2022 NUNES Paisagens Antropogênicas em TeresinaPiauí
2022 NUNES Paisagens Antropogênicas em TeresinaPiauí
2022 NUNES Paisagens Antropogênicas em TeresinaPiauí
FORTALEZA – CEARÁ
2022
26
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________
Prof. Dr. Frederico de Holanda Bastos
Universidade Estadual do Ceará – UECE
(Orientador/Presidente)
________________________________________
Prof. Dr. Davis Pereira de Paula
Universidade Estadual do Ceará – UECE
(Membro interno)
________________________________________
Profª. Dra. Cleide Rodrigues
Universidade de São Paulo – USP
(Membro externo)
________________________________________
Profª. Dra. Iracilde Maria de Moura Fé Lima
Universidade Federal do Piauí – UFPI
(Membro externo)
________________________________________
Prof. Dr. Jorge Eduardo de Abreu Paula
Universidade Estadual do Piauí – UESPI
(Membro externo)
28
AGRADECIMENTOS
Geografia Física que eu tinha pouco contato/acesso) . Saudades do nosso passeio numa sexta-
feira chuvosa na orla de Iracema. Ao Eudázio Sampaio (grande estudioso dos temas regionais
e socioeconômicos), à Ana Paula Damasceno (fonte de inspiração sobre a importância dos
estudos sobre gênero), ao Diego Gadelha (pelas necessárias e indispensáveis provocações que
me fizeram repensar pontos importantes não só da pesquisa, mas sobre a própria importância
da Geografia). Ao Elitom Rodrigues (pelas provocações teóricas durantes as aulas), ao
Hamilton Andrade (pelas frutíferas discussões em torno dos estudos ambientais) e à Maria
Bonfim (por me fazer compreender melhor a dinâmica costeira). As nossas aulas (presenciais
e remotas) serão inesquecíveis. Em cada página desta Tese tem um pedaço de vocês.
Ao Prof. Abner Monteiro, Profª. Lúcia Mendes, Prof. Otávio Lemos e Prof. Wagner Amorim,
pelas valiosas contribuições teóricas e metodológicas durante as aulas no PropGeo.
À Secretaria do ProPGeo, Adriana Livino e Nívia Oliveira, pela presteza, dedicação e atenção
quando das minhas (inúmeras) solicitações e dúvidas.
Sendo um reflexo de todos os(as) professores(a) que passaram pela minha vida acadêmica, pelo
apoio e constantes incentivos, por me fazerem acreditar na Geografia e no magistério e ainda
por tirarem inúmeras dúvidas que me fizeram crescer pessoalmente e profissionalmente,
agradeço os(as) da Graduação em Geografia na Universidade Estadual do Piauí (UESPI):
Egnaldo Belo, Elisabeth Baptista, Francisca Lima, Irene Batista, Joana Aires, Jorge Martins,
Josafá Santos (in memorian), Josenete Cardoso, Laryssa Sheydder, Liége Moura, Livânia
Norberta, Manoel Afonso, Rodrigo Rodrigues e Tereza Alencar. Destaco as grandes
contribuições, apoios e exemplos de humanos e de profissionais da Profª. Suzete Sousa, pelos
ensinamentos geográficos e teórico-metodológicos e por me apresentar Teresina com outro
olhar, da Profª. Luzineide Gomes, pela amizade, palavras de incentivo pessoal e profissional,
carinho, pelos sorrisos sempre cativantes, abraços fraternos e puxões de orelha e do Prof. Jorge
Eduardo Paula, pela amizade, incentivos, por guiar-me nos caminhos acadêmicos, por me
aproximar da temática ambiental e por se fazer presente em todos os momentos, ainda por ter
gentilmente contribuído com esta Tese durante a Qualificação e por aceitar realizar uma nova
leitura para a Defesa.
Agradeço também os(as) professores(as) do Mestrado em Geografia na Universidade Federal
do Piauí (UFPI), em especial Profª. Cláudia Sabóia (pela solicitude de sempre, por acreditar no
meu potencial e incentivar para seleção de Doutorado), Prof. Antonio Façanha (pelas
importantes discussões e reflexões sobre a necessidade de se incluir cada vez mais a temática
social nos estudos geográficos) e Profª. Iracilde Moura Fé (pelos ensinamentos, discussões e
31
momentos de descontração, pelas dicas quanto às práticas de campo, pelos incentivos e palavras
de carinho e por contribuir com esta Tese tanto na Qualificação quanto na Defesa).
À Profª. Cleide Rodrigues pelas ricas e importantes discussões durante a disciplina de Impacto
Humano no Meio Físico em que tive a oportunidade de participar como aluno especial, além
de, gentilmente, contribuir com esta pesquisa tanto na Qualificação quanto na Defesa, sendo,
ainda, grande fonte de inspiração no âmbito dos estudos do Antropoceno.
Ao Prof. Davis Pereira de Paula pelo acompanhamento durante atividades do curso, pela
solicitude e por contribuir com a pesquisa participando da Banca Examinadora de Defesa desta
Tese.
À Profª. Bartira Viana, pela compreensão e ajuda necessária durantes as primeiras semanas do
curso, oportunidade que também estava como professor na UFPI.
Aos meus colegas do Colegiado de Geografia do Centro de Estudos Superiores de Tefé (CEST)
da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), pelo apoio, confiança e compreensão durante
o curso: Prof. Davy Rabelo, Profª. Eliane Feitosa, Profª. Eubia Andrea, Prof. Jubrael Mesquita,
Prof. Kristian Queiroz, Prof. Leonardo Mendes, Profª. Viviane Sussumo e Prof. Wagner Dias.
À D. Sonia, moradora do bairro Satélite, por seu depoimento (informal) sobre os riscos em que
sua casa e sua família sofrem frequentemente com os episódios de enxurradas e inundações.
À Beatriz Ribeiro (Bia), companheira de Geografia (do Fundamental ao Mestrado), de sonhos
e de realizações. Obrigado Bia, pelo apoio, pela confiança, por estar sempre ao meu lado em
todos os momentos, regados por açaí e subway, choros e alegrias.
Aos amigos de sempre e irmãos camaradas, que me acompanham a anos e que me
ajudaram/estimularam em momentos que eu mesmo não acreditava: André Reis, Clícia Batista,
Derlany Barros, Jéssica Barros, Juan Carlos, Kádson Wanole, Marcus Affonso, Romulo
Lacerda e Wilder Márcio (in memorian). Tamo junto, brothers!
À Camila Carneiro, Prof. Francisco Wellington, Prof. Francílio Amorim e Profª. Roneide
Sousa, pela riquíssima contribuição nas etapas de geoprocessamento e sensoriamento remoto.
Vocês entenderam minhas dúvidas mesmo eu não sabendo explicar o que eu queria. Deu certo!
Aos grandes conhecedores dos estudos climatológicos e que me auxiliaram na obtenção,
manipulação e análise de dados importantes sobre Teresina, Prof. Jamersson Brito e Prof.
Ivamauro Silva. Obrigado pelo compartilhamento de seus conhecimentos. Agradeço, também,
aqueles(as) que tive a honra de conhecer em Tefé/AM, Prof. Caio Florindo, Prof. Leonardo
Fonseca e Profª. Márcia Gil. Obrigado pela acolhida e momentos divertidos que me ajudaram
a superar a distância da família e amigos.
32
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRÁFICOS
ha Hectare
% Porcentagem
hab Habitante
Km Quilômetro
km² Quilômetro quadrado
.kml Keyhole Markup Language
ABEQUA Associação Brasileira de Estudos do Quaternário
AGESPISA Águas e Esgotos do Piauí S.A.
BATER Base Territorial Estatística de Área de Risco
BGS British Geological Survey
BRADAR Embraer Defesa e Segurança
C2pi Formação Piauí
CEPRO Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais
CPRM Serviço Geológico do Brasil
GAAE Geomorfologia, Análise Ambiental e Educação
GENAT Grupo de Pesquisa em Gerenciamento de Riscos e Desastres Naturais
GERATEC Núcleo Interinstitucional de Estudo e Geração de Novas Tecnologias
GPS Sistema de Posicionamento Global
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IF Fraturas interiores
IFPI Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
IS Depressão interior
LAGESOLOS Laboratório de Geomorfologia Ambiental e Solos
LDN Lagoas do Norte
LI Linhas de Instabilidade
LMEO Linha Média de Enchentes Ordinárias
Ma Milhões de anos
MDE Modelos Digitais de Elevação
MDT Modelo Digital de Terreno
mEc Massa Equatorial Continental
MOC Lagoa do Mocambinho
mTa Massa Tropical Atlântica
MZD Macrozona de Desenvolvimento
MZIA Macrozona de Interesse Ambiental
MZOC Macrozona de Ocupação Condicionada
MZOM Macrozona de Ocupação Moderada
NEGEO Núcleo de Estudos em Geografia Física
P12pf Formação Pedra de Fogo
PDDrU Plano Diretor de Drenagem Urbana
PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PDF Portable Document Format
PDLI Plano Diretor Local Integrado
PDOT Plano Diretor de Ordenamento Territorial
PET Plano Estrutural de Teresina
PETGeografia Programa de Educação Tutorial do curso de Geografia
PEU Plano Específico de Urbanização
PEV Ponto de Entrega Voluntária
45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 24
2 GEOMORFOLOGIA, ANTROPOCENO E PROCESSOS
SUPERFICIAIS: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS........................... 34
2.1 Geomorfologia: teorias, abordagens e escala - Por uma sustentação
teórica...................................................................................................... 34
2.1.1 A busca pelo entendimento do relevo e a dinâmica da/na Natureza......... 37
2.2 Antropoceno e Tecnógeno: advento, evolução e a transformação da
“natureza”............................................................................................... 44
2.2.1 Antropogeomorfologia, Geomorfologia Antropogênica,
Neogeomorfologia e Geomorfologia Urbana: apontamentos teóricos..... 48
2.2.2 Processos, Formas, Terrenos e Depósitos Antropogênicos...................... 54
2.3 Suscetibilidades, processos superficiais e in(certezas) no ambiente
urbano...................................................................................................... 59
2.4 Geossistema e Materialismo Histórico e Dialético: aproximações
metodológicas.......................................................................................... 62
3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................. 67
3.1 Etapa de Gabinete.................................................................................. 69
3.2 Levantamento de Campo (reconhecimento)........................................ 70
3.3 Identificação e determinação da suscetibilidade a processos
superficiais.............................................................................................. 74
3.4 Geoprocessamento e produção cartográfica........................................ 77
3.4.1 Mapas temáticos (caracterização físico-natural e ocupação urbana)....... 77
3.4.2 Cartografia geomorfológica das paisagens antropogênicas..................... 79
3.4.3 Mapeamento de uso, ocupação e cobertura da terra................................. 83
3.4.4 Ilustrações diversas................................................................................... 85
4 QUADRO NATURAL E SOCIOECONÔMICO DO AMBIENTE
URBANO DE TERESINA..................................................................... 87
4.1 Aspectos geológico-geomorfológicos e geotécnicos.............................. 87
4.2 Aspectos hidroclimáticos....................................................................... 105
4.3 Aspectos pedológicos e vegetacionais.................................................... 113
4.4 Compartimentação físico-natural da cidade de Teresina................... 116
4.5 Caracterização socioeconômica............................................................. 119
47
5 ANTROPOGEOMORFOLOGIA, GEOTECNOGÊNESE E A
FORMAÇÃO DO AMBIENTE URBANO DE TERESINA:
ABORDAGEM HISTÓRICA............................................................... 127
5.1 Teresina, da fundação aos dias atuais: ambiente, cidade e
Geotecnogênese....................................................................................... 127
5.2 Parcelamento do solo, ordenamento territorial e as bases legais
municipais: dimensões de suscetibilidades, riscos e vulnerabilidades 145
6 FEIÇÕES ANTROPOGÊNICAS E AS ALTERAÇÕES DA/NA
PAISAGEM............................................................................................ 156
6.1 Bairros São Joaquim e Matadouro....................................................... 156
6.1.1 Dinâmica temporal do uso, ocupação e cobertura da terra....................... 156
6.1.2 Cartografia geomorfológica..................................................................... 158
6.1.2.1 Cartografia geomorfológica original (pré-intervenção)......................... 158
6.1.2.2 Cartografia geomorfológica do estágio atual de intervenção................ 163
6.1.2.3 Síntese comparativa................................................................................. 172
6.2 Bairro Satélite......................................................................................... 173
6.2.1 Dinâmica temporal do uso, ocupação e cobertura da terra....................... 173
6.2.2 Cartografia geomorfológica...................................................................... 174
6.2.2.1 Cartografia geomorfológica original (pré-intervenção)......................... 174
6.2.2.2 Cartografia geomorfológica do estágio atual de intervenção................ 178
6.2.2.3 Síntese comparativa................................................................................. 185
6.3 Bairro Parque Juliana............................................................................ 186
6.3.1 Dinâmica temporal do uso, ocupação e cobertura da terra........................ 186
6.3.2 Cartografia geomorfológica...................................................................... 188
6.3.2.1 Cartografia geomorfológica original (pré-intervenção)........................ 188
6.3.2.2 Cartografia geomorfológica do estágio atual de intervenção................ 192
6.3.2.3 Síntese comparativa................................................................................. 200
6.4 Bairro Flor do Campo............................................................................ 201
6.4.1 Dinâmica temporal do uso, ocupação e cobertura da terra....................... 201
6.4.2 Cartografia geomorfológica...................................................................... 203
6.4.2.1 Cartografia geomorfológica original (pré-intervenção)......................... 203
6.4.2.2 Cartografia geomorfológica do estágio atual de intervenção................ 207
6.4.2.3 Síntese comparativa................................................................................. 213
48
1 INTRODUÇÃO
1
Relacionada aos povos que viveram entre 8 e 2 mil anos antes do presente, são caracterizados como construções
de povos pré-históricos feitas (principalmente com uso de conchas, ossos de animais, artefatos, restos de fogueiras
25
Fonte: https://jornalggn.com.br/artes/exposicao-do-inferno-de-dante-chega-a-sao-paulo/
e ossos humanos) ao longo do tempo e se referem a ocupação e abandono de áreas ao longo do litoral brasileiro
(BIGARELLA, 1962; SCHEEL-YBERT; et al., 2009).
26
2
As siglas RAS, RASe, RAL e RACN não são utilizadas oficialmente pela Prefeitura de Teresina, portanto seu
uso iniciará com este estudo como forma de contribuir com a discussão dos resultados e facilitar a leitura.
29
A escolha específica pelas áreas de investigação (bairros Parque Juliana, Flor do Campo,
Satélite, Matadouro e São Joaquim) correspondem às suas próprias características
geomorfológicas, de urbanização (infraestrutura) e uso da terra, mudanças dentro da história de
urbanização de Teresina, e de modificações (e sua sequência) morfológicas que acarretam
mudanças junto aos processos superficiais e desencadeamento e ampliação do
dimensionamento de impactos ambientais.
Sobre os bairros Matadouro e São Joaquim (localizados na RACN), estes compreendem
parte do sistema lagunar-fluvial envolvendo as lagoas das planícies de inundação dos canais
dos rios Poti e Parnaíba e que está passando por um importante processo de revitalização
(Programa Lagoas do Norte). Com ocupação acelerada (desde a década de 1960) de pessoas
pobres e sem opções de moradia, a área vincula-se com a atividade de mineração (areia,
massará, seixo, além de argila3 e cascalho aluvionar), inclusive originando lagoas tendo em
vista a presença de um lençol freático superficial, a exemplo das lagoas da Piçarreira, do
Cabrinha e do Lourival.
Em relação ao bairro Satélite (RAL), com cotas altimétricas entre 85 e 134 metros,
caracterizado por possuir uma das maiores altitudes do espaço urbano de Teresina, sua
ocupação se deu na década de 1980. Em decorrência da sua característica topográfica e os
padrões de ocupação (principalmente em áreas suscetíveis à escorregamento), além de
ocupação em canais de drenagem, que, em alguns trechos, ora se apresenta com barramento e
canalização, ora tamponado e interligado com o esgoto doméstico e com lixos e entulhos no
seu canal.
No que se refere ao Aterro de Teresina (RAS), este se localiza no bairro Parque Juliana,
desde a década de 1970 é o destino final da coleta de lixo na cidade, inclusive durante décadas
serviu como lixão a céu aberto, com aproximadamente 124 metros de altitude. A atividade
humana associada ao processamento do material residual exemplifica as mudanças promovidas
na morfodinâmica natural, principalmente na geração de novas formas de relevo e na
descaracterização de canais de drenagem próximos, somados à atividade de extração mineral
no seu entorno.
A última área de investigação é, também, a mais recente na dinâmica urbana de
Teresina. A Vila Nova Esperança (localizada no bairro Flor do Campo), com cotas altimétricas
que variam de 74 a 138 metros, teve sua origem após o ano de 2009 com vínculo a atividade de
3
A extração de argila na área é, ainda, um fator cultural e social, tendo em vista que é a matéria prima para a
produção de artesanatos em argila e cerâmica na região, sendo fonte de renda para muitas famílias.
31
4
A utilização do termo “zona” para agrupar diferentes espaços urbanos de Teresina está em desuso desde 2013,
com atualizações da Lei Orgânica do Município. A partir desta, a Prefeitura Municipal de Teresina (PMT) por
meio da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão (SEMPLAN), utiliza o termo “região” para figurar as
Regiões Centro-Norte, Sul, Leste e Sudeste, contudo, o termo “zona” ainda é utilizado de forma popular e habitual.
32
Ao longo dos anos, o conhecimento geomorfológico prova, por si só, seu grande papel
na compreensão da estrutura e dos processos das paisagens, tanto na primeira natureza, quanto
na segunda natureza (considerando o exposto por Santos, 1992). O desenvolvimento de estudos
sobre o relevo conseguiu capitanear um significativo ganho de ordem teórico-conceitual e
principalmente metodológico, sobretudo na utilização de técnicas de outras áreas do
conhecimento (SELBY, 1985; TRICART, 1986; COLTRINARI, 2000) como a Geologia, a
Climatologia e a Geotecnia.
Vitte (2010, p. 1), ao levar em consideração a história da Geomorfologia no Brasil,
destaca a existência de quatro momentos distintos em que houve a base da sua sistematização:
a) os Primórdios, sob sustentação da teoria do Ciclo Geográfico de William Morris Davis; b) a
Ruptura Epistemológica (década de 1950), com a aplicação da Teoria da Pediplanação de Lester
King; c) a Problemática Ambiental, sob influência da concepção geossistêmica proposta por
Georges Bertrand e d) a Fase Atual, caracterizada pelo aprofundamento das questões ambientais
“como a urbana, com o desenvolvimento de metodologias de estudos [...] há um crescente
aumento de estudos de morfotectônica, quando a neotectônica passa a ser uma componente
importante dos estudos geomorfológicos”.
Partindo da explanação do autor anterior e tendo em vista a temática desta Tese, a
presente seção expõe, com auxílio de distintos autores, contribuições teóricas e conceituais
principalmente no que diz respeito à Teorias, Abordagens, Escalas (temporal e espacial),
Paisagem, Ambiente, Antropoceno, Tecnógeno, e processos superficiais face à concepção
geomorfológica, sob a “Fase Atual” da Geomorfologia brasileira.
A ciência, em seu sentido mais amplo, busca encontrar novos conhecimentos por meio
da criação, desenvolvimento e justificação de ideias e teorias, ao passo que todas as observações
são sustentadas por teorias. Sobre isso, inicialmente, a observação envolve interpretação e
classificação, as quais só podem ocorrer inseridas em um contexto de conceitos teóricos pré-
existentes, e que, no caso da Geomorfologia, a teoria é vista como central, mas frágil, e que
ambas (teoria e observação de perspectiva empírica) são vistas simbioticamente (RHOADS;
THORN, 1993).
35
5
A utilização das “aspas” na palavra Geografia Física indica, na visão do autor desta Tese, o seu direcionamento
diante de uma Geografia una e totalizante, mesmo que, para muitos geógrafos, essa divisão (“Geografia Física” e
“Geografia Humana”) esteja cristalizada. O tema discutido nesta Tese por si só ilustra tal direcionamento, inter-
relacionando aspectos ambientais (natureza) e sociais (humanos) sustentados na categoria de Totalidade.
38
pouca atenção aos processos em operação e, ainda, com baixa relação com outras áreas do
conhecimento, como a Hidrografia, a Climatologia e a Biogeografia.
Por outro lado, a então dominante interpretação do relevo sob a concepção Davisiana
entra em declínio/reformulação com a Linhagem Epistemológica (ou Tendência) Germânica
sob fundamental contribuição dos naturalistas Ferdinand Von Richtofen e Albrecht Penck. Esta
vislumbrava a gênese do relevo a partir de uma teia de relações que, de maneira mais intensa,
estava relacionada principalmente com a “petrografia, a química do solo, a hidrologia e a
climatologia” (ABREU, 2003, p. 12) além dos conhecimentos técnicos da Cartografia. Neste
caso, a Geomorfologia era encarada sob um viés mais objetivo sob forte influência da
importância das relações entre os elementos, corroborando assim que, “[...] cuando más viaja,
más se convence el geógrafo de que el clima es um fator decisivo da Geomorfología” (DE
MARTONNE, 1982, p. 369).
As concepções destas tendências tornaram-se mais evidentes com as teorias de como se
daria a origem do relevo, em Davis por exemplo, havia a defesa do down-wearing (o relevo
evoluía de cima para baixo) e que o processo denudacional iniciaria após o término do
soerguimento. Já o sistema Penckiano interpretaria o papel do back-wearing (recuo lateral das
vertentes) e que a denudação acontece concomitantemente ao soerguimento.
Com a construção da Geomorfologia, um dos focos dela seria a relação entre a forma e
o processo, considerando ainda que muitas formas não podem ter sua gênese totalmente
entendidas e explicadas pela natureza e diante da intensidade dos processos atuantes hoje,
devendo-se considerar a existência e dinâmica dos eventos ocorridos preteritamente
(SUMMERFIELD, 2013).
As mudanças teóricas e conceituais ocorridas ao longo século XX auxiliaram no
encaminhamento da Geomorfologia atual, não só na direção para articulação para outras áreas
da Geografia, como para uma interdisciplinaridade com as ciências da terra, sociais, exatas e
biológicas (GAMMA; DIMUCCIO, 2013; SUERTEGARAY, 2018). Essas transformações
condicionam a criação de métodos e técnicas de análise, além do aperfeiçoamento de linguagens
e escalas de análise do relevo (CRUZ, 1985; BOER, 1992; KOHLER, 2002; MILLAR, 2013;
WALKER, et al, 2017), originárias de uma múltipla variedade de perspectivas.
As investigações geomorfológicas mais do que se isolaram em um ou outro tipo
conceitual, procuraram, em muitos casos, inter-relacioná-los, dando ênfase em uma construção
baseada na combinação destes tipos (PENTEADO, 1980), de que muitas respostas de um dado
problema geomorfológico seriam dadas pela relação da Geomorfologia com as Geociências,
como a Sedimentologia, Pedologia, Geofísica, Geologia Estrutural, Oceanografia, Hidrologia,
40
Esse contexto, que habita o conceito social da natureza e que em sua dialética
associou-se ao desenvolvimento do sistema capitalista, garantiu a
transformação do ambiente em mercadoria calçado no ideal de maximização
do lucro. Por isso, a aceleração competitiva capitalista associou-se
diretamente com a ampliação da utilização do meio natural, transformando-o
em bem econômico. [...] ver a natureza como um conjunto de objetos que não
possuem criatividade, sendo reversíveis, imutáveis e inertes, corrobora com a
ideologia de que a natureza é uma fonte inesgotável de recursos (CAMARGO,
2005, p. 28).
6
O conceito de Meio é subjugado na epistemologia da ciência geográfica em decorrência principalmente do seu
caráter dialético e polissêmico, além do seu grau de generalização, passível, em muitas oportunidades, de ser
substituído por outros termos e/ou conceitos (GERALDINO, 2013).
7
É necessário estudar não somente partes e processos isoladamente, mas também resolver os decisivos problemas
encontrados na organização e na ordem que os unifica, resultante da interação dinâmica das partes, tornando o
comportamento das partes diferentes quando estudado isoladamente e quando tratado no todo (BERTALANFFY,
1973, p. 53).
41
teoria; c) tal teoria poderia ser concebida com o intuito de alcançar conhecimentos exatos em
campos não físicos das ciências; d) desenvolvimento de princípios verticais no universo das
ciências, considerando a meta da unidade científica e; e) condução para integração da educação
científica.
No campo de estudo da Geomorfologia, a TGS influenciou após seu papel na Ecologia,
sendo um ponto de entrada para a Geografia Física (BERTRAND; 1971; SOTCHAVA, 1977;
TRICART, 1977) no geral. Ao longo da origem e evolução da Geografia Física, a Geografia
experimentou inúmeras contribuições teóricas e metodológicas até dar lugar a uma postura
neopositivista sustentada pela Revolução Teorético-Quantitativa, ao passo que o processo de
incorporação do pensamento sistêmico perdurou 35 anos (de 1935 a meados de 1971, com a
publicação de Physical Geography: a systen approach, de Chorley e Kennedy) (GREGORY,
1992). A partir desse momento, indiscutivelmente a concepção sistêmica é uma das diretrizes
principais no âmbito da Geografia Física principalmente com o objetivo de promover uma
análise integrada da natureza.
Oriunda da concepção sistêmica, o Geossistema surge baseado na sustentação teórica
do russo Viktor Borisovich Sotchava, considerando que os sistemas territoriais naturais que se
particularizam em um dado contexto geográfico, constituem-se de elementos inter-relacionados
no tempo e no espaço, sendo, portanto, um sistema natural de caráter homogêneo ligado a um
território, se caracterizando por uma morfologia, funcionamento, dinâmica e comportamento
de três tipos de elementos (abióticos, bióticos e antrópicos) mutuamente condicionados
combinando os fatores geológicos, climáticos, geomorfológicos, hidrológicos, pedológicos,
biológicos e antrópicos (BEROUTCHACHVILI; BERTRAND, 1978; CHRISTOPHERSON;
BIRKELAND, 2017; DIAS; PEREZ FILHO, 2017).
Na experienciação geossistêmica (figura 5), a Geomorfologia permite uma discussão
transversal com maior amplitude de conhecimento, sobretudo no contexto das escalas de análise
(do global ao local, passando pelo regional e vice-versa) em sentido não exclusivamente
espacial, considerando ainda o reconhecimento do relevo como elemento fundamental do meio
físico-natural no procedimento cognitivo de interpretação e classificação dos sistemas
ambientais (GAMA; DIMUCCIO, 2013; MARQUES NETO, 2016; LOPATIN; ZHIROV,
2017).
42
Esta concepção é entendida como a relação entre o real e o representado pela análise e
leva em conta a representação da esfericidade de um geossistema considerando o aspecto
morfológico da área e que é possível salientar as porções do espaço e os valores estabelecidos
entre os processos relacionados à referida dinâmica.
A ação antrópica aqui tem significativa importância na compreensão da natureza, de
modo que, com o seu advento no âmbito da Geografia Física argumentar-se-ia que os
profissionais dessas áreas minimizaram (ou até retiraram) a atenção dos efeitos da atividade
humana “ao concentrar seus esforços nas áreas rurais, nas áreas dos espaços não modificados e
nas escalas temporais anteriores à época em que a atividade humana começou a exercer
influência significativa” (GREGORY, 1992, p. 212).
43
8
Conforme Oliveira (2014, p. 1), “embora ainda não tenha sido formalmente definido como unidade da escala de
tempo geológico, o termo Antropoceno já vem sendo largamente aplicado no mundo científico e foi adotado
definitivamente pela mídia”.
9
A Carta Cronoestratigráfica oficial pode ser obtida junto ao sítio eletrônico da International Comission on
Stratigraphy, disponível em: https://stratigraphy.org/chart. A última atualização se deu em fevereiro de 2022.
45
Quaternário Holoceno
(3 Ma - ) Pleistoceno
(66 Ma - )
Neógeno
(Terciário Superior)
(23 Ma – 3 Ma) Paisagens
Paleógeno naturais
(Terciário Inferior)
(66 Ma – 23 Ma)
Fonte: elaborado a partir de Cunha (2000) e Oliveira (2005)
10
Alexei Petrovich Pavlov, geólogo soviético, propôs durante o XIII Congresso Geológico Internacional de
Bruxelas a utilização do termo Antropogênico (Antropogeno).
11
Proposto no lugar de “ação”, “agência” representa a originalidade e complexidade da atuação (circunstância,
intenção, racionalidade e consciência) dos seres humanos e sua diferenciação dos processos naturais que estão
associados às leis físicas e comportamentos puramente biológicos (ROBB, 2005; PELOGGIA, 2019).
47
autores nas referidas obras percebe-se a capacidade da ação social (humana) de interferir e
influenciar o ambiente, mesmo que expostas, nestas produções, de maneiras distintas.
Ao longo do século XX destacam-se, entre tantos, as contribuições de Vernadsky
(1926), Chemekov (1983), Ter-Stepanian (1988) e Turner et al. (1990) no contexto das relações
humanas frente à questão ambiental. Destes, Turner et al. (1990), relacionam as mudanças
ambientais como oriunda de forças principais (driving forces), forças mitigadoras (mitigating
forces), além do comportamento humano. Serve como base, também, a proposta de Rohde
(2005) por evidenciar a atividade humana na modificação dos aspectos e processos naturais,
compreendendo as seguintes efetuações:
a) Efetuação paisagística (como feições geomorfológicas antropogênicas, e
aceleração/intensificação do processo erosivo);
b) Efetuação litológica (criação de depósitos geológicos artificiais e a destruição ou
modificação de formações geológicas preexistentes, além da criação de depósitos
tecnogênicos);
c) Efetuação geodinâmica (tentativa antrópica de reduzir e eliminar processos
geodinâmicos e o desencadeamento de fenômenos ou fatos relacionados); e
d) Efetuação fossilífera (produção de fósseis artificiais).
São as atividades humanas acelerando os processos que antes do Tecnógeno/Quinário
ocorreriam de maneira mais lenta, gradual e processual. A vista disso, a influência humana
sobre a natureza é perceptível em distintas escalas, principalmente aquelas locais e regionais,
sendo características do desenvolvimento tecnológico e socioeconômico, cada vez mais intenso
à medida que este desenvolvimento se acelera e, em muitos casos, torna-se descontrolado.
Exemplifica-se com a dinâmica do fenômeno urbano brasileiro (principalmente a partir
da década de 1970), além de outros casos de influência, como o desmatamento na Amazônia
(2018 e 2019), o derrame de petróleo no litoral do Nordeste Brasileiro (2019), e os desastres
em Mariana (2015) e Brumadinho (2019) que, em muito, auxiliaram no comprometimento das
características físico-naturais, como qualidade da água e do solo, assoreamento de rios (e
modificação das redes de drenagem) e alterações no clima principalmente em microescala.
Nesse contexto insere-se a contribuição teórica de Felds (1958) ao considerar que a
sociedade, por meio de técnicas e objetivos, proporciona efeitos diretos como no deslocamento
de massas nos lugares de habitação, na atividade de mineração e no regime de cursos fluviais,
em que pese o processo denudacional, ora acrescido, ora atenuado.
48
Goudie (1990) ratifica ainda que a participação humana na criação de formas de relevo
se dá por meio dos processos antropogênicos diretos (atividades construtivas, interferência na
natureza hidrológica) e indiretos (como a aceleração da erosão e sedimentação e nos episódios
de movimentos de massa).
O papel da escala espaço-temporal é uma das preocupações para a realização de estudos
antropogeomorfológicos mais coerentes sobre dada realidade e sem interpretações errôneas,
tendo em vista que a escala pequena poderá levar à perda de referência do sistema, enquanto a
escala grande pode ser insuficiente para a identificação e compreensão dos processos ali
existentes (RODRIGUES, 1999; 2005). Já a escala temporal se destaca para o entendimento da
rapidez e mensuração das intervenções antrópicas, como ilustrado em estudo de Brandolini et
al. (2018) sobre as modificações geomorfológicas ocasionadas pela pressão antrópica
(principalmente escavação) no centro histórico da cidade de Génova (Itália), principalmente no
entorno do porto, conforme figura 8.
Figura 8 – Modificações morfológicas do promontório de San Benigno (em Génova/Itália) nos dois
últimos séculos. Em A, início do século XX, pré-demolição do promontório; e, em B, destaque o
antigo perfil do promontório
Sobre a Geomorfologia Urbana, esta se aproxima do rol das ciências dos sistemas
humano-paisagísticos (HARDEN, et al. 2014), com destaque para a ação dos processos em um
determinado ambiente artificial (JORGE, 2011), de modo que deixa ainda mais clara a inserção
do elemento antrópico nos estudos geomorfológicos em espaços urbanos. Tal preocupação se
deu mediante a diminuição da qualidade de vida urbana no tocante à crise ambiental, de modo
que é indispensável o papel dessa subárea na definição e execução de políticas públicas,
principalmente em contribuir na análise de dados e em soluções para problemas urbanos
(COATES, 1976).
Seguindo essa premissa, a tarefa da Geomorfologia Urbana pode ser dividida em três
partes, sendo: a) conhecer o relevo em que a cidade é construída; b) entender os processos
geomorfológicos atuais modificados pela urbanização e; c) predizer as futuras mudanças
geomorfológicas que ocorrerão (DOUGLAS, 1988). Portanto, a Geomorfologia Urbana, ao ser
tratada sob abordagem da análise ambiental integrada, possibilita ações de planejamento
urbano, gestão da cidade, ordenamento territorial, zoneamento econômico e outras ações que,
associadas às dinâmicas de superfície e subsuperfície auxilia enquanto instrumento
fundamental, como no planejamento de vias (ruas e avenidas) e loteamentos, além da drenagem
urbana. É nesse cenário que a paisagem urbana é alterada e as cidades dinamizadas, tendo em
vista que o relevo é encarado como base física e inerte, em que as dimensões sociais,
econômicas, históricas e culturais se instalam de maneira dialética, em uma interface ainda com
a Geologia, Engenharia e o Planejamento Urbano.
A vista disso, a urbanização deve ser amplamente compreendida e estudada uma vez
que é caracterizada por ser a ação de maior impacto sobre os sistemas geomorfológicos,
interferindo as suas formas, processos e materiais (DOUGLAS, 2005) resultando em processos
geomorfológicos de naturezas direta e efetiva (DOUGLAS, 1977) e criando paisagens
associadas a profundas modificações no balanço de matéria e energia, como ações de
impermeabilização, esgotamento do lençol freático, aumento da instabilidade de vertentes,
alteração de canais fluviais, além da formação e destruição de superfícies (DOUGLAS, 1988).
De maneira metabólica (KENNEDY; PINCETL; BUNJE, 2011), a cidade é entendida
como sistema aberto e completo, direcionando-se a uma multidimensionalidade (SANTOS,
1996; COELHO, 1999) em decorrência das alterações na paisagem natural (GUERRA;
MARÇAL, 2006), notadamente no que diz respeito aos inputs antrópicos sobre a superfície
(GOUDIE, 1993; GUERRA; SANTOS FILHO, 2008), como: morfologia do povoamento;
edificações em encostas e próximas a canais fluviais; estruturas viárias; processos modificados
em encostas; edificações em encostas; drenagem e esgotamento sanitário e lixo.
54
Figura 11 – Exemplos de hierarquia dos terrenos artificiais conforme British Geological Survey
desencadeando o transporte de materiais para as áreas mais baixas e interferindo nos outros
processos (alagamentos e inundações) em virtude do acúmulo do material.
As deposições antropogênicas conferem, ainda, casos de suscetibilidade tendo em vista
o baixo grau de compactação, elevada permeabilidade, heterogeneidade dos materiais (muitos
com artefatos como papelão, plástico e vidro) acarretando movimentações por gravidade e
possibilidade de saturação, rachaduras e descontinuidade dessas feições.
Face à classificação dos riscos ambientais – por associar eventos naturais acentuados
pela condição antrópica configurando-se como ameaça, é a que se encaixa mais no âmbito desta
Tese – Cerri e Amaral (1998) apontam a existência de três tipologias principais, os tecnológicos
(como vazamentos de produtos tóxicos), os sociais (como guerras, assaltos e sequestros) e os
naturais, divididos em: a ) Físicos: atmosféricos (furações, secas e tempestades, por exemplo),
hidrológicos (enchentes e inundações) e geológicos, subdividido em endógenos (terremotos,
tsunamis, vulcanismo, dentre outros) e exógenos (escorregamentos, assoreamentos, erosão,
dentre outros), e; b) Biológicos, associados à fauna e à flora.
Nota-se que os riscos ambientais, nesta classificação, é a tipologia com maior classe,
incluindo classes e subclasses. Cabe mencionar o quanto a noção de perigo está inserida com a
iminência de ocorrer algum processo ou evento desastroso, perfeitamente relacionáveis aos
espaços urbanos principalmente junto aos riscos geológicos exógenos e os hidrológicos. Chama
atenção a inclusão dos riscos tecnológicos e sociais como classes dos riscos ambientais, em
uma ponte conceitual do que é natural e ambiental.
Particularmente no contexto geomorfológico e relacionando-se aos ambientes urbanos,
tem-se a classificação apresentada em Oliveira (2004), integrando elementos dos sistemas físico
e antrópico sob a base dos espaços urbanos (figura 13). Nesta, os processos geomorfológicos,
principalmente associados à dinâmica fluvial e das vertentes configuram áreas de ocupação
irregular e condicionam a existência de riscos geomorfológicos, principalmente ao se levar em
consideração os padrões morfométricos.
62
da paisagem pela ação antrópica e, para isso, recorre-se ao Materialismo Histórico e Dialético
como um dos suportes teórico-metodológico. Por estar alicerçado em uma perspectiva
sistêmica, este estudo tem como referência a ideia de que a Geografia Física deve analisar a
unidade oriunda da integração e as inter-relações presentes em conjunto (CHRISTOFOLETTI,
1999). Portanto, aqui será realizado um diálogo entre métodos diferentes, Geossistema e
Materialismo Histórico e Dialético, em decorrência das especificidades do tema e da área de
estudo.
A esse respeito, ambos os métodos já são próximos a partir do início da formulação do
primeiro, de modo que os textos produzidos por Sotchava estavam pautados, dentre outras
visões teórico-metodológicas, no Materialismo Histórico e Dialético, coincidindo ainda com
postulados de uma série de autores russos, considerando que a sustentação filosófica pela visão
marxista era encarada como clássica (RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTI, 2010;
OLIVEIRA; MARQUES NETO, 2020), servindo como base para estudos sobre o meio
ambiente e o espaço em uma concepção materialista do tempo e do espaço, servindo, assim,
como ponte para os estudos integrados da natureza.
Figura 14 – Em A, modelo geossistêmico proposto por Bertrand (ação antrópica com a mesma
dimensão na organização do geossistema); e, em B, Modelo geossistêmico proposto por Sotchava
(atividades humanas influenciam a estrutura do geossistema)
Contudo, tem-se a ciência de que o Materialismo Histórico como método não permite a
realização de investigações analíticas no bojo das ciências da natureza por ser, em síntese,
associado às ciências sociais e humanas, o que permite contribuir com análises na relação
natureza-sociedade com base na categoria Trabalho, sendo antecedido pelo processo de
dialetização da natureza (MARX, 1979).
Frente a isso, a adoção deste possibilita a compreensão da dinâmica social na área de
estudo, principalmente no que diz respeito ao processo de ocupação do espaço em um dado
recorte histórico, o que auxilia em evidenciar temáticas como divisão de classes, contradições,
apropriação da natureza12 e a relação entre poder local e totalidade social. O diálogo entre estes
dois métodos (RODRIGUES, 2005; SANTOS, 2008; GOUVEIA, 2010; BARBOSA, 2015;
NASCIMENTO, 2015; SILVA, 2017; JATOBÁ, 2017; BLONIARZ; CONSTANTINE, 2017;
FRANCH-PARDO, et al., 2017) favorece, portanto, uma leitura integrada e complexa entre
Antropoceno, Antropogeomorfologia, Geomorfologia Urbana e Processos superficiais,
subsidiando a análise teórica dos dados e informações coletados tanto em campo quanto em
gabinete.
12
Neste método a natureza é encarada como recurso/mercadoria/objeto, possuindo, dessa maneira, valor de uso e
troca. Esta visão reflete inclusive como se deu o processo de ocupação da área de estudo, com forte ligação às
atividades de mineração.
65
Reforça-se ainda que, como ponto de aproximação, são adotadas as orientações básicas
(princípios e categorias) propostas por Rodrigues (2005) para análise dos efeitos das ações
antropogênicas sobre o meio físico, sendo:
a. Observar as ações humanas como ações geomorfológicas na superfície
terrestre: partindo da concepção de que as atividades humanas, em suas variadas
tipologias e objetivos, modificam as propriedades e localização dos materiais
superficiais, além de interferirem nas taxas e balanços dos processos, bem como na
geração direta e/ou indireta de morfologias antropogênicas;
b. Investigar nas ações humanas padrões significativos para a morfodinâmica: a
partir deste princípio torna-se exequível o reconhecimento da dinâmica de ocupação
e de modificações característica da agência humana que ora contribui com as
interferências nos balanços naturais e geração de degradação ambiental;
c. Investigar a dinâmica e a história cumulativa das intervenções humanas,
iniciando com os estágios pré-pertubação13: possibilita a compreensão da
sequência de modificações morfológicas e quais processos e materiais (originais ou
não) fazem parte desta dinâmica visando o entendimento da magnitude dos
impactos;
d. Empregar diversas e complementares escalas espaço-temporais: objetiva a
adoção de escalas que possam contribuir com a maior quantidade de detalhes sem
perder informações do contexto regional. Essa perspectiva de análise multiescalar
pode ser adotada a partir da proposta de Ross (1992) em termos de
compartimentação geomorfológica;
e. Empregar e investigar as possibilidades da cartografia geomorfológica de
detalhe: objetiva a discriminação e detalhamento das feições geomorfológicas,
inclusive aquelas antropogênicas;
f. Explorar a abordagem sistêmica: considerando a análise integrada do ambiente e
como os aspectos socioeconômicos influenciam no meio físico;
g. Usar a noção de limiar geomorfológico e a análise de magnitude e frequência:
associada à tipologia dos eventos, sua frequência de ocorrência e classes de
magnitudes enquanto abordagem para a avaliação de processos em Geomorfologia;
13
“Entende-se por morfologia original, ou pré-intervenção, aquela morfologia cujos atributos como extensão,
declividades, rupturas e mudanças de declives, dentre outros, não sofreram alterações significativas por
intervenção antrópica direta ou indireta. Modificação significativa é aquela que já implica em dimensões métricas
nos atributos mencionados” (RODRIGUES, 2005, p. 103).
66
3 MATERIAIS E MÉTODOS
14
O início da pesquisa se deu durante a Pandemia da COVID-19, e, diante das ações para diminuição do contágio,
muitos profissionais da Geografia (e de outras áreas) realizaram atividades virtuais/remotas em distintas
plataformas, tais como YouTube, Instagram, Google Meet e Zoom. Além de favorecer uma continuação, mesmo
limitada, de estudos, essas atividades proporcionaram a disseminação, troca e discussão de conhecimento
científico. O Laboratório de Geomorfologia Ambiental e Solos (LAGESOLOS) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), o Programa de Educação Tutorial (PET) de Geografia da Universidade Estadual do Ceará
(UECE) e o Grupo de Pesquisa em Gerenciamento de Riscos e Desastres Naturais (GENAT) da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB) são exemplos de grupos que contribuíram para tal.
69
Esta etapa percorre toda a pesquisa, sendo de fundamental importância nos seus
momentos iniciais considerando o levantamento, aquisição e compilação de dados
bibliográficos e técnicos, iconográficos, cartográficos e de notícias de jornal pré-existentes,
marcando assim o nível Compilatório, considerando a proposta de Libault (1971).
Neste sentido, foi construído, desde a elaboração do projeto de pesquisa para seleção no
Programa de Pós-graduação em Geografia (ProPGeo) da Universidade Estadual do Ceará
(UECE), um banco de dados com informações diversas e de escalas temporais e espaciais
distintas sobre a área de estudo e principalmente a base teórica para sistematização e
compreensão da inter-relação entre geomorfologia urbana, antropogeomorfologia, paisagens
antropogênicas e suscetibilidade.
Isto posto, leituras fundamentais15 sobre o percurso evolutivo da Geomorfologia
(SELBY, 1985; TRICART, 1986; COLTRINARI, 2000; ABREU, 2003; VITTE, 2010;
BARROS; VALADÃO, 2018; SUERTEGARAY, 2018; SINGH, 2018; BIERMAN;
MONTGOMERY, 2020), considerações sobre o Antropoceno e Geotecnogênese no ambiente
urbano (AB’SABER, 1957; CHRISTOFOLETTI, 1967; NIR, 1983; CHEMEKOV, 1983;
TER-STEPANIAN, 1988; DOUGLAS, 1988; 2005; GOUDIE, 1990; GOUDIE; VILES, 1997;
RODRIGUES, 1999; 2005; ROHDE, 2005; PELOGGIA; OLIVEIRA, 2005; GUERRA;
MARÇAL, 2006; STEFFEN; CRUTZEN; MCNEILL, 2007; SANTOS FILHO, 2011; SZABÓ,
2010; SUGUIO, 2010; GUERRA, 2011; HUDSON; GOUDIE; ASRAT, 2015; OLIVEIRA;
PEIXOTO; MELLO, 2018), classificações e conceitualizações a respeito das feições
antropogênicas e conceitos associados (TER-STEPANIAN, 1988; FANNING; FANNING,
1989; PELOGGIA, 1998; 2017; 2018; RODRIGUES, 2005; ROHDE, 2005; FORD; et
al.,2010; EDGEWORTH, 2013; SANTOS; et al., 2017; LUBERTI, 2018; MATHIAS; NUNES,
2019; ZHICHKINA; et al., 2020), além da compreensão teórica sobre suscetibilidade, riscos e
processos superficiais (KASPERSON; et al., 2005; ACSERALD, 2006; VEYRET, 2007;
CIDADE, 2013; OLÍMPIO; ZANELLA, 2017; COCO, et al. 2021; MELO; SOUZA;
GUERRA; 2021) constituíram-se referências fundamentais para o delineamento teórico-
metodológico desta pesquisa.
Ainda nesta etapa foram visitados sítios eletrônicos da Secretaria Municipal de
Planejamento e Coordenação de Teresina (SEMPLAN), Empresa Teresinense de
15
Soma-se as discussões tidas em sala de aula durante a realização das disciplinas do curso e a participação em
eventos remotos, em decorrência da Pandemia da COVID-19.
70
de Teresina possibilitou a compreensão dos limites dos bairros, além de ruas e vielas que se
tornaram pouco visíveis pelo Google Earth Pro, servindo, assim, como aproximação necessária
e sistematizada com o objeto estudado.
A utilização de aparelho de GPS Garmin E-trex 20x, câmera fotográfica pessoal, Google
Earth Pro manipulado em aparelho de smartphone e automóvel pessoal foi de grande
necessidade para o alcance dos objetivos desta etapa. Para este reconhecimento (pré-campo e
campo de reconhecimento), foram utilizados produtos cartográficos obtidos junto aos sítios
eletrônicos da SEMPLAN e PRODATER, além de estudos científicos, sendo:
• Perímetro urbano de Teresina, conforme Plano Diretor de Ordenamento Territorial
(2020), na escala 1:45.000;
• Macrozoneamento urbano de Teresina, conforme Plano Diretor de Ordenamento
Territorial (2020), na escala 1:45.000;
• Zoneamento urbano de Teresina, conforme Plano Diretor de Ordenamento Territorial
(2020), na escala 1:45.000;
• Divisão administrativa da cidade de Teresina (2020), na escala 1:25.000;
• Posteamento de energia elétrica (2016), na escala 1:27.500;
• Rede de esgoto, estações elevatórias e estações de tratamento (2016), na escala
1:30.000;
• Rede de abastecimento de água (2016), na escala 1:30.000;
• Microbacias e drenagem de Teresina (2013), na escala 1:45.000;
• Mapa de relevo da zona urbana de Teresina (2016), na escala 1:27.000;
• Mapa de declividade da zona urbana de Teresina (2016), na escala 1:27.000;
• Mapa geológico da porção da Bacia Hidrográfica do rio Poti no município de Teresina
(NUNES; SILVA; AQUINO, 2017), na escala 1:50.000, e;
• Mapa geomorfológico da porção da Bacia Hidrográfica do rio Poti no município de
Teresina (NUNES; SILVA; AQUINO, 2017), na escala 1:50.000.
16
https://www.google.com/maps/d/u/0/viewer?hl=pt-BR&hl=pt-BR&ll=-4.966225386489128%2C-
42.92937850363603&z=11&mid=1R3WKU9SEytPSQ3N0XtxE4KLhuyok43W7
72
Para elaboração dos produtos cartográficos, serão utilizados programas tais como QGIS
3.16 (versão Zürich), ArcGIS 10.3 e Google Earth Pro.
Em seguida foi aplicado uma renderização falsa cor no arquivo, utilizando do indicador mínima
e máxima, para assim gerar o mapa hipsométrico, a partir da definição das classes de altitude.
Já na confecção do mapa de declividade, as ferramentas do Qgis utilizadas foram Raster
> Análise > MDE. Após ser gerado o arquivo foram delimitadas 4 classes que variam de plano
a ondulado, utilizando como referência as classes da EMBRAPA (1979), adaptadas à área de
estudo. Com relação ao mapa de orientação das vertentes, este foi confeccionado a partir da
plugin Terrain Analysis ferramenta Aspect do software Qgis, sendo utilizado a mesma imagem
Aster GDEM.
A identificação e delimitação dos sistemas ambientais permite uma visão sinóptica
baseada no agrupamento de áreas com condições específicas similares na escala de 1:1.100.000
em papel A417 (espaço urbano de Teresina) assim como os mapas anteriores, com identificação
de localização das paisagens antropogênicas estudadas.
Em todos os mapas físico-naturais foram adicionados arquivo raster (utilizado na
elaboração da Carta de Movimentos Gravitacionais e Inundações de Teresina) referente ao
sombreamento (a partir do Modelo Digital de Terreno, com 2,5 m de resolução espacial, gerado
pela BRADAR) do relevo de Teresina, e, sobre ele, as camadas vetoriais com opacidade de no
máximo 60%.
Já o mapa de ocupação urbana foi obtido a partir de cruzamento de informações
publicadas em diferentes produções científicas. Os polígonos de ocupação urbana e suas
devidas informações temporais foram elaborados no Google Earth Pro, com arquivos salvos
em formato kml. e, em seguida, para o formato shp. Ainda neste mapa, foram inseridos a faixa
de Linha Média de Enchentes Ordinárias (LMEO) disponibilizada pelo Superintendência do
Patrimônio da União no Piauí (SPU/PI) e as áreas de riscos já identificadas em Teresina em
levantamentos tanto da Prefeitura quanto da CPRM. Sobre as áreas de riscos, suas localizações
foram obtidas junto a relatórios e aplicativo Teresina Geo – Infraestrutura, com posterior
identificação no Google Earth Pro e manipulações necessárias. O mapa de zoneamento urbano
foi elaborado a partir de arquivos vetoriais disponibilizados no site da SEMPLAN.
17
210 mm de largura por 297mm de altura.
80
supressão vegetal. Para este mapeamento foram utilizadas cartas topográficas e fotografias
aéreas mais antigas possíveis e que ofereceram informações da caracterização morfológica à
época, neste caso, foram manipuladas cartas topográficas anteriores à década de 1970,
fotografias aéreas de 1983, imagens do Google Earth Pro e atividades de campo (figura 16).
Informações como geometria e declividade de vertentes, intervenções da rede de drenagem e
dinâmica da atividade de mineração foram obtidas junto a este levantamento, tendo como base
ainda os mapeamentos já existentes de expansão urbana de Teresina.
Topo convexo
Topo tabular Elaboração própria
Vertente
Côncava
Convexa Vertstappen; Zuidam
Retilínea (1975)
Ruptura de declividade (natural)
Dambo Santos; Rodrigues
(2018)
Colo Tricart (1965)
Base da vertente Elaboração própria
Terreno plano Elaboração própria
(naturais e antropogênicos)
Planície de inundação
Morfológicos e drenagem
Berges (2013)
Terraço
Brejo/terrenos alagadiços CPRM (2014)
Paleocanal IBGE (2013)
Lagoas naturais
Lagoas/açudes antropogênicas
Gustavsson;
Drenagem (canal) perene Kolstrup;
Drenagem (canal) intermitente Seijmonsbergen
(2006)
Drenagem natural em que o canal foi
tamponado e/ou retificado
Fundo de vale em V Vertstappen; Zuidam
Fundo de vale em dissimétrico (1975)
Canal antropogênico (origem) Elaboração própria
Poços tubulares Elaboração própria
Mineração ativa Convenção
Mineração desativada cartográfica
Vertentes com geometria antropogênica Elaboração própria
Depósitos antropogênicos Elaboração própria
Conduto Paschoal, Cunha e
Conceição (2012)
83
Convenção
cartográfica
Caimento topográfico
Quadras urbanas
Organização: o autor (2022).
São Joaquim e Satélite e a Folha SB.23-X-D-II em escala 1:100.000 para os bairros Parque
Juliana e Flor do Tempo, pois a carta com a escala de maior detalhe não abrangia esses bairros.
Posterior à escolha das imagens do Google Earth pro foi realizado o
georreferenciamento de cada imagem para todos os bairros de forma individualizada (a escolha
em trabalhar imagens de satélite com os bairros de maneira individualizada, se deu porque a
imagem apresentou maior qualidade, o que facilitou no momento da classificação).
Para tanto, com o uso do software QGis (versão livre 2.18.1) o georreferenciamento foi
desenvolvido com base nas ferramentas Raster > georreferenciador. Em seguida foi feito a
reprojeção das imagens para SIRGAS 2000 UTM zona 23 Sul. O procedimento de
georreferenciamento também foi aplicado nas cartas topográficas. Além das imagens citadas,
também foi utilizado na elaboração do mapa de uso e cobertura, os arquivos vetoriais da área
urbana de Teresina que se encontram na SEMPLAN.
No processo de elaboração do mapa de uso e cobertura, foi utilizado como referência na
metodologia de definição das classes o Manual Técnico de Uso da Terra do IBGE (2013), no
entanto deve-se apontar que foram adaptadas as nomenclaturas adotadas para as classes de uso,
considerando as análises realizadas preliminarmente em campo e depois confirmando as
dúvidas necessárias na área.
A delimitação das classes de uso no Qgis foi realizada a partir de uma classificação
supervisionada utilizando o plugin Dsetzaka. Foram criadas camadas vetoriais (shapefiles de
polígono), e assim pontuados os polígonos em cada imagem georreferenciada, para cada ano
dos bairros. Salienta-se que a criação dos polígonos teve como base a interpretação visual dos
elementos da imagem.
Após a classificação realizada no plugin mencionado, foram feitos os recortes dos
bairros em cada imagem já classificada tendo como base as ferramentas
Raster>Extrair>Recorte. Deve-se ressaltar que os arquivos vetores dos bairros foram
transformados para sistema de referência UTM Zona 23 SUL Datum SIRGAS 2000.
Quanto a definição da cobertura e uso para o ano de 1972, foi feito uma vetorização de
polígonos nas áreas correspondentes à cada bairro, utilizando como referência na definição do
tipo de nomenclatura, a legenda que se encontra disponível na própria carta topográfica.
No processo de cálculo das áreas de cada classe de cobertura nos arquivos criados,
ressalta-se que foi utilizado o ArcMap 10.8. Para tanto foi realizado inicialmente uma
reclassificação dos arquivos raster dos anos de 1983, 2005 e 2021 com base nas ferramentas
Spatial Analyst Tools > Reclass > Reclassify e posteriormente foi transformado os arquivos
85
para vetor (polígono) a partir das ferramentas Conversion Tools > From raster > Raster to
polygon.
Na etapa de classificação foi adotada a classificação supervisionada pelo método
automatizado da máxima verossimilhança e interpretação visual, obtendo as seguintes classes:
Vegetação (densa e rasteira); Área urbanizada/edificada; Água; Superfície deformada (em
virtude da mineração); Solo exposto; Área desmatada; Areia e Aterro.
Acrescenta-se que a escolha pelo recorte temporal refere-se a três motivos: a)
disponibilidade de dados passíveis de serem manipulados; b) capacidade de análise do período
pré-urbanização e estágio atual; c) inserir, no recorte, os anos de 1988 e 2005, como anos em
que marcam grandes mudanças urbanas em Teresina, seja pelo período do início de grande
aumento da franja urbana local, de adensamento populacional em novas áreas e de modelagem
de relevos antropogênicos.
Os mapas (de 1971, 1983, 2005 e 2021) foram finalizados sob Datum SIRGAS 2000,
impressos considerando o tamanho do papel A5 (148 x 210 mm) e com escala final de 1:21.000
(para os bairros Flor do Campo e Parque Juliana) e 1:23.000 (para os bairros Satélite e
Matadouro/São Joaquim). Soma-se ainda a utilização de planos diretores municipais a exemplo
do Plano Diretor de Drenagem Urbana – PDDrU (TERESINA, 2012) e Plano Diretor de
Ordenamento Territorial – PDOT (TERESINA, 2019), de modo a situar as áreas de estudo no
contexto da gestão urbana municipal.
Esta seção objetiva, através de dados já produzidos e validados por meio de atividades
de campo, além de produções cartográficas existentes, a apresentação e discussão do quadro
natural e socioeconômico de Teresina, respeitando a escala espacial, nas quatro áreas de
interesse da pesquisa. Importante salientar que o aspecto físico-natural é encarado sob a ótica
de sua dinâmica e transformação constante, servindo como limitador e facilitador de atividades
socioeconômicas e urbanização, além de sua ligação com riscos e vulnerabilidades.
Figura 17 – Esboço das províncias geológicas e unidades estruturais, em destaque o estado do Piauí, a
localização de Teresina (A) e arquitetura deposicional da bacia sedimentar do Parnaíba (B)
Seu processo deposicional é marcado por três supersequências – Grupo Serra Grande
(Siluriano), Grupo Canindé (Devoniano) e Grupo Balsas (Carbonífero-Triássico) – este último
compreendendo a estrutura geológica da cidade de Teresina, particularmente nas Formações
Piauí e Pedra de Fogo, sob influência estrutural dos lineamentos Transbrasiliano e Picos-Santa
Inês, ao passo que Teresina está em área próxima do contato entre tais estruturas (GÓES, 1995).
A Formação Piauí (C2pi) é composta por folhelhos e argilitos na sua porção superior,
enquanto na inferior há o predomínio de arenitos finos a médios homogêneos e pouco argilosos
sob deposição em ambientes continental fluvial e litorâneo, com intercalações marinhas
(LIMA; BRANDÃO, 2010). Espacialmente, essa unidade está localizada ao longo do leito do
rio Parnaíba e em trecho relativamente alongado em parte do leito do rio Poti. Apenas uma
porção dos bairros Matadouro e São Joaquim (área de interesse) está assentada na referida
formação.
89
Figura 18 – Corte de vertente por construção de avenida, em destaque as formações Piauí e, sobre ela,
a Pedra de Fogo
Figura 19 – Cronolitoestratigrafia de trecho da porção centro-norte da bacia do Parnaíba, em destaque o contexto litoestrutural em que Teresina se assentou
Conforme Correia Filho e Moita (1996), em levantamento sobre depósitos minerais para
construção civil, há, na atual delimitação da cidade de Teresina, os seguintes bens minerais não
metálicos: areias e argilas (para argamassa e cerâmica vermelha); solo arenoso a areno-argiloso
(para revestimento de estradas, aterros e fins agrícolas); material coluvionar (para revestimento
e base de estradas); laterita e canga laterítica (para estradas, construção de aterros e muros,
fundações e revestimentos); sedimento areno-argiloso e/ou argiloso-arenoso, conhecido
popularmente como “barro” (para argamassa, base e revestimento de estradas, aptidão agrícola
e pastoril, e muito utilizado pela população de baixa renda para construção de casas de taipa);
sedimento com matriz areno-argilosa, ligante, friável e com seixos, popularmente conhecido
como “massará” (emprego diverso na construção civil) e silexitos oolíticos, pisolíticos e
maciços ou amorfos (para fundações e pavimentação poliédrica).
A referida caracterização e espacialização geológica e mineralógica ilustrada na figura
20 contribui ainda para o aspecto hidrogeológico do ambiente urbano de Teresina. Sob
influência granular e porosa do Sistema Aquífero Poti-Piauí (SAPP) com espessura média de
450 metros e subdividido em Livre (produtividade moderada) e Confinado ou Semi-confinado
(produtividade elevada) (MONTEIRO et al, 2016).
Importante destacar que, quanto às estruturas geológicas e considerando mapeamento
de CPRM (2014), são cartografadas nos bairros estudados uma série de falhas e fraturas
geológicas, a exemplo das cinco encontradas (sentido Sudoeste-Nordeste) no bairro Satélite,
seis (quatro no sentido Sudoeste-Nordeste, uma sentido Oeste-leste e uma sentido Noroeste-
Sudoeste) no Flor do Campo e oito (quatro no sentido Norte-Sul, três sentido Noroeste-Sudeste
e uma sentido Oeste-Leste) no Parque Juliana, todas sob a formação Pedra de Fogo.
92
Como ainda observado na figura, nas áreas de interesse da pesquisa, tem-se os seguintes
bens minerais: no bairro Satélite há, no seu extremo Leste, faixa de material eluvio-coluvionar,
correspondendo às maiores elevações ali presentes, enquanto nas demais áreas do bairro são
encontradas associações de silexitos, siltitos e arenito silicificado; já nos bairros Matadouro e
São Joaquim, toda área engloba associações entre argilas, areias, siltes e cascalhos, bem
relacionados com a dinâmica de transporte e deposição de sedimentos dos rios, além da questão
econômica de extração de argila para construção civil e artesanato; no bairro Parque Juliana,
há, nas porções Nordeste e extremo Sudeste, presença de depósitos de massará/seixo e, nas
demais áreas, depósito de barro, o que relaciona-se com as atividades de extração de material
ainda presente; e no bairro Flor do Campo, no seu extremo Oeste a presença de depósitos de
argilas, areias, siltes e cascalhos, associados às menores altitudes da área, no extremo Noroeste,
solos bem caracterizados; na porção Leste, associações entre silexitos, siltitos e arenitos
silicificado, e, na maior parte (Norte, Oeste, Sul e faixa central), material eluvio-coluvionar
bordejando as maiores altitudes do bairro.
Mesmo não identificado no mapeamento utilizado, mas observado a partir de
levantamentos de campo, foram encontradas feições lateríticas nos bairros Parque Juliana (em
quantidade expressiva na superfície e subsuperfície, estas últimas expostas em virtude da
extração de material para a construção civil e de raspagem e alargamento de ruas sem
calçamento) em dimensões de aproximadamente 4 cm de diâmetro; e Flor do Campo, com
presença de seixos lateríticos concrecionários e não contínuos, de dimensões variadas (alguns
superiores a 15 cm de diâmetro) em grande quantidade formando carapaças lateríticas
(altamente resistentes aos processos erosivos) que recobrem os morros e baixas colinas locais,
e que, com o peso (ocupações sobre elas), tendem a ceder e causar problemas estruturais em
virtude da baixa resistência do material abaixo delas.
Estando dispostas sobre a formação Pedra de Fogo e em superfícies tabulares
aplainadas, as referidas feições, também denominadas Canga (BARBOSA; RODRIGUES,
1965), Laterita (PATON; WILLIANS, 1972); Ferricrete (NAHON, 1986) e Crosta laterítica
(CONACHER, 1991), têm sua gênese associada ao material de origem (devendo conter Fe2O3
em sua composição) e à questão climática (ambientes com estações bem definidas, sendo uma
seca com duração média de 6 meses) temperatura média anual de 28ºC e umidade relativa do
ar próxima de 70% (TARDY, 1997).
Levando em consideração a classificação geomorfológica de Lima (2011), na cidade de
Teresina são identificadas três classes de relevo, sendo: Planícies e Terraços Fluviais;
Superfícies Intensamente Retrabalhadas pela Drenagem com Morros Residuais e Morros com
94
drenagem (servindo como divisor topográfico) entre as bacias do Poti e do Parnaíba, e que,
atualmente está sendo descaracterizado pela atividade minerária para a construção civil, a
exemplo das ruas Celso Veras (e entorno), Luísa Barbosa de Miranda (e entorno). Do topo deste
morro para a base do Aterro Sanitário é de aproximadamente 41 metros de diferença.
Os bairros se caracterizam pelos tipos de relevo encontrados, tais como: planícies
fluviais (bairros Matadouro, São Joaquim, Satélite e Flor do Campo), tabuleiros (bairros
Satélite, Parque Juliana e Flor do Campo), superfícies de aplainamento (bairros Satélite, Parque
Juliana e Flor do Campo), colinas amplas e suaves (bairros Parque Juliana e Flor do Campo) e
escarpa (bairro Flor do Campo), esta última influenciada pela atividade de mineração que
contribuiu para a descaracterização do relevo, no que se refere à sua vertente.
Ao se considerar o bairro, o Flor do Campo é o que há maior distribuição espacial,
principalmente na sua porção Leste, com altitude máxima de 137 metros e, dentre as áreas de
estudo, a única em que são encontrados os três tipos de relevo (figura 21), conforme
classificação de Lima (2011), identificados na cidade, com amplitude topográfica de 65 metros.
Figura 21 – Características do relevo do bairro Flor do Campo. Em A, destaque para os terrenos com
cota altimétrica mais elevadas, e; em B, destaque para a descaracterização antrópica da geometria da
vertente
camadas pouco espessas de conglomerados com arcabouço composto por seixos graníticos bem
arredondados, com potenciais riscos de deslizamentos.
Com maior representação espacial em Teresina, a unidade Colúvio/Residual com
substrato de arenitos pouco consolidados está presente em parte considerável dos bairros
Satélite e Flor do Campo e nas porções Leste e Noroeste do bairro Parque Juliana. Está
caracterizada pela presença de colúvios pouco espessos somados com solo residual argilo-
siltoso capeando a rocha pouco consolidada constituída por arenitos friáveis, com potenciais
riscos de deslizamentos.
Representativamente, levando em consideração as unidades geotécnicas de Teresina, os
bairros Matadouro e São Joaquim se destacam por possuírem apenas uma dessas unidades,
enquanto o bairro Flor do Campo se destaca por ser aquele em que há as cinco unidades
geotécnicas presentes no ambiente urbano, como ilustra a figura 25.
104
Figura 26 – Imagens do satélite GOES em relação a atuação da ZCIT sobre a cidade de Teresina
18
Localmente o intervalo entre os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro é chamado “B-R-O-BRÓ”,
caracterizado pelas maiores temperaturas do ar.
19
Inserido na sub-região Nordestina do Meio-Norte.
106
Por estar em zona de baixa latitude (5º S), a cidade recebe uma alta radiação solar por
todo o ano, sob influência ainda das massas de ar, no inverno a circulação é comandada pela
Massa Tropical Atlântica (mTa) com a ausência de chuvas (inverno seco) e, no verão (chuvoso)
as chuvas são marcadas pela Massa Equatorial Continental (mEc) e, também, pela ZCIT,
caracterizando, portanto, os elementos climáticos locais (tabela 1).
Tabela 1 – Síntese dos elementos climáticos de Teresina na série 1980-2017 (média) e no ano de 2018
MÉDIA ANUAL
ELEMENTO CLIMÁTICO
2018 1980-2017
Temperatura média do ar (ºC) 28,5 28,2
Temperatura máxima do ar (ºC) 34,1 34,0
Temperatura mínima do ar (ºC) 22,8 22,4
Umidade relativa do ar (%) 66,1 69,5
Insolação (h d-1) 7,9 7,8
-1
Evapotranspiração sob método de Penman-Monteith (mm d ) 4,7 4,7
TOTAL ANUAL
Precipitação (mm) 1.606,5 1.318
Fonte: Bastos e Andrade Júnior (2019), adaptado pelo autor (2022)
Tabela 2 – Levantamento pluviométrico diário (mais significativos) entre os anos de 2000 e 2020 para a cidade de Teresina a partir de dados de estações automáticas
do INMET
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Dados ausentes Dados corrompidos
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm Data mm
28/01 28,0 09/01 22,6 01/01 28,4 16/04 38,0 11/02 49,4 09/01 56,4 25/01 27,4 19/02 65,2 09/01 31,2 11/01 26,2 13/01 20,6 14/01 24,4 07/01 34,0
01/02 30,6 17/01 51,6 19/01 41,8 20/04 54,0 17/02 69,6 15/01 51,8 28/01 27,0 10/03 20,6 14/01 29,0 10/02 84,0 15/01 23,0 16/01 24,8 31/01 26,0
16/02 83,0 25/01 29,8 25/01 49,8 23/04 40,8 18/02 21,4 29/03 39,0 09/02 35,4 05/04 31,8 24/01 60,6 11/02 47,4 20/01 39,2 26/01 26,8 05/02 108,4
14/03 27,6 30/01 41,0 24/02 42,8 25/04 47,6 28/02 33,6 05/04 36,6 15/02 55,0 09/04 87,6 28/01 67,2 13/02 54,8 23/01 28,4 07/02 35,2 14/02 42,4
30/03 29,8 02/02 23,2 19/03 37,0 28/04 34,4 06/03 46,6 07/04 62,6 16/02 38,2 27/05 20,8 26/02 20,4 14/02 20,6 27/01 21,6 16/02 22,6 15/02 20,6
31/03 82,6 12/02 49,8 21/03 25,4 03/05 44,0 08/03 46,6 21/04 40,6 17/02 65,6 14/03 20,2 17/02 31,0 08/02 40,0 21/02 60,2 21/02 22,6
01/04 45,6 04/03 42,2 04/04 26,6 20/05 72,8 22/04 59,2 24/04 20,4 13/03 23,6 17/03 28,6 01/03 25,0 12/02 26,8 27/02 28,4 25/02 56,4
02/04 38,6 05/03 33,8 09/04 30,6 01/12 28,4 25/04 24,8 16/03 33,6 30/03 34,4 09/03 30,6 21/02 24,2 05/03 41,8 07/03 29,4
03/04 67,4 14/03 44,2 16/04 39,8 29/04 39,6 26/03 21,6 07/04 36,8 17/03 32,8 28/02 29,2 06/03 25,0 12/03 20,0
06/04 42,6 16/03 24,6 18/04 31,2 24/11 24,6 28/03 46,2 21/03 21,6 01/03 26,2 10/03 32,8 13/03 44,0
15/04 53,2 17/03 43,4 31/05 51,4 29/03 39,4 31/03 23,0 26/03 30,4 12/03 20,8 16/03 34,8
29/04 43,8 26/03 40,8 02/06 29,6 11/04 51,6 29/04 30,0 28/03 39,0 15/03 68,4 18/03 31,4
05/05 46,0 04/04 64,2 17/04 59,4 01/05 54,6 30/03 145,0 24/03 70,6 19/03 33,6
10/05 50,4 11/04 28,4 04/05 44,2 29/05 36,6 04/04 61,2 01/04 20,4 20/03 25,2
03/12 78,0 12/04 31,4 22/05 20,2 21/12 49,4 06/04 32,0 02/04 29,0 27/03 36,4
20/12 57,4 13/04 57,6 06/12 21,0 09/04 52,8 03/04 36,8 13/04 22,2
19/04 48,6 10/04 32,0 04/04 76,8 21/04 36,6
20/04 54,4 16/04 49,4 19/04 35,2
22/04 36,6 14/05 49,2 22/04 28,6
27/04 53,8 03/12 36,8
30/04 61,6 04/12 93,6
02/05 64,4 06/12 54,2
03/05 30,8 09/12 69,2
05/05 38,8 17/12 39,2
11/05 29,0
13/05 70,2
25/12 67,0
30/12 75,2
LEGENDA:
Dados ausentes Dados corrompidos Precipitação diária < 50mm Precipitação diária < 100mm Menor precipitação da série
Fonte: dados do INMET. Organização: o autor (2022)
108
Foram observados que os anos de 2009 e 2018 foram os que tiveram maior número de
eventos pluviométricos extremos para a cidade, ao passo que 2015 e 2011 foram os com
menores eventos. Em relação aos dias que ultrapassaram a marca dos 100mm [108,4mm
(05/02/2020) e 145mm (30/03/2018)], ambos episódios (influenciados pela ZCIT e sinalizados
como “Alerta” pelo CEMADEN) geraram problemas na cidade, ampliados com a
ausência/deficiência de infraestrutura que pudesse mitigar os danos, como apresentado em
notícias em sítios eletrônicos, sendo:
20
https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2020/02/05/morador-anda-de-caiaque-em-rua-alagada-durante-forte-
chuva-em-teresina-veja-video.ghtml
21
https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2020/02/05/comercios-ruas-e-mercado-central-ficam-alagados-apos-
forte-chuva-em-teresina.ghtml
22
https://cidadeverde.com/noticias/317427/em-24-horas-teresina-registra-quase-50-da-chuva-prevista-para-
fevereiro
23
https://www.climatempo.com.br/noticia/2018/03/30/tempestade-da-zcit-alaga-teresina-8624
24
https://www.oitomeia.com.br/noticias/2018/03/31/teresina-teve-o-mes-de-marco-mais-chuvoso-dentre-as-
capitais-do-nordeste/
25
https://www.oitomeia.com.br/noticias/2018/03/30/br-343-e-partida-ao-meio-apos-rompimento-de-bueiro-na-
zona-sul-de-teresina/
26
https://www.portalodia.com/noticias/piaui/em-12-horas,-chove-em-teresina-metade-do-esperado-para-todo-o-
mes-de-marco-316030.html
27
Apresenta uma extensão de cerca de 1.450 Km, desde suas nascentes principais na Chapada das Mangabeiras
(na divisa entre os estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia) até a foz (em delta em mar aberto) no Oceano.
Em todo o seu percurso, apresenta direção geral Sul-Norte, formando o limite territorial com o estado do
Maranhão, tornando-se, assim, um rio federal para efeito de gestão de suas águas (LIMA, 2017).
109
espaço urbano, no bairro Chapadinha, além das mudanças no canal por meio do processo de
deposição de sedimentos em bancos de areia (popularmente chamado “coroa”) e barras laterais.
O rio Poti, importante coletor de drenagem da porção Centro-Norte do Piauí, possui
nascentes no município de Quiterianópolis (Ceará) e, no estado do Piauí, há seus Médio 28
(iniciando no Planalto da Ibiapaba) e Baixo cursos (a partir de Prata do Piauí), sendo, Teresina,
o ponto final do escoamento e a área em que o rio recebe maior antropização em decorrência
da urbanização. Os 29 km de comprimento do seu canal na cidade são caracterizados pelo perfil
meândrico – com leito menor raso e um extenso leito maior – larguras de canal de 112 metros
ao adentrar na cidade no bairro Bom Princípio (margem direita) e de 174 metros na sua foz,
ladeada pelos bairros Santa Rosa (margem direita) e Olarias (margem esquerda).
Caracteriza-se pela baixa declividade, por possuir os maiores afluentes em Teresina,
principalmente na sua margem direita, além de possuir direção de escoamento Sul-Norte,
quando próximo aos bairros Zoobotânico e Embrapa, muda o sentido de drenagem para Leste-
Oeste (com duas inflexões, a primeira no sentido anti-horário e a segunda no sentido horário)
possibilitando sua foz no Parnaíba com um ângulo próximo de 90º que auxilia na influência que
este sofre pelo remanso do rio Parnaíba formando uma barreira natural. A figura 27 apresenta
a divisão das microbacias urbanas de Teresina.
28
Seu sentido de escoamento é alterado para Noroeste (ainda no Ceará) e, no Piauí, novamente para Oeste, em
decorrência da influência de falhas associadas aos lineamentos Transbrasiliano, Picos-Santa Inês e Falha de Tauá.
110
29
Construído na década de 1970, pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), o dique do rio
Parnaíba (Dique Boa Esperança ou Dique Parnaíba) é composto por aterramento sobre aluviões silto-arenosos e
silto-argilosos (CPRM, 2015).
112
Sobre a PE3 e PE27, estas duas sub-bacias abrangem o bairro Parque Juliana. A
primeira, de forma circular, possui área de 329 ha (destes, 148 ha no bairro) e possui caráter
institucional, tendo em vista ser aquela em que é localizado o Aterro Controlado de Teresina.
A segunda, de forma alongada, possui área de 283 ha (destes, 95 ha no bairro) e favorável ao
escoamento. Ambas possuem canais temporários (escoamentos Oeste-Leste e Noroeste-
Sudeste, respectivamente) que, em alguns pontos, seus talvegues recebem esgoto doméstico.
Já a PE3, com forma circular, é a terceira maior sub-bacia que drena Teresina com área
de 4.783 ha (destes, 234 ha estão no bairro Flor do Campo). Possui drenagem deficiente, com
inundações frequentes em alguns pontos e a presença de um riacho (escoamento Nordeste-
Sudoeste) com nascente no espaço rural e, dentro do bairro, este recebe a contribuição hídrica
de outros dois riachos (temporários), com escoamento Noroeste-Sudeste e Leste-Oeste,
respectivamente. A figura 28 ilustra alguns corpos hídricos localizados na área de estudo.
Figura 28 – Corpos hídricos identificados na área de estudo e pressões antrópicas sobre eles. Em A,
canal (entre dois morros com tendência a arredondamento) alterado em decorrência de abertura de rua
no bairro Flor do Campo; em B, canal em final de trecho de tamponamento e início de trecho com
leito com pouca descaracterização no bairro Satélite; em C, Lagoa Piçarreira do Cabrinha (em
primeiro plano) e Lagoa Piçarreira do Lourival (segundo plano) com perímetros retificados no bairro
Matadouro; e, em D, fundo de vale com canal de escoamento efêmero
Figura 30 – Cobertura vegetal no bairro Parque Juliana com predominância de arbustos em áreas com
anterior atividade de extração de materiais para a construção civil
30
De acordo com a hierarquia e rede urbana no Brasil, “Capitais Regionais A” são aquelas com influencia
estadual e regional, além de possuírem população de até 955 mil habitantes
120
Juliana como o Flor do Campo são caracterizados por serem bem recentes na divisão
urbana. O primeiro sofreu alteração de sua área em sucessivas leis, enquanto o segundo
foi criado em 2009 com o desmembramento do bairro Todos os Santos (gráfico 1).
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
Satélite São Joaquim Matadouro Parque Juliana Flor do Campo
Fonte: TERESINA (2018a; 2018b; 2018c; 2018d; 2020b). Organização: o autor (2022).
Fonte: TERESINA (2018a; 2018b; 2018c; 2018d; 2020b). Organização: o autor (2022).
31
Aglomerado Subnormal é uma “forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia – públicos
ou privados – para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão urbanístico
irregular, carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas com restrição à ocupação” (IBGE,
2020, p. 5).
122
Gráfico 3 – Domicílios por classe de rendimento nominal mensal (em salários mínimos) para o
ano de 2010 nos bairros estudados
2400
2000
1600
1200
800
400
0
Satélite São Joaquim Matadouro Parque Juliana Flor do Campo
Fonte: TERESINA (2018a; 2018b; 2018c; 2018d; 2020b). Organização: o autor (2022).
3% sem banheiro; o Parque Juliana possui 67% com fossa séptica e 33% com fossa
rudimentar; no São Joaquim 51% consta com fossa séptica, 36% com fossa rudimentar,
11% com rede de esgoto e 2% sem banheiro; e o Matadouro possui 41% com rede de
esgoto, 36% com fossa séptica, 20% com fossa rudimentar e 3% sem banheiro
(TERESINA, 2018a; 2018b; 2018c; 2018d; 2020b).
Tal como verificado em campo em relação à estrutura aparente do abastecimento
de água encanada, o esgotamento sanitário é ainda mais perceptível com a quantidade de
áreas com esgoto a céu aberto (inclusive com escoamento sob as vertentes) e de
visualização em campo de obras para abertura de fossas, gerando cenário de diminuição
da qualidade de vida da população local. A partir disso, a ausência de rede coletora
(principalmente nos bairros Flor do Campo e Parque Juliana) proporciona o uso de outros
instrumentos que, frequentemente, podem causar transtornos como rompimento de
fossas; dificuldade de limpezas (muitas ruas não comportam a entrada de veículos para
este fim); odores; vazamento e contaminação do solo, do lençol freático e até mesmo dos
poços próximos; proliferação de doenças; além de possibilidade de influências estruturais
no relevo, principalmente em áreas de encostas.
Em relação à coleta de lixo, 98% dos domicílios do bairro Satélite possuem esse
serviço, seguido por 97% dos bairros São Joaquim e Matadouro, 92% do Parque Juliana
e 83% do Flor do Campo. Em todos eles foram observados áreas irregulares (próximos a
canais de drenagem e lagoas) de despejos de lixo e resíduos sólidos, a exemplo de
resíduos de construção civil, podas de árvores e demais materiais, ilustrando origem de
feições antropogênicas. Quanto à coleta especial de resíduos, apenas o São Joaquim
possui um Ponto de Entrega Voluntária (PEV32) e um Ponto de Recolhimento de Resíduo
(PRR33).
Estes resultados ilustram o retrato da cidade (figura 32) em escalas nacionais,
ocupando, conforme o Ranking do Saneamento (2021) do Instituto Terra Brasil o 83º
lugar entre as 100 maiores cidades brasileiras, apontando ainda que há a necessidade de
9.041 novas ligações para a universalização da água encanada e de 218.154 novas
ligações para a universalização para o esgotamento sanitário.
32
Para posterior reciclagem (em cooperativas e associações) de materiais como papel, plástico, vidro e
metais.
33
Para recebimento de materiais como resíduos de podas, capinas, varrição e de construção; móveis
inservíveis e demais resíduos volumosos.
124
considerável diferença entre os bairros. O bairro Flor do Campo possui apenas uma
unidade de ensino (infantil) e com taxa de alfabetização de 76,2%, sendo a menor taxa
entre os bairros de Teresina (com 91,5%); no Satélite há 7 unidades de ensino (infantil,
fundamental e médio) e com taxa de alfabetização de 85,5%; no Parque Juliana não há
unidades de ensino e possui taxa de alfabetização de 88,9%; no São Joaquim existem 9
unidades de ensino (infantil, fundamental e médio) e uma taxa de alfabetização de 90,5%,
enquanto no Matadouro estão localizadas 3 unidades de ensino (infantil, fundamental e
médio), com 91,1% de alfabetização (TERESINA, 2018a; 2018b; 2018c; 2018d; 2020b).
Este cenário evidencia e problematiza, a partir do nível educacional, a
complexidade da população para a realidade socioambiental vivenciada e aos riscos e
vulnerabilidades existentes face às suscetibilidades aos professos superficiais, mesmo
levando em consideração os aspectos socioeconômicos e de renda das famílias em um
paradigma crítico, transformador e emancipatório principalmente nas áreas com menores
infraestruturas e de arruamentos fora de padrões (estreitos, curvos e com desnível, por
exemplo), como aqueles que são construídos sobre o aterramento de lagoas no São
Joaquim e sobre os recuos de vertentes no Flor do Campo, áreas com riscos construídos
e intensificados em virtude da ocupação humana e da omissão ou reduzida ação do poder
público para com a problemática existente.
Em que pese às suscetibilidades e sua materialização, serviços de saúde e de
segurança são inevitáveis para a urgência e resiliência da população enquanto capacidade
de resposta. Entre os bairros, apenas o Satélite e o Matadouro possuem unidades de saúde
públicas, enquanto os demais precisariam de deslocamentos para bairros mais
longínquos; assim como o São Joaquim, o único a possuir um batalhão da Polícia Militar,
enquanto demais bairros contam com abrangência tanto de batalhão quanto de distrito
policial sediados em outros bairros.
Em relação aos serviços mais voltados ao acompanhamento quando da
materialização de riscos, tanto a sede do Corpo de Bombeiros quanto da Defesa Civil
Municipal é distante em relação ao tamanho da cidade. O bairro Flor do Campo, por
exemplo, dista aproximadamente 15 km do Corpo de Bombeiros e 11 km da Defesa Civil;
enquanto para o Satélite são 12 km e 11 km, respectivamente; Parque Juliana, 10 km e 12
km, respectivamente; São Joaquim, 7 km e 9 km, respectivamente; e Matadouro, 6 km e
8 km, respectivamente; o que dificultaria o tempo de respostas frente a desastres, o que
agravaria ainda pela intensidade e escalada dos dados.
126
34
O espaço de Teresina anteriormente Vila Nova do Poti foi escolhido em 1852 “em função do imaginário
progressista estabelecido por um grupo de políticos liderado por José Antônio Saraiva que acreditava ser
esse espaço favorável à comunicação e ao transporte, alternativas naquele momento, capazes de
solucionarem os problemas do homem moderno” (ARAÚJO, 1995, p. 7).
128
“Piauhy35” da então Oeiras, localizada no “sertão seco e estéril a 30 léguas do rio Parnaíba
e uma enorme distância do mar” (ADRIÃO NETO, 2006, p. 227), fato que já a
diferenciava das demais capitais nordestinas por ser a única instalada no interior, processo
relacionado à ocupação da área, no sentido interior-litoral.
No período do Brasil Colônia já havia a discussão para a mudança da capital da
Província, uma vez que se acreditava que a capital de então possuía limites físico-naturais
intransponíveis para o desenvolvimento econômico, a exemplo das condições climato-
meteorológicas de características semiáridas; ausência de grandes rios para navegação,
comunicação e transporte de mercadorias e a baixa fertilidade do solo para o aumento das
lavouras.
Em uma urgente necessidade de rompimento com este isolamento e estagnação
econômica, contribuição que viria a ocorrer com a navegação a vapor, sendo o rio
Parnaíba o principal elemento físico-natural para fundamentar a mudança e a integração
da Província à economia nacional, além da necessidade do fim da dependência em relação
às cidades maranhenses de Caxias e São Luís.
Com essa intenção, ocorreram, durante o Brasil Colônia e estendendo-se ao Brasil
Império, debates acerca desta transferência, ora com aumento destes debates ora com
períodos sem discussão em virtude dos grupos sociais que estavam no governo da
Província, formando e definindo opções para que saíssem do atraso e pudessem figurar
no rol do desenvolvimento, progresso, modernidade e inclusão no cenário capitalista.
Em decorrência do próprio processo de ocupação, foram se diversificando os
adensamentos populacionais no Piauí, a exemplo do surgimento de uma pequena
povoação (Vila do “Poty”36) próximo da foz do rio Poti no rio Parnaíba, além do
crescimento das vilas de São João da Parnaíba (hoje cidade de Parnaíba) e Santo Antônio
de Campo Maior (hoje cidade de Campo Maior), além de outras na porção Centro-Norte,
o que inclusive auxiliou para ampliação do debate e controvérsias do novo local.
O discurso mudancista (figura 33) apareceu pela primeira vez em 1728, por Maia
da Gama, então Governador do Estado do Maranhão e Grão-Pará, que sugeria a mudança
da sede administrativa para a Povoação do Poti (Freguesia Barra do Poti, criada em 1827,
e, em 1832, elevada à categoria de Vila), contudo, o segundo Governador da Capitania
do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro (1769 a 1775), incentivou a ideia da
transferência da capital para a Vila de São João do Parnaíba, sendo uma proposta
35
A grafia atual é Piauí, por isso a utilização das aspas para destaque.
36
A grafia atual é Poti, por isso a utilização das aspas para destaque.
129
rediscutida entre o final do século XVIII e as décadas iniciais do século XIX, discussão
que tornou mais forte por José Ildefonso de Sousa Ramos com a possibilidade de se
escolher o local da então Vila de São Gonçalo (atual cidade de Regeneração) instalada
em 1832 (LIMA, 2002; MONTE, 2010; COSTA, 2019; TEIXEIRA, 2019).
37
Nome popular para desaguadouro natural.
132
38
“O Parnaíba, de alguns anos para cá tem avolumado assustadoramente as suas águas. Quer parecer
que este ano vamos ter a mesma quadra de prejuízos e horrores que as invernadas de 1917 e 1924
nos trouxeram [...]. O que de bom ou não eles (meses de março e abril) nos reservam, não se pode prever”
[...] (O PARNAÍBA...,1926, p. 1, grifo nosso).
133
na produção espacial urbana tanto no crescimento do tecido quanto nas formas de uso e
ocupação do solo e de espacialização dos grupos sociais.
Teresina, até este momento histórico estava limitada às áreas de planícies e
terraços fluviais do rio Parnaíba, em cotas altimétricas baixas e, por isso, a criação de
terrenos antropogênicos é característico a esse momento, tendo em vista que apenas
décadas depois a cidade foi ocupando as áreas de encostas, ampliando a diversidade de
formas e processos antropogênicos, enquanto a cidade como imã (ROLNIK, 1995),
paisagem ímpar (CERTEAU, 1982) e multifacetada (BRESCIANI, 1991), notadamente
quando do processo de embelezamento do centro de Teresina e expulsão da população de
baixa renda para a periferia durante o Estado Novo.
O foco no discurso de modernidade e preparação da cidade para o seu primeiro
centenário contribuiu com a geração de novos terrenos característicos da
antropogeomorfologia, do tipo made ground no aterramento de lagoas marginais e
córregos, a exemplo do aterramento e canalização da Baixa do Chicão, Baixa da Égua e
da Lagoa da Palha de Arroz (figura 35), e landscaped ground quando essas intervenções
foram excessivas ao ponto de não se poder separar quais tipologias unitárias.
Fonte: Silva (2011); Pessoa (2019) e pesquisa direta (2021). Organização: o autor (2022).
134
39
Principalmente no cruzamento das ruas Desembargador Freitas e Riachuelo, em que, “em junho de 1868
foi determinado [...] ali se levantavam enormes rochas, à flor da terra, dificultando o trânsito” (CHAVES,
1998, p. 39).
135
40
Os diques são construídos com solos sobre aluviões silto-arenosos e silto-argilosos, depositados nas
planícies dos rios (BRASIL, 2015).
136
Fonte: A- pesquisa direta (2021); B- Carta Piauí (2019). Organização: o autor (2022).
às ruas Irmã Alzira Carvalho, Gávea, Prof. Diniz, Grécia e Elesbão Veloso Soares) com
deposição de materiais diversos, tais como madeiras, rejeitos de construção civil,
plásticos e gesso; na Vila Afonso Gil e Vila Irmã Dulce, com made ground e canalização
de riachos, ocupações sobre o leito e casos de desabamento de residências associadas ao
processo de geotecnogênese.
Na região Sudeste de Teresina são observados, além dos exemplos anteriormente
listados, a descaracterização de leitos de riachos com a gênese de made ground (fato
também observado ao longo do prolongamento da Estrada da Redonda com aterro e
modificação da topografia de áreas de planícies do rio Poti), inclusive com
cimentação/impermeabilização das vertentes, a exemplo daqueles próximos às ruas
Moisés Castelo Branco Filho e Carlotinha Brito e avenidas Itararé, Antônio Rodrigues e
Padre Humberto Pietrogrande. Worked ground pode ser verificado com dimensões
variadas nas ruas Prof. Camilo Filho (Estrada da Usina Santana) e Ferroviária, esta última
associada ao rebaixamento da linha férrea.
Nesse contexto, o bairro Flor do Campo corresponde à área acrescida
(desmembrada do bairro Todos os Santos) ao espaço urbano pela Lei Nº 3.906, de 31 de
agosto de 2009, e com a implantação do Residencial Padre Pedro Balzi, com as famílias
em programas de retirada de pessoas de áreas de riscos, principalmente da região Centro-
Norte da cidade (TERESINA, 2020b).
Sobre a região Leste, artificial ground mais expressivos são: dique da Potycabana,
aterros de lagoas e canalização de riachos, como os observados ao longo da Av. Ulisses
Marques com diversos pontos de made ground e worked ground, além de exemplos nos
bairros Satélite, Vila Bandeirante e Samapi e ao longo da Avenida Aviador Rossini.
Acrescenta-se ainda que, como parte considerável desta região está plenamente ocupada,
a identificação de terrenos artificiais torna-se de difícil acesso em uma primeira
visualização, tornando necessário um estudo aprofundado em decorrência dos existentes
landscaped ground.
As formas, materiais e processos associados à história antropogeomorfológica de
Teresina sintetizam a relação relevo e expansão urbana, em que pese a gênese de
morfologias antropogênicas em diferentes estágios (pré-urbanização, urbanização e
urbanização consolidada) associadas ainda a morfologias semi-preservadas ou
preservadas/originais.
Rupturas topográficas (abrupta ou suave); descaracterização de vertentes, fundos
de vales e colos topográficos; cortes topográficos (abrupto ou suave); degraus antrópicos;
142
400000
339.042
300000
(*) População estimada para todo o município. Fonte: BRASIL (1872), Nunes (2007), Queiroz
(2011), TERESINA (2019); IBGE (2021). Organização: o autor (2022).
Dessa forma, Teresina se inclui neste panorama de riscos (com os dados das
capitais nordestinas como universo) com aproximadamente: 1% de domicílios em áreas
de riscos, 2% da população em áreas de riscos, 6% da quantidade de polígonos BATER.
Conforme cruzamento e refinamento de dados entre relatórios da CPRM (2020),
da SEMPLAN e do aplicativo Teresina Geo-Equipamento, são identificadas em Teresina
um total de 52 áreas de risco, sendo 22 na região Centro-Norte, 11 na região Sul, 13 na
região Leste e 06 na região Sudeste. Destas áreas, são elencados riscos de inundação,
alagamento e deslizamentos potencializados e determinados pelo avanço da urbanização
e instabilidade das características físico-naturais locais (figura 39).
41
O polígono da BATER constitui-se na menor área possível resultante da interseção das áreas
de risco com as feições censitárias mais aderentes aos objetivos do trabalho. Representa a melhor
aproximação possível para a apresentação de informações demográficas e socioeconômicas,
considerando-se as características geométricas das feições envolvidas e o sigilo estatístico (IBGE,
2018, p. 27)
144
Figura 39 – Ocupação urbana de Teresina com identificação das áreas de riscos, faixa LMEO e
destaque para as áreas de interesse da pesquisa
Joaquim, Parque Alvorada, Matadouro, com uma área cada, além dos bairros
Mocambinho (com três áreas), Poti Velho (com quatro áreas) e Nova Brasília (com quatro
áreas); todos com inundação (rios Poti e Parnaíba, seus afluentes e lagoas marginais)
enquanto tipologia de risco. Na Região Sul têm-se os bairros Vila da Paz, Parque
Rodoviário, Irmã Dulce, Torquato Neto, Dagmar Mazza, Cidade Nova, Cristo Rei e
Monte Castelo com riscos de inundação e/ou alagamento; o bairro Bela Vista com risco
de deslizamento e a Vila Afonso Gil e o Parque Vitória com episódios tanto de inundação
quanto de deslizamentos. Os riscos de inundação estão associados aos afluentes dos rios
Poti e Parnaíba.
Já na Região Leste, são encontradas nos bairros São João, Fátima (com duas
áreas), Pedra Mole, Cidade Jardim, Porto do Centro e Samapi, com riscos de inundação
tanto do rio Poti quanto de seus afluentes; bairros Vale do Gavião e Verde Lar (duas
áreas) com deslizamentos; além do bairro Satélite, com áreas detentoras de risco de
inundação, queda de blocos e deslizamento. Os riscos de inundação estão associados ao
rio Poti e seus afluentes; ao passo que na Região Sudeste foram identificadas no bairro
Flor do Campo, com áreas possuidoras de risco de deslizamentos e inundação, além de
quatro áreas no bairro São Sebastião expostas a riscos de inundação. Assim como na
Região Leste, os riscos de inundação estão associados ao rio Poti e seus afluentes.
Como ainda observado, parte considerável das áreas de risco correspondem
aqueles espaços ocupados até meados da década de 1950 e entre os anos de 1971 e 1991,
este último período caracterizado como aquele em que a cidade ocupou novos espaços,
sobretudo em terrenos com características topográficas distintas do entorno, a exemplo
dos morros, morretes e baixos planaltos, inclusive em áreas de nascentes.
limitações físico-naturais que impediriam esta ocupação. Áreas dos bairros Socopo, Pedra
Mole, Satélite, Todos os Santos e São Sebastião foram privilegiadas.
Houve, ainda, restrição de ocupação da região Sul em decorrência de sua
topografia acidentada e da proteção dos bens para abastecimento de água, e da região
Norte em virtude da concentração de lagoas e de terrenos alagadiços, além da implantação
do programa Vila Bairro para auxiliar famílias em áreas de risco e de aproveitamento dos
terrenos ribeirinhos de forma sustentável.
Tido como inovador e participativo, o plano dividiu a cidade em zonas
(residencial, serviço, industrial, especial e de preservação ambiental). Em relação às de
preservação ambiental, estas consideravam “as margens dos rios sujeitas a inundações
como zona de preservação, autorizando o uso apenas para o ócio, a recreação, as
atividades agropecuárias, a extração de material e a atividade oleira” (TERESINA, 1988).
Em 1992 e 1993 foram feitas revisões em forma de leis que seguiram até 2002.
Em 2002, no bojo da aprovação da Agenda 21 e do Estatuto da Cidade, o plano
Teresina Agenda 2015 foi elaborado e dividido em três cenários: Teresina que Temos
(identificando os problemas da cidade), Teresina que Queremos (com as potencialidades
e metas) e Teresina que Faremos (com planos de ações para sua devida implementação),
sendo atualizado e regulamento na forma da lei em 2006, a partir do Plano de
Desenvolvimento Sustentável. Era um agrupado de 14 grandes áreas de interesse, sendo:
Requalificação Urbana; Meio Ambiente e Paisagem; Regeneração Cultural; Operações
Urbanas Consorciadas; Integração Regional; Integração Municipal; Sistema de
Mobilidade; Acessibilidade e Transportes; Habitação Social; Dotação de Equipamentos
Sociais; Saneamento Ambiental; Desenvolvimento Econômico; Desenvolvimento do
Turismo e Atração de Investimentos (TERESINA, 2002).
No âmbito dos cenários de riscos, o estudo aponta, dentre outros: para erosão por
gravidade, em que pese a utilização, com sucesso, de muros de arrimo à base de
entrelaçamento de pneus ao longo dos canais, fato que não surtiu o mesmo efeito para a
contenção das margens do rio Poti. Nestas áreas em que foram ocupadas por vilas e
favelas, “4,5% estavam localizados em áreas de risco; 3,6%, ocupavam leitos de ruas; e
2,8%, áreas alagadiças” (TERESINA, 2002, p. 28); ocupação habitacional de áreas de
risco no cerne da política habitacional; e que,
cada vez mais áreas a montante desses riachos, bem como a falta ou a
inadequação de galerias, tem contribuído para o aumento das
inundações, desgastando a pavimentação, formando voçorocas, e
trazendo transtornos para o trânsito e a população, por algumas horas
durante e após as chuvas. A grande maioria das galerias,
principalmente as que drenam as águas das lagoas ciliares e das
encostas íngremes, não levam em conta a dissipação da energia da
água, os tipos de solos que são drenados, bem como a carga de
sedimentos que transporta, uma vez que são dimensionadas para
grandes volumes de água (de uma grande área ou de várias micro-
bacias). Como consequência observa-se intenso desgaste erosivo dos
terraços fluviais e encostas e grande quantidade de sedimentos
levados para os rios (TERESINA, 2002, p. 15, grifo nosso).
Destas zonas, tem-se: Zona de Reestruturação (ZR); Zona de Serviços (ZS); Plano
Específico de Urbanização (PEU); Zona de Desenvolvimento Centro (ZDC); Zona de
Desenvolvimento Leste (ZDL); Zona de Desenvolvimento Corredor Leste (ZDCL); Zona
155
Figura 41 – Dinâmica de uso, ocupação e cobertura da terra dos bairros Matadouro e São
Joaquim para os anos de 1973, 1983, 2005 e 2021
Foi observado que no ano de 1973 havia 4 classes de formas de uso, ocupação e
cobertura, com destaque para a classe superfície deformada (86,9%) compreendendo
quase a totalidade da área e relacionada com as atividades minerárias, inclusive com a
existência da classe “areia” (2,6%) em virtude das caixas de acumulação oriundas da
dragagem tanto do rio Parnaíba quanto da área de terraços fluviais, assim já classificadas
como áreas com alterações morfológicas.
Esta primeira classe contribuiu ainda para o início da ocupação urbana nos bairros,
existentes em apenas 1,6%, nos extremos Nordeste e Sudeste, em contato com os bairros
do entorno. A classe água foi identificada em 8,9%, correspondendo tanto a lagoas
naturais quanto aqueles reflexos da abertura de cavas de mineração e alcance do lençol
freático.
158
Figura 42 – Testemunhos de paleocanais na margem direita do rio Parnaíba, bairro São Joaquim
camadas. Ligeiramente mais exposta, a camada de argilito (±11m) indica a fase final de
migração do canal do Parnaíba, além da sua capacidade de depositar sedimentos de
granulação fina.
A faixa de terraço (figura 43), que se estende a Norte, a Sul e a Leste destes bairros,
possui formação ligeiramente plana e levemente inclinada, neste caso para Oeste e para
Norte, conferindo, a esta feição, características pretéritas de episódios de inundação e
deposição de planícies anteriores, estando em nível superior à planície, tanto sob
influência paleoclimática quanto geomorfológicas, com mudança no nível de base, além
de contribuir com a existência de depósitos de terraço, resultado, portanto “de
sedimentação fluvial de alta energia (sistema braided)” (VIANA, 2013, p. 67).
Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados do Google Earth Pro e SIAGAS
Ainda sobre a planície, sua área aumenta em direção a jusante, tendo uma largura
aproximada de 60m no início do bairro Matadouro, 271m no limite deste com o bairro
São Joaquim, e 283m na saída deste último; aumentando progressivamente à medida que
se aproxima da, também, planície do rio Poti, a jusante. Em relação ao canal, está a uma
diferença aproximada de 2,8m de altitude.
Ainda caracterizando a geomorfologia local pré-intervenção e considerando ainda
os sistemas lacustres, foram identificadas 6 lagoas naturais (56.663m²), todas no terraço
fluvial, as de menores dimensões (três) localizadas preteritamente no bairro Matadouro,
enquanto as demais no bairro São Joaquim, dispostas em cordões subparalelos e sem
conexão hídrica superficial aparente entre elas. Em relação a estes sistemas, a área com
características mais diversificadas se encontra no extremo Norte do bairro São Joaquim,
com a presença de dois testemunhos de paleocanais, um terreno alagado e uma lagoa,
dispostos tanto no terraço quanto na planície.
Em relação aos processos superficiais, em decorrência das características
geomorfológica, há um natural e progressivo processo erosivo, principalmente no período
chuvoso e após ele principalmente na área de contato entre o canal e a planície. Além
disso, mesmo não estando dentro da área de estudo, mas por se constituírem indicadores
do processo morfodinâmico e hidrodinâmico do rio Parnaíba, foram identificados bancos
de areia ao longo do canal. A figura 44 ilustra as feições geomorfológicas na fase pré-
intervenção da referida área.
Figura 44 – Morfologia pré-intervenção (1972) dos bairros Matadouro e São Joaquim
162
a. Worked ground
42
“O relato de moradores indica que a lavra era feita por dragas de sucção, com mangotes de 8” e 10”,
lavrando em profundidades de até 8 metros” (VIANA; LIMA, 2018, p. 188).
164
outro lado e aí foi que colocaram a draga e começaram a cavar para tirar o seixo, areia e
massará. Aí foi que ficou este buraco alí e se transformou na Lagoa”.
A própria Piçarreira do Cabrinha foi uma das primeiras a iniciarem o processo de
escavação e, também, uma das primeiras a encerrarem suas atividades em virtude do
esgotamento da jazida associado ao encontro com o lençol freático, abandono da cava de
mineração e o respectivo preenchimento desta pela água, gerando, portanto, uma lâmina
d’água correspondente à ação humana. A Lagoa Piçarreira do Lourival (52.393m² e
1.052m, de área e perímetro atualmente, respectivamente), iniciou suas atividades no
início da década de 1980, com dinâmicas posteriores à ocorrida na Piçarreira do Cabrinha
(38.351m² e 776m, de área e perímetro atualmente, respectivamente), figura 45.
Figura 45 – Fotografia aérea (1983) destacando o início do processo de escavação da cava que
originou a Lagoa Piçarreira do Lourival, a lagoa oriunda da cava da Lagoa Piçarreira do
Cabrinha, e uma lagoa com extração de material às suas margens
b. Made ground
FANNING, 1989) tendo em vista a presença de artefatos como madeira, vidro, concreto
e restos de construção civil como materiais de aterro; e agradação “agradded” e misto
“mixed”, tendo em vista a existência de camadas distintas de aterramento.
Figura 47 – Depósito antropogênicos ladeando o dique para abertura de acesso a ruas, com a
presença de processo erosivo e árvores inclinadas no bairro São Joaquim
Ao longo dos canais do Padre Eduardo e São Joaquim foram também observados
depósitos (11.594m²) de características diversas, a exemplo do encontrado na Rua
Radialista Jim Borralho, próximo ao cruzamento desta com o canal de drenagem, sendo:
construído “built” (CHEMECKOV, 1983); úrbico “urbic” (FANNING; FANNING,
1989) tendo em vista a presença de artefatos como madeira, vidro, concreto e restos de
construção civil como materiais de aterro; e agradação “agradded” e misto “mixed”, tendo
em vista a existência de deposição em uma pequena área que era utilizada como lixão a
céu aberto.
Ao redor das atuais Lagoas Piçarreira do Lourival e Piçarreira do Cabrinha tendo
em vista a realização de obras de requalificação ambiental e urbana, a orla destas lagoas
passaram por processos ora de desobstrução e retirada de moradias que, em alguns casos
aterraram parte das lâminas d’água, ora como área receptora (23.763m²) de materiais para
correção na geometria do talude interno (antigas cavas), sendo esta última classificada
em: construído “built” (CHEMECKOV, 1983); espólico “spolic” (FANNING;
FANNING, 1989) e agradacional “agradded” (PELOGGIA, et al., 2014).
De maneira similar e compreendendo áreas em que houveram deposição de
material dragado, cerca de 24.401m² referem-se a depósitos do tipo “built”
(CHEMECKOV, 1983); dragados “dredged” (FANNING; FANNING, 1989) e
agradacional “aggraded” (PELOGGIA, et al., 2014), destes, cerca de 6.333m² é,
169
c. Landscaped ground
Quadro 5 – Comparativo das feições geomorfológicas dos períodos inicial e final do recorte
temporal para os bairros Matadouro e São Joaquim
PRÉ- ESTÁGIO
INTERVENÇÃO ATUAL
FEIÇÕES (1972) (2022) SITUAÇÃO
Quantidade/ Quantidade/
Dimensões Dimensões
Terraço fluvial 1.509.160m² 1.512.163m² Aumentou
Planície de inundação 541.450m² 404.123m² Diminuiu
Terrenos alagadiços
62.387m² 51.458m² Diminuiu
(brejo)
Paleocanais 2un 2un Diminuiu
Lagoas naturais 56.663m² 20.449m² Diminuiu
Lagoas/açudes 4 feições
- Diminuiu
antropogênicas (93.399m²)
Canal de drenagem
2.381m 2.381m Inalterado
(natural)
Canal de drenagem
- 2.686m Aumentou
(antropogênico)
Poços tubulares - 5un Aumentou
Condutos/Pontes/
- 12un Aumentou
tubulações antropogênicas
Depósitos antropogênicos - 279.407m² Aumentou
Terrenos escavados
- 93.399m² Aumentou
(mineração)
LEGENDA:
Pontos Linhas Polígonos
Fonte: o autor (2022)
Caso a segunda opção aconteça, será necessário o aterramento de parte (ou total)
e descaracterização do paleocanal existente, tendo em vista a necessária construção de
um dique (com altos taludes) que acarretará a perda de objetivo do dique atual (este na
faixa entre a planície e o terraço). Além disso, apontam-se ainda outras possíveis
modificações (TERESINA, 2017): alterações do processo erosivo entre o canal e a
planície; aterramento ou adequação do terreno entre os dois diques; além de possíveis
alterações na margem esquerda do rio Parnaíba (município de Timon/MA).
Figura 51 – Dinâmica de uso, ocupação e cobertura da terra do bairro Satélite para os anos de
1973, 1983, 2005 e 2021
Para o ano de 1973, foram identificadas no bairro Satélite um total de três classes,
sendo 49% correspondendo à vegetação (a exemplo de pau darco, caneleiro e palmáceas),
174
Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados do Google Earth Pro e SIAGAS (201?b)
a. Worked ground
Fonte: PMT/Aerofoto Cruzeiro S.A. (1983), adaptado pelo autor (2022); o autor (2022).
b. Made ground
canal (fragmentos de entulho nos talvegues dos canais abertos) e aterramento das
margens, principalmente nos vales em V e dissimétrico.
As alterações mais significativas são de ordem morfológica e referem-se à
transformação de seções de canais em seções retificadas e tamponadas (1.389m)
misturando-se ao sistema de galerias e esgotos domésticos (figura 56), a exemplo dos
canais ao longo das ruas Engenheiro Edgar Gaioso, Santa Quitéria, Saturno, Mercúrio,
Vênus, Urano, Xavantino, Branca e Da Glória. Acima da retificação ou tamponamento,
as feições foram aterras e estes depósitos antropogênicos são classificados em construídos
“built” (CHEMEKOV, 1983), espólico “spolic” (FANNING; FANNING, 1989) e
agradação “aggraded” (PELOGGIA, et al, 2014), em virtude da alocação direta de
materiais terrosos.
Quadro 6 – Comparativo das feições geomorfológicas dos períodos inicial e final do recorte
temporal para o bairro Satélite
PRÉ- ESTÁGIO
INTERVENÇÃO ATUAL
FEIÇÕES (1972) (2022) SITUAÇÃO
Quantidade/ Quantidade/
Dimensões Dimensões
Topo convexo 25.509m² 24.958m² Diminuiu
Topo tabular 503.678m² 458.709m² Diminuiu
Vertente 317.033m² 307.879m² Diminuiu
Base da vertente 455.218m² 445.896m² Diminuiu
Ruptura de declividade 2.143m 2.143m Inalterada
Terreno plano 307.449m² 290.326m² Diminuiu
Terrenos alagadiços 15.075m² 4.304m² Diminuiu
Planície natural 22.620m² 13.371m² Diminuiu
Canal de drenagem 5 canais (2.714m) 5 seções (1.325m) Diminuiu
Canal antropogênico
- 5 seções (1.389m) Aumentou
(tamponado/retificado)
Fundo de vale em V 3un 3un Inalterado
Fundo de vale
1un 1un Inalterado
dissimétrico
Rochas expostas 2un 2un Inalterado
Poços tubulares - 8un Aumentou
Terreno escavado - 44.969m² Aumentou
Vertentes com
geometria - 1.849,6m Aumentou
antropogênica
Depósitos
- 72.056m² Aumentou
antropogênicos
Conduto - 9un Aumentou
LEGENDA:
Pontos Linhas Polígonos
Fonte: o autor (2022)
186
Figura 60 – Dinâmica de uso, ocupação e cobertura da terra do bairro Parque Juliana para os
anos de 1973, 1983, 2005 e 2021
No ano de 2005, duas décadas após a última classificação, foi observada a inclusão
de uma nova classe (área urbanizada/edificações). Frente a isso, a classe de vegetação
abrangia 73,6% da área, seguido 16,4% do aterro (aumentando para os eixos Leste e Sul),
8,0% de área desmatada e 2,0% de área urbanizada/edificações. A partir disso, a
identificação de edificações (residências) reflete no início da ocupação urbana do bairro,
inicialmente no entorno do lixão e em áreas isoladas da porção Sudoeste do bairro, mesmo
com a ausência aparente de vias.
Em 2021, seguindo a tendência das classificações anteriores, houve acréscimo de
uma classe (solo exposto). A classe de vegetação abrangia 37,6% da área, seguido 30,0%
de área desmatada, 24,0% do aterro (aumentando para os eixos Leste e Sul, além de
acompanhamento das novas ocupações urbanas), 4,8% de área urbanizada/edificações e
3,6% de solo exposto.
Em destaque, a classe de solo exposto refere-se a áreas oriundas do processo de
remobilização e descaracterização do relevo em decorrência da atividade de mineração,
tal como as áreas desmatadas indicando os loteamentos para futuras ocupações
residenciais, inclusive com existência, em alguns trechos, de posteamentos e lotes
cercados, indicando a posse de alguns destes.
188
Correia Filho e Moita (1997) reforçam ainda que a origem fluvial destes
sedimentos possibilitou que sua matriz possua grãos angulosos e arredondados e cimento
sílico-caulinítico, contribuindo para a propriedade ligante, além de referir-se à natureza
clástica e estrutura sedimentares. Em relação ao barro, os mesmos autores o definem
como sedimento de pouca consistência (areno-argiloso e/ou argilo-arenosos) e friável.
Tanto o massará quanto o barro são topônimos popularmente conhecidos localmente, com
usos diversos na construção civil, e são frequentemente dissecados pelos processos
erosivos, imprimindo-lhes feições ravinadas. A figura 62 ilustra a morfologia
original/pré-intervenção do bairro.
Figura 62 – Morfologia pré-intervenção (1972) do bairro Parque Juliana
191
a. Worked ground
A extração mineral deste material teve seu início rudimentar (figura 63), com a utilização
de alavancas, enxadas, pás e picaretas para o desmonte e descaracterização do relevo,
utilizando-se das peneiras para a separação do seixo e outros fragmentos de materiais
encontrados nas lavras.
Figura 65 – Dinâmica temporal de um worked ground associado à mineração na Rua José dos
Santos Chaves com exposição de manto de alteração “barro” da Formação Pedra de Fogo. Em
A, recuo da vertente antropogênica (imagens de satélite); e em B, tomada visual de ângulo
horizontal com características da geometria antropogênica e destaque para a antiga morfologia
b. Made ground
Quadro 7 – Comparativo das feições geomorfológicas dos períodos inicial e final do recorte
temporal para bairro Parque Juliana
PRÉ- ESTÁGIO
INTERVENÇÃO ATUAL
FEIÇÕES (1972) (2022) SITUAÇÃO
Quantidade/ Quantidade/
Dimensões Dimensões
Topo convexo 96.750m² 92.563m² Diminuiu
Topo tabular 718.412m² 526.842m² Diminuiu
Vertente 664.133m² 560.979m² Diminuiu
Base da vertente 500.964m² 373.856m² Diminuiu
Colo 1un 1un Inalterado
Fundo de vale em V 1un 1un Inalterado
Fundo de vale Inalterado
1un 1un
dissimétrico
Terreno plano 476.046m² 283.366m² Diminuiu
Canal de drenagem 6 canais 1 canal
Diminuiu
(natural) (4.811m) (683m)
Vertentes com
geometria - 8.116,3m Aumentou
antropogênica
Depósitos
- 313.123,4m² Aumentou
antropogênicos
Lagoas/açudes
- 7.357,1m² Aumentou
antropogênicas
Terrenos escavados
- 127.703m² Aumentou
(mineração)
Cicatrizes/feições
- 407m Aumentou
erosivas (lineares)
LEGENDA:
Pontos Linhas Polígonos
Organização: o autor (2022)
Figura 68 – Dinâmica de uso, ocupação e cobertura da terra do bairro Flor do Campo para os
anos de 1973, 1983, 2005 e 2021
Fonte: elaborado pelo autor a partir de dados do Google Earth Pro e SIAGAS (201?c; 201?d)
a. Worked ground
b. Made ground
De igual modo, parte dos terrenos alagadiços foram passaram por deposição de
materiais de origem antrópica, classificados em construído “built” (CHEMEKOV, 1983);
úrbico “urbic” (FANNING; FANNING, 1989) e agradação “aggraded” (PELOGGIA, et
al, 2014), a exemplo dos depósitos (figura 74) encontrados ao longo da Avenida
Ferroviária que margeia o extremo Norte do bairro.
Quadro 8 – Comparativo das feições geomorfológicas dos períodos inicial e final do recorte
temporal para o bairro Flor do Campo
PRÉ- ESTÁGIO
INTERVENÇÃO ATUAL
FEIÇÕES (2000) (2022) SITUAÇÃO
Quantidade/ Quantidade/
Dimensões Dimensões
Topo tabular 315.762m² 302.590m² Diminuiu
Vertente 634.029m² 619.049m² Diminuiu
Base da vertente 148.867m² 129.561m² Diminuiu
Dambo 33.273m² 33.273m² Inalterado
Ruptura de declividade
7un 3un Diminuiu
natural
Terreno plano 1.054.837m² 1.104.275m² Aumentou
Terreno alagadiço 65.585m² 49.615m² Diminuiu
Planície natural 152.571m² 143.690m² Diminuiu
Lagoas naturais 6.158m² 6.158m² Inalterado
Canal de drenagem 3 canais (3.907m) 2 canais (2.432m) Diminuiu
Poços tubulares - 14 Aumentou
Vertentes com geometria
- 1637m Aumentou
antropogênica
Depósitos antropogênicos - 38.862m² Aumentou
Conduto - 5un Aumentou
Rochas (material de
origem) expostas após
- 4un Aumentou
mineração e urbanização
(arruamentos)
Lagoas/açudes 11 feições
- Aumentou
antropogênicas (13.382m²)
Terrenos escavados
- 91.268m² Aumentou
(mineração)
Cicatrizes/feições 11 feições
- Aumentou
erosivas (lineares) (792,1m)
LEGENDA:
Pontos Linhas Polígonos
Organização: o autor (2022)
214
Figura 77 – Modelagem 3D do setor SJM 01 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
Figura 78 – Modelagem 3D do setor SJM 02 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
natura por entre as ruas em direção à lagoa, exemplificando cenários de baixa cobertura
de saneamento básico e de infraestrutura urbana. As tubulações irregulares de esgoto
constituem ainda um indicativo de suscetibilidade principalmente no período chuvoso,
quando há o transbordamento da lagoa e o refluxo das águas servidas, prejudicando,
ainda, as fossas sépticas abertas na área.
Tal como o setor SJM 01, foram identificados depósitos antropogênicos, trincas
em moradias, muro embarrigado, degraus de abatimento e presença tanto de lixo quanto
de esgoto a céu aberto, ampliando as suscetibilidades no período chuvoso (figura 79A)
quando a maior parte do escoamento superficial da região da Lagoas do Norte drena para
esta lagoa e, em seguida, para o rio Parnaíba a exemplo do acumulado de 307,4mm entre
os dias 29 de dezembro de 2021 e 02 de janeiro de 2022. O quadrante com maior
suscetibilidade a estas inundações lacustres faz parte da Vila Apolônia (que também se
estende ao bairro Olarias, a jusante), em destaque para as ruas Dalas, Caldeirão, Um,
Travessas 1, 2 e 4, Engraxate Adão Santos, São Joaquim e Alfa (figura 79B), todas
situadas em original faixa de terraço e terrenos alagados. Assim como o Setor SJM 01, o
setor SJM 02 faz parte de Zonas Especiais de Uso Sustentável e APPs (ZEUS) e de Zonas
de Interesse Ambiental (ZIA).
O Setor SAT 01 (com 15.034m² de área) corresponde a parte dos terrenos com as
maiores altitudes do bairro, abrangendo tanto feições de topos convexos quanto seu
escalonamento para topo plano, com ruptura de declividade a Oeste contribuindo para a
existência de vertente retilínea, que, somada à densa urbanização (o setor conta com 42
221
Figura 80 – Modelagem 3D do setor SAT 01 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
novembro de 2021, e para o solapamento das margens (algumas com obras tímidas de
contenção com utilização de pneus), figura 81.
Figura 81 – Modelagem 3D do setor SAT 02 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
Figura 82 – Modelagem 3D do setor SAT 03 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
44
este motivo, revela altas restrições para ocupação e atividades produtivas, mesmo já
existindo atividades.
O setor FLO 01 (com 41.359m² de área) é um dos mais representativos no que diz
respeito à agência humana sobre o relevo de amplitude altimétrica de 29m (88<117m),
com morfologia original caracterizada por topo tabular, vertente e terreno plano,
modificados a partir da atividade minerária resultando em relevo negativo e encostas
retilíneas, com interferências na sua estabilidade natural.
Com ocupação urbana moderada (com 74 imóveis), o setor (figura 85) possui a
presença de suscetibilidade a processos superficiais de movimentos de massa
(deslizamentos) e processos erosivos influenciados pela retificação das vertentes e pelo
substrato geológico composto de arenito e com solos jovens (pouco profundos) que
ilustram o histórico de deslizamentos.
Os processos superficiais estão exemplificados pela presença de degraus de
abatimento, inclinação de árvores e muros, muros embarrigados e trincas no terreno e em
moradias (principalmente na porção superior do setor), além dos depósitos
antropogênicos e lixo e esgoto a céu aberto, por onde escoam águas servidas auxiliando
no desgaste do terreno e existência de processos erosivos em sulcos e pequenas ravinas
que se estendem por parte da vertente exposta a agentes intempéricos.
A não obediência às curvas de nível para as ocupações residenciais, somadas à
ocupação não planejada, omissão do poder público e escavações irregulares
potencializam processos de movimentação do terreno, seja na queda de blocos (pelo
caráter retilíneo) seja na forma de rastejo em alguns pontos. A retirada da vegetação, a
230
Figura 85 – Modelagem 3D do setor FLO 01 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
Situado entre as ruas Quatro, Cinco e Seis, e outras sem nome, o setor FLO 01,
localizado na vertente sul do morro, possui suscetibilidade Alta e com cadastramento
iminente, e, em decorrência da atividade mineral, possui terreno plano e vertente
antropogênica com topo tabular.
O setor FLO 02 (com 26.335m² de área) caracterizado pela morfologia original de
terrenos plano e alagadiços e, atualmente, com presença de depósitos antropogênicos que
auxiliaram no aterramento de um canal de drenagem, sua ocupação é moderada (92
231
Figura 86 – Modelagem 3D do setor FLO 02 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
Situado entre as ruas Dois, Três e Seis, e outras sem nome, o setor FLO 02 possui
suscetibilidade Alta e com cadastramento iminente, agravado com as ocupações recentes
sobre terrenos planos e terreno alagadiço (brejo).
232
Figura 87 – Modelagem 3D do setor FLO 03 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
Figura 88 – Modelagem 3D do setor FLO 04 e sua posição frente aos setores identificados na
área de estudo
Figura 89 – Modelagem 3D dos setores FLO 05 e FLO 06 e suas posições frente aos setores
identificados na área de estudo
Tanto o Setor FLO 05 quanto o Setor FLO 06 foram caracterizados como Baixa
suscetibilidade associada a movimentos de massa (deslizamentos) e processo erosivo,
com cadastramento 2, contudo, cabe mencionar que o grau de suscetibilidade aumenta à
medida que novas modificações aconteçam, principalmente nas características de
amplitude e declividade.
As notícias de jornal, assim como a Defesa Civil, indicam a região do Pedro Balzi
como zona mais crítica de Teresina (PMT, de 27 de janeiro de 2021) e Teresina:
moradores do Pedro Balzi denunciam problemas com ruas esburacadas durante chuvas
(PORTAL O DIA, de 16 de fevereiro de 2022).
236
Quadro 9 – Síntese dos processos superficiais e suscetibilidades associadas à antropogeomorfologia em cada setor estudado
PROCESSOS E SUSCETIBILIDADE
Bairros
ANTROPOGEOMORFOLOGIA
Altitude Morfologia Ocupação Processos Imagem
Setores Zoneamento Cadastro Imóveis
(min./máx.) Original Atual Urbana superficiais representativa
Made ground
sobre antiga Inundação e
SJM Planície de
São Joaquim e
01 inundação
entre planície e erosivos
terraço fluvial
Made ground
Inundação e
SJM Terraço sobre antiga
55 < 59m Densa processos ALTO IMINENTE 169
02 fluvial área de terraço
erosivos
fluvial
Topo tabular e
Movimentos
Topo vertente
SAT de massa
113 < 132m tabular e antropogênica Densa ALTO IMINENTE 42
01 (queda de
Satélite
Made ground
sobre antiga
área de Terreno
Terreno
plano e planície
SAT plano e Inundação e
80 < 100m de inundação, Densa ALTO 1 286
03 planície de enxurrada
com
inundação
tamponamento
de rede
drenagem
Worked ground
Topo
sobre antiga Movimentos
Juliana
Parque
tabular,
PAJ área de topo Inexiste/ de massa e
114 < 139m vertente e BAIXO 2 06
01 tabular, Baixa processos
base da
vertente e base erosivos
vertente
da vertente
Topo tabular,
Topo vertente e Movimentos
tabular, terreno plano, de massa
FLO
88 < 117m vertente e modificados Moderada (deslizamentos) ALTA IMINENTE 74
01 e processos
terreno pela presença
erosivos
Flor do Campo
plano de worked
ground
Terreno
FLO plano e Terreno plano e
78 < 83m Moderada Inundação ALTA IMINENTE 92
02 terrenos made grounds
alagadiços
Terreno plano e
Terreno
planície de
FLO plano e Inexiste/
80 < 81m inundação com Inundação MÉDIO 1 2
03 planície de Baixa
condutos e
inundação
made grounds
239
Topo tabular e
Topo Movimentos
FLO vertente com
96 < 128m tabular e Média de massa MÉDIO 1 87
04 presença de
vertente (deslizamentos)
made grounds
Movimentos
Worked ground
FLO caracterizada de massa
87 < 122m Vertente Inexiste (deslizamentos) BAIXO 2 -
05 por terreno de
e processos
escavação erosivos
Worked ground
FLO caracterizada Processos
98 < 134m Vertente Inexiste BAIXO 2 -
06 por terreno de erosivos
escavação
Organização: o autor (2022)
240
CONCLUSÃO
para os riscos, sobretudo nos bairros em que já são identificados processos, a exemplo dos Três
Andares, Matadouro, Mocambinho, Água Mineral, Satélite, Dagmar Mazza, Gurupi e Torquato
Neto, e; k) Prognose associando os processos superficiais, as alterações climáticas, o aumento
de precipitações extremas e a capacidade de suporte tanto da própria base física da cidade
quanto das estruturas urbanas.
Para o Poder Público, sobretudo o municipal, sugere-se: a) Fiscalização efetiva da
política urbana e territorial de Teresina; b) Colocação de placas e avisos em áreas suscetíveis a
processos superficiais perigosos; c) Criação de uma política municipal para prevenção e
mitigação de desastres; d) Investimento, ampliação e capacitação da Defesa Civil Municipal;
e) Coibir ocupação em áreas naturalmente vulneráveis; f) Evitar ações apenas em períodos de
risco iminente, principalmente no período chuvoso; g) Demandar sensibilização e
conscientização da população em relação à ocupação em áreas suscetíveis e coibir especulação
imobiliária em áreas inadequadas; h) Recuperação de áreas vulneráveis, principalmente ao
longo dos canais fluviais (rios e seus afluentes) e em áreas de encostas; i) Fiscalizar atividades
de mineração e seus reflexos na paisagem local; j) Implantação de um sistema de drenagem
urbana eficiente, bem como a universalização do esgotamento sanitário; h) Garantir a
preservação dos canais de drenagem presentes no bairro e que, por hora, não sofreram
interferências; i) Pensar a existência de atividades sobre educação para os riscos, sobretudo nos
bairros em que já são identificados processos; j) Estudar a viabilidade de intervenções
estruturais (soluções de engenharia, como escada hidráulica, drenos horizontais profundos,
muros de arrimo e cortinas atirantadas) ou não estruturais (como medidas educativas,
planejamento, simulação e seguros), e; k)Prognose associando os processos superficiais, as
alterações climáticas, o aumento de precipitações extremas e a capacidade de suporte tanto da
própria base física da cidade quanto das estruturas urbanas.
Diante disso, o estudo realizado contribuiu para importantes reflexões no bojo das
relações existentes entre os meios natural e social, e como cada um destes se comporta frente a
pressão exercida pelo outro, interferindo em dinâmicas naturais e sociais, podendo responder
os questionamentos que fundamentaram esta Tese e reforçar a hipótese lançada, em relação à
dinâmica processo-resposta dos sistemas geomorfológicos quando da ocupação urbana e
instalação de população desprovida da infraestrutura (tornando-a vítima tanto da resposta à
perturbação ambiental quanto da omissão do poder público), contribuindo para a ampliação das
suscetibilidades associadas face à apropriação do relevo.
246
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Territorial. Teresina: SEMPLAN, 2019.
TERESINA. PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA. Plano Diretor Local Integrado
(PDLI). Teresina: PMT, 1969.
266
APÊNDICE
269
Apêndice A – Relação dos QR CODES e seus links para o YouTube dos vídeos postados e
obtidos junto a redes sociais
QR CODE de acesso a vídeo QR CODE de acesso a
QR CODE de acesso a
TÍTULO
postado (03/01/2022) em vídeo de enxurrada nas
vídeo de enxurrada na
rede social sobre os eventos ruas Branca (100m de
rua Branca. 100m de
de inundação no setor SJM 02 altitude) e Plutão (95m de
altitude
altitude)
QRCODE
https://youtube.com/shorts/wQq7cd https://youtube.com/shorts/pscjo
Link https://youtu.be/E5hAIiuJuOU
Gbc9Q Gfo6sg
QR CODE de acesso a
vídeo de enxurrada e
QR CODE de acesso a vídeo QR CODE de acesso a
inundação na área das
TÍTULO
1º 2º 3º 5º 6º DE OCUPAÇÃO
4º TÁXON
TÁXON TÁXON TÁXON TÁXON TÁXON
Morfoescultura COMPARTIMENTO FÍSICO- URBANA
NATURAL
Morfometria Litologia (zoom do mapa de compartimentação
Morfoestrutura Padrões de Formas de
Unidade Tipos de formas Tipos de dominante / Tipos de solos físico-natural)
formas processos Macrozona Zona
morfoescultural de relevo vertentes Altimetria bens dominantes
semelhantes atuais
minerais
Inundações;
Carreamento de
MATADOURO
sedimentos;
BAIRRO
acumulação Balsas)
_ LATOSSOLO
inundáveis Planícies e
AMARELO
Bacia Sedimentar do Parnaíba
Aterros;
BAIRRO
com Morros
Planaltos 86 < 139m Material LATOSSOLO Cortes e
Residuais; Convexas e MZD e ZDCL e
Rebaixados Retilíneas
(amplitude de eluvio- AMARELO aplanamento de
Morros com morros; MZOM ZOM
53m) coluvionar; Distrófico
Tendências a Cicatrizes de
Arredondamentos associação de
mineração;
Limitados por silexitos, Desmonte de Superfícies de aplainamento e
Relevo siltitos e morros; dissecação com relevos residuais (em
Escalonado arenito Depósitos laranja)
silicificado tecnogênicos
272
Retrabalhadas ravinas);
Pedra de
pela Drenagem Aterros;
Fogo (Grupo Cortes e
BAIRRO
ANEXOS
274
Anexo B – Seções topobatimétricas transversais ao canal do rio Parnaíba no trecho dos bairros Matadouro e São Joaquim