Epistemologia Da Linguística

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Material de apoio: Linguística Portuguesa

ISPCAN: Celestino D. Katala

1. EPISTEMOLOGIA DA LINGUÍSTICA
Antes de se começar a abordar sobre a linguística enquanto ciência, é deveras
importante começar por se esclarecer o que é linguagem e posteriormente o que
entendemos por língua. Assim, o conhecimento técnico de linguagem exige que,
paralelamente, estudemos também a noção de língua, uma vez que ambas são realidades
muito próximas para se estudar o fenómeno linguístico.
Convencionou-se atribuir o termo linguagem à capacidade geral que temos,
enquanto seres humanos, de utilizar sinais com vistas à comunicação. Assim, essa
capacidade chega a nós como resultado de um processo evolutivo. Todos os homens e
mulheres, independente de falarem uma língua natural (como português), ou de
utilizarem línguas de sinais na comunicação entre surdos, ou de serem acometidos de
patologias que prejudicam a comunicação verbal, são portadores dessa capacidade, ou
seja, têm linguagem. A língua, por sua vez, é uma noção que sugere que a capacidade de
linguagem se atualiza em um material concreto, disponível culturalmente, numa língua
natural.
É importante que fique claro que todo ser humano nasce dotado de uma
capacidade geral chamada linguagem, ou faculdade da linguagem, e que essa
capacidade se actualiza, se concretiza em uma língua específica, um conjunto de signos
e normas que permitem a comunicação em uma comunidade particular.
Dificilmente seríamos o que somos hoje, em termos de conhecimento, acesso a
informações, desenvolvimento tecnológico e relações interpessoais, sem uma linguagem
e sem uma língua. Todas as nossas actividades cotidianas exigem que, direta ou
indiretamente, usemos a capacidade linguística, seja para nos comunicarmos com outras
pessoas, seja para contar histórias aos nossos filhos, seja para negociar com o gerente de
nosso banco, seja para contar uma piada, uma mentira, fazer uma fofoca, etc. A
língua/linguagem é actividade constitutiva e incontornável de nossa natureza humana,
por isso, possivelmente, qualquer falante tem a habilidade de definir sua língua em
oposição a uma língua estrangeira, reconhecer outro falante como usuário de sua própria
língua, distinguir uma língua natural de um conjunto de sons ou letras sem sentido.
A linguística estuda o modo como a língua se estrutura genericamente, através
de propriedades de associação e distribuição, o que corresponde, parcialmente, às
tradicionais análises morfossintáticas que fazíamos ou fazemos na escola. Outra
preocupação da linguística é investigar como um falante sai de um estado em que
virtualmente não conhece sua língua materna (porque é bebê, por exemplo) e passa ao
estado em que domina as estruturas de sua língua, ou seja, adquire e desenvolve
conhecimentos linguísticos.
1.1. CONCEITO DE LÍNGUA E LINGUAGEM
Ferdinand de Saussure (1916)
A língua não se confunde com a linguagem; é somente uma parte
determinada, essencial dela. É, ao mesmo tempo, um produto
social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções
necessárias, adoptadas pelo corpo social para permitir o exercício
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dessa faculdade nos indivíduos. A linguagem é multiforme e


heteróclita; a língua, ao contrário, é um todo por si e um princípio
de classificação. Ela é a parte social da linguagem, exterior ao
indivíduo.
Mikhail Bakhtin (1929)
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas
linguísticas nem pela enunciação monológica e isolada, nem pelo acto psicofisiológico
de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal. A língua vive e evolui
historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das
formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes.
Edward Sapir (1929)
A linguagem é um método puramente humano e não instintivo de
se comunicarem ideias, emoções e desejos por meio de símbolos
voluntariamente produzidos.
Noam Chomsky (2000)
A linguagem é um componente da mente/cérebro humano especificamente dedicada ao
conhecimento e uso da língua. A faculdade da linguagem é o órgão da linguagem. A
língua é então um estado dessa faculdade.
Pela diversidade dos posicionamentos apresentados acerca da definição de
língua/linguagem, percebemos que a linguística é marcada pela constante discussão e
retomada do seu objeto de estudo. Essas posições sinalizam, além do marco teórico
defendido por seus autores, uma postura filosófica sobre o papel da linguagem na vida
dos seres humanos. Do conjunto de definições, percebemos que a língua ora se
apresenta como um sistema de representação da realidade, ora como um instrumento de
comunicação, ora como uma forma de acção social. Essas concepções orientam a
escolha de uma definição teórica de linguagem.
1.2. ORIGEM DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM
A existência de uma ciência da linguagem não é, em si, o ponto de partida para
os estudos sobre a relação entre a linguagem e o ser humano. Antes de a Linguística se
constituir como ciência, seu objeto, a língua, mantinha relacionamento estreito com
muitas disciplinas, tanto do conhecimento científico, quanto do conhecimento popular.
Se considerarmos que desde a mais remota era, o homem já buscava formas de se
comunicar por meio de trocas simbólicas que possivelmente deram origem à linguagem,
tal como ela é hoje, poderíamos pressupor que desde então já havia um interesse latente
pelo estudo da linguagem.
Este interesse pela compreensão do fenômeno linguístico pode ser encontrado no
mundo antigo por meio de mitos, lendas e ritos que são comuns a várias culturas (como
a origem do homem, a Torre de Babel, etc.), e que fazem parte do conhecimento
popular sobre o fenômeno linguístico, como sua origem (várias culturas acreditam que a
língua é um dom divino ou que todas as línguas se originam na língua falada entre um
deus e o primeiro homem); seu poder de fazer coisas acontecerem (a história da criação
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do mundo em várias culturas está relacionada ao poder da palavra: “faça-se a luz!”); e a


natureza mística das palavras de atraírem o bem e o mal.
Os estudos sobre a linguagem podem ser reconstituídos à aproximadamente
quatro ou cinco séculos antes da nossa era. Por razões religiosas, os Hindus foram,
aparentemente, os primeiros a empreender a tarefa linguística de preservar os escritos
sagrados do Vedas contra a falsificação. Entre os Hindus, o gramático Panini fez
descrição minuciosa da língua falada entre seu povo, que veio a ser descoberta nos fins
do século XVIII, popularizando entre os linguistas e filólogos o estudo do Sânscrito.
Entre os gregos, os estudos da linguagem debruçavam-se sobre as relações desta
com os conceitos. Investigava-se se a nomeação de um conceito por meio da língua era
tarefa puramente convencional, ou se havia entre palavras e conceitos uma relação
natural. O diálogo O Crátilo, de Platão, investiga essas duas correntes para explicar
como a língua refere-se ao mundo, denominando-as de naturalismo e convencionalismo.
O diálogo sintetiza estas posições através da fala de suas personagens: Crátilo,
naturalista, acredita que os nomes refletiam o mundo, e Hermógenes, convencionalista,
defendia que os nomes das coisas lhes são atribuídos por convenção. Outra personagem,
Sócrates, através de quem o próprio Platão expressa sua opinião, oferece a seguinte
explicação para o debate:
2. Tanto as coisas quanto a linguagem estão em constante movimento;
3. No início, os nomes poderiam ter exprimido o sentido das coisas, mas com o
movimento, a expressão degenerou-se e as convenções fizeram-se necessárias;
4. Os nomes são imitações imperfeitas das coisas;
5. A linguagem não pode nos ensinar a realidade, mas nos impede de ver a essência
das coisas.
ATENÇÃO: Contextualização histórico-ideológica dos estudos da linguagem
Atitude Teológico-cristã – Até o século XVIII predominava a busca pelas origens,
pelos universais da linguagem;
Atitude Histórico-evolutiva – Durante o século XIX a linguagem se moldava à
concepção de evolução, mudança e transformação;
Atitude Lógico-formal – Durante grande parte do século XX, a língua se adequa ao
conceito de estrutura ou sistema passível de análise a partir de suas unidades menores;
Atitude Pragmática – Da década de sessenta do século XX até os dias atuais, os
estudos da linguagem estudam forma e função ora dissociados, ora em conjunto. A
pragmática instaura a preocupação com o uso da língua em contextos reais.
1.3. DE QUE SE OCUPA A LINGUÍSTICA?
Linguística: é o estudo científico da linguagem. Como ciência, a Linguística
dedica-se a descrever e a explicar os fenômenos da língua, e não a formular instruções
sobre determinados usos. A reflexão sobre os diversos aspectos da linguagem, seja de
forma individual ou como escola linguística, tem sido uma preocupação desde o século
V a.C., já na Grécia. A linguística moderna, porém, como disciplina acadêmica, é
basicamente um produto do século XX.
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Vamos agora nos reportar a alguns precursores dos estudos linguísticos. As


descobertas desses estudiosos são de suma importância para dar suporte à Linguística
enquanto ciência. Dois momentos são de extrema importância para a constituição da
Linguística: o século XVII (século das gramáticas gerais) e o século XIX (com as
gramáticas comparadas).
1.3.1. Escola de Porto Royal: 1660) – Gramática geral e racional/
Gramática de Port-Royal
Os séculos XVII e XVIII vão dar continuidade às preocupações dos antigos. Em
1660, a Grammaire Générale et Raisonnée de Port Royal, ou Gramática de Port Royal,
de Lancelot e Arnaud, modelo para grande número de gramáticas do século XVII,
demonstra que a linguagem se funda na razão, é a imagem do pensamento e que,
portanto, os princípios de análise estabelecidos não se prendem a uma língua particular,
mas servem a toda e qualquer língua.
Por sua vez, o conhecimento de um número maior de línguas vai provocar, no
século XIX, o interesse pelas línguas vivas, pelo estudo comparativo dos falares, em
detrimento de um raciocínio mais abstrato sobre a linguagem, observado no século
anterior.
 Racionalismo gramatical: explicação racional da língua;
 Paralelismo entre a linguagem e a lógica/mente humana.
1.3.2. Escola Comparatista: Franz Bopp (1816)
Na Idade Moderna, com os descobrimentos da África e das Américas, e com o
domínio da Europa sobre boa parte da Ásia, um novo interesse linguístico surgiu. Os
europeus estavam diante de línguas muito diferentes daquelas com as quais eles estavam
acostumados. Os estudiosos das línguas não podiam mais ficar limitados aos estudos
sobre o grego e o latim, e começaram a observar, ainda que perplexos, os fenómenos
fonéticos e gramaticais de línguas como o chinês, como certas línguas indígenas da
América, e certas línguas africanas. Aí tem início uma linha de estudos linguísticos que
atingiu seu apogeu no século XIX: os estudos histórico-comparativos. Com a publicação
do estudo comparativo da conjugação verbal do sânscrito, do grego, do latim, do persa
e do germânico, em 1816, pelo estudioso da história das línguas Franz Bopp, um estudo
que evidencia a enorme semelhança entre essas línguas. Surge, nesse momento a ideia
de parentesco entre as línguas. A hipótese é a de que todas essas línguas têm uma
origem comum. Por isso, elas constituem uma família de línguas, que passaram a se
chamar línguas indo-europeias. Fica claro que essa família de línguas se diferencia de
outras línguas com as quais os europeus vinham tendo contacto. Por sua vez, essas
outras línguas também começam a ser agrupadas em grandes famílias.
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É nesse período que se desenvolve um método histórico, instrumento importante


para o florescimento das gramáticas comparadas e da Linguística Histórica. O
pensamento linguístico contemporâneo, mesmo que em novas bases, formou-se a partir
dos princípios metodológicos elaborados nessa época, que preconizavam a análise dos
factos observados. O estudo comparado das línguas vai evidenciar o facto de que as
línguas se transformam com o tempo, independentemente da vontade dos homens,
seguindo uma necessidade própria da língua e manifestando-se de forma regular.
O objetivo deste estudo era encontrar a língua mãe, a origem das línguas. Essa
língua de origem, o indo-europeu, não é uma língua da qual se tenham documentos. É
uma reconstrução teórica, um conceito. As gramáticas comparadas contribuíram aos
estudos da linguagem no sentido de mostrar que as mudanças são regulares, têm uma
direção. No século XIX, para mostrar a regularidade, alguns linguistas históricos,
conhecidos como neo-gramáticos, chegaram a enunciar leis para as mudanças na língua:
as leis fonéticas, pelas quais eles procuravam explicar a evolução. Construíram uma
escrita própria para anotar as formas em sua evolução.
Por meio dessa escrita, podemos observar palavras de diferentes línguas como o
espanhol “lluvia” e o português “chuva” e identificar o parentesco existente entre essas
línguas. “Lluvia” e “chuva” evoluíram da mesma palavra latina “pluviam”. É o caso
também do espanhol “lleno” e do português “cheio” que derivam de “plenum”,
podemos reconhecer uma regularidade na evolução: pl>ch (português) e pl>ll (em
espanhol). O sinal > significa transformar-se “em”.
1.3.3. Escolas Modernas (Escola de Genebra, Americana e Europeia)

O suíço Ferdinand de Saussure pode ser considerado o pai da linguística


moderna. Nos anos de 1907, 1908 e 1910, ele deu três cursos na Universidade de
Genebra, na Suíça. Alguns de seus alunos tomaram notas de suas aulas, e, em 1916,
publicaram a famosa obra intitulada Curso de Linguística Geral, contendo uma boa
parte do pensamento de Saussure, que tinha morrido em 1913. Portanto, o Curso de
Linguística Geral, de Saussure, é uma obra póstuma.

É no contexto dos estudos histórico-comparativos de Boop que Saussure lança


suas ideias sobre a língua e sobre a linguagem. A partir desse momento, os estudos
linguísticos começam a adquirir um carácter mais profundo e abstracto. Eles deixam de
se concentrar na comparação de manifestações externas de várias línguas, e passam a se
interessar pela língua como um sistema de valores estruturado e autónomo, que é
subjacente a toda e qualquer produção linguística, seja ela feita em português, em
inglês, em francês, em ASL, em LIBRAS, ou em qualquer outra língua. Aí a linguística
passa a ser concebida como uma ciência: ela não só descreve factos linguísticos, mas
busca uma explicação coerente para sua ocorrência.
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 Escola de Genebra – (Estruturalismo linguístico 1916)


Os sucessores de Saussure irão chamar de estrutura a organização interna da
língua que ele chama de sistema. Isso significa que cada elemento da língua só adquire
valor quando se relaciona com o outro. Para ilustrar isso, Saussure utiliza o jogo de
xadrex. Segundo ele, a peça do jogo (o cavalo, por exemplo) tem sua identidade da
relação de oposição que tem com as outras peças e da sua posição em relação ao todo.
Sua identidade depende do seu lugar no tabuleiro, do seu valor no jogo (e não do
material que é feito – osso, madeira- e nem da figura aparente).

Dessa forma, considera que qualquer unidade linguística se define pela posição
que ocupa na rede de relações que constitui o sistema total da língua.

Hoje, Saussure é referência obrigatória para qualquer teoria linguística. Ele está
sempre presente nas mais diversas reflexões a respeito da linguagem.

A ciência que ele constituiu, a Linguística, tem vertentes que correspondem a


diferentes níveis de análise: a fonologia (estudo das unidades sonoras); a sintaxe (estudo
da estrutura das frases) e a morfologia (estudo das formas das palavras) que, juntas,
constituem a gramática; e a semântica.

É com Saussure que a Linguística ganha seu objecto específico: a língua. Para
ele, a língua é um “sistema de signos”, um conjunto de unidades que estão organizadas
formando um todo. É ele que considera o signo como a associação entre significante
(imagem acústica) e significado (conceito). É fundamental mencionar que não se pode
confundir a imagem acústica com o som, pois ela é, como o conceito, psíquica e não
física. Ela é a imagem que fazemos do som no nosso cérebro.

Saussure ainda enfatiza que o traço que une significante e significado é


arbitrário, convencional e imotivado, ou seja, esse sistema que é a língua é formado de
unidades abstractas e convencionais. Não há motivo para que “cão” se chame “cão”.
Mas uma vez que se atribua esse nome, ele passa a ter um valor na língua e, no nosso
cérebro, o associamos com a ideia de “cão” e não “gato”.

Um signo sempre tem relação com outro signo que ele não é. Por isso o valor do
signo é relativo e negativo: “cão” significa “cão” porque não significa “gato”; e “gato”
não significa “rato” e assim por diante.

Agora vamos passar a algumas distinções importantes feitas por Saussure:


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 A primeira diz respeito à língua vs fala. Para ele, a língua é um sistema abstrato,
um facto social, geral, virtual; a fala, ao contrário, é a realização concreta da
língua pelo sujeito falante, sendo circunstancial e variável. Ele excluiu a fala do
campo da Linguística, pois ela depende do indivíduo e não é sistemática.
 A outra distinção é a que separa a sincronia (o estado atual do sistema da
língua) e diacronia (sucessão, no tempo, de diferentes estados da língua em
evolução). Ele não leva em conta a diacronia nos estudos da Linguística, pois,
segundo ele, é incompatível a noção de sistema e evolução.
 Funcionalismo
A visão funcionalista ganha destaque na tradição antropológica americana, a
partir dos trabalhos de Sapir e Whorf. Nos anos de 1960, essa perspectiva teórica foi
postulada por Michael Alexander Kirkwood Halliday, para quem a linguagem é
proposta a partir de um sistema social e cultural, o que implica, necessariamente,
interpretá-la dentro de um contexto sociocultural em que tal processo se realiza.

Na concepção hallidayana, a linguagem é proposta como um sistema social ou


cultural, o que implica, necessariamente, interpretá-la dentro de um contexto
sociocultural em que tal processo se realiza. Dito de outro modo, a linguagem pode ser
entendida como uma manifestação semiótica, já que, no dizer de Halliday (1994), ela se
constitui como uma forma de representação da experiência humana, quer seja na
“realidade” presente/ percebida no meio físico ou concreto, quer seja na “realidade”
idealizada/ fabricada em nosso interior, num plano mais abstrato.

A abordagem se classifica como sistêmica porque compreende a língua como


redes de sistemas linguísticos, em cuja interconexidade configuram-se as possibilidades
de significar e atuar no mundo. Dessa condição, deriva sua natureza funcional, já que os
significados é que explicam as escolhas mobilizadas na estrutura gramatical.

 Escola Americana (Formalismo: a gramática gerativo- transformacional: a


teoria chomskyana)
Em 1957, Avram Noam Chomsky (nascido em 1928), professor de linguística do
MIT (Massachusetts Institute of Tecnology), publicou o livro Syntatic Structures, que
veio a se tornar um divisor de águas na linguística do século XX. Nesta obra e em outras
publicações, ele desenvolveu o conceito de gramática gerativa, cuja proposta
distanciava-se do estruturalismo e do behaviorismo das décadas anteriores.
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Chomsky mostrou que as análises sintácticas da frase praticadas até então eram
inadequadas em diversos aspectos, sobretudo por que deixavam de considerar a
diferença entre os níveis “superficial” e “profundo” da estrutura gramatical. Ele propõe,
então, uma teoria a que chama gramática e centra seu estudo na sintaxe. Esta, para ele,
constitui um nível autónomo, central para a explicação da linguagem.

O objectivo desta gramática é dar conta de todas as frases gramaticais, ou seja,


que pertencem à língua e não ditar normas. Dessa maneira, é que surge a Gramática
Gerativa de Chomsky. Gerativa porque permite, a partir de um número limitado de
regras, gerar um número infinito de sequências que são frases, associando-lhes uma
descrição.

Para ele a tarefa do linguista, então, é descrever a competência do falante (a


competência é vista como a capacidade que todo falante/ouvinte tem de
produzir/compreender todas as frases da língua). Além disso, faz parte dessa
competência todo o saber que o falante tem a respeito das frases: ele sabe comparar
estruturas sintácticas semelhantes, sabe separar frases que fazem parte da língua das que
não fazem, etc.

Aqui o que se leva em conta é um falante ideal e não locutores reais do uso
concreto da linguagem. Por isso, a teoria chomskiana conduz ao universalismo. A
faculdade da linguagem aparece aí como intrínseca à espécie humana: o homem já
nasce com ela. A linguagem é inata, faz parte da natureza do homem.

 O Círculo Linguístico de Praga (1925-1939);


 O Círculo linguístico de Copenhague/A escola dinamarquesa de
Copenhague;
 Escolas de Genebra; de Paris, Moscow;
 A Escola Mecanicista de Leonard Bloomfield;

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