RBAC v55 n4 2023 - Artigo05

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

ARTIGO ORIGINAL/ORIGINAL ARTICLE

Ocorrência de infecção urinária comunitária em pacientes


atendidos em laboratório privado em Belém – PA
Occurrence of community urinary tract infection in patients treated at a private
laboratory in Belém – PA

Lorena Caroline Xavier dos Passos1, Mioni Thieli Figueiredo Magalhães de Brito2

1
Faculdade de Farmácia – Universidade Federal do Pará. Belém, PA, Brasil.
2
Professora, Universidade Federal do Pará. Belém, PA, Brasil.

Resumo
Objetivo: Descrever a ocorrência de infecção urinária comunitária e a resistência aos antibióticos em pacientes atendidos num laboratório particular na
cidade de Belém. Métodos: Realizou-se um estudo epidemiológico descritivo de 2.686 pacientes, no período de março de 2019 a março de 2020, em que
as informações foram organizadas e tabuladas no programa software Microsoft Office Excel 2013, de acordo com idade, sexo, bactérias e antibióticos
resistentes. Resultados: Em relação ao sexo, as mulheres apresentaram 93,1% dos casos. A faixa etária de maior incidência está em pacientes de 18 a 49
anos, a marcar 53,2%. O patógeno de maior ocorrência foi a Escherichia coli, com 59,35%. No caso de resistência bacteriana, a cefalotina liderou com
20,33%. Conclusão: As mulheres lideram o número de casos, que são ocasionados por diversos fatores, entre eles as questões anatômicas. Uma das faixas
etárias mais atingidas com infecção urinária é a de jovens e adultos. Os bacilos Gram-negativos entéricos são os patógenos com a maior incidência de
casos de infecção urinária comunitária. A cefalosporina de primeira geração cefalotina é o fármaco com maior ocorrência de resistência bacteriana.
Palavras-chave: Farmacorresistência Bacteriana; Antibacterianos; Bactérias.

Abstract
Objective: To describe the occurrence of community urinary tract infection and antibiotic resistance in patients treated in a private laboratory in the
city of Belém. Methods: A descriptive epidemiological study of 2686 patients was carried out from March 2019 to March 2020, in that the information
was organized and tabulated in the Microsoft office excel 2013 software program, according to age, gender, resistant bacteria and antibiotics. Results:
Regarding gender, women presented 93.1% of cases. The age group with the highest incidence is in patients between 18 and 49 years old, with 53.2%.
The most common pathogen was Escherichia coli with 59.35%. In the case of bacterial resistance, cephalothin led with 20.33%. Conclusion: Women lead
the number of cases, which are caused by several factors, including anatomical issues. One of the age groups most affected by urinary tract infections
is young people and adults. Enteric Gram-negative bacilli are the pathogens with the highest incidence of cases of community urinary tract infection.
First-generation cephalosporin cephalothin is the drug with the highest occurrence of bacterial resistance.
Keywords: Urinary Tract Infections; Bacteria; Microbial Sensitivity Tests.

Correspondência
Mioni Thieli Figueiredo Magalhães de Brito
E-mail: [email protected]

Recebido em 04/06/2021 Aprovado em 04/03/2022 DOI: 10.21877/2448-3877.202202149

RBAC. 2023;55(4):270-275
270
Infecção urinária em pacientes de Belém | Passos LCX, Brito MTFM

INTRODUÇÃO suma importância que ocorra o monitoramento de resistên-


cia e sensibilidade bacteriana para evitar o surgimento de
A infecção do trato urinário (ITU) é uma patologia extre- bactérias multirresistentes.(4,5)
mamente comum que atinge pacientes de todas as idades, Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é descrever a
sendo mais frequente em pacientes do sexo feminino.(1) Esta ocorrência de infecção urinária em pacientes atendidos em
patologia pode afetar a região da bexiga (cistite), a uretra um laboratório particular em Belém do Pará em relação a sexo,
(uretrite) e até um ou ambos os rins, causando a pielonefrite. idade e agente etiológico e descrever o perfil de resistência
A ITU caracteriza-se como uma enfermidade de ocorrência aos antibióticos.
constante, devido à anatomia do sistema urinário feminino,
pois a uretra feminina possui um comprimento inferior MATERIAL E MÉTODOS
a 5cm, facilitando a contaminação por microrganismos
intestinais. Nesse sentido, a cistite pode se manifestar de Este estudo foi realizado no período de março de 2019 a
maneira assintomática ou sintomática.(2) Logo, é importante março de 2020, na Clínica e Laboratório Abrahim, estabele-
que o diagnóstico seja feito de maneira precoce, pois evita cimento localizado no bairro de Canudos em Belém do Pará.
complicações futuras como lesões renais. Foram analisadas 2.686 amostras de pacientes com urocultura
A ITU pode ser classificada como complicada ou não positiva e antibiograma. Os dados foram coletados a partir do
complicada. A cistite é considerada não complicada e a pie- sistema de banco de dados da Clínica e Laboratório Abrahim.
lonefrite complicada, pois apresenta modificações funcionais Os dados foram organizados e tabulados pelo programa
e estruturais no sistema urinário, os microrganismos ficam de computador Microsoft Office Excel (2013), de acordo com
concentrados no trato urinário inferior e são frequentemente idade, sexo, bactérias isoladas e antibióticos com o perfil de
relacionadas com a presença de cálculos renais.(3) resistência no antibiograma.
O diagnóstico de ITU é feito a partir da análise do sedi-
mento urinário, que indica o crescimento bacteriano na urina ÉTICA
a partir da quantificação da leucocitúria (piócitos), a apontar
pelo menos 105 unidades formadoras de colônia (100.000 Por se tratar de pesquisa envolvendo aplicação de tes-
UFC/ml) na urina colhida a partir do jato médio e de maneira tes e tratamentos clínicos nos indivíduos, tal procedimento
asséptica. A urocultura é feita de acordo com a quantidade pressupõe a utilização do consentimento livre e esclarecido
de piócitos, para identificação do agente etiológico presente conforme explicitado no capítulo IV da Resolução CNS 466/12
na amostra. O antibiograma será feito para a escolha do (BRASIL, 2012) O projeto foi submetido a um Comitê de Ética
antibiótico mais adequado ao tratamento.(1) em Pesquisa com Seres Humanos, através da Plataforma Brasil.
Os agentes etiológicos mais comuns na infecção uri-
nária são os da família Enterobacteriaceae, sendo a bactéria RESULTADOS
Gram-negativa Escherichia coli não patogênica, responsável
por 75% dos casos de infecção do trato urinário, seguido Foram analisadas 2.686 amostras coletadas do banco
de outros Gram-negativos como Klebsiella sp., Enterobacter de dados da Clínica e Laboratório Abrahim em Belém, nos
sp., Acinetobacter sp., Proteus sp., Pseudomonas sp. Entre os períodos de março de 2019 a março de 2020. Dessas amos-
cocos Gram-positivos podemos destacar as infecções por tras, 2.500 (93,1%) foram de pacientes do sexo feminino e
Staphylococcus saprophyticus.(1,2) 186 (6,9%) foram do sexo masculino (Tabela 1).
No decorrer dos anos, com a evolução da medicina que
ampliou as possibilidades de tratamento, além do avanço Tabela 1
científico e tecnológico que possibilitou o desenvolvimento Distribuição de pacientes atendidos na Clínica e Laboratório Abrahim durante o
de fármacos capazes de tratar infecções bacterianas, obser- período de março-2019 a março de 2020, por sexo.
vou-se redução da mortalidade por estas doenças. No entanto,
Sexo N %
ao mesmo tempo em que ocorreu a diminuição drástica da
Feminino 2.500 93,1
mortalidade, iniciou-se a resistência aos antibióticos, com
Masculino 186 6,9
o uso indevido de antimicrobianos pela população, ocasio-
nando um problema de saúde pública. Desta maneira, é de Total 2.686 100

RBAC. 2023;55(4):270-275
271
Infecção urinária em pacientes de Belém | Passos LCX, Brito MTFM

Em relação à faixa etária, os pacientes foram organizados Quanto ao perfil de resistência bacteriana no exame de
em três grupos: de 18 a 29 anos, de 30 a 49 anos e 50 ou mais antibiograma, a cefalotina lidera o grupo com 776 (20,33%)
anos, de acordo com a Tabela 2. exames, seguida da tetraciclina com 646 (16,9%), ácido nali-
Pacientes de 18 a 29 anos foram contabilizados em 1.428 dixico com 600 (15,71%), nitrofurantoína com 388 (10,16%),
(53,2%), já os pacientes de 30 a 49 anos contabilizaram 745 amoxilina com 385 (10,1%), norfloxacin com 273 (7,15%),
(27,7%) e de 50 ou mais a contagem foi de 513 (19,1%). A faixa penicilina G com 138 (3,6%), ciprofloxacin com 37 (3,6%),
etária com o maior número de ocorrência da patologia foi a de oxacilina com 124 (3,24%), gentamicina com 71 (1,9%),
18 a 29 anos, a indicar 1.428 (53,2%) dos casos identificados. ceftazidima com 71 (1,9%), Eritromicina com 48 (1,25%),
clindamicina com 50 (1,3%), amicacina com 49 (1,3%), van-
Tabela 2 comicina com 30 (0,8%), cefepima com 21 (0,5%) e imipenem
Distribuição de pacientes atendidos na Clínica e Laboratório Abrahim durante o com 10 (0,26%) de acordo com a Tabela 4.
período de março-2019 a março-2020, por faixa etária.
Idade N % Tabela 4
18 a 29 1.428 53,2 Relação de resistência aos antibióticos
30 a 49 745 27,7 Antibiótico N %
50 ou mais 513 19,1 Ácido Nalidixico 600 15,71
Total 2.686 100 Amicacina 49 1,3
Amoxilina 385 10,1
Cefalotina 776 20,33
Os agentes etiológicos mais frequentemente isolados Cefepima 21 0,5
nas culturas bacterianas foram os bacilos Gram-negativos Ceftazidima 71 1,9
entéricos, em que a Escherichia coli se mostrou positiva em
Ciprofloxacin 37 3,6
1.594 culturas (59,35%), Enterobacter sp. em 755 (28,1%),
Clindamicina 50 1,3
Edwardsiella sp. em 39 (1,45%), Proteus mirabilis em 31(1,15%)
Eritromicina 48 1,25
Salmonella sp. em 21(0,8%), Proteus vulgaris em 8(0,3%) e
Gentamicina 71 1,9
Klebsiella sp. em 1(0,03), conforme demonstrado na Tabela
3. Dentre os cocos Gram-positivos, o maior número de cul- Imipenen 10 0,26
turas positivas revelou Staphylococcus saprophyticus, com Nitrofurantoina 388 10,16
152 (5,65%) exames positivos seguidos por Staphylococcus Norfloxacin 273 7,15
epidermidis, com 85 (3,17%). Oxacilina 124 3,24
Penicilina G 138 3,6
Tetraciclina 646 16,9
Tabela 3
Vancomicina 30 0,8
Ocorrência de acordo com os agentes etiológicos.
Total 3.717 100
Bactérias N %
Enterobacter sp. 755 28,1
Escherichia coli 1.594 59,35 DISCUSSÃO
Staphylococcus saprophyticus 152 5,65
Staphylococcus epidermidis 85 3,17 Este estudo indicou que o maior índice de infecção uri-
Proteus mirabilis 31 1,15 nária encontrado na população selecionada foi de mulheres.
Proteus vulgaris 8 0,3
Dias et al. (2003)(6) aponta que a infecção urinária acomete
ambos os sexos, especialmente mulheres na idade sexual-
Salmonella sp 21 0,8
mente ativa. As mulheres estão predispostas a adquirir
Edwardsiella sp 39 1,45
infecção urinária devido à anatomia feminina, uma vez que
Klebsiella sp. 1 0,03
a frequência de atividade sexual, o uso de espermicidas e as
Total 2.686 100 questões de higiene são considerados fatores de risco, pois

RBAC. 2023;55(4):270-275
272
Infecção urinária em pacientes de Belém | Passos LCX, Brito MTFM

facilitam a contaminação perianal em relação aos homens, provável, o padrão da região de resistência aos antibióticos
principalmente devido à anatomia masculina, como a posi- e o histórico do paciente em relação ao uso de antibióticos.
ção da uretra e a falta de contato perianal, dificultando, Alguns fármacos são considerados de primeira escolha para
assim, a proliferação de microrganismos.(7) Esses fatores de o tratamento de infecção urinária comunitária em adultos,
predisposição refletem nas taxas de infecção nas mulheres, como norfloxacin, cefalotina, sulfametoxazol/trimetropima
que apontam ser oito vezes maior do que nos homens, visto (SMZ-TMP), ácido nalidíxico.(9)
que 20% a 48% das mulheres apresentam pelo menos um Escherichia coli, Klebsiella sp. e Proteus sp. apresentam
caso de infecção urinária na vida.(8,9) o maior índice de resistência aos antibióticos. Os fármacos
Em relação à faixa etária, existem estudos que apontam que mais apresentam resistência a esses microrganismos são
que a idade dos pacientes varia de 1,3 anos a 91 anos, em sulflametoxazol-trimetoprim com média de 46,6%, seguido
que a maior concentração é encontrada na faixa etária de pela cefalotina (46,7%), ácido nalidíxico (27,6%) e nitrofu-
12 a 33 anos;(2) já outros estudos apresentam que o maior rantoína (22,3%).(9)
número de casos da patologia está entre a faixa etária de 13 Tanto as quinolonas como os ácidos nalidíxico, ciprofloxa-
a 40 anos de idade.(10) cina, norfloxacin, são utilizados no tratamento de cistite não
Contudo, como foi possível detectar a partir da coleta complicada, pois possuem um amplo espectro de atividade
de dados, no estudo deste trabalho, pode-se observar que e são extremamente ativas contra as Enterobacteriaceae. Seu
o grupo com o maior número de casos foi o da faixa etária mecanismo de ação envolve a inibição da síntese do DNA
de 18 a 29 anos, com 53,2% dos casos, seguido pelo grupo bacteriano, bloqueando a DNA-girase, e com isso o meca-
com a faixa etária de 30 a 49 anos (27,7%), a indicar que o nismo de resistência da bactéria é inibido.(11)
grupo mais atingido pelos casos de infecção urinária são os As cefalosporinas são recomendadas em caso de resistên-
jovens e adultos entre 18 a 49 anos de idade. cia às quinolonas, como a cefalotina, e os seus mecanismos de
Os bacilos Gram-negativos são os maiores causadores ação são análogos aos da penicilina, uma vez que se ligam aos
de ITU, em especial a Escherichia coli, seguida por Klebsiella receptores de penicilina (PLPs), que atuam como receptores
sp., Enterobacter sp., Acinetobacter sp., Proteus sp., Pseudo- de fármacos nas bactérias, bloqueiam a transpeptidação do
monas sp. Entre os cocos Gram-positivos, o Staphylococcus peptideoglicano, inibindo a síntese da parede celular da bac-
saprophyticus tem sido considerado a segunda maior causa téria, e ativam as enzimas autolíticas, responsáveis por causar
de infecção urinária.(11) lesões celulares e, consequentemente, a morte bacteriana.(11)
Os germes habitantes do trato intestinal, bacilos Gram- Neste estudo foi identificado que a cefalotina é o antibió-
-negativos, são responsáveis por 85% das infecções do tico com maior ocorrência de resistência bacteriana (20,33%),
trato urinário, tendo a Escherichia coli como a mais comum, seguido de tetraciclina (16,9%) e ácido nalidíxico (15,71%). É
seguida dos gêneros Proteus sp., Klebsiella sp. e Enterobacter interessante analisar os fármacos cefalotina e ácido nalidíxico,
sp. Já em relação aos cocos Gram-positivos temos os gêne- pois são considerados medicamentos de primeira escolha
ros Enterococcus faecalis sp., algumas espécies do gênero no tratamento de infecção urinária comunitária em adultos,
Staphylococcus sp.(12) portanto evidencia o emprego frequente desses antibióticos,
Os bacilos Gram-negativos foram responsáveis pelo maior consequentemente ocasionando o aumento do percentual
número de ocorrências de infecção urinária neste estudo, de resistência aos antibióticos.
sendo a Escherichia coli a maior causadora, com 59,35% dos A resistência bacteriana é considerada uma evolução
casos, seguido de Enterobacter sp. com 28,1%. Em relação genética natural do microrganismo em seu ambiente.(9)
aos cocos Gram-positivos, o gênero staphylococcus sp. apa- Existem bactérias que podem se duplicar em até 20 minu-
rece com o Staphylococcus saprophyticuse e Staphylococcus tos, favorecendo assim a multiplicação de várias gerações
epidermidis, como os maiores causadores de ITU com 5,65% em curto período. O emprego de inúmeros antibióticos
e 3,17%, respectivamente. durante essas evoluções favorece o aparecimento de bac-
O tratamento com antibióticos pode ser iniciado de térias resistentes.(9-14)
maneira empírica, devido ao tempo de espera do resultado Há resistências que são adquiridas pelo uso indevido
de um antibiograma (3 a 4 dias para ser liberado), portanto de antibióticos, uma vez que a bactéria que era sensível ao
são levados em consideração o patógeno causador mais medicamento torna-se, posteriormente, resistente.(15)

RBAC. 2023;55(4):270-275
273
Infecção urinária em pacientes de Belém | Passos LCX, Brito MTFM

Já outras bactérias se tornam resistentes devido a alguns SUPORTE FINANCEIRO


mecanismos, como é o caso das bactérias Gram-negativas,
em especial a Escherichia coli, pois produzem bombas de O projeto foi totalmente financiado pela Clínica e Labo-
resistência a múltiplos fármacos (MDR). Esta bomba permite ratório Abrahim.
que a célula expulse o fármaco para fora da célula, impedindo
a danificação e morte celular. Os genes responsáveis pela AGRADECIMENTOS
codificação dessas bombas estão localizados nos plasmí-
deos que as bactérias recebem durante a conjugação. As Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus por ter me
bactérias que recebem esses plasmídeos são resistentes a dado força nessa difícil caminhada, cheia de altos e baixos. Aos
diversos fármacos.(15) meus professores, que ao longo da minha formação escolar –
Logo, a automedicação e o uso inadequado de antibióti- desde o pré até ao fim da minha graduação – sempre me deram
cos são fatores que favorecem a resistência aos antibióticos. suporte. Sem eles eu não seria a pessoa que sou hoje. À minha
Portanto o profissional farmacêutico é essencial no momento família, por todo o suporte amoroso, financeiro e educacional,
da dispensação, sendo uma das fases mais importantes da principalmente aos meus pais Nemias Araujo dos Passos e
educação em saúde, um momento em que o profissional Adjeane Cristina Xavier dos Passos, por terem feito tudo o
entra em contato com o paciente, podendo auxiliá-lo na que podiam e até o que não podiam por mim. Às minhas tias
terapia medicamentosa e assim evitar problemas futuros Ana Cristina e Adenice Cristina, por todo o suporte. À minha
em relação à resistência das bactérias. avó Olandina Xavier, por todos os ensinamentos passados da
sua experiência de vida e ancestralidade. Aos meus amigos
CONCLUSÕES do ensino fundamental, ensino médio e da graduação, por
todo o apoio emocional durante essa caminhada. Obrigada
Este estudo concluiu que o grupo com o maior número à Universidade Federal do Pará por todos os ensinamentos
de casos de infecção urinária foi o feminino, com 93,1% dos que trouxe à minha vida, nunca irei esquecer!
casos. A faixa etária com a maior ocorrência é o grupo de 18
a 49 anos, com 53,2% dos casos. Os bacilos Gram-negativos REFERÊNCIAS
são os patógenos com a maior incidência, como a Escherichia
coli, responsáveis por 59,35% dos casos, seguida pela Ente- 1. Swei LOD, et al. Infecção urinária comunitária: etiologia segundo idade
robacter sp. com 28,1%. No perfil de resistência, a cefalotina e sexo. Jornal Brasileiro de Nefrologia.35(2). 93-98; 2013.
2. Soares LA, Nishi CYM, Wagner H L. Isolamento das bactérias causadoras
apresenta 20,33%, já a tetraciclina, com 16,9% e, por fim, o de infecção urinária e seu perfil de resistência aos antimicrobianos.
ácido nalidíxico, com 15,71%. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. V2, n6, 2006.
O conhecimento da ocorrência e resistência aos antibió- 3. Lopes HV, Tavares B. Diagnóstico das infecções do trato urinário. Revista
da Associação Médica Brasileira.51(6): 301-312; 2005.
ticos em infecção urinária é importante para sensibilizar a
4. Filho AC, Camargo AS, Barbosa FA, Lopes TF, Loppes YR. Estudo do perfil
população em relação ao cuidado com a sua saúde, pois é uma de resistência antimicrobiana das infecções urinárias em mulheres
patologia comum, que afeta todos os sexos e todas as idades. atendidas em hospital terciário. Rev. Bras. Clín. Med. 11(2) abr-jun 2013.
5. Silveira GP, Nome F, Gesser JC, Sá MM, Terenzi H. Estratégias utilizadas
Existem grupos que são mais suscetíveis a adquirir infecção,
no combate à resistência bacteriana. Quím. Nova. 2006; 29(4).
a exemplo as mulheres, por motivos anatômicos, fisiológicos. 6. Dias Neto JA, Magalhães da Silva LD, Martins ACP, Tiraboschi RB, Domingos
Também há bactérias com mecanismos naturais de resis- AA, Suaid HJ, Tucci Jr S, et al. Prevalence and bacterial susceptibility of
hospital acquired urinary tract infection. Acta Cir Bras. 2003; 18: 36-8.
tência aos antibióticos, outras bactérias tornam-se resistentes
7. Braoios A, et al. Infecções do trato urinário em pacientes não
pelo uso inadequado da população, uma vez que as bactérias hospitalizados: etiologia e padrão de resistência aos antimicrobianos.
que eram sensíveis se tornam resistentes depois do uso pro- J Bras Patol Med Lab. v. 45, n. 6, p.449-456, dezembro 2009.
longado. Portanto, é importante que a população entenda os 8. Tortora GJ, Funke BR, Case CL. Microbiologia. 8ª ed. São Paulo: Artmed
Editora SA Copyright 2005.
riscos do tratamento com antibióticos e da importância de 9. Koch CR, Ribeiro JC, Schor OH, Zimmermann BS, Müller FM, Agostin
o tratamento ser feito da maneira correta. O farmacêutico é JD, et al. Resistência antimicrobiana dos uro-patógenos em pacientes
essencial na dispensação e na promoção do uso racional de ambulatoriais. Rev. Soc. Bras. Med.Trop. 2008;41(3):277-81.
10. Beraldo-Massoli MC, Nardi CP, Makino LC, Schocken-Iturrino RP. Infecções
medicamentos, auxiliando no tratamento, e buscando, assim, urinárias e suscetibilidade aos antimicrobianos. Medicina (Ribeirão
diminuir os riscos de resistência aos antibióticos. Preto) 2012;45(3): 318-21.

RBAC. 2023;55(4):270-275
274
Infecção urinária em pacientes de Belém | Passos LCX, Brito MTFM

11. Heilberg IP et al. Abordagem diagnóstica e terapêutica da infecção do


trato urinário – ITU. Rev Assoc Med Bras 2003; 49(1): 109-16.
12. Robbins SL. In: Robbins SL, Patologia Estrutural e Funcional; 6ª ed.
Editora Guanabar Koogan S.A. Rio de Janeiro-RJ. 2000, 834-892.
13. Koneman EW, Allen SD, Janda WM, Schereckenberger PC, Winn Jr. WC.
Diagnóstico Microbiológico: Texto e atlas colorido, 2001. 5 ed. Rio de
Janeiro. MEDSI.
14. Narciso A, Lito L, Cristino JM, Duarte A. Escherichia coli Uropatogênica:
Resistência aos Antibióticos Versus Factores de Virulência. Acta Urol.
2010; 27(2):11-20.
15. Fio FSD, Filho TRM, Groppo FC. Resistência bacteriana. Acesso em: 01 Jun
2021. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/odontologia/
artigos/2835/resistencia-bacteriana.
16. Narin N, Luiza VL, Castro CGSO, Santos SM. Assistência farmacêutica
para gerentes municipais. Rio de Janeiro: OPAS/OMS; 2003. Disponível
em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/
arquivos/assistenciafarmaceutica/afgm.pdf.

RBAC. 2023;55(4):270-275
275

Você também pode gostar