ArtigoCientífico Danielle Pilôto Eng Ambiental

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 15

INSTITUTO UNIVITÓRIA

A RELAÇÃO DA ENGENHARIA AMBIENTAL COM O CONTROLE DE


DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA: UMA ANÁLISE APROFUNDADA

DANIELLE OLIVEIRA BATISTA PILÔTO

RESUMO

A infraestrutura sanitária inadequada pode desencadear sérios problemas de saúde, incluindo


doenças de veiculação hídrica. O papel crucial do profissional de Engenharia Ambiental é
assegurar a harmonia entre o desenvolvimento econômico, a equidade social e a qualidade
ambiental. Esta pesquisa teve como objetivo central examinar a relação entre os engenheiros
ambientais e o controle de doenças transmitidas pela água, em especial aquelas propagadas
pelo mosquito Aedes aegypti e outras doenças infectocontagiosas. O método utilizado foi o
levantamento bibliográfico, de caráter exploratório e descritivo. Além das arboviroses, existem
diversas formas de contrair doenças de veiculação hídrica, seja por ingestão ou contato com
água e alimentos contaminados. Para combater a propagação dessas doenças, é essencial
planejar uma gestão integrada em saúde. Além dos profissionais de saúde, como médicos
sanitaristas e enfermeiros, os Engenheiros Ambientais desempenham um papel fundamental
na concepção de projetos estruturais e socioambientais. Cada real investido em saneamento
resulta em uma economia significativa, estimada entre R$ 4,00 e R$ 8,00 em custos com
medicina curativa. Portanto, os profissionais de Engenharia Ambiental têm o potencial de
reduzir as transmissões de doenças de veiculação hídrica, promovendo simultaneamente o
desenvolvimento econômico, social e ambiental.

Palavras-chave: doença; saneamento; saúde integrada; engenharia ambiental.

ABSTRACT

Inadequate health infrastructure can trigger serious health problems, including waterborne
diseases. The crucial role of the Environmental Engineering professional is to ensure harmony
between economic development, social equity and environmental quality. The central objective
of this research was to examine the relationship between environmental engineers and the
control of water-borne diseases, especially those spread by the Aedes aegypti mosquito and
other infectious diseases. The method used was a bibliographical survey, of an exploratory and
descriptive nature. In addition to arboviruses, there are several ways to contract waterborne
diseases, whether through ingestion or contact with contaminated water and food. To combat
the spread of these diseases, it is essential to plan integrated health management. In addition to
health professionals, such as public health doctors and nurses, Environmental Engineers play a
fundamental role in the design of structural and socio-environmental projects. Each real
invested in sanitation results in significant savings, estimated between R$4.00 and R$8.00 in
curative medicine costs. Therefore, Environmental Engineering professionals have the potential
to reduce the transmission of waterborne diseases, simultaneously promoting economic, social
and environmental development.

Keywords: disease; sanitation; integrated health; environmental engineering.


1. INTRODUÇÃO

O saneamento básico é essencial para a qualidade de vida das populações,


abrangendo uma série de serviços cruciais, como abastecimento de água potável,
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além da
drenagem de águas pluviais. Esses serviços são fundamentais para garantir um
ambiente saudável e seguro para todos. No entanto, no Brasil, a situação do
tratamento de esgoto sanitário é preocupante, com uma cobertura ainda baixa em
comparação com o abastecimento de água. Essa disparidade evidencia uma lacuna
significativa na infraestrutura de saneamento do país, que precisa ser urgentemente
abordada.
A falta de infraestrutura adequada pode resultar em sérios problemas de
saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento, onde doenças
relacionadas à água são comuns. A presença de águas contaminadas e a ausência
de um sistema eficiente de esgotamento sanitário aumentam o risco de surtos de
doenças. A Dengue, Zika e Chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti,
são exemplos de doenças que podem ser amplamente prevenidas com a melhoria
da infraestrutura de saneamento. Essas doenças não apenas afetam a saúde das
populações, mas também sobrecarregam os sistemas de saúde pública, gerando
altos custos econômicos e sociais.

Os Engenheiros Ambientais desempenham um papel crucial na promoção


da saúde pública, pois são responsáveis por garantir a coexistência equilibrada do
desenvolvimento econômico, equidade social e qualidade ambiental. A formação
desses profissionais é abrangente, incluindo disciplinas específicas relacionadas à
saúde e meio ambiente, tratamento de água e efluentes, e gestão de resíduos
sólidos. Essa preparação técnica permite que eles atuem de maneira eficaz em
projetos que visam minimizar os impactos ambientais das atividades humanas e
melhorar as condições de saneamento nas comunidades.

A implementação de metas sustentáveis, como os Objetivos de


Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, destaca ainda mais a importância da
atuação dos Engenheiros Ambientais. O ODS 6, por exemplo, visa assegurar a
disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos, sublinhando
1
a necessidade de práticas mais sustentáveis. Os Engenheiros Ambientais estão na
linha de frente dessa missão, promovendo tecnologias inovadoras e soluções
eficientes para melhorar o acesso à água potável e saneamento básico.

A colaboração entre profissionais de saúde e Engenheiros Ambientais é


fundamental para melhorar as condições sanitárias e promover um ambiente mais
saudável e sustentável para as comunidades. Juntos, eles podem desenvolver
estratégias integradas que abordem tanto os aspectos técnicos quanto os sociais do
saneamento, garantindo que as soluções implementadas sejam eficazes e
sustentáveis a longo prazo. A integração dessas áreas do conhecimento é essencial
para enfrentar os desafios complexos do saneamento básico e assegurar uma
melhor qualidade de vida para todas as populações, especialmente aquelas mais
vulneráveis.

2. METODOLOGIA

Neste estudo, adotou-se um método de pesquisa básica que envolveu um


levantamento bibliográfico de caráter exploratório e descritivo. O objetivo foi
investigar a relação entre as atividades dos Engenheiros Ambientais e as doenças
de veiculação hídrica. Para tanto, foram analisados 120 trabalhos disponíveis na
base de dados da SciELO, sem restrição temporal, a fim de obter uma compreensão
abrangente e detalhada do tema em questão.

A seleção dos trabalhos foi realizada com base em critérios de relevância e


qualidade, garantindo que os estudos escolhidos fornecessem uma visão ampla e
diversificada sobre o papel dos Engenheiros Ambientais na prevenção e controle de
doenças de veiculação hídrica. Durante a análise, foram identificadas as principais
atividades desses profissionais que contribuem para a promoção da saúde pública,
tais como a gestão de resíduos sólidos, o tratamento de efluentes, e o planejamento
de infraestruturas de saneamento básico.

Os resultados da análise dos materiais levantados destacaram a importância


fundamental da atuação dos Engenheiros Ambientais na prevenção e controle de
doenças de veiculação hídrica. Foi ressaltada a necessidade de uma abordagem
integrada entre os profissionais de saúde e os engenheiros, visando promover a

2
saúde pública e o desenvolvimento sustentável de forma eficaz. A colaboração entre
esses profissionais é essencial para o desenvolvimento de estratégias e soluções
inovadoras que possam mitigar os riscos associados às doenças transmitidas pela
água.

Além disso, a análise dos estudos revelou que a formação e a capacitação


contínua dos Engenheiros Ambientais são cruciais para que possam enfrentar os
desafios emergentes relacionados às doenças de veiculação hídrica. Os dados
sugerem que uma educação interdisciplinar, que inclua conhecimentos de saúde
pública, meio ambiente e engenharia, é fundamental para a eficácia das ações
desses profissionais.

Por fim, o estudo concluiu que a atuação proativa e colaborativa dos


Engenheiros Ambientais é vital para garantir a saúde pública e a sustentabilidade
ambiental. A implementação de políticas públicas que incentivem a integração das
práticas de engenharia ambiental com as estratégias de saúde pública pode resultar
em melhorias significativas na qualidade de vida das populações, especialmente em
áreas vulneráveis onde a incidência de doenças de veiculação hídrica é mais
elevada.

O Saneamento no Brasil

As comunidades indígenas já possuíam uma preocupação significativa com o


saneamento, refletindo práticas de higiene e saúde que antecedem a chegada dos
europeus. Para o consumo próprio, os indígenas armazenavam a água em talhas de
barro e argila, ou até mesmo em caçambas feitas de pedras, demonstrando um
conhecimento prático e eficiente de armazenamento e conservação. Em relação aos
dejetos, os indígenas também adotavam cuidados específicos, delimitando áreas
exclusivas para as necessidades fisiológicas e para a deposição de detritos,
garantindo assim a salubridade do ambiente em que viviam.

No Brasil, a história do saneamento básico está intrinsecamente ligada ao


desenvolvimento urbano e à formação das cidades. No início do século XIX, ainda
no período colonial, o abastecimento de água nas vilas e povoados que surgiam era
3
realizado por meio de coleta em bicas e fontes naturais. Com a chegada da família
real portuguesa ao Brasil, houve um impulso inicial para a implementação de uma
infraestrutura mínima, incluindo a construção de pontes, estradas e sistemas de
abastecimento de água para a população (MOREIRA, 1998).

No século passado, especialmente a partir da década de 1950, o investimento


em saneamento básico no Brasil ocorreu de forma pontual, com períodos de maior
destaque nas décadas de 1970 e 1980. Durante esses anos, prevalecia a visão de
que os avanços nos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário
nos países em desenvolvimento resultariam em uma significativa redução das taxas
de mortalidade. Esse período foi marcado pela consolidação do Plano Nacional de
Saneamento (Planasa), que enfatizou a ampliação dos sistemas de abastecimento
de água. No entanto, essa iniciativa não conseguiu reduzir substancialmente o déficit
na coleta e tratamento de esgoto, uma carência que persiste até os dias atuais
(SOARES, BERNARDES e CORDEIRO NETTO, 2002).

A salubridade ambiental é entendida como o estado de higidez da população,


abrangendo tanto áreas urbanas quanto rurais. Esse conceito envolve a capacidade
de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias e epidemias transmitidas
pelo ambiente, bem como a promoção de condições ambientais favoráveis ao bem-
estar e à saúde plena (GUIMARÃES, CARVALHO e SILVA, 2007). O
desenvolvimento tecnológico e a urbanização desordenada, características
marcantes do século XX e XXI, não isentaram a população das doenças
relacionadas à pobreza e à falta de saneamento básico, especialmente em países
em desenvolvimento como o Brasil (BUSS, 2007; BRASIL, 2016).

A estreita relação entre a falta de saneamento e a incidência de doenças


afeta diretamente dois direitos constitucionais fundamentais do brasileiro: o direito à
saúde e o direito ao saneamento. Nos últimos anos, o setor de saneamento básico
tem recebido maior atenção governamental, com uma quantidade significativa de
recursos destinados a investimentos. Esses investimentos visam não apenas
melhorar a qualidade da água e os índices de saúde pública, mas também devem
atender aos padrões mínimos de qualidade definidos pela legislação específica do
setor, garantindo a sustentabilidade dos sistemas implantados.

4
O novo marco legal do saneamento básico, estabelecido pela lei nº
14.026/2020, é resultado de intensas discussões iniciadas com a medida provisória
nº 844 de 06 de julho de 2018. Esta medida visava aumentar a participação do setor
privado no mercado de saneamento básico, entre outras mudanças. A lei define o
saneamento básico, conforme disposto no inciso I do art. 3º, como o conjunto de
serviços públicos, infraestruturas e instalações operacionais destinados a: (i)
abastecimento de água potável; (ii) esgotamento sanitário; (iii) limpeza urbana e
manejo de resíduos sólidos; e (iv) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

A nova legislação busca promover um ambiente regulatório que incentive a


eficiência, a universalização dos serviços e a sustentabilidade dos investimentos no
setor de saneamento, refletindo um compromisso com a melhoria da qualidade de
vida e a saúde da população brasileira.

Resultados e Discussão

O Sistema Único de Saúde (SUS) é essencial para o cenário de saúde do


Brasil, estando amparado pela Constituição de 1988 e pela Lei Federal nº 8.080 de
1990, que regulam as ações e serviços de saúde em todo o país. O saneamento
básico é um tema recorrente nessas legislações, destacando sua importância para a
saúde da população. A água, por sua vez, é um recurso vital e sua qualidade está
diretamente ligada à prevenção de diversas doenças, especialmente aquelas de
veiculação hídrica.
A Lei do Saneamento Básico, de 2007, define os serviços essenciais em
quatro eixos: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem
urbana e manejo de resíduos sólidos. A falta de infraestrutura adequada nessas
áreas tem contribuído para o aumento de doenças infecciosas, como a Dengue, Zika
e Chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
Dados revelam disparidades na cobertura de saneamento entre áreas urbanas
e rurais, evidenciando a necessidade de investimentos e ações para melhorar as
condições de saúde da população. Doenças como a Febre Tifoide, Disenteria
Bacilar, Amebíase, entre outras, continuam representando desafios de saúde
pública, especialmente em regiões com infraestrutura precária.
5
Estudos apontam que investimentos em saneamento poderiam prevenir
significativamente casos de doenças relacionadas à água, destacando a importância
da gestão integrada em saúde. A falta de saneamento não apenas impacta a saúde,
mas também a economia, com gastos significativos em tratamentos médicos.
Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a falta de serviços básicos de
saneamento afeta principalmente as populações mais vulneráveis, como crianças de
comunidades carentes e áreas rurais. A prevenção de doenças de veiculação hídrica
exige uma abordagem holística, integrando ações de saúde pública, infraestrutura e
conscientização ambiental.
Profissionais qualificados e engajados são essenciais para promover soluções
sustentáveis em saneamento, buscando melhorar as condições ambientais e de
saúde da população. A engenharia ambiental desempenha um papel crucial nesse
contexto, garantindo o manejo responsável dos recursos naturais em prol do bem-
estar humano.
A conscientização da sociedade, aliada a políticas públicas eficazes e
investimentos em infraestrutura, são fundamentais para garantir o acesso universal a
serviços de água e esgoto. Somente com esforços conjuntos será possível reduzir
os impactos das doenças de veiculação hídrica e promover uma vida mais saudável
e sustentável para todos.

Políticas Públicas e Investimentos

Para alcançar uma infraestrutura sanitária robusta e uma gestão hídrica


eficaz, é essencial que os governos adotem políticas públicas abrangentes e
destinem recursos suficientes para esses setores. Isso envolve não apenas a
formulação de marcos legais claros, mas também a criação de incentivos financeiros
que atraiam tanto investimentos privados quanto públicos. Além disso, é crucial o
estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação contínuos para
garantir a eficácia e a eficiência das iniciativas implementadas.

6
O cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da
ONU, particularmente o ODS 6, que visa assegurar a disponibilidade e a gestão
sustentável da água e saneamento para todos, deve ser uma prioridade para os
governos. Esse compromisso não se limita à construção de infraestrutura física, mas
abrange também a implementação de políticas que promovam a equidade no
acesso aos recursos hídricos e aos serviços de saneamento.

Investimentos em infraestrutura sanitária e gestão hídrica são fundamentais


não apenas para alcançar os ODS, mas também para promover a equidade social.
Ao garantir que todos os segmentos da população tenham acesso a água potável e
saneamento adequado, os governos podem reduzir as disparidades sociais e
melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas. Além disso, esses
investimentos têm um impacto direto na saúde pública, reduzindo a incidência de
doenças relacionadas à água contaminada e à falta de saneamento.

A sustentabilidade ambiental é outro aspecto crucial que deve ser


considerado nos investimentos em saneamento e gestão hídrica. Políticas públicas
bem estruturadas podem assegurar que os recursos hídricos sejam utilizados de
maneira sustentável, preservando-os para as futuras gerações. Isso inclui a proteção
das fontes de água, o tratamento adequado dos efluentes e a promoção de práticas
de uso eficiente da água.

Em suma, para construir uma infraestrutura sanitária sólida e uma gestão


hídrica eficaz, é imperativo que os governos adotem uma abordagem integrada, que
combine marcos legais claros, incentivos para investimentos, monitoramento
contínuo e um forte compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
da ONU. Somente com uma visão abrangente e uma ação coordenada será possível
promover a equidade social, melhorar a saúde pública e garantir a sustentabilidade
ambiental a longo prazo.

7
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Sistema Único de Saúde (SUS) é essencial para o cenário de saúde do


Brasil, estando amparado pela Constituição de 1988 e pela Lei Federal nº 8.080 de
1990, que regulam as ações e serviços de saúde em todo o país. O saneamento
básico é um tema recorrente nessas legislações, destacando sua importância para a
saúde da população. A água, por sua vez, é um recurso vital e sua qualidade está
diretamente ligada à prevenção de diversas doenças, especialmente aquelas de
veiculação hídrica.
A Lei do Saneamento Básico, de 2007, define os serviços essenciais em quatro
eixos: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem urbana e
manejo de resíduos sólidos. A falta de infraestrutura adequada nessas áreas tem
contribuído para o aumento de doenças infecciosas, como a Dengue, Zika e
Chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
Dados revelam disparidades na cobertura de saneamento entre áreas urbanas e
rurais, evidenciando a necessidade de investimentos e ações para melhorar as
condições de saúde da população. Doenças como a Febre Tifoide, Disenteria
Bacilar, Amebíase, entre outras, continuam representando desafios de saúde
pública, especialmente em regiões com infraestrutura precária.
Estudos apontam que investimentos em saneamento poderiam prevenir
significativamente casos de doenças relacionadas à água, destacando a importância
da gestão integrada em saúde. A falta de saneamento não apenas impacta a saúde,
mas também a economia, com gastos significativos em tratamentos médicos.
Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a falta de serviços básicos de
saneamento afeta principalmente as populações mais vulneráveis, como crianças de
comunidades carentes e áreas rurais. A prevenção de doenças de veiculação hídrica
exige uma abordagem holística, integrando ações de saúde pública, infraestrutura e
conscientização ambiental.
Profissionais qualificados e engajados são essenciais para promover soluções
sustentáveis em saneamento, buscando melhorar as condições ambientais e de
saúde da população. A engenharia ambiental desempenha um papel crucial nesse

8
contexto, garantindo o manejo responsável dos recursos naturais em prol do bem-
estar humano.
A conscientização da sociedade, aliada a políticas públicas eficazes e investimentos
em infraestrutura, são fundamentais para garantir o acesso universal a serviços de
água e esgoto. Somente com esforços conjuntos será possível reduzir os impactos
das doenças de veiculação hídrica e promover uma vida mais saudável e
sustentável para todos.

Políticas Públicas e Investimentos

Para alcançar uma infraestrutura sanitária robusta e uma gestão hídrica


eficaz, é essencial que os governos adotem políticas públicas abrangentes e
destinem recursos suficientes para esses setores. Isso envolve não apenas a
formulação de marcos legais claros, mas também a criação de incentivos financeiros
que atraiam tanto investimentos privados quanto públicos. Além disso, é crucial o
estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação contínuos para
garantir a eficácia e a eficiência das iniciativas implementadas.

O cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da


ONU, particularmente o ODS 6, que visa assegurar a disponibilidade e a gestão
sustentável da água e saneamento para todos, deve ser uma prioridade para os
governos. Esse compromisso não se limita à construção de infraestrutura física, mas
abrange também a implementação de políticas que promovam a equidade no
acesso aos recursos hídricos e aos serviços de saneamento.

Investimentos em infraestrutura sanitária e gestão hídrica são fundamentais


não apenas para alcançar os ODS, mas também para promover a equidade social.
Ao garantir que todos os segmentos da população tenham acesso a água potável e
saneamento adequado, os governos podem reduzir as disparidades sociais e
melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas. Além disso, esses
investimentos têm um impacto direto na saúde pública, reduzindo a incidência de
doenças relacionadas à água contaminada e à falta de saneamento.

9
A sustentabilidade ambiental é outro aspecto crucial que deve ser
considerado nos investimentos em saneamento e gestão hídrica. Políticas públicas
bem estruturadas podem assegurar que os recursos hídricos sejam utilizados de
maneira sustentável, preservando-os para as futuras gerações. Isso inclui a proteção
das fontes de água, o tratamento adequado dos efluentes e a promoção de práticas
de uso eficiente da água.

Em suma, para construir uma infraestrutura sanitária sólida e uma gestão


hídrica eficaz, é imperativo que os governos adotem uma abordagem integrada, que
combine marcos legais claros, incentivos para investimentos, monitoramento
contínuo e um forte compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
da ONU. Somente com uma visão abrangente e uma ação coordenada será possível
promover a equidade social, melhorar a saúde pública e garantir a sustentabilidade
ambiental a longo prazo.

4. CONCLUSÃO
As doenças de veiculação hídrica apresentam uma estreita relação com a má
gestão ou a ausência de infraestrutura sanitária, que abrange desde a rede de
drenagem de águas pluviais até o abastecimento de água potável, bem como a
coleta, transporte, tratamento e destinação adequada de efluentes domésticos e
resíduos sólidos. Estudos demonstram que a carência de um ou mais desses
serviços básicos contribui para o aumento da incidência de doenças transmitidas
pela água contaminada, seja por ingestão, contato direto ou pela criação de poços
de água parada, favorecendo a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
A integração da gestão de saúde com investimentos em infraestrutura básica
resulta em benefícios econômicos, ambientais e sociais significativos, reduzindo
tanto a incidência quanto os custos associados a doenças de veiculação hídrica.
Além disso, essa abordagem pode diminuir as filas nos serviços de saúde,
promovendo ambientes mais saudáveis e propícios ao bem-estar da população, o
que contribui para um avanço notável da sociedade como um todo.
Nesse sentido, os profissionais de Engenharia Ambiental desempenham um papel
fundamental na promoção da saúde urbana, juntamente com os médicos
sanitaristas, uma vez que investir em saneamento básico implica em economia
direta nos gastos com saúde pública. Estudos apontam que cada real investido em
10
saneamento pode resultar em uma economia de até oito reais nos custos de saúde
pública, impulsionando indiretamente o desenvolvimento econômico. É importante
ressaltar que indivíduos saudáveis são mais produtivos, têm maior capacidade de
estudar e trabalhar, o que contribui para avanços tanto a nível individual quanto
social.
Ampliar a conscientização sobre a importância da infraestrutura sanitária e a
gestão adequada dos recursos hídricos é essencial para a promoção da saúde
pública e o bem-estar da sociedade como um todo. Investir em medidas preventivas
e na melhoria da qualidade dos serviços de saneamento é crucial para garantir um
futuro mais saudável e sustentável para as gerações presentes e futuras.

5. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. S.; COTA, A. L. S.; RODRIGUES, D. F. Saneamento, Arboviroses e


Determinantes Ambientais: impactos na saúde urbana. Ciênc. saúde coletiva, v.
25, n. 10, p. 3857–3868, out. 2020.

BRASIL. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais


para o saneamento básico [Internet]. 11.445, 5 jan. 2007. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm.

BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Marco Legal do Saneamento


Básico do Brasil [Internet]. 14.026/2020, 15 jul. 2020. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Panorama do Saneamento Básico


no Brasil (2021) [Internet]. Brasília: DF: Secretaria Nacional de Saneamento; 2021
[citado em 2 de julho de 2023]. 223 p. Relatório No.: Panorama do Saneamento
Básico no Brasil (2021). Disponível em:
https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/saneamento/snis/produtos-do-snis/
panoramado-saneamento-basico-do-brasil.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Dispõe sobre as condições e padrões de


lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de
março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA [Internet].

11
Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011, 13 maio 2011. Disponível em:
https://www.suape.pe.gov.br/images/publicacoes/CONAMA_n.430.2011.pdf.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de


outubro de 1988 [Internet]. 1988. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990: Dispõe sobre as condições


para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências
[Internet]. 8.080, 19 set. 1990. Disponível em:
https://planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm.

CALIJURI, M. do C.; CUNHA, D. G. F. Engenharia Ambiental: Conceitos,


Tecnologia e Gestão. Rio de Janeiro, RJ: ABES, 2013.

DANIEL, L. A.; BRANDÃO, C. S. S.; GUIMARÃES, J. R.; LIBNIO, M.; DE LUCA, S.


Processos de desinfecção e desinfetantes alternativos na produção de água
potável [Internet]. 2001 [citado em 10 de julho de 2023]. Disponível em:
http://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/historico-de-programas/
prosab/LuizDaniel.pdf.

GUIMARÃES, A. J. A.; CARVALHO, D. F. de; SILVA, L. D. B. da. Saneamento


básico. Instituto de Tecnologia – UFRJ, 2007. Disponível em:
http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/Apostila%20IT
%20179/Cap%201.pdf. Acesso em: 10 de maio de 2024.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por


Amostra de Domicílios Contínua [Internet]. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística; 2023 [citado em 3 de julho de 2023]. 14 p. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/bibliotecacatalogo?
view=detalhes&id=2102004.

MARQUES, E. C. A era do saneamento: as bases da política de saúde pública


no Brasil. Rev. bras. Ciênc. Soc. [Internet]. fev. 1999 [citado em 4 de outubro de
2023]; v. 14, n. 39. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0102-69091999000100012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.

12
MENDONÇA, F. D. A.; SOUZA, A. V. E.; DUTRA, D. D. A. Saúde pública,
urbanização e dengue no Brasil. Soc. nat., v. 21, n. 3, p. 257–269, dez. 2009.

MOTA, S. Introdução à engenharia ambiental. 3. ed. rev. Rio de Janeiro: ABES,


2003.

ONU - Organização das Nações Unidas. Objetivo de Desenvolvimento


Sustentável - água e saneamento [Internet]. 2015 [citado em 10 de julho de 2023].
Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/6.

PAIVA, R. F. D. P. D. S.; SOUZA, M. F. D. P. D. Associação entre condições


socioeconômicas, sanitárias e de atenção básica e a morbidade hospitalar por
doenças de veiculação hídrica no Brasil. Cad. Saúde Pública [Internet]. 5 fev.
2018 [citado em 4 de outubro de 2023]; v. 34, n. 1. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2018000105003&lng=pt&tlng=pt.

SILVA, S. D. A.; GAMA, J. A. D. S.; CALLADO, N. H.; SOUZA, V. C. B. D.


Saneamento básico e saúde pública na Bacia Hidrográfica do Riacho
Reginaldo em Maceió, Alagoas. Eng. Sanit. Ambient., v. 22, n. 4, p. 699–709,
ago. 2017.

SOARES, S. R. A.; BERNARDES, R. S.; CORDEIRO NETTO, O. M. Relações entre


saneamento, saúde pública e meio ambiente: elementos para formulação de
um modelo de planejamento em saneamento. Cadernos de Saúde Pública, Rio
de Janeiro, v. 18, p. 1713-1724, 2002.

13

Você também pode gostar