Ao Juízo Da 5 Vara Cível Da Comarca de Maceió
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I - DOS FATOS
A embargante celebrou, em 01/03/2022, um contrato de compra e venda de um
veículo com o embargado Velocidade, pelo valor de R$ 50.000,00. Nessa
mesma data, houve o pagamento integral da quantia devida, bem como a
entrega do bem, conforme recibo de quitação devidamente firmado.
Após a regular aquisição, a embargante somente procurou o Departamento de
Trânsito de Alagoas (Detran/AL) em 10/12/2022 para realizar a transferência de
propriedade do veículo adquirido. Contudo, foi surpreendida com a informação
de que o referido veículo estava sob penhora, decretada em 20/11/2022, nos
autos da Execução por Título Extrajudicial nº 12345, que tramita perante este
Juízo.
A referida execução foi ajuizada em 15/07/2022 pelo embargado XYZ contra
Velocidade, em razão de uma dívida no valor de R$ 10.000,00, contraída em
abril de 2022. O embargado Velocidade indicou o veículo como objeto da
penhora, mesmo após tê-lo vendido à embargante, de forma inequívoca e
anterior à referida dívida.
Diante da constrição judicial incidente sobre o bem de sua propriedade e do
impedimento da transferência de registro, a embargante, para resguardar seus
direitos, apresenta os presentes Embargos de Terceiro.
II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICO
A) DA TEMPESTIVIDADE
Conforme prevê o art. 675 do Código de Processo Civil, os embargos de
terceiro devem ser opostos no prazo de 5 dias a contar da adjudicação ou
alienação do bem penhorado. No caso em tela, a embargante apresenta os
presentes embargos dentro do prazo legal, sendo, portanto, tempestivos.
B) DO CABIMENTO
A embargante, que não é parte no processo de execução em que foi
determinada a penhora, sofreu constrição judicial sobre bem de sua
propriedade, adquirido de boa-fé e anteriormente à penhora. Assim, à luz do
art. 674 do CPC, restou configurado o cabimento dos presentes embargos de
terceiro, com o objetivo de excluir do processo o bem de sua legítima
propriedade.
C) DO DIREITO
A embargante é legítima proprietária do veículo penhorado, conforme contrato
de compra e venda e recibo de quitação anexados. A propriedade do bem foi
transferida com a tradição, conforme o art. 1.267 do Código Civil, e não com o
registro no órgão de trânsito, como sedimentado pela Súmula 132 do Superior
Tribunal de Justiça (STJ).
Ademais, o negócio jurídico celebrado entre as partes é plenamente válido e
anterior à dívida que motivou a execução, o que afasta a hipótese de fraude à
execução, nos termos do art. 792, inciso III, do CPC, e conforme entendimento
consolidado na Súmula 375 do STJ.
D) DA MEDIDA LIMINAR
Nos termos do art. 678 do CPC, a embargante requer a suspensão imediata da
penhora sobre o veículo, para que possa manter sua posse e propriedade,
garantindo-se o direito de transferência do bem.
Para tanto, a embargante junta o contrato de compra e venda, bem como o
recibo de quitação, comprovando de forma sumária sua qualidade de legítima
proprietária e a ausência de vínculo com a dívida que originou a execução,
conforme disposto no art. 677 do CPC.
III - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, a embargante requer a Vossa Excelência:
A) A concessão de medida liminar para que seja determinada a imediata
suspensão do ato constritivo sobre o veículo objeto da penhora, nos termos do
art. 678 do CPC
B) A citação dos embargados, Velocidade e XY, para que, querendo,
apresentem contestação no prazo legal, sob pena de revelia e confissão
quanto à matéria de fato, conforme art. 679 do CPC;
C) A total procedência dos presentes embargos, com a consequente
desconstituição da penhora incidente sobre o veículo e o reconhecimento do
bem como de propriedade da embargante, nos termos do art. 681 do CPC;
D) A condenação dos embargados ao pagamento de honorários advocatícios
de sucumbência, nos termos do art. 85 do CPC;
E) A juntada das custas processuais, conforme o art. 82 do CPC.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
especialmente depoimento pessoal, testemunhal, documental e demais que se
fizerem necessários.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data
Advogado
OAB/UF nº XXX.XXX