelos empíricos de infiltração

EQUAÇÃO DE KOSTIAKOV (1932)

É uma das mais utilizadas, especialmente no dimensionamento de


sistemas de irrigação por superfície (BERNARDO, 1995).
em que:
𝐼 = 𝑘. 𝑡 𝑎 ◼ I – Infiltração acumulada, mm.

◼ t – tempo de infiltração, h.

k e n são constantes que dependem do solo e das suas condições


iniciais.
Derivando a equação acima, obtém-se a taxa de infiltração, TI
(mm h-1) ou velocidade de infiltração - VI:
Observação: A principal limitação
𝑎. 𝑘 da equação de Kostiakov é o fato
𝑉𝐼 = 1−𝑎
𝑡 de VI tender a zero quando t
tender a infinito.
Modelos empíricos de infiltração

EQUAÇÃO DE KOSTIAKOV-LEWIS

Também denominada “equação de Kostiakov modificada”, nessa


equação é eliminada a limitação quanto à aplicação para altos
valores de t (ALBUQUERQUE E DURÃES, 2008).
em que:
◼ I – Infiltração acumulada, mm.
𝐼 = 𝑘. 𝑡0 𝑎 + 𝑉𝐼𝐵. 𝑡0
◼ t0 – tempo de oportunidade de irrigação, h-1.

◼ VIB – velocidade de infiltração básica, mm h-1.

Derivando a equação acima, obtém-se a taxa de infiltração, TI


(mm h-1) ou velocidade de infiltração - VI:
𝑎. 𝑘 Observação: Quando t tende ao
𝑉𝐼 = 1−𝑎 + 𝑉𝐼𝐵 infinito, VI tende a VIB.
𝑡0
Modelos empíricos de infiltração

DETERMINANDO OS VALORES DE k / a

a) Método gráfico:

Os dados de I e t são plotados em um papelo log-log e traça-se a


linha reta de melhor ajuste dos pontos. O ponto de intercessão do
prolongamento da reta com o eixo das ordenadas (relativo aos
valores de t), será o valor de k, e a declividade da reta será o valor
de a.

google imagens.
Modelos empíricos de infiltração

DETERMINANDO OS VALORES DE k / a

b) Método analítico (regressão linear):

Transformar a equação de infiltração de exponencial para linear.

log 𝐼 = log 𝑘 + 𝑎 log 𝑡


𝑌 = 𝐴 + 𝐵𝑥
𝑌 = log 𝐼
𝐴 = log 𝑘
𝑘 = 𝑎𝑛𝑡𝑖log 𝑎
𝐵=𝑎
𝑥 = log 𝑡
Exercícios
Exercício 1: Um cilindro de solo de 0,1 m de diâmetro e 0,12 m de
altura tem uma massa de 1,7 kg, dos quais 0,26 kg são água.
Assumindo dágua = 1,0 g/cm3 e dp = 2,65 g/cm3, calcular:
a) umidade %, base em massa
b) umidade %, base em volume
c) densidade do solo
d) porosidade
Respostas: a) 18,05%, b) 27,6 %, c) 1,528, d) 42,31 %
Exercício 2: Coletaram-se 220 kg de solo úmido. O valor da
umidade do solo foi de 0,18 kg/kg. Calcular o valor da massa de
sólidos e o da massa de água.
Respostas: ms = 186,44 kg e ma = 33,56 kg
Exercícios
Exercício 3: Um solo de 0,8 m de profundidade tem um valor
uniforme de θ = 0,13 m3/m3. Calcular quanta água deve ser
adicionada ao solo para trazer o valor de sua umidade volumétrica a
0,30.
Resposta: 136 mm ou 136 L/m2
Exercício 4: Coletou-se uma amostra de solo com anel volumétrico de 200
cm3, a uma profundidade de 10 cm. Obteve-se: massa úmida=332 g e massa seca
= 281 g. Após a coleta, fez-se um teste de compactação do solo, passando sobre
ele um rolo compressor. Nova amostra coletada com o mesmo anel e a mesma
profundidade apresentou: massa úmida = 360 g e massa seca = 305 g. Determine
antes e depois da compactação: densidade global, U, θ e a porosidade total.
Considere a densidade de partículas do solo igual a 2,7.
Respostas: Antes: 1,405, 18,15%, 25,5%, 47,96% Depois: 1,525, 18,03%,
27,49%, 43,52%
Bibliografia consultada

BERNARDO; S., SOARES, A.A., MANTOVANI, E. C. Manual de


Irrigação. 8.ed. Viçosa: UFV, 2008
MELLO, J. L. P. DA SILVA, L. D. B. Irrigação. Apostila de apoio a
disciplina. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de
tecnologia, Departamento de engenharia. Setembro de 2009.
ALBUQUERQUE, P.E.P, DURÃES, F.O.M. Uso e manejo de irrigação.
Embrapa Informações Tecnológicas, Brasília, DF. 2008.

Contato: [email protected]
“Se der errado, a gente arruma. Se bagunçar, a
gente ajeita.Se quebrar, a gente conserta. E se tudo
acabar, a gente recomeça!.”
Autor desconhecido

Você também pode gostar