UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS PROFESSOR
MILTON SANTOS
BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM ARTES
Anna Carolina Pereira brito
NZAMBI MU KANDA KENA — DEUS ESTÁ NA COMUNIDADE
SALVADOR/BA
2023
A disseminação é a forma de sua trajetória. Diaspórico é o
estilo de sua identidade, que só pode ser entendida no plural.
(GILROY, 2001).
1
Sinopse
Nzambi mu kanda kena — Deus está na comunidade
É um documentário produzido através de um coletivo de autores e autoras que
buscam evidenciar e trabalham na importância do papel da memória coletiva que
transparece e se apresenta nas multifacetadas manifestações culturais de rua
brasileiras, como o funk, rap e outras manifestações advindas destas citadas, e suas
influências através das músicas, coreografias, oralidades, cosmografias,
cosmologias e influências linguísticas afro-diaspóricas transatlânticas.
2
Argumento
A temática central que tangencia o papel desempenhado pelas culturas
urbanas de rua, cujas tratadas como movimentos marginalizados, tais como o rap, o
funk, o samba, o hip-hop e etc. trata da preservação de símbolos que insurgem
contra a colonização da linguagem, corporalidade e vivência de sujeitos periféricos,
aglomerados nas favelas e comunidades brasileiras. Discute-se a importância
política da cultura funk brasileira, desde suas origens nas comunidades
afro-caribenhas nas Américas até a atualidade, e destaca-se a perseguição e a
criminalização que essas manifestações culturais afro-periféricas sofrem.
É necessário discutir a importância da cultura do funk brasileira na
preservação da identidade e nos laços simbólicos de resistência dos sujeitos
periféricos dentro de um contexto de hegemonia cultural, de opressão sistêmica e
apagamento epistemológico. Primeiro, precisamos procurar entender como o funk
brasileiro se relaciona com outras manifestações culturais afro-periféricas, que tem
por consequência caráter afro-diaspóricas, tais como a capoeira e o samba. Esse
recorte pode ser feito através de análises comparativas rítmicas1, entre o funk, rap e
instrumentos de percussão, que por entrelinhas nos coloca também a dialogar com
outros ritmos e expressões marginalizadas, por onde podemos acompanhar as
similitudes entre bases rítmicas, isso, assumindo a música como uma forma
primordial de reunião do presente com o ancestral, apresentando essa
não-linearidade foi tempo espiralar, maneira essencial de se reencontrar com uma
identidade caracterizada como Ancestralidade. A música africana e afro-brasileira,
em particular, tem características que permitem uma conexão com a ancestralidade,
como a presença de tambores e ritmos que remetem às tradições africanas.
Podendo ser, portanto, uma forma de resgate e valorização da cultura e história de
um povo ao conectar o presente com o passado ancestral e ao valorizar elementos
culturais próprios daquele povo.
Esclareço aqui, o desejo de demonstrar como as raízes africanas
influenciaram e influenciam a cultura e a construção de uma noção de identidade
1
Para acesso aos fonogramas comparados, acessar:
https://youtube.com/playlist?list=PL9kbtjm_0kqpoL8FHudlrSp_yuFXspXaO&si=Te8ZsNNeNHF5WGW
R. Acesso em: 03 de Outubro de 2023.
3
artístico-cultural nacionais, e de construir um importante diálogo sobre as
africanidades em território brasileiro e a ideia do que seria Brasil e a cultura
brasileira. De acordo com GOMES (p. 165 - 177), ao longo do século XX, ocorreu
uma fusão diaspórica de diversas musicalidades africanas nas Américas, e o samba
- mesmo que hoje seja um ritmo largamente aceito e incorporado à cultura oficial, já
foi alvo das acusações de incivilização e ameaça - se encontrou com outras
sonoridades afro-americanas inaugurando um processo identitário que inclui a
afirmação categórica da herança africana transatlântica. O funk brasileiro faz parte
das culturas hip-hop, que também têm herança africana como elemento unificador
primário. Entenderemos melhor através do trecho:
Nos subúrbios e nas favelas da cidade do Rio de Janeiro, o hip-hop da
Flórida recebe o nome de funk. Logo nos primeiros dez anos de existência,
essa prática musical deixa de ser uma simples imitação ou reprodução da
forma e estilo que haviam sido afetuosamente tomados de empréstimo dos
negros de outros locais para se transformar num ritmo que conjuga a
estética do hip-hop às práticas negras das favelas cariocas. No funk
encontramos várias performances que evidenciam essa mescla: a fala
cantada do rapper, muitas vezes, carrega a energia dos puxadores de
escola de samba, as habilidades do corpo do break são acentuadas com o
rebolado e a sensualidade do samba e o sampler vira batida de um tambor
ou atabaque eletrônico. (FACINA; LOPES, 2010, n.p.)
Neste ponto já conseguimos perceber essa relação entre manifestações
culturais distintas afro-periféricas que se elucida através de elementos musicais
afro-brasileiros, como a presença de tambores e ritmos que remetem às tradições
africanas e a uma herança africana compartilhada e de uma luta contra a opressão e
a marginalização, principalmente quando pensamos sob um prisma de hegemonia
cultural e exclusão epistêmica dessas comunidades marginalizadas e
desvalorizadas socialmente. Esse conceito de hegemonia, envolto neste percurso de
mediação e ação cultural que de fato nos coloca em uma linha de pensamento largo
de aspecto interdisciplinar, que carrega a importante implicação do fator
político-social. Acreditando firmemente que dentro da construção dessa perspectiva
esse fator não deve ser deixado de fora, transparecendo cada vez mais a urgente
preocupação em tratar do assunto de forma crítica se considerando que arte e
cultura não estão apenas como tais em que os únicos atos passíveis a eles seriam a
sua apreciação. Muito pelo contrário, os movimentos e manifestações
político-sociais têm suas representatividades argumentativas que trazem expressões
de luta social, de desestigmatização das favelas, de legitimação de movimentos
4
culturais periféricos, de transmissão de saberes e reafirmação e vivência da própria
cultura popular e diálogos com a negritude2. Pode-se afirmar que:
A apropriação do conceito gramsciano de hegemonia3 pelos estudos de viés
cultural produziu inflexões importantes na história da comunicação. Ao
conceber a cultura como uma arena de batalha na qual a construção de
significados é marcada por tentativas de dominação, resistências e
formação de consensos, o conceito permitiu vislumbrar as produções
midiáticas não somente como mecanismos de reprodução da realidade,
mas também de mudança social. Aliada a isso, a adoção de uma
perspectiva que rompe com a divisão hierárquica em alta e baixa cultura
abriu caminho para o estudo de formações culturais diversas, especialmente
daquelas originadas no âmbito popular (Mattelart; Mattelart, 1999; Kellner,
2001).
Uma vez que, assertivamente, a crítica às manifestações trabalhadas aqui,
escancara a maneira pela qual a sociedade brasileira renova seu racismo e
preconceito de classe camuflados pela retórica ocidental do “bom gosto estético”
(FACINA; LOPES, 2010, n.p.), evidenciado que a ação humana tem importância na
transformação da realidade e nas discussões que não podem e não devem estar
estar desacompanhadas do pensamento crítico e dos estudos derivados das ações
multi, trans e interdisciplinares de diversas áreas, tornando então importante incluir
os debates das construções estigmatizadas de representações culturais, dessa ideia
de um panteão pictórico de representação de Brasil, além de transpor o
questionamento de que Brasil está sendo falado, de quem é que define a cultura
como certa e verdadeira e como errada e falsa (alta e baixa cultura), de como são
tratadas essas matrizes epistêmicas outras e várias, e do porquê de assim ser. É de
extrema importância a consolidação de uma consciência de tentar entender esses
sistemas de apagamento juntamente à construção da imagem da cultura nacional e
2
O termo "negritude" apareceu provavelmente pela primeira vez no poema de Aimé Césaire Cahier
d'un retour au pays natal (1939). Os primeiros proponentes da Negritude enfatizavam, como pontos
capitais no movimento: a reivindicação, por parte do negro, da cultura africana tradicional, visando à
afirmação e definição da própria identidade; o combate ao eurocentrismo advindo do colonialismo
europeu e da educação ocidental prevalecente; a valorização da cultura negra no mundo, em razão
de suas contribuições específicas do ponto de vista cultural e emocional as quais o Ocidente,
materialista e racionalista, nunca apreciou devidamente (UFRGS [s.d.]). A negritude ou a identidade
negra se refere à história comum que o olhar do mundo ocidental “branco” reuniu sob o nome de
negros. A negritude não se refere somente à cultura dos portadores da pele negra, que aliás, são
todos culturalmente diferentes. Na realidade, o que esses grupos humanos têm fundamentalmente
em comum não é, como parece indicar o termo negritude, a cor da pele, mas sim o fato de terem sido
na história vítimas das piores tentativas de desumanização e terem sido suas culturas não apenas
objeto de políticas sistemáticas de destruição, mais do que isso, ter sido simplesmente negada a
existência dessas culturas (MUNANGA, K. 2012. P. 6-14.).
3
O conceito gramsciano de hegemonia é entendido como a capacidade de uma classe fundamental,
dominante ou subalterna, elaborar sua visão de mundo e estruturar o campo de lutas de modo a
determinar frentes de intervenção e articular alianças (referência). Por definição, podemos entender
que a "hegemonia cultural" descreve então, uma supremacia e influência exercida por um grupo e que
moldam a cultura e a identidade de uma sociedade.
5
suas matrizes epistêmicas não mencionadas amplamente e não estruturadas nas
transversalidades. Tanto que se observar de maneira concisa,
Um dos mecanismos que possibilitam a perseguição ao funk é a
descontextualização de sua linguagem do território, por meio da apropriação
de alguns de seus elementos, e a deslegitimação de seus símbolos, a partir
da continuidade e da negativa sistemáticas do racismo (GOMES, 2023, p.
165)
que traça essa perseguição através de um ouvido eurocentrado. Então, quando se
fala de apagamentos epistêmicos, de culturas de rua, urbanas, periféricas, populares
e/ou marginalizadas, estamos falando antes de tudo de uma luta racial e de classe
que atravessa territórios da diáspora transatlântica entre África e Brasil, que conecta
a memória ao corpo e ao presente para expressar as identidades inventivas,
podendo aqui serem descritas como samples4. Usando do espaço criativo e radical
como uma resposta legítima através da reverberação do valor histórico dos
movimentos artístico-culturais da cultura negra, para reivindicação ao direito de
viver, de ser e existir. Isto é, re)invetar o espaço presente no momento presente, o
que se apresenta justamente como saberes compartilhados (ancestrais) e
recomeçados (inventivos) que produziram aqui no território brasileiro novas formas
de viver e saber e que utilizaram e utilizam do deslocamento do corpo que é
documento (NASCIMENTO, 2018), dando movimento as memórias guardadas para
ressignificar o corpo e suas manifestações. Os corpos então nesse entendimento,
como lar das memórias, junto a oralidade, são as ferramentas mais importantes para
a manutenção e conservação desses costumes. Por exemplo: no candomblé, as
Oríkìs (colocar significado) são as principais formas de se manter contato com os
Orixás (colocar significado) e entidades na terra. As músicas de terreiro, vieram
espiralando pelo corpo e foram passadas de geração para geração através da
oralidade dessas cantigas. Essas músicas são acompanhadas pelo toque do Agogô
e dos Atabaques. Esses instrumentos, que não são apenas instrumentos quando
são fundamentados nos terreiros, são os responsáveis por dar ritmo à dança dos
Orixás, em uma dependência sinérgica. Os toques dos instrumentos influenciaram e
continuam influenciando diretamente ritmos musicais brasileiros como o samba, o
4
O Sample que traduzido significa “amostra”, resume bem a sua finalidade, pegar amostras de discos
a fim de criar um novo instrumental. Na música, principalmente no rap e no funk, teve grande
importância e valor histórico. A cultura Hip-Hop é conectada musicalmente pelo sample, complexa e
que se manifesta no rap e no funk brasileiro, a partir do movimento de rua, protagonizado pela
população negra.
6
pagode baiano (também conhecido como Pagodão), o funk e o rap. Para a
discussão central a que este trabalho se propõe, continuemos a falar sobre o funk e
o rap enquanto movimentos marginalizados que constantemente (talvez apenas por
existir) desafiam o estigma de que a favela está sempre num lugar de violência.
Suas letras afirmam a identidade das favelas como pertencentes à cidade e como
territórios que não podem ser representados somente pela violência armada.
Portanto, se apresentam como forma de resistência cultural que desafia estereótipos
negativos e propõe ressignificar esses espaços. Além disso, pode-se pensar nessas
manifestações como forma de comunicação que mostra o que os favelados vivem,
pensam e querem, e que as elites combatem e criminalizam esse movimento de
existência de todas as maneiras.
Finalizo falando da forte relação traçada neste trabalho da ideia de Origem,
bem como a de Memória. Da construção de um estudo da estética do negro, e de
uma ponte entre a cultura negra brasileira contemporânea com a que desembarcou
dos negreiros no século XVI, solidificada através de violências, apagamentos,
estigmatizaçãoe subalternização. Portanto, a ancestralidade africana é uma temática
importante na cena periférica brasileira, que busca valorizar e resgatar a cultura e
história do povo negro brasileiro cheio de influencias de elementos musicais
afro-brasileiros que representam a grande riqueza que habita na alma do povo de
santo, e principalmente do povo negro, e busca elevar a autoestima e revalorizar a
cultura nacional.
7
Proposta
Nzambi mu kanda kena é um princípio do pensar bantu-kongo que significa “Deus
está na comunidade”. Fazendo uma apropriação artística desse pensar - advindo do
contato de Valdina de oliveira Pinto conhecida como Makota Valdina (Salvador, 15
de Outubro de 1943 – Salvador, 19 de março de 2019), educadora, militante negra,
ativista negra e sacerdotisa religiosa brasileira, relatada em entrevista transcrita e
anexada na tese revisada de doutoramento de Tiganá Santana (2019, p. 230 - 234),
com o pensador e escritor Bunseki Fu-Kiau, grande pesquisador das áreas da
antropologia cultural - como sendo sobre uma Presença-Ancestral-Presente,
pretende-se evidenciar o papel da memória coletiva presente em nossos
corpos-memória que continuam presentes e se revelam nas múltiplas manifestações
culturais de rua brasileiras, como o funk, rap e suas influências através da músicas,
coreografias e oralidades, como ensaiado generosamente por Leda Maria Martins
em seus preciosos livros “Performances da oralitura: corpo, lugar da memória” e
“Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela”, que nos mostra com
maestria essas performances do tempo e da ancestralidade carregadas de heranças
linguísticas, culturais e artísticas africanas como forma de manifestação da cultura
brasileira promovendo um resgate da força e resistência das raízes africanas
presentes na cultura nacional. Nessa perspectiva, as performances artísticas
exploram as conexões entre linguagem, ancestralidade e memória coletiva por meio
do corpo e da capacidade dele de espalhar-se em partículas, reverberar-se,
revirar-se, transcrever-se e transformar-se em presença e circunscrever como essa
presença se coloca no espaço em que se quer estar através da implicação corpórea
de registro, memória e transmissão de saberes. Especificamente por isso, aqui
apresenta-se com exatidão a proposta do documentário: uma obra audiovisual que
busca transparecer uma costura automática de ideias e narrativas, permitindo
comunicação entre cultura oral, musical e ancestral. O objetivo é criar um diálogo
artístico e provocativo acerca dos estudos de continuidade artística e cultural na
trajetória de ritmos africanos trazidos pela diáspora na cultura nacional e que
mantém vivas as raízes e tradições. A produção busca refletir sobre a importância
das tradições africanas e suas influências na cultura brasileira.
8
Objetos
Performance (intervenção artística) - performance de apresentação de um texto
de escrita livre e criativa que nasceu acerca das pesquisas sobre a temática do
documentário. Através da construção criativa e exploratória da arte e da
interdisciplinaridade do tema abordado, como expressão artística de contacto
Anna Carolina Brito - Estudante e membro do grupo de alunos que pensaram nas
primeiras pesquisas sobre o tema. Trabalho nomeado "Oríkìs: Corpo-memória, o
SAMPLE sempre lembra! Funk, rap nas manifestações brasileiras" (2022), para a
matéria HACA49 - Ação e mediação cultural através da arte, ministrada por Tiganá
Santana (IHAC). Trabalho teórico de imaginação e criação curatorial.
O Centro Cultural Casa de Angola na Bahia (local): Construída no século XVIII e
localizada no Centro Histórico de Salvador, instituição, funda é uma iniciativa do
Estado Angolano, por meio da Embaixada de Angola no Brasil, com o objetivo de
consolidar os laços culturais entre Brasil e Angola. É um espaço da arte e da cultura
angolana, que conta com obras que representam a arte tradicional dos vários grupos
étnico-linguísticos.
Benjamim Sabby (sujeito social) - Benjamim Sabby, é Artista plástico, bacharel
em Sociologia, membro da União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP) e diretor da
Casa de Angola na Bahia. Curador de mais de dez exposições, entre elas, a Trienal
de Luanda. Já participou em mostras individuais e colectivas, em vários países. Foi
galardoado com o prémio Cidade de Luanda em Pintura e a Menção Honrosa Ensa.
Tiganá Santana (sujeito social) - compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor
musical, diretor artístico, curador, pesquisador, professor e tradutor. Foi o primeiro
braileiro, como compositor, na história fonográfica do país, a apresentar um álbum,
com canções em línguas africanas, o que se relaciona com grande parte do seu
trajeto de formação além da intenção de adentrar em mundos não-ocidentais.
9
Percussionistas da escola de Dança da UFBA5 (sujeitos sociais) - Alunos e
professores de percussão da escola de dança que ensaiam e performam ritmos
africanos.
5
Personagens ainda "fantasmas", cujos, estão sendo pesquisados e procurados para convite formal
para o projeto.
10
Abordagem
O documentário é uma produção poética-performativa; participativa; objetiva;
observativa.
Para a modalidade poética-performativa e pensando especialmente no objeto de
intervenção, performado pela aluna Anna Carolina6, será utilizado de jogo de luz a
fim de apresentar em tela, como objetivo de introdução ao documentário, apenas a
silhueta de um corpo. Impossível distinguir nome, idade, cor e características, mas
que através da performance oral, transparece com exatidão o seu lugar. Nesta
modalidade em específico, apresenta-se uma auto-captura sob lente artística
performática de um momento íntimo e lúcido. A entrega do corpo e da mente trata
exatamente da utilização epistêmica de um corpo atravessado pela encruzilhada e
pela memória inventiva diaspórica.
Na abordagem participativa, propõe-se a interação alternada em relação a
entrevistado e entrevistador, porém, um entrevistador que fará uso de voz-over,
objetivando traçar um caminho entre as próprias narrativas de contato do
entrevistado mas com foco exclusivo no no objeto de interesse da vez que tem como
principal ambição a de apresentar subjetivamente sem esquecer a própria
objetividade, este espesso aproximado de corp(o)ralidade, de descoberta de uma
genialidade inventiva em um contexto coletivo muito forte visto em estudos de
cosmologias africanas, por exemplo. Essa abordagem irá abraçar os entrevistados
Benjamim Sabby e Tiganá Santana.
Pensando no Centro Cultural Casa de Angola na Bahia, intenciona-se uma
abordagem observativa, como local principal de entrevista com o convidado
Benjamim Sabby, que é diretor do Centro Cultural. A escolha foi pensada justamente
pelo peso histórico, artístico e cultural do da Casa de Angola, que é, antes de tudo,
um lugar de representação do território artístico e cultural angolano em território
brasileiro.
6
Aluna do BI de Artes no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências, Professor Milton Santos (IHAC)
e organizadora do projeto do documentário "Nzambi mu kanda kena — Deus está na comunidade"
(2023), é artista independente.
11
A proposta de abordagem para os percussionistas, será, também,
poética-performativa apresentada no tocar dos tambores no início do documentário e
através da dinâmica intercalada de voz-over (com relação aos entrevistados) e
participação performática com o tocar dos tambores em sala.
12
Estrutura
O documentário começa ambientado numa sala escura, impossível de distinguir
onde se trata. Gradativamente é possível escutar tambores tocando e em seguida
parando abruptamente, dando espaço para palavras que ecoam suavemente sobre
o mundo não acabado da performance de intervenção. Palavras de um texto livre de
escrita criativa e de caráter poético. Será feito então uma transição de câmera com
sons de percussão para os entrevistados. Primeiro, e em primeiro plano, Tiganá
Santana com sua trajetória e pesquisa acerca da ancestralidade e diasporicidade,
como cantor e compositor e professor que trabalha maravilhosamente as questões
culturais afro-brasileiras e transatlânticas. Em seguida, como uma continuidade, mas
falando especificamente sobre ritmos musicais marginalizados, teremos também em
primeiro plano o entrevistado Benjamim Sabby. Finalizando o vídeo, nós
apresentamos pequenas narrativas dos percussionistas sobre as duas vivências
nesse mundo ancestral.
13
Cronograma de Produção
Este projeto ainda não possui captação de imagens internas e externas, captação de
depoimentos, gravação de locução, edição, confecção de arte final (desenhos,
animações, vinhetas) e trilhas sonoras ou músicas, etc.
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Intervenção
Quando
o
C R
O PO,
os passos
e a voZ
D A N Ç A M sobre como a diáspora africana
circunscreve e celebra heranças espirituais e musicais,
e compreendem a ancestralidade por meio das expressões
e
manifestações artísticas,
penso logo
sobre como diria Emicida,
aqui,
numa performance de fim do mundo.
Falo querendo entender,
can to
pra espalhar o saber
e fazer você perceber que há sempre um mundo,
apesar de já começado,
canto pra espalhar o saber,
há sempre um mundo pra gente fazer,
um mundo, um mundo não acabado,
apesar de já ter começado,
um mundo FILHO nosso, com a NOSSA cara,
um mundo não acabado,
o mundo que eu disPONHO agora foi criado por mim,
euzin,
pobre curumim,
15
chego rápido, falado, proferido na velocidade do vento
cheio de cacho em movi mento,
emaranhado,
crespura e bom comportamento
INfeliz do povo que NÃO SABE DE ONDE VEM,
pobre do povo que sem estrutura,
acaba crendo na LOucuRA de ter que ser OUTRO pra ser ALGUÉM,
são palavras de um homem
preto,
samurai,
brasileiro,
cafuzo,
versador com tambor de ideias pra DISparar,
sou dono do mundo,
há sempre um mundo pra gente fazer
e a gente
combinamos de não morrer
como Conceição Evaristo já
disse,
e em homenagem
a Jota Mombaça:
precisávamos também que eles tivessem combinado de não nos matar.
São eles que morrem a gente,
apesar do que a gente combinamos.
E nessas mesmas palavras
16
que
E
C
M,
se movem e se trans
põem,
nesse mesmo tambor de ideias,
nessas mesmas batidas,
nesse combinado,
apesar do descombinado
deles,
elucidamos a trajetória como vista no ensaio
de Conceição Evaristo; de que cor
eram os olhos de minha mãe?
Contamos como nos lembramos de algumas histórias do
pa ssado
e como elas se confundem com nossas próprias
histórias.
Cantávamos,
dançávamos,
sorriamos.
Os olhos dela se confundiam às vezes com a natureza.
Chovia.
Nunca nos esquecemos dos cantos dos ancestrais,
que desde África,
com sangue e palavras,
araram as terras com suas próprias
mãos.
De um mundo filho nosso,
com nossa cara,
17
um mundo não acabado.
Tudo se MIStura,
se mescla e vira verso.
Vem do vento,
da alma,
do olhar.
Mas não lembramos ainda como eram os olhos
dela,
delas,
Y A B Á S,
donas de tanta sabedoria.
Precisava de retornar ao lugar onde nasci,
como um R I T U A L,
c u m p r i d o,
a descoberta das cores era como oferenda aos Orixás.
Vi só lágrimas,
lágrimas, sorrindo feliz.
Eram olhos ou rios?
Águas de mamãe Oxum,
rios calmos, profundos e enganosos.
Os olhos de uma se tornam espelho para os olhos da outra.
Os meus. Os seus.
Voltei e vi todos esses encontros.
Os tambores tocam,
entoam,
como Rainhas floridas,
r e v e r e n c i a d a s.
A minha, qual é a cor?
O seu espelho reflete que olhos?
18
Em tu reverbera que sons?
Os tambores disparam em tu também?
E apesar dos acidentes de percurso da
sua
vida-estrada,
consegue ainda lembrar qual é a cor?
Ancestralidade é terra morta?
Quando se cobre do que é semelhante a você,
o seu
buraco-céu
a
bre
esp
aço
par
a as
batidas-coração nesse céu aberto?
E o que te é semelhante
alimenta a sua juventude passada?
O som cabe em um corpo?
O cansaço e o tempo passado te fazem visita?
Os corpos-histórias contam o
quê?
Entrelaço essa perspectiva
e a amarro com minha corda mais
intimamente
solta,
sem intenção de enforcar,
mas genuinamente
amarrada.
As músicas,
ritmos,
musicalidade,
memória,
movimento,
cosmopercepções,
atores linguísticos e
19
artístico-culturais,
que remontam
m
a
n
i
f
estações ancestrais da
diáspora,
ensaiam-se
aqui relatadas,
que atra vessam caminhos
per pen di cu lar men te aleatórios
escritos e descritos, aqui:
o funk e o rap.
Retiramo-nos dessa “autocriação” criva
espontânea.
E então,
do funk,
qual a cor?
Do rap,
qual a cor?
Quais os significados para cada COR(po)-tambor?
E no eco-movimento presente
o
que se expressa e transmuta?
Qual a cachimônia dessas manifestações culturais para cada
corpo-escuta,
cada corpo-lugar,
melhor,
cada corpo-memória?
20
E no manifesto
(apropriando-me da palavra poeticamente)
(d)essas encruzilhadas epistêmicas
com todo gozo do sabor molhado do ser,
nesse contemporâneo emaranhado de nós:
corpos-terreiros;
que flui e se
renova no Rio,
que é Rio e vem a ser enchente,
que enche,
move,
que transborda e seca,
que muda.
Sempre muda.
Rio de lágrimas,
Rio de chuva.
Rios cantantes,
Rios cortantes.
Rios
que não vem para ser
mar,
que sempre se transmutam e seguem,
sendo eles AINDA Rios.
Nunca os mesmos.
Os Rios que fluem nessas correntes sanguíneas de
intransigências
- sempre transigentes, por si -
impostas e moduladas nos cabelos
intrincados.
Nossos.
O que muda não se perde,
se aglomera.
Ainda nosso.
21
Se tu ama essa culTUrA
dialogada nas nossas africanidades,
como Baco questiona,
porque nos odeia?
Sou escrito,
falado,
declamado,
SIM,
na velocidade do vento.
Ainda
nosso.
Sou tempo sempre fora da linear idade
e me apresento
e me faço presente
como um espesso aproximado,
e muito,
da memória,
minha,
nunca perdida,
exasperada e truculenta
como seu
com por ta
men to,
subvertido à minha poesia oral,
que segue musicando e dialogando,
nós.
Sempre nós.
Sou performático e rítmico,
mistura de movimento e cor.
22
Meu corpo diz,
fala,
dança,
canta,
contorce
e até dá as costas para tudo aquilo.
Nem quero ter que falar
desse
trasladado transatlântico de transversalidades
linguísticas e culturais de uma morte minha .
“Sacô?.
Já ouviu aqueles batuques?
Meus tambores te doem?
Esses mesmos tambores,
que tocam
e tocam
e tocam
e tocam
e tocam
a música que tomou emprestada como sua,
tocam
sob as vozes nossas.
Pretinho
s
como o rap.
Pretinho
s
como o funk.
23
Texto
quando o corpo, os passos e a voz dançam sobre como a diáspora africana
circunscreve e celebra heranças espirituais e musicais, e compreendem a
ancestralidade por meio das expressões e manifestações artísticas, penso logo
sobre como diria emicida e elisa lucinda, aqui, numa performance de fim do mundo:
falo querendo entender, canto pra espalhar o saber e fazer você perceber que há
sempre um mundo, apesar de já começado; canto pra espalhar o saber, há sempre
um mundo pra gente fazer, um mundo, um mundo não acabado, apesar de já ter
começado. um mundo filho nosso, com a nossa cara, um mundo não acabado. O
mundo que eu disponho agora foi criado por mim, euzin, pobre curumim. chego
rápido, falado, proferido na velocidade do vento cheio de cacho em movimento,
emaranhado, crespura e bom comportamento. infeliz do povo que não sabe de onde
vem, pobre do povo que sem estrutura, acaba crendo na loucura de ter que ser outro
pra ser alguém. são palavras de um homem preto, samurai, brasileiro, cafuzo,
versador com tambor de ideias pra disparar. sou dono do mundo. há sempre um
mundo pra gente fazer e a gente combinamos de não morrer como conceição
evaristo já disse, e em homenagem a jota mombaça: precisávamos também que
eles tivessem combinado de não nos matar. são eles que morrem a gente, apesar
do que a gente combinamos. e nessas mesmas palavras que ecoam se movem e se
transpõem, nesse mesmo tambor de ideias, nessas mesmas batidas, nesse
combinado, apesar do descombinado deles, elucidamos a trajetória como vista no
ensaio de conceição evaristo; de que cor eram os olhos de minha mãe? contamos
como nos lembramos de algumas histórias do passado e como elas se confundem
com nossas próprias histórias. cantávamos, dançávamos, sorriamos. os olhos dela
se confundiam às vezes com a natureza. chovia. nunca nos esquecemos dos cantos
dos ancestrais, que desde áfrica, com sangue e palavras, araram as terras com suas
próprias mãos. De um mundo filho nosso, com nossa cara, um mundo não acabado.
tudo se mistura, se mescla e vira verso. vem do vento, da alma, do olhar. mas não
lembramos ainda como eram os olhos dela, delas, yabás. donas de tanta sabedoria.
precisava de retornar ao lugar onde nasci, como um ritual, cumprido. a descoberta
das cores era como oferenda aos Orixás. vi só lágrimas, lágrimas, sorrindo feliz.
eram olhos ou rios? águas de mamãe oxum, rios calmos, profundos e enganosos. os
olhos de uma se tornam espelho para os olhos da outra. os meus. os seus. voltei e
vi todos esses encontros. os tambores tocam, entoam, como Rainhas floridas,
reverenciadas. a minha, qual é a cor? o seu espelho reflete que olhos? em tu
reverbera que sons? os tambores disparam em tu também?e apesar dos acidentes
de percurso da sua vida-estrada, consegue ainda lembrar qual é a cor?
ancestralidade é terra morta? quando se cobre do que é semelhante a você, o seu
buraco-céu abre espaço para as batidas-coração nesse céu aberto? e o que te é
semelhante alimenta a sua juventude passada? o som cabe em um corpo? o
cansaço e o tempo passado te fazem visita? os corpos-histórias contam o quê?
entrelaço essa perspectiva e a amarro com minha corda mais intimamente solta,
sem intenção de enforcar, mas genuinamente amarrada. as músicas, ritmos,
musicalidade, memória, movimento, cosmopercepções, atores linguísticos e
artístico-culturais que remontam manifestações ancestrais da diáspora, ensaiam-se
aqui relatadas, que atravessam caminhos perpendicularmente aleatórios escritos e
descritos, aqui: o funk e o rap. retiramo-nos dessa “autocriação” criva espontânea. e
então, do funk, qual a cor? do rap, qual a cor? quais os significados para cada
cor(po)-tambor? e no eco-movimento presente o que se expressa e transmuta? qual
a cachimônia dessas manifestações culturais para cada corpo-escuta, cada
corpo-lugar, melhor, cada corpo-memória? e no manifesto (apropriando-me da
palavra poeticamente) (d)essas encruzilhadas epistêmicas com todo gozo do sabor
molhado do ser, nesse contemporâneo emaranhado de nós: corpos-terreiros; que
flui e se renova no rio, que é rio e vem a ser enchente, que enche, move, que
transborda e seca, que muda. sempre muda. rio de lágrimas, rio de chuva. rios
cantantes, rios cortantes. rios que não vem para ser mar, que sempre se transmutam
e seguem, sendo eles ainda rios. nunca os mesmos. os rios que fluem nessas
correntes sanguíneas de intransigências - sempre transigentes, por si - impostas e
moduladas nos cabelos intrincados. nossos. o que muda não se perde, se aglomera.
ainda nosso. se tu ama essa cultura dialogada nas nossas africanidades, como baco
questiona, porque nos odeia? sou escrito, falado, declamado, sim, na velocidade do
vento. ainda nosso. sou tempo sempre fora da linearidade e me apresento e me faço
presente como um espesso aproximado, e muito, da memória, minha, nunca
perdida, exasperada e truculenta como seu comportamento, subvertido à minha
poesia oral, que segue musicando e dialogando, nós. sempre nós. sou performático
e rítmico, mistura de movimento e cor. meu corpo diz, fala, dança, canta, contorce e
até dá as costas para tudo aquilo. nem quero ter que falar desse trasladado
transatlântico de transversalidades linguísticas e culturais de uma morte minha .
“sacô”?. já ouviu aqueles batuques? meus tambores te doem? esses mesmos
tambores, que tocam, e tocam, e tocam, e tocam, e tocam a música que tomou
emprestada como sua. tocam sob as vozes nossas. pretinhos como o rap. pretinhos
como o funk
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