0% acharam este documento útil (0 voto)
5 visualizações19 páginas

Apostila 04 - Termodinâmica 2024 - 2

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 19

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
CAMPUS PALHOÇA BILÍNGUE

APOSTILA DE FÍSICA
ASSUNTO: TERMODINÂMICA
PROF. CLAUDIO FERRETTI
Nome: _____________________________________ turma: ____________ data: ____ / _____ / __________

4. Termodinâmica
4.1. Introdução
A Termodinâmica estudo as relações entre a energia térmica e a mecânica. É possível
converter movimento em calor, por exemplo ao esfregar fortemente uma mão contra a outra. Joule
conseguiu estabelecer esta relação e determinar que 1 cal = 4,18 J, revelando que calor e energia
mecânica são apenas formas diferentes de energia.
4.2. Nascimento da Termodinâmica
Desde a antiguidade o homem tenta dominar as forças da natureza, dentre
elas o fogo. Na Grécia, Heron de Alexandria inventou a eolípila, uma esfera metálica
oca montada sobre eixos conectados a uma câmara de vapor, do qual adquiria
movimento circular com a saída rápida do vapor. É considerada a primeira invenção
que transformava energia térmica em mecânica.

Foi apenas no século XVII, com a dificuldade de extrair


carvão a grande profundidade, que se empregou de forma
prática a energia térmica. Thomas Savery (1650 – 1715)
construí um mecanismo para retirar água de minas profundas,
com baixo rendimento, mas eficiente para a época.

Este primeiro invento permitiu a evolução rápida de


mecanismos de transformação de energia e em 1780, James
Watt (1736 – 1819) conseguiu converter o movimento
oscilante de pistão de máquinas térmicas em um movimento
circular, produzindo grande força rotacional, abrindo portas
par a Revolução Industrial na Europa. Essa máquina logo
começou a ser empregada em bombeamento de água nas
cidades, nos moinhos de farinha, na fiação, tecelagem e
fabricação de papel. Outro setor que apresentou um rápido
desenvolvimento foi o de transporte, primeiro com o barco a
vapor e posteriormente com carros de combustão interna.
Foi neste ambiente que, na primeira metade do século
XIX, nasceu a Termodinâmica, procurando entender e
aperfeiçoar máquinas térmicas.
4.3. Trabalho e calor trocado entre um gás e o meio
Um gás perfeito aprisionado dentro de um cilindro, com um pistão que pode ser
movido para cima e para baixo sem atrito, constitui o que chamamos de sistema
termodinâmico. É um sistema móvel e fechado, onde o calor e o trabalho são as únicas
energias trocadas. A realização de trabalho (τ) entre o gás e o meio ocorre através da
variação de volume do gás, caso exista alguma pressão externa sobre o sistema.
A referência é sempre o sistema termodinâmico e teremos realização de trabalho
positivo quando houver aumento de volume.
Se o volume do gás aumenta, o gás realiza trabalho e τ > 0
Diz-se que o gás realizou trabalho sobre o ambiente e, portanto, cedeu energia ao
ambiente.
Teremos realização de trabalho negativo quando houver diminuição de volume.

Se o volume do gás diminui, o gás recebe trabalho e τ < 0

Não ocorre trabalho se não houver variação de volume.

Se o volume do gás permanecer constante, o gás não troca trabalho com o meio e τ = 0

Quanto há troca de calor entre o gás e o meio ambiente, utilizaremos a mesma convenção
antes empregada onde a quantidade de calor é positiva quando recebida e negativa quando cedida

A quantidade de calor A quantidade de calor


que o gás recebe do que o gás cede para o
meio é positiva (Q>0) meio é negativa (Q<0)

4.4. Energia interna de um gás ideal


A energia interna do gás é caracterizada por seu grau de agitação térmica.
Uma relação simplificada desta energia interna pode ser obtida se
considerarmos um recipiente cúbico de aresta L contendo N moléculas de
um gás perfeito. Podemos imaginar que um terço do efeito dos
movimentos das moléculas ocorra nas cada uma das três direções Ox, Oy
e Oz. Seja m0 a massa de cada molécula e v o módulo de sua velocidade.
Considere uma molécula que se move na direção Ox. Ao colidir
elasticamente com a face A1, a molécula retorna, sofrendo uma variação
de quantidade de movimento igual a:
∆𝐩𝐩 = 2. m0 . v
Entre dois choques consecutivos com a mesma face A1 a partícula percorre a distância 2L (vai
até a face A2, colide com esta e volta). O intervalo de tempo entre dois choques consecutivos pode
ser dado por:
2L
∆t =
v

2
Por se tratar de um movimento periódico podemos encontrar a frequência com que a partícula colide
com a face A1, na unidade de tempo será:
v
f=
2L
A variação da quantidade de movimento transmitida à face A1 pela molécula na unidade de tempo é
dada por:
∆p v m0 v 2
= . 2m0 v =
∆t 2L L
Lembrando que, em média, na face A1 age 1/3 do número total das N moléculas, resulta que a
variação da quantidade de movimento transmitida à face A1 na unidade de tempo será:
∆pT N m0 v2
= .
∆t 3 L
Pelo teorema do Impulso, a variação da quantidade de movimento no tempo é a força média exercida
sobre a face A1. Disto resulta que
N m0 v 2
F= .
3 L
Assim a pressão do gás sobre a face A1 será:
𝐹𝐹 𝐍𝐍 𝐦𝐦𝟎𝟎 𝐯𝐯𝟐𝟐
𝑝𝑝 = 2 → 𝒑𝒑 = . 𝟑𝟑
𝐿𝐿 𝟑𝟑 𝐋𝐋
Sendo V = L o volume do gás e m = N.m0 sua massa, concluímos que
3

𝟏𝟏 𝐦𝐦 𝟐𝟐
𝐩𝐩 = . . 𝐯𝐯
𝟑𝟑 𝐕𝐕
A partir desta relação podemos concluir:
1) Como a energia cinética do gás é a soma das energias cinéticas de suas moléculas obtemos:
mv2 1 𝑚𝑚 3
EC = mas 𝑝𝑝 = . . 𝑣𝑣 2 → EC = pV
2 3 V 2
Utilizando a equação de Clapeyron resulta que:
𝟑𝟑
𝐄𝐄𝐂𝐂 = 𝐧𝐧𝐧𝐧𝐧𝐧
𝟐𝟐
Esta equação mostra que a velocidade média das moléculas é diretamente proporcional apenas à sua
temperatura absoluta.
2) A partir da energia cinética do gás podemos deduzir a velocidade média de cada molécula:
3 mv2 3m 𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑𝟑
EC = nRT = RT 𝐯𝐯𝟐𝟐 =
2 2 2M 𝐌𝐌
Isto significa que a velocidade média das partículas de um gás depende da sua natureza específica, ou
seja, se dois gases estiverem dentro do mesmo volume e a mesma temperatura, terão a mesma
“agitação térmica” com velocidades diferentes, pois esta velocidade depende de sua massa.
À grandeza “energia cinética de um gás” damos o nome de energia interna (U), do qual advém
expressão matemática:
𝟑𝟑
𝐔𝐔 = . 𝐧𝐧. 𝐑𝐑. 𝐓𝐓
𝟐𝟐
onde R = constante universal dos gases, T = temperatura absoluta e n = número de mols.
Esta relação é conhecida como Lei de Joule, assim expressa:
A energia interna de um dado número de mols de um gás ideal é
diretamente proporcional à sua temperatura absoluta

3
A variação da energia interna (∆U) é a variação de dois estados do gás onde ocorre variação
de temperatura. Continuando com a mesma convenção adotada anteriormente teremos:

Se a temperatura do gás Se a temperatura do gás


aumenta (∆T>0), a diminui (∆T<0), a variação
variação de energia de energia interna é
interna é positiva (∆U>0) negativa (∆U<0)

4.5. Primeira lei da termodinâmica


A Primeira Lei da Termodinâmica nada mais é que o princípio da conservação de energia
aplicada aos sistemas termodinâmicos. Pode ser enunciada da seguinte forma:
A variação de energia interna ∆U de um gás ideal, num processo termodinâmico,
é dada pela diferença entre a quantidade de calor Q trocado com o meio e
o trabalho τ realizado no processo.

Forma analítica equivale a → ∆U = Q - τ


4.6. Transformação isobárica
Trabalho realizado
Considere uma transformação isobárica de um gás ideal (pressão
constante). O gás exerce uma força F sobre a área A do êmbolo. O trabalho
realizado pelo gás é o produto da força pelo deslocamento realizado pela
força.
τ=F.d
𝐹𝐹
Mas a pressão de um gás é dada pela razão entre a força e a área: 𝑝𝑝 = → 𝐹𝐹 = 𝑝𝑝 . 𝐴𝐴
𝐴𝐴
Substituindo na primeira equação teremos: τ = p . A . d, mas A . d = ∆V, ou seja
τ = p . ∆V ou τ = p . (V2 – V1)
No gráfico pressão x volume podemos calcular o trabalho pela área formada pela
curva de transformação e o eixo dos volumes.
Utilizando a equação de Clapeyron p.V = n.R.T podemos escrever p. V1 = n.R.T1 e p2
= n.R.T2. Substituindo valores:
τP = n . R . ∆T
Essa equação só é válida para variações de estado onde ocorra variação de volume. Por isso o índice P no trabalho.
Calor trocado
A equação geral da calorimetria nos fornece a quantidade de calor trocada pelo gás a pressão
constante. Pequenas alterações devem ser realizadas
QP = m . cP . ∆T onde QP = quantidade de calor à pressão constante
cP = calor específico a pressão constante.
Como não estamos tratando com sólidos, é importante adequar as grandezas utilizadas para
gases, ou seja, massa m do gás, massa molar M, número de mols. Com m = n . M teremos:
QP = n . M . cP . ∆T . Como M . cP é o calor específico para um mol à pressão constante, substituiremos
este valor por CP recebendo o nome de calor molar a pressão constante. Logo:
QP = n . CP . ∆T
Nas transformações isobáricas sempre ocorre variação de energia interna, isto é ∆T ≠ 0.
Numa expansão isobárica, a quantidade de calor recebida é maior que o trabalho realizado

4
4.7. Transformação isocórica
Trabalho realizado
Como não ocorre variação de volume o trabalho τ=0
Em uma transformação isocórica o
trabalho realizado é nulo

Calor trocado
A quantidade de calor trocada pelo gás a volume
constante pode ser dada por
QV = m . cV . ∆T
onde QV = quantidade de calor à volume constante
cP = calor específico a volume constante.
De forma semelhante à transformação anterior, massa m do gás, massa molar M, número de mols
podem ser substituídos como m = n . M:
QV = n . M . cV . ∆T .
Como M . cV é o calor específico para um mol à volume constante, substituiremos este valor por
CV recebendo o nome de calor molar a volume constante. Logo:
QV = n . CV . ∆T
Variação de energia interna
Nas transformações isocórica o trabalho é nulo, sendo que todo o calor trocado se transforma
em variação de energia interna.

∆U = QV - τ ⇒ ∆U = QV ∆U = n . CV . ∆T

4.8. Transformação isotérmica


Como a temperatura permanece constante não ocorre
variação de energia interna (∆U = 0) e todo o calor trocado é
transformado em calor, 0 = Q -τ ⇒ (Q = τ)
∆U = 0 e Q=τ
Numa transformação isotérmica, o calor trocado pelo gás
com o exterior é igual ao trabalho
realizado no mesmo processo

4.9. Relação de Mayer


Consideremos duas transformações de um gás ideal da temperatura T1
para a temperatura T2, sendo uma isobárica (processo AB) e outra isocórica
(processo AC). Ambas apresentam a mesma variação de temperatura tendo a
mesma variação de energia interna ∆U. Logo
∆U = QP - τp (processo AB) e ∆U = QV (processo AC).
Igualando os resultados teremos: QP - τP = QV ou QP – QV = τP
Utilizando as relações anteriormente estudadas
n . CP . ∆T – n . CV . ∆T = n . R . ∆T. Simplificando os temos idênticos
CP – CV = R
O mais importante desta relação é entender que trocar calor a pressão constante necessita-se de mais energia
que a volume constante pois além de aquecer o gás devemos ainda realizar trabalho.

5
4.10. Transformação adiabática
Um gás sofre uma transformação adiabática quando não troca calor com o meio exterior:
Q=0
Essa transformação pode ocorrer quando o gás está contido no interior de um recipiente
termicamente isolado do ambiente ou quando o gás sofre expansões e compressões suficientemente
rápidas para que a troca de calor com o ambiente possam ser consideradas desprezíveis.
Pela primeira lei da termodinâmica teremos:
∆U = Q - τ se Q = 0 ⇒ ∆U = - τ

Em uma transformação adiabática, a variação de energia interna é igual em módulo


e de sentido contrário ao trabalho realizado na transformação
A razão entre os calores específicos molares (expoente de Poisson) é representada por
𝐶𝐶𝑃𝑃
𝛾𝛾 =
𝐶𝐶𝑉𝑉
Podemos provar que para uma transformação adiabática, a relação entre a pressão e o volume
de um gás ideal é dada por

𝐩𝐩𝐢𝐢 𝐕𝐕𝐢𝐢𝛄𝛄 = 𝐩𝐩𝐟𝐟 𝐕𝐕𝐟𝐟


𝛄𝛄
𝒑𝒑𝑽𝑽𝜸𝜸 = 𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄𝒄 ⟹

4.11. Expansão Livre


A expansão livre de um gás é um processo adiabático que não envolve trabalho realizado pelo
gás ou sobre o gás nem variação da energia interna do gás. Em uma expansão livre, o gás está em
equilíbrio apenas nos pontos inicial e final, onde podemos identificar esses pontos em um diagrama
p-V, mas não descrever a trajetória da expansão. Além disso, como não ocorre variação de energia
interna, as temperaturas final e inicial são iguais, devendo os pontos inicial e final estar em uma
isoterma. Se o gás for ideal, o produto pV não varia.
𝒑𝒑𝒊𝒊 𝑽𝑽𝒊𝒊 = 𝒑𝒑𝒇𝒇 𝑽𝑽𝒇𝒇

4.12. Exercícios de Primeira Lei da Termodinâmica


1. Qual a energia interna, dada em quilojoules, de 1,0 mols de um gás perfeito na temperatura
de -73°C? Considere R = 8,31 J/mol.K.
a) 1,91
b) 2,49
c) 4,55
d) 55,7
e) 60,9.
2. Quando são colocados 12 mols de um gás em um recipiente com êmbolo que mantém a pressão igual
à da atmosfera, inicialmente ocupando 2m³. Ao empurrar o êmbolo, o volume ocupado passa a ser
1m³. Considerando a pressão atmosférica igual a 105 N/m², qual é o trabalho, em módulo, realizado
sob o gás, dado em 105 J?
a) 1
b) 2
c) 10
d) 20
e) 12

6
3. Uma transformação é dada pelo gráfico ao lado: Qual o trabalho
realizado por este gás, dado em 105 J?
a) 4
b) 5
c) 9
d) 18
e) 20
O gráfico abaixo ilustra uma transformação 100 mols de gás ideal monoatômico recebem do meio exterior
uma quantidade de calor 1,8 X 106 J.
Dado R = 8,32 J/mol.K. Determine:
4. O trabalho realizado pelo gás, em 105 J;
a) 1,5;
b) 2,5.
c) 4,5;
d) 45,5;
e) 65,5.
5. A variação da energia interna do gás, dada em 105 J;
a) 13,5;
b) 23,5.
c) 45,5;
d) 53,3;
e) 66,3.
6. A temperatura do gás no estado A, dada em Kelvin.
a) 235;
b) 246.
c) 293;
d) 303;
e) 361.
7. A respeito da primeira lei da Termodinâmica, marque a alternativa incorreta:
a) Em uma transformação isotérmica, a variação da energia interna é nula.
b) A primeira lei da Termodinâmica trata da conservação da energia.
c) Em uma transformação isocórica, não haverá realização de trabalho.
d) Em uma transformação adiabática, o trabalho será realizado pelo gás quando a variação
da energia interna é positiva.
e) A primeira lei da Termodinâmica diz que o calor fornecido a um gás é igual à soma do
trabalho realizado pelo gás e a sua variação da energia interna.

8. Um cilindro com êmbolo móvel contém 100mL de CO2 a 1,0 atm. Mantendo a temperatura constante,
se quisermos que o volume diminua para 25 mL, teremos que aplicar uma pressão igual a:
a) 5 atm.
b) 4 atm.
c) 2 atm.
d) 0,4 atm.
e) 0,1 atm.

7
9. De acordo com a lei de Robert Boyle (1660), para proporcionar um aumento na pressão de uma
determinada amostra gasosa numa transformação isotérmica, é necessário:
a) aumentar o seu volume.
b) diminuir a sua massa.
c) aumentar a sua temperatura.
d) diminuir o seu volume.
e) aumentar a sua massa.

10. Determine o volume ocupado por 1 mol de substância gasosa a 10 atm de pressão e 25oC.
a) 22,4 L.
b) 2,44 L.
c) 20,5 L.
d) 0,205 L.
e) 244,36 L
11. Uma transformação é dada pelo gráfico ao lado: Qual o
trabalho realizado por este gás, dado em 105 J?
a) 4
b) 5
c) 9
d) 18
e) 20

12. À que temperatura se deveria elevar certa quantidade de um gás ideal, inicialmente a 300 K, para
que tanto a pressão como o volume se duplicassem?
a) 1200 K
b) 1100 K
c) 900 K
d) 800 K
e) 700 K
13. A garrafa térmica é um reservatório utilizado na maioria das residências, escritórios, etc. Sua
função é o de conservar líquidos frios ou quentes, impedindo ou, pelo menos, diminuindo as trocas
térmicas entre o líquido e o meio exterior. O processo físico que melhor explica a conservação
térmica dos líquidos dentro da garrafa térmica é o
a) isotérmico.
b) isobárico.
c) isométrico.
d) adiabático.
e) isotérmico e o isobárico.
14. Um gás ideal que apresente 11,2 litros a 00C e 1 atmosfera de pressão apresentará:
a) 6 x 1023 moléculas.
b) 0,5 mols;
c) 273 gramas.
d) 20 cal de energia interna.
e) 22,4 litro na CNTP.

8
15. Um gás é aquecido a volume constante. A pressão exercida pelo gás sobre as paredes do recipiente
aumenta porque:
a) a distância média entre as moléculas aumenta.
b) a massa específica das moléculas aumenta com a temperatura.
c) as moléculas passam a se chocar com maior frequência com as paredes do recipiente.
d) a perda de energia cinética das moléculas nas colisões com a parede aumenta.
e) o número de partículas por unidade de volume aumenta.

16. Um sistema composto por n mols de um gás ideal sofre transformação


hipotética mostrada no gráfico. Sabe-se que a energia interna U1 = 1.600 J
e U2 = 400 J. Calcule a quantidade de calor envolvida no processo.
a) 1200 J;
b) 2000 J;
c) – 980 J;
d) 1200 J;
e) – 840 J
17. Um gás ideal, inicialmente no estado 1, sofre transformações representadas na
figura. A temperatura do gás no estado 1 é 300 K. O trabalho realizado na
transformação de 1 a 4 e a temperatura no estado 4 serão respectivamente:
a) 3 x 102 J e 709,1 K;
b) 6 x 102 J e 909,1 K;
c) 9 x 102 J e 128,3 K;
d) 12 x 102 J e 209,7 K;
e) 1 x 102 J e 115,1 K;
18. Certa massa de um gás sofre uma transformação termodinâmica adiabática e realiza um trabalho.
Considere as seguintes afirmações sobre o estado da massa do gás, depois da transformação ter se
efetivado:
I) A massa do gás apresenta um aumento de energia interna.
II) A quantidade de calor recebida pelo gás foi nula.
III) A perda de energia interna do gás é igual a quantidade de calor cedida para o meio externo.
IV) O trabalho realizado pelo gás é igual à perda de sua energia interna.
É correto apenas o que se afirmar em:
a) I
b) II e III
c) I e II
d) II e IV
e) III
19. Uma amostra de um gás ideal sofre a sequência de processos descrita pelo
gráfico pressão versus temperatura mostrado. É correto afirmar que o volume
do gás:
a) diminui no trecho AB, permanece constante no trecho BC, aumenta no
trecho CD;
b) aumenta no trecho AB, permanece constante no trecho BC, diminui no
trecho CD;
c) aumenta no trecho AB, diminui no trecho BC, permanece constante no trecho CD;
d) permanece constante no trecho AB, aumenta no trecho BC, diminui no trecho CD;
e) permanece constante no trecho AB, aumenta no trecho BC, permanece constante no trecho CD.

9
20. Qual é o volume ocupado por 1,00 mol de um gás ideal nas condições normais de temperatura e
pressão (CNTP), ou seja, 1,00 atm (= 1,01 × 105 Pa) e 273 K? (b) Mostre que o número de moléculas
por metro cúbico nas CNTP é 2,69 × 1025. (Esse número é chamado de número de Loschmidt.)
21. Um cano de comprimento L = 25,0 m, aberto em uma das extremidades,
contém ar à pressão atmosférica. O cano é introduzido verticalmente em um
lago de água doce até que a água atinja metade da altura do tubo. Qual é a
profundidade h da extremidade inferior do tubo? Suponha que a
temperatura da água é a mesma do ar e não varia quando o cano é
introduzido na água.

4.13. Transformação cíclica de um gás


Transformação cíclica refere-se a um conjunto de processos sofridos pelo gás, ao fim do qual
ele retorna ao seu estado original, com mesma temperatura, volume e pressão.
Em qualquer ciclo, o gás volta a mesma temperatura inicial o que implica variação de energia
interna nula (∆U = 0). Isso permite concluir que trabalho pode ser convertido em calor ou que calor
pode ser convertido em trabalho.
∆U = 0 ⇒ ∆U = Q - τ ⇒ 0 = Q - τ ⇒ τ = Q
Podemos entender por trabalho a soma de todos os trabalhos realizados nas diversas etapas da
transformação: τ = τ1 + τ2 + τ3 + .... + τn. O mesmo se diga dos calores trocados: Q = Q1 + Q2 + Q3 + ... + Qn.
Se observarmos um ciclo no diagrama pressão x volume (diagrama de
Clapeyron) vemos que, em um ciclo percorrido no sentido horário, o trabalho que o
gás realiza na expansão (τ>0) é maior que o trabalho recebido na compressão (τ<0) e
por isso o trabalho total no ciclo (a área interna da figura) é positivo.
Se observarmos o mesmo ciclo no diagrama pressão x volume (diagrama de
Clapeyron) vemos que, em um ciclo percorrido no sentido anti-horário, o trabalho que
o gás realiza na compressão (τ<0) é maior que o trabalho recebido na expansão (τ>0) e
por isso o trabalho total no ciclo (a área interna da figura) é negativa.
Como a quantidade de calor trocada Q é igual ao trabalho realizado τ,
ambos têm sempre o mesmo sinal. Este sistema se constitui em uma máquina térmica ou motor
térmico e podemos concluir que:
Ciclo horário: conversão de calor em trabalho.
Ciclo anti-horário: conversão de trabalho em calor.
4.14. Exercícios de Transformação Cíclica
22. Um gás perfeito passa pela transformação cíclica A → B → C → A, cujo gráfico da pressão versus
volume está representado a seguir. São feitas as afirmações:
I. O trabalho realizado durante o ciclo é positivo.
II. A transformação A → B é isotérmica e o gás recebe calor da
fonte quente durante essa transformação.
III. A transformação C → A é isovolumétrica e o gás diminui sua
energia interna durante essa transformação.
Está correto o que se afirma, apenas, em
a) I
b) II
c) I e II
d) II e III
e) I e III
f)

10
23. Quando um gás perfeito descreve um ciclo, sua energia interna:
a) aumenta
b) diminui
c) varia, mas o valor final é igual ao valor inicial.
d) não pode ser determinada.
e) permanece constante.

24. Numa transformação de um gás perfeito, os estados final e inicial acusaram a mesma energia
interna. Certamente:
a) a transformação foi cíclica.
b) a transformação isométrica.
c) não houve troca de calor entre o gás e o ambiente.
d) são iguais as temperaturas dos estados inicial e final.
e) não houve troca de trabalho entre o gás e o meio.

25. Assinale a alternativa incorreta:


a) a quantidade de calor envolvida no ciclo é sempre diferente de zero.
b) a variação da energia interna total é zero.
c) o trabalho do ciclo dependerá das transformações envolvidas.
d) operando no sentido horário o trabalho envolvido é positivo.
e) o trabalho nunca é nulo.

26. Considere a transformação cíclica de um gás perfeito


representada no gráfico. A variação da energia interna e o
trabalho em cada ciclo são, respectivamente, iguais a:
a) 0 e 900 J.
b) 900 J e 0.
c) -900 J e 0.
d) 0 e -900 J.
e) -900 J e 900 J

27. Sobre transformações cíclicas, são feitas algumas afirmações, determine quais estão corretas.
I – A variação de energia interna em uma transformação cíclica é nula;
II – O trabalho, em uma transformação cíclica, é sempre positivo;
III – Ao completar um ciclo, o gás tem a mesma temperatura com a qual começou a
transformação;
IV – Uma transformação cíclica é, obrigatoriamente, composta de transformações conhecidas,
como adiabática, isocórica, etc;
a) I e III
b) I e II
c) II e III
d) I e IV
e) III e IV

11
28. O diagrama pressão × volume abaixo ilustra a
transformação cíclica que 1,0 mol de gás ideal sofre.
Analisando o gráfico, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(__) A variação da energia interna do gás quando passa do
estado A para o estado C seguindo o caminho ABC é
maior do que quando segue o caminho ADC, em um
processo inverso.
(__) A pressão em B é 6·105 Pa.
(__) O trabalho realizado no ciclo fechado é 8·105 J.
(__) A variação da energia interna para ir de D para A se deve à variação da quantidade de calor.
29. O gráfico da pressão p em função do volume V de um gás
ideal representa uma transformação cíclica ocorrida em três
fases. Inicia-se o ciclo por uma transformação isobárica,
seguida de uma transformação isovolumétrica e,
finalmente, de uma transformação isotérmica. Sejam T1, T2
e T3 as temperaturas do gás nos pontos 1, 2 e 3,
respectivamente. Em relação a essas temperaturas, pode-se
afirmar que
a) T1 = T2 = T3.
b) T1 = T2 e T1 > T3.
c) T1 = T3 e T1 > T2.
d) T1 = T3 e T1 < T2.
e) T1 = T2 e T1 < T3.
30. Um gás ideal sofre as transformações AB, BC, CD e DA, de
acordo com o gráfico a seguir. Através da análise do
gráfico, assinale adiante a alternativa correta.
a) Na transformação CD, o trabalho é negativo.
b) A transformação AB é isotérmica.
c) Na transformação BC, o trabalho é negativo.
d) A transformação DA é isotérmica.
e) Ao completar o ciclo, a energia interna aumenta.
31. No diagrama PV, a seguir, está representada uma série de
processos termodinâmicos. No processo ab, 250 J de calor
são fornecidos ao sistema, e, no processo bd, 600 J de calor
são fornecidos ao sistema. Analise as afirmações que se
seguem.
I. O trabalho realizado no processo ab é nulo.
II. A variação de energia interna no processo ab é 320 J.
III. A variação de energia interna no processo abd é 610 J.
IV. A variação de energia interna no processo acd é 560 J.
É CORRETO afirmar que apenas as(a) afirmações(ão)
a) II e IV estão corretas.
b) IV está correta.
c) I e III estão corretas.
d) III e IV estão corretas.
e) II e III estão corretas.

12
32. Uma amostra de gás ideal sofre as transformações mostradas no diagrama
pressão x volume, ilustrado a seguir. Observe-o bem e analise as afirmativas
abaixo, apontando a opção correta:
a) A transformação AB é isobárica e a transformação BC, isométrica.
b) O trabalho feito pelo gás no ciclo ABCA é positivo.
c) Na etapa AB, o gás sofreu compressão, e na etapa BC, sofreu expansão.
d) O trabalho realizado sobre o gás na etapa CA foi de 8 J.
e) A transformação CA é isotérmica.
33. Um gás ideal, confinado numa câmara, é submetido ao ciclo
termodinâmico ABCA indicado na figura abaixo. A curva BC é uma
isoterma. Verifique se as proposições a seguir são corretas ou incorretas.
I. Na etapa BC, calor flui do gás para a vizinhança;
II. Na etapa BC, a energia interna do gás aumenta;
III. Na etapa AB, a energia interna do gás fica constante;
IV. Na etapa AB, o gás recebe calor e realiza trabalho sobre a vizinhança;
V. Num ciclo ABCA, a energia interna do gás aumenta e este aumento é igual à área delimitada pelo ciclo;

Marque a alternativa que contém as proposições corretas.


a) I e IV, apenas.
b) Apenas V, apenas.
c) II e III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) I, IV e V.
34. Um gás sofre a transformação termodinâmica cíclica ABCA
representada no gráfico p × V. No trecho AB a transformação é
isotérmica. Analise as afirmações:
(__) A pressão no ponto A é 2,5·105 N/m2.
(__) No trecho AB o sistema não troca calor com a vizinhança.
(__) No trecho BC o trabalho é realizado pelo gás e vale 2,0·104 J.
(__) No trecho CA não há realização de trabalho.
(__) Pelo gráfico, o trabalho realizado pelo gás no ciclo ABCA é maior
do que 4,0·104 J.
35. O gás que circula num compressor de geladeira executa um ciclo
termodinâmico no sentido anti-horário como o apresentado na figura ao
lado. Sabendo que a transformação C é adiabática, considere as seguintes
afirmativas:
I. A transformação A ocorre a volume constante e nenhum trabalho
é realizado.
II. A transformação B é isobárica e o meio externo realiza trabalho
sobre o gás.
III. Não há trocas de calor na transformação C.
IV. A temperatura na transformação C é constante.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.

13
36. Determinada massa de gás ideal sofre a transformação cíclica
ABCDA mostrada no gráfico. As transformações AB e CD são
isobáricas, BC é isotérmica e DA é adiabática. Considere que, na
transformação AB, 400 kJ de calor tenham sidos fornecidos ao
gás e que, na transformação CD, ele tenha perdido 440 kJ de
calor para o meio externo. Calcule o trabalho realizado pelas
forças de pressão do gás na expansão AB e a variação de energia
interna sofrida pelo gás na transformação adiabática DA.

37. O diagrama relaciona valores de pressão e volume que ocorrem em


determinada máquina térmica. De sua análise, pode-se inferir que
a) se a linha 2 fosse uma reta ligando os pontos A e B, ela representaria
uma expansão isotérmica do gás.
b) a área compreendida entre as duas curvas representa o trabalho
realizado sobre o gás no decorrer de um ciclo completo.
c) a área formada imediatamente abaixo da linha indicada por 1 e o eixo V equivale,
numericamente, ao trabalho útil realizado pelo gás em um ciclo.
d) o ciclo representa os sucessivos valores de pressão e volume, que ocorrem em uma
máquina podendo ser, por exemplo, uma locomotiva a vapor.
e) no ponto indicado por A, o mecanismo apresenta grande capacidade de realização de
trabalho devido aos valores de pressão e volume que se associam a esse ponto.

4.15. Segunda Lei da Termodinâmica


4.15.1. Processos Irreversíveis e Entropia1
Existem processos físicos unidirecional e irreversíveis que aceitamos como perfeitamente
natural. Se um desses processos ocorresse espontaneamente no sentido inverso, ficaríamos
perplexos. Entretanto, nenhum desses processos “no sentido errado” violaria a lei da conservação da
energia. Por exemplo, se você estourasse um balão de hélio, levaria um susto se, algum tempo depois,
as moléculas de hélio se reunissem para assumir a forma original do balão. Esse é obviamente o
sentido errado para as moléculas se moverem, mas a energia total do sistema fechado (moléculas +
aposento) seria a mesma que para um processo no sentido correto.
Assim, não são as mudanças de energia em um sistema fechado que determinam o sentido
dos processos irreversíveis; o sentido é determinado por outra propriedade, que será discutida neste
capítulo: a variação de entropia ΔS do sistema. No entanto, podemos enunciar uma propriedade,
chamada postulado da entropia:
Todos os processos irreversíveis em um sistema fechado
são acompanhados por um aumento de entropia.

Graças a essa propriedade, a variação de entropia é às vezes chamada de “seta do tempo”.


Assim, por exemplo, associamos a explosão de um milho de pipoca ao sentido positivo do tempo e ao
aumento da entropia. O sentido negativo do tempo (um filme passado ao contrário) corresponde a
uma pipoca se transformando em milho. Como esse processo resultaria em uma diminuição de
entropia, ele jamais acontece.

1
Texto adaptado de Fundamentos da Física Vol 2, Halliday e Resnick, 10ª edição, LTC

14
Vamos definir o que significa
variação de entropia através da expansão
livre de um gás ideal.
A figura ao lado mostra o gás no
estado de equilíbrio inicial i, confinado por
uma válvula fechada ao lado esquerdo de
um recipiente termicamente isolado. Quando abrimos a válvula, o gás se expande para ocupar todo
o recipiente, atingindo, depois de certo tempo, estado de equilíbrio final f. Trata-se de um processo
irreversível; as moléculas do gás jamais voltam a ocupar apenas o lado esquerdo do recipiente.
O diagrama p-V do processo mostra a pressão e o volume do gás no
estado inicial i e no estado final f. A pressão e o volume são propriedades de
estado, ou seja, propriedades que dependem apenas do estado do gás e não da
forma como chegou a esse estado. Vamos agora supor que o gás possui mais
uma propriedade de estado: a entropia.
Além disso, vamos definir a variação de entropia Sf – Si do sistema durante um processo que
leva o sistema de um estado inicial i para um estado final f pela equação 2:
∆𝑸𝑸
∆𝑺𝑺 = 𝑺𝑺𝒇𝒇 − 𝑺𝑺𝒊𝒊 =
𝑻𝑻

A variação de entropia depende não só da energia transferida na forma de calor, mas também
da temperatura na qual a transferência ocorre. Como T é sempre positiva, o sinal de ΔS é igual ao
sinal de Q. A unidade de entropia e de variação de entropia no SI é o joule por kelvin.
Enquanto o gás se expande para ocupar todo o recipiente, a pressão, a temperatura e o
volume do gás flutuam de forma imprevisível. Não podemos descrever uma trajetória pressão-volume
da expansão livre no diagrama p-V e, consequentemente, não podemos escrever uma relação entre
Q e T que nos permita realizar calcular a entropia.
Em uma expansão livre a temperatura de um gás ideal
não varia. Assim os pontos i e f devem estar em uma isoterma.
Se substituirmos a expansão irreversível por uma expansão
isotérmica reversível, poderemos resolver mais facilmente o
problema. Os dois processos são fisicamente bastante
diferentes, mas possuem o mesmo estado inicial e final e,
portanto, a variação de entropia é a mesma nos dois casos.
Mantendo a temperatura constante teremos:
𝑸𝑸
∆𝑺𝑺 = 𝑺𝑺𝒇𝒇 − 𝑺𝑺𝒊𝒊 = (variação de entropia no processo isotérmico)
𝑻𝑻

4.15.2. Explicitação da Segunda Lei da Termodinâmica


O uso de um processo reversível para calcular a variação de entropia de um gás envolve uma
aparente contradição. Quando fazemos com que o processo reversível ocorra verificamos que a
variação de entropia do gás (que tomamos como nosso sistema) é positiva. Entretanto, como o
processo é reversível, podemos fazê-lo ocorrer no sentido inverso, até que o volume original do gás
seja restabelecido. Nesse processo inverso, devemos extrair energia do gás, na forma de calor, para
evitar que a temperatura aumente. Assim, Q é negativo, e a entropia do gás diminui. Essa diminuição
da entropia do gás não viola o postulado da entropia, segundo o qual a entropia sempre aumenta?

2 𝑓𝑓 𝑑𝑑𝑑𝑑
De forma mais precisa seria dado pela soma das variações infinitesimais de troca de calor ∆𝑆𝑆 = 𝑆𝑆𝑓𝑓 − 𝑆𝑆𝑖𝑖 = ∫𝑖𝑖
𝑇𝑇

15
Não, porque o postulado é válido somente para processos irreversíveis que ocorrem em sistemas
fechados. O processo que acabamos de descrever não satisfaz esses requisitos. O processo não é
irreversível e (como energia é transferida do gás para a fonte na forma de calor) o sistema (que é
apenas o gás) não é fechado.
Por outro lado, quando consideramos a fonte como parte do sistema, passamos a ter um
sistema fechado. Nesse processo reversível, energia é transferida, na forma de calor, do gás para a
fonte, ou seja, de uma parte do sistema ampliado para outra. Seja |Q| o valor absoluto desse calor.
Podemos calcular separadamente as variações de entropia do gás (que perde |Q|) e para a fonte (que
ganha |Q|). Obtemos ∆𝑆𝑆𝑔𝑔á𝑠𝑠 = −|𝑄𝑄 |/𝑇𝑇 e ∆𝑆𝑆𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 = +|𝑄𝑄 |/𝑇𝑇. A variação da entropia do sistema
fechado é a soma dos dois valores, ou seja, zero.
Podemos enunciar a Segunda Lei da Termodinâmica como:
Se um processo ocorre em um sistema fechado, a entropia do sistema aumenta se o processo
for irreversível e permanece constante se o processo for reversível.

4.15.3. A Entropia no Mundo Real: Máquinas Térmicas


A segunda lei da termodinâmica pode ser aplicada às máquinas térmicas, e podemos ficar com
a enunciada por Max Planck e por Lord Kelvin referente a máquinas térmicas.
É impossível a construção de uma máquina térmica que opere em ciclos,
tendo como efeito único retirar calor de uma fonte térmica e convertê-lo
integralmente em trabalho.

4.16. Máquina térmica


O princípio de funcionamento das máquinas térmicas é a diferença de
temperatura. Assim como em uma diferença de altura o corpo parte do mais alto ao
mais baixo, o calor flui do mais quente ao mais frio. Retira uma quantidade de calor
Q1 da fonte quente e entrega uma quantidade de calor Q2 na fonte fria. A diferença
é convertida em trabalho τ.
τ = Q1 – Q2
Rendimento da máquina térmica
Define-se rendimento (η) da máquina térmica a razão entre a energia útil (trabalho) e a energia
total recebida da fonte térmica Q1.
𝛕𝛕
𝛈𝛈 =
𝐐𝐐𝟏𝟏
Considerando que τ = Q1 – Q2 podemos reescrever o rendimento como
τ Q1 −|Q2 | |Q2 | |𝐐𝐐𝟐𝟐 |
η= ⇒ η= =1− 𝛈𝛈 = 𝟏𝟏 −
Q1 Q1 Q1 𝐐𝐐𝟏𝟏

4.17. Máquina frigorífica


As máquinas frigoríficas têm a função de transferir calor de um local de
menor temperatura para outro de temperatura mais elevada. Isto não ocorre
naturalmente necessitando realizar trabalho para contrariar a tendência espontânea
da propagação de calor.
Na máquina frigorifica, em vez de definirmos rendimento, definimos
eficiência (e), dada pela razão entre a quantidade de calor Q2, retirada da fonte fria,
e o trabalho realizado para esta tarefa.
𝐐𝐐𝟐𝟐
𝐞𝐞 =
𝛕𝛕

16
4.18. O ciclo de Carnot
Apesar do rendimento térmico ser limitado, menor que
1, deve haver um rendimento máximo a ser atingido. Carnot
demonstrou teoricamente que existe uma sequência específica
de transformações em que a máquina térmica obtém o máximo
rendimento. Esse ciclo, ciclo de Carnot, é realizado por uma
máquina ideal, ao qual também recebe o nome de máquina de
Carnot.
Este ciclo é constituído por duas transformações
isotérmicas e duas adiabáticas, como no gráfico ao lado.
O sistema passa do estado A para B por meio de uma transformação isotérmica reversível; de
B para C por meio de uma transformação adiabática reversível; de C para D, novamente uma
transformação isotérmica reversível e fechando o ciclo, passa de D para A em uma nova
transformação adiabática reversível. A quantidade de calor Q1 é absorvida pelo gás de uma fonte
quente a temperatura T1 e, depois de uma transformação adiabática, cede a quantidade de calor Q2
a uma fonte fria de temperatura T2.

4.19. Variação de Entropia no Ciclo de Carnot


Em uma máquina de Carnot existem duas (e apenas duas) transferências de energia reversíveis
na forma de calor e, portanto, duas variações da entropia da substância de trabalho, uma à
temperatura T1 e outra à temperatura T2. A variação líquida de entropia por ciclo é dada por
|𝑄𝑄1 | |𝑄𝑄2 |
∆𝑆𝑆 = ∆𝑆𝑆1 + ∆𝑆𝑆2 = −
𝑇𝑇1 𝑇𝑇2
Nesta equação, ΔS1 é positiva, já que uma energia |Q1| é
adicionada à substância de trabalho na forma de calor (o que
representa um aumento de entropia), e ΔS2 é negativa, pois uma
energia |Q2| é removida da substância de trabalho na forma de
calor (o que representa uma diminuição de entropia). Como a
entropia é uma função de estado, devemos ter ΔS = 0 para o ciclo
completo. Fazendo ΔS = 0
|𝐐𝐐𝟐𝟐 | |𝐐𝐐𝟏𝟏 | |𝐐𝐐𝟐𝟐 | 𝐓𝐓𝟐𝟐
= → =
𝐓𝐓𝟐𝟐 𝐓𝐓𝟏𝟏 |𝐐𝐐𝟏𝟏 | 𝐓𝐓𝟏𝟏

Note que, como T2 < T1, temos |Q2| < |Q1|, ou seja, mais energia é extraída na forma de calor da
fonte quente do que é fornecida à fonte fria.
A partir destas considerações e da expressão do rendimento das máquinas térmicas visto
|𝑄𝑄2 |
anteriormente 𝜂𝜂 = 1 − 𝑄𝑄1
, podemos concluir que o rendimento da máquina de Carnot,
funcionando entre duas fontes a temperatura T1 e T2 é:

𝐓𝐓𝟐𝟐
𝛈𝛈 = 𝟏𝟏 −
𝐓𝐓𝟏𝟏
Uma máquina térmica perfeita, teria |Q1| zero e |Q2| seria convertido totalmente em
trabalho. Se fosse instalada em um navio, por exemplo, uma máquina desse tipo poderia extrair o
calor da água e usá-lo para acionar as hélices, sem nenhum consumo de combustível. Um automóvel

17
equipado com um motor desse tipo poderia extrair calor do ar e usá-lo para
movimentar o carro, novamente sem nenhum consumo de combustível. Para
isso, essa máquina teria que trabalhar com 100% de eficiência (ou seja, com η =
1) se
T2 = 0 ou T1 = ∞, condições impossíveis de conseguir na prática. Na verdade, a
experiência levou à seguinte versão alternativa da segunda lei da
termodinâmica, que, em última análise, equivale a dizer que nenhuma máquina
térmica é perfeita:
Não existe uma série de processos cujo único resultado seja a conversão
total em trabalho da energia contida em uma fonte de calor.

4.20. Terceira lei da termodinâmica


De acordo com a teoria cinética, pode-se supor que exista uma temperatura suficientemente baixa em que todas
as partículas do corpo estejam em repouso absoluto – o zero absoluto. No entanto, a Teoria Quântica não admite este
estado, sempre há uma agitação residual das partículas do corpo que pode ser calculada e medida experimentalmente.
Nernst conseguiu compatibilizar essas duas ideias admitindo que o zero absoluto está relacionado a um estado
de ordem absoluta das partículas, que significa a inexistência de movimento. Seria como em grande congestionamento
todos os carros permanecessem com o motor ligado, mas sem poder mover-se um milímetro. Esta seria uma propriedade
intrínseca da matéria, ou seja, o zero absoluto é o mesmo para todos os materiais, é um limite físico tal com a velocidade
da luz. A terceira lei da termodinâmica por ele formulada expressa mais esta limitação natural.

Não é possível por nenhuma série finita de processos,


atingira temperatura zero kelvin.

4.21. Exercícios – Termodinâmica


38. Quanta energia deve ser transferida na forma de calor para uma expansão isotérmica reversível
de um gás ideal a 132°C para que a entropia do gás aumente de 46,0 J/K?
39. Em uma máquina térmica são fornecidos 3kJ de calor a um gás ideal pela fonte quente, e no ciclo 780J passam
para a fonte fria. Qual o trabalho realizado pela máquina, se considerarmos que toda a energia que não é
transformada em calor passa a realizar trabalho?
a) 1100 J;
b) 2220 J
c) 4440 J
d) 5670 J
e) 6440 J
40. Qual o rendimento da máquina térmica do exercício anterior?
a) 50 %
b) 60 %
c) 74 %
d) 82%
e) 100 %
41. Certa máquina térmica recebe 500 J de calor e realiza um trabalho de 125 cal. Sendo 1 cal = 4 J, marque a
alternativa correta.
a) Essa máquina contraria a primeira lei da Termodinâmica.
b) A máquina não contraria a segunda lei da Termodinâmica.
c) O rendimento dessa máquina é de 25%.
d) A máquina não contraria a primeira lei da Termodinâmica, que trata sobre a conservação da
energia.
e) Como o rendimento da máquina é de 25%, podemos afirmar que ela não contraria a primeira lei
da Termodinâmica.

18
42. O rendimento de uma máquina térmica de Carnot é de 25% e a fonte fria é a própria atmosfera a
270C. A temperatura da fonte quente neste caso é de:
a) 3270C
b) 1270C
c) 5270C
d) 2270C
e) 270C

43. Uma máquina térmica opera segundo o ciclo JKLMJ


mostrado no diagrama T-S da figura.
Pode-se afirmar que:
a) processo JK corresponde a uma compressão
isotérmica.
b) o trabalho realizado pela máquina em um ciclo é
W = (T2 – T1)(S2 – S1).
c) o rendimento da máquina é dado por η = 1 – T2/T1.
d) durante o processo LM, uma quantidade de calor
QLM = T1(S2 – S1) é absorvida pelo sistema.
e) outra máquina térmica que opere entre T2 e T1 poderia eventualmente possuir um
rendimento maior que a desta.

44. Qual o trabalho realizado pela máquina


a) 1100 J;
b) 2220 J
c) 4440 J
d) 5670 J
e) 6440 J

45. Qual o rendimento desta máquina térmica?


a) 50 %
b) 60 %
c) 74 %
d) 82%
e) 100 %
46. O 2° princípio da Termodinâmica pode ser enunciado da seguinte forma: “É impossível construir uma máquina
térmica operando em ciclos, cujo único efeito seja retirar calor de uma fonte e convertê-lo integralmente em
trabalho.” Por extensão, esse princípio nos leva a concluir que:
a) sempre se pode construir máquinas térmicas cujo rendimento seja 100%;
b) qualquer máquina térmica necessita apenas de uma fonte quente;
c) calor e trabalho não são grandezas homogêneas;
d) qualquer máquina térmica retira calor de uma fonte quente e rejeita parte desse calor para uma fonte
fria;
e) somente com uma fonte fria, mantida sempre a 0°C, seria possível a uma certa máquina térmica
converter integralmente calor em trabalho.

19

Você também pode gostar