Agrotoxicos Fsa Ba
Agrotoxicos Fsa Ba
Agrotoxicos Fsa Ba
Emerson Mattheus Pereira Costa Freitas*, Vania Rastelly de Sousa, Pedro Rocha Barbosa
*Universidade Estadual de Feira de Santana, [email protected]
RESUMO
O cultivo de hortaliças nas áreas urbanas e periurbanas foi impulsionado a partir de 1980 na América Latina,
África e Ásia como uma estratégia de sobrevivência das populações mais pobres atingidas pela crise
econômica que se instalou nessas regiões (MAXWELL, 1995; BRYLD, 2003 APUD BRANCO;
ALCÂNTARA, 2011). As hortas urbanas comunitárias são hortas instaladas nas mediações das
comunidades, nas quais os próprios moradores trabalham em coletividade produzindo hortaliças, as quais
podem ser utilizadas para consumo próprio e o excedente comercializado (ROSA; BELFORT, 1995).
Nessas hortas geralmente são produzidos alface, tomate, couve, espinafre, repolho, alho, rabanete,
beterraba e cenoura, entre outras verduras e legumes, produzidos, a partir dos princípios de agricultura
orgânica ou utilizando agrotóxicos. O uso correto de agrotóxicos, causa pouco impacto adverso no meio
ambiente. Entretanto, quando utilizado indiscriminadamente, sem as devidas precauções e cuidados em
relação a manipulação, produção, estocagem e destino final, põe em risco não só o meio ambiente, mas
também a saúde das pessoas que de alguma forma entram em contato com tais produtos.
INTRODUÇÃO
O cultivo de hortaliças nas áreas urbanas e periurbanas foi impulsionado a partir de 1980 na América Latina, África e
Ásia como uma estratégia de sobrevivência das populações mais pobres atingidas pela crise econômica que se instalou
nessas regiões (MAXWELL, 1995; BRYLD, 2003 APUD BRANCO; ALCÂNTARA, 2011). No Brasil, essas hortas
começaram a ter grande ênfase no início do século XXI com apoio dos governos municipais e instituições locais,
passando a fazer parte da política de redução da pobreza e da garantia de segurança alimentar, especialmente daqueles
que vivem em situação de insegurança alimentar e nutricional (BRANCO ; ALCÂNTARA, 2011).
Hortas urbanas e comunitárias são hortas instaladas nas mediações das comunidades, nas quais os próprios moradores
trabalham em coletividade produzindo hortaliças, as quais podem ser utilizadas para consumo próprio e o excedente
comercializado (ROSA; BELFORT, 1995). Estas hortas funcionam como um mecanismo para diminuir a situação de
desemprego, a baixa qualidade alimentar, a falta de cidadania, a falta de autoconfiança e reduzir a exclusão dos
indivíduos da produção e consumo, a produção segue os princípios de agricultura orgânica ou utiliza agrotóxicos (DI
NARDO; CATANEO, 2009).
A contaminação de produtos agrícolas por produtos químicos, sejam agrotóxicos e/ou fertilizantes, tem sido objeto de
preocupação e tem causado impactos negativos à cadeia produtiva das frutas e hortaliças. A origem do problema está na
aplicação de agrotóxicos em dosagem excessiva ou de produtos não recomendados. Devido ao uso contínuo e em
grande escala de agrotóxicos, há um crescimento dos problemas de saúde humana, ambientais, contaminação de solos,
águas superficiais e subterrâneas, além de causar desequilíbrio ecológico (VIEIRA, 2013; BOHNER; ARAÚJO;
NISHIJIMA, 2012).
Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nos últimos dez anos, o mercado mundial de
agrotóxicos cresceu 93%, o mercado brasileiro cresceu 190%. Em relação às hortaliças a situação é preocupante, uma
vez o uso de ingrediente ativo de fungicida por área plantada em hortaliças no Brasil, pode chegar entre 8 a 16 vezes
mais agrotóxico por hectare do que o utilizado em outras culturas, por exemplo, da soja. Aproximadamente 20% da
comercialização de ingrediente ativo de fungicida no Brasil são destinados ao uso em hortaliças, o que torna a saúde do
consumidor, o ambiente e os trabalhadores sujeitos à contaminação química por uso de agrotóxicos (CASSAL et al.,
2014).
OBJETIVOS
Realizar o diagnóstico de resíduos químicos em hortas comunitárias de Feira de Santana avaliando a percepção dos
horticultores com relação ao uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes, com vistas a orientar e sensibilizar os
horticultores sobre os meios seguros de utilização dos agrotóxicos e o descarte final das embalagens vazias desses
produtos, além disso, conscientizá-los a respeito dos impactos à sua saúde e dos consumidores do uso inadequado de
agrotóxicos.
METODOLOGIA
Inicialmente foi realizado o levantamento junto à prefeitura das hortas comunitárias existentes no município de Feira de
Santana e cidades circunvizinhas. As pesquisas de campo foram realizadas através de visitas às hortas comunitárias,
com aplicação de questionários, realização de entrevistas, observações, etc. O questionário aplicado possuía questões
abertas e de múltipla escolha, relacionadas aos aspectos ambientais, utilização de agrotóxicos e fertilizantes.
RESULTADOS
Através das pesquisas e visitas às hortas constatou-se, a partir da aplicação dos questionários, que dos 62 entrevistados,
92% utilizam produtos químicos nas hortas, sendo inseticida (66%), herbicida (53%) e fungicida (33%), (Figuras 1 e 2).
Figura 1: Tipo de produto utilizado nas hortas comunitárias para combate de pragas e doenças.
Em relação ao destino das embalagens dos agrotóxicos utilizados, observou-se que 85% devolvem para o fabricante e
15% descartam de forma inadequada. Durante as visitas técnicas, foi verificado que nas proximidades do Vila Bessa
(Distrito de Conceição do Jacuípe) existe uma empresa que faz o recolhimento das embalagens.
Vale ressaltar, que a lei nº 7.802/89, reformulada em 2000, prevê que as embalagens de agrotóxicos, após tríplice
lavagem, sejam devolvidas para o fabricante, comerciante ou empresa de recolhimento em um programa de devolução.
O crescente uso de agrotóxicos e a aplicação intensiva destes têm causado contaminação dos solos, da água e também
prejuízos à saúde humana. Com o objetivo de avaliar a percepção dos horticultores em relação aos impactos ao meio
ambiente e a sua saúde, foi perguntado a estes se tinham conhecimento os danos oriundos do uso indiscriminado de
agrotóxicos. Dos entrevistados, 73% afirmaram ter conhecimento, e destes, 62% afirmaram utilizar para minimizar os
prejuízos causados pelas pragas. Além disso, 81% dos entrevistados acreditam que investir em uma produção orgânica
melhoraria o ambiente e a segurança alimentar. Quando questionados sobre o uso de EPI’s (Equipamentos de Proteção
Individual), 76% disseram utilizar esses equipamentos, em sua maioria luvas, mascaras e botas.
Após a aplicação do questionário e entrevista foi observado que dos 62 entrevistados, 83% nunca participaram de
palestras/cursos sobre os danos dos agroquímicos na produção de hortaliças.
Durante a realização das atividades deste trabalho, foi possível ter contato direto com os horticultores. Neste contato os
horticultores solicitaram mais esclarecimentos sobre o uso de agrotóxicos e fertilizantes. Além disso, demonstraram a
necessidade de acompanhamento de profissionais qualificados para o melhor uso do solo.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos foram importantes, pois demonstraram a necessidade de uma maior orientação aos horticultores
quanto ao uso dos agrotóxicos e fertilizantes e o destino final de suas embalagens, tendo vista que a maioria dos
entrevistados nunca participou de cursos ou palestras sobre os danos dos agroquímicos na produção de hortaliças.
Observou-se que, nem sempre, os horticultores fazem uso dos EPI’s, fato preocupante já que os EPI's são de suma
importância para prevenir sua contaminação.
Vale salientar que os resultados obtidos serviram de base para a escolha de estratégias visando dirimir as dúvidas e
conscientizar os horticultores, bem como aprimorar os temas discutidos na universidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BOHNER, T. O. L., ARAÚJO, L. E. B., NISHIJIMA, A. T. O impacto ambiental do uso de agrotóxicos no
meio ambiente e na saúde dos trabalhadores rurais. I congresso internacional de direito ambiental e
ecologia política - Revista Eletrônica do curso de Direito, UFSM, 2012.
2. BRANCO, M. C., ALCÂNTARA, F. A. Hortas urbanas e periurbanas: o que nos diz a literatura
brasileira? Horticultura Brasileira v.29, p.421-428, 2011.
3. BRASIL. Lei n. 7.802, de 11 de Julho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a
utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o
controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
Brasília, DF, 11 de jul. de 1989. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7802.htm.
Acesso em: 29 de out. de 2015.
4. CASSAL, V. B., AZEVEDO, L. F., FERREIRA, R. P., DA SILVA, D. G., SIMÃO, R. S. Agrotóxicos: uma
revisão de suas consequências para a saúde pública. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia
Ambiental - REGET. V. 18, n. 1, p.437-445, 2014.
5. DI NARDO, S. A., CATANEO, A. A sustentabilidade na horta comunitária: qualidade de vida e geração
de renda. V ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, IV ENC DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E I
ENC. DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA P/ O ENSINO MÉDIO. Toledo. v.5, n.5, 2009.
6. ROSA, L. C. S., BELFORT, C. C. Da participação induzida à participação construída nas hortas
comunitárias (HC) em Teresina. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES, 1, 1995, Teresina,
Resumos.Teresina, UFPI- Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação/Coordenação de Informação em Ciência
e Tecnologia, 1995.
7. VIEIRA, V. R. Geotecnologias aplicadas à estruturação de um sistema de informação geográfica da
olericultura, JiI-Paraná-RO. TCC, Paraná, 2013.