Aula 2 - Psicanálise
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PSICOPEDAGOGIA
AULA 2
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TEMA 1 – DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE INFANTIL: HISTÓRICO
Assim a libido perpassa várias zonas e fases, oral, anal, fálica, latência ou
genital, cada uma com suas manifestações. Quando falamos desse tema,
precisamos compreender que existem vários impulsos, razão pela qual Freud
chamou a criança de perverso polimorfo (Quadros, 2018). Ou seja, a criança
obtém prazer de várias formas, como na sucção do peito da mãe, o que
justamente é um ato de aprendizagem e desenvolvimento, pois a boca também
é um órgão e um instrumento de linguagem.
Sobre esse contexto, Beer (2017) define que a sexualidade começa desde
o nascimento, sendo importante distinguir sexual de genital, pois a sexualidade
é um termo amplo, que envolve outros aspectos, como o afeto, a amizade e o
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próprio desenvolvimento humano, indo além de uma noção meramente genital.
Feist et al. (2015, p. 27) estabelecem:
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Crédito: CC/PD.
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Uma questão relevante do caso era o ciúme provocado pela chegada de
um novo bebê na família. Hans sempre quis se sentir superior ao bebê. É
interessante que, com 3 anos e nove meses, Hans relatou o seu primeiro sonho,
no qual estava brincando com a filha do senhorio da família. Assim, podemos
ver o potencial analítico do trabalho com crianças.
Freud trocou diversas cartas com o pai de Hans, que lhe encaminhava
relatos, a partir dos quais ele analisava a fobia e o medo de cavalos. Vale ainda
destacar que o garoto sempre desenhava os cavalos com as características do
pai, o que apresentava uma ansiedade de castração, ou seja, o medo de perder
o “pipi”.
Esse medo se originava da rivalidade que tinha com o pai e do medo de
separação da mãe. Ele gostava quando o pai viajava, pois então ele podia dormir
com a mãe; quando o pai retornava, ele tinha medo de que o pai ocupasse o seu
lugar. A partir das recomendações de Freud, Hans passou a compreender o
verdadeiro lugar que ocupava na relação familiar, entendendo a relação do pai
com a mãe. Por meio de desenhos, Hans conseguiu trabalhar a sua sintomática,
ajudando Freud a desenvolver os conceitos do complexo de Édipo.
Crédito: Tongo51/Shutterstock.
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O primeiro estágio descrito e adotado por Freud é o oral. A zona erógena
concentra-se na boca da criança. Muitas questões são importantes nesse
estágio, como o seio da mãe, além de gratificações ou repressões excessivas,
que podem causar efeitos negativos na vida adulta, como uso obsessivo de
álcool.
De acordo com Nasio (1999, p. 61), nesse estágio não é apenas a
alimentação que proporciona prazer à criança, mas o ato de sugar, levar tudo à
boca, inclusive os dedos, bem como “pôr em movimento os lábios, a língua e o
palato, numa alternância ritmada.”
O autor complementa que pode existir uma fase oral tardia, com o
aparecimento de dentes e o ato de morder, com prazer no processo de sucção
e até no início da ingestão de alimentos. Uma observação muito interessante é
que, juntamente com a boca, outros órgãos também compõem a fase oral
(Zimerman, 2007, p. 92):
Deve ficar bem claro, no entanto, que a boca não é o único órgão
importante dessa fase evolutiva, mas sim que ela se constitui um
modelo de incorporação e de expulsão, ou seja, como um protótipo de
funcionamento arcaico que intermedeia o mundo interno com o mundo
externo. Assim, também devem ser consideradas nessa fase oral,
outras zonas corporais que cumprem a mesma função, como: o
complexo sistema aerodigestivo, sobretudo, todo o trato gastrintestinal;
os órgãos da fonação e da linguagem; as sensações cinestésicas
(alude ao “equilíbrio” corporal), enteroceptivas (as que provêm de
órgãos internos) e as proprioceptivas (derivam das camadas mais
profundas da pele); a pele que, além das aludidas sensações
profundas, também propicia as funções de tato e a de uma, essencial,
aproximação “pele-pele” com a mãe; todos os órgãos sensoriais, como
olfato, paladar, tato, audição e visão. Em outra parte deste capítulo
será melhor explicitada a importante função que o “olhar” desempenha
na estruturação da personalidade da criança
Vale lembrar que o estágio oral vai do nascimento até, mais os menos, 18
meses, lembrando que tais processos não são estanques. Na sequência, temos
o estágio anal. Observe a imagem.
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Crédito: Irina Wilhauk/Shutterstock.
O estágio anal tem início logo após o oral, a partir dos dois até o terceiro
e quarto anos. O ânus é aqui a zona erógena, e as fezes acabam sendo a
materialização das pulsões. As crianças, quando percebem que algo foi expulso
delas, ficam encarando as fezes e muitas vezes querem tocá-las. Ganham
destaque, nessa fase, o controle dos esfíncteres, a questão da excreção e da
retenção, que é dividida em duas, conforme descreve Feist (2015, p. 28):
O menino agora vê seu pai como um rival pelo amor da mãe. Ele deseja
afastar seu pai e possuir sua mãe em uma relação sexual. Essa
condição de rivalidade com o pai e sentimentos incestuosos pela mãe
é conhecida como complexo de Édipo masculino simples. O termo é
retirado da tragédia grega de Sófocles, na qual Édipo, rei de Tebas, é
levado pelo destino a matar seu pai e a se casar com sua mãe.
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socialização, sobretudo porque a criança entra para o período de escolarização
e começa a interagir com os seus pares, sobretudo sem a supervisão de seus
pais. Nesse período, começam a aparecer outras questões, como o
entendimento de “aspirações morais, estéticas e sociais, de modo tal que este
período é comumente considerado como sendo aquele que consolida a
formação do caráter” (Zimerman, 2007, p. 95). Feist (2015, p. 31) ainda
complementa:
Crédito: Bearfotos/Shutterstock.
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com a busca pelo orgasmo e pelo prazer, além de questões afetivas, emocionais
e de procriação.
Esse estágio tem início logo na puberdade e na adolescência. Aos 18
anos, a personalidade estará mais estável. Segundo Zimerman (2007, p.95)
“considera-se que a adolescência abrange três níveis de maturação e
desenvolvimento: a puberdade (ou pré-adolescência), no período dos 12 aos 14
anos, a adolescência propriamente dita (dos 15 aos 17) e a adolescência tardia
(dos 18 aos 21)”.
Uma questão muito interessante proposta por Freud, na visão de Pervin
e John (2007), é que o sucesso no desenvolvimento dos estágios faz com que o
adolescente que está na fase genital (consequentemente, na vida adulta)
alcance uma maturidade psicológica que o torna capaz de amar e trabalhar.
Assim, esse estágio de maturidade psicológica é “alcançado depois que a
pessoa passou pelos períodos evolutivos anteriores de maneira ideal.
Infelizmente, a maturidade psicológica raras vezes acontece, porque as pessoas
têm muitas oportunidades de desenvolver psicopatologias ou predisposições
neuróticas” (Feist, 2015, p.32).
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NA PRÁTICA
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FINALIZANDO
Quadro 1 – Finalizando
•Por fim, falamos sobre a fase genital, que vai da puberdade até o
envelhecimento.
Tema 5
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REFERÊNCIAS
NASIO, J.-D. O prazer de ler Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
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