TORAX

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BRUNA VIANA – 8º SEMESTRE

DEFINIÇÃO DE TORACOCENTESE

Toracocentese é um procedimento invasivo, derivado do termo grego “kéntesis”, que significa


perfuração, utilizada para diagnósticos e tratamentos. Consiste na introdução de uma agulha
na cavidade pleural, o espaço entre as membranas que envolvem o pulmão, com o objetivo de
remover ar, fluidos ou outros líquidos acumulados de maneira anormal.

Os líquidos aspirados são frequentemente enviados para análise laboratorial, ajudando na


detecção de doenças. Além disso, a drenagem pode aliviar sintomas como dor no peito e falta
de ar.

Realizado geralmente na beira do leito e sob anestesia local, a toracocentese é considerada


uma técnica segura, rápida e com rápida recuperação. Dependendo do diagnóstico, pode ser
utilizada tanto para fins terapêuticos quanto para diagnósticos.

DIFERENÇA ENTRE TORACOCENTESE E DRENAGEM PLEURAL

Toracocentese e drenagem torácica são procedimentos diferentes, mas que são usados para
tratar acúmulos de ar ou fluidos na cavidade pleural, cada um com suas indicações e métodos
específicos.

A toracocentese é tipicamente realizada para diagnóstico e alívio de sintomas, como dor no


peito e falta de ar, através da inserção de uma agulha fina na cavidade pleural. Este
procedimento permite a remoção de pequenas quantidades de líquido ou ar, sendo
frequentemente utilizado para análise laboratorial do fluido removido.

Por outro lado, a drenagem torácica é indicada para a remoção de grandes volumes de ar ou
fluidos que causam problemas respiratórios significativos. Este procedimento envolve a
inserção de um tubo de drenagem através de uma pequena incisão no tórax. O tubo fica
posicionado na cavidade pleural por um período mais prolongado e é conectado a um sistema
de drenagem para permitir a remoção contínua do ar ou fluido acumulado.

INDICAÇÕES PARA TORACOCENTESE


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A toracocentese pode ser realizada para diagnóstico, tratamento e prevenção de


complicações.

Para diagnóstico, é indicada quando há um derrame pleural de causa incerta, ajudando a


determinar se o fluido é transudato ou exsudato e identificar possíveis causas. Pode não ser
necessário se o diagnóstico clínico for claro ou se houver insuficiência cardíaca congestiva com
características típicas, mas é importante quando há características atípicas ou se o tratamento
para ICC não resolver o derrame conforme o esperado.

Para tratamento, a toracocentese alivia sintomas como dispneia, especialmente em casos de


derrames pleurais complicados com loculações. A escolha entre toracocentese única ou
drenagem prolongada depende do tamanho e características do derrame e das preferências do
operador.

Para prevenção de complicações, o procedimento é realizado para evitar problemas como


espessamento pleural em condições que podem levar a comprometimento funcional, como
hemotórax.

As principais situações de indicação de toracocentese são:

• Derrame pleural de etiologias desconhecidas;

• Derrame pleural parapneumônico;

• Pneumotórax espontâneo ou iatrogênico de pequeno volume;

• Pneumotórax hipertensivo – até que se providencie a drenagem pleural;

• Hemotórax pós trauma contuso, com mais de 6h de evolução.

CONTRAINDICAÇÕES PARA TORACOCENTESE

As contraindicações à toracocentese são situações em que o procedimento não é recomendado


devido a riscos aumentados ou a falta de benefício clínico claro. As principais contraindicações
incluem:

• Líquido pleural insuficiente: Quando o derrame pleural é pequeno e de fluxo livre, a


toracocentese não é justificada devido ao baixo rendimento diagnóstico e ao alto risco
de pneumotórax. A “janela segura” para realizar a toracocentese, identificada por
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ultrassom, é quando a profundidade máxima do líquido pleural adjacente à pleura


parietal é superior a 1 cm.

• Infecção cutânea ou ferida no local de inserção da agulha: A presença de infecção


ativa na pele ou ferida no local onde a agulha seria inserida é uma contraindicação, pois
há risco de introduzir infecção no espaço pleural, o que pode agravar a condição do
paciente.

• Diátese hemorrágica grave: A presença de coagulopatia ou trombocitopenia severa


pode aumentar o risco de sangramento durante a toracocentese. Decisões sobre a
correção dessas condições antes do procedimento devem ser individualizadas.

• Ventilação mecânica: Embora a ventilação mecânica não seja uma contraindicação


absoluta para a toracocentese, pacientes ventilados podem ter um risco aumentado de
pneumotórax, especialmente pneumotórax hipertensivo.

COMPLICAÇÕES DA TORACOCENTESE

As complicações da toracocentese estão diretamente ligadas a uma indicação inadequada do


procedimento. Para reduzir o risco de complicações, é essencial que a toracocentese seja
indicada de maneira correta e apropriada para a situação clínica do paciente. As principais
complicações da toracocentese incluem:

• Dor;

• Sangramento;

• Pneumotórax;

• Laceração pulmonar ou de órgãos abdominais;

• Infecção de partes moles ou empiema;

• Lesão vascular ou nervosa;

• Hemotórax;

• Edema pulmonar de reexpansão.

PASSO A PASSO DA TORACOCENTESE


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Passo 1: Avaliar o tórax e o estado respiratório do paciente. Antes de iniciar o procedimento,


é essencial avaliar as condições respiratórias do paciente para garantir a segurança durante a
toracocentese. Verifique a necessidade de suporte ventilatório adicional.

Passo 2: Administrar oxigênio de alto fluxo e ventilar se necessário. Para pacientes com
comprometimento respiratório significativo, a administração de oxigênio pode ser crucial. Em
alguns casos, pode ser necessário ventilação assistida.

Passo 3: Preparar cirurgicamente o local escolhido para a punção. Limpe e desinfete a área de
inserção com antisséptico. A escolha do local varia:

• Para pacientes pediátricos: Utilize o 2º espaço intercostal na linha hemiclavicular.

• Para adultos: Utilize o 4º ou 5º espaço intercostal anterior à linha axilar média,


especialmente em adultos com maior quantidade de tecido subcutâneo.

Passo 4: Anestesiar o local se o tempo e a fisiologia permitirem. A aplicação de anestésico


local, como lidocaína, ajuda a minimizar a dor e o desconforto durante o procedimento.
Administre a anestesia de acordo com os princípios básicos, lembrando dos três planos
dolorosos: pele, periósteo e pleura parietal.

Passo 5: Inserir um cateter sobre a agulha (5 cm para adultos menores; 8 cm para adultos
maiores) com uma seringa Luer-Lok de 10 mL conectada à pele.

• Direcione a agulha sobre a costela até o espaço intercostal, aspirando a seringa enquanto
avança.

• A adição de 3 mL de solução salina na seringa pode ajudar na identificação do ar


aspirado.

Passo 6: Perfurar a pleura. Continue avançando a agulha até sentir a perda de resistência,
indicando a entrada no espaço pleural.

Passo 7: Retirar a seringa e ouvir a fuga de ar quando a agulha entrar no espaço pleural para
indicar alívio do pneumotórax hipertensivo.
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• Avance o cateter para o espaço pleural enquanto mantém a agulha no lugar. Certifique-
se de que a abertura da agulha ou do cateter esteja coberta durante a inspiração para
evitar a entrada de ar no espaço pleural.

Passo 8: Estabilizar o cateter e preparar-se para a inserção do dreno torácico. Após a inserção
do cateter, estabilize-o no local para evitar deslocamento. Prepare-se para continuar com a
drenagem torácica se necessário, dependendo da quantidade de fluido a ser removido e da
condição do paciente.

DRENAGEM DE TÓRAX

DEFINIÇÃO DE DRENO DE TÓRAX

A drenagem torácica é um procedimento cirúrgico realizado para remover ar, líquidos ou


sangue da cavidade pleural, o espaço entre os pulmões e a parede torácica. Isso é feito através
da inserção de um dreno, geralmente por uma incisão na parede torácica conhecida como
coracostomia.

O objetivo é esvaziar o conteúdo retido, que pode resultar de condições patológicas, como
pneumotórax, hemotórax, empiema e quilotórax, ou após intervenções que afetam a cavidade
torácica, como cirurgias cardíacas ou torácicas.

Embora a drenagem torácica seja um procedimento relativamente simples e amplamente


utilizado na prática clínica, uma execução inadequada pode levar a complicações
significativas para o paciente, tornando essencial a correta realização e monitoramento da
técnica.

INDICAÇÕES PARA O DRENO DE TÓRAX

Esse dispositivo pode ser inserido em uma variedade de situações clínicas, onde a presença de
ar, fluidos ou sangue na cavidade pleural compromete a função respiratória e o bem-estar do
paciente.

PNEUMOTÓRAX
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A drenagem torácica para pneumotórax depende da gravidade e sintomas. Pneumotórax


espontâneo pode necessitar de drenagem com base na extensão do acúmulo de ar e condição
pulmonar, especialmente em episódios recorrentes.

O pneumotórax hipertensivo, uma forma grave, requer intervenção imediata para aliviar a
pressão e prevenir complicações. Pneumotórax iatrogênico ou traumático, frequentemente
associado a ventilação mecânica, também necessita de drenagem, independentemente do
tamanho.

HEMOTÓRAX

O hemotórax, caracterizado pelo acúmulo de sangue na cavidade pleural, é tratado com


drenagem torácica, especialmente em mais de 80% dos casos, usando drenagem tubular.

Se a drenagem inicial for insuficiente, pode ser necessária uma toracotomia para controle do
sangramento e tratamento do hemotórax residual, que pode levar a complicações como
empiema ou fibrotorax.

DERRAME PLEURAL

A necessidade de drenagem para derrame pleural varia com a natureza do líquido.


Transudatos, com baixa concentração de proteínas, raramente necessitam de drenagem e são
tratados clinicamente.

No caso de empiema, uma coleção purulenta, a drenagem torácica é essencial para tratamento.
A drenagem também é indicada em hidropneumotórax e quilotórax, para remover líquidos e
evitar complicações, com tratamento adicional, como dieta ou nutrição parenteral, conforme
necessário.

PASSO A PASSO PARA PASSAGEM DO DRENO TORÁCICO

1. Preparação dos materiais: Reunir todos os suprimentos necessários, incluindo campos


estéreis, kit de antissepsia, bandeja para drenagem de tórax e dreno torácico de
tamanho adequado (28-32 F). Preparar o selo d’água e o coletor.

2. Posicionamento do paciente: Posicionar o paciente com o braço do lado afetado


estendido acima e flexionado no cotovelo (a menos que outras lesões impeçam essa
posição). Utilizar um assistente para manter o braço na posição correta.
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3. Preparação do campo operatório: Ampliar e cobrir a parede torácica lateral, incluindo


o mamilo, com campos estéreis no campo operatório.

4. Identificação do local de inserção: Localizar o 4º ou 5º espaço intercostal, que


corresponde ao nível do mamilo ou sulco infra-mamário. O local de inserção deve estar
entre as linhas anterior e média axilar.

5. Anestesia local: Realizar anestesia local na pele, tecido subcutâneo, periósteo da


costela e pleura. Enquanto o anestésico age, usar o dreno torácico para medir a
profundidade da inserção, ajustando a curva do tubo e avaliando a marcação para
garantir que o orifício sentinela esteja no espaço pleural.

6. Incisão: Fazer uma incisão de 2 a 3 cm paralela às costelas no local determinado.


Dissecção dos tecidos subcutâneos logo acima da costela.

7. Perfurar a pleura: Perfurar a pleura parietal com a ponta da pinça hemostática,


segurando o instrumento perto da ponta para evitar inserção súbita e profunda.
Avançar a pinça sobre a costela e abrir para alargar a abertura pleural. Confirmar a saída
de ar ou fluido e realizar uma varredura com um dedo enluvado para limpar aderências
e coágulos.

8. Inserção do dreno: Colocar uma pinça hemostática na extremidade distal do dreno e


outra na extremidade proximal, usando-as como guia para avançar o dreno no espaço
pleural até a profundidade desejada.

9. Verificação do dreno: Observar e ouvir o movimento do ar e a drenagem de sangue. A


presença de “embaçamento” no dreno à expiração pode indicar a correta inserção no
espaço pleural.

10. Conexão e fixação: Retirar a pinça e conectar o dreno a um coletor em selo d’água. Usar
fita adesiva para assegurar a conexão entre o dreno e o coletor.

11. Fixação do dreno: Fixar o dreno à pele com fio de sutura não absorvível.

12. Curativo: Aplicar um curativo estéril sobre a área e fixá-lo com fita adesiva larga.

13. Radiografia: Obter uma radiografia do tórax para confirmar a posição correta do dreno.
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14. Reavaliação: Reavaliar o paciente para monitorar a eficácia da drenagem e o estado


geral.

CUIDADOS DA ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DRENO DE TÓRAX

A manutenção da permeabilidade e integridade do sistema de drenagem é crucial para


preservar o desempenho cardiopulmonar e o bem-estar do paciente. A manipulação incorreta
do dreno pode resultar em aumento da morbidade, prolongamento da hospitalização e, em
casos graves, pode levar à morte.

Durante o transporte do paciente, o enfermeiro deve ter cuidado para não pinçar o dreno e
manter o sistema de drenagem abaixo do ponto de inserção no tórax. Isso evita que o material
drenado retorne à cavidade torácica, o que poderia causar complicações respiratórias.

Além disso, é importante que o enfermeiro monitore o volume e o aspecto do material drenado,
bem como o padrão respiratório do paciente, observando sinais de insuficiência respiratória.

Quanto às coberturas ao redor do local de inserção do dreno, não existem estudos clínicos que
determinem com precisão o tipo de cobertura ou a frequência ideal de troca. Portanto, essa
decisão deve ser feita com base nos protocolos institucionais e na avaliação clínica
individualizada de cada paciente.

A troca do selo d’água do sistema de drenagem deve ser realizada com cuidado, seguindo todas
as medidas de higiene e preparação adequadas para garantir a eficiência e segurança do
procedimento.

RETIRADA DO DRENO DE TÓRAX

A retirada do dreno de tórax é um procedimento delicado que deve ser realizado com extremo
cuidado para evitar complicações como hemotórax, pneumotórax hipertensivo e enfisema
subcutâneo. Esse dispositivo deve permanecer no paciente apenas o tempo necessário para
drenar completamente o ar ou líquido da cavidade pleural.

O dreno só deve ser retirado quando a drenagem estiver estabilizada por um período mínimo
de três horas, e sempre após a realização de uma radiografia de tórax para garantir que os
pulmões estejam totalmente expandidos e que não haja retenção de líquido ou ar na cavidade
pleural.
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A técnica de retirada do dreno de tórax envolve uma série de passos rigorosos e deve
ser conduzida por um médico, com o auxílio de um enfermeiro, para garantir a segurança
do paciente e permitir uma rápida intervenção caso ocorra alguma complicação.

A sequência de passos inclui a higienização das mãos, administração de analgesia conforme


prescrição médica, e preparação do material necessário. O paciente deve ser orientado sobre o
procedimento e instruído a realizar uma expiração profunda seguida de apneia no momento
da retirada do dreno.

Durante a retirada, o enfermeiro verifica a ausência de sangramento e a presença de coágulos


residuais no dreno, além de assegurar que o paciente esteja na posição correta. O dreno é
removido gradualmente enquanto o paciente sustenta a apneia, e o local da inserção é
imediatamente fechado com sutura para evitar a entrada de ar na cavidade pleural.

Após o procedimento, realiza-se uma ausculta pulmonar e verificação de enfisema subcutâneo.


O enfermeiro deve ainda realizar a anotação do procedimento no prontuário do paciente,
monitorar os sinais vitais e a saturação de oxigênio, e providenciar uma nova radiografia de
tórax para confirmar a remoção completa e segura do dreno.

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