846-Texto Do Artigo-4857-1-10-20160415
846-Texto Do Artigo-4857-1-10-20160415
846-Texto Do Artigo-4857-1-10-20160415
Larissa Alderete
Acadêmica do 9º Semestre do Curso de Direito da Faculdade de Direito
(FADIR) – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS.
Submissão em 18.05.2015
Aprovação em 23.06.2015
Resumo: O acesso à justiça é garantia mínima à dignidade humana e deve estar assegurada pelo
Estado democrático de direito. A Constituição Federal brasileira elenca este direito como garantia
fundamental. Entretanto, deve-se priorizar não somente o alcance ao Poder Judiciário, mas princi-
palmente a salvaguarda de uma resposta satisfatória. Demandas de menor complexidade e valor,
como aquelas oriundas da relação de consumo, encontram ainda maior di iculdade para solução
adequada. Formas alternativas de solução de litígios, como a arbitragem têm apontado um cami-
nho mais célere, menos custoso e mais e iciente para o problema em questão e pode ser o recurso
para desafogar os órgãos jurisdicionais.
Palavras-chave: Acesso à justiça; Arbitragem; Direito do Consumidor.
Abstract: The access to justice it’s the minimum guarantee to human dignity and must be assured by
The Democratic State of the Law. The Brazilian Federal Constitution lists this right as a fundamental
guarantee. However, it should prioritize not only the access to the Judiciary, but mainly the safeguard
of satisfactory answer. Requests of reduced complexity and value, as those deriving from consumer
relationships, face yet more trouble to ϔind a proper solution. Alternative forms of disputes resolution,
as the arbitration, have pointed out a faster path, less costly and more efϔicient for the problem at
hand, and may be the resource to free up the Courts.
Keywords: Access to justice; Arbitration; Consumer rights.
IēęėĔĉĚİģĔ
O acesso à justiça está previsto como garantia fundamental, expresso no ar-
tigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal1. Contudo, questiona-se a efetividade
desta garantia em vista do acúmulo dos processos no judiciário, as di iculdades
no acesso, na administração e na realização da justiça2.
Neste contexto, a parte vulnerável na relação jurídica, seja pela condição
econômica, ísica ou cultural, encontra ainda maior di iculdade para proteção de
seus direitos. É o caso do consumidor3.
A ine iciência da justiça brasileira proporcionou que outras formas de so-
lução de con litos se fortalecessem no país, dentre elas a arbitragem. A lei que
rege esta é recente, data de 1996. A cultura brasileira do paternalismo estatal
ainda encontra di iculdades em desvincular o poder de jurisdição do Estado4
e adequar-se a este instrumento legal, especialmente quanto a questões como o
Direito do Consumidor em vista de um con lito aparente entre ordem pública e a
autonomia da vontade, o qual queremos desmisti icar.
A arbitragem, segundo a Cartilha de Arbitragem elaborada pelo governo fe-
deral, é um meio privado de solução de con litos, utilizada para solucionar de-
mandas sem a presença do poder judiciário5. Conforme art. 13, §1º da lei de ar-
bitragem, as partes escolhem um terceiro imparcial, o árbitro, para o julgamento
do con lito, podendo ser um ou mais árbitros, desde que em número ímpar6.
1
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade Mecum Saraiva. p. 5-119. 19 ed.
atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
2
MARTINS, Pedro A. Batista. Acesso à justiça. In: MARTINS, Pedro Batista; LEMES, Selma M. Ferrei-
ra; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p.11.
3
MORAES, Márcio André Medeiros. Arbitragem nas relações de consumo. 1 ed. (ano 2005), 6 reimp.
Curitiba: Juruá, 2011, p.43.
4
MARTINS, Pedro A. Batista. Acesso à justiça. In: MARTINS, Pedro Batista; LEMES, Selma M. Ferrei-
ra; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p. 8.
5
BRASIL. Ministério da Justiça. Cartilha de Arbitragem. Brasília, 2006, p 5.
6
BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Lei de arbitragem. Vade Mecum Saraiva. p. 1685-
Nas disposições gerais da lei de arbitragem o artigo 1º prevê que “as pes-
soas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para dirimir litígios
relativos a direitos patrimoniais disponíveis”7. Logo no primeiro artigo, a lei faz
duas exigências para o instituto da arbitragem, que as partes sejam capazes, e
que a demanda corresponda a direitos patrimoniais disponíveis.
A capacidade de contratar é a capacidade essencial para direitos e obriga-
ções. Conforme comentários do autor João Roberto Parizzato, refere-se à capaci-
dade para o exercício de direitos, ou seja, a capacidade de aquisição ou de gozo,
adquirida com a maioridade ou emancipação8. Logo, quem pode contratar, pode
optar pelo juízo arbitral.
Além disso, é necessário que a demanda diga respeito a direito patrimonial
disponível. Nas palavras de Carmona9:
Diz-se que um direito é disponível quando ele pode ser ou não exerci-
do livremente pelo seu titular, sem que haja norma cogente impondo o
cumprimento do preceito, sob pena de nulidade ou anulabilidade do ato
praticado com sua infringência. Assim, são disponíveis (do latim dispo-
nere, dispor, pôr em vários lugares, regular) aqueles bens que podem ser
livremente alienados ou negociados, por encontrarem-se desembaraça-
dos, tendo o alienante plena capacidade jurídica para tanto.
Isso quer dizer que as matérias que o Estado resguarda como interesses
fundamentais da coletividade – interesses indisponíveis – não poderão ser objeto
de arbitragem; como, por exemplo, o estado das pessoas, iliação, pátrio poder,
casamento, alimentos, direito de sucessão, dentre outros10.
Ainda sim, é importante observar que a nosso ver não se exclui do âmbito
da arbitragem litígios que atingem o direito de família, o direito do trabalho, as
relações de consumo, se as partes puderem dispor acerca do bem que controver-
tem11. Se o bem for apropriável ou alienável é possível arbitrar a despeito dele.
12
BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Lei de arbitragem. Vade Mecum Saraiva. p.
1685-1688. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015
13
PARIZZATO, João Roberto. Arbitragem: comentários à lei 9.307 de 23.09.1996 Revogação dos
artigos 1037 a 1048 do Código Civil e 101 e 1072 a 1102 do Código de Processo Civil. Leme : Led
editora de direito, 1997, p.18.
14
STRENGER, Irineu. Comentários à lei brasileira de arbitragem. São Paulo: LTR, 1998, p. 19
15
BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Lei de arbitragem. Vade Mecum Saraiva. p.
1685-1688. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015
16
STRENGER, Irineu. Comentários à lei brasileira de arbitragem. São Paulo: LTR, 1998, p. 25.
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à lei 9.307/96. 3 ed. rev. atual.
17
1. DĊĘĊēěĔđěĎĒĊēęĔ
1.1. A AėćĎęėĆČĊĒ ĈĔĒĔ GĆėĆēęĎĆ
FĚēĉĆĒĊēęĆđ ĉĔ AĈĊĘĘĔ Ġ JĚĘęĎİĆ
O art. 5º, XXXV da Constituição Federal dispõe que “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”20. Prevê o acesso à jus-
tiça como garantia fundamental, todavia, nem sempre foi assim. A tutela incisiva
deste e outros direitos fundamentais dispostos na Magna Carta são consequência
do im da Segunda Guerra Mundial21.
As garantias fundamentais são oriundas dos Direitos Humanos, aqueles “es-
senciais para que o ser humano seja tratado com dignidade que lhe é inerente e
aos quais fazem jus todos os membros da espécie humana”22.
19
BRASIL. Lei n.8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de proteção e defesa do consumidor.
Vade Mecum Saraiva. p. 787-800. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
20
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade Mecum Saraiva. p. 5-119. 19 ed.
atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional público e privado incluindo noções de di-
21PORTELA,
reito comunitário. 4 ed. rev. ampl. atual. Salvador: Juspodivm. 2012, p. 776.
22
Ibidem, p. 769.
23
Ibidem, p. 776.
24
Ibidem, p. 778
25
Ibidem, p. 79.
26
BRASIL. Decreto n. 678 de 6 de novembro de 1992. Pacto São José da Costa Rica. Vade Mecum
Saraiva. p. 1563-1570. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
27
COSTA, Nilton César Antunes da; GRINOVER, Ada Pellegrini; WATANABE, Kazuo (Coord.). Deci-
sões e sentenças arbitrais: teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 14.
28
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Byant; NORTHF LEET, Ellen Gracie (Trad.). Acesso à justiça. Porto
Alegre: Sergio Antônio Fabris Editor, 1988, p. 6.
O autor Vitor Barboza Lenza30 elenca quatro problemas que di icultam o aces-
so ao judiciário. São eles a) a desinformação da população, muitas vezes analfabeta
ou de pouca instrução que diante de um con lito não sabe que atitude tomar, ou qual
serviço procurar para restaurar seu direito ameaçado ou lesado; b) a ordem psicos-
social, uma vez que o ambiente é formal, recatado. O cidadão de baixa renda sente-se
um estranho neste ambiente; c) a onerosidade da justiça, uma vez que para o acesso
judicial depende-se de boa disponibilidade inanceira, seja com relação à taxa judi-
ciária, ou ao pagamento dos honorários de peritos judiciais e seus assistentes; e por
im d) a crise do poder judiciário evidente pela morosidade na entrega da jurisdição,
causada pelo excesso de formalidades técnicas, número reduzido de juízes e varas,
bem como o grande contingente de processos pendentes.
Todas estas questões di icultam não só o acesso ao poder judiciário como
também a uma resposta efetiva ao direito violado. Segundo Pedro A. Batista Mar-
tins31 este ambiente propiciou a evolução de outras vias de solução de contro-
vérsias como a mediação, a conciliação e a arbitragem, modos menos formais,
mais céleres e menos custosos em comparação ao processo judicial.
A arbitragem é o mecanismo que mais se assemelha ao processo judicial,
porém é um meio privado de solução de litígios, no qual um terceiro imparcial
elencado pelas partes impõe sua decisão que tem força de sentença judicial. Dife-
rente da mediação e da conciliação que são autocompositivos, não há imposição
de decisão, apenas sugestão que não vincula às partes, cabendo a estas acorda-
rem a melhor solução32.
29
MARTINS, Pedro A. Batista. Acesso à justiça. In: MARTINS, Pedro Batista; LEMES, Selma M. Ferrei-
ra; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p.4
30
LENZA, Vitor Barboza. Cortes Arbitrais. 2 ed. rev. ampl. atual. Goiânia: AB, 1999, p. 15.
31
MARTINS, Pedro A. Batista. Acesso à justiça. In: MARTINS, Pedro Batista; LEMES, Selma M. Ferrei-
ra; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p.6
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à lei 9.307/96. 3 ed. rev. atual.
32
Pedro A. Batista Martins33 sustenta que estas formas alheias aos órgãos ju-
risdicionais buscam o consenso de forma amistosa e desta maneira garantem a
composição e iciente e satisfatória da demanda às partes.
Sendo assim, bem se adéqua para solucionar demandas menos complexas
como as questões oriundas das relações de consumo, que por vezes deixam de
recorrer ao judiciário em vista do alto custo, da morosidade e incerteza de uma
resposta adequada34.
33
MARTINS, Pedro A. Batista. Acesso à justiça. In: MARTINS, Pedro Batista; LEMES, Selma M. Ferrei-
ra; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense,
1999, p.7
34
MORAES, Márcio André Medeiros. Arbitragem nas relações de consumo. 1 ed. (ano 2005), 6 rei-
mp. Curitiba: Juruá, 2011, p. 159.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da
35
moderna administração das organizações 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 33
FILOMENO, José Geraldo Brito. Da política nacional das relações de consumo. In: GRINOVER, Ada
36
Pellegrini et al. Código de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 9 ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 69.
37
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da
moderna administração das organizações 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003, p. 36
38
TARTUCE, Flávio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito do consumidor: direi-
to material e processual. 3 ed. ver. atual. ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 25.
39
NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 7 ed. São Paulo: Saraiva. 2012, p. 44.
40
Idem.
no Direito Civil, saliente-se que à época, estava em vigor o Código de 1916. Pre-
valecia o conceito do “pacta sunt servanda”, isso quer dizer que o contrato fazia
lei entre as partes, ainda que fossem contratos de adesão. O consumidor aderia o
contrato e icava sujeito às cláusulas determinadas pelo fornecedor.
A sociedade brasileira, por muito tempo acostumou-se à interpretação das
relações de consumo com base no Código Civil e conforme a irma Rizzato Nu-
nes41 isso gerou diversos problemas para a compreensão das relações de consu-
mo tuteladas pelo CDC.
Carlos Roberto Gonçalves expõe que tão logo se identi icou a necessidade de
o Estado tutelar de forma protetiva os direitos do consumidor42:
Com a evolução das relações sociais e o surgimento do consumo em
massa, bem como dos conglomerados econômicos, os princípios tradi-
cionais de nossa legislação privada já não bastavam para reger as rela-
ções humanas, sob determinados aspectos. E nesse contexto surgiu o
Código de Defesa do Consumidor, atendendo a princípio constitucional
relacionado à ordem econômica.
41
Ibidem, p. 45.
42
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e atos unilaterais. 9 ed. São Paulo:
Saraiva. 2012, p. 30.
43
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade Mecum Saraiva. p. 5-119. 19 ed.
atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
44
GRINOVER, Ada Pellegrini; BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcelos e. Introdução. In: GRINO-
VER, Ada Pellegrini et al. Código de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto.
9 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 1.
45
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade Mecum Saraiva. p. 5-119. 19 ed.
atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
46
NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 7 ed. São Paulo: Saraiva. 2012, p. 42
47
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e atos unilaterais. 9 ed. São Paulo:
Saraiva. 2012, p. 31.
48
BRASIL. Lei n.8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de proteção e defesa do consumidor.
Vade Mecum Saraiva. p. 787-800. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
A ordem pública representa uma face da moeda, cujo outro lado é a autono-
mia da vontade. Ambas coexistem na relação jurídica, sendo uma, limite da outra,
de forma que não há como explicar ordem pública sem adentrar no conceito de
autonomia da vontade privada.
Bem lembraram Flávio Tartuce e Daniel Amorim49 que o conceito de au-
tonomia da vontade distingue-se do conceito de autonomia privada. O primeiro
é um conceito mais amplo, refere-se ao princípio da liberdade, da livre escolha
do indivíduo num contexto geral. Já a autonomia da vontade privada remete ao
direito privado e as relações particulares, é a liberdade de estabelecer regras as
quais serão cumpridas mediante comum acordo.
O conceito de autonomia da vontade privada tem origem do direito romano,
alicerça-se na liberdade de contratar, conforme aborda Carlos Roberto Gonçalves50:
Tradicionalmente, desde o direito romano, as pessoas são livres para
contratar. Essa liberdade abrange o direito de contratar se quiserem,
com que quiserem e sobre o que quiserem, ou seja, o direito de contratar
e de não contratar, de escolher a pessoa com quem fazê-lo e de estabele-
cer o conteúdo do contrato.
TARTUCE, Flávio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito do consumidor: direito
49
material e processual. 3 ed. ver. atual. ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 290.
50
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e atos unilaterais. 9 ed. São Paulo:
Saraiva. 2012, p. 41.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código civil. Vade Mecum Saraiva. p. 153-287. 19
51
53
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Contratos e atos unilaterais. 9 ed. São Paulo:
Saraiva. 2012, p 41.
54
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Contratos: Teo-
ria Geral. vol 4. 7 ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 71.
55
COMPARATO, Fábio Konder. A a irmação histórica dos direitos humanos. 3 ed. ver. ampl. São Pau-
lo: Saraiva, 2003, p. 77.
56
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Contratos: Teo-
ria Geral. vol 4. 7 ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 72.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Da política nacional das relações de consumo. In: GRINOVER, Ada
57
Pellegrini et al. Código de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 9 ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 68.
APRIGLIANO, Ricardo de Carvalho. Ordem pública e processo: o tratamento das questões de or-
58
dem pública no direito processual civil. São Paulo: Atlas, 2011, p. 17.
59
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
p. 1004.
APRIGLIANO, Ricardo de Carvalho. Ordem pública e processo: o tratamento das questões de or-
60
61
Ibidem.
62
Idem, p. 27.
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à lei 9.307/96. 3 ed. rev. atual.
63
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código civil. Vade Mecum Saraiva. p. 153-287. 19
66
69
FIUZA, César. Teoria Geral da Arbitragem. Belo Horizonte: Del Rey, 1995.
70
TEIXEIRA, Paulo César Moreira, ANDRETTA, Rita Maria de Faria Correa, A nova lei de arbitragem:
comentários à lei 9307 de 23.09.96, Porto Alegre: Síntese, 1997, p. 98.
71
BRASIL. Lei n.8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de proteção e defesa do consumidor.
Vade Mecum Saraiva. p. 787-800. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
72
NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 7 ed. São Paulo: Saraiva. 2012, p. 44.
73
TEIXEIRA, Paulo César Moreira, ANDRETTA, Rita Maria de Faria Correa, A nova lei de arbitragem:
comentários à lei 9307 de 23.09.96, Porto Alegre: Síntese, 1997, p. 100.
74
BRASIL. Lei n.8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de proteção e defesa do consumidor.
Vade Mecum Saraiva. p. 787-800. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
75
ANDRIGHI, Fátima Nancy. Arbitragem nas relações de consumo: uma proposta concreta. Revista
que imponha a arbitragem conforme sua exclusiva vontade, por isso deve icar
evidente a aceitação do consumidor quanto à opção por solucionar futuras de-
mandas provenientes do contrato em âmbito arbitral.
Destaca-se que não está excluído, neste caso, o princípio do equilíbrio con-
tratual conforme lembra a autora Selma M. Lemes Ferreira80. O consumidor
poderá sempre invocá-lo para proteger-se de qualquer desigualdade quanto ao
fornecedor ou vantagem desproporcional. O princípio da boa-fé jamais poderá
ser violado.
É importante salientar que tramita no Congresso Nacional atualmente o
projeto de lei n. 7108/201481 com o objetivo de alterar a atual lei de arbitragem.
Tal projeto traz, dentre outras, nova redação para o artigo 4º, § 2º, além de acres-
centar os parágrafos 3º e 4º.
Se aprovado, o parágrafo 2º terá a seguinte redação: “a cláusula compro-
missória só terá e icácia se for redigida em negrito ou em documento apartado”.
O parágrafo 3º trará previsão da cláusula compromissória no contrato de
adesão das relações de consumo, prevendo que esta só terá e icácia se o aderente
tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar expressamente com a
sua instituição. O parágrafo 4º refere-se à cláusula compromissória nas relações
trabalhistas.
Embora na redação atual do art. 4º da lei de arbitragem já esteja evidente
a proteção e autonomia ao aderente, com a nova redação não haverá duvidas de
que a cláusula compromissória em contrato de adesão poderá incidir em arbitra-
gem, mesmo que nas relações de consumo, se de interesse do consumidor.
80
LEMES, Selma M. Ferreira. A arbitragem em relações de consumo no direito brasileiro e compa-
rado. In: MARTINS, Pedro Batista; LEMES, Selma M. Ferreira; CARMONA, Carlos Alberto. Aspectos
fundamentais da lei de arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 131
BRASIL. Projeto de lei n. 7.108, de 31 de março de 2014. Disponível em: <http://www.camara.gov.
81
br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=1BF92CBD051D15FD079784ACE6494F60.
proposicoesWeb1?codteor=1225529& ilename=PL+7108/2014> Acesso em: fev. 2015
82
BRASIL. Lei n. 9.307, de 23 de setembro de 1996. Lei de arbitragem. Vade Mecum Saraiva. p.
1685-1688. 19 ed. atual. ampl. São Paulo: Saraiva, 2015.
CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo: um comentário à lei 9.307/96. 3 ed. rev. atual.
83
MORAES, Márcio André Medeiros. Arbitragem nas relações de consumo. 1 ed. (ano 2005), 6 rei-
87
Por im, Márcio André93 enfatiza que o procedimento arbitral para as rela-
ções de consumo é voluntário para ambas as partes, e conclui que devido às ca-
racterísticas de celeridade, gratuidade e simplicidade se apresentam claramente
e iciente. Contudo ressalta que para os casos mais complexos que envolvem in-
toxicação, lesão ou morte e indícios de delito prevalece à função do judiciário94.
Fica evidente que o direito espanhol apresenta uma alternativa e iciente
para a solução de demandas mais simples como é o caso das relações de con-
sumo, contudo não deixa de respeitar os direitos de ordem pública e interesse
social, prevalecendo a vontade das partes e o bem estar coletivo.
CĔēĈđĚĘģĔ
Com esta pesquisa podemos concluir que a arbitragem é um modelo alter-
nativo ao processo judicial, mais célere e simples, porém ainda recente no Brasil.
Em vista disso, ainda é pouco aplicável em algumas cearas do direito como no
âmbito das relações de consumo.
Alguns doutrinadores defendiam que havia um con lito entre a Lei de Arbitra-
gem n. 9.307 e o Código de Defesa do Consumidor. Contudo, concluímos conforme
análise mais aprofundada de outros doutrinadores que este con lito é apenas apa-
rente, entendendo que é possível arbitrar sobre demandas consumeristas.
Como exemplo, estudamos o direito comparado, com base especial no con-
texto Espanhol e constatamos que os con litos oriundos das relações de consumo
podem ser solucionados por meio de arbitragem, inclusive ligados à adminis-
tração direta, basta o apoio do Estado e o incentivo de políticas públicas para
garantir o acesso à justiça.
Concluímos que, como o Brasil, a Espanha também viveu sobre uma política
ditatorial e teve o processo de redemocratização recente. Ambas as Constituições
valorizam instintivamente as garantias fundamentais, e por isso o modelo espa-
nhol pode servir de espelho para a realidade brasileira.
RĊċĊėĵēĈĎĆĘ BĎćđĎĔČėġċĎĈĆĘ
ANDRIGHI, Fátima Nancy. Arbitragem nas relações de consumo: uma proposta con-
creta. Revista de Arbitragem e Mediação, Brasília, ano 3, n. 9, p. 13-21, abril-junho, 2006.
APRIGLIANO, Ricardo de Carvalho. Ordem pública e processo: o tratamento das ques-
tões de ordem pública no direito processual civil. São Paulo: Atlas, 2011.
93
Idem, p. 205.
94
Idem, p. 193.