Trabalho Justiça
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DEPARTAMENTO DE DIREITO
Direito e Justiça são ambos conceitos que se unem, sendo percebidos como
uma única entidade pela consciência social. No entanto, não se pode negar,
que eles nem sempre caminham juntos e podemos expressar pelo ditado
popular a ideia de que as leis e a justiça não são sempre sinônimas, "Nem tudo
que é direito é justo e nem tudo que é justo é direito".
Em sua obra "Oração aos Moços", em 1920, Rui Barbosa expressou uma frase
que sintetiza perfeitamente os impactos da lentidão ao tentar acompanhar as
mudanças:
Michael Sandel, em sua obra "Justiça: o que é fazer a coisa certa" explora
diferentes teorias da justiça, especialmente as que visam ao bem-estar social e
à utilidade. Quando pensamos em uma justiça mais acessível, rápida e
simples, estamos discutindo a remoção de barreiras burocráticas e financeiras
que dificultam a entrada dos cidadãos no sistema de justiça. Assim, para o
autor, a justiça deve ser orientada para promover o bem comum e garantir que
as necessidades básicas de todos sejam atendidas.
2. Equidade
3. Ideologia Libertária
Justiça Aristotélica
1. Conceito e Teoria:
2. Justiça e Virtude
Aristóteles acredita que a justiça é a mais completa das virtudes, pois envolve
agir com equidade e considerar os outros em nossas ações. Um indivíduo que
pratica a justiça age de acordo com as demais virtudes, como coragem,
temperança e sabedoria, e busca manter a harmonia tanto em suas relações
pessoais quanto na sociedade como um todo. A teoria da justiça aristotélica é
baseada na ideia de que a justiça deve refletir uma proporcionalidade que
distribua bens e oportunidades de acordo com o mérito e corrija desigualdades
para restaurar o equilíbrio. A prática da justiça contribui para o bem comum e é
fundamental para alcançar a eudaimonia, o objetivo máximo da vida humana
segundo Aristóteles.
Ele acredita que justiça não pode ser neutra, pois sempre envolve considerar o
que é uma "vida boa" e quais são as virtudes que merecem ser
recompensadas. Ao contrário das teorias modernas que tentam ser imparciais
e evitar juízos de valor, Aristóteles acha que é inevitável que as discussões
sobre justiça incluam debates sobre honra e mérito moral. O argumento para
distribuir algo de forma justa, é necessário entender qual é a finalidade desse
objeto ou prática e premiar aqueles que melhor se alinham com esse propósito.
A virtude moral, para Aristóteles, não é algo que se aprende apenas com teorias
ou leituras, mas sim com a prática e com a vivência em sociedade. Ele compara
esse aprendizado com o desenvolvimento de habilidades como tocar um
instrumento musical, onde a prática constante é fundamental. A política,
portanto, é o ambiente onde os seres humanos podem exercitar a “sabedoria
prática”, uma forma de conhecimento que envolve agir de maneira correta e
justa em situações concretas.
A Defesa da Escravidão:
A visão de Aristóteles sobre a política como essencial para a vida boa permanece
relevante por destacar a importância do engajamento comunitário e da virtude
cívica. No entanto, sua defesa da escravidão revela as limitações de sua filosofia
diante das concepções modernas de liberdade e direitos humanos. As críticas
modernas mostram que a noção de escolha e consentimento são cruciais para
evitar a imposição de papéis sociais injustos.
Kelsen criticava a visão aristotélica porque via nela uma profunda ligação com
conceitos subjetivos de moralidade e ética. Segundo Kelsen, a introdução de
noções como "virtude" e "mérito" na definição da justiça cria um campo fértil para
a interpretação subjetiva e abre espaço para a discricionariedade.
Para Kelsen, o direito deveria ser uma ciência descritiva e normativa, com um
foco na objetividade e na neutralidade. A inclusão de valores morais, que variam
de acordo com a cultura e a época, comprometeria a imparcialidade da ciência do
direito. Essa subjetividade torna o sistema jurídico vulnerável a interpretações
diversas e, portanto, menos previsível. A aplicação de uma justiça baseada em
mérito ou virtude pode gerar conflitos sobre o que constitui mérito, levando a
desigualdades e injustiças práticas.
Diferenças Filosóficas:
Kelsen, vê a justiça como uma questão externa ao direito. Ele critica a ideia de
justiça aristotélica por ser subjetiva e dependente de valores morais variáveis.
Para Kelsen, o direito deve ser estudado como uma ciência objetiva e autônoma,
onde a validade das normas jurídicas é independente de considerações morais.
Referências Bibliográficas
SADEK, Maria Tereza (org.). Acesso à Justiça. São Paulo: K. Adenauer, 2001.
SANDEL, Michael J. Justiça: o que é fazer a coisa certa. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2019.
SILVA, Moacyr Motta da. Direito, justiça, virtude moral & razão. 1ª tiragem 2003.
2ª tiragem 2004. Curitiba: Juruá, 2004