SUMÁRIO:
1 - HOSPITAL – HISTÓRICO, DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ..................... 3
2 - HOSPITAL – SERVIÇOS E ORGANIZAÇÃO ........................................... 7
3 - HOSPITAL – GESTÃO DA QUALIDADE E ACREDITAÇÃO
HOSPITALAR .................................................................................................. 11
4 - FARMÁCIA HOSPITALAR – HISTÓRICO NO BRASIL ......................... 19
5 - FARMÁCIA HOSPITALAR – FUNÇÃO E INSERÇÃO NA
ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR ...................................................................... 23
6 - ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA FARMÁCIA HOSPITALAR ........ 28
7 – FARMÁCIA HOSPITALAR – GESTÃO DA QUALIDADE E
ACREDITAÇÃO HOSPITALAR ....................................................................... 32
8 - FARMÁCIA HOSPITALAR– SELEÇÃO E UTILIZAÇÃO ....................... 37
9 FARMÁCIA HOSPITALAR – LOGÍSTICA ................................................ 39
10 - FARMÁCIA HOSPITALAR – DISTRIBUIÇÃO E DISPENSAÇÃO ...... 44
11 FARMÁCIA HOSPITALAR – ATIVIDADES ESPECIALIZADAS .......... 51
12 - FARMÁCIA HOSPITALAR – GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 57
13 - FARMACÊUTICO HOSPITALAR – ATRIBUIÇÕES ........................... 61
14 - FARMACÊUTICO HOSPITALAR – COMPETÊNCIAS ....................... 65
15 FARMÁCIA HOSPITALAR – LEGISLAÇÕES E NORMATIZAÇÕES ... 69
16 FARMACÊUTICO HOSPITALAR – LEGISLAÇÕES ............................. 72
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1 - HOSPITAL – HISTÓRICO, DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
A origem da palavra hospital vem do latim hospitalis, que significa “ser
hospitaleiro”, acolhedor. Tal palavra é derivada de hospes, que se refere à
hóspede, estrangeiro, conviva, viajante. Esses termos se difundiram por
diferentes países. Por sua vez, no início da era cristã, se utilizava o termo
nosocomium, de fonte grega, que significa “tratar os doentes”, cujo sentido foi
mantido na palavra hospital até os dias atuais.
Na Antiguidade, apesar do estudo da medicina ter marcos importantes
(como Hipócrates, entre tantos outros), poucos foram os povos em todo o
mundo que desenvolveram a organização hospitalar. Na Idade Média, a
religião exerceu forte influência no atendimento de doentes e necessitados,
com estabelecimento dos primeiros “leprosários e “asilos”. Crescimento da
caridade e ajuda aos enfermos por parte de ordens religiosas, com separação
dos doentes por patologias, e muitas das vezes fora dos grandes centros.
A prosperidade das cidades europeias, somado a fatores tais como a
dificuldade de manutenção dos estabelecimentos apenas com os dízimos e
modificação da concepção de saúde/doença, estimularam os municípios a
assumirem as atividades de saúde até então realizadas pela igreja. Ao longo
da Idade Moderna, apesar dos resquícios do sistema hospitalar cristão, os
representantes administrativos assumiram a gestão e controle para a
reorganização funcional desses estabelecimentos. A função do hospital foi
modificada, pois precisava atender um maior número de pessoas em menor
intervalo de tempo. Iniciou-se a especialização, acompanhada do
desenvolvimento da medicina (teoria bacteriológica, introdução da anestesia),
transformando o hospital em um local de possível cura, e não onde os pobres
morreria.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu Informe Técnico n.º 122,
de 1957, por exemplo, define um hospital como sendo “parte integrante de uma
organização médica e social, cuja missão consiste em proporcionar às
populações uma assistência médico-sanitária completa, tanto curativa como
preventiva, e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar; o hospital é
3
também um centro de formação de pessoal médico-sanitário e de investigação
biossocial”. Conforme a definição da OMS, as funções essenciais do hospital
compreendem: prevenir doenças (profilaxia); restaurar a saúde (diagnosticar
para alcançar a cura); exercer funções educativas (ensino) e promover a
pesquisa (amplas possibilidades de estudo).
Segundo a Portaria de Consolidação Nº 2, de 28 de setembro de 2017,
publicada pelo Ministério da Saúde do Brasil, que dispõem sobre a
“Consolidação das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema
Único de Saúde” em seu Anexo XXIV (Política Nacional de Atenção Hospitalar
- PNHOSP), retoma a definição de hospitais apresentada pela Portaria N°
3390/2013, que é: “instituições complexas, com densidade tecnológica
especifica, de caráter multiprofissional e interdisciplinar, responsável pela
assistência aos usuários com condições agudas ou crônicas, que apresentem
potencial de instabilização e de complicações de seu estado de saúde,
exigindo-se assistência contínua em regime de internação e ações que
abrangem a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o
tratamento e a reabilitação.”.
Alguns atributos importantes dos hospitais precisam ser considerados, tais
como: são instituições que promovem atenção e tratamentos personalizados
(caso de cada paciente); dependem das demandas da comunidade, região e
cidade que está inserido; requerem necessidade contínua de aperfeiçoamento,
com máxima eficiência e baixa tolerância a erros; e apresentam diversidade de
linhas de autoridade, de lideranças e chefias (formalidade e burocracia).
Assim, diversas classificações são estabelecidas que caracterizam diversos
aspectos dos hospitais, tais como: regime jurídico, nível de atenção, vínculo do
corpo clínico, o tipo de serviço prestado, porte, tipo de edificação, entre outras.
Sobre o regime jurídico adotado, ele pode ser público ou privado. O primeiro
tipo está subordinado à uma ou mais esferas de governo (Federal, Estadual ou
Municipal), realiza aquisições de produtos e serviços segundo Lei 8.666/1993,
e pode apresentar administração direta, indireta ou mista. As instituições
privadas, por sua vez, são empresas que objetivam ganho econômico, e que
segundo o Artigo 4º da Lei 8080/1990, participa do Sistema Único de Saúde
(SUS) em caráter complementar. Estes hospitais podem ainda ser ou não
4
filantrópicas ou beneficentes (reaplicam os lucros na própria instituição), que ao
prestarem serviços para o SUS recebem isenções fiscais.
Com relação aos níveis de atenção, segundo o SUS, os hospitais podem
ser classificados como: secundário (média complexidade, estão as Clínicas,
Unidades de Pronto Atendimento e Hospitais Escolas, que dão conta de alguns
procedimentos de intervenção, bem como tratamentos a casos crônicos e
agudos de doenças) ou terciário (alta complexidade, estão os Hospitais de
Grande Porte, onde são realizadas manobras mais invasivas e de maior risco à
vida).
A distinção entre os tipos de corpo clínico adotados tem relação com o
regime jurídico do hospital. São classificados em: fechado (funcionários diretos
do hospital, trabalham em horários regulares), aberto (médicos prestam seus
serviços no hospital, porém sem vínculo empregatício, comum no caso de
convênios/rede credenciada), ou semiaberto ou misto (ambos os modelos
simultaneamente).
Os tipos de serviços ou de assistência hospitalar são definidos em: geral
(atende à maioria das especialidades médicas, podendo ter sua limitação a um
grupo etário) ou especializado (destinado a atender um tipo específico de
clínica). O porte dos hospitais segue valores estabelecidos para o número de
leitos (pequeno porte até 50 leitos, médio porte de 51 a 150 leitos, grande porte
de 151 a 500 leitos, capacidade extra acima de 500), mas que de acordo com a
referência consultada, podem exibir classificações distintas. Por exemplo, a
Política Nacional para os Hospitais de Pequeno Porte – PNHPP (disposta na
Portaria de Consolidação Nº 2, de 28 de setembro de 2017 em seu anexo
XXIII), considera hospitais de pequeno porte apenas aqueles com 5 a 30 leitos.
Já para a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) a
classificação do modelo de estrutura organizacional para os hospitais é
apresentada em três estruturas distintas: segundo o porte (pequeno com
número de leitos inferior a 200 leitos, médio de 200 a 399 leitos, grande igual
ou maior que 400 leitos), ou hospital especializado ou maternidade.
Por fim, sobre a estrutura física, a edificação pode ser: pavilhonar
(edificações de pequeno porte, interligados ou não), multibloco (edificações de
médio ou grande porte, interligadas ou não), monobloco (edificação de único
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bloco de médio ou grande porte), horizontal (não verticalizado, ocupa grande
área), e vertical (edifício, comum em grandes cidades).
O crescimento da complexidade das estruturas organizacionais, da
diversidade dos serviços e a necessidade de obter melhor qualidade no
atendimento, permanecem como demandas atuais dos hospitais. Na
atualidade, em todo o mundo os hospitais são as instituições que detêm a
maior porção de recursos em saúde.
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2 - HOSPITAL – SERVIÇOS E ORGANIZAÇÃO
No contexto administrativo, o hospital é visto como uma empresa
prestadora de serviços ao ramo social, com componentes sistematizados e
interligados, voltados para prevenção e tratamento. Administração é definida
como o processo de planejar, organizar, liderar e controlar os esforços
realizados pelos membros da organização e o uso de todos os recursos
organizacionais (materiais, humanos e financeiros) para alcançar os objetivos
estabelecidos. O hospital é uma organização de natureza social que tem por
finalidade produzir e oferecer serviços de saúde à população. Para uma
organização se estabelecer e alcançar seu objetivo é essencial uma
administração eficaz.
As filosofias da administração foram inseridas em diversos cenários, entre
eles, o hospitalar. O início do século XX foi marcado pelo Taylorismo, cujo
administrador controlava e mantinha a ordem do ambiente de trabalho por meio
do cumprimento de ordens pelos subordinados. A racionalização das tarefas,
disciplina, especialização e padronização do processo de trabalho, e a
ausência do processo criativo nos meios de produção foram marcantes.
Questionando o Taylorismo, o Fordismo agregou maior preocupação com o
trabalhador, uma gestão mais participativa, com inclusive incorporação de
produtividade aos salários. Contudo, a incorporação em termos práticos
(culturas e processos de trabalho) de tais conceitos foi limitada, sem uma
transformação efetiva dos modelos de produção.
No contexto de crise econômica mundial da década de 1970, a demanda
por novos estilos e práticas de gestão foi significativa. Surgiu então a
administração flexível, com as seguintes características: visualização do
trabalhador como ente criativo e inteligente; processos contínuos e
permanentes de capacitação e aperfeiçoamento; negociação de salários e
condições de trabalho; participação das chefias no cotidiano do trabalhador
com redução dos níveis de hierarquia (por exemplo, organograma matricial);
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sensibilidade às demandas do mercado e capacidade de resposta à curto
prazo; controle de qualidade total (de cada etapa, mais detalhado); e estímulo à
produtividade.
Os conceitos de diferentes correntes administrativas contribuíram para as
qualidades da administração moderna hospitalar, como: a contínua
transformação (necessidade de inovação), estabelecer decisões para o
presente e para o futuro, foco definido de acordo com os objetivos da
instituição, e conhecimento e valorização das competências e gerência das
fragilidades das relações humanas.
No campo administrativo, o foco deve estar nas práticas gerenciais que
conduzam a processos mais seguros, permeados pelos conceitos de
qualidade, valorizando a gestão de pessoas e processos, atendendo às normas
e legislação vigentes no país, além de contemplar o compromisso social e
ambiental.
O processo de planejamento realizado pela administração visa estabelecer
objetivos e linhas de ação adequadas para alcançá-los. É uma função
fundamental do administrador, que abrange a escolha das alternativas de ação
e determina como as outras funções serão executadas para alcançar as metas
estabelecidas. Um dos documentos que concretiza o planejamento é o plano,
que anuncia conclusões de um amplo processo de análise e acordos. É um
instrumento que permite a organização explicitar os resultados que se deseja
alcançar, como, em que tempo e que é responsável. Deve estar em uma
linguagem clara e concisa.
A direção administrativa do hospital, em geral, é composta pela
administração superior (diretoria da entidade mantenedora, que estabelece,
implanta e controla as políticas administrativa, salarial, econômica e de
recursos), e pela direção executiva (superintendente, administrador, gerentes e
chefes da execução das propostas). O diálogo entre o corpo clínico e a direção
geral é fundamental para o alcance dos objetivos administrativos e clínicos. A
instituição hospitalar é organizada em departamentos, unidades, gerências,
diretorias ou serviços (classificação varia de acordo com o hospital), onde cada
um(a) apresenta uma autoridade e reponsabilidades, além de poder abranger
sub-setores.
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O regimento interno é o documento aprovado pela direção do hospital para
normatizar os objetivos, a estrutura orgânica, as atribuições e competências, as
normas técnicas de funcionamento, rotinas, entre outros. A visão, missão
(objetivo amplo, baseado nas premissas de planejamento, pressupostos
básicos sobre propósitos, valores, competências e lugar no mundo da
organização) e valores são também informações definidas e divulgadas pela
instituição.
Para conseguir executar a variedade e complexidade de atividades, as
instituições hospitalares apresentam serviços e setores muito diversificados, e
para seu funcionamento adequado, a coordenação das ações é de
fundamental importância. De acordo com a atividade prioritária desempenhada
(mas nem sempre única, e a definição pode variar entre os hospitais) se
classificam os setores em técnicos ou administrativos. Alguns departamentos
ou serviços típicos são apresentados a seguir, mas não estão esgotadas outras
possibilidades:
Serviços Administrativos:
- Recursos Humanos: assume responsabilidades pela folha de pagamento
(instituições privadas), controle da frequência, ficha disciplinar, recrutamento e
seleção de pessoal, e análise de cargos e salários.
- Centro de processamento de dados/Informática ou Tecnologia da Informação
(TI): aperfeiçoa, desenvolve, implanta e mantém sistemas, programas e redes.
Pode fazer parte do hospital ou ser terceirizado.
- Faturamento/Tesouraria: responsável pela cobrança dos serviços hospitalares
prestados.
- Serviços Gerais: realiza manutenções periódicas e reparos.
- Setor de Segurança e Medicina do Trabalho: conduz atividades de proteção à
segurança e à saúde dos trabalhadores (Normas Regulamentadoras do
Ministério do Trabalho: NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de
saúde, NR 7 – Programa de controle médico de saúde ocupacional, NR 5 –
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).
- Departamento de Suprimentos: atividades de compras, planejamento,
almoxarifado e distribuição de materiais, e pode ou não englobar o serviço de
Farmácia.
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- Vários outros serviços: Diretoria Clínica/Médica, Lavanderia.
Serviços técnicos:
- Gerência Médica:
- Serviços de Enfermagem: representa a maior parte dos funcionários de um
hospital, com função primordial assistencialista.
- Serviços de Nutrição e Dietética: vigilância e participação na prescrição e
preparo das dietas, e avaliação nutricional.
- Serviços de Arquivamento Médico: identifica, seleciona, guarda, controla e
processa informações de documentos e de todos os dados clínicos e sociais
dos pacientes.
- Serviços de Assistência Social: atende às demandas de questões
socioeconômicas e de reintegração social dos pacientes e seus familiares;
- Serviço de Farmácia.
- Vários outros serviços: laboratório clínico, unidades de exames, banco de
sangue, odontologia, fonoaudiologia, psicologia, educação física, terapia
ocupacional, fisioterapia.
Além dos serviços técnicos e administrativos, é frequente o
estabelecimento de comissões para controlar determinadas práticas, como os
seguintes exemplos: Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT), Comissão de
Ensino, Comissão de Ética,
A visualização da organização hospitalar é melhor compreendida
utilizando organogramas (representação gráfica).
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3 - HOSPITAL – GESTÃO DA QUALIDADE E ACREDITAÇÃO
HOSPITALAR
Como vimos, um dos objetivos da administração é o controle, que nada
mais é que o acompanhamento e medida do progresso na realização das
metas estabelecidas, com finalidade de descobrir desvios e executar alterações
necessárias. Essa atividade assegura o êxito dos planos elaborados, e visa a
manutenção ou estabelecimento de qualidade para as atividades
desempenhadas. Qualidade na área de prestação de assistência à saúde foi
descrita como: “Conseguir os maiores benefícios, com os menores riscos
possíveis para o paciente, dados alguns recursos” pelo Dr. A. Donabedian.
Assim, qualidade deve ser inerente às ações de saúde, e o paciente, o
centro das atenções e o elemento integrador da equipe multiprofissional. A
melhoria contínua da qualidade é norteada pelos seguintes princípios:
satisfação do cliente/paciente (procurar exceder suas expectativas), gestão
participativa (consenso para a tomada de decisões), desenvolvimento de
recursos humanos (capacitar é investir nas pessoas), não aceitação de erros
(oportunidade de avaliação e melhoria), disseminação das informações
(participação responsável e transparente), gestão de processos (conhecimento
do problema antes da tomada de decisão), e comprometimento com a
instituição (confiabilidade da equipe de colaboradores).
Ferramentas para a gestão da qualidade estão disponíveis, e permitem,
dentro de uma metodologia, visualizar entender os problemas, propor soluções
e monitorar os processos. Um exemplo muito utilizado é o do clico de Deming
ou ciclo PDCA, composto por quatro etapas, onde cada uma viabiliza o início
da subsequente. A etapa inicial é o Planejamento (Plan), tarefa complexa que
envolve muitos estudos e contatos pessoais. Esta etapa é composta
sequencialmente pelas ações de: identificar o problema; observar em grupo;
analisar a(s) causa(s) fundamental(is); avaliar as alternativas para a solução do
problema; escolher a melhor alternativa; e elaborar o plano de ação. A segunda
etapa é o Fazer (Do), que envolve educar e treinar os membros da equipe,
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para depois executar as tarefas planejadas. A terceira etapa é Verificar
(Check), ou seja, checar os itens de controle e comparar com a meta. E por
fim, mas não menos importante está a etapa de Atuar (Action), que deve ser
conduzida de forma corretiva e também padronizar os procedimentos.
No âmbito logístico, o atendimento das atividades hospitalares requer que o
excesso e a falta de materiais sejam evitados, pois ambas são situações
prejudiciais ao bom desempenho da organização, pois geram gastos adicionais
que não agregam valor aos serviços prestados por diversos motivos. Para que
o desenvolvimento da qualidade ocorra, no cenário logístico e/ou em outros, é
imprescindível a motivação de todos os profissionais que trabalham no hospital.
Logo, estabelecer mecanismos de motivação e comprometimento com os
valores dos funcionários ou colaboradores da instituição, exerce mais influência
na qualidade do que investir apenas em processos, técnicas e instrumentos.
A mensuração da qualidade de hospitais pode ser realizada, e seus
resultados podem ser comparados com outras instituições. Tal prática propicia
a melhoria contínua da qualidade que requer muitas vezes a modificação dos
padrões culturais, que pode envolver bastante dificuldade na sua
concretização. Contudo, as organizações hospitalares vêm despertando sua
atenção para aspectos e oportunidades de economia resultantes de melhores
processos na gestão do trabalho. A implementação de programas de qualidade
tem um papel fundamental na racionalização e padronização de insumos e de
recursos humanos (lembrando que o atendimento hospitalar de pacientes
pressupõe produtos e serviços decorrentes destes profissionais).
A Acreditação Hospitalar (AH) é requerida nesse contexto. Trata-se de um
sistema de avaliação periódica, voluntária e reservada, para reconhecimento
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da existência de padrões previamente definidos (incluindo manuais), na
estrutura, processo e resultado. Visa estimular o desenvolvimento de uma
cultura de melhoria contínua da qualidade da assistência médico-hospitalar e
da proteção da saúde da população. Segundo o Manual Brasileiro de
Acreditação Hospitalar publicado pelo Ministério da Saúde me 2002, a AH é um
método de consenso, racionalização e ordenação das instituições hospitalares
e, principalmente, de educação permanente dos seus profissionais e que se
expressa pela realização de um procedimento de avaliação dos recursos
institucionais, voluntário, periódico e reservado, que tende a garantir a
qualidade da assistência por meio de padrões previamente estabelecidos.
A AH é realizada geralmente por entidades separadas e distintas da
organização de saúde, que normalmente são não governamentais. A avaliação
de exigências possui caráter educativo, voltado para a melhoria contínua, sem
a finalidade de fiscalização ou controle oficial. A acreditação de organizações
de saúde se apresenta como uma forma de qualificar a competência dos
serviços, e não como uma mera certificação (é uma opção de um programa de
qualidade, que envolve um conjunto de atividades desenvolvidas por um
organismo independente com o objetivo de atestar publicamente, por escrito,
que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os
requisitos especificados).
Estudos que tratam da avaliação da qualidade de serviços de saúde,
conduzidos especialmente pelo Dr. Avedis Donabedian, entendem que seu
marco conceitual está na relação entre estrutura, processo e resultado.
- Estrutura: características da assistência relacionadas aos recursos físicos,
humanos, materiais, tecnológicos, financeiros, organizacionais e de segurança
- Processo: aspectos técnicos das atividades envolvidas, as normas e
procedimentos operacionais, o sistema de monitoramento e controle, recursos
de informação e a capacitação.
- Resultado: Produto final da assistência prestada, o acesso aos serviços, a
resolutividade, o impacto na saúde da população e o nível de satisfação dos
usuários
Os processos de acreditação têm como principais: avaliar e estimular a
melhoria da estrutura organizacional e processos por meio de padrões;
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fornecer avaliação independente e objetiva do processo; revisar e analisar
sistemática e retrospectivamente os cuidados fornecidos ao paciente e seus
resultados, visando sua segurança; estimular o desenvolvimento de diretrizes e
normas clínicas; ter caráter multidisciplinar e ser voluntário; estimular a
economia de recursos por incentivar atividades padronizadas e controladas,
que aumentam a segurança e possibilitam o acompanhamento dos custos;
melhorar a administração dos sistemas de informação; e incentivar a
preocupação com ambiente seguro.
Em 1951, resultado da união do Colégio Americano de Cirurgiões com
outras quatro instituições (Colégio Americano de Médicos, a Associação
Americana de Hospitais, a Associação Médica Americana e a Associação
Médica Canadense), nasceu a Joint Commission on Accreditation of Hospitals
(JCAH). É uma organização norte-americana, independente e sem fins
lucrativos, voltada para o oferecimento e o desenvolvimento do processo de
acreditação voluntária em hospitais e, posteriormente, para diversos ambientes
na saúde. Em 1987, o nome da organização mudou para Joint Commission on
Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) para caracterizar sua
abrangência. Suas atividades, que até então se davam nacionalmente, em
1994, passam a almejar o mercado mundial com a criação de um braço
internacional, Joint Commission International (JCI), para que a acreditação
pudesse ser ofertada em outros países além dos estados Unidos. Em 2005, a
OMS estabeleceu uma parceria com a JCAHO e a JCI e designou-as como
WHO Collaborating Centre on Patient Safety Solutions. Atualmente, a JCI está
em mais de 60 países do mundo, com a tarefa de “cooperar com as instituições
de saúde, ministérios da saúde e organizações globais”. Até o momento (maio
de 2018) no Brasil, 63 Acreditações já foram realizadas, sendo 36 delas de
Programas Hospitalares, sendo o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA)
associado à JCI e conduzindo atividades de acreditação internacional para
Hospitais outros serviços de saúde, além de oferecer cursos e projetos
customizados para as instituições sobre acreditação e certificação.
Segundo a JCI o caminho para acreditação apresenta duração média
de18 a 24 meses, e pode ser resumidamente apresentado em 10 passos que
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os hospitais e centros médicos acadêmicos geralmente seguem para o
sucesso na acreditação:
1- Start-up: familiarizar-se com os padrões de acreditação e o processo de
pesquisa da JCI (2-3 meses);
2- Planejar: conduzir análise de lacunas e construir plano de ação (2-3 meses);
3- Processo: Atualizar políticas e procedimentos (2 meses);
4- Foco: Melhorias no alvo quando necessário (2-3 meses);
5- Fixar Barreiras: Trabalhar com o pessoal para superar os obstáculos (2-3
meses);
6 - Prontidão: Avalia sua prontidão no ponto médio (2-3 meses);
7- Treinamento: Continuar treinando para mudanças sustentáveis (2-3 meses);
8- Monitorar e ajustar: Avaliar e refinar processos (2-3 meses);
9- Pesquisa simulada: usa uma pesquisa simulada para avaliar sua prontidão
(2-3 meses);
10 - Fase final: Realiza as modificações finais (6-7 meses).
Na década de 1990, instituições de saúde e governos começaram a se
preocupar fortemente com a avaliação dos serviços oferecidos à população.
Foi nesse período que surgiram as primeiras iniciativas regionais de
acreditação e o Manual de Acreditação de Hospitais para América Latina e
Caribe, publicado pela Federação Brasileira de Hospitais, Federação Latino-
americana de Hospitais e Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS. No
Brasil, a ONA (Organização Nacional de Acreditação) foi fundada em 1999 por
entidades públicas e privadas do setor de saúde.
A metodologia de avaliação da ONA foi desenvolvida a partir da revisão
desses modelos de acreditação regionais e dos manuais da América Latina e
de países como Estados Unidos, Canadá, Espanha e Inglaterra. Desde sua
criação, a ONA coordena o Sistema Brasileiro de Acreditação - SBA, que reúne
organizações e serviços de saúde, entidades e instituições acreditadoras em
prol da segurança do paciente e da melhoria do atendimento. A Portaria
MS/GM N° 1970 de 25/10/2001que aprovou a 3ª edição do Manual Brasileiro
de Acreditação Hospitalar, foi revogada pela Portaria MS/GM N°2944 de
20/11/2006 (vigente). Segundo o sítio eletrônico da ONA (www.ona.org.br), no
ano de 2017, 5 instituições hospitalares receberam diagnóstico, e uma das
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suas publicações mais recentes é o Manual Brasileiro de Acreditação das
Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde – 2018, que inclusive
recebeu a chancela da ISQua (Sociedade Internacional para a Qualidade do
Cuidado em Saúde, da sigla em inglês).
Existem outras instituições, tanto nacionais quanto internacionais envolvidas
com a AH, como por exemplo a Compromisso com a Qualidade Hospitalar
(CQH), e a Accreditation Canada.
Recentemente, no âmbito do SUS, medidas para controlar e favorecer a
gestão da qualidade vêm sendo estabelecidas. A Portaria de Consolidação Nº
2, de 28 de setembro de 2017, dispôs sobre a “Consolidação das normas sobre
as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde”. Nela, foram
definidas as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS),
de diversas áreas, entre elas a Política Nacional para os Hospitais de Pequeno
Porte (em seu Anexo XXIII, cuja origem está na PRT MS/GM 1044/2004), a
Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP, em seu Anexo XXIV,
disposta na PRT MS/GM 3390/2013), a Política Nacional de Medicamentos
(PNM, em seu Anexo XXVII que é a PRT MS/GM 3916/1998), e a Política
Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF, instituída pela Resolução CNS
nº 338, de 6 de maio de 2004, na forma do Anexo XXVIII).
A PNHOSP se aplica a todos os hospitais, públicos ou privados, que
prestem ações e serviços de saúde no âmbito do SUS. Com relação à gestão
hospitalar, a administração dos hospitais será profissionalizada por meio de
ações de indução e apoio à formação de competências específicas de
profissionais que ocupem cargos de direção e de gerência intermediária.
Tal política define que a auditoria clínica interna periódica será realizada, no
mínimo a cada 2 (dois) anos, com o objetivo de qualificar o processo
assistencial hospitalar. Ela também institui Centros Colaboradores para a
Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar, no âmbito SUS, definindo-os
como instituições hospitalares, integrantes do SUS que tenham comprovada
experiência e qualidade na gestão organização assistencial e, portanto,
estejam aptas a desenvolver ações de assessoria/consultoria a outros
hospitais, igualmente integrantes do Sistema. Fica à cargo da Secretaria de
Atenção à Saúde o estabelecimento dos critérios de seleção para os hospitais
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que atuarão como Centros Colaboradores (validade de 1 ano), e a adoção de
medidas para o cumprimento das atividades (como por exemplo, o Termo de
Cooperação Técnica).
Por assumir que todos os espaços de produção das ações e serviços de
saúde no SUS constituem-se em campo de prática para ensino, pesquisa e
incorporação tecnológica em saúde, foram propostas as seguintes estratégias
de valorização dos trabalhadores: avaliação de desempenho; a educação
permanente; e a avaliação da atenção à saúde do trabalhador.
Segundo a PNHOSP, o acesso, a qualidade da assistência e a segurança
do paciente devem ser assegurados pelo modelo de atenção, com o
gerenciamento dos leitos realizado na perspectiva da integração da prática
clínica, preferencialmente por meio da implantação de um Núcleo Interno de
Regulação (NIR) ou Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar (NAQH). Sendo
objetivo dessa proposta aumentar a ocupação de leitos e otimizar a utilização
da capacidade instalada, melhorando o atendimento ao usuário.
O NIR deve ser legitimado de preferência como uma instância colegiada
ligada diretamente à direção do hospital (projeto permanente dentro do
planejamento estratégico que deve considerar possíveis resistências), a fim de
otimizar o uso da capacidade instalada do hospital, introduzindo a cultura da
eficiência na instituição. Possui como pilares três grupos de atividades: práticas
de regulação (atividades transversais de regulação do acesso realizadas pelo
NIR, de forma articulada com os pontos de atenção e as Centrais de
Regulação com o intuito de otimizar os recursos assistenciais disponíveis na
unidade hospitalar), articulação com a RAS – Rede de Atenção à Saúde
(interface com as Centrais de Regulação Hospitalar e com outras instituições
da rede), e monitoramento (avaliação de indicadores, do fluxo do paciente e de
casos de permanência prolongada).
Constituem-se como algumas das principais atribuições do NIR: permitir o
conhecimento da necessidade de leitos, por especialidades e patologias;
regular e gerenciar as diferentes ofertas hospitalares existentes, a saber:
Ambulatório, Internação, Urgência e Emergência, Agenda Cirúrgica; Subsidiar
discussões tanto internas, como externas (na RAS), que permitam o
planejamento da ampliação e/ou readequação do perfil de leitos hospitalares
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ofertados; otimizar a utilização dos leitos hospitalares, mantendo a Taxa de
Ocupação em limites adequados (evitando tanto ociosidade como
superlotação) e controlando o tempo médio de permanência nos diversos
setores do hospital, além de ampliar o acesso aos leitos e a outros serviços
disponibilizados pela RAS; auxiliar a gestão quanto ao controle e o uso racional
de Órteses, Próteses e Materiais Especiais; estabelecer e/ou monitorar o painel
de indicadores da capacidade instalada hospitalar; otimizar os recursos
existentes e apontar necessidades de incorporação de tecnologias no âmbito
hospitalar; promover a permanente articulação do conjunto das especialidades
clínicas e cirúrgicas, bem como das equipes multiprofissionais garantindo a
integralidade do cuidado, no âmbito intra-hospitalar; colaborar tecnicamente,
com dados de monitoramento, na proposição e atualização de
protocolos/diretrizes clínicas e terapêuticas e protocolos administrativos; entre
outras.
O NIR deve participar dos Núcleos de Acesso e Qualidade Hospitalar
(NAQH), que é outro núcleo, composto por profissionais das diversas áreas do
hospital e de representantes da gestão, com a finalidade de garantir a
qualidade da gestão do serviço de urgência e emergência e dos leitos de
retaguarda às urgências e à interlocução com a RAS.
18
4 - FARMÁCIA HOSPITALAR – HISTÓRICO NO BRASIL
A evolução histórica da Farmácia Hospitalar (FH) no Brasil não pode ser
dissociada da estruturação do complexo médico-industrial na área da saúde. A
grande mudança nas atividades exercidas pelo farmacêutico, da fase artesanal
no início do século XX (influência e controle diretos, com especial destaque
para a manipulação), descaracterizou inclusive a farmácia e o profissional em
questão. As décadas de 1920 a 1950 foram marcadas pela distribuição de
medicamentos industrializados modificando as estruturas dos ambientes de
trabalho e o exercício profissional.
A Lei N° 5991, de 17 de dezembro de 1973, que dispôs sobre o Controle
Sanitário do Comércio de Drogas, Medicamentos, Insumos Farmacêuticos e
Correlatos, e dá outras Providências, e que continua em vigor, definiu farmácia,
compreendendo inclusive a de unidade hospitalar, além de trazer as
obrigatoriedades da responsabilidade técnica para esses estabelecimentos, e
de licenciamento do estabelecimento para seu funcionamento.
Nesse mesmo ano (1973), ocorre o lançamento da primeira obra da área
no país, o livro “Iniciação à Farmácia Hospitalar” de autoria do Professor José
Sylvio Cimino. Dois anos depois, de forma pioneira a Faculdade de Farmácia
da Universidade Federal de Minas Gerais inseriu no seu curso de graduação a
disciplina de Farmácia Hospitalar, e progressivamente o ensino da FH foi
inseridos em diversas universidades.
Na década de 1980 surgiram os primeiros cursos de pós-graduação em
Farmácia Hospitalar, merecendo destaque os cursos lato sensu e stricto sensu
na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e os 10 Cursos de Especialização
19
em Farmácia Hospitalar para o Controle de Infecção Hospitalar (8 em Natal, 1
em Curitiba e 1 em Porto Alegre) financiados pelo Ministério da (1985 a 1993).
Também para a pós-graduação lato sensu, o primeiro programa de residência
em farmácia hospitalar no Brasil foi inaugurado em 1997, ainda no formato de
curso de especialização “nos moldes de residência”, resultado uma de parceria
entre a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense - UFF e o
Núcleo Estadual do Rio de Janeiro - NERJ do Ministério da Saúde.
A criação em 1995 da Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar
(SBRAFH) foi um marco importante, posteriormente chamada de Sociedade
Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde, sendo a sua missão
representar os farmacêuticos hospitalares e em serviços de saúde, buscando
seu reconhecimento social, através do estímulo a qualificação profissional e
ações de articulação política, junto a sociedade e equipe multidisciplinar em
saúde. No ano de 1997 a SBRAFH publicou seu primeiro documento de
padrões mínimos, com a segunda publicação em 2008, e a última em 2017.
Trata-se de padrões tanto para o funcionamento de Farmácia Hospitalar e de
Serviços de Saúde (ambientes e equipamentos e utensílios) quanto de
Recursos Humanos.
De acordo com seu Estatuto Social, a SBRAFH tem como finalidade geral
desenvolver eventos científicos, atividades de pesquisas, de assessoramento,
de aprimoramento e de capacitação profissional de farmacêuticos atuantes em
hospitais e em serviços de saúde, com a divulgação da assistência
farmacêutica. A Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde
(RBFHSS) é uma publicação oficial de divulgação científica SBRAFH, que teve
sua primeira edição publicada em dezembro de 2010.
O desenvolvimento prático e científico da FH no Brasil continuou ganhando
força, com a condução de congressos e eventos científicos na área, e com
pesquisas. Em 2004 foi publicado o Diagnóstico da Farmácia Hospitalar no
Brasil, que verificou os aspectos construtivos das farmácias, as principais
atividades desenvolvidas, as relações entre essas atividades e a complexidade
do hospital e os profissionais envolvidos, em número e formação, examinar o
grau de implantação das farmácias e o contexto organizacional. O Projeto foi
um esforço colaborativo envolvendo a Organização Panamericana da Saúde, o
20
Núcleo de Assistência Farmacêutica da Escola Nacional de Saúde Pública
(NAF/ENSP), Centro Colaborador da OPAS/OMS em Políticas Farmacêuticas,
o CFF e a SBRAFH, além da colaboração de pesquisadores de várias
universidades.
Avanços na regulamentação também ocorreram. A Portaria MS/GM Nº
2.139, de 27 de julho de 2010 instituiu um Grupo de Trabalho com a finalidade
de elaborar diretrizes e estratégias para a organização, fortalecimento e
aprimoramento das ações e serviços das farmácias hospitalares no âmbito dos
hospitais, clínicas e estabelecimentos congêneres. O Grupo de Trabalho foi
composto de representantes de diversas áreas (DAF/SCTIE/MS, SAS/MS,
Anvisa, ANS, CONASS, CONASEMS, CFF, CNS e SBRAFH). Assim, em 30 de
dezembro de 2010 foi publicada a Portaria MS/GM nº 4283 que aprovou as
diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento das
ações e serviços de farmácia no âmbito dos hospitais. Este foi um importante
marco também pela revogação da Portaria GM/MS Nº 316, de 26 de agosto de
1977, que definia que pequena unidade hospitalar ou equivalente (aquela que
possua até 200 leitos) era dispensada de manter farmacêutico. A reafirmação
da obrigatoriedade da presença de farmacêutico durante todo horário de
funcionamento de farmácias de qualquer natureza foi reiterada pela Lei N°
13021 de 8 de agosto de 2014.
Em 2005, através da Medida Provisória nº 238, Art. 12, ficou instituída a
residência em área profissional da saúde definida como modalidade de ensino
A evolução da FH ao longo do tempo favoreceu modificações na sua
definição e objetivo principal:
1997 – Definição: unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por
profissional farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e
integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente.
Objetivo: contribuir para a qualidade da assistência prestada ao paciente,
promovendo o uso seguro e racional de medicamentos e correlatos. (Padrões
Mínimos da SBRAFH 1997)
21
2008 – Definição (SBRAFH 2008 e Portaria MS/GM nº 4283/2010): unidade
clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada
hierarquicamente à direção do hospital e integrada funcionalmente com as
demais unidades administrativas e de assistência ao paciente. Objetivo:
contribuir no processo de cuidado à saúde, visando melhorar a qualidade da
assistência prestada ao paciente, promovendo o uso seguro e racional de
medicamentos e produtos para a Saúde. (Padrões Mínimos da SBRAFH 2008)
2017 – Definição: A farmácia de hospitais, clínicas e estabelecimentos
congêneres é uma unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por
farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital, adaptada e
integrada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de
assistência ao paciente. Objetivo: provisão de produtos e serviços deve ser
compreendida como meio, sendo a finalidade máxima do exercício de sua
práxis o resultado da assistência prestada aos pacientes. Garantindo
medicamentos seguros e necessários, quando estes são requeridos, visando
sempre a efetividade da farmacoterapia e terapêutica geral, voltando-se
também para o ensino e a pesquisa, propiciando assim um vasto campo de
aprimoramento profissional. (Padrões Mínimos da SBRAFH 2017)
22
5 - FARMÁCIA HOSPITALAR – FUNÇÃO E INSERÇÃO NA
ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR
Os medicamentos nem sempre são os únicos insumos sob
responsabilidade da FH, já que em algumas instituições hospitalares, órteses,
próteses e materiais especiais (OPME), gases medicinais, dietas enterais e
outros produtos para saúde também são contemplados por esse Serviço.
Como vimos, a FH é caracterizada como uma unidade clínica e administrativa
devendo ser contemplada no organograma do hospital, com gestão autônoma
e independente, preservando os interesses da instituição. As atividades de
gestão da FH podem ser dividias em administrativas e clínicas. A primeira
delas está relacionada à gestão de estoques, aquisição de medicamentos,
sistemas de distribuição de medicamentos, e organograma funcional. Por sua
vez a gestão clínica envolve a seleção de medicamentos, a farmacoterapia
(substituição terapêutica, terapia sequencial, controle de tempo de tratamento,
auditoria de antimicrobianos, adequações posológicas), monitorização
farmacoterapêutica, e estudos de utilização de medicamentos.
A FH deve ocupar uma posição adequada na estrutura organizacional,
sendo recomendado que esteja vinculada à diretoria clínica ou geral do
hospital, com relacionamento integrado com as divisões clínicas e
administrativas. Inclusive é recomendado que gerência da farmácia possua um
ambiente privativo e suporte administrativo para a condução adequada das
tarefas. Esse serviço deve funcionar em horário integral, para permitir o
23
controle efetivo, reduzindo o armazenamento de medicamentos nas unidades
assistenciais, favorecendo a assistência adequada.
As atribuições essenciais da FH segundo os padrões mínimos propostos
pela SBRAFH, sofreram modificações ao longo do tempo:
1997 – gerenciamento; desenvolvimento de infra-estrutura; preparo,
distribuição, dispensação e controle de medicamentos e correlatos; otimização
da terapia medicamentosa; informação sobre medicamentos e correlatos;
pesquisa; e ensino.
2008 - gestão; desenvolvimento de infra-estrutura; preparo, distribuição,
dispensação e controle de medicamentos e produtos para saúde; otimização
da terapia medicamentosa; informação sobre medicamentos e produtos para
saúde; ensino, educação permanente e pesquisa.
2017- gestão; desenvolvimento de infraestrutura; logística farmacêutica e
preparo de medicamentos; otimização da terapia medicamentosa;
farmacovigilância e segurança do paciente; informações sobre medicamentos e
produtos para saúde; e ensino, educação permanente e pesquisa.
A posição que o Serviço de FH ocupa na estrutura física do hospital deve
ser planejada adequadamente, para que as atribuições que são competência
da FH sejam conduzidas com qualidade e eficiência. A localização da área
física dentro do hospital deve facilitar o acesso interno (unidades de internação
e serviços de apoio propedêutico e terapêutico), assim como o externo
(fornecedores, representantes de indústrias farmacêuticas e visitantes). A
implantação de sistema de distribuição ágil e seguro, proximidade com
elevadores e monta-cargas é recomendável. Um certo grau de isolamento à
ruídos, odores e poluição é necessário, contudo deve-se evitar locais úmidos
como subsolos e áreas congêneres. Tais considerações, quando alcançadas,
facilitam a provisão de serviços a pacientes e às unidades hospitalares,
devendo contar com recursos de comunicação e transporte eficientes.
Para definir o dimensionamento de uma FH, deve-se considerar o número
de leitos da instituição, mas não é o único quesito. O tipo do hospital, nível de
especialização da assistência, fonte mantenedora, tipo de atendimento,
programação em função das necessidades, e região geográfica onde se
localiza no hospital também exercem influência.
24
A RDC N°50 de 21/02/2002 que dispõe sobre o Regulamento Técnico para
planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde, que sofreu alterações pela RDC
N°307/2002 e 189/03, apresenta unidades/ambientes mínimos de uma FH
assim como suas dimensões. Segundo essa resolução, a Central de
Abastecimento Farmacêutico (CAF), a dispensação, o centro de informações
de medicamentos, área para manipulação de quimioterápicos e área para
preparo de nutrição parenteral são consideradas obrigatórias, ou seja, quando
a unidade existir, assim como a atividade correspondente, estes têm de estar
presentes. Os demais são optativos, na dependência do tipo do
estabelecimento.
De acordo com os últimos Padrões Mínimos da SBRAFH, são ambientes
mínimos da FH: área para administração; área para armazenamento; área de
dispensação; área para atendimento farmacêutico. No caso de
desenvolvimento de outros tipos de atividades outras áreas físicas serão
necessárias. Como veremos adiante, o serviço de FH é composto por
diferentes setores, e é aconselhável que os ambientes estejam em áreas
contíguas ou próximas, o que facilita o fluxo de trabalho (exceção é o caso da
farmácia satélite). A localização deve ser planejada em área ou áreas que
facilitem a provisão de serviços a pacientes e deve contar com recursos de
comunicação e transporte adequados.
Os aspectos de infraestrutura devem viabilizas o trabalho, tais como: a
disponibilidade de equipamentos e instalações adequadas ao gerenciamento
(logística de suprimentos) de medicamentos, saneantes e produtos para saúde;
embalagem, reenvase e unitarização de doses de medicamentos; a
manipulação de produtos estéreis e não-estéreis; implantação de um sistema
de gestão informatizado; disponibilidade de recursos para a informação
(exemplo: recursos bibliográficos) e comunicação (telefone, internet);
disponibilidade de salas para prática de atividades farmacêuticas, respeitando
suas necessidades técnicas; disponibilidade de serviços de manutenção
(refrigeração, eletricidade, informática...), para assegurar o pleno
funcionamento das tecnologias disponíveis e instalações físicas; e a
implantação e manutenção de sistemas de arquivo.
25
Além da provisão de insumos (medicamentos e materiais médico-
hospitalares), a FH deve dispor de informações técnico-científicas adequadas
sobre disponibilidade, eficácia, segurança, qualidade e custos dos
medicamentos e produtos para saúde, que sejam seguras e atualizadas. Tais
orientações podem ser direcionadas à equipe de saúde, estudantes (como
estagiários) e pacientes. A participação do farmacêutico no suporte de
informação à diversas comissões hospitalares também é frequente (comissões
de farmácia e terapêutica, licitações, controle de infecções, terapia nutricional,
comitê de ética em pesquisa, gerenciamento de riscos e gerenciamento de
resíduos de saúde, por exemplo). Nestas comissões o farmacêutico deverá
primar pela utilização de informações baseadas em evidências.
Todas informações prestadas e intervenções farmacêuticas realizadas
devem ser registradas. Além das informações demandadas (informações
passivas), a farmácia hospitalar deve prover informações ativas, por meio da
elaboração de guias, boletins e educação permanente, entre outros, sendo
necessário dispor minimamente de acesso à Internet.
A otimização da terapia medicamentosa é uma função precípua da unidade
de FH, que contribui para diminuir a permanência do paciente no hospital e
para a melhoraria de sua qualidade de vida.
Dada a complexidade e diversidade das a atividades, foi proposto o
seguinte desenvolvimento escalonado de uma FH, em 4 fases cada uma com
características próprias:
FASE 1 - Estruturação do serviço: Implantar ou atualizar o processo de seleção
de medicamentos; Estruturar e/ou dinamizar a comissão de padronização;
Aprimorar ou implantar o gerenciamento do estoque de medicamentos;
Distribuir medicamentos pelo sistema mais viável; Implantar farmacotécnica
básica e adaptativa; Participar da Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar.
FASE 2 - Especialização do serviço: Implementar o sistema de distribuição de
medicamentos; Estruturar o Centro de Informação de Medicamentos;
Transformar a comissão de padronização em Comissão de Farmácia e
Terapêutica (CFT); Editar e divulgar o formulário farmacêutico; Participar da
26
auditoria de antimicrobianos; Ampliar a participação nas ações de controle de
infecção hospitalar.
FASE 3 - Aprimoramento da Especialização: Realizar estudo biofarmacotécnico
de formulações de uso hospitalar; Estruturar a unidade de centralização de
preparo de citostáticos; Estruturar a unidade de manipulação de nutrição
parenteral e de misturas endovenosas; Implantar controle de qualidade de
matéria-prima e medicamentos manipulados.
FASE 4 - Implementação de ações clínico-assistenciais: Desenvolver estudos
de utilização de medicamentos; Realizar análises farmacoeconomicas;
Estruturar sistema de farmacovigilância; Participar da monitorização plasmática
de fármacos; Desenvolver estudos de farmacocinética clínica; Participar de
ensaios clínicos de medicamentos; Implantar farmácia clínica ou atenção
farmacêutica.
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6 - ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA FARMÁCIA HOSPITALAR
A seguinte definição de Assistência Farmacêutica foi trazida em 1997 pelo
CFF por meio da Resolução N° 308: “conjunto de ações e serviços com vistas
a assegurar a assistência terapêutica integral, a promoção e recuperação de
saúde, nos estabelecimentos públicos e privados que desempenham atividades
de projeto, pesquisa, manipulação, produção, conservação, dispensação,
distribuição, garantia e controle de qualidade, vigilância sanitária e
epidemiológica de medicamentos e produtos farmacêuticos”.
No ano seguinte a Assistência Farmacêutica foi definida pela Política
Nacional de Medicamentos (Portaria GM/MS n. 3916, de 1998) como o “grupo
de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as ações
de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de
medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a
conservação e o controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica
dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção
e a difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos
profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso
racional de medicamentos”.
Esse conceito foi apresentado pela Política Nacional de Assistência
Farmacêutica – PNAF (Res Nº. 338, de 06 de maio de 2004, do CNS) como “o
conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde,
tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e
28
visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o
desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua
seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da
qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua
utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria
da qualidade de vida da população”. Esta política foi marco importante, pois
definiu a Assistência Farmacêutica em consonância com os princípios e
diretrizes do SUS, destacando as características: integralidade,
interdisciplinaridade e intersetorialidade.
A disposição estabelecida para as atividades inerentes à Assistência
Farmacêutica foi na forma de ciclo (Marin et al., 2003). Cada etapa alimenta a
subsequente e todas devem ser desempenhadas de forma coordenada para
assegurar que os pacientes recebam os medicamentos apropriados para suas
condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por
um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade, ou seja,
o uso racional de medicamentos (definição da Organização Mundial da Saúde
de 1985).
Ciclo da Assistência Farmacêutica.
Fonte: Marin et al., 2003 adaptado por Oliveira et al., 2007.
Tanto didaticamente quanto na situação de estruturação inicial de uma FH,
a seleção de medicamentos seria a atividade inicial a ser desenvolvida.
Seleção de medicamentos é processo que pretende assegurar à população o
29
acesso aos fármacos mais necessários a um determinado nível de assistência,
garantindo eficácia, segurança, qualidade e custos, e impulsionar o uso
racional dos mesmos. Baseada em critérios técnicos adequados, e
disponibilização de protocolos clínicos com objetivo de produzir prescrições
mais racionais. Portanto, ela precisa considerar, no âmbito hospitalar, o perfil
dos pacientes a serem atendidos e as patologias esperadas para essa
população.
Após definido os itens que farão parte do arsenal terapêutico da instituição,
é necessário planejar as quantidades necessárias para cada período de tempo:
trata-se da atividade de programação. Programação é a atividade que tem
como objetivo garantir a disponibilidade dos medicamentos previamente
selecionados nas quantidades adequadas e no tempo oportuno para atender
as necessidades da população Concluída tal atividade, é possível realizar a
aquisição desses produtos, cuja forma pode variar de acordo com o tipo de
instituição.
Quando os medicamentos são entregues pelos fornecedores (indústria
farmacêutica e distribuidora de medicamentos são as mais comuns), eles
precisam ser armazenados em condições adequadas na FH. Para que então
estejam prontos para serem distribuídos na instituição e utilizados pelos
pacientes conforme necessidade (geralmente prescrição médica).
Além das etapas que compõe a parte central do ciclo da Assistência
Farmacêutica já mencionadas, é fundamental considerar que em termos
práticos, todas essas atividades ocorrem simultaneamente e requerem
planejamento e organização, gestão, recursos humanos, monitoramento e
avaliação continuados (processo de acompanhamento do funcionamento),
financiamento e disponibilidade de informações confiáveis e rápidas. Somado à
isso, etapas anteriores à seleção de medicamentos em um hospital também
fazem parte da Assistência Farmacêutica, pois sem a Pesquisa &
Desenvolvimento (P&D) de novos medicamentos, registro dos produtos no
órgão sanitário competente (Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
e produção dos mesmos (majoritariamente pela indústria farmacêutica), o
medicamento não estaria disponível. Todas as atividades descritas também
30
são submetidas à regulamentações e fiscalizações específicas da Vigilância
Sanitária.
Outra forma de compreender e relacionar as atividades da Assistência
Farmacêutica foi apresentada pela OPAS em 2015 na publicação sobre “Uso
Racional de Medicamentos: fundamentação em condutas terapêuticas e nos
macroprocessos da Assistência Farmacêutica”. Processos estratégicos, de
apoio e processos-chave os 3 macroprocessos da Assistência Farmacêutica
definidos, que serviram para classificar as atividades, sendo compostos por:
Processos Estratégicos: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação; Registro e
Autorização; Produção; e Avaliação e Incorporação.
Processos de Apoio: Planejamento, Programação e Aquisição; e
Armazenamento e Distribuição.
Processos-chave: Prescrição; Dispensação; Administração; e Monitoramento e
Avaliação Farmacoterapêutica.
Assim, mediante a entrada de recursos transformadores e de
Transformação, a viabilidade para concretizar os processos-chave é mantida
pelos processos estratégicos e de apoio (atividades logísticas), para que
resultados e produtos sejam gerados.
31
7 – FARMÁCIA HOSPITALAR – GESTÃO DA QUALIDADE E
ACREDITAÇÃO HOSPITALAR
No campo administrativo, o foco deve estar nas práticas gerenciais que
conduzam a processos mais seguros, permeados pelos conceitos de
qualidade, valorizando a gestão de pessoas e processos, atendendo às normas
e legislação vigentes no país. Essa abordagem deve contemplar o
compromisso social e ambiental da FH. Além disso, a atuação da FH deverá
ser pautada em conceitos da economia da saúde, modernas técnicas de
controle de custos, buscando o desenvolvimento de ações economicamente
viáveis e soluções sustentáveis para a instituição hospitalar.
A qualidade da assistência farmacêutica prestada está diretamente
relacionada com a capacidade da organização em garantir a eficiência das
atividades logísticas tradicionais e com o desenvolvimento de ações
assistenciais e técnico-científicas que contribuam para a qualidade e
racionalidade do processo de utilização de medicamentos e de outros produtos
para a saúde e para a humanização da atenção ao usuário.
Considerando as atividades logísticas da FH, tanto o excesso quanto a falta
geram gastos que podem prejudicar o desempenho do serviço. As faltas
podem elevar despesas por impulsionarem a execução de compras
emergenciais (geralmente mais caras), uso de outras intervenções que não são
a primeira indicação (como outro medicamento ou intervenção, podendo
32
inclusive elevar o tempo de hospitalização), e dano à imagem da instituição
(confiança dos demais profissionais de saúde além dos pacientes e familiares),
por exemplo. Por sua vez o excesso de medicamentos na FH também podem
gerar custos adicionais evitáveis, pois estão envolvendo o armazenamento
desses produtos (espaço físico, luz, climatização, movimentação e manuseio
do estoque), inviabiliza a aquisição de outros medicamentos (recurso não
disponível), além de estarem sujeitos à possíveis perdas e custos de descarte.
Entretanto, os problemas e desvios de qualidade não podem ser
unicamente atribuídos às questões logísticas. A gestão da qualidade assume
que existem danos causados aos pacientes em consequência de sua terapia
medicamentosa, o que envolve também materiais, equipamentos, instrumentais
e sistemas de aplicação médica, e que eles precisam ser reduzidos. Como
outro objetivo, temos a diminuição da cultura do desperdício existente em
muitas instituições hospitalares. Por isso, medidas gerais que podem ser
adotadas com foco na prevenção dos eventos adversos evitáveis, tais como:
1. Adotar uma cultura de segurança focada na melhoria do processo;
2. Padronizar a prescrição médica e, se possível, torná-la eletrônica;
3. Padronizar procedimentos, como horários de administração, limites de
doses, envasamento, etiquetação e armazenamento;
4. Padronizar os equipos de infusão;
5. Atribuir ao Serviço de Farmácia a preparação dos medicamentos;
6. Instituir protocolos de utilização e procedimentos especiais para o manejo
dos medicamentos de alto risco;
7. Assegurar a disponibilidade continuada da assistência farmacêutica;
8. Incorporar o farmacêutico clínico na equipe assistencial;
9. Garantir acessibilidade às informações mais relevantes sobre o paciente e
sobre os medicamentos nas unidades assistenciais;
10. Educar os pacientes sobre o seu tratamento;
11. Estabelecer um sistema de distribuição de medicamentos em dose unitária;
12. Implementar novas tecnologias que permitam melhorar os processos de
dispensação e administração de medicamentos.
Uma das formas de vêm favorecendo a adequação em qualidade da FH é o
estabelecimento da Farmácia Clínica. Esta comprovadamente gera resultados
33
de minimização dos erros de medicação, o aumento da segurança das
prescrições de medicamentos, a diminuição dos custos da terapia
medicamentosa e a possibilidade de, em virtude destas ações, haver a
diminuição do tempo de internação do paciente e de menores riscos em sua
assistência.
Os conceitos básicos e as etapas para implementação de um Sistema de
Gestão para a Qualidade (ciclo PDCA) já foram apresentados no tópico de
gestão da qualidade hospitalar. Tais conteúdos são de grande utilidade para
cada uma das atividades da FH.
A atividade Verificar (Check), realiza o monitoramento, acompanhando o
funcionamento e julgado o resultado observado. Ferramentas extremamente
úteis para mensurar essa questão são os indicadores, que são medidas síntese
que contém informações relevantes sobre determinados atributos, com a
finalidade de acompanhamento e avaliação de atividades específicas. Por isso,
são vantagens do uso de indicadores melhoria contínua, monitoramento, toma
de decisões e comparações. Um indicador é um guia que possibilita monitorar
e avaliar a produção, a qualidade do trabalho e a gestão. Definir por poucos
indicadores, mas que eles sejam objetivos, de baixo custo, simples e com
dados de fácil coleta é a melhor forma de utilizar esta ferramenta.
Para gerar indicadores, critérios precisam ser observados: identificação de
fatores ou pontos críticos, gerados com base em procedimento
(especificidade), seu significado ser compreendido (pertinência), formulação
simples (baixo custo), ter representatividade estatística (validade), ter
estabilidade e rastreabilidade, e permitir comparações (comparabilidade).
Uma ficha padrão de um indicador apresenta a especificação dos seguintes
itens:
Nome do indicador, sigla, fórmula (método de cálculo), tipo (taxa, índice ou
valor absoluto), objetivo, atividade (para qual o indicador foi construído), meta,
área ou serviço relacionado, coleta de dados (fonte de obtenção, método e
amostra), fontes de informação, método, amostra, frequência de avaliação,
usuários da informação, responsável e data de revisão.
Alguns exemplos de indicadores em FH:
34
Indicadores da gestão da FH: grau de satisfação dos clientes, cumprimento de
metas, participação dos farmacêuticos em comissões hospitalares, e número
de funcionários por leito.
Indicadores de ensino e pesquisa: participação em congressos, publicações,
palestras realizadas, educação continuada (horas/profissional).
Mais frequente que o uso de indicadores, talvez seja a realização de
auditorias internas na FH ou em algum de seus setores. Elas envolvem a
realização do processo sistemático, documentado e independente para obter
evidências (registros, apresentação de fatos ou outras informações) e avaliá-
las objetivamente para determinar a extensão na qual os critérios (segundo as
normas vigentes) estão sendo atendidos.
Os institutos acreditadores, como já mencionado, apresentam padrões,
normas e métodos de avaliação próprios. Contudo, existem exigências para a
FH que podem ser consideradas obrigatórias para a maioria das acreditadoras.
Seguem alguns exemplos (área-requisito):
- Responsabilidade profissional: Responsável técnico e equipe
comprovadamente habilitados; Alvará de funcionamento válido; Autorizações
legais específicas disponíveis.
- Seleção de Medicamentos: Existência e atuação da CFT (estatuto, objetivos e
metas, agenda, registro de atas de reuniões); Relação de medicamentos
selecionados e sua descrição clara; Ações de educação continuada para
melhoria da qualidade da prescrição médica; Monitoramento da adequação da
padronização e dos não padronizados prescritos.
Programação: Descrição do processo de programação.
Armazenamento: Adequação à legislação Boas práticas de armazenamento;
Descritivo do processo de recebimento, estocagem, distribuição, transporte
interno e limpeza; Processo de controle de sanitização e desinfestação;
Registros de temperatura e umidade monitorados; Local específico para
produtos especiais: rejeitados ou a serem devolvidos, inflamáveis, de alta
vigilância, citostáticos, termolábeis, amostras-grátis e doações, radiofármacos,
órteses e próteses, matérias-primas e drogas em investigação; Atendimento da
legislação quanto à guarda, registros, controle e descarte de medicamentos
sujeitos a controle especial (Portaria MS N°344 /1998).
35
Distribuição: Caracterização do sistema de distribuição; Monitoramento de itens
em falta para abastecimento das unidades requisitantes; Método de
disponibilização de medicamentos para administração das doses indicadas,
nos intervalos definidos e no período de tempo indicado; Definição e
cumprimento do tempo para envio de medicamentos de início imediato.
Recursos Humanos: Organograma da área atualizado; Dimensionamento de
pessoal dentro de parâmetros mínimos estabelecidos (ex. SBRAFH); Descrição
de cargos; Procedimentos para recrutamento e seleção; Registro de
responsabilidades e competências de cada cargo; Treinamento admissional e
capacitação em serviço registrados; Avaliação de desempenho periódica.
A utilização de Indicadores, por acompanhar e sinalizar rapidamente as não
conformidades, facilita o ajuste às demandas e o estabelecimento ações
corretivas a fim de conseguir a acreditação, com demonstração de ações
corretivas. Em certos momentos, os Planos de Contingência precisam ser
aplicados, pois eles geram a identificação de processos, ações, definição de
forma de monitoramento, divulgação, responsáveis, momento de retorno ao
estado normal das operações, em situações anormais.
36
8 - FARMÁCIA HOSPITALAR– SELEÇÃO E UTILIZAÇÃO
Considerando que atualmente existe um aumento do número de medicamentos
disponíveis no mercado sem oferecer reais vantagens terapêuticas, que os maiores
benefícios em saúde não são necessariamente resultado de gastos mais elevados, há
necessidade de equilíbrio entre eficácia, segurança e custo da assistência hospitalar
A Seleção de Medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, multidisciplinar e
participativo, que assegura ao hospital acesso aos medicamentos mais necessários,
adotando critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo, e impulsionando o URM.
Ela tem como objetivo geral escolher, dentre os medicamentos disponíveis no
mercado, aqueles que atenderão com eficácia e segurança às necessidades de uma
dada população tendo como base as doenças prevalentes, garantindo terapêuticas
medicamentosas racionais, acesso às mesmas e proporcionando ganhos econômicos.
São necessários conhecimentos de diferentes áreas para desenvolver
adequadamente a seleção, tais como: farmacoeconomia, farmacoepidemiologia,
farmacologia e terapêutica clínica, farmacovigilância, biofarmacotécnica e
farmacocinética.
Diferentemente da seleção de medicamentos, a padronização envolve apenas a
relação básica de medicamentos selecionados para constituir o estoque da FH,
objetivando o atendimento médico hospitalar de acordo com suas necessidades e
peculiaridades locais.
37
Muitas são as vantagens (tanto administrativas quanto assistenciais) da seleção de
medicamentos em uma instituição hospitalar, estão entre elas: possibilitar a maior
eficiência do Ciclo de Assistência Farmacêutica ao reduzir o número de produtos
farmacêuticos que serão adquiridos, armazenados e distribuídos; promover o URM e
assegurar o acesso a fármacos seguros, efetivos e com qualidade, necessários para a
prevenção, diagnóstico e/ou tratamento dos pacientes; racionalizar os gastos com
saúde, consequentemente otimizando os recursos disponíveis ao restringir o uso de
medicamentos ineficazes e desnecessários; prover mecanismo efetivo de aquisição,
manutenção do estoque e controle de custos ao restringir o número de fármacos a ser
controlado pela instituição; reduzir o número de fórmulas e formas farmacêuticas,
estoques qualitativo e quantitativo, custos de aquisição, custo de manutenção do
estoque; facilitar comunicação entre farmácia, equipe médica, enfermagem e seções
administrativas; padronizar condutas terapêuticas com base em evidências científicas,
tornando impessoal a escolha da farmacoterapia e facilitando a comunicação entre os
membros da equipe de saúde; facilitar a atualização da equipe de saúde em relação
ao uso apropriado dos medicamentos por meio de informações objetivas e científicas
sobre os medicamentos selecionados e publicados em guias farmacoterapêuticos (ou
formulários); facilitar o fluxo de informações para prescritores, dispensadores e
usuários; e proporcionar condições para o desenvolvimento da Farmacovigilância ao
restringir o número de medicamentos em uso, facilitando o conhecimento dos
fármacos e de suas reações adversas.
O grupo de profissionais que é responsável pela seleção de medicamentos em um
hospital é a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT). É uma instância colegiada,
de caráter consultivo e deliberativo, que tem por finalidade assessorar o administrador
e a equipe de saúde em assuntos referentes a medicamentos, selecionando os
medicamentos da instituição e elaborando o Formulário ou Guia Farmacoterapêutico.
Como a Utilização de Medicamentos envolve a prescrição, dispensação e uso dos
medicamentos, podemos dizer que ela exerce influência direta sobre a seleção. Pois
mudanças no perfil de pacientes atendidos na instituição (cuidado à novas situações
clínicas), assim como a introdução de terapias mais vantajosas no mercado, podem
modificar os hábitos de prescrição dos profissionais, culminando em possível inclusões
e/ou exclusões na seleção de medicamentos.
Alguns exemplos de indicadores em seleção são:
- existência de Comissão de Farmácia e Terapêutica estruturada e atuante
- número de reuniões da CFT por ano
- número de inclusões por ano
38
- número de exclusões por ano
- porcentagem de medicamentos não padronizados
- número de substituições por padronizados.
9 FARMÁCIA HOSPITALAR – LOGÍSTICA
A manutenção de medicamentos em armazenamento na CAF, envolver a
disposição de montante financeiro. No caso de itens que não serão utilizados
(por exemplo em detrimento de uma programação inadequada), o recurso não
estará disponível para aquisição de outras demandas (crítico para instituições
públicas), ou o capital só retornará acrescido de lucro após consumo e
pagamento (caso das instituições privadas). A rotação ou giro de estoque, e o
estoque médio que, do ponto de vista financeiro, possibilitam o planejamento e
o controle dentro de uma abordagem logística.
A logística não é uma área exclusiva da FH, na realidade, trata-se de uma
área especializada da administração geral de organizações, sendo a parte da
gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o fluxo
direto e reverso e o armazenamento eficiente e eficaz de bens, serviços e as
informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, de modo
à atender as necessidades dos consumidores.
Para a FH, grande parte das unidades prestadoras de serviços aos
pacientes são solicitantes ou usuários de bens materiais de consumo
39
(medicamentos e OPME), que a FH precisa suprir. Tais produtos são bens de
consumo fundamentais e imprescindíveis para que o fornecimento de serviços
(tratamentos). Pois se eles não estiverem presentes ou se sua quantidade não
for suficiente, ou se sua qualidade estiver prejudicada, o serviço prestado,
como também a percepção dos pacientes sobre a instituição, estarão
comprometidas. Assim, a importância dos insumos de saúde não pode ser
medida apenas em valores monetários, mas pela essencialidade à prestação
de serviços que dão suporte.
Os principais motivos que levam à falta de medicamentos são: limitações
orçamentárias, inadequação de processos, inadequação de infraestrutura,
inadequação da quantidade e capacidade de RH, e inadequação de
fornecedores.
Como já mencionado, os medicamentos representam uma parcela
significativa dos custos hospitalares, portanto qualquer economia resultante de
uma melhor gestão dos materiais é sempre bem-vinda. As atividades de
logística da FH são de extrema relevância para a economia da instituição,
sendo fundamental tanto para hospitais privados quanto públicos (otimizam
recursos orçados).
Contudo, é importante considerar que a busca por otimizações
individualizadas (tanto internamente na FH, quanto em relação aos demais
profissionais envolvidos) podem comprometer o objetivo geral, por isso é
necessário considerar o fluxo de materiais como um todo, estabelecendo
diretrizes para alcançar o objetivo comum.
A logística farmacêutica é, portanto, compreendida pelas atividades de
suprimento, movimentação e manutenção de insumos e serviços em um plano
estratégico de operações destinado a determinada abrangência geográfica.
Entretanto, alguns desafios da logística persistem na atualidade, tais como:
manter menor estoque possível, com alta qualidade, disponibilidade e menor
custo; e a questão da a logística reversa de medicamentos, que é um
instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado pelo
conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a
restituição desses resíduos, para destinação final ambientalmente adequada.
40
Exemplos de Indicadores em Logística:
- taxa de erro de inventário de medicamentos
- taxa de erro de inventário físico de insumos farmacêuticos
- taxa de itens de medicamentos em falta
- taxa de especialidades farmacêuticas entregues no prazo
- taxa de ocorrência de fornecedores de especialidades farmacêuticas
- taxa de insumos farmacêuticos entregues no prazo
- taxa de ocorrências de fornecedores de insumos farmacêutico
- % de erros na nota fiscal por fornecedor
- número de notificações de penalizações emitidas
A Programação é a atividade que tem como objetivo garantir a
disponibilidade dos medicamentos previamente selecionados nas quantidades
adequadas e no tempo oportuno para atender as necessidades da instituição, é
ela que define quando e quanto comprar. Um exemplo de indicador em
programação é a % média da programação efetivada.
A Aquisição é o conjunto de procedimentos pelos quais se efetiva o
processo de compra dos medicamentos estabelecidos pela programação, com
o objetivo de suprir as unidades de saúde, em quantidade, qualidade e menor
custo/efetividade, visando manter a regularidade e funcionamento do sistema).
Alguns exemplos de indicadores em aquisição são:
- % medicamentos adquiridos que não pertencem à Relação de Medicamentos
do hospital
- taxa de não conformidades na entrega
O Armazenamento é um conjunto de procedimentos técnicos e
administrativos que envolvem as atividades de recebimento/recepção de
medicamentos, estocagem e guarda de medicamentos, conservação de
medicamentos e controle de estoque. Assim, ele envolve atividades de
movimentação (recebimento e expedição) e estocagem dos materiais passíveis
de utilização pela instituição.
A estocagem de medicamentos deve ser uma guarda organizada e em
condições que permitam preservar a estabilidade e qualidade, protegendo-os
41
contra riscos de alterações físico-químicas e microbiológicas. A unidade da FH
responsável pela guarda de medicamentos e correlatos, e as respectivas
atividades de recepção, estocagem e distribuição é chamada de Central de
Abastecimento Farmacêutico (CAF).
Além de RH e Sistema de informação eficientes, a CAF faz uso de
instalações físicas, elétricas e sanitárias, equipamentos e acessórios. Para a
garantia da segurança e organização interna, as formas de estocagem assim
como os Procedimentos operacionais para estocagem são estabelecidos.
As áreas que classicamente compõem a CAF são: Recepção e inspeção
(recebimento, conferência); Distribuição (requisição interna da FH ou de outros
setores do hospital); Área de soluções parenterais (pallets, grandes volumes ou
pequenos volumes com alto consumo); Área de formas farmacêuticas diversas
(prateleiras); Área de saneantes (pallets); Área de material médico-hospitalar*;
Área de matérias primas e embalagem*; Área de medicamentos mantidos sob
refrigeração; Área para inflamáveis (álcool); Área de quarentena (utilização
proibida devido à problemas técnicos, administrativos ou sanitários); Área
administrativa (planejamento e gestão de estoques); Área de citotóxicos
(prateleiras especiais que protejam contra acidentes);- Área de medicamentos
para ensaio clínico*; e Área de medicamentos sujeitos a controle especial (área
ou armário seguro contra roubos e furtos).
Segundo a RDC N°50/2002, a CAF é uma das áreas consideradas
mínimas que devem estar presentes no serviço de FH. Além disso, define
como dimensões mínimas 0,6 m2 por leito para a área de armazenamento, 2
m2 para refrigerador, 10% da área de armazenamento deve ser destinada à
recepção e outros 10% para a área de distribuição. Os padrões mínimos da
SBRAFH em 2008 reiteram as disposições da RDC N° 50/2002 sobre a área
para armazenamento (obrigatória e dimensões). Ademais, a Sociedade em
2017 acrescenta que devem possuir freezer ou geladeira para os
Imunobiológicos, e geladeira para os medicamentos termolábeis, e para as
mesmas devem existir tomadas ligadas ao gerador em mesmo número, e a
área deve ter lâmpadas de segurança. Outros equipamentos e utensílios
demandados são: pallets, estantes, armários, caixas térmicas, caixas plásticas,
42
bins, gelo de transporte, caixa plástica com tranca para guarda de produtos
sujeitos a controle especial (UTIs, Pronto Atendimento e Bloco Cirúrgico),
bandejas, e instrumentos de medição (termômetros de transporte, de
refrigeradores e de ambientes, termo higrômetros).
São exemplos de indicadores em armazenamento:
- adequação da área de armazenamento
- existência de controle de estoque no almoxarifado
- existência de procedimentos preventivos para evitar a perda de
medicamentos por validade
- % do registro de estoque que corresponde à contagem física dos
medicamentos
- número de compras não programadas por período
- perdas por desvio, obsolescência e vencimento
- valor de produtos perdidos por vencimento
- número de inventários por ano
- taxa de erros de inventário
- taxa de medicamentos em falta
43
10 - FARMÁCIA HOSPITALAR – DISTRIBUIÇÃO E DISPENSAÇÃO
No âmbito mais amplo da Assistência Farmacêutica Distribuição representa
a atividade que consiste no suprimento de medicamentos às unidades de
saúde, em quantidades, qualidade e tempo oportuno, para posterior
dispensação à população usuária. Suas principais etapas: pedidos de
fornecimento ao distribuidor, autorização e distribuição, autorização e
separação, conferência e faturamento, roteirização e transporte, recebimento e
conferência do pedido. Logo, a distribuição assegura que os produtos
solicitados pelos usuários na quantidade e especificações corretas, de forma
segura e no prazo estabelecido, empregando métodos de melhor custo versus
eficácia e custo versus eficiência.
Por sua vez, Dispensação é a atividade que tem como objetivo garantir a
entrega do medicamento correto ao usuário, na dosagem e quantidade
prescrita, com instruções suficientes para seu uso correto e seu
acondicionamento, de modo a assegurar a qualidade do produto. Assim,
dispensação é uma atividade técnico-científica de orientação ao paciente, de
44
importância para a observância ao tratamento e, portanto, eficaz, quando bem
administrada, devendo ser exclusividade de profissional legalmente habilitado –
o farmacêutico.
Contudo, em FH, os termos Distribuição e Dispensação são muitas das
vezes utilizadas para a mesma finalidade.
Para que as atividades sejam desenvolvidas, alguns requisitos básicos são
requeridos. A RDC N°50/2002 coloca 6m2 como dimensão mínima para uma
área de dispensação.
Os padrões mínimos da SBRAFH de 2017 informam que tal área deve ser
condizente com a área de armazenagem, possuir tomadas ligadas ao gerador
em número igual ao de freezers+geladeiras do local, além de ter lâmpadas de
segurança. Sobre os equipamentos e utensílios, deve conter computadores,
leitores de código de barras uni e bidimensionais, impressoras e rotuladoras.
São classicamente consideradas com áreas necessárias para o setor de
dispensação: Área de recepção, Área de supervisão farmacêutica, Área de
separação de medicamentos, Área de estocagem de medicamentos, Área para
medicamentos mantidos sob refrigeração, Área para medicamentos sujeitos a
controle especial, e Área de medicamentos atendidos (separados até o
momento de entrega).
A maneira com que a distribuição de medicamentos é realizada em um
hospital é chamada de Sistema de Distribuição de Medicamentos (SDM). O
mesmo deve ser selecionado de forma apropriado para a instituição, sempre
considerando a responsabilidade da FH (aquisição, distribuição e controle de
medicamentos), e as normas e procedimentos firmados (relacionamento com
equipe e realidade das unidades de internação). Este é o ambiente hospitalar o
Setor/Atividade da FH que apresenta maior interface direta com as unidades
assistenciais. Sua localização tanto no hospital quanto na FH (proximidade à
CAF) deve ser planejada, assim como sua relação com os demais setores da
FH (dispensação exerce influência sobre os níveis de estoque).
Os SDM são subdivididos em Tradicionais (Coletivo, Individualizado e
Combinado ou Misto) e Moderno (Dose Unitária). Eles ainda podem ser
classificados como Centralizados (o setor responsável pela distribuição de
medicamentos está em uma única área física e atende todas as unidades
45
assistenciais) ou Descentralizados (existe mais de uma unidade de distribuição,
situadas em locais estratégicos, destinadas à uma demanda diferenciada de
medicamentos ou questões inerentes à edificação da instituição hospitalar,
estas unidades são denominadas farmácias satélites e podem estar localizadas
em bloco cirúrgico, centro obstétrico, quimioterapia, por exemplo, e estão
ligadas à farmácia central por normas e rotinas operacionais e técnicas).
Vantagens da descentralização são a comunicação com a equipe, maior
agilidade e viabilização do URM, treinamento de pessoal direcionado. Contudo
existem desvantagens, como o aumento de custos com RH e implantação da
estrutura, e necessidade de aplicação de instrumentos gerenciais em mais de
uma área física.
No SDM Coletivo os medicamentos são distribuídos por unidade de
internação e/ou serviço a partir de uma solicitação da enfermagem. os
medicamentos são distribuídos pelas unidades do hospital com base em
requisições dos seus responsáveis, o que transforma cada unidade em ponto
de formação de estoques. Geralmente o(a) enfermeiro(a) é responsável por
receber as prescrições médicas, utilizam os medicamentos que estão
disponíveis nos seus “subestoques” na administração aos pacientes. Portanto,
o controle dos medicamentos se dá de forma precária nesse sistema, com
muitos erros potenciais, desde a leitura até a interpretação da prescrição, além
de perdas por vencimento (ultrapassando a data de validade), extravios e
furtos. Assim, os níveis gerais de estoque na instituição se tornam superiores, o
que dificulta a gestão de materiais, o controle de perdas e devoluções, e a
identificação das doses administradas para cada paciente (prejuízo às
informações para as gestões de recursos financeiros e da clínica).
O SDM apresenta como vantagens a grande disponibilidade de
medicamentos nas unidades assistenciais (acesso); redução do número de
solicitações e devoluções de medicamentos à FH; e necessidade de menor
número de funcionários na FH.
As desvantagens do SDM Coletivo são muitas: aumento risco de erros ou
falhas por envolver quantificação dos itens das prescrições; falta de revisão da
prescrição pelo farmacêutico (não há acesso à informações de quem é o
paciente, motivo e período de tempo); aumento do risco erros na administração
46
(dose, medicamento, via, duplicidade de doses, medicamento não prescrito) e
uso inadequado; consumo excessivo do tempo de trabalho da enfermagem;
aumento de estoques nas unidades assistenciais (desvios, armazenamento
inadequado, vencimento) que geram custo adicional e perdas. É o sistema
mais primitivo e arcaico, pois a FH é repassadora de medicamentos, quando
muitas vezes a requisição está baseada em cotas preestabelecidas
No SDM Individualizado os medicamentos são dispensados por pacientes
por período (por exemplo, 24 horas), e entregue aos postos de enfermagem
que os administram após sua separação e preparo por horários. Geralmente os
medicamentos são entregues em embalagem única por paciente (com todos os
medicamentos prescritos para o período definido). A FH recebe a prescrição
médica (pode ser digital ou cópia), separa os itens, prepara (em alguns casos)
e acondiciona. Assim, o SDM Individualizado pode ser sub-classificado em
indireto, quando a distribuição é baseada na transcrição da prescrição, ou
direto, quando baseado na original ou cópia. A informatização usos de códigos
de barras aumenta não só a rastreabilidade do medicamento como também a
qualidade do serviço prestado. Ocorre discreta participação do farmacêutico na
terapia.
São vantagens do SDM Individualizado: possibilidade de revisão das
prescrições; maior controle sobre o medicamento; redução dos estoques nas
unidades assistenciais; pode estabelecer devoluções; e permite faturamento
mais apurado do gasto por paciente. Como desvantagens existem a
possibilidade de erros de distribuição; a possibilidade de erros de
administração; o consumo significativo do tempo de trabalho da enfermagem; a
necessidade por parte da enfermagem de realizar cálculos e preparo de doses
(estabilidade, incompatibilidade, armazenamento); e existência de perdas de
medicamentos (desvios, validade, uso inadequado).
Geralmente o SDM Misto ocorre quando parte de sistema é coletivo e parte
individualizado. Exemplos (A): Setores de Serviços são por SDM Coletivo
(radiologia, endoscopia, ambulatórios, urgência...), e Unidades de Internação
são por SDM Individualizado. (B): Maioria dos medicamentos são por SDM
Individualizado, mas parte são por SDM Coletivo (medicamentos de uso tópico
e soluções de grande volume).
47
O SDM por dose unitária ocorre a adequação da forma farmacêutica à
quantidade correspondente à dose a ser administrada (prescrita) para cada
horário, preservando suas características de qualidade e rastreabilidade. A
dispensação ocorre por paciente para um período curto. Assim, a FH já
disponibiliza os medicamentos prontos para que a equipe de enfermagem
realize a administração, pois já foram conduzidos os cálculos e preparo.
Requer, portanto, alguns recursos, tais como: embalagens próprias adequadas,
equipamentos para codificar, embalar, etiquetar. O controle do estoque é
superior aos demais sistemas, inclusive com relação aos prazos de validade
dos itens (após rompimento da embalagem primária, e na ausência de
orientação específica do fabricante, máximo de 25% do tempo remanescente
constante na embalagem original – RDC 67/2007). Além de economia
financeira por conta de redução dos subestoques, a dispensação por dose
unitária aumenta a segurança do paciente e reduz o risco de erros de
medicação.
Logo, o SDM por dose unitária distribui os medicamentos de forma
ordenada dos medicamentos em dosagens prontas para serem administradas
a um determinado paciente de acordo com a prescrição médica. Apresenta
como princípio básico a análise da prescrição e elaboração de perfil
farmacoterapêutico de cada paciente por parte do farmacêutico e registro da
administração pela enfermagem. Tem como pré-requisitos: o sistema de
gerenciamento de medicamentos efetivo, seguro e RH qualificados.
Existem muitas vantagens nesse sistema moderno, como a identificação do
medicamento até a administração, sem necessidade de transferências e
cálculos; a redução da incidência de erros de administração; a satisfação
profissional (cumprimento da terapêutica para os médicos, diminuição do
tempo de trabalho da enfermagem com preparo de medicamentos, e emprego
de conhecimentos da farmácia); redução dos estoques nas unidades
assistenciais (menores perdas de medicamentos e espaço destinado à guarda
dos mesmos); otimização do processo de devoluções; auxílio no controle da
infecção hospitalar (higiene e organização no preparo); adaptável à automação,
informatização, código de barras...; faturamento por paciente é mais exato;
eleva a segurança com relação ao cumprimento das prescrições; compreende
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a participação ativa do farmacêutico, contribuindo para melhorar a assistência
ao paciente; melhoria do controle sobre o padrão e horário de trabalho da
enfermagem e farmácia; favorece o controle de estoque.
Contudo, mesmo no SDM por dose unitária ainda existem desafios
(embalagens e formas farmacêuticas estéreis prontas para serem
administradas) e desvantagens: dificuldade de se obter o mercado todas as
formas farmacêuticas e dosagens par uso em dose unitária; resistência da
equipe de enfermagem; aumento das necessidades de RH e infraestrutura da
FH; necessidade da aquisição de materiais e equipamentos específicos;
necessidade inicial de alto investimento financeiro; e dificuldade inicial no
controle de estoque.
É importante lembrar que o conceito de SDM por dose unitária não é a
mesma coisa que a unitarização de medicamentos. A unitarização é o processo
pelo qual se transforma o produto contido em sua embalagem original na forma
e dosagem pronta para ser administrada ao paciente. Logo, o processo de
unitarização é um dos elementos da dose unitária.
Os erros de medicação, salvo em casos particulares, não devem ser
atribuídos à equipe de enfermagem ou ao profissional responsável pela
dispensação, o farmacêutico, mas ao tipo de sistema utilizado pelo hospital.
Alguns fatores que interferem na implantação de um SDM (Sistema de
Distribuição de Medicamentos):
- Supervisão técnica adequada (recursos humanos);
- Características do hospital (complexidade, tipo de edificação, fonte
mantenedora);
- Corpo clínico (aberto ou fechado);
- Gestão de estoque eficiente;
- Espaço físico disponível na FH;
- Existência de controle de qualidade de produtos e processos;
- Manual de rotinas e normas aplicável;
- Viabilidade de investimento de recursos financeiros.
Para realizar a implantação do SDM por dose unitária, se recomenda seguir
as etapas de:
1- estudo preliminar sobre a estrutura do hospital;
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2- reunião com diretores e demais profissionais envolvidos, para expor os
objetivos e as normas necessárias à implantação do sistema;
3- determinação da área física da farmácia;
4- seleção de recursos humanos;
5- aquisição de equipamentos e materiais;
6- elaboração dos impressos ou programas informatizados;
7- eleição, de acordo com os médicos, dos medicamentos que poderão ser
utilizados em caráter de urgência;
8- montagem da primeira farmácia;
9- treinamento do pessoal;
10- teste piloto – primeira farmácia;
11- controle e avaliação;
12- reestruturação por setor;
13- reestruturação total.
São muitos os possíveis indicadores que podem ser empregados no
monitoramento da distribuição e dispensação de medicamentos em uma FH,
entre eles estão:
- taxa de reclamação recebida
- tempo médio de espera por tipo de receita atendida
- número de itens dispensados
- número de kits cirúrgicos preparados
- valor dos medicamentos dispensados
- número de receitas atendidas para determinado grupo de medicamentos
- taxa de receitas atendidas para determinado grupo de medicamentos em
relação ao total de receitas atendidas
- valor dos medicamentos dispensados ou distribuídos
- % de demanda não atendida
- índice de não atendimento a unidades clínicas
- número de dispensações erradas por período
50
- % de erros de dispensação
- índice de devoluções
11 FARMÁCIA HOSPITALAR – ATIVIDADES ESPECIALIZADAS
À todas as atividades especializadas são facultadas sua presença no
ambiente hospitalar, contudo, se existir, irá requerer ambiente específico.
Farmácias Satélites (FS) são unidades descentralizadas da FH, situadas
em locais estratégicos, destinadas à uma demanda diferenciada de
medicamentos ou questões inerentes à edificação da instituição hospitalar.
Elas são propostas para evitar que subestoques sejam formados nas unidades
assistenciais (perda do controle dos medicamentos e aumento de riscos de
perdas e prejuízo ao URM), indo de encontro à economia, e à necessidade de
atendimento rápido e eficiente. São casos onde se mensura os estoques em
detrimento do consumo do setor que a mesma abastecerá.
São exemplos de locais clássicos para FS: centro cirúrgico, unidade de
terapia intensiva (UTI), e de pronto-atendimento (como emergências). No caso
51
da FS em centros cirúrgicos, é comum a disponibilização, mediante o preparo
anterior de kits para procedimentos definidos.
Geralmente estão presentes em hospitais de grande porte, que exigem
grandes deslocamentos para as unidades assistenciais a fim de otimizar a
distribuição de medicamentos.
Os padrões mínimos da SBRAFH (2017) propõem para FS com tomadas
ligadas ao gerador em número igual ao de freezers+geladeiras, a presença de
lâmpadas de segurança, para o caso específico da FS de Centro Cirúrgico,
propõe uma área de pelo menos 20m2. Já a RDC N°50/2002 coloca 4m2 como
área mínima para a FS (sem especificação), podendo ainda ser substituída por
carrinhos de medicamentos ou armários específicos.
A Farmácia Ambulatorial, como o próprio nome sugere, visa o atendimento de
pacientes não internados. Idealmente estaria localizada em área contígua da
FH, contudo geralmente separada e próxima aos ambulatórios. Dispõe de
acesso externo para os pacientes, e recomenda-se que possua: Recepção
(cadeiras, boxes individuais de atendimento); Área para atendimento
personalizado (sala/consultório farmacêutico); Área de supervisão
farmacêutica; Área de separação de medicamentos; Área de estocagem de
medicamentos; Área de medicamentos mantidos sob refrigeração; Área para
medicamentos sujeitos a controle especial. A SBRAFH (2017), em seus
padrões mínimos, recomenda que é recomendável que haja uma área
específica para esta finalidade, com a instalação, também, de um consultório
farmacêutico.
Considerando a RDC 67/2007, que dispõe sobre as Boas Práticas de
Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em
farmácias., não existem restrições legais que impedem a manipulação de
medicamentos dentro de hospitais. Justamente pela existência de certas
demandas, a manipulação se justifica, tais como: para assegurar o
abastecimento em casos de falta no mercado ou descontinuação na fabricação
(para produtos com comprovadas vantagens terapêuticas); ausência de
fornecedores de qualidade ou mesmo inexistência destes; custos finais são
inferiores aos medicamentos industrializados; necessidade de adequação de
dose e/ou forma farmacêutica (preparo de medicamentos específicos de
52
acordo com as necessidades peculiares do paciente é clinicamente
recomendável); e pesquisa para desenvolvimento de novas formulações.
No sentido oposto estão os argumentos contrários, sendo eles: não ser
essa a finalidade da instituição (conceito nem sempre bem compreendido);
necessidade de controle de qualidade rigoroso e demorado (ausência de
condições para realização); limitação na variedade possível a ser manipulada;
produtos com menor estabilidade comparado aos industrializados; e quando
não se obtém de fato economia.
Dada a necessidade de executar a manipulação de medicamentos em
ambiente hospitalar, os seguintes critérios devem ser atingidos: adequação às
exigências legais, área física, equipamentos, Procedimentos Operacionais
Padrão (POPs), qualificação técnica dos profissionais envolvidos, programação
para a produção, análise dos custos (produção e fixos).
A Farmacotécnica não-estéril geralmente proporciona a manipulação
intra-hospitalar de medicamentos para atender prescrições especiais ou
medicamentos indisponíveis no mercado.
O setor de Farmacotécnica (Manipulação Magistral e Oficinal) requer
áreas para: Lavagem de utensílios e materiais; Manipulação sólidos;
Manipulação semi-sólidos e líquidos; e Controle de qualidade. Devem existir
tomadas ligadas ao gerador em número igual ao de freezers+geladeiras,
lâmpadas de segurança, exaustão, esgoto químico, e destilador ou osmose
reversa. Os ambientes devem possuir superfícies internas (pisos, paredes e
teto) lisas, sem rachaduras, resistentes aos saneantes, que não desprendam
partículas e serem facilmente laváveis. Os ralos devem ser sifonados e
fechados. Os tetos rebaixados devem ser selados para evitar contaminação
proveniente de espaço acima dos mesmos.
Também a farmacotécnica está sujeita ao monitoramento pelo uso de
indicadores como: número de controles de qualidade microbiológicos
realizados, adesão aos protocolos de produção e quantidades produzidas por
período.
A manipulação de medicamentos estéreis, requer demandas
diferenciadas com ambientes mais controlados. Este tipo de manipulação pode
53
preparar misturas intravenosas (medicamentos, eletrólitos, por exemplo),
nutrição parenteral, ou citotóxicos (como o caso dos antineoplásicos).
Os ambientes mínimos requeridos são: Sala de manipulação, sala de
limpeza e higienização dos produtos e antecâmara (vestiário de barreira). A
sala de manipulação deverá ter no mínimo 5m 2/capela de fluxo laminar ou
cabine de segurança biológica, desde que assegurada a limpeza, a
manutenção e as operações segundo as boas práticas. Devem ter lâmpadas
de segurança e exaustão. Os ambientes devem ser protegidos contra a entrada
de aves, animais, insetos, roedores e poeiras, e possuir superfícies internas
(pisos, paredes e teto) lisas, sem rachaduras, resistentes aos saneantes, que
não desprendam partículas e serem facilmente laváveis. Os ralos devem ser
sifonados e fechados. Os tetos rebaixados devem ser selados para evitar
contaminação proveniente de espaço acima dos mesmos. Lavatórios devem
possuir torneiras ou comandos do tipo que dispensem o contato das mãos para
o fechamento da água. Deverá existir sala exclusiva para preparação de
medicamentos para terapia citotóxica, os cantos das paredes devem ser
arredondados. As tubulações devem ser embutidas nas paredes nas áreas de
manipulação e limpeza e higienização. Nas áreas de manipulação, limpeza e
higienização é vedada a existência de ralos. As instalações de água potável
devem ser construídas de materiais adequados e impermeáveis, para evitar
infiltração e facilitar a limpeza e inspeção periódicas. A entrada na área de
manipulação deve ser feita exclusivamente através de antecâmara (vestiário de
barreira). Os vestiários devem ser sob a forma de câmaras fechadas,
preferencialmente com dois ambientes para mudança de roupa. As portas das
câmaras devem possuir um sistema de travas e de alerta visual e/ou auditivo
para evitar a sua abertura simultânea.
A Unidade de misturas endovenosas manipula medicamentos estéreis
abrangendo desde o fracionamento de medicamentos de alto custo até
centralização do preparo de esquemas de soroterapia endovenosa.
- Sala de limpeza e higienização de produtos farmacêuticos
- Sala de Manipulação
- Vestuário de barreira (antecâmara)
- Área de armazenamento
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- Área de dispensação
A Central de saneantes ou desinfetantes, é mais uma estrutura
facultada, mas exige ambiente específico. Apresenta os mesmos requisitos
estruturais da Farmacotécnica não estéril.
Tanto a Manipulação de Nutrição Parenteral (NP) quanto a de
Citostáticos apresentam uma complexidade superior às demais atividades
especializadas apresentadas até o momento. Tais atividades de manipulação
são mais empregadas em hospitais de alta complexidade ou especializados, e
requerem manutenção da assepsia e instalações adequadas. Apesar de
possuírem características muito distintas, ambas, segundo a RDC N°50/2002,
ambas necessitam de minimamente de: vestiário de barreira(antecâmara), sala
de manipulação (5 m2 por capela de fluxo laminar), e Sala de limpeza e
higienização de produtos farmacêuticos (4,5 m2).
A Manipulação de NP é regulamentada pela Portaria N° 272/1998 do
Ministério da Saúde que foi republicada em 1999. Nelas está disposto que a
sala destinada à manipulação de NP deve ser independente e exclusiva,
dotada de filtros de ar para retenção de partículas e microrganismos,
garantindo os graus recomendados (área limpa grau A ou B - classe 100 ou
sob fluxo laminar em área grau C - classe 10.000) e possuir pressão positiva. A
entrada na área de manipulação deve ser feita exclusivamente através de
antecâmara (vestiário de barreira). Todas as superfícies da área de
manipulação devem ser revestidas de material resistente aos agentes
sanitizantes, serem lisas e impermeáveis, possuindo cantos arredondados. Os
vestiários devem ser sob a forma de câmaras fechadas, preferencialmente com
dois ambientes para mudança de roupa. Devem ser ventilados, com ar filtrado
com pressão inferior à da área de manipulação e superior à área externa. As
portas das câmaras devem possuir um sistema de travas e de alerta visual e/ou
auditivo para evitar a sua abertura simultânea. Lavatórios devem possuir
torneiras ou comandos do tipo que dispensem o contato das mãos para o
fechamento da água. Junto ao lavatório deve existir provisão de sabão líquido
ou antisséptico e recurso para secagem das mãos. A área de armazenamento
deve ter capacidade suficiente para assegurar a estocagem ordenada das
diversas categorias de produtos farmacêuticos, correlatos e materiais de
55
embalagem. Quando são exigidas condições especiais de armazenamento,
quanto à temperatura e umidade, tais condições devem ser providenciadas e
monitoradas sistematicamente, mantendo-se os seus registros. Deve ser
providenciada área segregada para estocagem de produtos farmacêuticos,
correlatos, materiais de embalagem e NP reprovados, recolhidos ou devolvidos
(quarentena).
Por sua vez a Manipulação de Citostáticos (geralmente medicamentos
Antineoplásicos) costuma apresentar as seguintes áreas: Área de apoio
Administrativo e recepção, Área de estoque, Área de limpeza e higienização,
Área de paramentação/antecâmara; Sala de Manipulação; e Área de
dispensação.
A regulamentação da Manipulação de Antineoplásicos é feita pela RDC
nº 220/2004/ANVISA e RDC nº 67/2007/ANVISA. A área destinada a
paramentação deve ser provida de lavatório para higienização das mãos. A
sala exclusiva para preparação de medicamentos para Terapia Antineoplásica
possui cabine de segurança biológica (CSB) Classe II B2, e área de
armazenamento exclusiva para estocagem de os medicamentos específicos.
Todos os equipamentos devem ser submetidos à manutenção preventiva e
corretiva, de acordo com um programa formal, obedecendo às especificações
do manual do fabricante.
A Acreditação da FH, perpassa também as atividades de manipulação
(quando presentes na instituição), estando expostos alguns exemplos gerais
que são demandados: Requisitos estruturais da área física; Qualificação de
fornecedores de insumos (produtos e equipamentos); Descrição do processo
de fracionamento de medicamentos (orais sólidos, líquidos e outros);
Procedimentos de limpeza, desinfecção e esterilização; Validação de
competência técnica do manipulador, do procedimento e da área física (área
limpa, quando aplicável); Manutenção, calibração e validação de
equipamentos; Treinamento e capacitação específicos de manipuladores;
Registros e controle de qualidade conforme exigência específica;
Gerenciamento de resíduos; e Registros para rastreabilidade do processo.
Outros são mais específicos, como para:
56
Nutrição Parenteral: Confirmação de estabilidade e compatibilidade;
Comprovação de participação e atuação da Equipe Multidisciplinar de Terapia
Nutricional; e Padronização de dados (abreviações, siglas, códigos) e definição
de itens de uma prescrição aceitável.
Citostáticos: Avaliação técnica da prescrição antes da manipulação; Uso de
equipamentos de proteção individual para manipulação e administração;
Controle de exposição dos profissionais; e Condutas definidas para acidentes
com citostáticos.
12 - FARMÁCIA HOSPITALAR – GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
O cenário atual tem como palavras de ordem: produtividade, qualidade e
competitividade e, nesse contexto, as pessoas são consideradas como
vantagens competitivas dentro das organizações, aí inseridos os hospitais e
como subsistema a FH. As habilidades necessárias para um profissional
administrador estão compreendidas nas áreas técnica, humana e conceitual. A
57
habilidade técnica é mais importante para o farmacêutico supervisor, que
exerce atividades diretamente relacionadas com ações assistenciais e
operacionais. A importância da habilidade conceitual aumenta à medida que o
farmacêutico atinge posições mais elevadas na organização. Contudo, a
habilidade humana é importante para os farmacêuticos de todos os níveis.
O desenvolvimento de uma cultura humanística e o posicionamento
interdisciplinar do farmacêutico hospitalar se faz necessário para o bom
desempenho profissional, face à articulação e integração da farmácia hospitalar
com os demais serviços e unidades clínicas. Desenvolver habilidades e usar da
empatia para ser capaz de entender e motivar pessoas e grupos é fundamental
nas relações interpessoais e para a eficácia dos resultados na gestão de
pessoas.
A estrutura de cargos tem se mostrado um recurso importante para
melhorar o desempenho dos colaboradores, influenciando positivamente na a
motivação e satisfação com o trabalho, gerando poucas faltas e baixa
rotatividade dos profissionais. Cargo pode ser definido como um grupo de
funções idênticas na sua maioria ou em todos os aspectos mais importantes
das tarefas que as compõe. Descrever um cargo significa relacionar o que o
ocupante faz, como ele faz, sob quais condições e porque ele faz, e a análise
do cargo procura determinar quais os requisitos físicos e mentais que o
ocupante deve possuir, as responsabilidades e as condições nas quais o
trabalho deve ser feito.
Quando o farmacêutico ocupa cargos na gestão do serviço, como a chefia
do serviço, é frequente que, juntamente com a equipe de admissão de RH no
hospital, auxilie na definição do perfil dos profissionais que atuarão na FH, bem
como os critérios de seleção e avaliação de desempenho. Na atividade de
recrutamento e seleção, interesse do profissional que está sendo avaliado deve
contemplar a demanda do serviço. O recrutamento pode ser realizado
internamente (considera empregados atuais para promoções ou
transferências), ou de forma externa (busca de profissional disponível no
mercado). Entrevistas; prova ou teste de conhecimento ou capacidade na área;
testes psicométricos; testes de personalidade; técnicas de simulação, são
58
exemplos de técnicas empregadas no processo de seleção de pessoal. Ao final
de um processo seletivo é interessante que informem aos candidatos não
selecionados sua situação em comparação ao candidato selecionado, como
forma de contribuição.
A FH deve contar com tipos (perfil) e quantidades (número suficiente)
adequados de profissionais para o melhor desempenho das atividades a serem
realizadas. Assim, podem ser desenvolvidos processos seguros e sem
sobrecarga ocupacional, respeitando o limite de carga-horária semanal
legalmente estabelecida e a legislação vigente (retomando a Lei 13.021/2014,
no tocante a presença de farmacêutico durante todo o horário de
funcionamento). A SBRAFH, propôs padrões mínimos de Recursos Humanos
em 2017, atribuindo que o número de farmacêuticos e de auxiliares dependerá
das atividades desenvolvidas, da complexidade do cuidado, do número de
leitos, do grau de informatização e mecanização da unidade, devendo
minimamente atender as seguintes recomendações:
Atividades básicas de dispensação para pacientes internados: 1 farmacêutico
para cada turno/plantão diurno; 1 farmacêutico para cada turno/plantão
noturno; 1 auxiliar de farmácia para cada turno/plantão diurno; 1 auxiliar
administrativo para cada turno/plantão diurno.
Central de Abastecimento Farmacêutico e Logística de Suprimentos: 1
farmacêutico em horário administrativo; 1 almoxarife.
Assistência em Terapia Nutricional Parenteral: 1 farmacêutico para cada 20
pacientes; 1 auxiliar de farmácia para cada 20 preparações de NPT.
Manipulação de Antineoplásicos: 1 farmacêutico para cada 50 preparações de
quimioterapia; 1 auxiliar de farmácia para cada 100 preparações de
quimioterapia.
Manipulação de outras misturas intravenosas: 1 farmacêutico por turno; 1
auxiliar de farmácia por turno.
Manipulação de medicamentos não estéreis, fracionamento e unitarização: 1
farmacêutico por turno durante as operações de manipulação; 1 auxiliar de
farmácia de farmácia por turno.
59
Farmácia Ambulatorial (gerenciamento e controle de estoque): 1 farmacêutico
por turno de atendimento; 1 auxiliar administrativo; 1 auxiliar de farmácia para
cada 100 pacientes/dia.
Orientação farmacêutica: 1 farmacêutico (dispensação orientada) para cada
100 pacientes/dia (média de 5 minutos para orientação de cada paciente).
Programas de Seguimento Farmacêutico: 1 farmacêutico por consultório do
Programa de Atenção Farmacêutica (2 consultas/hora, primeira consulta com 1
hora de atendimento).
Assistência domiciliar: 1 farmacêutico por turno de atendimento.
Atividades clínicas (Paciente internado em unidades de baixa e média
complexidade): 1 farmacêutico para cada unidade clínica com até 40 leitos.
Atividades clínicas (Pacientes internados em unidades de alta complexidade): 1
farmacêutico por unidade clínica (máximo de 30 leitos).
Produção de kits para procedimentos: 1 auxiliar por turno de produção, sob
supervisão do farmacêutico.
Farmácia em Centro cirúrgico: 1 farmacêutico por turno; 1 auxiliar de Farmácia
para cada 4 salas de cirurgia em funcionamento, por turno.
Farmacovigilância: 1 farmacêutico exclusivo.
Informação sobre medicamentos: 1 farmacêutico exclusivo.
Pesquisa Clínica (Ensaios Clínicos): 1 farmacêutico exclusivo.
A SBRAFH deixa bem claro que não se trata de quantitativos restritivos, e
estimula que sejam considerados o porte, as atividades desempenhadas e a
complexidade de cada estabelecimento. É importante considerar que o número
de auxiliares que, sob a supervisão do farmacêutico, executarão o trabalho
operacional, dependerá diretamente da disponibilidade de recursos financeiros,
do grau de automatização dos serviços e da informatização da unidade. Por
isso, buscar o desenvolvimento e o envolvimento dos colaboradores, tanto no
aspecto individual quanto em equipe, é primordial para o bom funcionamento
da FH.
O treinamento introdutório (momento em que recebe orientações a respeito
de sua função e toma ciência das normas e procedimentos do serviço), a
capacitação, e a educação continuada são imprescindíveis para a otimização
do trabalho. No momento inicial devem ser a missão, visão e valores da FH,
60
metas para o período, programas desenvolvidos (qualidade e segurança,
dentre outros), sistema informatizado (caso o mesmo necessite utilizá-lo) e
proceder a apresentação formal ao responsável pela área que o está
recebendo e às pessoas que compõe a equipe.
Periodicamente o gerenciamento e avaliação do desempenho dos
profissionais se faz necessária. São objetivos desse processo: manter a
motivação e o comprometimento, estimular a eficácia na comunicação interna,
ajustar os objetivos com as metas da organização e identificar as necessidades
de treinamento e desenvolvimento. Avaliar o desempenho não é uma tarefa
fácil, mas ela permite medir a maneira pela qual cada funcionário está
desempenhando seu papel dentro da organização e o quanto está ou não
cumprindo as funções do cargo que ocupa. Como consequência, há
levantamento dos pontos fortes e pontos a serem melhorados, e proposição de
um plano de ação que favoreça a qualidade dos serviços prestados.
A prática da avaliação do desempenho se dá geralmente por meio de
instrumentos estruturados, que permitam a avaliação pelo profissional em
superior, e/ou autoavaliação e/ou avaliação pela equipe.
A real necessidade de manter as pessoas em contínuo estado de
contentamento, para expandir suas habilidades e competências de forma que o
seu ambiente laboral não se torne um local de sofrimento (psíquico), e nem
prejudique a qualidade de vida no trabalho. É notório que as pessoas
dependem das instituições nas quais trabalham para atingir seus objetivos
pessoais, mas simultaneamente não podemos esquecer que é uma relação
mútua, pois estas jamais existiriam sem as pessoas. Independente do porte ou
do sistema público ou privado, políticas de gestão de pessoas ou recursos
humanos devem ser adotadas para o sucesso da organização.
13 - FARMACÊUTICO HOSPITALAR – ATRIBUIÇÕES
61
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) é responsável por, entre outras
atividades, a de expedir resoluções, definindo ou modificando atribuições ou
competência dos profissionais de farmácia (Lei N° 3.820 de 11 de novembro de
1960, que cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Farmácia, e
dá outras providências).
No âmbito da FH, a primeira Resolução do CFF foi a Res. Nº 208 de 19 de
junho de 1990, que regulamentou o exercício em Farmácia de Unidade
Hospitalar, Clínicas e Casas de Saúde de natureza pública ou privada. Tal
resolução descreve uma definição de FH muito mais restrita que a atual, os
objetivos e as competências da FH, e define três atribuições do farmacêutico
diretor-técnico. Em 1997 ela é revogada pela Resolução N° 300 de 30 de
janeiro deste ano, que diferentemente da anterior, coloca como objetivo
principal da FH “garantir a qualidade de assistência prestada ao paciente”,
sendo o URM o meio pelo qual se atingirá tal objetivo. Somado a isto, as
competências da FH são modificadas e aumentam quantitativamente, e exclui
uma das atribuições do farmacêutico diretor-técnico (“Executar e fazer executar
todas atividades farmacêuticas dos ditames da Farmacopéia Brasileira e da
técnica científica em geral.”).
Em 26 de novembro de 2008 foi então publicada a Resolução N° 492 que
“Regulamenta o exercício profissional nos serviços de atendimento pré-
hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde, de natureza
pública ou privada.”, revogando a Res. N° 300/1997. Apesar de ter sofrido
alterações pela Resolução Nº 568, de 6 de dezembro de 2012, que deu nova
redação aos artigos 1º ao 6º, ela ainda está vigente.
É então estabelecida a definição corrente de FH: “unidade clínico-
assistencial, técnica e administrativa, onde se processam as atividades
relacionadas à assistência farmacêutica, dirigida exclusivamente por
Farmacêutico, compondo a estrutura organizacional do hospital e integrada
funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao
paciente.”.
Nem mais o URM, nem a qualidade da assistência prestada são mais o
centro do objetivo da FH, mas sim a contribuição na cuidado à saúde:
62
Art. 2º - Os serviços de atendimento pré-hospitalar, farmácia hospitalar e outros
serviços de saúde, têm como principal objetivo contribuir no processo de
cuidado à saúde, visando à melhoria da qualidade da assistência prestada ao
paciente, promovendo o uso seguro e racional de medicamentos - incluindo os
radiofármacos e os gases medicinais - e outros produtos para saúde, nos
planos assistencial, administrativo, tecnológico e científico.
São reforçadas as atribuições gerais do farmacêutico considerando a
definição atualizada de FH:
Art. 3º - No desempenho de suas atribuições nos serviços de atendimento pré-
hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde, o
farmacêutico exerce funções clínicas, administrativas, consultivas, de pesquisa
e educativas.
E definidas as atribuições profissionais:
Art. 4º - São atribuições do farmacêutico nos serviços de atendimento pré-
hospitalar, farmácia hospitalar e outros serviços de saúde:
I. Do Serviço de Saúde;
II. Desenvolvimento de ações inseridas na atenção integral à saúde:
- gerenciamento de tecnologias;
- distribuição e dispensação;
- manipulação;
- gerenciamento de risco;
- cuidado ao paciente.
III. Gestão da informação, infraestrutura física e tecnológica;
IV. Gestão de recursos humanos.
As até então competências da FH foram re-estruturadas passando a ser
competência do farmacêutico. E as atribuições do farmacêutico responsável
técnico (não mais diretor-técnico) foram modificadas e ampliadas:
Art. 6º - Ao farmacêutico responsável técnico, compete:
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação pertinente às atividades nos serviços de
atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de
saúde e relativas à assistência farmacêutica nos aspectos físicos e estruturais,
considerando o perfil e a complexidade do serviço de saúde;
63
II. Buscar os meios necessários para o funcionamento dos serviços de
atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de
saúde, relacionados aos aspectos políticos, ambientais e aos recursos
humanos, em conformidade com os parâmetros mínimos recomendáveis;
III. Organizar, supervisionar e orientar tecnicamente, todos os setores que
compõem os serviços de atendimento pré-hospitalar, hospitalar e outros
serviços de saúde, de forma a assegurar o mínimo recomendável para o
funcionamento harmonioso do estabelecimento de saúde, dentro da visão da
integralidade do cuidado;
IV. Articular parcerias interinstitucionais, acadêmicas e comunitárias;
V. Zelar para que se cumpra os dispostos nesta resolução.”
64
14 - FARMACÊUTICO HOSPITALAR – COMPETÊNCIAS
A Resolução N° 492 de 26 de novembro de 2008, alterada pela
Resolução Nº 568, de 6 de dezembro de 2012, “Regulamenta o exercício
profissional nos serviços de atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar
e em outros serviços de saúde, de natureza pública ou privada.”. Em seu artigo
5° são trazidas pela primeira vez as competências (total de 21) do profissional
farmacêutico nas atividades de assistência farmacêutica, em serviços de
atendimento pré-hospitalar, farmácia hospitalar e outros serviços de saúde,
sendo elas:
I. Assumir a coordenação técnica nas ações relacionadas à padronização,
programação, seleção e aquisição de medicamentos, insumos, matérias-
primas, produtos para saúde e saneantes, buscando a qualidade e a
otimização da terapia medicamentosa;
II. Participar de processos de qualificação e avaliação de prestadores de
serviço, fornecedores de medicamentos, produtos para a saúde e saneantes;
III. Garantir o cumprimento da legislação vigente relativa ao armazenamento,
conservação, controle de estoque de medicamentos, produtos para saúde,
saneantes, insumos e matérias-primas, bem como as normas relacionadas
com a distribuição e utilização dos mesmos;
IV. Garantir o cumprimento da legislação vigente relativa à avaliação
farmacêutica das prescrições, observando concentração, viabilidade,
compatibilidade físico-química e farmacológica, dose, posologia, forma
farmacêutica, via e horários de administração, tempo previsto de tratamento e
interações medicamentosas. Para tanto o farmacêutico deverá interagir junto
ao paciente, cuidadores e equipe de saúde, para obtenção de terapia
medicamentosa segura e racional;
V. Estabelecer um sistema eficiente, eficaz e seguro de distribuição de
medicamentos e outros produtos para saúde, permitindo a rastreabilidade, para
pacientes em atendimento pré hospitalar, ambulatorial ou hospitalar;
65
VI. Participar das decisões relativas à terapia medicamentosa, tais como
protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, sendo recomendada que sejam
norteadas pela comissão de farmácia e terapêutica;
VII. Executar as atividades farmacotécnicas, dentre as quais:
a) manipulação de fórmulas magistrais e oficinais;
b) manipulação e controle de antineoplásicos;
c) preparo e diluição de saneantes;
d) reconstituição de medicamentos, preparo de misturas intravenosas e
nutrição parenteral;
e) fracionamento de medicamentos;
f) análises e controle de qualidade correspondente a cada atividade
farmacêutica realizada.
VIII. Elaborar manuais técnicos e formulários próprios;
IX. Participar de comissões, conforme diretrizes das normas que as instituíram,
tais como:
a) comissão de farmácia e terapêutica;
b) comissão do serviço de controle de infecção hospitalar;
c) comissão de licitação;
d) comissão de parecer técnico;
e) comissão de terapia nutricional;
f) comissão de análise de prontuários;
g) comissão de óbito;
h) comissão de gerenciamento de risco e segurança do paciente;
i) comissão de terapia antineoplásica;
j) comissão de ética profissional e em pesquisa;
k) comissão de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde;
l) comissão de avaliação de tecnologias em saúde;
m) comissão interna de prevenção de acidentes ocupacionais;
n) comissão de educação permanente;
o) comissão de captação de órgãos e transplantes e
p) comissão de terapia transfusional.
66
X. Desenvolver e participar de ações assistenciais multidisciplinares, dentro da
visão da integralidade do cuidado ao paciente, interagindo com as equipes de
forma interdisciplinar;
XI. Atuar junto à Central de Esterilização, na orientação de processos de
desinfecção e esterilização de produtos para saúde, podendo inclusive ser o
responsável pelo setor;
XII. Atuar junto ao serviço de higienização hospitalar na padronização de
rotinas, orientação e capacitação de pessoal para a utilização segura de
saneantes e realização de limpeza e desinfecção de áreas, viaturas e
ambulâncias;
XIII. Realizar ações de farmacovigilância, tecnovigilância, hemovigilância e
demais vigilâncias para a gestão de risco e segurança do paciente no hospital
e em outros serviços de saúde, notificando incidentes em saúde e queixas
técnicas, às autoridades sanitárias competentes;
XIV. Envolver-se no processo de certificações de qualidade hospitalar;
XV. Promover ações de educação para o uso racional de medicamentos e
outras tecnologias em saúde aos pacientes, cuidadores e demais membros da
equipe de saúde;
XVI. Exercer atividades de ensino por meio de programas educacionais e de
pós-graduação, contribuindo para a formação e qualificação dos recursos
humanos;
XVII. Exercer atividades de pesquisa, participar de ensaios pré-clínicos e
clínicos e outras investigações científicas e do desenvolvimento de novas
tecnologias em saúde;
XVIII. Acompanhar o gerenciamento dos resíduos resultantes das atividades
técnicas desenvolvidas nos serviços de atendimento pré-hospitalar, hospitalar e
em outros serviços de saúde, atendendo às normas sanitárias e de saúde
ocupacional;
XIX. Documentar por meio de registros, as atividades, as intervenções e as
ações farmacêuticas desenvolvidas, utilizando as ferramentas para gestão da
qualidade;
XX. Supervisionar as atividades dos auxiliares e técnicos, promovendo ações
de educação continuada, e
67
XXI. Realizar outras atividades segundo a especificidade e a complexidade do
hospital e os outros serviços de saúde.
Em 1997 a Organização Mundial da Saúde, ao analisar a necessidade
de serviços farmacêuticos nos sistemas de saúde, em termos mundiais,
identificou papéis considerados essenciais, expressos como o “farmacêutico
sete estrelas” no documento “Preparando o Farmacêutico do Futuro”. Em 2006
tais competências foram revisadas, e com a adição de uma oitava estrela: 1.
Cuidador; 2. Tomador de decisão; 3. Comunicador; 4. Líder; 5. Gerente; 6.
Aprendiz permanente; 7. Educador; 8. Pesquisador.
A evolução das teorias educacionais ressalta a necessidade de
direcionar a atenção na aprendizagem e não apenas no ensino, dada a
necessidade de desenvolver habilidades de resolução de problemas e de
pensamento crítico. Tal fato é concretamente verificado pela publicação da
Resolução Nº 6, de 19 de outubro de 2017, que “Institui as Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia e dá outras
providências”. Que define que 50 % da carga horária do curso deve estar no
eixo cuidado em saúde; 40 % no eixo tecnologia e inovação em saúde e 10%
no eixo gestão em saúde, também apresenta:
Art. 6º O Curso de Graduação em Farmácia deve estar alinhado com todo o
processo de saúde-doença do indivíduo, da família e da comunidade; com a
realidade epidemiológica, socioeconômica, cultural e profissional,
proporcionando a integralidade das ações de Cuidado em Saúde, Tecnologia e
Inovação em Saúde e Gestão em Saúde. Parágrafo único. A formação em
Farmácia requer conhecimentos e o desenvolvimento de competências,
habilidades e atitudes, abrangendo, além de pesquisa, gestão e
empreendedorismo, as seguintes ciências, de forma integrada e interdisciplinar:
V - Ciências Farmacêuticas, que contemplam:
e) controle e garantia da qualidade de produtos, processos e serviços
farmacêuticos;
j) gestão de serviços farmacêuticos;
68
k) farmácia hospitalar, farmácia em oncologia e terapia nutricional;
15 FARMÁCIA HOSPITALAR – LEGISLAÇÕES E NORMATIZAÇÕES
A FH, por fazer parte de um estabelecimento de saúde, deve cumprir as
exigências tanto do Ministério da Saúde, quanto da Anvisa. Além disso, apesar
de são compor o grupo das legislações, as recomendações da SBRAFH têm
contribuído e servido de referência para os profissionais da FH ao longo dos
anos.
Serão destacadas a seguir alguns pontos relevantes de uma Portarias do
Ministério da Saúde, e de uma RDC (Resoluções da Diretoria Colegiada),
consideradas fundamentais no cenário da FH e que ainda não foram
mencionadas nos tópicos anteriores.
A Portaria SVS/MS Nº 344, de 12 de maio de 1998, sucessivamente
atualizada desde sua publicação, aprova o Regulamento Técnico sobre
substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Apesar dela exigir em
seu Art. 2°a Autorização Especial concedida pela Secretaria de Vigilância
Sanitária do Ministério da Saúde à estabelecimentos que exerçam atividades
de “extrair, produzir, fabricar, beneficiar, distribuir, transportar, preparar,
manipular, fracionar, importar, exportar, transformar, embalar, reembalar, para
qualquer fim”, em seu Art. 8° coloca que:
Art. 8º Ficam isentos de Autorização Especial as empresas, instituições e
órgãos na execução das seguintes atividades e categorias a eles vinculadas:
I - Farmácias, Drogarias e Unidades de Saúde que somente dispensem
medicamentos objeto deste Regulamento Técnico, em suas embalagens
originais, adquiridos no mercado nacional. [...]
69
Incluindo portando nesse contexto, hospitais que não manipulam tais
medicamentos e insumos. Uma outra questão importante, recai na não
obrigatoriedade do uso da notificação de receita para uso hospitalar:
Art 35 - § 6º A Notificação de Receita não será exigida para pacientes
internados nos estabelecimentos hospitalares, médico ou veterinário, oficiais ou
particulares, porém a dispensação se fará mediante receita ou outro
documento equivalente (prescrição diária de medicamento), subscrita em papel
privativo do estabelecimento.
Art. 51 Nos estabelecimentos hospitalares, clínicas médicas e clínicas
veterinárias (no que couber), oficiais ou particulares, os medicamentos a base
de substâncias constantes das listas "A1" e “A2” (entorpecentes), “A3”, “B1” e
“B2” (psicotrópicas), “C2” (retinóicas de uso sistêmico), “C3”
(imunossupressoras), deste Regulamento Técnico e de suas atualizações,
poderão ser dispensados ou aviados a pacientes internados ou em regime de
semi-internato, mediante receita privativa do estabelecimento, subscrita por
profissional em exercício no mesmo.
Parágrafo único. Para pacientes em tratamento ambulatorial será exigida a
Notificação de Receita, obedecendo ao disposto no artigo 36 deste
Regulamento Técnico.
Apesar disso, a escrituração continua sendo obrigatória para o controle
sanitário desses produtos, assim como a obrigatoriamente de serem guardados
sob chave ou outro dispositivo que ofereça segurança, em local exclusivo para
este fim, sob a responsabilidade do farmacêutico.
Outra particularidade está no parágrafo único do Art.25 e no adendo
número 5:
Parágrafo único. As vendas de medicamentos a base da substância
Misoprostol constante da lista “C1” (outras substâncias sujeitas a controle
especial) deste Regulamento Técnico, ficarão restritas a estabelecimentos
hospitalares devidamente cadastrados e credenciados junto a Autoridade
Sanitária competente.
70
5) só será permitida a compra e uso do medicamento contendo a substância
MISOPROSTOL em estabelecimentos hospitalares devidamente cadastrados
junto a Autoridade Sanitária para este fim.
A RDC Nº 306 de 7/12/2004 definiu que como geradores de RSS (Resíduos
dos Serviços de Saúde) “todos os serviços relacionados com o atendimento à
saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde;
necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina
legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de
ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses;
distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e
produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis
de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre
outros similares”.
O Gerenciamento de RSS foi definido como o “conjunto de procedimentos
de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,
normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma
eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde
pública, dos recursos naturais e do meio ambiente”. Para o correto
Gerenciamento de RSS, é necessário o estabelecimento, pela Comissão de
Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde (CGRSS), do Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS).
A RDC em questão classifica os RSS em:
Resíduo do Grupo A – Biológicos
Resíduo do Grupo B – Químico
Resíduo do Grupo C – Radioativo
Resíduo do Grupo D – Semelhantes aos domiciliares e recicláveis
Resíduo do Grupo E – Perfurantes, cortantes e abrasivos
E também trata das possíveis destinações e subclassificações desses
grupos de resíduos.
71
16 FARMACÊUTICO HOSPITALAR – LEGISLAÇÕES
Resoluções do Conselho Federal de Farmácia:
- RESOLUÇÃO Nº 596 DE 21 DE FEVEREIRO DE 2014: Dispõe sobre o
Código de Ética Farmacêutica, o Código de Processo Ético e estabelece as
infrações e as regras de aplicação das sanções disciplinares.
- RESOLUÇÃO Nº 437 DE 28 DE JULHO DE 2005: Regulamenta a atividade
profissional do farmacêutico no fracionamento de medicamentos.
- RESOLUÇÃO Nº 619 DE 27 DE NOVEMBRO DE 2015: Dá nova redação aos
artigos 1º e 2º da Resolução/CFF nº 449 de 24 de outubro de 2006, que dispõe
sobre as atribuições do Farmacêutico na Comissão de Farmácia e Terapêutica.
- RESOLUÇÃO Nº 549 DE 25 DE AGOSTO DE 2011: Dispõe sobre as
atribuições do farmacêutico no exercício da gestão de produtos para a saúde, e
dá outras providências.
- RESOLUÇÃO Nº 292 DE 24 DE MAIO DE 1996: Ratifica competência legal
para o exercício da atividade de Nutrição Parenteral e Enteral, pelo
Farmacêutico.
- Resolução nº 640 DE 27 DE ABRIL DE 2017: Dá nova redação ao artigo 1º
da Resolução/CFF nº 623/16, estabelecendo titulação mínima para a atuação
do farmacêutico em oncologia.
- RESOLUÇÃO Nº 623 DE 29 DE ABRIL DE 2016 (ALTERADA PELA
RESOLUÇÃO Nº 640, DE 27 DE ABRIL DE 2017): Dá nova redação ao artigo
72
1º da Resolução/CFF nº 565/12, estabelecendo titulação mínima para a
atuação do farmacêutico na oncologia.
- RESOLUÇÃO Nº 565 DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012: Dá nova redação aos
artigos 1º, 2º e 3º da Resolução/CFF nº 288 de 21 de março de 1996. -
RESOLUÇÃO Nº 288 DE 21 DE MARÇO DE 1996: (Alterada pela Resolução
nº 565/10): Dispõe sobre a competência legal para o exercício da manipulação
de drogas antineoplásicas pelo farmacêutico.
- RESOLUÇÃO Nº 624 DE 16 DE JUNHO DE 2016: Dispõe sobre as
atribuições do farmacêutico nas atividades de perfusão sanguínea, uso de
recuperadora de sangue em cirurgias, oxigenação por membrana
extracorpórea (ECMO) e dispositivos de assistência circulatória.
- RESOLUÇÃO Nº 617 DE 27 DE NOVEMBRO DE 2015: Dispõe as atribuições
e competências do farmacêutico nos Hemocentros Nacional e Regionais bem
como em serviços de hemoterapia e/ou bancos de sangue.
- RESOLUÇÃO Nº 509 DE 29 DE JULHO DE 2009. Ementa: Regula a atuação
do farmacêutico em centros de pesquisa clínica, organizações representativas
de pesquisa clínica, Indústria ou outras instituições que realizem pesquisa
- RESOLUÇÃO Nº 508 DE 29 DE JULHO DE 2009: Dispõe sobre as
atribuições do farmacêutico no exercício de auditorias e dá outras providências.
- RESOLUÇÃO Nº 415 DE 29 DE JUNHO DE 2004: Dispõe sobre as
atribuições do farmacêutico no Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de
Saúde.
- RESOLUÇÃO Nº 634 DE 25 DE NOVEMBRO DE 2016: Dispõe sobre as
atribuições do farmacêutico nos estágios curriculares supervisionados,
obrigatórios ou não, do curso de Farmácia.
Referências bibliográficas adicionais (além da básica e das legislações
referenciadas no texto):
(1)
https://pensesus.fiocruz.br/atendimento
http://ebserh.gov.br/documents/222346/866032/EBSERH_Estrutura+Organizaci
onal+dos+HUs+sob+gest%C3%A3o+da+EBSERH.pdf/f31541d2-a849-4ab9-
a2b7-9de9e01d1acb
73
(2)
CAVALLINI, M. E.; BISSON, M. P. Farmácia hospitalar. 2 ed. ed. Barueri, SP:
Manole, 2010.
SANTOS, G. A. A. DOS. Gestão de Farmácia Hospitalar. 4 ed. rev. ed. São
Paulo: Senac, 2016.
(3)
RODRIGUES, M.L. & TUMA, I.R. Encarte Farmácia Hospitalar do CFF –
Certificação em Farmácia Hospitalar. Número 14 - Junho/Julho/Agosto 2011.
Disponível em:
http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/132/encarte_farmAcia_hospitala
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual
Brasileiro de Acreditação Hospitalar / Secretaria de Assistência à Saúde. – 3.
ed. rev. e atual. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 108 p. – (Série A.
Normas e Manuais Técnicos; n. 117). ISBN 85-334-0401-8. Disponível em:
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Hospitalar e de Urgência.
Manual de implantação e implementação : núcleo interno de regulação para
Hospitais Gerais e Especializados
[recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Hospitalar e de
Urgência. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 57 p. : il. Modo de acesso:
World Wide Web:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_implementacao_hospitais_
gerais_especializados.pdf>
ISBN 978-85-334-2576-7.
(4)
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Hospitalar no Brasil. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz; 2004, 150p.
(6)
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Organizado por Nelly Marin et al. Rio de Janeiro : OPAS/OMS, 2003.
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http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/assist
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OLIVEIRA, M. A.; BERMUDEZ, J. A. Z.; OSORIO-DE-CASTRO, C. G. S.
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http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/127/encarte_farmacia_hospitalar
.pdf
http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/128/encarte_farmacia_hospitalar
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OSORIO-DE-CASTRO, C. G. S. et al. (Org.). Assistência farmacêutica: gestão
e prática para profissionais de saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2014.
75