O Segredo Do Crescimento Espiritual

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O SEGREDO DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL

RICARDO DOS SANTOS FERREIRA

Sanfer Edições
A Deus, pela sua grandiosa graça, a minha esposa que sempre esteve
presente e apoiando-me, a meus lindos filhos que colaboram muito
para que este estudo fosse concluído, ao Pr. Natanael Batista pelo
apoio, conselhos e materiais, e a todos que de alguma maneira
contribuíram para que este livro se tornasse uma realidade.
SUMÁRIO

PARTE 1 – Quatro grandes crises descrita na Bíblia.


1. A queda da família humana.
2. O diluvio.
3. Sodoma e Gomorra.
4. Israel no Deserto.
5. Conclusões sobre as crises.

PARTE 2 – A Reforma de Saúde e o Crescimento Espiritual.


1. Daniel e seus amigos em babilônia.
2. João Batista um Reformador.
3. Saúde e Espiritualidade no Novo Testamento.
4. A Reforma de saúde nos primórdios da IASD.
5. A reforma de saúde e a mensagem do Terceiro Anjo.
6. A transgressão das leis de saúde e suas consequências.

PARTE 3 – Em que Consiste a Reforma de Saúde?


1. O Regime Alimentar.
2. Atividades Físicas.
3. Equilíbrio em todas as coisa.
4. Considerações.
5. Conclusão.
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO

No antigo testamento encontramos o inicio e o desenrolar do grande conflito entre o


bem e o mal. É interessante notar que este conflito sempre gira em torno da adoração, esta
adoração mais do que um ato comunitário é algo totalmente individual, pois neste ponto o
grande conflito sai do âmbito global e se desenvolve totalmente na mente de cada ser humano,
e, é justamente por este motivo que tudo o que fazemos, vemos, comemos interfere
diretamente para o bem ou para o mal nesta grande batalha. A fim de ensinar a humanidade a
adorar da maneira correta Deus chama Abraão e sua descendência, o povo de Israel, para ser
Seu representante na terra. Assim Deus estabelece um sistema especial de culto, onde a
grande marca deveria ser uma adoração submissa a vontade divina e não baseada no desejo
humano como acontecia nos sistema de cultos pagão daqueles dias. A aliança que Deus havia
estabelecido com Israel, estabelecia um relacionamento, onde o próprio Deus criador habitaria
no meio deles, em um santuário.
A adoração do povo de Israel deveria acontecer através de ofertas que eram levadas
até seu templo, estas ofertas deveriam ser perfeitas, sem mancha e sem macula e de acordo
com as orientações divina. O santuário onde o povo levava suas ofertas de sacrifícios 1 era
justamente onde estava a presença do Deus vivo 2, Deus habitava naquele lugar e por este
motivo nada que estivesse impuro ou pudesse contaminar deveria entrar ali. Assim no antigo
testamento, Deus estabeleceu regras claras de santidade e pureza para que então Seu nome
fosse honrado por seu povo e sua presença continua em seu meio.
A bíblia também descreve o nosso corpo como santuário do Espírito Santo de Deus I
Cor. 6:19 e 20, e acrescenta que “Ele habita em nós” e é este o motivo pelo qual nos orienta a
“fugir das impurezas” (II Cor.6:18) pois, esta nos impedem de elevar a Ele um louvor puro e
verdadeiro, e então nos aconselha a cuidar do nosso corpo para podermos apresentar a Deus
um sacrifício puro e perfeito, como comenta o apostolo Paulo em sua carta aos Romanos 12:
1e 2: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis
com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimente
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Era desígnio de Deus habitar em cada um de nós para que assim fossemos seu povo e
Ele fosse o nosso Deus II Cor. 6:17, que nossas mentes fossem puras e que nossas vidas
1
Para uma melhor compreensão de como eram as ofertas e os sacrifícios levados a Deus no Antigo Israel
aconselha-se ler Levítico 1:1 – 7:38.
2
Ver Êxodo 25:8.
fossem um louvor ao seu nome. Infelizmente não é isto que temos visto em nossos dias, pois
o homem do século XXI parece não ter tempo para Deus e para as coisas de Deus, e assim
tem deixado que seus desejos o domine, que o vício e a satisfação própria tome conta de suas
vidas e seja seu deus, como conseqüência desse descaso para com o Criador, os homens tem
se afundado cada vez mais no pecado e na miséria. A reverência e o respeito parecem não
mais fazer parte de nossos dicionários, o noticiário todos os dias apresenta um quadro
horrível, de mortes no atacado, onde os criminosos não respeitam crianças e nem idosos, a
insegurança tanto dentro como fora das residências tem deixado em pânico toda a sociedade,
filhos que matam seus pais por dinheiro e até mesmo por “liberdade” dizem eles, pais que
abandonam seus filhos para “aproveitar a vida”, e pessoas que fazem o que for preciso (até
mesmo matar outros) para alcançar seus objetivos egoístas. Mesmo nas igrejas a irreverência
parece tomar conta de tudo, o senso da presença de Deus parece ter desaparecido, pois tem se
tornado comum brincadeiras, piadas e até mesmo brigas em locais sagrados onde outrora nem
mesmo conversas se ouviam. O comercialismo da religião tem desviado o foco da verdadeira
adoração levando muitos a se sentirem no direito de mandar na igreja, na religião e até mesmo
em Deus, pois desejam que suas vontades sejam realizadas, que seus gostos sejam satisfeito, e
assim trazendo grande descredito a palavra de Deus. O apóstolo Paulo se referindo ao homem
dos últimos dias em sua segunda epístola a Timóteo 3: 1-4 já mencionava esta triste realidade
dizendo: “Sabe, porém, isto; que, nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis; Pois os
homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos
pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si,
cruéis, inimigos de Deus”.
Poderíamos até mesmo inverter a ordem do verso e começar com a última frase que
diz “inimigos de Deus”3 pois este parece ser o principio básico da situação humana em nossos
dias, já que mesmo entre aqueles que professam serem cristãos podemos contemplar muitas
das características descritas por Paulo no verso acima. Mas esta infelizmente não é a primeira
vez que isto acontece, já em tempos antigos também nos deparamos com situações parecidas
como as diversas crises espirituais em que o povo de Israel se envolvera desde o antigo
testamente até a rejeição do Messias, quando deixou de ser o povo escolhido de Deus.
Portanto vale apena analisar o passado a fim de encontrar soluções para o futuro, pois
como afirma o sábio Salomão, “O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se torna a
fazer; nada há, pois, novo debaixo do céu” Eclesiastes 1:9, e é justamente esta similaridade
entre as crises em que a humanidade tem se envolvido, que tem motivado uma análise mais
3
Ênfase acrescentada.
profunda, com o fim de descobrir se há alguma relação entre estas crises passadas com a
alimentação e estilo de vida e qual a ligação entre aquelas passadas e a que vivemos hoje.
Desta forma procuraremos trazer uma resposta clara e objetiva do verdadeiro papel da
reforma de saúde no fortalecimento moral e espiritual tanto da Igreja Adventista do 7° Dia
bem como o da sociedade em que vivemos.
Seção 1

ORIGEM DAS GRANDES CRISES DESCRITAS NA BÍBLIA

1. A QUEDA DA FAMÍLIA HUMANA

Antes mesmo de criar o ser humano, Deus já havia providenciado um ambiente


especial, para que este desfrutasse de uma perfeita saúde, tanto física, mental como espiritual.
Tudo o que o homem precisasse para sua manutenção e felicidade encontraria ali no jardim do
Éden. O recém criado casal era plenamente feliz, seu tempo era ocupado “com a feliz tarefa
de cuidar do jardim... e recebiam a visita dos anjos, ouviam suas instruções e meditações”,
(Ellen G. White, História da Redenção. p. 162.) eles tinham total controle sobre toda criatura vivente,
suas atividades físicas lhes traziam plena satisfação, ao contrário do que vemos hoje, e em
momento nenhum se sentiam cansados ou desanimados. Haviam sidos criados perfeitos e
viviam uma vida perfeita na presença do Criador, desfrutando do mais puro desenvolvimento
de suas faculdades.
Mas fora justamente naquele perfeito lugar que o ser humano enfrentou sua primeira e
grande tentação, a primeira batalha entre o bem e o mal travada na terra. Ao santo par fora
permitido comer de todos os frutos das árvores do jardim, exceto de uma, que era a árvore do
conhecimento do bem e do mal. Disse o Senhor a Adão e Eva: “[...] de toda árvore do jardim
comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque
no dia em que dela comerdes, certamente morrereis”. (Gênesis 2: 17) É importante ressaltar
que não havia nenhum tipo de veneno naquela árvore ou em seu fruto e que, portanto a morte
não viria pela contaminação, mas sim pelo ato de desobediência do homem para com o seu
Criador, pois era sua fidelidade a Deus que estava em jogo, decidindo comer do fruto proibido
o ser humano estaria escolher viver independentemente de Deus, e esta é exatamente a
essência do pecado, pois quando o homem se afasta de Deus ele perde totalmente o rumo,
passando a cometer um erro apos o outro até estar totalmente afundado no lamaçal do pecado.
Vale ressaltar que Deus não havia colocado aquela árvore ali para tentar nossos
primeiros pais, pois como o apostolo Tiago em sua epistola deixa bem claro ao afirmar que:
“ninguém, ao ser tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo
mal e ele mesmo a ninguém tenta”. Tiago 1:13., mas sim para lhes dar a oportunidade de
exercer sua liberdade de escolha já que Deus não havia criado “robôs”, programados para
obedecer e viver em santidade, mas pessoas inteligentes e com liberdade de escolha, pois
somente a liberdade pode trazer a verdadeira felicidade, além disto a adoração a Deus deve
partir da gratidão de suas criaturas e um ser sem liberdade não pode expressar nenhuma
gratidão. Ora, se não houvesse ali no jardim do Éden algo que possibilitasse ao ser humano a
escolher entre o bem e o mal, que liberdade eles teriam? Portanto a arvore do conhecimento
do bem e do mal dava ao homem esta liberdade, para que Adão e Eva de fato pudessem
exercer o direito de escolher.
Porém Deus não os havia deixado sem orientação, mas pelo contrario, eles já haviam
sido advertidos pelos anjos do perigo que corriam, já haviam sidos informados sobre a
rebelião de Lúcifer e de seus enganos, como cita Ellen G. White,
Claramente informara-os de que a árvore do conhecimento fora colocada no jardim
para ser um penhor de sua obediência e amor a Deus; que a elevada e feliz condição de santos
anjos seria conservada sob a condição de obediência; que eles estavam numa situação similar;
que podiam obedecer à lei de Deus e ser inexprimivelmente felizes, ou desobedecer e perder
sua elevada condição e serem mergulhados num desespero irremediável. Contaram a Adão e
Eva que Deus não os compelia a obedecer - que Ele não removera deles o poder de contrariar
Sua vontade; que eles eram agentes morais, livres para obedecer ou desobedecer. Havia
apenas uma proibição que Deus considerara próprio impor-lhes. Se transgredissem a vontade
de Deus, certamente morreriam. Ellen G. White, História da Redenção. p. 162.
Desta maneira a felicidade do ser humano dependia completamente de sua fidelidade a
seu criador. Deus havia criado o homem reto e com perfeito equilíbrio mental, nele não havia
qualquer tendência pecaminosa ou vestígio de morte, mas pelo contrário, gosava de plena
saúde, e era seu dever preservá-la através de uma vida de espontânea obediência em todos os
sentidos. Adão e Eva falharam, e pela sedução do astucioso inimigo, a proibição de Deus foi
desrespeitada e agora a raça humana ficou a mercê das consequências de sua escolha, é
importante ressaltar que eles não estariam sendo castigados por Deus, mas apenas sofrendo a
partir de agora as consequências de suas escolhas. Ellen White comenta que nossos primeiros
pais consideraram de pouca importância o transgredir a ordem de Deus, naquele único ato, de
comer de uma arvore tão linda e vista e tão agradável ao paladar. Mas o que eles não levaram
em consideração foi o fato de que o que estava em jogo era justamente a fidelidade a Deus e a
felicidade de toda a raça humana, ela ainda acrescenta que “isso rompeu sua fidelidade a Deus
e abriu as comportas de um dilúvio de culpa e desgraça que tem inundado o mundo.” (Ellen
G. White Conselho Sobre Saúde. p. 36.)
Adão e Eva escolheram desobedecer a Deus e dar ouvido a seu inimigo, eles poderiam ter
resistido a tentação, mas não o fizeram, cederam pois “aspiraram ter mais sabedoria,
independente de Deus, procurando compreender aquilo que Lhe aprouve reter dos mortais,
“foram intemperantes em seus desejos.” (Ellen G.White, Conselho sobre regime Alimentar. p.
145). Nossos primeiros pais caíram por causa do apetite como observa Ellen White, “Adão e
Eva caíram pela intemperança do apetite” (História da Redenção. p. 70.). E ela ainda
acrescenta que desde então “uma das mais fortes tentações que o homem tem de enfrentar é
em relação ao apetite” (Conselho sobre regime alimentar. p. 147). Desde a queda de nossos
primeiros pais, a raça tem se enfraquecido e cedido cada vez mais aos desejos egoístas, e isto
tem trazido conseqüências assustadoras para toda a raça humana, como salienta Ellen White,
“O crime e a doença têm aumentado com cada geração sucessiva. A intemperança no comer e
beber, e a condescendência com as paixões baixas, têm entorpecido as faculdades mais nobres
do homem. A razão, em vez de ser dominadora, tornou-se escrava do apetite, numa extensão
alarmante”. (Ibid., p. 149).

O ser humano fora criado para honrar e glorificar o seu Criador, através de uma vida
de obediência e adoração por toda a eternidade, mas por ceder ao grande tentador deixou que
seu apetite1 tomasse o primeiro lugar de sua vida, lugar este que deveria pertencer somente a
Deus, transgredindo assim o primeiro mandamento que diz: “não terás outros deuses diante de
mim” Ex. 20:3. Ao se colocar como seu próprio deus deixando de ser submisso ao Deus
eterno “a humanidade tem se tornado mais e mais indulgente para consigo mesma, de maneira
que a saúde tem sido sacrificada no altar do apetite”, (White, Conselho sobre regime
alimentar. p. 147.) e como consequência o ódio, dor, tristeza, inveja, cobiça, prostituição,
ganância, egoísmo e morte tem sido uma cruel realidade cada vez mais crescente, o continuo
afastamento de Deus tem sido o maior problema da humanidade.
Talvez aqui seja necessário uma reflexão quanto aos desejos que brotam em nosso
coração, pois o anseio de Adão e Eva era de satisfazer seus desejos egoístas, ou seja “ser
como Deus”. Este também parece ser o anseio de muitos hoje que só levam em consideração
os desejos de seu coração e assim ignoram a vontade de Deus em suas vidas, fazendo as
coisas do jeito que acha melhor tornando-se o seu próprio deus e trazendo trágicas
consequências para sua vida. O pouco caso com as orientações divina ainda continuam sendo
a raiz de muitos males que tem atingido a humanidade, o desequilíbrio nas faculdades física,
mental e espiritual, tem levado o ser humano a um estado de nostalgia tal, que muitos não
conseguem discernir entre a clara orientação de Deus e os desejos de seu coração, cometendo
assim o mesmo erro de Adão e Eva, e incorrendo nas mesmas consequências.

Curiosidades

1
[Do lat. appetitu.] S. m. 1. Vontade de comer; apetência. 2. P. ext. Vontade, disposição, ânimo: 3. Ambição,
cobiça, sofreguidão: 4. Gosto especial; predileção, preferência: 5. Sensualidade, lubricidade. (Novo Aurélio,
dicionário eletrônico de língua portuguesa, versão 3.0.
(´Éden) “[...] esta palavra” foi indiretamente associada com a raiz hebraica homônima ´ādan,
que significa “desfrutar”, “ter prazer em”. A LXX no entanto, parece derivar esta palavra
diretamente da raiz hebraica ´ādan ao traduzir a palavra por “jardim das delicias”. Isso levou à
identificação tradicional do jardim do Éden com o paraíso, o que foi bastante apropriado (Ap
2.7). Éden é um símbolo de grande fertilidade em Isaias 51.3; Ezequiel 36.35 e Joel 2.3. Essa
palavra aparece 14 vezes no AT. Em Gênesis 2.8, 10; 4.16, faz-se referencia a região
geográfica em que o jardim se situava. Conquanto se possa identificar os rios Tigre e
Eufrates, existe uma certeza generalizada quanto aos outros dois rios, o Pisom e o Giom.
Entretanto, uma área próximo à foz dos rios tigre e Eufrates, no Golfo Pérsico, parece
bastante possível. Speiser sustenta que o relevo físico apresentado em Gênesis 2 é autentico.
HARRIS, R. Laird; ARCHER, Gleson L; WALTKE, Bruce K. Dicionário internacional de
teologia do Antigo Testamento. Tradução Mario Loureiro Redondo; Luiza A. T. Sayão;
Carlos Osvaldo C Pinto. São Paulo: Vida Nova, 1998. 1 Vol.1079.

2. O DILÚVIO
Depois da queda, o ser humano continuou se afundando cada vez mais em sua
derrocada apostasia, não demorou muito e o pecado começou a mostrar sua verdadeira cara, já
entre os primeiros filhos de Adão e Eva podemos ver predominar grandes traços de maldade,
como no caso de Caim ao matar seu irmão Abel simplesmente por inveja, pois seu sacrifício
não havia sido aceito por Deus, visto haver oferecido algo que Ele não havia pedido, enquanto
que o Senhor aceitara o de seu irmão, pois este oferecera exatamente conforma a vontade
dEle. Que contraste impressionante com Adão e Eva que logo depois da queda choraram
amargamente e sentiram imensa dor até mesmo pelas folhas que caiam das árvores, e agora,
pouco tempo depois o ser humano já estava tirando a vida do seu próximo.
Desde a queda até o dilúvio havia passado apenas algumas poucas gerações, mas sobre
a terra já repousava uma dupla maldição em conseqüência da transgressão de Adão e Eva e do
homicídio de Caim, mas apesar da maldade ter se espalhado e tomado conta do cenário, a
beleza ainda predominava por sobre a terra como descreve Ellen G. White,
Existiam indícios evidentes de decadência, mas a Terra ainda era rica e bela com os dons da
providência de Deus. As colinas estavam coroadas de árvores majestosas, que sustentavam os
ramos carregados de frutos das trepadeiras. As planícies vastas e semelhantes a jardins
estavam revestidas de verdor, e exalavam a fragrância de milhares de flores. Os frutos da
Terra eram de grande variedade, e quase sem limites. As árvores sobrepujavam em tamanho,
beleza e proporção perfeita, a qualquer que hoje exista; sua madeira era de belo veio e dura
substância, assemelhando-se em muito à pedra, e quase tão durável como esta. Ouro, prata e
pedras preciosas existiam em abundância. (Patriarcas e Profetas. 1995. P. 90).

É impressionante como a misericórdia de Deus é esplêndida, pois apesar da grande


apostasia e dos terríveis crimes que os pré-diluvianos cometiam, O criador continuavam a
derramar suas benções sobre a terra demonstrando sua compaixão e disposição em perdoar e
salvar toda a raça humana. Mas a humanidade parecia não dar muito valor a estas
demonstrações de amor do Criador, e começaram a fazer da criação o seu próprio deus,
deixara de adorar o criador para adorar a criatura, passaram a atribuir a natureza as dádivas
que recebiam, criaram todo tipo de ídolos, e a glorificação humana se tornara seu principal
objetivo como descreve White,
“Deus outorgara a esses antediluvianos muitas e ricas dádivas; mas usaram a Sua
generosidade para se glorificar, e as tornaram em maldição, fixando suas afeições nos dons em
vez de no Doador. Empregaram o ouro e a prata, as pedras preciosas e as madeiras finas, na
construção de habitações para si, e se esforçaram por sobrepujar uns aos outros no
embelezamento de suas moradas, com a mais destra mão-de-obra. Procuravam tão-somente
satisfazer os desejos de seu orgulhoso coração, e folgavam em cenas de prazer e impiedade.
Não desejando conservar a Deus em seu conhecimento, logo vieram a negar a Sua existência.
Adoravam a natureza em lugar do Deus da natureza. Glorificavam o gênio humano, adoravam
as obras de suas próprias mãos, e ensinavam seus filhos a curvar-se ante imagens de
escultura”. (Ibid. p. 91).

Desta maneira a idolatria tomara conta da raça humana, o primeiro mandamento assim
como já havia acontecido com o primeiro casal, tinha sido pisado, mas agora suas culpas eram
ainda maiores não haviam apenas feito de seu “eu” um deus, mas também agora fabricaram
ídolos de madeira e a estes atribuíam as benção que Deus misericordiosamente havia lhes
concedido dando a criação o mérito criador devido somente a Deus, e desta forma
transgredindo também o segundo mandamento (Exodo 20: 4 a 6) como acrescenta White, “Os
homens excluíram a Deus de seu conhecimento, e adoraram as criaturas de sua própria
imaginação; e, como resultados se tornaram mais e mais desprezíveis.” (Patriarcas e Profetas.
p. 91).
E para aumentar ainda mais suas culpas e por decorrência da condescendência próprio
deram início a prática da poligamia, trazendo grande confusão moral e desafiando
abertamente a orientação divina de que o homem deveria ter apenas uma mulher, e como
resultado destas desobediências o respeito para com o próximo foi cada vez mais pisada e
agora o que prevalecia era a lei do mais forte, o objetivo principal de cada ser humano era
somente satisfazer seus desejos, que como já ponderamos haviam se tornado seus deuses
como descreve White,
A poligamia fora logo introduzida, contrária às disposições divinas dadas ao princípio. O
Senhor dera a Adão uma só esposa, mostrando Sua ordem a tal respeito. Mas, depois da
queda, os homens preferiram seguir os seus próprios desejos pecaminosos; e, como resultado,
o crime e a miséria aumentaram rapidamente. Nem a relação do casamento nem os direitos de
propriedade eram respeitados. Quem quer que cobiçasse as mulheres ou as posses de seu
próximo, tomava-as pela força, e os homens exultavam com suas ações de violência.
Deleitavam-se na destruição da vida de animais; e o uso da carne como alimento tornava-os
ainda mais cruéis e sanguinolentos, até que vieram a considerar a vida humana com espantosa
indiferença. (Ibid., p. 92).
A maldade havia se proliferado entre os pré-diluvianos a vida humana era considerada
como de pouca importância o respeito para com o próximo. O que mais impressiona é que e
até mesmo entre aqueles que diziam crer em Jeová, havia muitos que praticavam a idolatria,
apesar de tentarem argumentar que esta era apenas uma forma de adorar a Deus, estavam
trazendo sobre eles o juízo divino, já que Deus havia sido bem claro quando proibiu qualquer
tipo de imagem feita para adoração, mas esta falsa adoração não demorou muito para ser
desvendada e apresentada sua verdadeira cara, e com o passar dos dias ficou claro que assim
como acontecia com os outros esta falsa adoração tinha como objetivo a adoração de si
mesmo que havia virado um falso deus que era obra de sua própria imaginação e “mãos”.
E assim foram fechando o coração de uma vez por todas e recusando ouvir a voz do
mensageiro que Deus enviara para anuncia a eminente destruição que deveria vir sobre a terra,
como narra White, “Os homens daquela geração não eram todos, na mais ampla acepção do
termo, idólatras. Muitos professavam ser adoradores de Deus. Pretendiam que seus ídolos
eram representações da divindade, e que por meio deles o povo poderia obter uma concepção
mais clara do Ser divino”. (Patriarcas e Profetas. p. 96.). Entre este grupo estavam os maiores
opositores a mensagem apresentada a Noé.
Esforçando-se eles para representarem a Deus por meio de objetos materiais, cegavam
a mente à Sua majestade e poder; deixavam de compenetrar-se da santidade de Seu caráter, ou
da natureza sagrada e imutável de Seus mandamentos. Generalizando-se o pecado, pareceu
cada vez menos maligno, e declararam finalmente que a lei divina não mais estava em vigor;
que era contrário ao caráter de Deus castigar a transgressão; e negaram que Seus juízos
viessem a cair sobre a Terra. Houvesse os homens daquela geração obedecido à lei divina, e
teriam reconhecido a voz de Deus na advertência de Seu servo; sua mente, porém, se havia
tornado tão cega pela rejeição da luz, que realmente criam ser a mensagem de Noé uma
ilusão”.
A situação em que o ser humano se encontrava, era realmente espantosa, não
conseguiam mais discernir entre o santo e o profano, não viam mais diferença entre a vontade
de Deus e as suas próprias, os filhos de Deus 2 tomavam as filhas dos homens 3 como esposas,
pois diziam que estas lhes eram mais agradáveis aos olhos (Genesis 6:2), e como resultado a
fidelidade a Deus ficava comprometida, visto que estas acabavam levando-os a apostasia da
fé. O mundo havia se corrompido de forma extraordinária de maneira que o mal já não
parecia mais tão ruim como outrora se mostrara, o próprio caráter de Deus era erradamente
interpretado, e muitos argumentavam que era contrário ao caráter de Deus castigá-los ao
mesmo tempo em que pisavam sua lei, haviam se esquecido do castigo de Adão e Eva, que
foram expulsos do jardim do Éden e de que a desobediência traz suas próprias conseqüências.

2
A expressão “Filhos de Deus” aparece em Genesis 6.2 e faz referencia aos filhos de Sete, que permaneceram
fieis a Deus.
3
A expressão “Filhos dos Homens também aparece em Genesis 6.2, e representa os que haviam se desviado dos
caminhos de Deus, como no caso de Caim.
O ser humano entrara num caminho sem volta, não valorizaram as advertências
divinas, não foram capazes de discerniram o certo do errado, pois suas mentes estavam
corrompidas e embotadas pela condescendência própria, viviam para satisfazer os apetites e
agora estavam incapacitados de prosseguirem com suas vidas como comenta White,
Desde que se rendeu pela primeira vez ao apetite, tem a humanidade aumentado cada vez mais
a tolerância para consigo mesma, de maneira que a saúde tem sido sacrificada no altar do
apetite. Os habitantes do mundo antediluviano eram intemperantes no comer e beber.
Alimentavam-se de carne, embora Deus ainda não houvesse dado ao homem qualquer
permissão para ingerir alimento animal. Eles comiam e bebiam até que seu depravado apetite
não conhecesse limites, e tornaram-se tão corrompidos que Deus não mais os pôde suportar. O
copo de sua iniqüidade estava cheio, e Ele purificou a Terra de sua contaminação moral por
meio de um dilúvio. (Conselho sobre saúde. p. 109.)

O ser humano havia se corrompido pela condescendência para com o apetite e agora
estavam totalmente deturpados pelo uso de alimentos que Deus em sua infinita sabedoria os
havia privado, deixou o que era saudável e foram atrás do que era atrativo aos olhos. Viviam
unicamente para satisfazer seus desejos egoístas, e agora que suas mentes não mais
conseguiam raciocinar, devido a grande quantidade de alimentos e carnes que ingeriam de
forma desordenada, entregaram-se completamente ao vício, dando asas a todo tipo de
imoralidade que a mente humana pode conceber. Que terrível preço teve que pagar por não ter
dado ouvidos a advertência e conselhos divino. Os pré-diluvianos julgaram não ser de muita
importância o tipo de alimento que ingeriam e deixaram de alimentar-se para nutrir o corpo e
começaram a comer simplesmente para satisfazer seus desejos, até o dia em que o juízo de
Deus caiu sobre eles e todos foram consumidos pelas águas do Dilúvio ficando somente Noé
e sua família, os quais haviam permanecidos fieis a Deus.

3. SODOMA E GOMORRA.
Sodoma e Gomorra eram belas cidades que ficavam no sul do mar morto marcando o
limite geográfico dos Cananeus a sudeste, numa fronteira que começava a sudoeste, em Gaza,
apesar de ser bastante incerta a localização da cidade como comenta Harris, “Alguns tem
sustentado que ela esta coberta pelas águas rasas na enseada sul do mar morto.” (Dicionário
internacional de teologia do Antigo Testamento. 1 Vol. p. 1030.) Esta era uma região muito
fértil, como descreve o texto bíblico, “Levantou Ló os olhos e viu toda a campina do Jordão,
que era toda bem regada [...] como o Jardim do Senhor, como a terra do Egito, como quem
vai para Zoã”. (Genesis 13.10).
Ellen White também descreve Sodoma como sendo a mais bela entre as cidades do
vale do Jordão, e que esta era “como o jardim do Senhor” pela sua fertilidade e beleza. Ela
ainda complementa dizendo que, “Ali florescia a luxuriante vegetação dos trópicos. Ali era a
terra da palmeira, da oliveira e da videira, e flores derramavam o seu perfume através de todo
o ano.” E que as “Ricas plantações revestiam os campos, e rebanhos e gados cobriam as
colinas circunvizinhas. A arte e o comércio contribuíam para enriquecer a orgulhosa cidade da
planície.” Ellen White também atribui toda esta fertilidade a riqueza que predominava em
Sodoma, pois “Os tesouros do Oriente adornavam seus palácios, e as caravanas do deserto
traziam seus abastecimentos de coisas preciosas para lhe suprir os mercados.” E conclui
dizendo que “com pouca preocupação ou trabalho, toda a necessidade da vida podia ser
suprida, e o ano inteiro parecia um ciclo de festas.” (White, Patriarcas e Profetas. p. 156).
Como acabamos de ver era justamente pela localização privilegiada e pela fartura
existente ali, que Sodoma se tornara uma cidade extremamente rica e próspera já que pessoas
de todos os lugares vinham até ali para comercializar seus bens, o que fazia com que aquele
lugar fosse bastante visado tanto por reis como por salteadores. Mas foi exatamente a sua
prosperidade o maior problema de Sodoma e Gomorra, pois a prosperidade trouxera consigo a
ociosidade como diz o profeta Ezequiel, "esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã: soberba,
fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a mão
do pobre e do necessitado. E se ensoberbeceram, e fizeram abominação diante de Mim; pelo
que as tirei dali, vendo Eu isto."( Ezequiel 16:49 e 50). Ellen White ainda acrescenta que, “A
ociosidade e a riqueza tornam endurecido o coração que nunca foi oprimido pela necessidade
ou sobrecarregado de tristeza. O amor ao prazer era favorecido pela riqueza e lazer, e o povo
entregou-se à satisfação sensual.” (Patriarcas e Profetas. p. 156). A condescendência para
consigo mesmo havia tomado conta dos habitantes daquelas cidades, novamente as bênçãos
de Deus foram mal empregadas trazendo grande maldição a todos os habitantes daquele lugar.
Constantemente o homem tem almejado e buscado a riqueza, mas esta tem se constituído em
um grande laço como explana Ellen White,
“Nada há mais desejável entre os homens do que riqueza e lazer, e, contudo estas coisas dão
origem aos pecados que acarretaram destruição às cidades da planície. Sua vida inútil, ociosa,
tornou-os presa das tentações de Satanás, e desfiguraram a imagem de Deus, tornando-se
satânicos em vez de divinos. A ociosidade é a maior maldição que pode recair ao homem; pois
que o vício e o crime seguem em seu cortejo. Enfraquece o espírito, perverte o entendimento,
e avilta a alma. Satanás fica de emboscada, pronto para destruir aqueles.”( Patriarcas e
Profetas. 1995. p. 156).

Novamente nos deparamos com o ser humano se afundando em pecados, A bíblia


descreve os moradores de Sodoma como sendo “maus e grandes pecadores”, (Genesis 13:13),
em seu diálogo com o Senhor, Abraão por várias vezes indaga a possibilidade de haver justo
em Sodoma, e começando com o numero de cinqüenta concluiu com a possibilidade de se
encontrar pelo menos dez pessoas justas, mas nem isto se pode encontrar naquelas ímpias
cidades.
O povo havia se corrompido completamente, voltaram a cometer os mesmos pecados
dos pré-diluvianos, fabricaram ídolos, fizeram do “eu” seu próprio deus, tornaram suas vidas
um constante louvor a seus próprios nomes e não negavam nada a si mesmo, mesmo que para
isto fosse necessária a morte alheia, assim como os diluvianos suas alegrias consistiam em
satisfazer seus apetites depravados e viviam em constantes festas ignorando a Deus e suas
advertências como menciona Ellen White, “Em Sodoma havia regozijo e orgia, banquetes e
bebedice. As mais vis e brutais paixões não eram refreadas. O povo desafiava abertamente a
Deus e à Sua lei, e deleitava-se em ações de violência.” Ela ainda acrescenta que apesar de
que “tivessem diante de si o exemplo do mundo antediluviano, e soubessem como a ira de
Deus se manifestara em sua destruição, seguiam, contudo o mesmo caminho de impiedade”
(Patriarcas e Profetas. p. 157), e não se deram conta de que estavam caminhando para o
mesmo fim deles.
A condescendência para com o apetite havia ofuscado a mente do povo, não
conseguiam mais ver a verdade tal como era, e apesar do exemplo que tinham através do
dilúvio, não conseguiam compreender a terrível situação em que se encontravam. A
libertinagem era prática comum naquele lugar, os homens preferiam outros homens em lugar
de mulheres, e de igual modo as mulheres, contrariando assim a natureza. Até os dia de hoje
Sodoma é sinônimo de práticas sexuais depravadas. Como vimos, depois do dilúvio o homem
voltou a cometer os mesmos erros e pecados que levaram os pré-diluvianos a destruição, e por
conseqüência tiveram as mesmas sorte, sendo igualmente destruídos como descreve Ellen
White: “Ao se multiplicarem os homens sobre a Terra após o dilúvio, de novo se esqueceram
de Deus, e corromperam seus caminhos perante Ele. Aumentou a intemperança em toda
forma, até que quase o mundo todo estava entregue a sua influência. Cidades inteiras tinham
sido varridas da face da Terra por causa de degradantes crimes e revoltante iniqüidade que os
fizeram uma mancha sobre o aprazível campo das obras que Deus criara”. (Conselho sobre
Saúde. p. 109).
Não foi derrepente e nem por acaso que Sodoma e Gomorra chegaram a ponto de
serem destruídas, não fora da noite para o dia que seus pecados apareceram, mas somente
depois de colocarem o seu “eu” entre eles e Deus e de deixarem que seus desejos dominassem
suas vidas e preceitos, e que suas mentes fossem deturpadas pelos hábitos errado em comer e
beber agora então suas escolhas, seus alvos e seus princípios seguiam somente a norma do
desejo, desejo este que estava cada dia mais corrompido e contaminado pelo pecado. Os
habitantes de Sodoma e Gomorra foram longe de mais, não se aperceberam do terrível mal
que estava para cair sobre eles, e continuaram em seus desesperados desejos de satisfazerem
seus depravados desejos.
Que triste fim teve Sodoma e Gomorra e saber que tudo começou com a satisfação
para com o apetite conforme cita Ellen White, “A satisfação ao apetite antinatural conduziu os
pecados que acarretaram a destruição de Sodoma e Gomorra.” (Ibid). Ela ainda complementa
dizendo que “A destruição de Sodoma e Gomorra foi por conta de sua grande impiedade. Eles
deram livres curso a seu intemperantes apetite, daí as suas paixões corrompidas,” veja que ela
descreve as paixões corrompidas como conseqüência do apetite intemperantes, e ela conclui
dizendo “que se haviam rebaixado de tal forma e seus pecados se tornaram tão abomináveis,
que o copo de sua iniqüidade se encheu, e eles foram consumidos pelo fogo do Céu.
(Conselho Sobre o Regime Alimentar. p. 121).

4. O ISRAEL NO DESERTO
Por aproximadamente 430 anos o povo de Deus havia vivido como escravos na terra
do Egito, e esta situação lhes trouxeram grandes implicações, pois seu estilo de vida em muito
se associava a de seus dominadores. Havia chegado o momento de o povo sair do Egito rumo
à terra que Deus havia prometido a seus pais, Prometera primeiramente a Abraão, dizendo:
“Ora, disse o Senhor a Abraão: sai da tua terra, da tua parentela, da casa de teu pai e vai pra
terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei o nome. Se tu uma
benção! [...] Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram. Apareceu o Senhor a Abraão e lhe
disse: darei a tua descendência esta terra”. [...]; Gênesis 12:1,2,5,7. Depois a Isaque, “[...] Fica
na terra que eu te disser; habita nela, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti e a tua
descendência darei todas estas terras e confirmarei o juramento que fiz a Abraão teu pai.”
Gênesis 262 e3; e depois a Jacó, “Disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó, já não te chamaras Jacó,
porem Israel será o teu nome. E lhe chamou Israel. Aterra que dei a Abraão e a Isaque dar-te-
ei a ti e, depois de ti, à tua descendência.” Gênesis 35: 10 e 12.
[...] “em ti serão benditas todas as nações da terra.” Gênesis 12: 3. Cf. At 3:25; Gl 3:8.
Também Gn 18:18; 22:18; 26:4; 28:14.
Chegará o momento de se cumprir a promessa de Deus, mas antes de entrar na terra
de Canaã deveria o povo passar por um processo de purificação e santificação, para que
voltassem seus corações completamente a Deus e assim o propósito pelo qual foram
chamados pudesse ser cumprido. Deus começou o processo de purificação e santificação de
seu povo mostrando seu grande poder ao libertá-los da escravidão egípcia como descreve o
salmista, “Prodígios fizeram na presença de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã.
Dividiu o mar e fez seguir; aprumou as águas como num dique. Guio-os de dia com uma
nuvem e durante a noite com um clarão de fogo. No deserto, fendeu rochas e lhes deu a beber
abundantemente como de abismos. Da pedra fez brotar torrentes, fez manar água como rios.”
Salmo 78:12 a 16.
Como já vimos Deus ansiava purificar seu povo antes de entrar na terra prometida,
para isto deu o maná, um alimento completo que supriria todas as necessidades físicas do
povo, levando-os a ter uma mente mais pura e aberta para compreenderem a santidade de
Deus e de sua lei. Por conseguinte era propósito de Deus mudar o regime alimentar de seu
povo, exatamente para que fosse realizada uma obra de restauração de suas faculdades físicas,
mentais e espirituais, e deste modo lhes possibilitar uma melhor relação com o Criador como
cita White, “Quando Deus tirou os filhos de Israel do Egito, era Seu desígnio estabelecê-los
na terra de Canaã, povo puro, contente e são.” (Conselho Sobre o Regime Alimentar. p. 377).
Mas nos livros de Êxodo e Números apresentam-se freqüentes crises no decorrer da
jornada dos israelitas pelo deserto. As principais queixas são: “Que beberemos?” (Êxodo
15:24); “[...] na terra do Egito, quando estávamos juntos a panelas de carne e comíamos pão a
fartar” (16: 2-9); “[...] porque nos fizestes subir do Egito para nos matardes de sede [...]”
(17:3); “[...] todos os filhos de Israel murmuraram contra Moises[...]” (Números 14:2, 27 e
29).
Note que em todos estes textos encontramos algum tipo de murmuração, e o que se
observa nas entrelinhas é a ingratidão, a incredulidade e a rebelião. Todas estas manifestações
estavam ligadas a alguma queixa sobre a falta de alimento ou de água. Mas uma análise
mesmo superficial dos relatos bíblicos permite-se concluir que não eram razoáveis suas
queixas, pois Deus estava sempre suprindo todas as necessidades deles. Portanto não havia
nenhum motivo justo para as rebeliões a não ser o fato de que o que alimentos que eles
estavam recebendo, por ser puro não estava satisfazendo seus apetites depravado, como
sobrepõe Ellen G. White dizendo que eles “não estavam satisfeitos com o alimento saudável
que Deus lhes provera. Seu apetite depravado almejava maior variedade, especialmente
alimentos cárneos.” (Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 375 e 376).
White ainda prossegue, dizendo que “Continuou Deus a alimentar o povo hebreu com
o pão que chovia do céu; não se satisfazia, porém. Seu apetite depravado ansiava por carne, da
qual Deus em Sua sabedoria em grande parte os privara de comer”. (Ibid. 2002. p. 147). A
razão para isso era o fato de que a alimentação cárnea, segundo Ellen G. White, prejudica os
processos de comunicação entre Deus e o homem e, além disso, perverte o comportamento e
torna o cérebro embotado, como descreve;“As faculdades intelectuais, morais e físicas são
prejudicadas pelo uso habitual de alimentos cárneos. Esse uso desarranja o organismo,
obscurece o intelecto e embota as sensibilidades morais” (Ibid., p. 375) ela ainda argumenta
que “O Senhor não proveu carne a Seu povo no deserto, porque sabia que esse regime
suscitaria doença e insubordinação. A fim de modificar a disposição e levar as mais altas
faculdades do espírito a exercício ativo, deles tirou a carne de animais mortos. Deu-lhes o pão
dos anjos, maná do céu”. (Ibid., op. Cit.).
Mas o povo não estava disposto a se submeter a Deus, haviam feito de seus apetites
seu próprio deus, transgredindo o primeiro mandamento (Êxodo 20:3) da lei e por
conseqüente os demais. Foi justamente a rejeição a esta providência de Deus que gerou uma
rebelião após outra levando o povo a rejeitar a herança que Deus havia prometido a seus pais
como está descrito no livro de Números. No livro de números cap. 13.25, 27-33 e 14. 2, 22-
34, encontramos o seguinte relato: Depois, voltaram de espiar a terra, ao fim de quarenta dias.
E contaram-lhe, e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente mana leite e
mel, e este é o fruto. O povo, porém, que habita nessa terra, é poderoso, e as cidades fortes e
mui grandes; e também ali vimos os filhos de Enac. Os amalequitas habitam na terra do sul; e
os heteus, e os jebuseus, e os amorreus habitam na montanha; e os cananeus habitam ao pé do
mar, e pela ribeira do Jordão. Então Calebe fez calar o povo perante Moisés, e disse: Subamos
animosamente, e possuamo-la em herança: porque, certamente, prevaleceremos contra ela.
Porém os homens que com ele subiram, disseram: Não poderemos subir contra aquele povo,
porque é mais forte do que nós. E infamaram a terra que tinham espiado, perante os filhos de
Israel, dizendo: A terra, pelo meio da qual passamos a espiar, é terra que consome os seus
moradores; e todo o povo que vimos no meio dela são homens de grande estatura.Também
vimos ali gigantes, filhos de Enac, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos
como gafanhotos, e assim, também, éramos aos seus olhos. E todos os filhos de Israel
murmuraram contra Moisés e contra Aarão; e toda a congregação lhe disse; Ah, se
morrêramos na terra do Egito! Ou, ah, se morrêramos neste deserto! E por que nos traz o
Senhor a esta terra, para cairmos à espada, e para que as nossas mulheres e as nossas crianças
sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros:
Levantemos um capitão e voltemos ao Egito. E todos os homens que viram a minha glória e
os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não
obedeceram à minha voz não verão a terra de que a seus pais jurei, e até nenhum daqueles que
me provocaram a verá. Porém, o meu servo Calebe, porquanto nele houve outro espírito, e
perseverou em seguir-me, eu o levarei à terra em que entrou, e a sua semente a possuirá em
herança; (Ora os amalequitas e os cananeus habitavam no vale.) Tornai-vos amanhã, e
caminhai para o deserto, pelo caminho do Mar Vermelho. Depois, falou o Senhor a Moisés e
a Aarão, dizendo: Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim?
Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, com que murmuram contra mim. Dize-
lhes: Assim eu vivo, diz o Senhor, que, como falastes aos meus ouvidos, assim farei a vós
outros.Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como, também, todos os que de vós foram
contados, segundo toda a vossa conta, de vinte anos e para cima, os que de entre vós contra
mim murmurastes; Não entrará na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar
nela, salvo Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Nun. Mas os vossos filhos, de que dizeis:
Por presa serão, meterei nela; e eles saberão da terra que vós desprezastes. Porém, quanto a
vós, os vossos cadáveres cairão neste deserto. E vossos filhos pastorearão neste deserto
quarenta anos, e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que os vossos cadáveres se
consumam neste deserto. Segundo o número dos dias em que espiastes esta terra, quarenta
dias, por cada dia um ano, levareis sobre vós as vossas iniquidades, quarenta anos, e
conhecereis o meu apartamento.
White ao comentar sobre este assunto faz a seguinte declaração,“ Quando o Deus de
Israel tirou o Seu povo do Egito, privou-os de alimento cárneo em grande medida, mas deu-
lhes pão do Céu e água da dura rocha. Com isto não ficaram eles satisfeitos. Abominaram o
alimento que lhes fora dado e desejaram voltar para o Egito, onde podiam sentar-se junto às
panelas de carne. Preferiam suportar a escravidão, e até mesmo a morte, a serem privados da
carne. Deus lhes satisfez o desejo, dando-lhes carne, e deixando-os comerem-na até que sua
glutonaria gerou uma praga, em conseqüência das quais muitos morreram.”4
Como já falamos o objetivo de Deus era purificar Israel durante sua jornada no
deserto, a fim de ter um povo puro e santo para que através destes, outros povos pudessem
conhecer a verdade de um Deus que ama e liberta, mas o povo não estava disposto a seguir o
caminho do Senhor, já que isto implicava em renunciar seus hábitos e costumes contaminados
por anos de decadência moral, para eles renunciar a seus desejos era algo completamente
inegociável, e até mesmo a escravidão lhes parecia melhor. Esta atitude de rebelião dos
hebreus lhes trouxera grandes e tristes conseqüências, pois levou Deus a tomar as medidas
convenientes, especialmente depois das murmurações5 finais, ante os relatos dos espias. Aqui
chegou ao clímax da paciência do Senhor. Durante toda a caminhado no deserto o povo havia
se mostrado rebelde a Deus, no Sinai adoraram um bezerro de ouro pouco depois de jurarem
fidelidade a Deus e a sua lei, a ira divina se acendeu e o Senhor decidiu destruí-los, mas foi
“convencido” por Moisés a mudar de idéia6, cujo pedido foi aceito. Mesmo em meio a grande
misericórdia que Deus teve com eles, continuaram se rebelando, até que chegaram a fronteira
da terra prometida e agora diante do relato do relato dos espias novamente se rebelam e como
conseqüência deveriam continuar por quarenta anos peregrinando pelo deserto, e a sentença
foi de que nenhum dos que murmuraram pisariam na Terra Prometida como observa White,
“O Senhor ordenou que os hebreus retornassem para o deserto, pelo caminho do Mar
Vermelho. Estavam muito perto da boa terra, porém, por sua ímpia rebelião, perderam a
proteção de Deus. Tivessem eles recebido o relatório de Calebe e Josué, e avançado

4
WHITE, Ellen G. Conselho sobre saúde. 1995. p. 1 – 36.
5
A verdadeira natureza dessa murmuração se vê no fato de que é um ato ostensivo de rebelião contra o Senhor e
uma recusa obstinada a crer na palavra de Deus e nas obras miraculosas de Deus (Nm 14.11,22 e23). Por isso, a
atitude correta numa situação de verdadeira dificuldade é a aceitação e obediência incondicional. HARRIS,
Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, 1998. 1 Vol. p.782.
6
Para ver o relato bíblico onde Moises intercede pelo povo ver Êxodo 32. 30-35.
imediatamente, Deus lhes teria dado a terra de Canaã. Mas foram incrédulos e mostraram tão
insolente espírito contra Deus que trouxeram sobre si mesmos o aviso de que jamais entrariam
na Terra Prometida.”7
Os pecados dos israelitas foram à causa pela qual Deus não os introduziu na Terra
Prometida8, pelo contrário os conduziu decididamente para outros caminhos até que todos
aqueles que haviam sido infiéis fossem mortos no deserto, exceto Josué e Calebe, que, quando
da ocasião em que os espias foram enviados para espiarem a terra prestes a ser entregue em
suas mãos por Deus, não trouxeram um relatório de covardes nem de incrédulos,
reconheceram que os habitantes daquele lugar eram gigantes e fortes, eram também, bem
armados e que as cidades eram fortificadas, mas mostraram que tudo isto não era nada perante
o Deus que os libertara dos Egípcios e os conduzira em proteção por todo o deserto, então
convocaram o povo a confiarem no Senhor e a temerem o Seu nome, avançando e tomando
posse da promessa divina9.
Por muitos séculos o povo havia se contaminado com as “iguarias” do Egito e a cada
geração as conseqüências iam se tornando cada vez mais visíveis levando-os a escravidão do
apetite10 e agora que tinham a chance de serem verdadeiramente livres, recusaram
oportunidade que lhes fora dada, White argumenta que escolhendo a comida do Éden o
Senhor estava mostrando-lhes que este era o melhor regime e esta mesma lição Ele estava
ensinando a Israel, ela ainda acrescenta que “Tirou os israelitas do Egito, e empreendeu
educá-los, a fim de ser um povo para Sua possessão própria. Desejava, por intermédio deles,
abençoar e ensinar o mundo inteiro. Proveu-lhes o alimento mais adaptado ao Seu desígnio;
não carne, mas o maná, "o pão do Céu". João 6:31”. E ela ainda conclui que “Foi unicamente
devido a seu descontentamento e murmuração em torno das panelas de carne do Egito, que
lhes foi concedido alimento cárneo, e isto apenas por pouco tempo.” Visto este nunca foi o
objetivo de Deus para o ser humano, e como conseqüência seu “uso trouxe doença e morte a
milhares.” E apesar da insistência divina em tentar ensinar seu povo White acrescenta que “a
restrição a um regime sem carne não foi nunca aceita de coração. Continuou a ser causa de
descontentamento e murmuração, franca ou secreta, e não ficou permanente.”11

7
White, História da redenção. 2003 p. 162.
8
Baseado no relato de WHITE, Conselho sobre o regime alimentar. 1995. p. 374-379.
9
É Deus quem daria aquela terra aos filhos de Israel, eles não precisavam temer nada, mas simplesmente avançar
como já haviam feito no mar vermelho.
10
Era propósito de Deus não somente libertá-los da escravidão sobre a qual os Egípcios os havia submetido, mas
principalmente da escravidão da condescendência para com o apetite, visto que este era o que lhes traziam
maiores problemas.
11
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 374.
E como resultado desta falta de disposição em obedecer ao Senhor, Israel teve que
voltar para o deserto e ali permanecer por quarenta anos até que a nova geração que havia
crescido com uma alimentação saudável, 12 e por conseqüência uma mente pura e atenta a lei e
vontade de Deus, e exercendo total domínio sobre o “eu”, e que estavam em condições de,
através do poder de Deus, tomar posse da terra que Ele havia prometido a seus pais.

12
O maná que caia do céu.
5. A SEMELHANÇA ENTRE AS CRISES

Durante nossa breve analise foi possível constatar vários pecados que geraram como
conseqüências as crises analisadas, mas o que ficou evidente também foi o fato de que os
pecados na verdade foram apenas os sintomas, ou seja, as conseqüências de decisões tomadas
por cada individuo em particular. Sendo assim podemos classificá-las em duas partes: (1) A
condescendência com o apetite, e (2) A adoração ao “eu”. Em todos os casos citados ficou
claro que simultaneamente, a condescendência com o apetite, e a quebra ao primeiro
mandamento fora o grande mal daqueles povos. Ellen White ao se referir a estes
acontecimentos ainda acrescenta que estes servem de exemplos para nos hoje, pois mostra os
efeitos da condescendência com o apetite e acrescenta que “A nossos primeiros pais pareceu
coisa de pouca importância transgredir a ordem de Deus naquele único ato - comer do fruto de
uma árvore tão linda à vista e tão agradável ao paladar” ela ainda conclui que isto rompeu sua
lealdade a Deus e abriu as comportas de um dilúvio de culpa e desgraça que tem inundado o
mundo.13
Desta maneira fica evidente que estas foram às causas primárias de todos os pecados
que trouxe a dor, tristeza, destruição e morte ao mundo antigo e que estas coisas também
deveriam predominar nos últimos dias como podemos observar o relato no evangelho de
Mateus 24. 37-39, quando Jesus em seu sermão profético nos diz que "como foi nos dias de
Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias
anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e dava-se em casamento,” viviam como se
nada de importante fosse acontecer e davam livre curso a suas paixões, Ele ainda acrescenta
que nada perceberam “até que veio o dilúvio, e os levou a todos, e Jesus conclui afirmando
que “assim será também a vinda do Filho do homem." 14 Ellen White completa dizendo, “Os
mesmos pecados que trouxeram juízos sobre o mundo nos dias de Noé, existem em nossos
dias.” E ela também acrescenta que “Homens e mulheres levam os seus hábitos no comer e
beber a tais extremos que terminam em glutonaria e bebedice.” Ela também diz que, “Este
predominante pecado, a condescendência para com o apetite pervertido, inflamou as paixões
dos homens nos dias de Noé, e levaram a generalizada corrupção. Violência e pecado
alcançaram o Céu. Esta contaminação moral foi finalmente varrida da Terra por meio do
dilúvio. “Os mesmos pecados de glutonaria e embriaguez embotaram a sensibilidade moral
dos habitantes de Sodoma, a ponto de parecer que o crime fosse o prazer de homens e
13
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 149.
14
Mateus 24. 37-39. Este texto faz parte do grande sermão profético de Cristo, proferido pouco antes de sua
morte, e se referindo a semelhança entre o mundo diluviano e a situação do mundo nos últimos dias.
mulheres da ímpia cidade.” Cristo assim adverte o mundo: "Da mesma maneira aconteceu nos
dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam. Mas, no dia em
que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre, consumindo a todos. Assim será no
dia em que o Filho do homem Se há de manifestar.”15
Ellen White também acrescenta que pouco antes da segunda vinda de Cristo “O comer
e beber seria levado ao excesso, e o mundo se entregaria ao prazer.” Não resta duvida que
estas coisas existam em nossos dias, “o mundo está em grande medida entregue à satisfação
do apetite; e a disposição de seguir os costumes do mundo nos tornará cativos de hábitos
pervertidos hábitos que nos farão cada vez mais semelhantes aos condenados habitantes de
Sodoma.” Ela ainda se diz espantada com o fato de a terra ainda não tenha sido destruída
como o foi Sodoma e Gomorra, pois acrescenta que não consegue ver diferença entre nossos
dias e aqueles que precederam as destruições dos diluvianos e de Sodoma e Gomorra. E
conclui dizendo que as “cegas paixões controlam a razão, e toda consideração superior é em
muitos casos sacrificada à sensualidade.”16 E assim como aconteceu aos diluvianos e aos
habitantes de Sodoma fica evidente que o mundo atual também tem caminhado para a mesma
sorte.
Esta tem sido a terrível situação em que vivemos, estamos a beira de uma crise sem
precedentes, o mundo se encontra no auge do secularismo e as pessoas continuam “comendo
bebendo, casando-se e dando-se em casamento” e nem se apercebem do momento crucial em
que estamos vivendo. É claro que o problema não está em casar-se, ou comer e beber, mas
sim pelo fato destas coisas terem se tornado prioridade, ocupando o lugar de Deus e tornando
o homem seu próprio deus. Não nos resta duvidas da necessidade de uma urgente reforma em
nosso estilo de vida, em nossos escolhas e prioridades. Hoje quando nos encontramos saindo
do “Egito espiritual” e caminhando para a Canãa celestial nos encontramos na mesma
situação do antigo Israel que precisava abandonar as praticas e costumes pecaminosos, a fim
de poderem habitar na terra que deus os havia dado, da mesma maneira como Deus desejava
purificar Israel, antes que estes entrassem em Canaã, assim também Ele deseja nos purificar
antes de nos levar para a Canaã celestial.
Hoje é o tempo de tomarmos uma decisão seria em nossa vida, como foi analisado
nesta seção nossas escolhas nos trarão consequências, e vamos ter que dar contas perante
Deus por cada ato que rebaixa a norma elevada que devemos alcançar. Vivemos em um
mundo onde as facilidades da vida torna cada vez mais difícil a pureza de coração, mas neste
15
Ibid., p. 146.
16
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 18.
momento, é necessário renunciar o mundo e as coisas que ele nos oferece, se é que queremos
ter força e vigor espiritual. Para isto é necessário uma entrega completa a Deus, Ele precisa
ser soberano em nossa vida, assim como aconteceu com Jesus no deserto (Mat. 4:1 a 11)
quando enfrentou sua primeira grande batalha em favor da raça humana, e obteve a vitória
exatamente onde a raça havia caído. Vencer os desejos do apetite não é uma tarefa simples,
mas completamente necessária para aqueles que desejam adentrar as mansões celestiais.
Conscientes de que um dos principais responsáveis pelas terríveis crises analisadas foi
a condescendência com o apetite, no próximo capitulo passaremos a analisar de forma prática
e detalhada a relação entre a reforma de saúde e o crescimento espiritual. Pois acreditamos
que assim como a deturpação do apetite destrói a purificação edifica.
29

Seção 2
A REFORMA DE SAÚDE E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
30

1. DANIEL E SEUS AMIGOS EM BABILONIA.

Daniel nascera no reino de Judá durante o reinado de Josias, ele pertencia a família
real e vivia na corte de Jerusalém. Muito provavelmente Daniel ainda era adolescente quando
foi levado para o cativeiro babilônico em 605 a. C. imagina-se que tinha entre dezesseis e
dezoito anos de idade por ocasião da primeira invasão babilônica no reino de Judá. E foi
justamente nesta invasão que Daniel e mais alguns jovens príncipes foram levado cativa a
Babilônia. (Daniel 1:3). Naquela época era comum um rei ao se apoderar de outra nação levar
jovens da linhagem real cativo para seu reino, como demonstração do seu poder e domínio
sobre o aquela nação.
No capitulo inicial do livro de Daniel, já podemos encontrar alguns dos desafios que
ele e seus amigos teriam naquela corte pagã. Era intuito do rei Nabucodonosor, apagar toda e
qualquer lembrança que estes jovens pudessem ter de seu povo e de seu Deus, pois o rei
desejava que estes fossem fieis a ele em tudo. A primeira ação do rei foi ordenar a mudança
do nome de Daniel e seus amigo, pois o nome deles faziam alusão ao Deus de Israel, então o
rei lhes ordena nomes que exaltavam os deuses de Babilônia, e assim levar de uma vez por
todas estes jovens a negar seu fé. (Daniel 1:7).
Os desafios destes jovens não param por ai, pois deveriam agora estudar a cultura e
ciência babilônica que estava contaminada pela idolatria, feitiçaria e paixões degradantes,
além de ter de se alimentar das finas iguarias do rei (Daniel 1:5). Em meio a tantos desafios
Daniel e seus amigos poderiam ter cedido as investidas do rei, pois afinal de contas, poderiam
ter pensado eles, que Deus os havia abandonado e agora eram escravos, e apesar disto foram
favorecidos pelo rei, então por que não obedecer o rei, fazendo uma média com ele, e poder
ter mais oportunidades na vida, além do mais seus parentes e amigos não estavam ali, então
poderiam “aproveitar a vida.”
Mas Daniel e seus amigos tinham fortes convicções religiosas que com certeza
herdaram de Josias e de Jeremias, os quais certamente devem ter exercido grande influencias
sobre ele e seus amigos. E por isto eles não caíram na besteira de blasfemar contra Deus.
Tinham visto a forma com que seus compatriotas tinham rejeitado a Deus e sabiam que o que
a nação estava passando agora era fruto desta apostasia, e, portanto não cairiam no mesmo
erro de negar ao Deus de seus pais.
Estes jovens apesar de pertencer a uma nação que estava sob a condenação de Deus,
eles faziam parte de um pequeno remanescente, que havia permanecido firme nos caminhos
31

do Senhor. Seus pais haviam sidos fieis aos princípios estabelecidos por Deus, e como
comenta Ellen G. White, “Daniel e seus amigos tinham sido educados por seus pais nos
hábitos de estrita temperança.” (Profetas e Reis, p. 482), e isto fez uma grande diferença na
vida destes jovens.

A Grande Decisão
O cenário estava montado a primeira grande batalha deveria ser travada. A Daniel e
seus amigo foram ordenado se alimentar das finas iguarias do rei (Daniel 1:5), o que para
muitos poderia soar como privilegia, para Daniel e seus amigos soa como uma grande
armadilha. Na mesa do rei tinha todo tido de alimento, inclusive alimentos cárneos de animais
que haviam sido proibidos o seu consumo por Deus (Levíticos 11), carnes que haviam sido
preparadas com sangue e gorduras, alimentos que por causa de suas misturas eram
grandemente prejudiciais, além de todos os tipos de bebidas existentes naqueles dias.
Estes jovens sabiam da influencia da alimentação na vida espiritual, e não estavam
dispostos a se contaminar com aqueles alimentos, bem ao contrario do que muitas vezes
vemos hoje, onde as pessoas dão pouca ou nenhuma importância para as orientações dadas
por Deus em relação a saúde, muitos até argumentam que comem para não escandalizar os
outros, ou ainda que não querem ser diferente, pois isto lhes atrapalharia os propósitos.
Renunciam assim a fidelidade a Deus por tão pouco, quando estes quatro jovens ao negarem
participar destes alimentos estavam colocando suas próprias vidas em jogo.
Em Daniel 1:8 encontramos um Daniel decidido, como a bíblia descreve “Resolveu
Daniel firmemente não se contaminar com as finas iguarias do Rei…” é importante notar que
a decisão de Daniel é firme, não existe nenhuma possibilidade de uma decisão diferente, ele
de fato estava determinado a permanecer fiel a Deus, pois ele sabia que ceder neste ponto
seria o inicio da ruina em sua vida espiritual. Nos versos seguintes, encontramos Daniel
colocando em pratica sua decisão ao procurar o chefe dos eunucos e lançar um desafio, para
que este permitisse que apenas por dez dias a ele e a seus amigos fosse permitido comer
legumes e beber agua, e então os comparasse com os outros. (Daniel 1:12 e 13).
Repare que Daniel depois de tomar sua decisão ele não fica esperando uma
oportunidade para colocar em pratica sua decisão, ele vai ate o chefe dos eunucos e a bíblia
diz que “Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos
eunucos”(Daniel 1:9). Eis aqui uma grande lição, muitas vezes ficamos esperando que Deus
“abra as Portas” para então podermos agir, quando deveríamos ir com fé e coragem fazer o
que Deus espera que se façamos.
32

No verso 15 a bíblia diz que “no fim dos dez dias, sua aparência era melhor; estavam
eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei”, Deus havia
sido honrado por estes jovens, e por isto uma grande benção repousava sobre eles. O que deve
ter causado um maior espanto sobre o chefe dos eunucos, é que provavelmente quando Daniel
e seus amigos chegaram a Babilônia suas aparências não era diferente da dos outros que ali já
estavam, mas a aparência destes jovens também já não era a mesma de quando saíram de
Jerusalém. Depois de quase 1600 quilômetros percorridos a pé, com grande privação de
alimentos e agua, suas fisionomia devia estar bem abatida, mas ainda assim não era inferior a
dos outros. Bastaram então mais dez dias e suas saúdes estavam completamente
restabelecidas, e suas aparências eram melhores do que a dos outros.
O que impressiona é a visão que Daniel tinha do grande conflito entre o bem e o mal
que envolve toda a humanidade, e como ele entendia que cada detalhe da vida contribui para o
bem ou para o mal nesta terrível batalha. Eles sabiam que “A condescendência com o apetite
teria envolvido o sacrifício do vigor físico, a clareza do intelecto e o poder espiritual. Um
passo errado teria, provavelmente, levado a outros, até que, interrompendo sua conexão com o
Céu, teria, sido arrastados pela tentação.” (Ellen G White, Santificação p. 16).
Fica evidente que não há nada neutro neste mundo, e, isto Daniel aprendera desde
criança, como comenta Ellen G. White, “Daniel e seus companheiros tinham sidos educados
por seus pais nos hábitos de temperança. Tinham sidos ensinados que Deus lhes pediria contas
de suas faculdades, e que jamais deveriam diminuí-las ou enfraquece-las.” (Profetas e Reis, p.
482). Sem duvida foi esta educação dentro dos princípios que levaram Daniel e seus amigos, a
terem discernimento do perigo que corriam, e ao mesmo tempo força moral para dizer não ao
apetite, mesmo quando isto significava dizer não ao homem mais poderoso da terra naqueles
dias. Assim estes quatro jovens mostraram que nada era para eles mais importante do que a
aprovação de Deus!
Esta firme decisão destes jovens a permanecerem fiéis aos princípios divinos foi o que
os habilitou para as vitorias seguintes, quando confrontados perante a estatua do rei
Nabucodonosor, os três amigos de Daniel se recusaram a se prostrar, mostrando total
confiança e submissão a vontade de Deus, fazendo com que através do decreto do rei o mundo
conhecesse o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego conseguindo assim o que toda uma
nação não havia conseguido por séculos. Mais tarde na cova dos leões novamente Daniel é
confrontado, mas permanece firme, aos princípios e mais uma vez o nome de Deus é honrado
e exaltado em todo o mundo.
33

Que contraste podemos traçar aqui entre este jovens e o restante de sua nação. Israel
fora estabelecido em Canaã, lugar estratégico para o mundo de sua época a fim de iluminar o
mundo com a mensagem de um Deus criador e Redentor, mas falharam. Ao invés de viver
dentro dos princípios estabelecido na palavra de Deus, preferiram agradar-se a si mesmos,
satisfazendo seus desejos e apetites corrompidos pelo egoísmo, e assim perderam
completamente a noção do grande conflito entre o bem e o mal. Ainda se consideravam o
povo da promessa, mas agora ao invés disto despertar neles a responsabilidade de representar
a Deus perante outras nações e povos, despertava neles o orgulho de terem sidos escolhidos
por Deus, desprezando aqueles por quem deveriam ter trabalhado.
Parece que nestes últimos dias a história se repete. Novamente nos deparamos com
uma religião cheia de formalismo e orgulho, onde Deus tem ficado em segundo plano. Aonde
a satisfação própria tem sido prioridade na vida de pessoas que deveriam estar prontas para
glorificar o nome de Deus, poderíamos até mesmo denominar estes nossos dias de a era do
pop star cristão. Infelizmente temos trocado nossa fidelidade a Deus por meros momentos de
prazer, e assim nos esquecendo de que estamos envolvidos em um grande conflito cósmico.
De que há duas forças trabalhando por nosso coração, e de que os detalhes farão a diferença
em nosso destino eterno, como vimos na história de Daniel e seus amigos.
Ao olharmos para historia dos quatro Hebreus cativos em Babilônia e a maneira com
que cumpriram o proposito de Deus em suas vidas, dando atenção aos detalhes da vida cristã,
ao contrario de Israel, que como nação falhara, por procurar viver para satisfazer seus
próprios desejos. Desta maneira podemos entender o que fez a diferença no destino destes
dois grupos. Assim cabe a cada um escolher de que maneira viverá, e para que viverá? A
quem imitaremos? A qual exemplo seguiremos? A de Daniel e seus amigos que renunciaram
ao apetite e satisfação própria, ou a de seus patrícios que se preocuparam apenas em satisfazer
seus desejos? A escolha é totalmente individual e pessoal, assim também como as
consequências.

Para Reflexão:
“ninguém que professe piedade considere com indiferença a saúde do corpo, e se iluda com o
pensamento de que a intemperança não é pecado e não afetará sua espiritualidade. Existe uma
estreita afinidade entre a faculdade física e moral. O padrão de virtude é elevado ou rebaixado
por meio dos hábitos físicos. O excesso na ingestão do melhor alimento produzirá um estado
mórbido dos sentimentos morais. E, se o alimento não for o mais saudável, os efeitos serão
ainda mais danosos. Qualquer habito que não promova o perfeito funcionamento saudável do
organismo humano degrada as mais elevadas e nobres faculdades. Os maus hábitos no comer
e beber conduzem a erros no pensamento e ação. A condescendência com o apetite fortalece
34

as tendências animais, dando-lhes ascendência sobre as faculdades mental e espiritual.”


E.G.W. Temperança. P. 282

2. JOÃO BATISTA UM REFORMADOR

Introdução
Como sabemos a bíblia é um livro totalmente espiritual, seu único objetivo é revelar a
Deus e seu amor levando assim suas criaturas o adora-lo de maneira correta. O novo
testamento tanto quanto o antigo testamento nos apresentam orientações especificas de como
devemos viver, a fim de honrar a Deus através de nosso estilo de vida. Portanto no novo
testamento, assim como já verificamos no antigo testamento, encontramos orientações
importantíssimas de como desenvolver uma espiritualidade que nos prepare para a grande
crise espiritual que tem se estalado mundo. Dentre estas orientações novamente nos
deparamos com o tema da reforma de saúde, e, é justamente ai que concentraremos nossa
analise.

Na Plenitude dos Tempos.


Nos dias que antecediam a primeira vinda de Jesus, o mundo estava passando por um
momento de grande frieza espiritual e moral. O ser humano havia chegado a um nível tão
baixo que ficava difícil diferenciar um religioso de um incrédulo. E como consequência disto
a religião se tornara mera formalidade, permitindo desta maneira que a corrupção espiritual
em suas diversa faces tomasse a dianteira, mesmo de um povo, que deveria ser o detentor das
verdades sagradas, de um povo que deveria estar preparado para receber o redentor da
humanidade.
Dentre as consequências desta apostasia podia se ver muitos males, mas o que
predominava nestes dias antecedentes a primeira vinda de Jesus era: a idolatria, mesmo nas
diversas formas que hoje conhecemos; adoração a homens, imagens, bens, posição...; a
prostituição e as deturpações sexuais também estavam em alta e fazia parte do culto a diversas
divindades; A inversão de valores era muito evidente, onde o que realmente importava não era
o que as pessoas são, mas sim o que elas têm, sem se falar da grande desvalorização das
famílias, onde até mesmo dentro do Judaismo coisas banais como um simples desagrado do
esposo se tornara motivo “justo” de divorcio, como comenta Michael Horton em seu livro
Alei da Perfeita Liberdade, ao mostrar que uma das escolas dos fariseus chamada de Hillel
35

“ampliava as possibilidades de divorcio para incluir qualquer insatisfação que o marido


pudesse ter com sua esposa”. (p. 156).

A influencia da filosofia Grega tambem havia contaminado o mundo com suas ideias
contrarias aos ensinos bíblicos de tal maneira que até mesmo a doutrina Judaica havia se
contaminado, como podemos observar em Mateus 14, onde os discípulos, estando em um
barco no meio da noite avistam Jesus vindo por sobre as aguas e no verso 26 assustados
gritam receosos de que fosse um fantasma, sendo que na bíblia, que era a base da doutrina
judaica, jamais se encontrou qualquer referencia a fantasma, mas que por outro lado é algo
comum na cultura grega. Outro texto que podemos citar ainda no livro de Mateus é o capitulo
22:23 a 33, onde os saduceus interrogam a Jesus a respeito da ressurreição, visto que estes não
acreditavam na ressurreição, tão claramente revelada na bíblia, mas novamente distorcida pela
filosofia grega. Muitos outros textos poderiam ser utilizados, mas acredito que estes já são
suficientes para ilustrar a contaminação espiritual daqueles dias.
Esta era a triste situação do mundo naqueles dias, e a realidade não era diferente com a
nação que outrora fora separada para iluminar o mundo, apresentando a este a redenção. Neste
momento chamado pelo apostolo Paulo de a Plenitude dos tempos, (Gálatas 4:4) Deus levanta
um homem, um mensageiro com a nobre missão de preparar o caminho do Senhor (Mateus
3:3). João Batista deveria se levantar contra a grande apostasia, e assim levar as pessoas
compreender o importante acontecimento que tomaria lugar dentro de pouco tempo.

João Batista e o Segredo do Sucesso em sua Missão.

O nascimento de João Batista fora anunciado a seu pai Zacarias pelo Anjo do Senhor
(Lucas 1: 11 a 13), seguido por varias orientações de como a criança deveria viver e qual seria
sua missão, como descreve Lucas, “pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho e
nem bebida forte e será cheio do Espirito Santo, já do ventre materno. E converterá muitos
dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. E ira adiante do Senhor no espirito e poder de Elias,
para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes a prudência dos
justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” (Lucas 11:15 a 17.)

Portanto a missão de João batista pode ser dividida em três parte:


36

1) Restaurar as verdades perdidas, pois um povo sem identidade, jamais será um povo
forte e unido, e no que se refere a vida espiritual, somente a estrita obediência aos reclamos
divinos pode nos dar a certeza da graça de Deus. Como vimos anteriormente, a religião estava
contaminada com diversas teorias sem fundamentos bíblicos, e agora, imediatamente antes da
primeira vinda de Jesus, João deveria ao iniciar sua obra restaurar as verdades, esquecidas,
fazendo clara distinção entre o certo e o errado. Condenando assim a postura e os ensinos dos
lideres religiosos da época, que ao invés de buscar a gloria de Deus estavam em busca apenas
de posição e status.

2) Levar o povo a refletir sobre sua real situação, esta deveria ser a segunda parte da
missão de João Batista. O povo estava acostumado com a vida que levavam, com o estilo de
culto que prestavam, e não conseguiam ver nada de errado nisto, mas João deveria desperta-
los, para isto era necessário mais do que palavras, era necessário pregar com sua própria vida,
ou seja viver completamente sua mensagem a fim de levar as pessoas a sentirem uma
necessidade de mudança.

3) Chamar o povo ao arrependimento. Nesta terceira e ultima parte de sua missão,


depois de apresentar uma mensagem pura e divina, e de levar o povo a refletir em sua triste
situação, agora então João deveria chamar o povo ao arrependimento, para que voltassem a
Deus e aceitassem sua mensagem, para que estivessem prontos para receber o messias
prometido que deviria aparecer naqueles dias

Infelizmente o mundo de hoje não é diferente dos dias de João Batista. Crises
semelhante e tão diversificadas como naqueles dias estão tomando conta do cenário mundial.
Também estamos passando por um momento de crise nas igrejas, famílias e sociedade, a
religião parece ter ficado em segundo plano. Assim como João Batista também estamos muito
próximos de um grande acontecimento, a segunda vinda de Jesus.

E assim como Deus levantou João naqueles dias, a fim de prepara um povo, hoje
novamente Deus levanta um povo para que anuncie suas verdades e proclame suas
advertências ao mundo. (Ap. 10:11). Ellen G. White, faz uma comparação interessante entre
João Batista e o povo remanescente ao dizer que “João Batista saiu no espírito e virtude de
Elias, a fim de preparar o caminho do Senhor, e fazer voltar o povo à sabedoria do justo. Era
ele um representante dos que vivem nos últimos dias, a quem Deus tem confiado sagradas
verdades para serem apresentadas perante o povo, a fim de ser preparado o caminho para a
segunda vinda de Cristo.” (Conselho Sobre o Regime Alimentar p. 71).
37

Portanto a mesma responsabilidade que caia sobre João Batista também recai sobre o
povo remanescente. João foi bem sucedido em sua obra, levou muitos ao arrependimento e os
orientou a aceitarem o messias, destes podemos encontrar ate mesmo alguns dos discípulos de
João Batista que passaram a ser discípulos de Jesus. (João 1:35 a 42). Mas quais de fato foram
os segredos do sucesso de João Batista? O que de fato diferenciou João das pessoas de seus
dias? Se temos a mesma missão, então as orientações dadas aos pais de João podem também
nos ser de grande importância.

Em Lucas 1:15 começamos a encontrar algumas respostas. O texto diz: “pois ele será
grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte…”, note que aqui encontramos
uma referencia ao estilo de vida que João deveria viver, ao se referir a vinho e bebidas fortes,
os judeus tinham em mente coisas que eram prejudiciais a sua vida, e portanto coisa que
deveria ser desprezadas. Portanto João deveria desprezar qualquer coisa que fosse prejudicial
a sua saúde. Ellen G. White ao se referir a este assunto diz que “João era um reformador. O
anjo Gabriel, vindo do Céu, deu instruções sobre reforma de saúde aos pais de João. Disse que
ele não devia beber vinho nem bebida forte, e que seria cheio do Espírito Santo desde o seu
nascimento.” Conselho Sobre o Regime Alimentar p. 71
Repare que depois destas orientações de saúde é que o texto sagrado traz a sentença de
que ele seria cheio do Espirito Santo. Pelo que da pra notar a reforma de saúde teve um papel
muito importante na vida e no ministério de João Batista. João, ao renunciar o conforto que o
mundo podia lhe oferecer, visto que ele era o único herdeiro de uma família bem estabilizada
financeiramente, e se retirar ao deserto, parece que João estava atendendo orientações
especificas, para que sua mente não fosse afetada e nem contaminada pelas mentiras e
guloseimas que fazia parte da nação. Ellen G. White descreve este importante ponto da
seguinte maneira:

“Nesta época, pouco antes da segunda vinda de Cristo nas nuvens do céu, deve ser efetuada
uma obra como a de João [Batista]. Deus chama homens que preparem um povo para
permanecer em pé no grande dia do Senhor.... Para transmitir tal mensagem como a
de João precisamos ter uma experiência espiritual como a sua. A mesma obra precisa ser
efetuada em nós. Temos de contemplar a Deus, e, contemplando-O, perder de vista o próprio
eu.” Testemunhos, vol. 8, págs. 332 e 333.

Fica evidente, que um dos segredos da vitória de João Batista foi sua obediência as
orientações de saúde dadas por Deus, e esta orientações também farão uma grande diferença
38

em nossa vida, se a obedecermos completamente, pois “A hora do juízo é chegada, e sobre os


membros de sua igreja na terra repousa a solene responsabilidade de advertir aos que estão
mesmo às bordas, por assim dizer, da eterna ruína”. White, Profetas e Reis. P. 716.
Assim como João Batista somos os últimos mensageiros antes de Jesus voltar a esta
terra. Para cumprir nossa missão precisamos renunciar o mundo e tudo o que ele oferece.
Como João precisamos pregar, “quer a tempo ou fora de tempo”, come descreve Ellen G.
White.

“Os que devem preparar o caminho para a segunda vinda de Cristo são representados pelo fiel Elias,
assim como João Batista veio no espirito de Elias para preparar o caminho para o primeiro advento de
Cristo... O grande assunto da reforma de saúde deve ser agitado, e a mente do público deve ser
estimulada. Temperança em todas as coisas deve estar associada com a mensagem, a fim de fazer
voltar o povo de Deus de sua idolatria, glutonaria e extravagancia no vestir e em outras coisas.”
Conselho sobre o Regime Alimentar. p. 71.

E justamente para este tempo, para esta missão que fomos chamados, não temos tempo
a perder, precisamos de uma reforma em nossa vida, precisamos ser ousados como João
Batista, e vivermos completamente para Deus, pois nada que esteja contaminado, poderá
subsistir perante Deus.
39

3. SAÚDE E ESPIRITUALIDADE NO NOVO TESTAMENTO

No antigo testamento encontramos o inicio e o desenrolar do grande conflito entre o


bem e o mal. É interessante notar que este conflito sempre gira em torno da adoração.
Adoração mais do que um ato comunitário é algo totalmente individual, pois neste ponto o
grande conflito sai do âmbito global e se desenvolve totalmente na mente de cada ser humano,
e, é justamente por este motivo que tudo o que fazemos, vemos, comemos interfere
diretamente para o bem ou para o mal nesta grande batalha.
A fim de ensinar a humanidade a O adorar de forma correta, Deus chama Abraão e
sua descendência, o povo de Israel, para ser Seu representante na terra. E assim Deus
estabelece um sistema especial de culto, onde a grande marca deveria ser uma adoração
submissa a vontade divina e não baseada no desejo humano como acontecia nos sistema de
cultos pagão daqueles dias. A aliança que Deus havia estabelecido com Israel, estabelecia um
relacionamento, onde o próprio Deus criador habitaria no meio deles, em um santuário.
A adoração do povo de Israel deveria acontecer através de ofertas que eram levadas
até seu templo, estas ofertas deveriam ser perfeitas, sem mancha e sem macula e de acordo
com as orientações divina. (Levíticos 1:1 a 7:38 O santuário onde o povo levava suas ofertas
de sacrifícios era justamente onde estava a presença do Deus vivo (Êxodo 25:8), Deus
habitava naquele lugar e por este motivo nada que estivesse impuro ou pudesse contaminar
deveria entrar ali. Assim no antigo testamento, Deus estabeleceu regras claras de santidade e
pureza para que então Seu nome fosse honrado por seu povo e sua presença continua em seu
meio.
O Novo Testamento também traz orientações claras sobre a adoração a Deus.
Diferentemente do Antigo Testamento, agora não devemos mais oferecer animais em
sacrifício, pois Jesus Cristo Nosso Senhor já foi oferecido como sacrifício perfeita (Hebreus
9:28). A teologia do novo testamento nos leva a uma visão mais individual e pessoal com
Deus, onde encontramos referencias diretas, não mais a um santuário comunitário, mas sim
pessoal, quando encontramos o apostolo Paulo a descreve o nosso corpo como santuário do
Espírito Santo de Deus I Cor. 6:19 e 20, e ainda acrescenta que “Ele habita em nós”.
Portanto este é o motivo pelo qual a bíblia nos orienta a “fugir das impurezas” (II
Cor.6:18) pois, esta nos impedem de elevar a Ele um louvor puro e verdadeiro, e então nos
aconselha a cuidar do nosso corpo para podermos apresentar a Deus um sacrifício puro e
perfeito, como comenta o apostolo Paulo em sua carta aos Romanos 12: 1e 2: “Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo,
40

santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século,
mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimente qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.”
Era desígnio de Deus habitar em cada um de nós para que assim fossemos seu povo e
Ele fosse o nosso Deus (II Cor. 6:16), que nossas mentes fossem puras e que nossas vidas
fossem um louvor ao seu nome. Ao se referir ao corpo humano como santuário de Deus e
orientar para que este esteja puro Paulo tinha em mente entre outras coisa, o estilo de vida de
cada adorador, veja que em I Coríntios 10:31 Paulo faz a seguinte exortação: “quer comais,
quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para gloria de Deus.” Aqui fica claro a
preocupação de Paulo com atitudes que interferissem na adoração correta a Deus, visto que
uma alimentação incorreta ou impura afetaria diretamente a adoração a Deus, e assim Deus
não poderia ser honrado, como descreve Ellen G. White; “Nenhum cristão ingere comida ou
bebida que lhe embote os sentidos, ou que atue de tal maneira sobre o sistema nervoso que o
faça desagradar-se, ou o inabilite para a utilidade. O templo de Deus não deve absolutamente
ser contaminado. As faculdades da mente e do corpo devem ser conservadas em saúde, de
modo a serem empregadas para a gloria de Deus.”(Temperança p. 18).
Esta questão fica ainda mais claro quando em I Coríntios 3:16 e 17 Paulo faz a
seguinte pergunta: “não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espirito de Deus habita em
vós?” e complementa dizendo no verso 17 que “se alguém destruir o santuário de Deus, Deus
o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós é sagrado.” É impossível não fazer uma
seria reflexão sobre esse texto, somos sagrado, pertencemos a Deus, ao lembrarmos da
santidade que envolvia o santuário de Deus no antigo testamento, e vermos todo cuidado que
havia a fim de que nada impuro entrasse ali, e como Nadabe e Abiú, ao desrespeitar esta
ordem foram fulminada no mesmo instante, (Levíticos 10), devemos levar muito a seria a
advertência de Paulo de o que destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá.
O problema consiste justamente no fato de que quando o homem se contamina com
alimentos danosos ou combinações erradas de alimentos o que é afetado é justamente sua
mente e segunda Ellen G. White, é justamente através da mente que Deus se comunica com o
homem, como ela descreve: “Os nervos celebrais que se comunicam com todo o organismo,
são o único meio pelo qual o Céu pode comunicar-se com os homens e afetar-lhes a vida no
recôndito.” (Temperança p. 13). E ela ainda acrescenta que “intemperança de qualquer
espécie embota os órgãos perceptivos, enfraquecendo tanto as energias cerebrais, que as
coisas eternas não são apreciadas, mas consideradas como comum.” (Temperança p. 12)
41

E como consequência desta terrível transgressão nos deparamos com a terrível


realidade em que tem vivido o homem do século XXI, que não tem tempo para Deus e para as
coisas de Deus, deixado que seus desejos o domine, que o vício e a satisfação própria tome
conta de suas vidas e seja seu deus, como resultado desse descaso para com o Criador, os
homens tem se afundado cada vez mais no pecado e na miséria.
A reverência e o respeito parecem não mais fazer parte de nossos dicionários, o
noticiário todos os dias apresenta um quadro horrível, de mortes no atacado, onde os
criminosos não respeitam crianças e nem idosos, a insegurança tanto dentro como fora das
residências tem deixado em pânico toda a sociedade, filhos que matam seus pais por dinheiro
e até mesmo por “liberdade” dizem eles, pais que abandonam seus filhos para “aproveitar a
vida”, e pessoas que fazem o que for preciso (até mesmo matar outros) para alcançar seus
objetivos egoístas. Mesmo nas igrejas a irreverência parece tomar conta de tudo, o senso da
presença de Deus parece ter desaparecido, pois tem se tornado comum brincadeiras, piadas e
até mesmo brigas em locais sagrados onde outrora nem mesmo conversas se ouviam. O
comercialismo da religião tem desviado o foco da verdadeira adoração levando muitos a se
sentirem no direito de mandar na igreja, na religião e até mesmo em Deus, pois desejam que
suas vontades sejam realizadas, que seus gostos sejam satisfeito, e assim trazendo grande
descredito a palavra de Deus. O apóstolo Paulo se referindo ao homem dos últimos dias em
sua segunda epístola a Timóteo 3: 1-4 já mencionava esta triste realidade dizendo: “Sabe,
porém, isto; que, nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis; Pois os homens serão egoístas,
avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos,
irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos de
Deus”.
Poderíamos até mesmo inverter a ordem do verso e começar com a última frase que
diz “inimigos de Deus”0 pois este parece ser o principio básico da situação humana em nossos
dias, já que mesmo entre aqueles que professam serem cristãos podemos contemplar muitas
das características descritas por Paulo no verso acima, Ellen G. White ainda enfatiza que “é a
violação das leis de Deus e a transgressão das leis de Saúde, que tem produzido essa triste
degenerescência.” (Temperança p. 17).
Só há uma esperança para os habitantes deste mundo; voltar-se completamente a Deus,
mudando seu estilo de vida e permitindo que Deus o purifique, pois como cita Ellen G. White
“Ninguém que professa piedade considere com indiferença a saúde do corpo, e se lisonjeie de
que a intemperança não seja pecado, e não lhe afeta a espiritualidade.” (Temperança p. 17 e
0
Ênfase acrescentada.
42

18). A importância desta mensagem de saúde é tão grande que como podemos ver, ela está
implícita em toda a teologia do novo testamento, e não era por menos, pois a bíblia toda fala
sobre adoração, e este assunto faz parte da verdadeira e pura adoração a Deus, portanto vale a
pena concluir com mais um texto inspirado. “Não nos achegaremos ao Senhor para que Ele
nos possa salvar de toda intemperança no comer e beber, de toda paixão profana,
concupiscente, toda impiedade? Não nos humilharemos perante Deus, afastando de nós tudo
quanto corrompe a carne e o espirito, para que em Seu temor, aperfeiçoemos a santidade do
caráter?” Ellen G. White, Temperança p. 22.

4. A REFORMA DE SAÚDE E O CRESCIMENTO ESPIRITUAL


43

Algumas perguntas tem se tornado muito comum entre os Adventistas do Sétimo Dia,
entre elas podemos destacar as seguintes; qual é realmente a importância da reforma de saúde
na vida espiritual do cristão? Se a reforma de saúde exerce realmente uma grande influencia
na espiritualidade, porque então encontramos muitas vezes pessoas que se dizem
vegetarianos0 e pregam sobre a reforma de saúde, mas na verdade são muito mais
problemáticas do que as outras? Outra indagação comum é sobre pessoas que são
vegetarianas, mas nem fazem parte da igreja, pelo contrário muitos deles nem professam
religião alguma, então muitos indagam o porquê estes não são fieis defensores da verdade, já
que são vegetarianos?
Neste capitulo procuraremos responder estas e outras perguntas com o objetivo
contribuir para uma melhor compreensão sobre o assunto da reforma de saúde. Para uma
melhor explicação do assunto esta seção está dividida em três partes sendo que na primeira
analisaremos qual é a posição oficial da IASD para com a reforma de saúde, o contexto em
que a igreja estava vivendo por ocasião do recebimento desta mensagem, e qual a influência
desta na vida de seus pioneiros0. Na segunda parte procuraremos definir quais são as relações
da mensagem de saúde com a mensagem do terceiro anjo. 0 Na terceira e ultima parte
estaremos averiguando as conseqüências da condescendência para com o apetite na vida do
cristão.

A IASD E A REFORMA DE SAÚDE

Os princípios da reforma de saúde têm acompanhado a igreja adventista do 7° Dia


desde quando esta ainda era um “embrião”, e apesar da igreja adotar a reforma de saúde
oficialmente como um principio somente depois de sua oficialização como igreja no ano de
18630, quando Ellen G. White recebeu uma mensagem divina confirmando estes princípios 0,
0
Tem se criado vários estereótipos entre algumas pessoas em relação a palavra vegetariano. Entre elas podemos
citar pelo menos duas; ser vegetariano é sinônimo de santidade, dizem alguns, e até fazem disto uma prova. Para
outros ainda, ser vegetariano significa apenas não comer carne, e desta maneira muitos conceitos errados tem
trazido sérias dificuldades na proclamação da mensagem de saúde.
0
Vale ressaltar que o autor tem como objetivo delimitar a analise somente entre o período de 1844 a 1866,
quando a igreja fundou seu primeiro instituto de reforma de saúde, não avançando aos demais pioneiros que
vieram depois desta data, já que o objetivo se resumo ao período em que a mensagem foi recebida pela igreja.
0
O autor está se referindo ao terceiro anjo das três mensagens angélicas descritas em Apocalipse 14: 6-12.
0
“A IASD foi organizada na quinta-feira, 21 de maio de 1863.” MAXWELL, C. Mervyn. História do
Adventismo. Tradutor Azenilto G. Brito. Santo André – SP. Casa Publicadora Brasileira. 1982. p. 217.
0
A luz sobre as leis de saúde de saúde veio numa visão quinze dias depois da organização da igreja, na noite de
sexta-feira do dia 5 de junho, na pequena casa de fazenda do irmão A. Hilliard, cerca de quinze quilômetros de
Battle Creek. Extraído de: MAXWELL, C. Mervyn. História do Adventismo. Tradutor Azenilto G. Brito. Santo
André – SP. Casa Publicadora Brasileira. 1982. p. 217.
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esta já se mostrava de muitíssima importância. Durante toda a história da IASD podemos ver
a grande importância da mensagem de saúde, tanto abrindo portas e quebrando preconceitos,
como, contribuindo para uma melhor qualidade de vida daqueles que a tem adotado, como
citou White mais tarde ao afirmar que a reforma de saúde “é o meio pelo qual o Senhor alivia
os sofrimentos no mundo e purifica seu povo.”0
Jose Bates, um dos pioneiros da igreja adventista, é o principal personagem da reforma
de saúde nos primórdios da IASD. Mesmo antes de a igreja tomar qualquer posição com
relação a este assunto, Bates já estava empenhado em promover a saúde. Nix em seu artigo
para a revista adventista0 descreve que mesmo antes de sua conversão 0, ele havia sido
totalmente abstinente de bebida alcoólica e, mais tarde deixou de fumar e de mascar tabaco.
Ele também relata que por volta de 1838, Bates já tinha abandonado o consumo de chá e
café,0 e que apenas pouco tempo depois de sua conversão também abandonou todo tipo de
alimento cárneo0, alem de se abster das ricas sobremesas, manteiga, queijo e pimenta. Nix faz
questão de deixar claro que “mais de vinte anos antes de ser organizada a Igreja Adventista,
Bates já havia adotado princípios de vida saudável”, mas como descreve Knight ele nunca
considerou a reforma de saúde como sendo da mesma importância de assuntos como o sábado
do sétimo dia, o ministério celestial de Cristo ou a tríplice mensagem angélica 0. Como
podemos observar através de Bates no inicio e mais tarde com as visões da senhora White a
Igreja Adventista e a reforma de saúde sempre andaram juntas. Foram muitas as contribuições
que a mensagem de saúde trouxe para a visão adventista do grande conflito em que vivemos,
e este será o tema que analisaremos a seguir.
O contexto em que vivia a igreja por ocasião do recebimento da mensagem de saúde

A primeira mensagem sobre a reforma de saúde aconteceu no ano de 1848 quando


Ellen G. White teve uma visão onde foram mostrados os maléficos efeitos do fumo, do chá e

0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 38.
0
James R. Nix, Revista Adventista. Novembro de 2005 – Artigo, “José Bates um adventista pioneiro”.
0
Era o ano de 1824 com a idade 32 anos como sugere Douglass. Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor.
Tradução José Barbosa da Silva. Tatuí-SP. Casa Publicadora Brasileira.2001. p. 280.
0
Nota-se que nesta época ainda não existia o movimento adventista e nem mesmo Ellen G. White havia recebido
ainda o dom profético, portanto podemos concluir que mesmo antes do surgimento da IASD a luz da mensagem
de saúde já havia começado a brilhar, a que ao contrario do que muitos falam não foi Ellen G. White que a
instituiu, já que antes dela já podemos observar Bates aderindo-a. Vale ressaltar que o papel de Ellen White em
relação a reforma de saúde, assim como aconteceu com as demais doutrinas, foi de confirmação e ampliação,
através da revelação divina.
0
Segundo Douglass isto ocorreu por volta de 1843. Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 280.
0
Knight George R. Uma igreja mundial. Breve história dos Adventistas do Sétimo Dia. Tradução José Barbosa
da Silva. Tatuí – SP. Casa Publicadora Brasileira. 2000. P. 69.
45

do café0, mas a visão se limitou a estes itens apenas, de maneira que não ouve por parte dos
White uma ênfase nos outros temas da reforma de saúde, mas pelo contrário alguns anos
depois, por volta de 1858, a irmão White mandou uma carta advertindo S. N. Haskell por
estar contendendo com os irmão sobre a proibição de se comer a carne de porco 0, pois este
estava fazendo da abstinência de carne de porco um teste para outros. 0 È importante deixar
claro que naquela época os adventistas ainda comiam todo tipo de carne, incluindo a de porco,
visto que ainda não se tinha luz sobre o assunto.
Foi somente na visão de 5 0de junho 1863 que a senhora White recebeu orientações
sobre Levítico 11, e apartir de então foi abandonado o uso desta carne. Mas a visão de 1863
foi muito mais ampla do que simplesmente o assunto da carne de porco, ela apontava a
importância do cuidado do corpo como um todo e mostrava ser um dever sagrado o cuidado
com a saúde como cita o Dr. Tim, “Aquela visão enfatizava que é ‘um sagrado dever cuidar
de nossa saúde’ e falar ‘contra a intemperança de toda a espécie – intemperança no trabalho,
na comida, na bebida e no consumo de medicamentos’. Muito foi dito sobre a necessidade de
encorajar-se ‘uma mente alegre, esperançosa e calma’ a fim de fortalecer a saúde. Referencias
foram também feitas à ‘água pura’ como o ‘grande remédio de Deus”.0
Apartir de então a jovem igreja adventista do sétimo dia passou a olhar de forma
diferente para questão da saúde do corpo. Esta visão da senhora White ia de encontro com
tudo o que eles acreditavam até então 0, pois não podiam ver qualquer relação entre a saúde
física e a saúde espiritual. Até esta visão da irmã White era comum as pessoas comerem
0
Reviw and Herold, 8 de novembro de 1870. Apud, Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. Tradução José
Barbosa da Silva. Tatuí-SP. Casa Publicadora Brasileira.2001. p. 280.
0
O casal Haskell estava criando contenda com os irmãos sobre a proibição da carne de porco, e este polemica
estava prejudicando o avanço da obra, talvez seja este o principal motivo que levou a irmão White a mandar uma
carta repreendendo a atitude deste casal. Vale lembrar também, que nesta época ainda não havia luz sobre a
relação entre alimento e espiritualidade. A carta da irmã White dizia o seguinte: “Vi que suas idéias sobre a
carne de porco não seriam prejudiciais se vocês as retivessem para si mesmos, mas, em seu julgamento e
opinião, os irmãos têm feito desta questão uma prova, e seus atos tem demonstrado o que vocês crêem sobre isso
[...] Se for dever da igreja abster-se da carne de porco, Deus o revelará a mais de duas ou três pessoas. Ele
ensinará a sua igreja o dever dela. [...] Vi que os anjos de Deus não levariam seu povo mais depressa do que
pudesse compreender e agir segundo as importantes verdades que lhes são comunicada.” White, Ellen G.
Testemunhos para igreja. Tradução A. G. Brito. Tatui-SP. 2002. p.206.
0
TIM, Alberto R. História da igreja adventista do sétimo dia. 4. ed. Engenheiro Coelho-SP Seminário
Adventista Latino Americano de Teologia. 2003. p. 33.
0
Maxwell (1982, p. 217) e Knight (2000, p. 68) colocam esta visão no dia 5 de Junho como já vimos, mas
Douglass (2001, p. 281) a descreve como sendo no dia 6 de junho. Por se trata de um material mais antigo, e a
maioria dos historiadores da igreja apoiá-la vamos considerar a data de 5 de junho de 1863, como descreve
Maxwell e Knight.
0
TIM. História da igreja adventista do sétimo dia. 2003. p. 33
0
Os lideres da igreja daquela época, com poucas exceções não acreditavam que o assunto relacionado a saúde
tivesse qualquer importância para a vida espiritual, tanto é que no caso dos Haskell, o Pastor Tiago White (que
não era contra a abstinência da carne de porco) considera o assunto da alimentação como de pouca importância e
até a acusa de ser algo que estava desviando a mente dos irmão da obra de Deus. Citado em: Douglass E. Hebert.
Mensageira do Senhor. 2001. p. 281.
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qualquer coisa que estivesse a disposição, não havia nenhum tipo de preocupação com os
horários das refeições ou com qualquer outro tipo de cuidado com a saúde do corpo como cita
Maxwell, “A maioria das pessoas comia e bebia o que estivesse disponível e lhes apelasse ao
apetite, freqüentemente em altas quantidades, fortemente temperados, e a qualquer hora do dia
ou da noite. Não viam qualquer relação entre seu regime alimentar e as enfermidades.
Mantinham as janelas fechadas por temor de contraírem resfriado. [...] raramente se
banhavam. Trabalhavam em demasia ou faziam pouco exercício segundo a disposição ou
necessidade os dominasse. Quase ninguém percebia que seu modo de vida era um caminho
para a morte.”0
As conseqüências de tal estilo de vida não podiam ser diferentes, “os primeiros
adventistas padeciam de doenças físicas tanto quanto os seus contemporâneos” como cita
Douglass. Ele ainda acrescenta que muitos deles temiam a “prática médica predominante”, e
esperavam encontrar a cura através da oração sem se preocupar com o estilo de vida. 0 E assim
muitos fieis adventistas que foram importantíssimos nos primórdios da obra morreram de
forma prematura por falta de uma melhor compreensão dos princípios de saúde. Também é
importante ressaltar que não era tão fácil para aqueles homens e mulheres compreenderem de
uma só vez tantas verdades que os estava sendo revelado, daí o motivo de a mensagem de
saúde não ter sido mais ampla antes de 1863, visto que primeiro os adventistas precisavam ter
uma maior unidade0 para então prosseguirem no processo de crescimento.

A relevância da mensagem de saúde nos primórdios da IASD

Como já vimos, nos primórdios da Igreja Adventista do Sétimo Dia, um dos maiores
inimigos enfrentado pelos pioneiros eram as doenças, e que muitos deles que poderiam ter
contribuído de maneira considerável para o avanço da obra morreram de forma prematura 0
por doenças que poderiam ser facilmente curadas ou até mesmo evitadas. Daí se da a grande
importância da mensagem de saúde recebida em 1863, que chamaria a atenção da igreja para
0
MAXWELL. História do Adventismo. 1982. p. 217.
0
Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 279.
0
O autor se refere a unidade organizacional e estrutural. Ver Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001.
p. 281.
0
Poderíamos citar aqui vários nomes, mas vamos nos deter a Tiago White e João Nevins Andrews. Tiago White,
esposo de Ellen White, que morreu de forma prematura apresentando sintomas de esgotamento e cansaço.
Faleceu na tarde de sexta-feira, dia 6 de agosto de 1881, com a idade de 60 anos. Já Andrews um dos mais
preeminente teólogo da igreja adventista, tinha uma capacidade excepcional, mas aos vinte e seis anos já se
encontrava esgotado fisicamente e se não fosse a mensagem de saúde a qual ele abraçara de imediato, talvez não
tivesse nem chegado aos 54 anos, idade com que morreu. OLIVEIRA Lygia. Na trilha dos pioneiros. Casa
Publicadora Brasileira. Tatuí – SP. 1990. p. 89,90, 126-163.
47

o cuidado da saúde e a temperança em todas as coisas. Uma nova visão sobre a vida espiritual
estava se desenvolvendo, sem duvida nenhuma Deus estava guiando sua igreja. Agora muitos
passaram a ter uma melhor saúde, alguns que já estavam quase mortos recuperaram o vigor e
ainda outros que não conseguiam curar suas enfermidades imediatamente passaram a
desfrutavam de grande saúde0. Uma mudança total do quadro que se avistara pouco antes.
É bem verdade que naqueles dias já existiam alguns movimentos de temperança que
procuravam promover a saúde, não de forma ampla como a igreja adventista apartir da visão
de 1863, mas que de certa forma trouxera uma grande contribuição, para que o interesse em
uma vida mais equilibrada fosse despertado na mente do povo. Outro ponto importante e que
também diferenciava a ênfase adventista na reforma de saúde dos demais movimentos é que
estes outros movimentos ao contrario dos adventistas não viam nenhuma relação entre a
reforma de saúde e a vida espiritual, isto se deve justamente porque na compreensão destes
movimentos o ser humano é um ser divisível, ao contrario do que crêem os adventistas, que
“os seres humanos foram criados como um todo indivisível no qual componentes como o
corpo físico, mente, alma, espírito, emoções e vontade interagem, influenciando-se uns aos
outros"0, e que por isso a vida espiritual depende tanto da saúde física como da emocional.
Foi justamente esta nova visão sobre o ser humano como um todo e a influencia das
outras áreas da vida na vida espiritual que tem contribuído para que a igreja adventista do
sétimo dia cresça sempre se preocupando com o bem estar das pessoas. Assim a visão ampla
do da reforma de saúde no grande conflito em que vivemos foi fundamental para que a igreja
adventista se tornasse hoje uma igreja mundial, empenhada em cumprir a grande comissão
que nos foi dada por Jesus0, e preocupada com o bem estar tanto físico como espiritual da
sociedade, o que tem feito com que portas se abram mesmo em lugares totalmente fechado ao
evangelho. Também não poderíamos deixar de mencionar que este novo estilo de vida tem
sido fundamente para que a igreja como um todo consiga compreender de forma clara seu
papel como representante de Deus e detentora de Suas verdades.

0
Para se ter mais detalhes sobre Douglass E. Hebert. Mensageira do Senhor. 2001. p. 301.
0
Ibid. p. 259. Apud. WHITE, Ellen G. Mente caráter e Personalidade. Vol. 2. 1990. p. 373-412.
0
Mateus 28:19 e 20 diz o seguinte: Ide, portanto, fazei discípulo de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ensinado. E esi que
estou convosco todos até a consumação do século.
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5. A REFORMA DE SAÚDE E A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO

Estamos vivendo exatamente nos dias do terceiro anjo de Apocalipse 0, sua mensagem
é singular, pois chama os habitantes deste mundo a abandonar o pecado e confiar em Jesus
como o único salvador, sua mensagem ainda nos mostra que a salvação é de graça e que
sendo assim tanto ricos como pobres podem ter acesso a ela. Que mensagem maravilhosa, não
importa quem você é, não importa onde você nasceu, não importa o que você tem, a salvação

0
Para mais detalhes ver apocalipse 14.
49

está a sua disposição, basta entregar sua vida a Jesus, basta crer no sacrifício que Ele fez por
você na cruz do calvário.
Infelizmente estas grandes verdades têm sido pisadas e rejeitadas. Vivemos em um
mundo acostumado a pagar por tudo e a desconfiar de tudo que é de graça, e, é exatamente ai
que se encontra a maior dificuldade, muitas pessoas não conseguem compreender o amor de
Deus como ele realmente é, no próprio cristianismo encontramos igrejas que vendem a
salvação, ou as troca por bens materiais trazendo descrédito a palavra de Deus. A cada dia
surge uma nova igreja, com novas doutrinas, um novo estilo, e tudo isto tem dificultado ainda
mais a compreensão da verdade por parte povo em geral.
A mensagem do terceiro anjo é a verdade presente, precisamos compreendê-la
completamente, para então desfrutarmos das bênçãos de Deus e então vivermos com
segurança. Mas talvez neste momento possa surgir a pergunta: o que a reforma de saúde tem a
ver com a mensagem do terceiro anjo? Apartir de agora vamos fazer uma análise nos escritos
de Ellen G. White, procurando encontrar esta resposta.
Já vimos anteriormente que a reforma de saúde nos foi revelada logo após nossa
organização como instituição0, e que depois dela houve uma “injeção” de animo naqueles que
outrora sem saúde estavam desanimados e até mesmo fracos na fé. Isto não aconteceu por
acaso, pois o papel da reforma de saúde é exatamente o de ajudar os membros da igreja a ter
uma clara compreensão da verdade presente, e desta forma ela se torna importantíssima no
preparo para o encontro com Nosso Senhor. White ao se referir a sua visão do dia 10 de
Dezembro de 1871, faz a seguinte declaração; “foi-me mostrado novamente que a reforma de
saúde é um ramo da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor” ela
ainda acrescenta que a reforma de saúde “se acha tão ligada a terceira mensagem angélica,
‘assim’ como as mãos o esta ao corpo”. 0 Desta forma ela começa a traçar de maneira
interessante a importância da reforma de saúde na preparação para o grande dia da volta de
Jesus a esta terra.
White ainda se referindo ao papel da reforma de saúde nos diz que “Deus permitiu que
brilhasse sobre nós a luz da reforma de saúde, para que vejamos nosso pecado em violar as
leis por Ele estabelecidas em nosso ser” 0, ela ainda aponta que tanto o bem estar como o
sofrimento estão diretamente ligado a nossa obediência ou transgressão no respeito a lei
natural. O que deixa claro que um dos principais motivos da “mornidão espiritual” 0 em que
0
Ou seja no ano de 1863.
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 69.
0
Ibid.
0
O deixar de seguir saudáveis princípios tem maculado a história do povo de Deus. Tem havido constante
afastamento da reforma de saúde, e como resultado Deus é desonrado por grande falta de espiritualidade. Ibid. p.
50

vivemos hoje, se dá ao fato de que ao transgredirmos as leis de saúde, por ignorância ou não,
nosso corpo tem sofrido com toda sorte de doenças que como conseqüência tem atingido
nossa mente, que é o único meio de comunicação que temos com Deus, e assim a verdade tem
ficado obscura, a vontade própria tem se enfraquecido e o ser humano tem se “afundado” cada
vez mais no pecado e no crime.
Como já vimos anteriormente, a influência do nosso estilo de vida, e principalmente a
nossa alimentação trazem sérias conseqüências a nossa vida, e neste momento tão sublime em
que Deus chama seu povo a se separar do mundo e se santificar para a proclamação final do
evangelho eterno, devemos “tornar patente a lei natural e insistir em que se lhe obedeça”,
White ainda acrescenta que esta é “a obra que acompanha a terceira mensagem angélica, a fim
de preparar um povo para a vinda do Senhor. 0 Ela ainda acrescenta que para nós na situação
em que vivemos nos é impossível discernir a verdade e que este foi o motivo pelo qual Deus
nos deu a reforma de saúde: “É Seu desígnio que o grande assunto da reforma de saúde seja
agitado, e a mente do público profundamente estimulada a pesquisar; pois é impossível a
homens e mulheres, com todos os seus hábitos pecaminosos, destruidores da saúde e
enervadores do cérebro, discernir a sagrada verdade, pela qual são santificados, refinados,
elevados e tornados aptos para a associação com os anjos celestiais no reino da glória. ... Se
o homem abraçar a luz que em misericórdia Deus lhe dá com respeito à reforma de saúde, ele
pode ser santificado pela verdade,0 e habilitado para a imortalidade. Mas se despreza essa luz
e vive em violação à lei natural, terá de pagar a penalidade.”0
Desta maneira fica claro a importância da reforma de saúde nestes últimos dias em que
vivemos. A bíblia descreve vários exemplos de como Deus ao longo da história tem usado o
regime alimentar como um meio eficaz para purificar e santificar seu povo, podemos citar
novamente a experiência de Israel no deserto por ocasião de sua saída do Egito 0, ou ainda o
profeta Daniel cujo comentário White diz que “a clareza de mente e firmeza de propósito, [...]
sua força de intelecto na aquisição de conhecimento, deveram-se em grande parte à
simplicidade de seu regime alimentar, associado a sua vida de oração.” 0 Também podemos
citar a João Batista a quem White se refere dizendo que “ele era um reformador” e que “o

33.
0
Ibid.
0
Note que o que santifica não é a reforma de saúde, mas sim a verdade que fica mais nítida na mente do ser
humano quando este passa a viver a reforma de saúde, pois como já comentamos e através da mente que o
Espírito santo se comunica com o homem, e, é justamente a mente a maior prejudicada pela condescendência
para com o apetite.
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 60.
0
Para mais detalhes sobre este assunto leia novamente o capitulo 2. 4.
0
Ibid. p. 82.
51

anjo Gabriel, vindo do céu, deu instruções sobre a reforma de saúde aos seus pais” 0, e que
isto foi importantíssimo no cumprimento de sua missão, acrescentando que seu regime
alimentar era completamente vegetariano e conclui dizendo que; “Os que devem preparar o
caminho para a segunda vinda de Cristo são representados pelo fiel Elias, assim como João
veio no espírito de Elias para preparar o caminho para o primeiro advento de Cristo[...] O
grande assunto da reforma deve ser agitado, e a mente do público deve ser estimulada.
Temperança em todas as coisas deve estar associada com a mensagem, a fim de fazer voltar o
povo de Deus de sua idolatria, glutonaria e extravagância no vestir e em outras coisas.” 0
É extremamente interessante a ênfase que White faz constantemente sobre a ligação
existente entre a mensagem do terceiro anjo e a reforma de saúde, e para ilustrar esta verdade
mostra que a “reforma de saúde está intimamente ligada a mensagem do terceiro anjo assim
como o braço e a mão está em relação ao corpo” 0 ela ainda acrescenta que se separarmos do
“evangelho a obra médico missionária, esta ficará ‘completamente’ mutilada” 0, ou seja o meio
que Deus nos deu para recuperarmos a saúde e alcançarmos uma melhor compreensão da
verdade é justamente a reforma de saúde, e ao contrário do que muitos pensam a reforma de
saúde esta no evangelho, como acrescenta White dizendo; “e o evangelho inclui a reforma de
saúde em todas as suas partes” ela também acrescenta que; “A reforma de saúde deve
salientar-se mais preeminentemente na proclamação da mensagem do terceiro anjo. Os
princípios da reforma de saúde encontram-se na Palavra de Deus. O evangelho da saúde deve
estar firmemente associado com o ministério da Palavra. É desígnio do Senhor que a
influência restauradora da reforma de saúde seja uma parte do último grande esforço para
proclamar a mensagem evangélica.´0
Mas White também faz algumas advertências sobre o extremo na ênfase da reforma de
saúde dizendo que “a presença dos princípios de saúde deve estar unida a esta mensagem 0,
mas não deve de maneira nenhuma ficar independente dela, ou tomar de alguma forma o seu
lugar.”0 Daí o porque não basta viver ser vegetariano, pois o realmente faz a diferença é a

0
White ainda acrescenta o seguinte: “João separou-se dos amigos e ostentações da vida. A simplicidade de seu
vestuário, feito de pêlos de camelo, era uma permanente reprovação à extravagância e exibição dos sacerdotes
judeus, bem como do povo em geral. Seu regime, puramente vegetariano, composto de alfarrobas e mel silvestre,
era uma reprovação à condescendência para com o apetite e a glutonaria predominante em toda parte. O profeta
Malaquias declara: "Eis que Eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; e
converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração do filhos a seus pais." Mal. 4:5 e 6. Aqui o profeta descreve
o caráter da obra.”. White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 71.
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 71.
0
Ibid. p. 71 e 74
0
Ibid. p. 75
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 75.
0
A mensagem do terceiro anjo.
0
Ibid.
52

vida de comunhão verdadeira com Deus. Ela ainda acrescenta que “embora a reforma de
saúde não seja a terceira mensagem angélica, está com ela intimamente relacionada.” 0 Talvez
seja justamente neste ponto que em muitos casos temos falhado, é difícil se chegar a um
equilíbrio e sempre somos tentados a ir para o extremo, seja ao fanatismo ou para o
liberalismo. Seja como for a grande verdade é que a reforma de saúde é um instrumento e não
o foco, e assim como cita White o “grande objetivo da reforma de saúde é garantir o
desenvolvimento mais elevado possível da mente, da alma e do corpo”, pra que desta maneira
Deus seja glorificado em nossa vida. Ela ainda alerta dizendo que este princípio não pode sair
de nossa mente.0
Depois desta breve análise, podemos concluir destacando quatro aspectos importantes
deste tema; 1) A reforma de saúde é uma grande benção que Deus concede a seu povo que
vive nos últimos dias da história deste mundo, pois é através dela que o Senhor procura aliviar
o sofrimento0, libertar seu povo da escravidão da condescendência própria, e por fim,
santificá-lo na verdade, visto que sua mente estará mais pura e limpa para que o Espírito
Santo nela atue com mais “força.” 2) A mensagem do terceiro anjo e a reforma de saúde estão
intimamente ligadas uma à outra, e sendo assim não devemos anunciá-las separadamente, 0
pois quando assim fazemos prejudicamos grandemente o avanço da obra 0 e não podemos
alcançar os resultado esperados. Daí o motivo de não ser o suficiente em termos de
crescimento espiritual o fato de alguém ser vegetariano, pois a base é a comunhão com Deus
enquanto que o resto são apenas “acessórios”. 3) Embora a reforma de saúde seja de suma
importância para a proclamação da verdade presente, não podemos colocá-la como tema
predominante em lugar da mensagem, pois devemos proclamar a Jesus e este crucificado, e
neste contexto a mensagem de saúde é nada mais do que um instrumento de Deus para a
santificação do homem e nunca a base de nossa mensagem, como acrescenta White dizendo,
0
Ibid. p. 77.
0
Ibid. p. 23.
0
Muitas igrejas hoje em dia têm enfatizado a cura, os milagres e a prosperidade como sinal da presença de Deus,
mas este não é o meio que Deus tem atuado, Ele espera que seu povo mude seu estilo de vida, se liberte de seus
pecados de condescendência para com os apetites depravados, respeitando toda sua lei e então as verdadeiras
bênçãos divina serão derramada.
0
Este é um serio perigo em que incorremos e podemos ver dois extremos. 1- Pessoas que por algum motivo não
dão atenção a mensagem de saúde e até mesmo falam contra ela trazendo descrédito e imenso dano a
proclamação de nossa mensagem. 2- também existe os que trazem uma ênfase exagerada a reforma de saúde e a
usam como sinal de santidade condenando e criticando de forma dura os não praticam a reforma de saúde. Tanto
um como outro estão prejudicando grandemente a obra de Deus. Muitas vezes costumamos ouvir as pessoas
dizendo que “é melhor ser neutro ou liberal do que extremista, como estes”, mas a verdade que tanto um como
outro não ficará sem culpa naquele grande dia.
0
Este é um problema sério enfrentado hoje, pois muitas vezes apresentam a mensagem de saúde separadamente
da mensagem espiritual, e desta forma estamos privando muitas pessoas de terem a oportunidade de receberem
as verdades espirituais e isto é um grave crime, pois a mensagem de saúde sozinha não trará o grande resultado
que poderia trazer se estivesse junto com a mensagem do terceiro anjo.
53

“Seu lugar é entre aqueles assuntos que promovem a obra de preparação para enfrentar os
acontecimentos previstos pela mensagem; entre esses ela é preeminente.” 0 4) Assim como a
mão e o braço fazem parte do corpo, mas não são o corpo; assim se sucede com a reforma de
saúde que faz parte do evangelho, mas não é o evangelho, contudo, assim como o corpo sem o
braço e a mão continua sendo corpo, embora seja grandemente prejudicado, assim também se
sucede com a mensagem do terceiro anjo que continuará sendo a mensagem presente mesmo
sem a mensagem de saúde, embora esta também seja grandemente prejudicada e desta forma
maiores dificuldades sejam encontradas em sua proclamação.
Quando conseguirmos compreender o verdadeiro papel da reforma de saúde e vivê-la
em sua plenitude, então seremos uma grande benção na proclamação da verdade presente,
seremos cristãos autênticos e verdadeiros, homens e mulheres cheios do Espírito Santo de
Deus, pois como afirma White à reforma de saúde ocupa um lugar preeminente 0 no preparo
para enfrentarmos a última grande crise. 0 Assim sendo, devemos considerar a mensagem de
saúde com zelo, e procurando proclamá-la e divulgá-la em nosso meio, mas sempre cuidando
para que isto não seja feito de forma equivocada e evitando todo tipo de fanatismo, pois isto
só atrapalharia.

6. A TRANSGRESSÃO DAS LEIS DE SAÚDE E SUAS CONSEQUENCIAS.

0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 74.
0
[Do lat. tard. praeeminente.] Adj. 2 g. 1. Que ocupa lugar mais elevado. 2. Superior, sublime. 3.
Nobre;distinto. [Cf. proeminente.] Novo dicionário Aurélio 3.1, versão eletrônica.
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 74. A citação na integra aparece da seguinte forma: “A
reforma de saúde está intimamente relacionada com a mensagem do terceiro anjo, mas ela não é a mensagem.
Nossos pregadores devem ensinar reforma de saúde, mas não devem fazer disto o tema predominante em lugar
da mensagem. Seu lugar é entre aqueles assuntos que promovem a obra de preparação para enfrentar os
acontecimentos previstos pela mensagem; entre esses ela é preeminente. Devemos sustentar toda reforma com
zelo, mas devemos evitar a impressão de que somos vacilantes e sujeitos ao fanatismo.” Ênfase acrescentada.
54

A condescendência para com o apetite tem trazido sérias conseqüências durante toda a
história da humanidade0. Como já analisamos anteriormente0, este tem sido o principal motivo
das grandes crises em que o mundo tem se envolvido 0, e não tem sido diferente em nossos
dias, o próprio Jesus quando aqui esteve nos alertou de que assim como aconteceu nos dias de
Noé e de Sodoma e Gomorra, assim também seria no tempo do fim. 0 As pessoas estariam
vivendo para seu próprio prazer, não se importando com o bem estar uns dos outros, e desta
forma ficam totalmente destituído da presença de Deus em suas vidas.
Interromper a comunicação entre Deus e o homem sempre foi principal objetivo de
nosso inimigo, e nada mais eficaz do que destruir a mente através de uma alimentação pobre e
deficiente, pois desta forma o homem não poderia compreender a santidade e a vontade de
Deus e ficaria totalmente exposto aos ataques do terrível inimigo de Deus e de seu povo. Ao
se referir a este assunto White argumenta que “Os nervos cerebrais que se comunicam com
todo o organismo, são o único meio pelo qual o Céu pode comunicar-se com os homens e
afetar-lhes a vida no recôndito.” E ela completa dizendo que “qualquer coisa que perturbe a
circulação das correntes elétricas no sistema nervoso diminui a resistência das forças vitais, e
o resultado é um amortecimento das sensibilidades mentais.” 0 Satanás sabe bem disto e tem
trabalhado para destruir a mente humana, pois sabe que este é o único meio que ele tem de
fazer com que o homem rejeite o convite divino e continue sendo escravo do pecado.
Em uma de suas visões White traz o seguinte relato; “Satanás reuniu os anjos caídos a
fim de inventar algum meio de fazer o máximo de mal possível à família humana. Foi
apresentada proposta sobre proposta, até que finalmente Satanás mesmo imaginou um plano.
Ele tomaria o fruto da vide, também o trigo e outras coisas dadas por Deus como alimento, e

0
As pessoas que viveram antes do dilúvio comiam alimento animal, e satisfaziam seu apetite pervertido até que
o copo de sua iniqüidade se completou, e Deus purificou a Terra de sua poluição moral, pelo dilúvio. ...
O pecado tem predominado desde a queda. Enquanto poucos têm permanecido fiéis a Deus, a grande maioria
tem corrompido os seus caminhos diante dele. A destruição de Sodoma e Gomorra foi por conta de sua grande
impiedade. Eles deram livre curso a seu intemperantes apetite, daí as suas paixões corrompidas, até que se
haviam rebaixado de tal forma e seus pecados se tornaram tão abomináveis, que o copo de sua iniqüidade se
encheu, e eles foram consumidos pelo fogo do Céu.
Os mesmos pecados que acarretaram a ira de Deus sobre o mundo nos dias de Noé existem em nossos dias.
Homens e mulheres hoje levam à glutonaria os seus hábitos de comer e beber. Este predominante pecado, a
condescendência para com o apetite pervertido, inflamou as paixões dos homens nos dias de Noé, e conduziu à
corrupção geral, até que sua violência e crimes chegaram ao Céu, e Deus lavou a Terra de sua poluição moral
através de um dilúvio. Os mesmos pecados de glutonaria e bebedice obliteraram a sensibilidade moral dos
habitantes de Sodoma, de maneira que o crime parecia ser o deleite de homens e mulheres dessa cidade ímpia.
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 60, 61.
0
O autor está se referindo ao capitulo dois deste trabalho.
0
“Cidades inteiras foram apagadas da face da Terra, por causa dos degradantes crimes e da revoltante iniqüidade
que as tornou uma mancha no Universo. A condescendência com o apetite foi a base de todos os seus pecados.”
Ibid. p. 153.
0
Ver Lucas 17:28-30.
0
WHITE Ellen G. Temperança. p. 13.
55

convertê-los-ia em venenos que arruinariam as faculdades físicas, mentais e morais do


homem, dominariam de tal maneira os sentidos, que Satanás teria sobre eles inteiro controle.
Sob a influência da bebida alcoólica, os homens seriam levados a praticar todas as espécies de
crimes. Mediante o apetite pervertido, o mundo seria corrompido. Levando os homens a
tomarem álcool, Satanás os faria descer cada vez mais baixo.”0
Como vimos Satanás tem levado muitos a ruína, pessoas que poderiam ser gigantes
espirituais estão perecendo por falta de saúde e fé 0, justamente por que tem deixado que seus
apetites tomem as rédeas de seus desejos e assim, varias pessoas que outrora se regozijaram
com a verdade agora tem até mesmo abandonado a verdade e se entregado ao erro. O assunto
da reforma de saúde tem sido negligenciado por muitos e as conseqüências disto podem ser
eterna. Não nos resta dúvida sobre a importância da reforma de saúde para uma vida espiritual
saudável, mas não basta saber, precisamos praticar, pois pesa sobre todos os que têm recebido
esta luz a responsabilidade de viver a altura. Precisamos dar ouvido, a advertência que White
faz a se referir a este assunto tão importante dizendo que; “Ninguém que professe piedade
considere com indiferença a saúde do corpo, e se iluda com o pensamento de que a
intemperança não é pecado e não afetará sua espiritualidade. Existe uma estreita afinidade
entre a natureza física e a moral. O padrão de virtude é elevado ou rebaixado por meio dos
hábitos físicos. O excesso na ingestão do melhor alimento produzirá um estado mórbido dos
sentimentos morais. E, se o alimento não for o mais saudável, os efeitos serão ainda mais
danosos. Qualquer hábito que não promova o perfeito funcionamento saudável do organismo
humano degrada as mais elevadas e nobres faculdades. Os maus hábitos no comer e beber
conduzem a erros no pensamento e ação. A condescendência com o apetite fortalece as
tendências animais, dando-lhes ascendência sobre as faculdades mental e espiritual.” 0
Ao condescender com o apetite transgredimos o primeiro mandamento de Deus que
proíbe a idolatria, e como conseqüência o coração se torna cada vez mais endurecido. Satanás
sempre se empenhou em levar o ser humano a negar a Deus e adorar qualquer outra coisa,
menos o Senhor, e nisto ele tem obtido certo êxito, pois “não nos é possível glorificar a Deus
enquanto vivemos em violação das leis da vida. não é possível ao coração manter-se
consagrado a Deus enquanto se tolera a concupiscência do apetite” 0, Nossa mente fica
obscurecida o pensamento lento, nossa energia e vontade própria se dissipam e desta forma é

0
Ibid. p.12.
0
“Por meio do pervertido apetite seus órgãos e faculdades têm-se tornado debilitados, enfermos e inutilizados”
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 18.
0
White Ellen G. Temperança. Tradução Isolina A. Waldvogel. 3 ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira,
2004. p. 282.
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 44.
56

impossível para o ser humano que vive para satisfazer seus desejos alcançar a perfeição
cristã.0 Infelizmente a humanidade tem considerado de pouca importância a salvação e a vida
eterna. “A parte animal de nossa natureza tem dominado nossas escolhas e nossos caráter” e
assim a humanidade tem andado por um caminho extremamente perigoso como descreve
Ellen G White: “Necessitais de mente clara, enérgica, a fim de apreciar o exaltado caráter da
verdade, apreciar a expiação, e dar a devida estimativa às coisas eternas. Se seguis uma
errônea direção e condescendeis com hábitos errados no regime alimentar, enfraquecendo
assim as energias mentais, não dareis à salvação e à vida eterna aquele alto apreço que vos
inspirará a pôr a vida em conformidade com a vida de Cristo; não fareis, para obter inteira
conformidade com a vontade de Deus, aqueles diligentes, abnegados esforços que são
requeridos por Sua Palavra, e necessários para dar-vos o preparo moral para o último toque da
imortalidade. Muitos de vós tendes às vezes sentido um entorpecimento no cérebro. Sentistes-
vos desanimados em assumir qualquer trabalho que exigisse esforço mental ou físico, até que
vos tivésseis refeito da sensação do fardo imposto sobre vosso organismo. Depois há,
novamente, essa sensação de fraqueza. Dizeis, porém, que é a falta de mais alimento, e
colocais uma carga dupla no estômago para que ele cuide dela. Mesmo sendo cuidadosos no
que se refere à qualidade de vosso alimento, glorificais a Deus no vosso corpo e espírito, os
quais Lhe pertencem, ao ingerir tal quantidade de alimento? Os que sobrecarregam o
estômago com tanto alimento, e assim pressionam a natureza, não poderiam apreciar a
verdade se a ouvissem. Eles não conseguiriam despertar as entorpecidas sensibilidades do
cérebro para compreender o valor da expiação e o grande sacrifício feito em favor do homem
caído. É-lhes impossível apreciar a grande, preciosa e extraordinariamente rica recompensa
que está reservada para os fiéis vencedores. Jamais se deve permitir que a parte animal de
nossa natureza governe a moral e intelectual.
Alguns estão sendo tolerantes para com o desejo carnal, o qual guerreia contra a alma,
e é um constante obstáculo ao seu progresso espiritual. Levam eles consigo sempre uma
consciência acusadora, e ao falar-se a verdade com franqueza, ofendem-se. Condenam-se a si
mesmos, e entendem que o assunto.”
O dano causado pela condescendência para com o apetite se mostra em muitos casos
irreparáveis, e a menos que seja tomada uma firme decisão de aceitar e viver a reforma de
saúde em sua plenitude não restará esperança, pois como cita White, “muito melhor é
abandonar o nome de cristão do que fazer uma profissão de fé e ao mesmo tempo transgredir

0
Ibid. p. 236.
57

com o apetite que fortalece paixões não santificadas.” 0. White ainda descreve que o assunto
sobre saúde é de importância capital e que devemos estudá-la no temor de Deus e então ela
conclui dizendo que assim descobriremos que o melhor para nós tanto física como espiritual é
observar o regime alimentar simples e saudável. Não precisamos temer, cristo já venceu esta
batalha0, e através de Sua vitória encontramos forças para vencer 0, pois este é o único
caminho para a vitória como descreve White; “seu exemplo nos declara que nossa única
esperança de vida eterna, é manter ao apetites e paixões sob sujeição à vontade de Deus.” 0
Precisamos reconhecer as ordens de Deus, precisamos ser temperantes em todas as
coisas, e então cumpriremos o propósito para o qual fomos criados, que é glorificar a Deus em
nosso corpo e nosso espírito, que a Ele pertence. “É necessário que os cristãos sejam
temperantes”, e que coloquem “alto a norma”. “A temperança no comer, beber e vestir é
essencial” e que o que deve dominar nossas escolhas é “o principio, em vez do apetite ou das
fantasias.”0 Portanto é extremamente necessário o controlar da vontade, e se entregar total a
Deus, do contrário estaremos perdidos.

0
Ibid. p. 34.
0
No deserto da tentação Cristo defrontou as grandes tentações principais que assaltariam os homens. Ali
enfrentou, sozinho, o inimigo astuto e sutil, vencendo-o. A primeira grande tentação teve que ver com o apetite;
a segunda, com a presunção; a terceira, com o amor do mundo. Satanás tem vencido seus milhões, tentando-os a
condescender com o apetite. Mediante a satisfação do paladar, o sistema nervoso torna-se irritado e debilita-se o
poder do cérebro, tornando impossível pensar calma e racionalmente. Desequilibra-se a mente. Suas mais nobres
e elevadas faculdades são pervertidas, servindo à concupiscência animal, e desprezam-se os interesses eternos e
sagrados. Alcançado este objetivo, Satanás pode vir com suas outras duas tentações principais e encontrar pronto
acesso. Suas múltiplas tentações provêm destes três grandes pontos principais. Ibid. p. 151
0
Sua vitória é garantia de que também nós podemos sair vitoriosos em nossos conflitos com o inimigo. Mas não
é propósito de nosso Pai celestial salvar-nos sem um esforço de nossa parte para cooperar com Cristo. Temos de
fazer nossa parte, e o poder divino, unido ao nosso esforço, trará a vitória. Ibid. p. 153.
0
Ibid. p. 153
0
Ibid. p. 156.
58

Seção 3
NO QUE CONSISTE A REFORMA DE SAÚDE
59

Existem hoje, diversas opiniões sobre o que realmente é a reforma de saúde, e como já
vimos esta falta de compreensão traz serias conseqüências para o avanço da obra e para o
crescimento espiritual da igreja. Os debates relacionados com a reforma de saúde geralmente
acabam em brigas. Visto que este é um assunto bastante minucioso, pois meche em muitos
casos com as “paixões humanas”, e por outro lado infelizmente muitos que aderem a reforma
de saúde sem uma correta orientação, se tornam na maioria das vezes fanático e acusadores
dos irmãos. Atitudes como estas só trazem descrédito a obra de Deus e atrapalha a
espiritualidade da igreja.
Portanto pretende-se trazer alguns esclarecimentos sobre o assunto, acreditando que
assim se poderá chegar a um equilíbrio evitando tanto o fanatismo, como também a visão
liberalista que se tem hoje em dia sobre a reforma de saúde, onde muitos acreditam que o
assunto da reforma de saúde não é tão importante assim e que não pode haver nenhum tipo de
influencia espiritual entre alimentação e espiritualidade, e, além disto, ainda não veem nem
um mal em satisfazer os seus próprios desejos no que se refere a alimentação, argumentando
que estas coisas são para os fracos na fé apenas. Vale deixar claro que não pretendemos pôr
um ponto final na discussão, mas apenas procurar esclarecer algumas duvida.
É muito comum em nossos dias ao se falar de reforma de saúde ouvir as pessoas logo
citarem a carne, alguns condenando e outros até mesmo defendendo, e desta forma a
impressão que fica é que a reforma de saúde se resume ao abandono da carne como alimento,
quando muito. Alguns outros poucos tipos de alimentos são condenados, mas será que a
reforma de saúde se limita apenas a alimentação? A resposta é um claro não!
A reforma de saúde é muito mais do que simplesmente abandonar alguns tipos de
alimento, ela consiste em um estilo de vida completo, onde a alimentação natural tem seu
lugar, assim como a prática de exercício, o repouso, o equilíbrio no trabalho, pois o principio
que rege a reforma de saúde é a temperança em todas as coisas como comenta White ao
afirmar que “Deus requer que Seus filhos sejam temperantes em todas as coisas.” 0 Com o
objetivo de fazer uma melhor analise deste assunto este capitulo será dividido em duas partes
sendo que na primeira será abordado o regime alimentar e na segunda alguns dos demais
pontos da reforma de saúde0.

4.1 O REGIME ALIMENTAR

0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 451.
0
É importante ficar claro que não é objetivo do autor descrever todos os pontos da reforma de saúde, portanto
serão abordados apenas alguns que o autor julgar necessário.
60

Embora o regime alimentar não seja o único dentro da reforma de saúde, poderíamos dizer
que entre estes ele é preeminente, já que afeta diretamente nossa personalidade e caráter 0, pois
somos constituídos daquilo que ingerimos em cada refeição, e como já dizia Hipocrates 0 o pai
da medicina há mais de dois mil anos, “que o teu alimento seja o seu remédio e o seu remédio
seu alimento”, esta é uma grande verdade, pois hoje a ciência tem provado que a alimentação
diária além de prover sustento pode ter propriedades curativas, mas também adverte que se os
alimentos não forem utilizados da maneira correta podem ser uma fonte de doenças, pois a
ausência de certos alimentos nas refeições causa enfermidades relacionadas com carência
nutricionais, mas que e a inclusão de outras corrige essas deficiência. 0 Como descreve Vidal;
“Cada tecido, cada órgão, cada célula só pode ser formado com o material recebido através do
sangue. Se entrar para a corrente sangüínea material de primeira, a qualidade da construção do
organismo revelará isso. Se, porem, sua alimentação for inferior, de segunda classe,
descuidada, com certeza, o resultado será um corpo problemático, porque ‘você é o que você
come”.0
Portanto um dos grandes segredos do sucesso na vida espiritual depende em grande
parte da forma com que nos alimentamos como descreve White quando diz que “é possível a
alguém danificar sua experiência espiritual pelo uso incorreto do estômago”. Assim sendo o
ato de se alimentar também deve ser um em atitude de adoração a Deus como cita o apostolo
Paulo em sua primeira carta aos Coríntios quando diz que “quer comais, quer bebeis ou façais
outra coisa qualquer, fazei tudo para a gloria de Deus.”0
O assunto do regime alimentar é algo de suma importância, para a vida humana.
Ninguém consegue viver sem alimento, este faz parte do dia a dia da sociedade, independente
de região geográfica, da cultura ou da situação financeira em que se vive. A verdade é que do
alimento que ingerimos depende nossa qualidade de vida, mas como já vimos anteriormente 0,
este mesmo alimento que trás saúde, pode também trazer doenças, imoralidade, destruição e
morte. Vimos também que através de uma alimentação desequilibrada e adulterada Satanás

0
Muitos estragam sua boa disposição pelo comer impróprio. Devemos ser tão cuidadosos em aprender as lições
da reforma de saúde como o somos em ter nossos estudos devidamente preparados; pois os hábitos que adotamos
nesta direção ajudam a formar nosso caráter para a vida futura. É possível a alguém danificar sua experiência
espiritual pelo uso incorreto do estômago. Ibid. p. 127.
0
Hipocrates é conhecido como o pai da medicina. Ele viveu por volta de quatrocentos anos antes de Jesus.
0
PAMPLONA Jorge. O poder medicinal dos alimentos. Tradução Dóris A. de Matos. Tatuí – SP. Casa
Publicadora Brasileira, 2006. p. 3.
0
VIDAL, Eunice Leme. Saúde com sabor: receitas para uma vida saudável. Tatuí – SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2002 p.10.
0
I Coríntios 10:31.
0
O autor se refere ao capitulo 3.
61

tem levado muitas pessoas a se afastarem de Deus, e se afundarem na ruína do pecado.


Portanto alimentação é algo sério e que merece nossa atenção especial.
Uma pergunta que todos deveríamos fazer antes de ingerir ou até mesmo comprar um
alimento é; porque comemos? Talvez uma reflexão sobre esta pergunta pudesse nos ajudar a
escolher melhor o que ingerirmos. Bem, a verdade é que nos alimentamos para nutrir o corpo
e fortalecê-lo para cumprir as atividades do dia a dia. Sabendo disto é evidente que “uma
alimentação qualquer não pode proporcionar boa saúde”0, pois precisamos de alimentos
saudáveis e ricos em vitaminas e minerais e que assim nosso sangue venha a ter qualidade e
conseqüentemente todo o nosso corpo, como cita White; “Nosso corpo é formado pela comida
que ingerimos. Há constante desgaste dos tecidos do corpo; todo movimento de qualquer
órgão implica um desgaste, o qual é reparado por meio do alimento. Cada órgão do corpo
requer sua parte de nutrição. O cérebro deve ser abastecido com sua porção; os ossos, os
músculos e os nervos requerem a sua. Maravilhoso é o processo que transforma a comida em
sangue, e se serve desse sangue para restaurar as várias partes do organismo; mas esse
processo está prosseguindo continuamente, suprindo a vida e a força a cada nervo, cada
músculo e tecido.”0

0
Ibid. p. 16.
0
WHITE Ellen G.. A ciência do bom viver. Tradução Carlos A. Trezza. 7 ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1994. P. 295.
62

Desta maneira fica claro que o alimento é fundamental para a saúde física, mental e
espiritual do ser humano. Portanto ingerir alimentos prejudiciais, tais como café 0, chá0
refrigerantes em geral, sanduíches, chocolates0, carnes0, alimentos refinados, açúcar branco0,
bebidas alcoólicas, alimentos enlatados e demais guloseimas, trará terríveis conseqüências
espirituais e físicas em nossa vida.

0
“O café é uma satisfação nociva. Estimula temporariamente o cérebro a uma ação desnecessária, mas o efeito
posterior é exaustão, prostração, paralisia das faculdades mentais, morais e físicas. A mente fica enfraquecida, e
a menos que, mediante esforço determinado seja o hábito vencido, a atividade do cérebro é permanentemente
diminuída. Todos esses irritantes dos nervos estão minando as forças vitais e o desassossego causado por nervos
danificados, à impaciência, a fraqueza mental, tornam-se elementos contendores, antagônicos ao progresso
espiritual.” “Tomar chá e café é pecado, condescendência prejudicial, que, como outros males, causa dano à
alma.” White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 422 e 425.
0
“O chá é venenoso para o organismo. Os cristãos devem deixá-lo em paz”
0
“O chocolate contém quase todos os elementos da maconha, e verdade que em menor quantidade, mas não
menos prejudiciais.” Anotações de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de
Sorocaba no dia 26/10/2003.
0
“Os que condescendem com o comer carne, beber chá e a glutonaria, estão semeando para uma colheita de dor
e morte. A comida prejudicial introduzida no estômago fortalece os apetites que combatem contra a alma,
desenvolvendo as propensões inferiores. Um regime de carne tende a desenvolver a sensualidade. O
desenvolvimento da sensualidade diminui a espiritualidade, tornando a mente incapaz de compreender a
verdade.” “Há pessoas que devem ser despertadas para o perigo de comer carne, que ainda comem carne de
animais, pondo assim em risco a saúde física, mental e espiritual. Muitos que são agora só meio convertidos
quanto à questão de comer carne, sairão do povo de Deus, para não mais andar com ele
0
O Dr. Elias, em seu livro Sete dias para começar a viver dedica quatro paginas para descrever os malefícios do
açúcar branco (refinado). “[...] alguns pesquisadores estimam que o açúcar hoje é responsável, direta ou
indiretamente por 40 a 50 por cento dos problemas de saúde” ele ainda diz que o açúcar é um vício até mesmo
pior do que as drogas e determinados aspectos. LIMA, Elias Oliveira. Sete dias para começar a viver: Um
plano de vida saudável. 3 ed. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001 p. 51. Ver também White, Conselho
sobre regime alimentar. 2002. p. 327-330. “Açúcar não é bom para o estômago. Causa fermentação, e isto
obscurece o cérebro e ocasiona mau humor”.
63

Estes não são os únicos problemas que devem ser evitado na reforma alimentar,
também não se tomar líquido durante as refeições 0 e nem comer nada entre elas 0, respeitar um
período entre cinco e seis horas de uma a outra refeição e se possível fazer apenas duas
refeição por dia como descreve White; “cinco horas, pelo menos, devem mediar entre cada
refeição, e tende sempre em mente que, se quisésseis fazer uma experiência veríeis que duas
refeições são preferíveis a três” 0 ou uma terceira bem leve no fim da tarde. O ideal seria
também que a principal refeição do dia fosse o desjejum, como argumenta Lemos; 0 “A
refeição matinal se destina a repor o estoque de Glicose consumido durante a noite, pois
mesmo dormindo gastamos energia. Além disso, a primeira refeição deve ser a mais
substancial porque o organismo precisa estar preparado para enfrentar os desafios que terá
pela frente. Sabe-se que a falta de atenção e de concentração, além do cansaço, é uma
conseqüência verificada em pessoas que negligenciam o desjejum.”0
São inúmeras as vantagens de começar o dia alimentando-se bem. Como já vimos,
pela manhã o estômago está em melhores condições de cuidar de mais alimento do que na
segunda ou na terceira refeição do dia, por isto ela deve ser a mais completa, como descreve
White; “fazei vosso desjejum corresponder mais aproximadamente à refeição mais liberal do
dia.”0. O ideal é que no desjejum se inclua os três grupos alimentares, são eles; os reguladores,
energéticos e construtores. Os reguladores, “fornecem nutrientes que regulam o
funcionamento de vários processos orgânicos. Esses nutrientes são vitaminas, minerais,
celulose e água”, os energéticos “fornecem calorias para o gasto diário do organismo” e os
construtores, são “as proteínas, tais nutrientes são responsáveis pela reposição de tecidos
danificados, pela formação de hormônios e enzimas.”0
Na segunda refeição deve-se repetir os três grupos, mas agora numa quantidade menor
do que o desjejum, e por fim na terceira refeição o ideal é que ela seja bem leve, de
preferência, um pouco de frutas ou torradas ou apenas sucos de frutas naturais, pelo menos de

0
O ideal é tomar água no Maximo até meia hora antes, ou somente duas horas depois das refeições. Anotações
de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de Sorocaba no dia 26/10/2003.
0
“Nenhuma partícula de alimento deve ser introduzida no estômago até a próxima refeição. Neste intervalo o
estômago efetuará seu trabalho, estando então em condições de receber mais” Ibid. p. 179 “A regularidade no
comer é muito importante para a saúde do corpo e a tranqüilidade do espírito” Ibid. p. 181
0
Ibid. p. 173. Ver também a página 179. “Tomada a refeição regular, deve-se permitir ao estômago um descanso
de cinco horas”
0
Francisco Lemos e Zinaldo Santos são editores da revista Vida e Saúde, periódico mensal especializado em
saúde preventiva, editado pela Casa Publicadora Brasileira.
0
LEMOS, Francisco; SANTOS, Zinaldo A. Remédios de Deus: 8 recursos naturais para viver mais e melhor.
Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002 p. 52.
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 173.
0
VIDAL, Saúde com sabor: receitas para uma vida saudável. 2002 p.19.
64

quatro a cinco horas antes de se deitar, 0 visto que o estomago deve estar completamente vazio
quando formos deitar conforme descreve White; “O estômago, quando nos deitamos para
dormir, deve ter terminado todo o seu trabalho, para fruir o descanso, assim como as outras
partes do corpo. O trabalho da digestão não deve prosseguir em tempo algum das horas do
sono.”0 Ou seja, coma como um príncipe, almoce como um rei, e jante como um mendigo, e
viva com saúde!

O EQUILIBRIO EM TODAS AS COISAS

A temperança em todas as coisas, eis o verdadeiro principio da reforma de saúde, e


nossa única garantia de uma vida saudável e feliz ao lado de Cristo. A reforma de saúde como
já foi abordado não consiste em um único item, mas é composta de uma união de varias
práticas que juntas trabalham para o bem do ser humano como um todo como um todo.
Também é importante ressaltar que o uso de alimentos bons e a prática de atividades
saudáveis, não é o suficiente, pois mesmo estes devem ser usados e praticados com equilíbrio
para que então os benefícios da verdadeira reforma de saúde venha à surtir efeito.

Alguns exemplos

Como já vimos este se trata de um tópico muito abrangente, e qualquer tentativa de


explicar ou até mesmo tentar delimitar o assunto da reforma de saúde seria muito perigoso,
pois como já foi abordado envolve todas as áreas da vida humana. Portanto daremos apenas
alguns exemplos, procurando mostrar a complexidade deste.

A. Excesso de trabalho

Mas o mundo moderno tem sido um grande inimigo deste princípio, pois o corre, corre
para se adquirir bens matérias, e se viver dentro dos altos padrões exigidos pela modernidade,
tem se exigido cada vez mais do ser humano, que por sua vez tem trabalhado cada dia mais,
para poder arcar com as altas despesas.

0
Anotações de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de Sorocaba no dia
26/10/2003.
0
White, Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 175.
65

As conseqüências são inevitáveis, doenças como o estresse, depressão, fadiga,


desigualdade social, a indiferença para as necessidades alheias e sobre tudo o egoísmo, que
tem se tornado muito comum em nossos dias. E tudo isto não acontece por acaso, pois como
surgiram novas “necessidades” na vida, tais como carro novo, roupas da moda, casas
luxuosas, equipamentos eletrônicos, televisão de plasma última geração, lanches, bebidas
guloseimas, etc., as horas de trabalho precisam aumentar, para que o salário também aumente,
mas os trabalhadores também precisam continuar estudando, senão ficarão para traz no
concorrido mercado de trabalho e assim o tempo que se teria para lazer, para a família, para a
saúde e para Deus tem sido usado para acumular cansaço e se correr atrás do “sucesso na
vida”.
Os momentos que deveriam ser reservados para as refeições têm sido sobrecarregados
nas poucas horas livres que se tem para ir ao banco, pagar contas ou quem sabe comprar algo,
e o almoço, há, este foi atropelado em mais um recorde mundial quebrado. Assim a vida tem
sido jogada fora, e, a espiritualidade não pode suportar uma vida sem tempo para a devoção e
adoração a Deus, e desta forma o homem tem ganhado o mundo, mais perdido a vida, sem dar
ouvido ao que disse Jesus; “que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder-
se ou a causar dano a si mesmo?”0

B. Descanso

Um dos princípios básico da temperança é o descanso, e isto é algo que as pessoas não
têm dado valor nenhum, pois argumentam que precisam trabalhar, estudar, passear, festejar...
enfim “aproveitar a vida, e não se tem separado tempo para o descanso, e isto também tem
trazido suas conseqüências, pois o ser humano precisa descansar para poder viver com
qualidade. O Dr. Schneider0 divide o descanso em três ciclos; sendo o primeiro o ciclo diário
que dura 24 horas, o segundo o ciclo semanal de origem Bíblica, 0 e o terceiro ciclo que
segundo ele é “determinado pelas mudanças de estação; e tal qual o ciclo diário, é de origem
astronômica.0
Um dos pontos mais importante no descanso e que se encontra no primeiro ciclo é o
sono, que segundo Schneider é o momento de reparação e reajuste e colocação no ponto exato
0
Lucas 9:25.
0
Ernst Schneider é Doutor em medicina pela Universidade de Düsseldorf na Alemanha.
0
Êxodo 20:7-11.
0
SCHINEIDER, Ernest. A cura e a saúde pela natureza: Tradução Dóris A. de Matos. Tatuí – SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2004. p. 136..
66

para que o organismo continue funcionando bem, e “principalmente o cérebro”, completa ele.
Realmente os efeitos da falta de sono têm trazido variadas conseqüências na vida dos que não
dormem bem a noite, como descreve Biazzi; “Aumenta a irritabilidade, angustia e
nervosismo; provoca comportamento antissocial; tira a espontaneidade; causa desorientação e
depressão; produz inabilidade para manter fixos os objetivos na realização de uma tarefa;
diminui a percepção e as habilidades racionais cognitivas; afeta a capacidade física; aumenta
o tempo de reação; diminui a habilidade para movimentos delicados das mãos; dificulta
manter boa postura; aumenta a sensibilidade e a dor; reduz o tono muscular e a força;
descontrola o apetite.”0
Estes são alguns dos problemas enfrentados pela falta do sono, pois como
descreve Biazzi durante o sono são produzidos importantes hormônios, alguns como a
“melatonina é produzida durante a noite inteira e funciona como calmante natural”, mas ela só
será produzida se o quarto estiver escuro e quieto. Já o hormônio do crescimento é produzido
entre as 22h00 e 24h00 apenas e este “é o responsável pela fixação do aprendizado,
crescimento e qualidade do cérebro, outro hormônio importante é a cortisona que é produzida
apartir da meia noite até o amanhecer,0 e como complementa Schneider; “Em muitas ocasiões,
o descanso por si só é capaz de curar a enfermidade, pois facilita o processo de reparação ou
restauração do organismo, que vencem as doenças.” 0 O descanso semanal também é muito
importante, pois nele o homem recupera as forças físicas gastadas durante a semana, passa
tempo com a família e amigos além de fazer a obra de Deus, e se renovar em santidade 0,O
sábado é um presente de Deus para o homem poder manter o equilíbrio físico, psicológico
social e espiritual. O terceiro ciclo também é conhecido como férias anuais e “contribui para
manter um bom rendimento profissional durante o ano inteiro,” 0 alem de ser um ótimo
momento para recreação.

C. Poluição sonora

Outro assunto que tem sido muito negligenciado em meia a sociedade e até mesmo
entre os defensores da reforma de saúde é a poluição sonora. É comum hoje em dia ver carros
de som passando nas ruas, rádios com volumes ensurdecedores, barulhos de maquinas

0
BIAZZI Eliza S. Recursos para uma vida natural. 27 ed. Tatuí – SP. Casa Publicadora Brasileira, 2002. p.
52.
0
Dados extraídos de: BIAZZI. Recursos para uma vida natural. 2002. P. 53.
0
SCHINEIDER. A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 133.
0
Êxodo.31: 12-17.
0
SCHINEIDER. A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 136.
67

automóveis..., mesmo nas igrejas na maioria das vezes o som se encontra em tal altura que
prejudica a adoração pura que deve ser prestada a Deus. Segundo Schneider a poluição
sonora tem efeitos negativos sobre a saúde do ser humano em geral, entre os males ele
descreve os seguinte; “Interfere no descanso; fazendo com que seja menos proveitoso; produz
nervosismo e favorece o estresse; aumenta a tensão muscular e o cansaço; dificulta o sono e
diminui sua eficácia reparadora; pode aumentar a tensão arterial; dificulta a digestão e
deteriora a capacidade auditiva do ouvido.”0
Como se pode ver algo que parece tão inofensivo pode trazer conseqüências
incalculáveis na vida de uma pessoa. Portanto exige se muito cuidado, visto que se trata de
um inimigo que na maioria das vezes não está sobre nosso controle, daí se dá a importância se
procurar um lugar calmo para se morar e trabalhar, pois esta é uma das poucas maneiras que
podemos evitar este problema.

D. Exercícios e ar

Vivemos em um mundo onde tudo está em movimento, os rios, os mares, o ar, os


animais, até mesmo nosso planeta que gira em torno de si mesmo e do sol, enfim o universo
inteiro se movimenta em perfeita harmonia. Não deveria ser diferente com o ser humano, mas
este tem sido mais um desafio que a vida moderna tem trazido a humanidade e como
conseqüência os músculos do corpo tem se atrofiado e em muitos casos se debilitado e
adoecido, pois segundo Schneider este tem sido o motivo de diversas doenças e ele ainda
argumenta que existe muitas doenças que não se consegue obter a cura através de remédios
farmacológico, mas que com a prática de exercício físico poderiam ser combatidas com
eficiência.0
Sem dúvida a prática de exercícios0 regular é de suma importância para o bem estar
física, mental e moral do ser humano, principalmente quando se exerce uma profissão
sedentária. Como vimos anteriormente a qualidade do sangue ira determinar também, nossa
qualidade de vida, e uma das coisas que influencia em muito a qualidade do sangue, alem da
alimentação é o ar puro, e este é mais um dos benefícios do exercício que geralmente
contribui para que a respiração seja mais profunda 0 e assim tanto os pulmões como o cérebro
0
SCHINEIDER. A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 135.
0
Ibid. p. 113 e 114.
0
“O exercício é importante para a digestão, bem como para a saudável condição do corpo e da mente.” White,
Conselho sobre regime alimentar. 2002. p. 103.
0
“quando se faz exercício, aumenta a necessidade de oxigênio das células musculares e a quantidade de CO 2 a
ser expelida. Isso faz com que aumente a freqüência respiratória e a profundidade de cada respiração, que por
sua vez requer uma adaptação do aparelho cardiovascular: o coração bate mais de pressa e com a batida envia
68

seja grandemente beneficiados como cita Schneider; “A função respiratória é a encarregada


de realizar o intercâmbio gasoso essencial para a vida humana: introduzir oxigênio (O2) e
expulsar dióxido de carbono (CO2), seguindo, em síntese, estas fases: Oxigênio do ar chega
aos pulmões e daí passa para o sangue. É transportado pela corrente sanguínea a cada uma das
células do organismo, que necessitam dele para combustão (metabolização) dos hidratos de
carbono, gorduras e proteínas. Como resultado desta combustão, se produz energia e algumas
substancias de eliminação como o CO2. O sangue recolhe o CO2 originado e o transporta até
os pulmões, onde é eliminado com a expiração.”0
Alem da liberação de toxinas que estavam no sangue e foi lançado nos pulmões, o
exercício faz com que uma quantidade maior de toxinas seja liberada pelos poros, através do
suor contribuindo assim para que o corpo esteja cada vez mais puro e saudável, a mente fica
mais clara e como conseqüência a comunhão com Deus melhor, visto que estas toxinas
quando não são expelidas são lançadas nas células e nos neurônios fazendo com que estes
sejam destruídos.0
Portanto com estes poucos, mas abrangentes exemplos podemos concluir que pelo fato
do ser humano ser um ser indivisível, ao contrário do pensamento grego que diz ser este
divisível, todo ato de intemperança ou de condescendência com práticas nocivas e até mesmo
o excesso de coisas boas afetam diretamente e de forma prejudicial nosso relacionamento para
com Deus e com o próximo.

CONCLUSÃO

Nesta pesquisa ficou evidente a influencia existente entre a reforma de saúde e a


espiritualidade, principalmente no que consiste a alimentação. Assim algumas considerações
importantes foram feitas ao longo de todo este trabalho e baseados nelas foram possíveis
chegar a algumas conclusões que serão destacadas em duas partes.
1) Em todas as crises que foram analisadas ficou claro que, a condescendência com o
apetite, fora o grande mal daqueles povos e que os pecados na verdade foram apenas os
sintomas, ou seja, as conseqüências de decisões tomadas, por cada individuo em particular, de
condescender com o apetite depravado e anti-natural. Outro fato que ficou evidente também é

mais sangue e maior pressão a todo organismo.” SCHINEIDER. A cura e a saúde pela natureza. 2004. p. 68.
0
Ibid. p. 67.
0
Anotações de palestra realizada pelo professor Daniel Andrade no Colégio Adventista de Sorocaba no dia
26/10/2003. Estes são apenas alguns dos muitos benefícios da prática de exercício físico e da respiração
profunda. Poderiam ser descritos muitos outros, mas para o objetivo deste trabalho, estes já são suficientes.
69

que a condescendência para com o apetite consiste na quebra do primeiro e segundo


mandamento de Deus que proíbe a adoração de qualquer tipo de ídolo, pois ela incide na
adoração do “eu” que passa a ocupar a posição pertencente somente a Deus na vida do ser
humano. Portanto a condescendência para com o apetite consiste em um dos mais terríveis
pecados que o mundo tem visto, pois deturpa a mente humana, rebaixa a moral e desperta a
natureza animalesca do ser humano que por sua vez passa a viver para satisfazer seus próprios
desejos egoístas e como conseqüências pode-se ver o egoísmo, roubo, dor, tristeza,
prostituição, ganância destruição e morte. Estes são apenas algumas das muitas
conseqüências deste terrível pecado que novamente tem inundado o mundo.
2) Como vimos, o mundo se encontra a beira de uma crise sem precedentes, a
humanidade se encontra no auge do secularismo e as pessoas continuam comendo bebendo,
casando-se e dando-se em casamento e nem se apercebem do momento crucial em que se está
vivendo, assim fica claro a necessidade de uma reforma no estilo de vida de todos aqueles que
desejam fazer parte do povo de Deus e desfrutar de uma fé pura e verdadeira, pois da mesma
maneira como Deus desejava purificar Israel, antes que estes entrassem em Canaã terrestre,
assim também Ele deseja purificar sua igreja antes que esta entre em Canaã celestial. E é
justamente por este motivo que a mensagem de saúde foi dada a igreja remanescente nestes
últimos dias, como uma grande benção de Deus a Seu povo, e para que através dela o
sofrimento pudesse ser aliviado, Seu povo liberto da escravidão da condescendência própria, e
por fim, santificado na verdade, visto que sua mente estaria mais pura e limpa para que então
o Espírito Santo nela atue de maneira poderosa. Portanto a reforma de saúde consiste em uma
obra de preparação para a grande crise descrita pelo terceiro anjo de apocalipse, e, é
justamente ai que incide sua importância, pois segundo White, dentre as obras que visa
preparar um povo para se encontrar com o Senhor, esta é a mais importante, pois purifica a
mente levando o ser humano a desenvolver domínio próprio, e capacitando-o com a ajuda do
espírito Santo a discernir entre o certo e o errado, tendo assim uma vida espiritual pura e
verdadeira.
Desta maneira podemos concluir que nosso estilo de vida, principalmente o alimentar,
influencia diretamente em nossas escolhas, mesmo em coisas que aparentemente são
insignificantes, visto que a espiritualidade e o regime alimentar andam juntos de mãos dadas.
Sendo assim, é impossível para o ser humano no estado em que se encontra desenvolver uma
vida espiritual saudável e consistente sem uma renuncia a seu apetite depravado e por fim
uma reforma no estilo de vida.
70
71

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SP, no dia 26/10/2003.

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