Análises Toxicológicas-Unidade 4

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14/02/2023 09:54 Analises Toxicológicas e Ambientais

ANALISES TOXICOLÓGICAS E
AMBIENTAIS

MEIO AMBIENTE
Autoria: Dra. Symara Rodrigues Antunes
Revisão técnica: Ma. Lisiane da Silva Vaz

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Introdução

A toxicologia é uma ciência que pode ser considerada multidisciplinar. Ela utiliza
conhecimentos de outras áreas para realizar análises robustas e sofisticadas para que
possamos entender como determinada substância atua em nossos organismos ou
em animais, quais as suas consequências e se há níveis considerados seguros. Com o
avanço das pesquisas e acúmulo de conhecimento, surgiram vários ramos dentro da
própria toxicologia. Um deles se especializou no estudo dos impactos de tóxicos no
meio ambiente: a toxicologia ambiental.
Os estudos dentro da toxicologia ambiental visam identificar como determinado
xenobiótico pode comprometer determinado ecossistema, como reverter seus
impactos e quais seriam os níveis seguros e de alerta. Também é com base nas
análises toxicológicas que se pode gerar instruções de como realizar o descarte de
resíduos de maneira mais adequada e com o menor risco de impacto ambiental
possível.
A toxicologia ambiental tem como objeto de analises a água, o solo e a atmosfera.
Cataloga quais os contaminantes presentes em cada um, investiga os danos
associados à exposição e à forma de exposição a essas substâncias e ainda como se
proteger. É por meio desses estudos que podemos mensurar se uma área industrial é
responsável pelo aumento de emissão de gases na atmosfera ou não.
Nas análises toxicológicas é comum ainda se utilizar de análises de animais
presentes no ecossistema como indicadores de poluição. São feitos estudos junto
com a área de biologia e veterinária para se escolher qual o melhor animais que
poderá servir como indicador de monitoramento de poluição para determinado toxico,
e a partir daí são feitas análises periódicas de monitoramento. Essa escolha deve ser
feita minuciosamente, para se ter parâmetros condizentes com as características do
toxico, uma vez que determinados animais podem ser mais suscetíveis ao toxico e
outros serem mais resistentes.
Bons estudos!

Tempo estimado de leitura: 59 minutos

4.1 Fundamentos da toxicologia ambiental

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A toxicologia ambiental é considerada um ramo da toxicologia que irá se ocupar em


estudar os efeitos nocivos que os seres vivos de um ecossistema podem apresentar
quando expostos a contaminantes (poluentes) na atmosfera, água e solo. Esses
contaminantes podem ter dois principais grupos de fontes poluidoras: antropogênicas
(por ação humana) e naturais. A ação humana contamina o ambiente por meio de
esgoto e lixo doméstico desprezado de maneira incorreta; os carros e demais meios de
transportes que usam fontes de energia do petróleo; as indústrias que lançam os seus
esgotos e resíduos; e a agropecuária, que utiliza fertilizantes, praguicidas e as
queimadas. As fontes naturais de contaminação podem ser incêndios florestais de
causas naturais e atividades vulcânicas por exemplo (BITTENCOURT; PAULA, 2014).
Quando ocorre o despejo desses elementos contaminantes no meio ambiente, ocorre
o transporte, transformação e a distribuição desses que serão então incorporados por
um organismo. Nesse organismo já pode ocorrer a toxicidade, mas também
biotransformação, bioacumulação, biomagnificação e biodegradação. Os efeitos
gerados podem ocorrer no individuo, mas na toxicologia ambiental também há um
olhar sobre os efeitos nas populações (reprodução, migração, mortalidade e
comportamento) e nos ecossistemas (funcionalidade, biodiversidade e equilíbrio).
Para entendermos o que é a bioacumulação e a biomagnificação, precisamos
relembrar o que é uma cadeia alimentar (Figura 1). O posicionamento que cada
indivíduo se posiciona em uma cadeia alimentar é chamado de nível trófico. Teremos
os produtores, correspondentes ao primeiro nível trófico (plantas e microrganismos);
consumidores e decompositores (que tem por função principal devolverem as
substâncias ao meio ambiente). Quando se passa de um nível para o outro, há uma
perda de energia que não é transferida.

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Figura 1 - A cadeia alimentar representada


Fonte: desdemona72, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
A imagem demonstra o ciclo da cadeia alimentar. O
sol e a água “alimentam” a planta (produtor). Esta
alimenta o consumidor primário (herbívoro),
consumido pelo consumidor secundário (onívoro),
que nutre os terciários (carnívoros). Estes se
decompõem e adubam as plantas, retornando ao
início da cadeia.

Entender esse processo é essencial para entendermos o processo de biomagnificação.


Quando um toxico entra na cadeia alimentar, ele vai se acumulando em cada nível
trófico de maneira exponencial. A bioacumulação versa em uma análise individual, em
que há um aumento de concentração do toxico em relação ao ambiente. A
bioacumulação é uma análise de somatória dos dois processos (REECE et al., 2015).
Substâncias lipossolúveis possuem maior possibilidade de serem biomagnificadas
uma vez que elas se dissolvem nas gorduras e ali acabam por se fixar. Esta
propriedade também permite uma passagem pelas membranas biológicas de maneira
facilitada. Essas substâncias também possuem uma certa afinidade de solubilidade
com a água, o que permite elas se tornarem disponíveis ao consumo.
Compostos químicos aromáticos, cíclicos ou clorados com grandes moléculas,
possuem uma grande capacidade de sofrerem processo de biomagnificação. Essas
propriedades fazem com que esses tóxicos se perpetuem na cadeia alimentar (REECE
et al., 2015).
Estas substâncias no organismo podem ainda sofrer o processo de biotransformação.
São descritos dois mecanismos: os de bioativação; ou de biodesativação. Os de
ativação fazem com que, quando transformado, os subprodutos tóxicos se tornam

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mais tóxicos ou até mesmo exerça função toxicológica. O mecanismo de desativação


é o mais difundido dos processos de biotransformação. O agente toxico sofre uma
reação química que o desativa, isto é, os subprodutos não têm ação (KLAASSEN;
WATKINS, 2012).
Várias substâncias oferecem riscos toxicológicos ao ser humano e são despejados no
meio ambiente. Vários países no mundo lideram ações mundiais para que sejam
promovidas ações para minimização de impactos no bioma do nosso planeta, e
também incluso, impactos na população humana.

4.1.1 Contaminantes do ar, água e solo


A ação humana é a principal fonte de contaminação ao meio ambiente. As indústrias,
comércio, agricultura e quaisquer outras ações humanas geram poluentes em maior
ou menor grau. Desde a revolução industrial houve uma aceleração na emissão de
poluentes na atmosfera, solo e fontes hídricas. Não obstante, desde esse período
temos observado um aumento da temperatura média global anualmente.
A emissão de poluentes na atmosfera é o que primeiro despertou preocupação a nível
mundial. Os gases emitidos na atmosfera causaram um efeito percebido e que causa
grande preocupação: os buracos na camada de ozônio, assim como a intensificação
do efeito estufa. O chamado buraco na camada de ozônio, que na verdade se trata do
afinamento da espessura da camada, retira a proteção natural da superfície da Terra
contra os raios solares danosos. Nas regiões afetadas diretamente por esses buracos
são correlacionados com uma maior incidência de casos de câncer de pele, devido a
uma maior exposição aos raios solares. Indiretamente o mundo inteiro tem sofrido
com o aumento da temperatura global (STANLEY, 2015).
Outros gases são emitidos na atmosfera e causam efeito nocivos ao ser humano,
como lacrimejamento, dificuldade de respiração ou diminuição da capacidade física.
Temos outros efeitos que surgem de maneira crônica: asma, bronquites, câncer
pulmonar, enfisemas, doenças cardíacas entre outras. Idoso, crianças e portadores de
doenças cardíacas e respiratórias são mais suscetíveis a estes efeitos de tóxicos
liberados na atmosfera.
A qualidade do ar deve ser constantemente monitorada em busca de eventuais
poluentes e para se avaliar a qualidade do ar. Para tal, é proposto que sejam
estabelecidos limites de concentração no ar consideradas seguras para os seres vivos,
especialmente o ser humano (STANLEY, 2015).
Há alguns poluentes que são os escolhidos para essa monitorização, pois eles são os
que se conhece, até o presente momento, como oferecendo maiores níveis de
toxicidade. São eles: dióxido de enxofre (SO2), material particulado em suspensão
(MPS), monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), oxido de nitrogênio (NO e
) e ozônio ( ). Estas avaliações são necessárias para que se possa monitorar a
qualidade do ar, traçar atividades e ações que possam melhorar essa qualidade do ar.

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Para estas avaliações se faz uso de bioindicadores, que podem ser, virtualmente,
qualquer ser vivo pode funcionar como um modelo de avaliação. Contudo, deve-se ter
em mente que os organismos irão respem quer de maneira individualizada entre si,
com espécies mais suscetíveis e de resposta mais rápida ao poluente, e organismos
menos suscetíveis que irão demorar mais a apresentar sintomas. Os seres humanos
devem ser monitorados quanto a exposição ao toxico deve ocorrer continuamente e
sistematicamente (STANLEY, 2015).
O monitoramento do meio ambiente deve ser feito de maneira quantitativamente em
matrizes ambientais de ar, água, solo e outras matrizes que sejam importantes para
determinado poluente. O monitoramento de dose interna é quando buscamos em
amostras biológicas a determinação do tóxico ou de bioprodutos que sejam
produzidos pelos processos de transformação. O monitoramento de efeito bioquímico
busca quantificar modificações de biomoléculas, como ácidos nucleicos ou proteínas.
E por último, o monitoramento biológico, que busca avaliar, qualitativamente, sinais e
sintomas de exposição de maneira precoce, que necessite de busca de novos
biomarcadores ou bioindicadores para monitoramento.
A emissão de compostos de enxofre ( ) possui fontes naturais e antropogênicas.
As atividades vulcânicas são grandes emissoras de . Estes compostos podem
causar asmas, bronquites e enfisemas pulmonares. Um dos grandes riscos é que
ocorra reação com os vapores de água formando o ácido sulfúrico ( ),
originando a chuva ácida (STANLEY, 2015).

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O filme O Inferno de Dante, de 1997, baseia-se na história de um vulcão que
estava dormente a muitos anos, mas passa a apresentar indícios de volta à
atividade. Quando o vulcão entra em erupção, pode-se perceber todos os efeitos
em torno da emissão dos compostos de enxofre na atmosfera, indivíduos com
dificuldades respiratórias e até mesmo a formação de chuva ácida.

O monóxido de carbono (CO) é, por sua vez, um gás incolor, inodoro, mas muito toxico,
pois ele se liga irreversivelmente à hemoglobina, dificultando o processo de
respiração. Desta forma, pode causar morte por asfixia, devido a não ser possível o
transporte de oxigênio para os tecidos. O dióxido de nitrogênio ( ) é liberado

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principalmente pelas atividades industriais que o emite como subproduto de suas


atividades. Também pode reagir com os vapores de água da atmosfera, formando o
ácido nítrico ( ) e podendo contribuir para a formação das chuvas ácidas.
O dióxido de carbono ( ) teve um grande aumento a partir da atividade industrial. O
aumento das emissões de é um dos maiores tóxicos implicados com o aumento
de temperatura global. Outros gases, como o metano, também são associados a este
aumento de temperatura. Essa transformação possui implicações mais complexas de
serem a avaliadas.
No meio hídrico, há uma grande preocupação com o processo de eutrofização. Este
processo ocorre quando um lago ou rios acabam por ter enriquecimento de matéria
orgânica e com isso há uma proliferação de algas e plantas. No processo de
eutrofização há um aumento dos níveis de nitrogênio, potássio e fosforo na água. As
algas e plantas que se proliferam acabam por consumir esses nutrientes e, com o
aumento de sua proliferação, há uma maior liberação de oxigênio pelo processo de
fotossíntese, proporcionando um processo de proliferação de bactérias aeróbicas.
Essas bactérias, por sua vez, consomem o oxigênio da água reduzindo-o
drasticamente, promovendo a morte dos animais aquáticos, especialmente os peixes.
Neste ponto, as bactérias anaeróbias, que são decompositoras em sua maioria,
passam a ser privilegiadas e a se multiplicarem, e passam a produzir gases
malcheirosos. Foi o que aconteceu com a Lagoa da Pampulha e o rio Tietê, em São
Paulo (BITTENCOURT; PAULA, 2014).
O processo de eutrofização é um fenômeno que pode atingir diversos reservatórios de
água para consumo de cidades inteiras e gerar impactos na saúde dessas cidades.
Pesquise sobre como realizar o manejo e reverter o processo de eutrofização em lagos
ou rios que servem de reservatório para as cidades.
Além disso, com esse crescimento anômalo, pode haver proliferação de algas, os
dinoflagelados (Figura 2), que produzem substâncias neurotóxicas, causando um
fenômeno conhecido como maré vermelha. O consumo das águas contaminadas
nessa situação pode causar diversos efeitos danosos em humanos e demais animais,
como náuseas e vômitos, dores abdominais e de cabeça, e podendo chegar a
complicações neurológicas e até mesmo à morte (BITTENCOURT; PAULA, 2014).

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Figura 2 - Micrografia com as algas dinoflageladas, responsáveis pelo fenômeno da maré vermelha
Fonte: Dr. Norbert Lange, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Imagem de microscopia das algas dinoflagelados,
responsáveis pela maré vermelha. Estas algas são
microrganismos unicelulares.

Quando analisamos a poluição do solo, observamos que pode haver três fontes de
origem: atividade agrícola, urbana e mineradora. A atividade agrícola é vinculada ao
uso indevido de pesticidas e agrotóxicos, ou uso em quantidades acima do
considerado seguro, uso de técnicas rudimentares de cultivo que incluem, por
exemplo, queima de vegetação para o plantio entre outras.
As cidades são fontes de grande poluição do solo. A produção de resíduos pela
presença humana nas cidades é um dos grandes problemas enfrentados. A instalação
de aterros sanitários e a destinação e tratamento adequados dos esgotos são grandes
problemas que as cidades enfrentam atualmente. Os aterros sanitários produzem um
líquido extremamente toxico, o chorume, que pode infiltrar nos lençóis freáticos e solo,
contaminando extensas áreas e inutilizando-as para plantio e moradia. Para evitar
que isso ocorra, é necessário o preparo do terreno que será destinado a ser um aterro
sanitário, com impermeabilização do solo, sistema de drenagem do chorume, sistema
de drenagem dos gases além de outras medidas. O monitoramento deve ser
constante, pois caso haja falha nestes sistemas, devem ser tomadas medidas
imediatas para conter desastres ambientais que botam em risco a saúde do meio
ambiente, dos humanos e dos animais.

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Figura 3 - Caminhão do lixo despejando resíduos em um local sem aparente preparação para ser um aterro
sanitário
Fonte: doctor_k, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Caminhão de coleta fazendo o despejo de lixo em
um local que provavelmente não está preparado
para ser um aterro sanitário.

Nas grandes cidades, essa preocupação com a questão do lixo tem levado a uma
mobilização de ações de conscientização da coleta seletiva do lixo, reaproveitamento
e reciclagem, pois com isso há uma diminuição do volume de lixo produzido. Além
disso, sistemas eficientes de planejamento de aterros sanitários tem se demonstrado
rentáveis, podendo inclusive ser fonte de geração de energia, com o aproveitamento
do biogás (especialmente metano) produzido nos aterros que podem ser aproveitados
em termoelétricas (REECE et al., 2015).
A reciclagem do lixo também implica numa diminuição do consumo de recursos
naturais para a produção de novos produtos, e com isso pode haver também menor
lançamento de resíduos tóxicos, e consequentemente diminuição da poluição do solo
e da água.
A atividade mineradora é a responsável por lançar no solo produtos tóxicos,
especialmente o mercúrio. O mercúrio é capaz de se acumular na cadeia alimentar,
pelo processo de bioacumulação, como explicado anteriormente. Este metal é usado
no garimpo pois facilita a separação do ouro dos dejetos. O garimpeiro exposto, sofre
com danos no sistema neurológico, surgimento de depressão, ansiedade e demência.
Sintomas gastrointestinais podem também ocorrer, com dores no esôfago, diarreia e
vomito (STANLEY, 2015).

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A contaminação de água, solo e atmosfera normalmente não fica isolado em um


único local, como podemos observar. Isto nos mostra que as fontes desses problemas
devem ser tratadas de forma coletiva, devendo a sociedade como um todo se
conscientizar da importância de se preservar esses recursos para o seu próprio bem.

4.1.2 Toxicidade de pesticidas


A agricultura se desenvolveu muito no último século. Desenvolvimento de manejo de
solo, domínio de técnicas sofisticadas de cultivo e o uso de agentes de controle de
pragas proporcionaram uma maior rentabilidade das lavouras. Contudo, deve-se haver
um rígido controle sobre o uso de produtos químicos no controle de pragas. Os
pesticidas usados foram uma revolução no agronegócio, pois as pragas eram um
grande entrave na produção em larga escala. Eles podem ser classificados segundo
suas funções: inseticidas, herbicidas e fungicidas. Todos esses compostos precisam
passar pela aprovação de órgãos reguladores. No Brasil, a ANVISA é a responsável por
analisar e liberar ou não o uso dessas substâncias químicas.
Os pesticidas são classificados ainda em quatro classes toxicológicas:

Rótulo vermelho. Estão neste grupo aqueles que são


Classe I altamente tóxicos aos humanos, com DL50 oral para
ratos igual ou inferior a 5 mg/kg.

Rótulo amarelo. Apresentam toxicidade mediana aos


Classe
seres humanos, com DL50 oral para ratos igual ou
II superior a 5 mg/kg e até 50 mg/Kg.

Rótulo azul. São aqueles considerados com baixo


Classe risco de contaminação aos seres humanos, com
III DL50 oral para ratos superiores a 50 mg/kg a 500
mg/kg.

Rótulo verde. São os considerados não-tóxicos aos


Classe
seres humanos, com DL50 oral para ratos superiores
IV a 500 mg/kg.

Quanto a origem, podem ser classificados em compostos inorgânicos (composição de


mercúrio, bário, enxofre e cobre); de origem vegetal, bacteriana ou fúngica (piretrinos,
antibióticos e fitocidas) e os pesticidas orgânicos, que possuem átomos de carbono

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na sua composição. Este último grupo citado é o maior grupo de todos, com uma
intensa atividade fisiológica. Duas classes nesse grupo se destacam: os
organoclorados e os organofosforados.
Os organoclorados possuem átomos de cloro em sua composição em uma estrutura
química de carbono. Comercialmente surgiram na década de 1940, popularizando seu
consumo durante a Segunda Guerra Mundial, como prevenção ao mosquito
transmissor da malária. São muito estáveis quimicamente e por isso podem persistir
por muitos anos no meio ambiente, além de serem lipossolúveis. Esta última
característica permite com que ele facilmente seja absorvido pelo nosso organismo e
possa se acumular no tecido adiposo. O DDT (diclorodifeniltricloroetano) é implicado
com aumento dos casos de câncer de mama e ovário em mulheres que trabalham em
lavouras, mas também correlacionado a um aumento de risco a esses canceres em
mulheres que consumam alimentos cuja cadeia de produção tenha utilizado este
praguicida (COHN et al., 2019).

VOCÊ QUER LER?


As pesquisas que relacionam a toxicidade de agrotóxicos com o surgimento de
diversas doenças, inclusive o câncer, têm sido bastante frequentes. No artigo
Identificação dos Agrotóxicos Associados ao Desenvolvimento de Linfoma Não-
Hodgkin, os autores realizam uma revisão da literatura dos principais
agrotóxicos relacionados a este tipo de linfoma. Veja o artigo clicando no botão
abaixo:

Acesse (https://seer.pgsskroton.com/index.php/uniciencias/article/view/9026)

Similarmente, os organofosforados são quimicamente constituídos de átomos de


carbono e fosforo. Diferentemente dos organoclorados, possuem a vantagem de
serem mais facilmente degradados. Contudo, são altamente tóxicos e são implicados
na inibição da colinesterase, o que implica em bloqueio da transmissão sináptica. Os
carbamatos são exemplos dessa classe, e são usados para controle de insetos
voadores, aranhas, nematódeos ou insetos que vivem no solo.
O uso de pesticidas na agricultura é tema de intensa discussão. Tem-se priorizado o
uso de substâncias químicas que permaneçam menos tempo no meio ambiente e que
ofereça, ao mesmo tempo, menor risco de contaminação animal. Contudo, os países
são livres para a liberação do uso dessas substâncias em seus territórios, de acordo
com suas leis e sistemas de fiscalização. Isso gera divergências do uso de várias

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dessas substâncias, sendo várias delas proibidas em diversos países (como a maioria
dos organoclorados na Europa, por exemplo) mas havendo a permissão de uso em
outros países.
A quantidade de uso também é regulamentada, com indicação dos níveis seguros,
indicado por legislação própria de cada país. O papel dos estudos de toxicologia,
neste cenário, é de extrema importância, pois é esta ciência que irá indicar quais os
potenciais risco a que estaremos expostos por esses agentes, quais as medidas
preventivas e quais os níveis de segurança.

4.2 Fundamentos da ecotoxicologia

A ecotoxicologia nasce na década de 1970, como um ramo da toxicologia que estuda


os impactos de substâncias químicas, sejam elas naturais ou artificias, no meio
ambiente. Ela tem sido de extrema importância para análises mais sofisticadas dos
impactos ambientais de ações humanas por exemplo (BITTENCOURT; PAULA, 2014).

VOCÊ O CONHECE?
René Truhaut (1909-1994) foi um toxicologista francês que primeiro utilizou a
denominação ecotoxicologia em 1969. Ele foi o responsável por determinar que
a ecotoxicologia estuda os efeitos dos tóxicos no meio ambiente, seja de
causas naturais ou artificiais, e quais os impactos para animais e humanos.

As resoluções do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 357/2005 e nº


430/11 regulamenta o lançamento de efluentes em rios e lagos (chamados de corpos
hídricos) e em quais condições podem ser lançados. Nestas resoluções são
solicitados os testes de ecotoxicidade em efluentes, que são testes capazes de realizar
a avaliação da capacidade de um determinado agente toxico provocar efeito nocivo,
ao utilizar bioindicadores dos grandes grupos de uma cadeia ecológica. Os resultados

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deste monitoramento irão subsidiar as políticas de gestão de bacias hidrográficas,


apontando se há necessidade de controle maior sobre as fontes geradoras de
resíduos tóxicos.
Em relação aos padrões de potabilidade da água, a Portaria GM/MS Nº 888, de 4 de
maior de 2021, dispõem sobre os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Nesta
portaria, fica determinado várias questões, como monitoramento de microrganismos
aeróbios (especialmente Escherichia coli, Giardia spp e Cryptosporidium) que
passaram a ter necessidade de análises mensais durante 12 meses. São obrigatórias
as análises de Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO), Oxigênio Dissolvido (OD), Turbidez, Cor Verdadeira, pH, Fósforo Total,
Nitrogênio Amoniacal Total e dos parâmetros inorgânicos, orgânicos e agrotóxicos,
para os reservatórios superficiais de abastecimento de água para a população. Ainda
deve-se fazer análise e monitoramento para cianobactérias, como forma de se
controlar intoxicações por cianotoxinas, que causam sérios danos à saúde humana.
Há ainda a necessidade de regulamentação de quais os animais que devem ser
utilizados para monitoramento de toxicidade de acordo com o ecossistema. Esse
monitoramento é importante para que se possa entender os efeitos das substâncias
químicas sobre populações de animais e consequentemente sobre os humanos.

TESTE SEUS CONHECIMENTOS


(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)

As preocupações com o meio ambiente nunca foram tão intensas como tem sido nas
últimas décadas. O aquecimento global, consequência do efeito estufa, destruição de
florestas e contaminação de rios e mares tem sido temas constantes de debates,
formulação de leis e de acordos internacionais. Entretanto, resíduos tóxicos também
geram grandes preocupações nessas contaminações, sendo a toxicologia ambiental a
ciência de estudo dessa área.

Acerca da temática, avalie as proposições abaixo e suas relações:


I. Na toxicologia ambiental, as análises dos efeitos de um xenobiótico em animais
não pode ser realizada,

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PORQUE
II. Os objetos de estudo são animais silvestres difíceis de serem capturados, ou
muitas vezes proibidos de serem capturados, mesmo para estudos.
Sobre as duas asserções e suas relações, marque a alternativa correta:

a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma


justificativa correta da I.

b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma


justificativa correta da I.

c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição


falsa.

d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição


verdadeira.

e. As asserções I e II são proposições falsas.

VERIFICAR

4.2.1 Gestão integrada de resíduos e princípios de biorremediação


A geração de resíduos é inerente à atividade humana, seja doméstica ou industrial.
Estas atividades geram inúmeros tipos de resíduos que devem ser analisados para
que seja minimizado o impacto ambiental de como está sendo feito o despejo destes.
Nas últimas décadas, cada vez a população tem tomado consciência da gravidade de
danos ambientais causados pelo depósito inadequado de resíduos no meio ambiente,
e de que esses resíduos podem gerar um aumento de toxicidade de águas, solos e ar.
O manejo adequado do lixo doméstico é obrigação do estado assegurar, por meio de
políticas públicas de construção de aterros sanitários de maneira adequada. Os
aterros sanitários, como já mencionado previamente, precisa ser feito de maneira a
assegurar que o chorume e os gases produzidos sejam devidamente recolhidos para
que não poluam o solo, os lençóis freáticos e a atmosfera.
Por outro lado, a legislação ambiental tem se tornado cada vez mais rígida com
relação à atividade industrial. Os resíduos produzidos pelas indústrias são de
responsabilidade de cada ente empresarial. A forma como são despejados esses

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resíduos gera impactos que podem ser até mesmo irreversíveis. Devido a isso, tem
sido cada vez mais comum as empresas adotarem o Sistema de Gestão Ambiental
(SGA).
O SGA visa que a empresa ou indústria tenha um monitoramento integral de toda a
sua atividade e de que maneira está sendo gerado impacto no microambiente em que
está inserido e também em proporções maiores, quais são os impactos no
ecossistema. Isto quer dizer que há um controle desde a obtenção das matérias
primas até em como são despejados e manejados os resíduos da cadeia de produção.
Este compromisso gera um reaproveitamento maior dos subprodutos produzidos na
cadeia de produção, assim como um correto manejo de eventuais produtos tóxicos
que sejam produzidos. Inúmeros desastres ambientais poderiam ser evitados se
houvesse esse compromisso das empresas com o meio ambiente.
Na indústria da saúde, há uma Resolução RDC 33/2003 que classifica os resíduos
produzidos por esse ramo de indústria em cinco classes:

Grupo A

Estão incluídos aqui resíduos biológicos, que tenham


potencialmente a possibilidade de haver agentes infecciosos.
Amostras de sangue, peças anatômicas retiradas em cirurgias e
meios de cultura utilizados para cultivo de microrganismos são
exemplos desses resíduos.

Grupo B

Aqui estão inseridos os resíduos químicos que ofereçam riscos à


saúde pública ou ao meio ambiente. São classificados de acordo
com as suas características de inflamabilidade, corrosividade, e
toxicidade por exemplo.

Grupo C

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Rejeitos radioativos, isto é, qualquer material ou resíduo que


contenham radionuclídeos em níveis superiores aos estabelecidos
na norma CNEN-NE-6.02 –“Licenciamento de Instalações
Radiativas”.

Grupo D

Aqui se encontram os resíduos comuns, como papeis e restos


alimentares que são eventualmente produzidos nos serviços de
saúde nas atividades burocráticas.

Grupo E

Aqui estão inseridos os resíduos perfurocortantes, como agulhas,


bisturis e quaisquer outros resíduos perfurocortantes ou
escarificantes.

A norma prevê que é de responsabilidade do serviço de saúde a segregação dos


resíduos na sua origem, sua guarda e seu destino final. Isto quer dizer que é de
responsabilidade dos serviços de saúde fazer o acondicionamento correto de seus
resíduos, de acordo com as suas especificidades, para que seja dada a destinação
final que ofereça menor risco ao meio ambiente e à população.
Isto implica dizer que nos serviços de saúde há lixeiros separados dentro das
instalações para cada um dos tipos de resíduos citados, e que a equipe de
profissionais deve ser treinada para a identificação e segregação correta. Cada lixeiro
deve ser precisamente identificado, como quando é de lixo comum, passível de
reciclagem, e lixo contaminado biologicamente (luvas de procedimento por exemplo)
que devem ser separados (Figura 4).

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Figura 4 - Cestos de lixo com identificação específica: à esquerda, lixo comum; à direita, lixo biológico
Fonte: NottyJPhoto, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Duas lixeiras com identificação de que tipo de
resíduo é para ser depositado nelas. À esquerda,
uma lixeira azul para lixo comum. À direita, uma
lixeira vermelha com o símbolo de risco biológico,
indicando ser para depósito de lixo classe A.

Os resíduos de serviços de saúde devem ser ainda depositados de maneira separada


nos aterros sanitários e, na maioria das vezes, precisam ser previamente incinerados
para que haja a inviabilização dos agentes potencialmente infectantes. No caso de
lixo radioativo, seja de origem hospitalar ou até mesmo industrial, deve ser
armazenado em locais especiais, com proteção para não haver escape da
radioatividade e permanecer ali até que se passe o tempo de meia vida desse material
e não ofereça mais risco de contaminação.
Os aterros sanitários acabam por oferecer um grande risco à saúde de mananciais e
consequentemente à saúde humana e de animais. Mesmo seguindo todas as
normativas, ainda sim teremos uma situação de risco devido aos dejetos ali
depositados. Neste momento temos a contribuição da biotecnologia, que vem
mostrando opções ao manejo desses detritos utilizando-se de microrganismos para a
degradação, transformação e/ou remoção desses contaminantes. A este processo
denominamos de biorremediação. A utilização desta técnica em aterros sanitários
aumenta o tempo de vida útil destes, o que traz grandes benefícios econômicos e
ambientais (MALLMANN et al., 2019).

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Os microrganismos utilizados para o processo de biorremediação devem apresentar


algumas características que os tornam fortes candidatos a serem escolhidos para o
processo: capacidade de crescimento em condições de estresse ambiental; se o seu
modo de crescimento pode ser induzido para uso de fontes energéticas as de
interesse para a biodegradação; e quais os subprodutos que serão gerados desse
processo, que devem ser menos tóxicos do que o produto inicial. Podem ser utilizados
bactérias, fungos, microalgas ou protozoários para estes processos. Este processo se
mostra muito eficiente não só para a descontaminação de ambiente de lixões e
aterros sanitários, mas também em resoluções de contaminações provenientes de
desastres ambientais, com derramamentos de petróleo e derivados, ou em depósitos
de plástico nos oceanos, por exemplo (MALLMANN et al., 2019).
Para ambientes contaminados com metais pesados, os fungos filamentosos têm se
mostrado bastante eficientes para a retirada do ambiente, especialmente os gêneros
Penicillium, Aspergillus, Rhizopus, Mucor, Saccaromyces e Trichoderma. A levedura
Saccaromyces cereviseae, por outro lado, tem se mostrado também bastante eficiente
nesta função (SANTOS et al., 2018).
Quando o ambiente é contaminado por resíduos de petróleo, a grande preocupação é
com a toxicidade dos seus subprodutos: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno. A
biorremediação trouxe uma excelente alternativa para a retirada destes compostos do
ambiente, pois somente a retirada mecânica se mostrou ineficiente. Nestas situações,
normalmente são utilizadas bactérias, como as Pseudomonas, mas também outros
gêneros de bactérias, como Acinetobacter, Moraxella, Nocardia, Aeromonas, entre
outras, tem se mostrado eficientes neste processo. A escolha de qual bactéria, dentre a
vasta lista de possibilidade, será dada por análise do ecossistema atingido e das
características de crescimento das bactérias para se adaptarem ao meio e assim
desenvolverem a função de interesse (SANTOS et al., 2021).

VOCÊ SABIA?
Em 2016, numa fábrica de reciclagem de lixo no Japão, foi descoberto uma nova
bactéria, a Ideonella sakaiensis , cuja principal fonte de alimento são os
plásticos PET. Este tipo de plástico é capaz de persistir no meio ambiente por
centenas de anos, e a bactéria identificada consegue consumir uma folha fina
deste em cerca de 06 semanas. Esta descoberta possibilitou o início de
inúmeros estudos que irão resultar em formas mais efetivas de decomposição
deste material de maneira mais segura e eficiente.

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Outro importante contaminante do meio ambiente, que até pouco tempo atrás era
improvável de ser retirado do ambiente, eram os agrotóxicos. Mas estudos tem
demonstrado que bactérias como as Pseudomonas e a Nocardia, além dos fungos
como Aspergillus e Rhizopus são capazes de minimizar os impactos desses poluentes
(CASTRO et al., 2017).
Esses processos de biorremediação podem ser feitos in situ ou ex situ. O primeiro
caso é feito no próprio local de ocorrência da contaminação, evitando a necessidade
de retirada dos detritos e havendo uma economia financeira e de tempo muito grande.
Os estudos dos impactos ambientais, nestes casos, da inserção do microrganismo,
devem ser cuidadosos, para não gerar maior desequilíbrio. Os processos realizados ex
situ, isto é, fora do ambiente que houve o desastre ambiental, são feitos com a
retirada dos detritos que são colocados em biorreatores para entrar em contato com
os microrganismos de biorremediação apropriados ao caso. Ainda é a forma mais
utilizada, mas demanda um custo aumentado para a retirada dos detritos do local
(MALLMANN et al., 2019).
A biotecnologia do processo de biorremediação tem sido uma promessa para a
resolução da decomposição de resíduos que até então estavam fadados a se
acumularem na Terra por muitos anos, trazendo inúmeros transtornos à saúde do
homem e de outros animais e plantas. O próprio plástico, que se achava que era
impossível de ser degradado, já possui alternativas de degradação usando fungos e
bactérias. Portanto, à medida que mais estudos são feitos, mais alternativas chegam
ao mercado e o problema do lixo e de contaminantes tóxicos estão sendo resolvidos
(SANTOS et al., 2018).

TESTE SEUS CONHECIMENTOS


(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)

A produção de resíduos pelas ações humanas é inevitável. Contudo, legislações


ambientais visam melhorar e otimizar a destinação final desses dejetos com a
finalidade de proporcionar o menor impacto ambiental possível. Os resíduos de
indústrias e de serviços de saúde, devem receber especial atenção pois podem
facilmente conter resíduos de substâncias toxicas ao meio ambiente, animais e até ao
homem, causando possibilidade de grandes desastres.

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Acerca desse tema, marque a alternativa correta:

a. A segregação dos resíduos é de responsabilidade do seu gerador,


devendo ele responsabilizar-se desde a origem até a disposição final.

b. A indústria conta com o poder público para o recolhimento dos seus


dejetos específicos, devendo este realizar a disposição final adequada.

c. O lixo produzido pelos serviços de saúde pode ser desprezado junto


com os resíduos residenciais e coletado pelo governo.

d. É necessário que indústrias e serviços de saúde tenham


armazenamento interno próprio dos resíduos e realizem internamente
a deposição final.

e. É de responsabilidade do estado a guarda indefinida de todos os


resíduos de indústrias e serviços de saúde.

VERIFICAR

Em relação aos lixos químicos, estes devem ser analisados caso a caso. Alguns
resíduos químicos precisam de tratamento prévio para que seja minimizado o risco de
contaminação ambiental e outros precisarão ser armazenados indefinidamente, por
não haver como realizar um descarte seguro. Deve-se ainda ter cuidado para não
haver mistura de diferentes tipos de químicos que possam gerar produtos que
ofereçam riscos de explosão ou até mesmo aumentem a sua toxicidade.
Quando olhamos sob o ponto de vista de tipo de resíduos, podemos classificar como:
resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões gasosas. Com relação as empresas,
todas são responsáveis pela segregação dos resíduos e suas identificações, para que
a destinação seja feita de maneira adequada.
Desde a Agenda 21 (Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Rio de Janeiro,1992), o Brasil é signatário. Há um compromisso de
incentivo para que as empresas e indústrias adotem cada vez a produção de produtos
utilizando tecnologias limpas e renováveis, que substituam matérias primas que
sejam toxicas ou poluentes por opções menos toxicas e poluentes, que haja
programas de reciclagem ou uso de material reciclado, controle das emissões de
gases entre outras medidas.

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No caso da deposição final do resíduo, as indústrias são responsáveis por realizar o


gerenciamento total de seus resíduos específicos, isto é, aqueles decorrentes de sua
atividade industrial. Aos governos, cabe o gerenciamento dos resíduos urbanos
comuns. Desta forma, o produtor dos resíduos deve fazer a destinação adequada de
seus subprodutos da cadeia de produção, que seja feita ainda de forma adequada,
minimizando os impactos ambientais presentes e futuros.

ESTUDO DE CASO
Em janeiro de 2019, ocorreu um dos maiores desastres ambientais brasileiros. A
barragem que segurava os rejeitos de mineração se rompeu, liberando uma
enxurrada de rejeitos líquidos misturados com produtos tóxicos usados na
mineração, trazendo prejuízos ambientais, econômicos e perda de vidas na
cidade de Brumadinho, Minas Gerais, causando destruição por onde passou, até
chegar à bacia do rio Paraopebas, que abastece boa parte da água potável da
cidade de Belo Horizonte. A lama toxica, cheia de rejeitos da mineração de ferro,
inutilizou córregos e acabou por desembocar no rio São Francisco. Na lama
toxica, havia concentrações de ferro, manganês, cobre e cromo acima dos
limites considerados seguros e que passaram a contaminar os rios e córregos
da região, deixando as águas improprias para consumo humano e animal. Estas
concentrações são definidas pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) que regulamenta a qualidade da água doce superficial.
Análises independentes apontam que os níveis desses minérios chegaram a 44
vezes o valor considerado seguro. Houve instalação de investigações para a
responsabilização dos culpados por esse desastre e, como era de se esperar, a
empresa que realizava a exploração de minérios e produtora desses resíduos foi
considerada culpada. O poder público também possui sua parcela de culpa, pois
cabe a ele fiscalizar se a empresa estava cumprindo os protocolos de
segurança. A recuperação dos ecossistemas atingidos pode levar bastante
tempo, gerando impactos diretos as comunidades humanas das redem quezas.

Os eventuais resíduos que sejam perigosos, devem receber tratamento adequado e


individualizado ao seu tipo de resíduo. Quando eventualmente houve a possibilidade
de um tratamento prévio ao seu descarte para minimizar os seus efeitos nocivos,
estes devem ser feitos pelas indústrias.

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VOCÊ SABIA?
O manejo de resíduos deve ser feito de forma a minimizar os impactos
ambientais. A atividade geradora dos resíduos deve classificá-los e identificá-los
a fim de proporcionar o mais seguro destino a eles.

Os efluentes líquidos podem ainda serem chamados de águas residuais. Elas são
definidas como efluentes líquidos que sofrerão alterações das suas características e
adquiriram outras que são indesejáveis. Devem sofrer tratamento para que sejam
despejados, podendo estes serem tratamentos químicos, biológicos ou físicos.
Normalmente é realizado um conjunto de tratamentos que podem incluir mais de uma
classe de tratamentos, a depender do tipo de contaminante presente (BITTENCOURT;
PAULA, 2014).

VOCÊ QUER VER?


O filme Erin Brockovich, do ano 2000, estrelado pela atriz Julia Roberts e direção
de Steven Soderbergh, conta a história de Erin, uma mãe que trabalha em um
escritório de advocacia que decide investigar a contaminação da água que
abastece uma pequena cidade no deserto. O filme narra com propriedade todo o
processo de investigação dos crimes ambientais. Vale a pena conferir!

Os tratamentos dos efluentes líquidos provenientes das indústrias é o que mais causa
preocupação de contaminação ambiental. Redes de esgoto que desemboca em lagos
e rios e que recebem resíduos de indústrias são bastante comuns em nosso país
(Figura 5).

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Figura 5 - As indústrias são responsáveis pelo manejo de seus resíduos específicos


Fonte: mxxfun, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
Fotografia de uma grande indústria em
funcionamento, construída à margem de um rio. Há
muita fumaça saindo das chaminés, indicando que
não ocorre um manejo correto dos resíduos, o que
polui o meio ambiente.

Os resíduos gasosos produzidos por indústrias são alvo de leis ambientais rígidas,
que obrigam às indústrias à instalação de filtros para diminuição de emissão de
gases do efeito estufa e material particulado, além de eventuais resíduos tóxicos.
Assim como no caso dos efluentes líquidos, deve-se realizar procedimentos de
minimização da contaminação ambiental por essas emissões gasosas, seja pelo uso
de filtros, seja pela incineração de eventuais vapores tóxicos presentes.

4.3 Educação ambiental

Cada vez mais vemos problemas ambientais relacionados a destinação inadequada


de resíduos. Não devemos achar que a solução é baseada somente no aumento da
rigidez das leis ambientais ou na aplicação de multas. É mais efetivo programas de

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educação ambiental da população, seja ela as que residem no entorno de indústrias


ou sejam os próprios profissionais que executam a linha de produção (PINHEIRO et al.,
2021).
Desta forma, programas que estimulem a conscientização sobre o adequado manejo
dos resíduos, com técnicas de reciclagem, segregação adequada dos resíduos e ainda
a correta deposição do lixo produzido deve ser meta de toda a sociedade. Deve ser
ainda estimulado a preservação de áreas de floresta nativa nas proximidades da
indústria, com possível replantio. Estas atividades geram uma melhoria do
ecossistema que pode inclusive ser uma alternativa para melhoria dos impactos da
atividade industrial na área (Figura 6).

Figura 6 - Educação ambiental na empresa com seus funcionários


Fonte: A StockStudio, Shutterstock, 2021.

#PraCegoVer
A imagem mostra um grupo de quatro pessoas (três
homens e uma mulher) que parecem estar
realizando uma análise de amostras ambientais.

Dentro das empresas e indústrias, deve-se realizar atualização constantes dos


funcionários e colaboradores para que haja uma consciência de que se deve realizar
as atividades visando a proteção do ecossistema em que está inserido aquele ramo
de atividade.

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CONCLUSÃO

A toxicologia ambiental visa o estudo dos impactos de produtos que sejam tóxicos ao
meio ambiente, que gerará eventos potencialmente nocivos à seres humanos, animais
e plantas. Na sociedade de maneira geral, deve ser estimulado o consumo consciente
e a reciclagem, contribuindo com a diminuição do volume de resíduos gerados. Nas
indústrias, deve ser incentivado o uso de tecnologias mais limpas e menos agressivas
ao meio ambiente, que gerem um menor volume de resíduos, além de manejo eficiente
de sua linha de produção e destinação adequada de seus resíduos.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

aprender sobre a toxicologia ambiental, seus objetivos e


termos mais comuns;

entender como ocorre o processo de biomagnificação e


bioacumulação;

identificar os principais contaminantes da água, solo e


atmosfera;

aprender sobre os pesticidas e suas classes;

entender o quanto é importante o processo de educação


ambiental.

Clique para baixar conteúdo deste tema.

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Referências
BITTENCOURT, C.; PAULA, M. A. S. Tratamento de água e efluentes:
fundamentos de saneamento ambiental e gestão de recursos hídricos. São
Paulo: Érica, 2014.

CASTRO, A. A. et al. Enzimas degradantes de organofosforados: Base


molecular e perspectivas para biorremediação enzimática de agroquímicos.
Ciência e Agrotecnologia, n. 41, v. 5, p. 471-482, 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/1413-70542017415000417
(https://doi.org/10.1590/1413-70542017415000417). Acesso em: 22 jul.
2021.

COHN, B. A.; CIRILLO, P. M.; TERRY, M. B. DDT and Breast Cancer:


Prospective Study of Induction Time and Susceptibility Windows. JNCI, v.
111, n. 8, fev. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1093/jnci/djy198
(https://doi.org/10.1093/jnci/djy198). Acesso em: 22 jul. 2021.

KLAASSEN, C. D.; WATKINS, J. B. Fundamentos em toxicologia de Casarett


e Doull (Lange). 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.

MALLMANN, V. et al. As vantagens da biorremediação na qualidade


ambiental. Ensaios e Ciência, v. 23, n. 1, p. 12-15, 2019.

PINHEIRO, A. A. S. et al. A importância da educação ambiental para o


aprimoramento profissional, docente e humano. Ensino em Perspectivas, n.
2, v. 1, p. 1-12, 2021.

REECE, J. B. et al. Biologia de Campbell. 10. ed. [S. l.: s. n.], 2015.

SANTOS, A. S. Estudo do processo de biorremediação em solos impactados


por derramamento de petróleo. Diversitas, n. 6, v. 1, p. 823-835, 2021.
Disponível em: https://doi.org/10.17648/diversitas-journal-v6i1-1685
(https://doi.org/10.17648/diversitas-journal-v6i1-1685). Acesso em: 22 jul.
2021.

SANTOS, S. C. et al. Mapeamento tecnológico de processos microbianos


aplicados na biorremediação de metais pesados. Cadernos de Prospecção,
v. 11, n. 5, p. 1.740-1.751, 2018.

STANLEY, E. M. Química Ambiental. 9. ed. [S. l.]: Bookman, 2015.

https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=841486 26/27
14/02/2023 09:54 Analises Toxicológicas e Ambientais

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