O Canto de Abertura Da Missa

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O CANTO DE ABERTURA DA MISSA

Para “acolher o celebrante”?

Frei José Ariovaldo da Silva, OFM

A missa está para começar. A hora chegou. O sino tocou. Todos se acomodaram no
recinto sagrado. Tudo arrumado. Instrumentos musicais afinados. Concentração geral. O
presidente da celebração, ladeado pelos demais ministros e ministras (diácono, acólitos,
leitores, ministros da comunhão eucarística, portador da cruz processional, portadores de
velas etc.), à porta principal da igreja, prontos para a procissão de entrada. De repente, ouve-
se o convite do(a) comentarista: “Irmãos e irmãs, vamos acolher com alegria o nosso celebrante
[às vezes até se diz o nome dele] e os ministros com o canto de entrada”.
Ouvindo certa vez este convite, pensei em pesquisar sobre a finalidade do canto de
abertura da celebração. E isso com base numa dúvida que me surgiu na cabeça: Será que a
finalidade do canto de entrada é mesmo a de acolher o celebrante e seus ministros?
Olhando a Instrução Geral sobre o Missal Romano, fui descobrir que esse canto faz
parte dos ritos iniciais da celebração. E qual é a finalidade destes ritos? É “fazer com que os
fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão e se disponham para ouvir
atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia” (n. 46). Em seguida se diz:
“Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com o diácono e os ministros, começa o canto de
entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no
mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros (grifo
meu)” (n. 47).
Reparem bem a finalidade do canto de abertura: abrir a celebração, promover a união
da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, acompanhar a procissão
do sacerdote e dos ministros. Isso por quê? Porque esse canto faz parte dos ritos iniciais. Assim
sendo, ele visa contribuir (também) para que “os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam
uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar
dignamente a Eucaristia”.
E vejam como nosso irmão músico e teólogo liturgista Frei Joaquim Fonseca explicita
em outras palavras o que vimos há pouco. Escreve ele: O canto de abertura “tem como
principal finalidade constituir e congregar a assembléia, introduzindo-a no mistério que será
celebrado. Se este canto estiver devidamente integrado ao momento ritual (dos ritos iniciais),
em consonância com o tempo do ano litúrgico, com o tipo de celebração, com as características
da assembléia..., ele cumprirá sua função de reunir os irmãos e irmãos no mesmo sentir. A
assembléia assim reunida é sinal sacramental da Igreja, corpo místico de Cristo, e estará
preparada para escutar a palavra e para participar da mesa eucarística” (Cantando a missa e o
ofício divino, São Paulo, Paulus, p. 15).
Em outras palavras, poderíamos então dizer: O canto de abertura visa no fundo levar-
nos a fazer a experiência de sermos um Povo convocado e reunido pelo próprio Deus em sua
casa e, aí, sentirmo-nos de fato assembléia do Senhor, povo sacerdotal, corpo de Cristo... Que
coisa linda e maravilhosa!
E aí eu chego à conclusão: Dizer que o canto de abertura tem como função
simplesmente “acolher” o celebrante (o sacerdote) e seus ministros, é muito pouco. Pouco
demais. E até empobrece o seu verdadeiro sentido. Esse canto não existe para “acolher”
sacerdote e seus ministros mas, no fundo, para nos levar a sentir que todos (inclusive o
sacerdote e os ministros) somos acolhidos: Acolhidos por Deus!... Leva-nos a nos sentir
congregados por Deus como seu Povo e unidos pelo Espírito como corpo de Cristo para a
escuta atenta da Palavra e a celebração digna da Eucaristia. É toda a assembléia que deve
sentir-se acolhida e unida, no embalo do canto de abertura que acompanha a ação ritual da
procissão de entrada.

Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:

1. Como se costuma anunciar e motivar o canto de abertura da missa em sua comunidade?


2. Qual a função e a finalidade do canto de abertura na missa?
3. A Igreja nos ensina que o canto de abertura tem como uma das funções “acompanhar
a procissão do sacerdote e dos ministros”. Note-se que não se fala em “acolher” o
sacerdote e os ministros. Por que será?
4. Quem é “acolhido” com o canto de abertura na missa?
5. Qual a conclusão que você tira a partir desta reflexão?

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