Protocolo de Manchester: Revisao Integrativa

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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

ANAIRA DOS REIS JORGE DA CUNHA ALMEIDA

ANÁLISE DO SISTEMA DE TRIAGEM DE MANCHESTER NO BRASIL:


UMA REVISÃO INTEGRATIVA

VOTUPORANGA
2023

1
ANAIRA DOS REIS JORGE DA CUNHA ALMEIDA

GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

ANÁLISE DO SISTEMA DE TRIAGEM DE MANCHESTER NO BRASIL:


UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Faculdade Futura – Grupo
Educacional Faveni, como requisito parcial
para obtenção do título de Urgência e
Emergência

Orientador: Prof. DsC. Ana Paula


Rodrigues

VOTUPORANGA
2023

2
ANÁLISE DO SISTEMA DE TRIAGEM DE MANCHESTER NO BRASIL: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA

Almeida1, Anaira dos Reis Jorge da Cunha

RESUMO – O Ministério da Saúde adotou, o protocolo de classificação de risco


como uma estratégia de organização ao serviço de emergência, para que o
atendimento prestado ao paciente seja dado por prioridade e não por ordem de
chegada. O Sistema de Classificação de risco de Manchester classifica o paciente
em cinco níveis de prioridades, determina o tempo de espera por atendimento e
organiza o serviço prestado. Objetivo: identificar os benefícios da classificação de
risco pelo Sistema de Triagem de Risco de Manchester no Brasil. Método: revisão
bibliográfica integrativa sobre Triagem de Risco de Manchester no Brasil publicados
nos anos de 2017 a 2022 nos quais foram selecionados 08 estudos sobre o
Classificação de risco de Manchester no Brasil. Resultados: Os resultados
demonstram que o Classificação de risco de Manchester tem grande sucesso na
predição de casos e chances de óbitos, sistematização do protocolo de atendimento,
organização das unidades de atendimento, e demais setores, organização na fila de
espera e prioridade para casos mais graves. Também valida a grande participação
do enfermeiro na sua operação, pois esse profissional que desenvolve ações de
prevenção, controle do quadro, orientação e prescrição de cuidados para que o
paciente tenha uma melhora mais rápida e uma assistência hospitalar com mais
qualidade. Conclusão: a Classificação de risco de Manchester é um sistema com
muitos benefícios, pois ele sistematiza e prioriza o atendimento, e destaca a grande
relevância do profissional enfermeiro como melhor operador.

Palavras chave: Classificação de Risco. Manchester. Urgência e Emergência.


Enfermagem.

1 INTRODUÇÃO

1
Enfermeira Assistencial, Faculdade Futura, e-mail: [email protected] , (17) 99642-
3289.
3
A demanda crescente de pacientes para os serviços de emergência é um
acontecimento de ordem global. As rotinas em unidades de emergência visam dar
prioridade aos pacientes com risco iminente de morte, de modo a reduzir a
morbimortalidade e as sequelas incapacitantes, tendo por princípio a necessidade
de uma assistência integral, contínua e de qualidade (AZEVEDO et al., 2010).
O Ministério da Saúde questiona que muitos serviços de atendimento as
urgências convivem diariamente com grandes filas, onde o critério para atendimento
é por ordem de chegada, e não há distinção do grau de risco que o paciente sofre,
sendo alguns casos agravado na fila de espera, aumentando a possibilidade de
óbito de pessoas pelo não atendimento no tempo adequado (BRASIL, 2009).
Na tentativa de ordenar e humanizar o atendimento, o Ministério da Saúde
adotou em 2004 a classificação de risco como estratégia de organização das portas
de entrada em serviços de emergência para priorizar o atendimento de acordo com
o risco apresentado pelo paciente (BRASIL, 2009).
A implantação desta classificação garante a prioridade adequada dos
atendimentos, possibilita a organização da assistência e o conhecimento de
indicadores que direcionam a gestão do serviço e a alocação de recursos (BRASIL,
2004).
A classificação de risco é um processo complexo, e para que essa tomada de
decisão seja mais lógica e sistemática, as escalas de triagem foram desenvolvidas
para direcionar a avaliação do profissional de saúde (BULLARD et al, 2008;
FARROHKNIA et al., 2011). Pode-se definir a classificação de risco como uma
ferramenta que organiza a fila de espera e propõe outra ordem de atendimento a
não ser a ordem de chegada.
A classificação de risco garante um atendimento e acolhimento do paciente
mais rápido, principalmente daqueles com grau de risco elevado. Tem informações
precisas do tempo de espera e estado clínico do paciente, tanto para o usuário
quanto aos seus familiares acompanhantes. Promove trabalho em equipe, melhores
condições de trabalho para os profissionais, deixando o ambiente organizado e
atendimento com acolhimento e humanização. Aumenta a satisfação do usuário
quanto ao atendimento, e principalmente possibilita e instiga a construção de redes
internas e externas de atendimento (BRASIL, 2009).

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Ressalta destacar, que quando o paciente dá entrada a unidade de pronto
atendimento, um dos primeiros profissionais que mantem contato é o profissional
enfermeiro (FEIJÓ, 2010), o mesmo assume ainda papel importante na gerencia e
assistência ao paciente, para um melhor funcionamento do serviço de emergência e
sendo o profissional importante para triagem com classificação de risco (OLIVEIRA;
GUIMARÃES, 2013).
O STM determina qual o risco clínico do paciente a partir de sua queixa
principal. Dispõe de um fluxograma apresentado na forma de perguntas que
classificam o paciente em um nível de prioridade clínica. É organizado em 52
diferentes fluxogramas. Após a anotação da queixa do paciente ou verificação do
seu estado, é atribuído um nível de prioridade, cor e pré-determinado um tempo para
atendimento médico (RISCO, 2010).
O enfermeiro na unidade de emergência deve conhecer a história do
paciente, realizar o exame físico, realizar o tratamento prescrito e aconselhamento
ensinando ao cliente a manutenção da saúde e orientar a continuidade do
tratamento. Além da assistência ao cliente o enfermeiro também é responsável pela
coordenação da equipe de enfermagem que atua no serviço de emergência
(BECKER; PRADO, 2015).
Para Becker e Prado (2015) O enfermeiro deve manter contato e controle com
a área de administração e sala de espera dos usuários, devendo receber o paciente
e seus familiares com empatia e um ambiente seguro, privado e confidencial, deve
ter conhecimento da escala de classificação de risco e fazer uma rápida avaliação
clínica, acompanhar o paciente no atendimento e manter os familiares informados.
Desta maneira faz-se importante demonstrar a relevância e os benefícios da
utilização deste protocolo.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A importância da triagem com classificação de risco

Segundo Hermida et al. (2018) o Acolhimento com Classificação de Risco


(ACCR) foi proposto pelo Ministério da saúde, através da Política Nacional de
Humanização (PNH), sendo um potencial decisivo para a reorganização do

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atendimento nos serviços urgência, sendo assim instituída as Redes de Atenção em
Urgência em 2011.
Costa et al. (2018) traz que a Resolução 423/2012 do COFEN regulamenta
que é privativa do enfermeiro a priorização da assistência em Serviço de Urgência,
sendo o enfermeiro o profissional dotado de conhecimentos, competências e
habilidades que garantam um rigor técnico-científico ao procedimento de
classificação de risco.
Moreno et al. (2018) ressalta que a classificação de risco dos pacientes
começou a ter legitimidade à partir da portaria MS/GM Nº2.048/2002, que
regulamentou o funcionamento da urgência e emergência em todo o território
nacional, estabelecendo como uma ferramenta de gestão e organização do serviço.
Nesse sentido Costa et. al, (2018) corrobora dizendo que, mesmo que o
Ministério da saúde respalde o enfermeiro na participação pra prática do
acolhimento, ainda há um certo receio dos profissionais em utiliza-lo, pelo fato da
maioria dos usuários ainda ter a visão de atendimento na redes de emergências é
norteado e organizado por ordem de chegada.
Costa et al. (2018) reconhece que o enfermeiro é reconhecido pela habilidade
interativa e associativa, por compreender o ser humano como um todo, pela sua
integralidade da assistência à saúde, pela capacidade de acolher e identificar-se
com as necessidades e expectativas dos indivíduos, bem como de promover o
diálogo entre os usuários e a equipe de saúde, sendo assim trajando o enfermeiro
como a porta de entrada do cuidado.
Nessa perspectiva, entende-se que o ACCR baseia-se pela escuta
qualificada, com construção de vínculo, garantia do acesso com responsabilidade e
resolução dos serviços de saúde visando sempre a priorização dos mais graves para
o atendimento.
Costa et al. (2018) em território brasileiro as instituições de saúde pública
estão desenvolvendo e implantando seus próprios protocolos, embora também
ocorra a aplicação desses protocolos, sendo o protocolo de Manchester o mais
utilizado.
Souza et al. (2011) traz que o Ministério da Saúde, atualmente vem buscando
padronizar o processo de acolhimento com classificação de risco por meio da
adoção de medidas que uniformizem esse processo, em todo território nacional.

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Minas Gerais, sendo o primeiro estado brasileiro implementar de fato uma escala a
ser seguida optou pela escala de Manchester, porém, algumas instituições
particulares ainda utilizam seus próprios protocolos.
Para Hermina et. al. (2017) a utilização da escala ECCR traz efeitos positivos
no cotidiano do serviço da UPA, facilitando o atendimento e o seu dimensionamento
por toda equipe, sendo de suma importância, agindo assim como uma ferramenta
que que prioriza casos graves e que principalmente proporia ao profissional
enfermeiro uma maior segurança e respaldo. Também é nítida a contribuição
resolutiva nos casos onde o potencial de risco de agravo, diminuindo o risco de
agravamento e de sequelas decorrentes do tempo prolongado de espera. Porém, a
sobrecarga de trabalho compromete a priorização dos atendimentos emergenciais,
atrapalhando o fluxo seguro dentro do ACCR.
Mesmo com toda a sobrecarga de trabalho, precarização do serviço e
sucateamento da saúde pública os estudos de Hermina et. al. (2017) indicam que
em algumas sistemas de emergência estão se alcançando o principal objetivo do
ACCR, referindo-se ao atendimento inicial do paciente e triagem, substituindo a
forma por ordem de chegada. Sendo inicialmente controverso e custoso para a
compreensão dos usuários. Com o entendimento da população e com o ACCR
fluindo de forma normal é possível verificar um avanço na organização do serviço,
trazendo o entendimento não somente a população do que se trata e como é
benéfico para os usuários uma forma mais organizada de triar, mas também para a
equipe multidisciplinar.
Costa et al. (2018) reconhece que o processo de trabalho fragmentado e os
conflitos de assimetria de poder ainda são fortes barreiras à implantação do ACCR,
sendo assim, da melhoria da qualidade de assistência nas UPAs brasileiras.
Ressalta-se importância da equipe multidisciplinar para o sucesso do ACCR,
cabendo ao enfermeiro quem comumente tem o contato mais direto e contínuo com
os pacientes.
Sendo assim Moreno et al. (2018) ressalta a importância do enfermeiro avaliar
a qualidade do atendimento para a classificação de risco, visando a identificação das
potencialidades e também sugerindo soluções às possíveis fragilidades que possam
ser encontradas, uma vez que ele está na linha de frente e em contato direto com o
usuário.

7
Portando Inoue et al. (2015) garante que se torna necessário reconhecer
quais espaços existem para as melhorias nos serviços que implantaram o ACCR,
sob a perspectiva do enfermeiro haja vista que o enfermeiro tem sido o responsável
pelo ACCR.
Oliveira et al. (2015) traz que um dos principais problemas pelo qual há a
falha da utilização da ACCR ou da insatisfação dos usuários com a ACCR está
ligada a falha do sistema de saúde em absorver a demanda na atenção básica,
sendo assim é evidente que a maioria das pessoas que utilizam a UPA não têm a
finalidade de ser uma urgência ou emergência, utilizando a premissa de que as
Unidades Básicas de Saúde não abrem no almoço, nem após as 17:00h. Alguns
utilizam pelo fato do horário comercial ser conjunto ao horário de abertura das UBS.
Oliveira et al. (2015) corrobora trazendo que na visão do enfermeiro a
sobrecarga de trabalho prejudica de forma significativa os principais papéis do
ACCR que é a escuta qualificada, estabelecimento de prioridade para atendimento
emergenciais, orientação quanto o papel da atenção básica e a importância de
existir uma descentralização de serviços. De fato é nítido e notório a falta de
comunicação entre as unidades e a falta de conhecimento sobre os aspectos que
norteiam o funcionamento de uma UPA pelo usuário, sendo esse um dos maiores
problemas que o profissional enfermeiro enfrenta dentro da unidade.
Duro (2014) traz que um dos maiores problemas na atuação da ACCR é na
discordância entre o enfermeiro e a equipe médica, levando em consideração a
determinação de prioridade do atendimento ou a inserção imediata do paciente as
salas de atendimento, muito enfermeiros relatam que essa forma de organização
afeta a soberania e autonomia do trabalho médico que por muitas vezes gera
discordâncias e conflitos entre os profissionais.
Ademais, Tomberg et al. (2013) conclui dizendo que para a qualidade dos
serviços de saúde depende totalmente da satisfação das necessidades e
expectativas dos usuários por meio da resolutividade, eficácia e efetividade da
atenção à saúde, redução de riscos à saúde, humanização da relação entre
profissionais e usuários, essa qualidade depende da presteza na atenção e conforto
do atendimento ao usuário, motivação da equipe de saúde, controle social na
atenção e a organização do sistema de saúde do pais.

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Cabe salientar que os protocolos de acolhimento com avaliação e
classificação de risco limitam-se a dados objetivos e não subjetivos, afetivos,
culturais e sociais.
Os protocolos não substituem a interação do profissional com o usuário e
subtende-se que esses protocolos são instrumentos que tem a finalidade de
potencializar o encontro usuário trabalhador no que tange ao atendimento
humanizado, evitando e reduzindo o número de filas de espera, abrangendo um
maior acesso ao usuário com melhoria no fluxo, priorizando situação de gravidade.
Para que haja funcionalidade a estrutura física deve estar adequada e deve
haver incentivo político pras essas ações, isso vinculado ao avanço nas
intervenções desse serviço, visando sempre qualificar o atendimento diminuindo
superlotações sendo sempre baseadas em evidências para ter a finalidade de
encontrar os problemas e envolver os personagens dentro de toda essa mudança.

2.3 Sistema de triagem de Manchester no Brasil

O Ministério da Saúde ao analisar as emergências e urgências como


importante porta de entrada do sistema de saúde, definiu políticas voltadas para
esses serviços. Estas políticas são expressas em Portarias Ministeriais como a
portaria nº 2.048/GM, de 5 de novembro de 2002, que aprova o regulamento técnico
dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência e a Portaria nº 1.863/GM, de 29
de setembro de 2003, que institui a Política de Atenção ás Urgências, além de
outras que regulamentam os Serviços de Atendimento Móvel ás Urgências – SAMU
192 e os incentivos financeiros para as Centrais de Regulação Médica de Urgência
(BRASIL, 2004).
A implantação desta classificação garante a prioridade adequada dos
atendimentos, possibilita a organização da assistência e o conhecimento de
indicadores que direcionam a gestão do serviço e a alocação de recursos (BRASIL,
2004).
No ano de 2007 a Secretaria Estadual de Minas Gerais (SES-MG) foi a
primeira a adotar o protocolo de Manchester. Iniciou um processo de troca de
experiência com Portugal, que utilizava o STM no seu serviço de urgência, após

9
decisão da implementação do STM no Estado através do Grupo Brasileiro de
Classificação de Risco.
Essa troca de experiência resultou em dezembro de 2009 numa deliberação
do Governo do Estado de Minas Gerais, a Resolução SES Nº 32, que definiu os
critérios para implantação e implementação do STM, como uma linguagem única,
adotada em urgência e emergência no estado, considerando este como um
instrumento de gestão de urgência e que seu uso viabiliza uma melhor qualidade da
assistência e maior resolubilidade dos casos (BRASIL, 2009).
Em quase todo o País, no mínimo, uma cidade de cada Estado do Brasil já
aderiu ao STM.
O enfermeiro é o profissional mais adequado para avaliar e classificar a
gravidade dos que necessitam de atendimento nos serviços de emergência. O
enfermeiro assume importante função no recebimento do paciente, regulação da
demanda assistencial e na determinação de prioridade no atendimento (SOUZA et
al, 2013). Ainda, o Grupo Brasileiro de Classificação de Risco (2013) responsável
pela divulgação e implementação do Sistema de Triagem Manchester, aponta que,
os profissionais aptos a aplicarem a metodologia do Sistema Manchester de
Classificação de Risco, são médicos e enfermeiro certificados pelo grupo.
Figura 1 - Quadro de Classificação de Risco de Manchester

Fonte: C E P R N, Centro de Ensino Profissionalizante do RN, 2019.


3 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa de caráter qualitativo.

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A revisão bibliográfica integrativa permite a inclusão de dados de diversos
estudos, possibilitando combinar dados de diferentes metodologias e integrar
resultados mantendo o rigor do estudo realizado. Essa combinação de diferentes
métodos de pesquisa permite que o estudo tenha um maior campo de pesquisa, já
que não há tanto rigor em escolher somente uma especificidade de tipo de estudo
para ser utilizado (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Souza, Silva e Carvalho (2010) falam sobre as fases da revisão integrativa,
que é realizada da seguinte forma: elaboração da pergunta norteadora ou
elaboração do assunto a ser estudado, busca de dados em diversas fontes de
dados, coleta de dados, analise crítica dos estudos colhidos, discussão das
amostras e por fim seus resultados.
Realiza-se a busca de artigos, livros ou textos que explanem sobre o
conhecimento na área e resultados de pesquisas publicados, para posteriormente
realizar a descrição dos processos técnicos e ferramentas utilizadas. No processo
final é exposto o resultado, sendo assim, o intuito maior reunir conhecimento
produzido sobre o tema (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
A revisão integrativa faz importante ainda para o campo de saúde, uma vez
que constitui-se como um instrumento da Prática Baseada em Evidências (PBE),
que envolve a “definição do problema clínico, a identificação das informações
necessárias, a condução da busca de estudos na literatura e sua avaliação crítica, a
identificação da aplicabilidade dos dados oriundos das publicações e a determinação
de sua utilização para o paciente”, possibilitando assim a reunião de várias análises,
ajudando o autor a ter acesso a diversos estudos literários, sendo assim benéfico
para o crescimento intelectual do mesmo (GALVÃO; SAWADA; TREVIZAN, 2004)

3.1 Seleção e análise dos Dados Bancos de dados

O presente estudo foi subsidiado com artigos publicados nos últimos dez anos
no período de 2017 a 2022 disponíveis nos bancos de dados online Scielo, BVS e
Bases de Dados de Enfermagem (BDEnf).
Descritores

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Utilizando os seguintes descritores de acordo com os descritores em Ciências
da Saúde (DeCS): classificação de risco (risk rating), Manchester e enfermagem
(nursing). Foi utilizado o operador booleano AND, para facilitar as buscas.
Critérios de inclusão e exclusão
Os critérios de inclusão dos artigos foram: serem artigos disponíveis
integralmente em português, que tenham sido realizados em instituições brasileiras,
pesquisas com estudos realizados em humanos, que sejam estudos com foco na
utilização do STM. Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados na fonte de
dados, artigos repetidos na fonte de dados, artigos que tratem sobre outros sistemas
de classificação de risco que não seja o STM.
Coleta de dados e seleção
Foram encontrados 22 artigos, selecionados 8 artigos segundo os critérios de
inclusão e exclusão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os principais resultados estão expostos no quadro 1, representada por um


total de 8 artigos que abordavam sobre o STM no Brasil.
Na análise dos estudos dos autores incluídos no quadro 1, foi evidenciado
que o STM tem grande relevância na sua utilização, tanto na porta de entrada da
urgência e emergência, como também em outros setores hospitalares. Ressaltando
também a importância do profissional enfermeiro estar capacitado para operar o
sistema e por ser um dos primeiros profissionais de saúde que o paciente tem
contato após sua entrada no setor hospitalar. Além de priorizar o atendimento de
pacientes mais graves, ele também pode predizer o tempo de permanência na
instituição.

4.1 Implementação do STM

Morais et al. (2021) concordam que a implementação do STM ajudou a


proporcionar uma gestão de serviço mais humana, assegurando uma predefinição
que garante aos pacientes um atendimento justo e segurado, evitando ocorrência de
agravamentos.

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Freitas et al (2021) em um estudo sobre padrões clínicos de pacientes com
insuficiência cardíaca com o protocolo de Manchester para a classificação de risco,
concluiu que o STM aumentou o nível de prioridade dos pacientes, classificando os
atendimentos com mais eficácia, demonstrando ser objetivo, assertivo em
reconhecer quadros clínicos cardíacos e direcionando para assistência de
prioridade.
Ainda segundo o mesmo autor a idade e o registro completo da queixa
principal são fatores categóricos para a classificação correta de prioridade do
paciente. Na mesma linha de pensamento, Silva et al (2019) analisando prontuários
de pacientes classificados nos níveis I e II de prioridade, demonstrou que a
utilização do STM favorece a identificação de características definidoras que
subsidiam a elaboração de diagnósticos de enfermagem, sendo assim, o tratamento
é mantido com maior atenção e qualidade, prevenindo evolução para quadros mais
grave.

4.2 Uso inadequado do serviço de emergência

Rinaldi, (2019) e Moura et al (2018) realizaram um estudo para caracterizar os


pacientes atendidos nas unidades de pronto socorro. Rinaldi (2019) relata que
mesmo que o tempo preconizado para atendimento pelo STM esteja dentro do
padrão, ainda há uma alta demanda de pacientes que poderiam ser atendidos em
outros serviços da rede de Atenção à Saúde e Moura et al (2019) ressaltam que o
intuito da unidade é prestar serviços de urgência e emergência, porém ainda há um
grande número de pessoas que procuram a instituição para atender casos que
poderiam ser resolvidos no nível primário de atenção à saúde e as emergências
acabam passando despercebidas diante da demanda assistida.
Gomes et al (2018) ao levantar banco de dados de atendimento em Campina
Grande o pesquisar evidencia que dentro uma amostra de hipertensos, diabéticos
que necessitam de atendimento emergência na UPA 41,4% foram atendidos de
pulseira verde tendo como resolutividade a UBS do município.

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Quadro 1: Identificação dos artigos conforme o método de inclusão, título do artigo, autores, objetivo e principais resultados, Votuporanga, 2023.
Autores Título do artigo Objetivo Principais resultados
Ano
Freitas, Priscila Padrões de apresentação da Descobrir padrões de apresentação clínica Foram analisados 965 pacientes, sendo 571(59%) mulheres. A idade média foi 80,79±12,76 anos. A maioria
et al. insuficiência cardíaca em entre pacientes admitidos em (635) foi classificada como laranja pelo Sistema de Triagem de Manchester, considerada condição de
emergência hospitalar uma emergência hospitalar com insuficiência muita urgência com necessidade de atendimento em até 10 minutos. Os sinais e sintomas mais prevalentes
cardíaca aguda. foram aqueles relacionados a alterações respiratórias. Os pacientes classificados como amarelo
apresentaram maior homogeneidade quando avaliados os sinais vitais.
Morais, O Protocolo de Manchester como Descrever os benefícios do uso Verificou-se que 80% dos entrevistados perceberam benefícios para o paciente e para a melhoria da rotina do
Laryssa de ferramenta de melhoria dos do Protocolo de Manchester em serviços serviço, dos quais 90% verificaram redução no tempo de espera para atendimento, 70% apontaram redução
Farias, et al. serviços de emergência hospitalares de emergência percebidos na mortalidade após a implementação da classificação de risco e melhora na satisfação do usuário (40%) e
pelos enfermeiros classificadores. na relação profissional/paciente (20%).
Silva, Caracterização dos atendimentos Caracterizar os atendimentos A reavaliação dos fluxos e processos relacionados à classificação de risco e ao atendimento inicial tem o
Alessandra de um pronto-socorro público de pacientes classificados pelo Sistema intuito de melhorar a precisão dos registros e do tempo de primeiro atendimento, o que pode contribuir para
Dias Costa, et segundo o sistema de triagem de de Triagem de Manchester (STM) em uma assistência mais qualificada e resolutiva.
al. Manchester. um hospital público de grande porte.
Rinaldi, marília Análise da conformidade dos Identificar a conformidade dos atendimentos Na análise dos desfechos, observou-se que 91% (868) dos pacientes desse grupo receberam alta
lelé. atendimentos segundo protocolo de pacientes classificados como urgentes após atendimento médico. A queixa mais prevalente foi de "problemas em extremidades" e o discriminador foi
de manchester em um serviço de pelo protocolo de manchester e o desfecho "dor moderada". A mediana de pacientes classificados por hora entre os enfermeiros foi de 13 pacientes,
urgência e emergência clínico. como sugerido pelo protocolo de manchester, e a concordância entre a classificação do paciente urgente feita
pelo enfermeiro do serviço de urgência e emergência e pelo pesquisador foi de 84%.
Caracterização dos usuários Tratou-se de uma pesquisa quantitativa, Dentre os417 sujeitos atendidos na triagem, 87 (20,9%) hipertensos foram contemplados,
hipertensos atendidos em descritiva e exploratória realizada no com prevalência do sexo feminino 64 (73,6%), acima de 50 anos de idade 64 (73,6%). A maioria, proveniente
unidade de pronto atendimento 24 município de Campina Grande, Paraíba. A do município de Campina Grande 71 (18,4%), se sobressaindo o turno da noite com 35 (40,2%)
Gomes, Iago et horas coleta foi realizada a partir de um banco de atendimentos, do total, 42 (48,3%) foram classificados na área verde e 36 (41,4%) na amarela.
al. dados ativo, submetida a análise
estatística para obtenção de resultados.
Rates, Hosana "O (in) visível no cotidiano de Estudo de caso de abordagem qualitativa que Verificamos que o cotidiano estudado possui elementos de estratégia o protocolo de Manchester, imposições
Ferreira, et al. trabalho de enfermeiros no buscou compreender ocotidiano e obrigações. Tais elementos intentam isolar os sujeitos num lugar normativo, uma estrutura visível, onde
acolhimento com classificação de de trabalho de enfermeiros no Acolhimento co podem ser controlados, vigiados e cobrados. Entretanto, o cotidiano possui táticas (in)visíveis, próprias de
risco." m Classificação de Risco em Unidade de cada sujeito que praticam o lugar. São práticas de cuidado que burlam os elementos de estratégia.
Pronto Atendimento.
Moura, Bruna Desempenho da triagem rápida Analisar aspectos da triagem rápida realizada No total, 173 pacientes nove pacientes foram avaliados em duas ocasiões diferentes, caracterizando 182
Roberta Siqueira. realizada por enfermeiros na pelos enfermeiros na identificação atendimentos (avaliações). Destes, 56,0% permaneceram em observação no pronto-socorro, 11,0%, 5,0%
porta de emergência e sinais e de pacientes graves na porta de emergência, em unidade de terapia intensiva. A triagem rápida foi mais inclusiva para alta prioridade (n=154; 84,6%) do
sintomas associados à provenientes de demanda espontânea. que o SMCR (n=132; 72,5%). Os sinais e sintomas mais frequentes no grupo da alta prioridade
classificação de pacientes graves pela triagem rápida foram alterações do nível de consciência (34,6%) e da pele relacionadas
ao choque (25,3).
Cicolo, Emilia Avaliação do sistema Manchester Avaliar o grau de confiabilidade, a acurácia e O grau de confiabilidade foi igual para a escolha dos fluxogramas e dos discriminadores com o uso de ambos
Aparecida. de classificação de risco com o o tempo despendido para a realização do os registros e apresentou diferenças na determinação da prioridade e dos sinais vitais. A acurácia apresentou
uso de registro eletrônico e SMCR em registros eletrônico e manual. diferença estatisticamente significante, apenas, em relação aos sinais vitais. O tempo despendido para
manual o registro do SMCR foi menor com o uso eletrônico.

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4.3 Gravidade da classificação de STM

Os sintomas mais apresentados na emergência foram dispneia, indisposição


no adulto, dor torácica, crise hipertensiva, insuficiência cardíaca, infarto aguado do
miocárdio. A chance de um paciente classificado em cor vermelho vir a óbito é 3,6
vezes maior do que paciente classificando na cor laranja e 7,1 vezes maiores do que
o paciente classificado na cor amarela. De acordo Freitas et al. (2021) e Moura et
al. (2019) a evolução do grupo vermelho para um estado mais grave de saúde e taxa
de mortalidade, foram maiores que os pacientes classificados em níveis laranja e
amarelo.
Moura et al. (2019) afirma que os pacientes que foram classificados no nível
vermelho apresentaram maior chance de vir a óbito e o tempo de permanência
hospitalar era maior.

4.4 Importância do enfermeiro

Rates et al. (2017) enfatiza que o profissional de enfermagem e o sistema de


saúde estejam mais preparados para realizar um atendimento mais eficiente e
eficaz. E reforça também sobre a importância do enfermeiro diante da predição que
o STM oferece, sabendo o estado clínico do paciente, o enfermeiro tem maiores
chances de obter uma boa evolução do paciente diante do risco que ele corre, assim
ele pode desenvolver intervenções e ações para melhoria do quadro clínico.
No estudo para caracterizar sobre o invisível dos enfermeiros no acolhimento
e na classificação de risco realizado na UPA de Minas Gerias enfatiza que o
enfermeiro realiza um trabalho relevante e aparentemente visível, mas sua
invisibilidade aflora quando este trabalho é determinado por demandas da população
e de médicos nos processos que envolvem o STM.
Cicolo (2018) em um estudo feito sobre a avaliação do sistema Manchester
de classificação de risco com o uso de registro eletrônico e manual 30% dos
enfermeiros nunca trabalharam na classificação de risco ou STM e 40% fizeram
algum curso ou se capacitaram nessa modalidade.

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Uma das limitações desse estudo está relacionado a escolha de artigos
apenas na língua portuguesa, os estudos são muito escassos em ambiente nacional
por conta do Sistema de Triagem de Manchester ser ainda relativamente novo no
Brasil. Sugiro que sejam realizadas mais pesquisas dessa temática no país,
consequentemente aumentado o número de estudos em âmbito brasileiro.

5 CONCLUSÃO

O STM é um sistema com muitos benefícios para predição de casos e


chances de óbitos, sistematização do protocolo de atendimento, organização das
unidades de atendimento, organização na fila de espera e prioridade para casos
mais graves. Vale ressaltar que o profissional enfermeiro é o melhor operador do
sistema, isso porque, quando o paciente dá entrada no serviço de atendimento, a
maioria das vezes o seu primeiro contato é com o profissional enfermeiro.
É importante orientar corretamente os pacientes de quando se deve usar a
unidade de Pronto Atendimento, com isso, pode-se diminuir de forma significativa as
superlotações em determinados Pronto Atendimentos, fazendo com que o ambiente
fique mais organizado, melhorando a prestação e a qualidade do serviço.
Conclui-se que o enfermeiro é o operador do STM, e sabendo que o STM é
um bom preditor de casos clínicos, o papel da enfermagem é imprescindível para
sua operacionalização, uma vez que o mesmo desenvolve ações de prevenção,
controle do quadro, orientação e prescrição de cuidados para que o paciente tenha
uma melhora mais rápida e uma assistência hospitalar com mais qualidade.

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