I Das Normas Processuais Civis
I Das Normas Processuais Civis
I Das Normas Processuais Civis
ACESSO À JUSTIÇA
CONTRADITÓRIO
ISONOMIA
IMPARCIALIDADE DO JUIZ
Art. 5º, LX, que atribui à lei a regulamentação dos casos de sigilo (art. 189 do CPC).
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Os atos processuais são públicos, o que é necessário para assegurar a transparência da atividade
jurisdicional. A Constituição atribui à lei a regulamentação dos casos de
sigilo, quando a defesa da intimidade ou o interesse público ou social o exigirem. Tal regulamentação foi feita
no art. 189 do CPC
DISPOSITIVO
IMEDIAÇÃO
Não há dispositivo específico no CPC, mas prevalece a regra do art. 132 do CPC de 1973.
O juiz que colheu prova oral em audiência fica vinculado ao julgamento do processo, desvinculando-se apenas
nas hipóteses do art. 132 do CPC de 1973.
CONCENTRAÇÃO
PERSUASÃO RACIONAL
BOA-FÉ
Art. 5º do CPC.
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Todos aqueles que participam do processo devem comportar-se de acordo com a boa-fé.
COOPERAÇÃO
Art. 6º do CPC.
Exige que as partes cooperem para que o processo alcance bom resultado, em tempo razoável.
Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil / Pedro Lenza ; Marcus Vinicius Rios Gonçalves. – Esquematizado® – 11. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020
PARTE GERAL
LIVRO I - DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
TÍTULO ÚNICO - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
CAPÍTULO I - DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas
fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.
FPPC369. (arts. 1º a 12) O rol de normas fundamentais previsto no Capítulo I do Título Único do Livro I da
Parte Geral do CPC não é exaustivo
FPPC370. (arts. 1º a 12) Norma processual fundamental pode ser regra ou princípio
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei. [PRINCÍPIO DA INÉRCIA DA JURISDIÇÃO + PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL]
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. [PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE
DA JURISDIÇÃO]
§ 1o É PERMITIDA A ARBITRAGEM, na forma da lei.
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser
estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no
curso do processo judicial.
Súmula 485-STJ: A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição.
FPPC371. (arts. 3, §3º, e 165). Os métodos de solução consensual de conflitos devem ser estimulados
também nas instâncias recursais
FPPC485. (art. 3º, §§ 2º e 3º; art. 139, V; art. 509; art. 513) É cabível conciliação ou mediação no processo de
execução, no cumprimento de sentença e na liquidação de sentença, em que será admissível a
apresentação de plano de cumprimento da prestação.
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FPPC573. (arts.3º,§§2ºe3º;334) As Fazendas Públicas devem dar publicidade às hipóteses em que seus órgãos
de Advocacia Pública estão autorizados a aceitar autocomposição.
FPPC618. (arts.3º, §§ 2º e 3º, 139, V, 166 e 168; arts. 35 e 47 da Lei nº 11.101/2005; art. 3º, caput, e §§ 1º e 2º,
art. 4º, caput e §1º, e art. 16, caput, da Lei nº 13.140/2015). A conciliação e a mediação são compatíveis
com o processo de recuperação judicial.
FPPC707. (art. 3º, § 3º; art. 151, caput, parágrafo único, da Lei nº 14.133/2021) A atuação das serventias
extrajudiciais e dos comitês de resolução de disputas (dispute boards) também integra o sistema brasileiro de
justiça multiportas.
FPPC708. (art. 3º, §3º; art. 35, III da lei 12.594/2012; art. 1º, III, da Resolução CNJ nº 225/2016; arts. 13-14 da
Resolução CNMP nº 118/2004) As práticas restaurativas são aplicáveis ao processo civil.
ESPÉCIES DE AUTOCOMPOSIÇÃO
TRANSAÇÃO
Ocorre por meio de transações bilaterais, ou seja, ambos renunciam a parcela de seus interesses, buscando a
realização de um acordo. Pode ocorrer judicial ou extrajudicialmente.
RENÚNCIA
SUBMISSÃO
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade
satisfativa. [PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO]
Princípios da primazia da solução integral de mérito, executividade dos provimentos jurisdicionais e duração
razoável do processo.
FPPC372. (art. 4º) O art. 4º tem aplicação em todas as fases e em todos os tipos de procedimento, inclusive em
incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de
vícios para examinar o mérito, sempre que seja possível a sua correção.
FPPC373. (arts. 4º e 6º) As partes devem cooperar entre si; devem atuar com ética e lealdade, agindo de
modo a evitar a ocorrência de vícios que extingam o processo sem resolução do mérito e cumprindo com
deveres mútuos de esclarecimento e transparência.
FPPC574. (arts.4º; 8º) A identificação de vício processual após a entrada em vigor do CPC de 2015 gera
para o juiz o dever de oportunizar a regularização do vício, ainda que ele seja anterior.
FPPC666 (arts. 4º, 139, X, 317, 488 e 932, parágrafo único; art. 5º, §3º, Lei 7.347/1985 e art. 9º da Lei de Ação
Popular) O processo coletivo não deve ser extinto por falta de legitimidade quando um legitimado
adequado assumir o polo ativo ou passivo da demanda
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Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
SUPRESSIO (VERWIRKUNG)
Supressão a um direito pelo seu não exercício. No campo processual, verifica-se na perda de um poder
processual pelo seu não exercício.
A chamada “nulidade de algibeira (ou de bolso) se configura quando a parte, embora tenha o direito de
alegar nulidade mantém-se inerte durante longo período, deixando para realizar a alegação no
momento que melhor lhe convier, não é admitida, por violar a boa-fé processual.
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos
autos, sob pena de preclusão. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.
SURRECTIO
Surgimento de um direito em razão da supressão causada pelo comportamento da parte contrária. Note-se
que surrectio e supressio são dois lados da mesma moeda.
EXCEPCIO DOLI
Defesa da parte contra ações dolosas da parte contrária, sendo a boa-fé nesse caso utilizada como
defesa. No processo vem sendo entendida como a exceção que a parte tem para paralisar o comportamento
de quem age dolosamente contra si.
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Proíbe a adoção de comportamento contraditório (contrariando comportamento anterior), violando os
deveres de confiança e lealdade (a legítima confiança de outrem na conservação objetiva da conduta
anterior).
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.
Enunciado FPPC 376. (Art. 5º): A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão
jurisdicional.
TU QUOQUE
Como decorrência do princípio da boa-fé processual objetiva não pode a parte criar dolosamente situações
que viciem o processo para, depois, alegar nulidade, tirando proveito da situação. Assim, veda-se o
comportamento não esperado, adotado em situação de abuso.
Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação desta não pode ser
requerida pela parte que lhe deu causa.
Aquele que despreza a norma não pode dela se aproveitar.
*Informações retiradas do site https://blog.ebeji.com.br/funcoes-reativas-ou-aspectos-parcelares-da-boa-fe-objetiva-na-jurisprudencia-do-stj/
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
decisão de mérito justa e efetiva.
FPPC6. (arts. 5º, 6º e 190) O negócio jurídico processual não pode afastar os deveres inerentes à boa-fé e
à cooperação.
FPPC619. (arts.6º, 138, 982, II, 983, §1º) O processo coletivo deverá respeitar as técnicas de ampliação do
contraditório, como a realização de audiências públicas, a participação de amicus curiae e outros meios
de participação
FPPC667 (arts. 6º, 8º e 18; art. 6º, § 3º, da Lei n.º 4.717/1965) Admite-se a migração de polos nas ações
coletivas, desde que compatível com o procedimento.
PREVENÇÃO: O juiz deve advertir as partes sobre os riscos e deficiências das manifestações e
estratégias por elas adotadas, conclamando-as a corrigir os defeitos sempre que possível.
CONSULTA (DIÁLOGO): Impõe-se reconhecer o contraditório não apenas como garantia de embate entre as
partes, mas também como dever de debate do juiz com as partes
AUXÍLIO (ADEQUAÇÃO): o juiz deve ajudar as partes, eliminando obstáculos que lhes dificultem ou
impeçam o exercício das faculdades processuais.
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Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades
processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao
juiz zelar pelo efetivo contraditório.
FPPC107. (arts. 7º, 139, I, 218, 437, §2º) O juiz pode, de ofício, dilatar o prazo para a parte se manifestar
sobre a prova documental produzida.
FPPC235. (arts. 7º, 9º e 10, CPC; arts. 6º, 7º e 12 da Lei 12.016/2009) Aplicam-se ao procedimento do
mandado de segurança os arts. 7º, 9º e 10 do CPC.
FPPC379. (art. 7º) O exercício dos poderes de direção do processo pelo juiz deve observar a paridade de
armas das partes.
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
FPPC380. (arts. 8º, 926, 927) A expressão “ordenamento jurídico”, empregada pelo Código de Processo Civil,
contempla os precedentes vinculantes
FPPC620. (arts.8º, 11, 554, §3º) O ajuizamento e o julgamento de ações coletivas serão objeto da mais ampla e
específica divulgação e publicidade.
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II (as alegações de fato puderem ser
comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
súmula vinculante) e III (pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de
depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa);
III - à decisão prevista no art. 701 (sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu
prazo de 15 dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor
atribuído à causa).
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual
deva decidir de ofício [PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO SUBSTANCIAL - objetiva evitar decisões surpresas]
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.
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Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus
advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
FPPC709. (art. 11; CF, art. 93, X, CF/1988) A oposição da parte ao julgamento virtual é suficiente para que seja
determinada a inclusão do processo em pauta presencial, física ou por videoconferência, independentemente
do cabimento de sustentação oral, garantida a participação do advogado.
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, PREFERENCIALMENTE, à ordem cronológica de conclusão para
proferir sentença ou acórdão.
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública
em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do
pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos
repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de IRDR;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo CNJ;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências
legais.
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o requerimento formulado pela parte NÃO
ALTERA a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a
conversão do julgamento em diligência.
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente
se encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de
complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II (publicado o acórdão paradigma o órgão que proferiu o
acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência originária, a remessa necessária ou o
recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior).
FPPC382. (art. 12) No juízo onde houver cumulação de competência de processos dos juizados especiais com
outros procedimentos diversos, o juiz poderá organizar duas listas cronológicas autônomas, uma para os
processos dos juizados especiais e outra para os demais processos.
FPPC486. (art. 12; art. 489) A inobservância da ordem cronológica dos julgamentos NÃO IMPLICA, POR SI, A
INVALIDADE DO ATO DECISÓRIO
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CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas
previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
Art. 14. A norma processual NÃO RETROAGIRÁ e será aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada
SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS: cada ato deve ser considerado isoladamente, devendo
ser regido pela lei em vigor no momento de sua prática.
Pelo SISTEMA DE ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS, não é possível a lei nova retroagir para
alcançar ato já praticado ou efeito dele decorrente; a lei nova só alcança os próximos atos a serem
praticados no processo.
Fundamentos constitucionais para tal sistema: (i) princípio da segurança jurídica e a (ii) regra da
irretroatividade das leis.
STJ, REsp 1.404.79/SP: Ocorre que, por mais que a lei processual seja aplicada imediatamente aos processos
pendentes, deve-se ter conhecimento que o processo é constituído por inúmeros atos. Tal entendimento nos
leva à chamada “Teoria dos Atos Processuais Isolados”, em que cada ato deve ser considerado
separadamente dos demais para o fim de se determinar qual a lei que o rege, recaindo sobre ele a preclusão
consumativa, ou seja, a lei que rege o ato processual é aquela em vigor no momento em que ele é praticado.
Seria a aplicação do Princípio tempus regit actum. Com base neste princípio, temos que a lei processual
atinge o processo no estágio em que ele se encontra, onde a incidência da lei nova não gera prejuízo algum às
parte, respeitando-se a eficácia do ato processual já praticado. Dessa forma, a publicação e entrada em vigor
de nova lei só atingem os atos ainda por praticar, no caso, os processos futuros, não sendo possível falar em
retroatividade da nova norma, visto que os atos anteriores de processos em curso não serão atingidos.
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as
disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.