Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente - Marcia de Fatima Inacio e Larisse Raquel Carvalho (Org)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 77

Marcia de Fatima Inacio

Larisse Raquel Carvalho


(Organizadoras)

Biologia, Biotecnologia e Meio


Ambiente

Ponta Grossa
2023
Direção Editorial Executiva de Negócios
Prof.° Dr. Adriano Mesquita Soares Ana Lucia Ribeiro Soares
Organizadoras Produção Editorial
Prof.ª Dr.ª Marcia de Fatima Inacio AYA Editora©
Prof.ª Dr.ª Larisse Raquel Carvalho Dias Imagens de Capa
Capa br.freepik.com
AYA Editora© Área do Conhecimento
Revisão Ciências Biológicas
Os Autores

Conselho Editorial
Prof.° Dr. Adilson Tadeu Basquerote Silva Prof.° Dr. Gilberto Zammar
Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Prof.° Dr. Aknaton Toczek Souza Prof.ª Dr.ª Helenadja Santos Mota
Centro Universitário Santa Amélia Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, IF
Baiano - Campus Valença
Prof.ª Dr.ª Andréa Haddad Barbosa
Universidade Estadual de Londrina Prof.ª Dr.ª Heloísa Thaís Rodrigues de
Prof.ª Dr.ª Andreia Antunes da Luz Souza
Faculdade Sagrada Família Universidade Federal de Sergipe

Prof.° Dr. Argemiro Midonês Bastos Prof.ª Dr.ª Ingridi Vargas Bortolaso
Instituto Federal do Amapá Universidade de Santa Cruz do Sul

Prof.° Dr. Carlos López Noriega Prof.ª Ma. Jaqueline Fonseca Rodrigues
Universidade São Judas Tadeu e Lab. Biomecatrônica - Poli - Faculdade Sagrada Família
USP Prof.ª Dr.ª Jéssyka Maria Nunes Galvão
Prof.° Dr. Clécio Danilo Dias da Silva Faculdade Santa Helena
Centro Universitário FACEX Prof.° Dr. João Luiz Kovaleski
Prof.ª Dr.ª Daiane Maria de Genaro Chiroli Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof.° Dr. João Paulo Roberti Junior
Prof.ª Dr.ª Danyelle Andrade Mota Universidade Federal de Roraima
Universidade Federal de Sergipe Prof.° Me. Jorge Soistak
Prof.ª Dr.ª Déborah Aparecida Souza dos Faculdade Sagrada Família

Reis Prof.° Dr. José Enildo Elias Bezerra


Universidade do Estado de Minas Gerais Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará,
Campus Ubajara
Prof.ª Ma. Denise Pereira
Faculdade Sudoeste – FASU Prof.ª Dr.ª Karen Fernanda Bortoloti
Universidade Federal do Paraná
Prof.ª Dr.ª Eliana Leal Ferreira Hellvig
Universidade Federal do Paraná Prof.ª Dr.ª Leozenir Mendes Betim
Faculdade Sagrada Família e Centro de Ensino Superior dos
Prof.° Dr. Emerson Monteiro dos Santos
Campos Gerais
Universidade Federal do Amapá
Prof.ª Ma. Lucimara Glap
Prof.° Dr. Fabio José Antonio da Silva
Faculdade Santana
Universidade Estadual de Londrina

Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente


Prof.° Dr. Luiz Flávio Arreguy Maia-Filho Prof.ª Ma. Rosângela de França Bail
Universidade Federal Rural de Pernambuco Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais

Prof.° Me. Luiz Henrique Domingues Prof.° Dr. Rudy de Barros Ahrens
Universidade Norte do Paraná Faculdade Sagrada Família

Prof.° Dr. Milson dos Santos Barbosa Prof.° Dr. Saulo Cerqueira de Aguiar Soares
Instituto de Tecnologia e Pesquisa, ITP Universidade Federal do Piauí

Prof.° Dr. Myller Augusto Santos Gomes Prof.ª Dr.ª Silvia Aparecida Medeiros
Universidade Estadual do Centro-Oeste Rodrigues
Prof.ª Dr.ª Pauline Balabuch Faculdade Sagrada Família
Faculdade Sagrada Família Prof.ª Dr.ª Silvia Gaia
Prof.° Dr. Pedro Fauth Manhães Miranda Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof.ª Dr.ª Sueli de Fátima de Oliveira
Prof.° Dr. Rafael da Silva Fernandes Miranda Santos
Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Parauapebas Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Prof.ª Dr.ª Regina Negri Pagani Prof.ª Dr.ª Thaisa Rodrigues
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Instituto Federal de Santa Catarina
Prof.° Dr. Ricardo dos Santos Pereira
Instituto Federal do Acre

Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente


© 2023 - AYA Editora - O conteúdo deste Livro foi enviado pelos autores para publicação
de acesso aberto, sob os termos e condições da Licença de Atribuição Creative Commons
4.0 Internacional (CC BY 4.0). Este livro, incluindo todas as ilustrações, informações e
opiniões nele contidas, é resultado da criação intelectual exclusiva dos autores. Os autores
detêm total responsabilidade pelo conteúdo apresentado, o qual reflete única e inteiramente
a sua perspectiva e interpretação pessoal. É importante salientar que o conteúdo deste
livro não representa, necessariamente, a visão ou opinião da editora. A função da editora
foi estritamente técnica, limitando-se ao serviço de diagramação e registro da obra, sem
qualquer influência sobre o conteúdo apresentado ou opiniões expressas. Portanto,
quaisquer questionamentos, interpretações ou inferências decorrentes do conteúdo deste
livro, devem ser direcionados exclusivamente aos autores.

B6155 Biologia, biotecnologia e meio ambiente [recurso eletrônico]. /


Marcia de Fatima Inacio, Larisse Raquel Carvalho (organizadoras). --
Ponta Grossa: Aya, 2023. 77 p.

Inclui biografia
Inclui índice
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN: 978-65-5379-394-1
DOI: 10.47573/aya.5379.2.253

1. Biologia. 2. Engenharia genética. 3. Toxinas botulínicas -


Uso terapêutico. 4. Gestão ambiental. I. Inacio, Marcia de Fatima. II.
Carvalho, Larisse Raquel. III. Título
CDD: 660.6
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Bruna Cristina Bonini - CRB 9/1347

International Scientific Journals Publicações de


Periódicos e Editora LTDA
AYA Editora©
CNPJ: 36.140.631/0001-53
Fone: +55 42 3086-3131
WhatsApp: +55 42 99906-0630
E-mail: [email protected]
Site: https://ayaeditora.com.br
Endereço: Rua João Rabello Coutinho, 557
Ponta Grossa - Paraná - Brasil
84.071-150

Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente


SUMÁRIO
Apresentação....................................................................... 8

01
Educação ambiental: análise nas práticas pedagógicas
do município de Floriano-PI................................................ 9
Ádria Amorim Avelino
Carlos Eduardo Santos Feitosa
Isadora Farias dos Santos
Odivette Maria Soares Felix
DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.1

02
Incidência de aves marinhas costeiras em Arraial do
Cabo, estado do Rio de Janeiro, Brasil........................... 14
Maria Laura Silva Silveira
Rayane Aparecida de Souza
Jessé Garcia de Oliveira
Renan Rodrigues Felix Neres
Ana Carla Vita Lacerda
Douglas Barbosa Castro
Felipe da Silva Costa
DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.2

03
Toxicidade da aflotoxina B1 no organismo humano –
distúrbios gástricos ao câncer hepatocelular: revisão da
literatura.............................................................................. 26
Daniel Ben Judah Melo de Sabino
Gregório Otto Bento de Oliveira
Ikaro Alves de Andrade
Alexandre Pereira dos Santos
Nádia Carolina da Rocha Neves
Jackson Henrique Emmanuel de Santana
Alexandra Barbosa da Silva
Scarlat Goulart Ramos dos Anjos
Camille Silva Florencio
Marcela Gomes Rola
DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.3

04
A ascensão da engenharia genética no tratamento de
doenças genéticas: uma revisão da literatura.............. 38
Lucas dos Santos Sa
DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.4

05
Viabilidade celular de bactérias fixadoras de nitrogênio
isoladas de nódulos após armazenagem....................... 52
Larisse Raquel Carvalho Dias
Antônia Alice Costa Rodrigues
Leonardo de Jesus Machado Gois de Oliveira
Erlen Keila Candido e Silva
Érica Louzeiro Cunha
Larissa Ramos dos Santos
Edson Pimenta Moreira
Lorena Rejane Monteiro Farias
Maria Francisca Oliveira Borba
Gislaynne Barcelos do Nascimento
DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.5

06
Aplicação da Toxina Botulínica (TB) em procedimentos
estéticos faciais.................................................................. 60
Maria Eduarda Santos Aires
DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.6

Organizadoras.................................................................... 72
Índice Remissivo................................................................. 73
Apresentação
Apresentamos com entusiasmo o livro “Biologia, Biotecnologia e Meio Ambien-
te”, um compêndio essencial para estudantes, professores e profissionais interessados na
complexa relação entre seres vivos e o lugar em que vivem. Este livro, organizado em seis
capítulos, é uma vitrine de estudos e análises contemporâneas que abordam aspectos cru-
ciais das ciências biológicas e suas aplicações práticas.

O primeiro capítulo mergulha na educação ambiental em Floriano-PI, destacando


sua importância na formação de uma consciência ecológica. Este é um exemplo de como a
educação pode ser uma ferramenta de mudança para a sustentabilidade.

Avançamos para Arraial do Cabo no segundo capítulo, onde um estudo sobre aves
marinhas costeiras joga luz sobre a riqueza da biodiversidade e sua preservação.

No terceiro capítulo, a obra concentra-se nos perigos da aflotoxina B1, uma subs-
tância tóxica que pode afetar gravemente a saúde humana, desde problemas gástricos até
o câncer de fígado.

O quarto capítulo nos leva ao campo da engenharia genética, explorando seu papel
revolucionário no tratamento de doenças genéticas, oferecendo um panorama das inova-
ções e desafios da área.

O quinto capítulo analisa como bactérias fixadoras de nitrogênio se mantêm viáveis


após serem armazenadas, com implicações importantes para a agricultura e gestão am-
biental.

Por fim, o sexto capítulo discute a aplicação médica da Toxina Botulínica em esté-
tica facial, evidenciando a conexão entre biotecnologia e bem-estar.

Este livro é uma contribuição valiosa à literatura científica, servindo como um recur-
so informativo para avançar no conhecimento e inspirar novas pesquisas no vasto campo
da biologia.

Boa leitura!

Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente


Capítulo Educação ambiental: análise
nas práticas pedagógicas do

01
município de Floriano-PI
Ádria Amorim Avelino
Graduanda em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal do Piauí - Campus Floriano
Carlos Eduardo Santos Feitosa
Graduando em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal do Piauí - Campus Floriano
Isadora Farias dos Santos
Graduanda em Ciências Biológicas pelo Instituto Federal do Piauí - Campus Floriano
Odivette Maria Soares Felix
Professora Orientadora e Especialista do Instituto Federal do Piauí

RESUMO

O estudo a seguir descreve um projeto realizado por estudantes, no qual


visitaram uma escola com o objetivo de estabelecer uma união com a
gestão, conhecer como está sendo aplicada a educação ambiental e obter
conhecimento sobre as atividades a serem aplicadas posteriormente. Em
seguida, ocorreu a aplicação de um experimento durante as visitas, ba-
seado nas metas e estratégias do Plano Municipal de Educação Ambien-
tal (PMEA). O PMEA tem como objetivo promover a educação ambiental
de forma integrada e participativa, envolvendo diversos setores da socie-
dade. Os resultados obtidos forneceram um aprimoramento das práticas
educacionais nesta temática, buscando formar cidadãos mais conscientes
e engajados com preservação, conservação e sustentabilidade.

Palavras-chave: sustentabilidade. educação ambiental. conscientização


ambiental. preservação. práticas educacionais.

ABSTRACT

The following study describes a project carried out by students, in which


they visited a school with the aim of establishing a union with the mana-
gement, knowing how environmental education is being applied and ob-
taining knowledge about the activities to be applied later. Then, an expe-
riment was applied during the visits, based on the goals and strategies of
the Municipal Environmental Education Plan (PMEA). The PMEA aims to
promote environmental education in an integrated and participatory way,
involving different sectors of society. The results obtained provided us with
an improvement of educational practices in this theme, seeking to form
more aware citizens and engaged with preservation, conservation and
sustainability.

Keywords: sustainability. environmental education. environmental


awareness. preservation. educational practices.
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente
9
AYA Editora© DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.1
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 01
INTRODUÇÃO

A educação ambiental é um tema de extrema relevância e atualidade, especialmente


no contexto das escolas. Através da incorporação de práticas e conteúdos relacionados ao
meio ambiente, as instituições de ensino têm a oportunidade de formar cidadãos conscientes
e engajados em questões ambientais. A educação ambiental nas escolas visa desenvolver
nos alunos uma compreensão aprofundada sobre a importância da preservação do meio
ambiente, incentivando atitudes sustentáveis e responsáveis em relação à natureza e aos
recursos naturais.

Baseado nos estudos de Oliveira (2007, p.106) ao incorporar a educação ambiental


em seus currículos e práticas pedagógicas, as escolas podem desempenhar um papel
fundamental na formação de uma geração comprometida com a preservação do meio
ambiente. Além disso, a educação ambiental nas escolas permite que os alunos adquiram
conhecimentos científicos, compreendam os efeitos das ações humanas no ambiente
e desenvolvam habilidades para tomar decisões responsáveis ​​em relação ao uso dos
recursos naturais.

Neste contexto, torna-se crucial que as escolas adotem métodos e estratégias


para promover a educação ambiental de forma efetiva. Isso inclui a utilização de métodos
de ensino inovadores, como aulas práticas, projetos de sustentabilidade, visitas a áreas
naturais e participação ativa dos alunos em atividades de preservação ambiental.

A escolha do tema decorre do fato de a educação ambiental ser frequentemente


subestimada, mesmo o mundo estando passando por problemas ambientais de alta
gravidade. Esta pesquisa teve como objetivo conhecer como está sendo praticada a educação
ambiental na Unidade Escolar Monsenhor Lindolfo Uchôa conforme o institucionalizado pelo
PMEA-2019 (Plano Municipal de Educação Ambiental) o ensino e a promoção de práticas
ambientais.

Com o projeto aplicado na escola espera-se que os alunos que participaram


ativamente das atividades possam contribuir positivamente na preservação ambiental da
cidade. Contudo, este artigo tem foco de apresentar as etapas feitas no projeto e abordar
sobre a educação ambiental na escola trabalhada.

METODOLOGIA

Este estudo constitui-se em uma pesquisa descritiva qualitativa, visto que se


analisou a qualidade da educação ambiental que está sendo ministrada na escola por meio
de questionário como coleta de dados. No livro como elaborar projetos de pesquisa Gil
(2002, p.42) afirma que:

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das caracterís-


ticas de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de re-
lações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob
este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação
sistemática. (Gil,2002, p.42)

Após análise das respostas, foi ministrada uma palestra para os alunos sobre

10
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 01
educação ambiental, como forma de complemento educacional levando em consideração
que os dados obtidos durante o levantamento apontam que a escola tem um nível
consideravelmente razoável de ensino ambiental.

O público-alvo da pesquisa foram alunos do 9° ano, com a professora de ciências


responsável pela turma, vale ressaltar que a modalidade de ensino da escola é EJA
(Educação de Jovens e Adultos). O questionário foi elaborado com seis perguntas objetivas
para avaliar a qualidade do ensino ambiental e, a palestra aplicada foi feito da maneira mais
dinâmica possível, incentivando a interação dos alunos junto a um quiz com brindes ao final
da apresentação.

Este artigo é um relatório final que apresenta o objetivo, a metodologia, os resultados,


a análise dos dados obtidos e as considerações finais baseadas em todo o processo de
pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, foi organizado e realizado pelos discentes uma visita à escola portando
um ofício emitido pela coordenação do curso com o intuito de estabelecer um vínculo com a
gestão a fim de obterem consciência das atividades que iriam ser posteriormente aplicadas.

Na segunda etapa, elaborou-se um processo investigativo mediante aplicação de


um questionário durante as visitas, e tiveram como fundamento as metas 3,1 e estratégias
3,2 do PMEA (Plano Municipal de Educação Ambiental) que atualmente visa a promoção
da educação ambiental de forma integrada e participativa, envolvendo diferentes setores da
sociedade, como escolas, organizações não governamentais, empresas, órgãos públicos
e comunidades locais. Ele procura contribuir para a conservação e o uso sustentável dos
recursos naturais, a melhoria da qualidade de vida e a construção de uma sociedade mais
justa e ecologicamente equilibrada.

Baseando-se no PMEA (CAMPINAS, 2016) é possível afirmar que: no processo


de elaboração, são realizados diagnósticos ambientais para identificar os desafios e
oportunidades locais, além de serem alcançados objetivos, metas e estratégias para o
período de vigência do plano, geralmente de médio ou longo prazo. É importante ressaltar
que cada município pode adaptar o seu PMEA de acordo com suas necessidades específicas,
considerando as características e peculiaridades da região.

Sucessivamente, realizou-se uma análise dos dados obtidos por meio das respostas
documentadas. Essa análise permitiu identificar pontos fortes e fracos da educação
ambiental na escola, bem como áreas que demandam maior atenção e investimento.

11
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 01
Durante o levantamento foram realizadas perguntas com base no tema principal
que é a educação ambiental, onde 76% dos alunos afirmaram não haver promoção de
ações abordando o tema “educação ambiental” na escola.

Com base nos resultados da análise, foi desenvolvido uma palestra sobre educação
ambiental direcionada aos alunos envolvidos no projeto. A palestra abordou temas relevantes,
destacando a importância da sustentabilidade, da preservação e da conservação, tendo
como tópicos principais os 3 “erres”: reduzir, reutilizar e reciclar. Seguindo uma análise atual
e a preocupação para com o futuro da espécie humana Antiqueira & Sekine (2020, p.71)
afirmam que:

Analisando a situação atual e as possíveis perspectivas de futuro para a espécie


humana, há uma necessidade urgente de que os 3 ERRES sejam mais que re-
comendações e se tornem princípios para um mundo pós-pandemia, incluindo na
lista outros ERRES que são cruciais para a humanidade. (ANTIQUEIRA & SEKINE,
2020, p. 71)

Juntamente a palestra foi realizado um quiz interativo onde a turma que foi dividida
em dois grupos com um mediador em cada um para maior controle da metodologia, no
quiz foi adicionado perguntas relacionadas ao tema principal da palestra, sustentabilidade,
preservação e conservação. Para Dermeval (2016) a utilização de tics na educação é
uma maneira de acompanharmos e nos adequar a atual geração tecnológica que está tão
familiarizada com tais inovações em seu cotidiano que torna interessante tais métodos nos
meios de aprendizagem.

Após o processo investigativo, elaborou-se um relatório que engloba todas as etapas


do projeto, para atender os requisitos da disciplina de projeto integrador III. O relatório
apresentou o objetivo do projeto, a metodologia empregada, os resultados da pesquisa, a
análise dos dados obtidos durante a coleta, as funções realizadas por cada discente e as
considerações finais baseadas em todo o processo da pesquisa.

12
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 01
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa descritiva qualitativa realizada neste projeto permitiu analisar a qualidade


da educação ambiental em uma escola com modalidade de ensino de jovens e adultos. Por
meio do diálogo, do questionário e da palestra aplicada, identificou-se os pontos fortes e
áreas onde poderiam ser levadas melhorias na abordagem de ensino da educação ambiental.
Os resultados obtidos nos forneceram um aprimoramento das práticas educacionais nesta
temática, buscando formar cidadãos mais conscientes e engajados com preservação,
conservação e sustentabilidade. Este artigo foi um requisito apresentado no modelo inicial
do projeto e serviu como consolidação dos resultados esperados e alcançados ao decorrer
desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

ANTIQUEIRA, Lia; SEKINE, Elizabete. Os “Erres” pós pandemia: princípios para a


sustentabilidade e cidadania. São Paulo: Revbea, 2020.

BRUZZI, Demerval. Uso da tecnologia na educação, da história à realidade atual. GOIÁS:


Polyphonía, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5216/rp.v27i1.42325

GIL, Antonio. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002

BRASIL. Ministério da Educação. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação


ambiental na escola. Brasília: ME, 2007.

SANTOS, Flávia; GRECA, Ileana. A PESQUISA em ensino de ciências no Brasil e suas


metodologias. 2. Ed. RS: UNIJUÍ, 2011.

PREFEITURA DE CAMPINAS. Plano Municipal de Educação Ambiental. 2016. Disponível em:


https://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/meio-ambiente/pmea-volume-ii.pdf

PREFEITURA DE FLORIANO. Plano Municipal de Educação Ambiental. 2019.

13
Capítulo Incidência de aves marinhas
costeiras em Arraial do Cabo,

02
estado do Rio de Janeiro, Brasil
Maria Laura Silva Silveira
Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Santa Marcelina, Muriaé,
Minas Gerais
Rayane Aparecida de Souza
Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Santa Marcelina, Muriaé,
Minas Gerais
Jessé Garcia de Oliveira
Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Santa Marcelina, Muriaé,
Minas Gerais
Renan Rodrigues Felix Neres
Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Santa Marcelina, Muriaé,
Minas Gerais
Ana Carla Vita Lacerda
Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Santa Marcelina, Muriaé,
Minas Gerais
Douglas Barbosa Castro
Orientadores e professores do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Santa
Marcelina, Muriaé, Minas Gerais
Felipe da Silva Costa
Orientadores e professores do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Santa
Marcelina, Muriaé, Minas Gerais.

RESUMO

As aves costeiras são importantes elementos do ecossistema marinho,


sendo conhecidas por se adaptarem de maneira eficiente a esse meio.
Em virtude disso, o estudo tem como finalidade avaliar a sazonalidade da
abundância desses animais nas praias de Arraial do Cabo, no Estado do
Rio de Janeiro, Brasil. Sendo assim, para desenvolver o projeto, além do
desempenho da análise bibliográfica com base em artigos científicos, os
discentes estiveram presentes na Praia dos Anjos, na Praia Grande e no
Pontal do Atalaia para realizar a captura de dados e fotos das espécies
Laurus dominicanus, Sula leucogaster, Nannopterum brasilianus e Sterna
hirundinacea.

Palavras-chave: aves marinhas. Laurus dominicanus. ecologia.

ABSTRACT

Coastal birds are essential elements of the marine ecosystem, is known


to adapt efficiently to this environment. Because of this, the study aims to
evaluate the seasonality of the abundance of these animals that use the
beaches of Arraial do Cabo, in the State of Rio de Janeiro, Brazil. Thus,
to execute the project, in addition to the performance of the bibliographic
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente
14
AYA Editora© DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.2
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
analysis based on scientific articles, the students went to Praia dos Anjos, Praia Grande and
Pontal do Atalaia to perform data capture and photos of the species Laurus dominicanus,
Sula leucogaster, Nannopterum brasilianus and Sterna hirundinacea.

Keywords: seabirds. Laurus Dominicanus. ecology.

INTRODUÇÃO

O trabalho avaliou a sazonalidade da abundância desses animais no litoral, visto que


atualmente existem apenas registros alusivos aos episódios de reprodução das aves nas
ilhas costeiras. O seu monitoramento é necessário para o desenvolvimento de estratégias
a favor da diminuição dos impactos humanos, além de servir para estudos a respeito das
alterações climáticas e ambientais do ecossistema e ser um bioindicador ecológico de
poluentes químicos e resíduos sólidos no meio ambiente. Portanto, podem existir potenciais
descobertas de espécies, até então desconhecidas em uma área, devido à proximidade do
Brasil com as áreas de reprodução no Hemisfério Sul, fazendo com que seja catalogado
um número maior de indivíduos provenientes do sul do continente, assim como aquelas do
Hemisfério Norte que realizam migração trans-equatorial no verão.

JUSTIFICATIVA

As regiões costeiras de Arraial do Cabo são habitats de grande importância ecológica,


mas carece de estudos abrangentes a respeito das aves que as habitam, com isso a falta
de conhecimento sobre a diversidade da ave e sua ecologia dificulta a implementação de
estratégias de conservação eficazes. Esta área pode abrigar aves costeiras ameaçadas
de extinção, cuja sobrevivência depende da preservação do seu habitat específico, desse
modo, identificar e documentar estas espécies é essencial para o planejamento de medidas
de conservação eficazes.

Ademais, as aves costeiras ocupam frequentemente ecossistemas sensíveis, como


praias, falésias e zonas de estuário, e estas localidades enfrentam uma pressão crescente
da urbanização, do turismo e das alterações climáticas. Portanto, é importante entender
como essas aves interagem com esses ambientes em mudança.

Além do aspecto científico, o projeto também é capaz de conscientizar a população


sobre a importância da biodiversidade local e da conservação dos ecossistemas costeiros,
podendo levar a um maior envolvimento da comunidade na proteção destes ambientes
em beneficio a esses animais por ser um excelente indicador da saúde dos ecossistemas
costeiros e marinhos. As mudanças nas populações ou no seu comportamento podem
refletir mudanças nos recursos naturais disponíveis, na qualidade da água e noutros
factores ambientais.

15
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
OBJETIVOS

O objetivo do presente trabalho é o levantamento estratégico de avifauna nas


regiões costeiras de Arraial do Cabo que possuem maior presença da ação antrópica para
identificação de espécies presentes nos territórios selecionados e possíveis ações humanas
que possam intervir na ausência da diversidade local.

Assim, foi desenvolvido com intuito de alcançar uma compreensão abrangente da


diversidade e ecologia das aves que habitam o ambiente costeiro desta região. Dessa
forma, o objetivo principal foi identificar e documentar as espécies de aves marinhas
costeiras presentes no local, envolvendo a caracterização detalhada das aves residentes,
migratórias e potencialmente ameaçadas que utilizam estes habitats.

Buscou-se quantificar a abundância relativa de cada espécie de ave ao longo das


diferentes áreas costeiras da região, a análise forneceu uma compreensão das preferências
de habitat e possíveis populações de aves ao longo da costa, assim como, avaliar as
interações entre as aves costeiras e os recursos marinhos locais, incluindo forrageamento,
nidificação e comportamentos relacionados. Esta análise fornece informações sobre as
relações ecológicas presentes nos ecossistemas costeiros e visa avaliar possíveis impactos
humanos e ambientais nas populações de aves costeiras, bem como analisar os efeitos de
fatores como a poluição e as alterações climáticas.

REFERENCIAL TEÓRICO

O Brasil é um país diverso em fauna e flora, tendo em sua diversidade biológica um


destaque importantíssimo na América do Sul, considerado um continente das aves e tendo
aproximadamente um terço das espécies de aves existentes na terra (CRBO, 2007).

As aves representam em sua totalidade um dos grupos mais diversos e belos


do mundo, em destaque pela sua aparência e os papéis que são atribuídos no equilíbrio
ecológico, na qual são de eximia importância na dispersão de sementes, polinização de flores,
além de auxiliar na reprodução de plantas e reagir no controle de pragas contaminantes.
(CIAMBELLI, 2008, p. 1).

Segundo Cardoso (2022): “é cada vez mais importante conhecer a biodiversidade


de uma região para ações de conservação e para avaliação do ambiente local [...]”. É
de conhecimento cada vez mais generalizado que ocorrem alterações constantes no
meio ambiente, sejam eles associados à clima, ação antrópica ou evoluções, assim, o
levantamento avifaunístico vem como ferramenta indispensável para coleta de dados
históricos de um determinado nicho ou ambiente e posteriormente utensilio de estudos nas
áreas onde o levantamento é aplicado. O estudo de diversidade da avifauna brasileira pode
contribuir e estimular novos profissionais e estudantes na área das ciências biológicas, nos
estudos de campo e sua execução. (CARDOSO, 2022).

A vida das aves marinhas nos oceanos é uma jornada desafiadora que requer
adaptações físicas, comportamentais e de sobrevivências únicas. Essas aves desenvolveram
estratégias notáveis para enfrentar os obstáculos impostos pelo ambiente marinho,

16
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
contribuindo de maneira significativa para a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas
marinhos. Um desses desafios é a sua alimentação. Os seres humanos indevidamente
oferecem alimentos prejudiciais à saúde desses animais, o que pode resultar em uma série
de riscos substanciais. Alimentos inadequados, como pão, salgadinhos e outros produtos
processados oferecidos por humanos, não fornecem os nutrientes necessários para as
aves marinhas. Isso pode resultar em deficiências nutricionais, enfraquecimento do sistema
imunológico e aumento da vulnerabilidade a doenças (NUNES et al., 2023). Além disso, a
alimentação por humanos pode levar as aves a dependerem desses alimentos em vez de
procurar por fontes naturais. Isso pode afetar negativamente suas habilidades de caça e
forrageamento, tornando-as menos aptas a sobreviverem na natureza, afetando o equilíbrio
natural do ecossistema. Por exemplo, se as aves deixarem de consumir suas presas naturais,
poderá haver um aumento descontrolado dessas presas, impactando outras espécies e o
ambiente como um todo.

A alta taxa de mortalidade de aves marinhas também se resulta devido à pescaria


de espinhel pelágico, uma técnica de pesca que envolve o uso de uma linha-mestra longa,
na qual são fixadas linhas secundárias equipadas com anzóis e iscas. Essa técnica é
frequentemente usada para capturar grandes predadores marinhos, como atuns, tubarões
e espadartes, que são alvos valiosos para a indústria pesqueira. No entanto, essa técnica
de pesca também tem um impacto significativo nas aves marinhas, especialmente nas
espécies como os albatrozes. As aves são atraídas pela isca e pelos peixes capturados
na linha e podem se enroscar nas linhas de pesca, resultando em captura incidental. Isso
ocorre porque muitas aves, como os albatrozes, voam atrás dos barcos pesqueiros em
busca de restos de comida ou iscas descartadas. (NUNES et al., 2023)

Outro fator existente na vida ameaçada das aves marinhas é a ingestão de lixo,
onde muitas das vezes o lixo marinho, especialmente o plástico, representa um grave
problema nos oceanos e tem impactos negativos diretos nas aves marinhas e em outros
animais, muitas aves confundem pedaços de plástico e outros detritos com alimento. O
plástico flutuante pode parecer com peixes ou outros itens alimentares, levando as aves a
ingerirem esses materiais por engano levando a saúde desses animais em uma situação
decadente, podendo causar obstrução no trato digestivo, o que leva a desnutrição e
enfraquecimento, fazendo com que as aves fiquem vulneráveis a outras doenças. Além
dos problemas físicos alguns plásticos contêm substâncias químicas tóxicas que podem
ser liberadas no organismo das aves marinhas após a ingestão. Essas substâncias podem
causar intoxicação e danos aos órgãos internos. (NUNES et al., 2023)

MÉTODOS

Área de estudo

O estudo foi realizado na Praia dos Anjos entre as coordenadas 22°58’31.57”S


42° 1’15.52”O e 22°58’23.12”S 42° 1’13.59”O,na Praia Grande entre 22°58’19.82”S 42°
1’56.54”O e 22°58’16.81”S 42° 1’58.77”O, na Praia do Forno entre 22°57’51.96”S 42°
0’49.95”O e 22°57’53.50”S 42° 0’52.00”O e no Pontal do Atalaia no ponto 22°59’13.11”S
42° 0’42.19”O, assim como em mar aberto, onde realizada prática de mergulho, nas

17
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
proximidades da coordenada 22°57’55.03”S 42° 0’3.06”O, em Arraial do Cabo, no Estado do
Rio de Janeiro, Brasil. O trabalho foi desenvolvido por caminhamento nas praias, navegação
e mergulho no ponto em alto mar, e por observação visual e registros fotográficos para
posterior identificação das aves.

Coleta de dados

Os registros foram feitos nos dias 23, 24 e 25 de setembro de 2022, durante a


temporada de mergulho. Primeiramente, se realizou o levantamento aproximadamente às
11:20 da manhã do dia 23/09 na Praia dos Anjos ao longo do percurso demarcado na
figura 1.1 obtendo um total de vinte e três indivíduos da espécie Laurus dominicanus e
um da espécie Nannopterum brasilianus. Logo, na Praia Grande, local marcado na figura
1.2, a partir da 15:30 desse mesmo dia, apontou-se dezesseis aves da espécies Laurus
dominicanus e onze da Sterna hirundinacea. No dia 24/09, a princípio, foram registrados
cinco espécimes de Gaivotão (Laurus dominicanus) e dezoito da espécie Sula leucogaster
por volta da 10 horas da manhã até às 13 horas na região marcada na figura 1.5, ponto em
que ocorreu o mergulho. Em seguida, em torno das 16 horas desse mesmo dia, apontou-
se apenas quatro indivíduos de Gaivotão (Laurus dominicanus). No domingo, dia 25/09,
próximo às 9 horas da manhã no local determinado na figura 1.4, na praia do Pontal do
Atalaia, se teve registro de quatro Atobás-pardo (Sula leucogaster) e nove de Gaivotão
(Laurus dominicanus).

Análise dos dados

Baseado na coleta de dados, é possível observar que apesar do grande número de


espécies presentes na fauna costeira, foram vistos e contabilizados poucos exemplares de
espécies que servem como bioindicadores, apontando uma grande influência humana nas
espécies de pássaros presentes no litoral.
Figura 1.1 - Área de estudo, localizada na Praia dos Anjos em Arraial do Cabo, RJ.

18
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
Figura 1.2 - Área de estudo, localizada na Praia Grande em Arraial do Cabo, RJ.

Figura 1.3 - Área de estudo, localizada na Praia do Forno em Arraial do Cabo, RJ.

Figura 1.4 - Área de estudo, localizada no Pontal do Atalaia em Arraial do Cabo, RJ.

19
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
Figura 1.5 - Área de estudo, localizado no local em que se realizou o mergulho
(22°57’55.03”S 42° 0’3.06”O).

Fig. 2.1. Gráfico do Levantamento de espécies de aves a partir do agrupamento por


localização.

Fig. 2.2. Gráfico do Levantamento a partir do agrupamento por espécies.

20
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados apresentados nos gráficos acima, conclui-se que a Praia dos
Anjos apresentou maior abundância de aves quando comparado as demais regiões costeiras
estudadas, sendo válido ressaltar que o percurso em que se realizou o levantamento
desses animais foi maior do que o feito em outros locais. Vale ressaltar que, o número de
indivíduos de Laurus dominicanus foi superior às demais espécies por provavelmente se
tratar de uma ave com dieta generalista e oportunista se alimenta de peixes, moluscos,
artrópodes ou até mesmo resíduos humanos como restos de alimentos. Com isso, como as
regiões estudadas são utilizadas por banhistas que, muitas vezes, oferecem alimentos de
consumo próprio a esses animais, permitindo que se crie uma relação de aproximação e
aproveitamento por parte das gaivotas. Ademais, elas se aproveitam dos e resíduos gerados
pelos frequentadores das praias – segundo um estudo publicado em 27 de Dezembro
na revista científica Archives of Environmental Contamination and Toxicology, cientistas
encontraram muitos resíduos, desde plásticos a pedaços de metal e vidro em estômagos
de quarenta e um animais, podendo provocar problemas no trato digestivo como úlceras
e infecções, além de, substâncias liberadas pelo plástico após a sua ingestão interferir no
sistema endócrino. Pode se afirmar, também, que o número superior de indivíduos dessa
espécie é devido ao seu período de reprodução, caracterizado pelo deslocamento dessas
aves para ilhas, demarcação de território e construção dos ninhos no solo, ocorrendo de
março a setembro, seguido da redução deste comportamento em outubro e ausência das
gaivotas a partir de dezembro.

Em segundo plano, temos o registro de um grande número de indivíduos da espécie


Atobá-pardo (Sula leucogaster), principalmente na região costeira próximo ao alto mar, em
razão aos hábitos reprodutivos dessa espécie, que nidifica na Ilha dos Franceses e se
alimenta em águas próximas às colônias reprodutivas, em razão da área estudada ser
diretamente influenciada pelo fenômeno de ressurgências, em que ocorre o aumento da
produtividade biológica local após ser conduzida para a superfície do mar a partir das águas
frias e ricas em nutrientes.
Figura 3.1 - Gaivota adulta (Laurus dominicanus) na Praia dos Anjos, em Arraial do Cabo,
RJ.

21
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
Figura 3.2 - Gaivota jovem (Laurus dominicanus) na Praia Grande, em Arraial do Cabo,
RJ.

Esses animais precisam encontrar muito alimento para realizarem a postura dos
ovos ou, aqueles que já possuem filhotes, necessitam nutrir a cria em um curto espaço de
tempo para garantir o bom desenvolvimento de sua prole, assim como, a si mesmos por se
reproduzirem ao longo de todo o ano (COELHO et al., 2004). Observou- se que, o Laurus
dominicanus se mantinha próximo às colônias reprodutivas do Atobá-pardo (S. leocogaster)
pelo hábito cleptoparasita, por conta da pressão competitiva no mesmo ambiente de outras
espécies. É valido constatar que, em ambas as espécies se obsevou indivíduos jovens
juntamente com os adultos.

A respeito das espécies Nannopterum brasilianus e Sterna hirundinacea, com base


nos registros feitos, estas tiveram baixa frequência e foram pouco abundantes. No caso
do Trinta-réis-de-bico-vermelho (S. hirundinacea), trata-se de uma espécie que nidifica
principalmente na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e ao longo da região costeira
do Espírito Santo (YORIO et al., 2008), bem como, sua baixa abundância está relacionada
à exclusão competitiva contra o Atobá-pardo (S. leucogaster) pois, estes possuem maior
tamanho corporal em comparação ao Trinta-réis (S. hirundinacea), por causa disso,
são exclusos de regiões com maior disponibilidade de alimento sendo obrigados a se
alimentarem em áreas menos produtivas (BALLANCE, 1997). Enquanto, que o Mergulhão
(Nannopterum brasilianus) foi visto apenas no momento em que se alimentava de forma
solitária, assim, mergulhando a partir da superfície da água e perseguindo sua presa. Esse
hábito alimentar deve-se à sua característica como bom nadador, preferindo águas mais
profundas para conseguir seu alimento (MORRISON, 1979). Vale acentuar que, sua baixa
incidência durante a coleta de dados afere-se com a época de reprodução desses animais,
quando se encontram nas colônias reprodutivas (QUINTANA, 2004), normalmente ocorre
em abril até junho.

22
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, conclui-se que os hábitos alimentares e os períodos reprodutivos inferem


no resultado do estudo. Por essa razão, a espécie Laurus dominicanus foi mais abundante
em comparação as outras. Vale acrescentar que, por conta da urbanização próximo ao litoral
em Arraial do Cabo, assim como a presença humana durante a estação de verão devido o
turismo, o lixo e materiais de pesca presentes na coluna da água ameaçam a integridade
desses animais, sendo frequentemente alvos da captura incidental – visto que a cidade
possui comunidades pesqueiras ativas – além da ingestão de resíduos que prejudicam sua
saúde. Sendo assim, é necessário ser feito novos levantamento da avifauna durante um
período maior, para avaliar como esses fatores podem alterar a composição das espécies
de aves marinhas costeiras.

REFERÊNCIAS

As imagens são de autoria própria. Projeto Aves Marinhas - UNIVALI - Dsponível em: <http://
avesmarinhas.com.br/trinta_reis_bv.ht m> Acesso em: 09/11/2022

SIGRIST, T. Avifauna Brasileira: The avis brasilis field guide to the birds of Brazil, 1ª edição,
São Paulo: Editora Avis Brasilis, 2009. Disponivel em: <https://www.wikiaves.com.br/wiki/bigua>
Acesso em: 09/11/2022

CLEMENTS, J. F.; The Clements Checklist of Birds of the World. Cornell: Cornell University
Press, 2005. <https://www.wikiaves.com.br/wiki/gaivotao> Acesso em: 09/11/2022

BRANCO, Joaquim Olinto, Luis Augusto Ebert. Estrutura populacional de Larus dominicanus
Lichtenstein, 1823 no estuário do Saco da Fazenda, Itajaí, SC. Disponívelem <http://www.
avesmarinhas.com.br/20.pdf> Acesso em: 09/11/2022

DANTAS, Gisele Pires de Mendonça. Biologia Reprodutiva, estrutura populacional e variabilidade


genética de Larus dominicanus(Resumo Original). Tese de Doutorado, Universidade de São
Paulo, 2007. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41131/tde-19122007-
142419/> Acesso em: 07/11/2022

CARDOSO, Reinaldo Côrrea Júnior Côrrea Júnior et al. Métodos de levantamentos quantitativos e
qualitativos da avifauna. Caderno Intersaberes, v. 11, n. 35, p. 96-110, 2022.

CIAMBELLI, Ciamara Perroni. Levantamento de aves e sua contribuição para a recuperação da


Floresta Estadual de Botucatu–Botucatu/SP. 2008.

CBRO. 2007. Lista das aves do Brasil. 6ª edição (16 de agosto de 2007). Comitê Brasileiro. de
Registros Ornitológicos, Sociedade Brasileira de Ornitologia.

COELHO, E.P., Alves, V.S., Soares, A.B.A., Couto, G.S., Efe, M.A., Ribeiro, A.B.B.,Vielliard, J.,
Gonzaga, L.P., 2004. O atobá– marrom (Sula leucogaster) na Ilha de Cabo Frio, Arraial do Cabo,
Rio de Janeiro, Brasil. p. 233–254. In: Aves marinhas e insulares brasileiras: bioecologia e
conservação (Organizado por Joaquim Olinto Branco). Ed. UNIVALI, Itajaí, SC.

BIRDLIFE INTERNATIONAL. 2012. Spotlight on seabirds. Disponível em: <http://www.birdlife.org/


datazone>. Acesso em: 01/11/2022

23
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
BIRDLIFE INTERNATIONAL. 2018. Species factsheet Larus dominicanus. Disponível em <http://
www.birdlife.org> Acesso em: 01/11/2022

BRANCO, J.O. 2004. Aves marinhas das Ilhas de Santa Catarina. p.15–36 In: Aves marinhas e
insulares brasileiras: bioecologia e conservação (Organizado por Joaquim Olinto Branco). Ed.
UNIVALI

YORIO, P. A. B. L. O., & Bertellotti, M. 2002. Espectro trófico de la gaviota cocinera (Larus
dominicanus) en tres áreas protegidas de Chubut, Argentina. Hornero 17:91–95

TAVARES, D. C., da Costa, L. L., Rangel, D. F., de Moura, J. F., Zalmon, I. R., & Siciliano, S.
2016a. Nests of the brown booby (Sula leucogaster) as a potential indicator of tropical ocean
pollution by marine debris. Ecological indicators 70:10– 14.

SILVEIRA, L. F.; UEZU, A. Checklist das aves do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica,
São Paulo, v. 11, n. 1, p.1- 28.

RANGEL, Danilo Freitas; TAVARES, Davi Castro, et al. Composição e abundância de aves
marinhas costeiras em Arraial do Cabo, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Laboratório de
Ciências Ambientais, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ.
Department of Theoretical Ecology and Modelling, Leibniz Centre for Tropical Marine Research,
Bremen, Germany.

PETRY, Maria Virginia, et al. Ocorrência, alimentação e impactos antrópicos de aves marinhas
nas praias do litoral do Rio Grande do Sul, sul do Brasil. Programa de Pós-Graduação em
Biologia: Diversidade e Manejo de Vida Silvestre, Laboratório de Ornitologia e Animais Marinhos,
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Avenida Unisinos, 950, Cristo Rei, CEP 93022-
000, São Leopoldo, RS, Brasil.

PIACENTINI, V.Q., A. Aleixo, C.E. Agne, G.N. Mauricio, J.F. Pacheco, G.A. Bravo, G.R.R. Brito,
L.N. Naka, F. Olmos, S. Posso, L.F. Silveira, G.S. Betini, E. Carrano, I. Franz, A.C. Lees, L.M.
Lima, D. Pioli, F. Schunck, F.R. Amaral, G.A. Bencke, M. Cohn–Haft, L.F.A. Figueiredo, F.C.
Straube & E. Cesari 2015. Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological
Records Committee / Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros
Ornitológicos. Revista Brasileira de Ornitologia.

INEA. 2016. Histórico dos Boletins de Balneabilidade das Praias de Arraial do Cabo.Disponível
em: Http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/doc uments/document/zwew/mte0/~edisp/inea011
4681.pdf>

TELFAIR II, R.C, And M.L. Morrison. 2005. Neotropic Cormorant (Phalacrocorax brasilianus).
In: A. Poole (Ed.). The Birds of North America Online. Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, NY.
Disponível em <http://bna.birds.cornell.edu/BNA/ account/NeotropicCormorant/>.

DA SILVA, G. L., Dourado, M. S., Candella, R. N., & Sharples, D. J. 2006. Estudo preliminar da
climatologia da ressurgência na região de Arraial do Cabo, RJ.

QUITANA, F. 2004. Diving behaviour and foraging areas of the Neotropic cormorant at the marine
colony in Patagonia, Argentina. Wilson Bulletin 116: 83–88.

BALLANCE, L. T., Pitman, R. L., & Reilly, S. B. 1997. Seabird community structure along a
productivity gradient: the importance of competition and energetic constraint. Ecology 78 (5):1502–
518.

24
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 02
MOURA, J. F., Tavares, D. C., Lemos, L. S., Acevedo–Trejos, E., Saint’Pierre, T. D., Siciliano, S., &
Merico, A. 2018. Interspecific variation of essential and non–essential trace elements in sympatric
seabirds. Environmental Pollution 242: 470–47.

NUNES, Guilherme Tavares, et al. AVES MARINHAS NO BRASIL: DESAFIOS PARA A


CONSERVAÇÃO. Oecologia Australis.

25
Capítulo Toxicidade da aflotoxina
B1 no organismo humano –

03
distúrbios gástricos ao câncer
hepatocelular: revisão da
literatura
Toxicity of aflotoxins in the
human body - gastric disorders
to hepatocellular cancer:
literature review
Daniel Ben Judah Melo de Sabino
Faculdade Anhanguera de Brasília, Taguatinga Sul, Taguatinga. Brasília, DF. http://
lattes.cnpq.br/1193536437502603
Gregório Otto Bento de Oliveira
Faculdade Anhanguera de Brasília, Taguatinga Sul, Taguatinga. Brasília, DF. Instituto
Gregório Otto ME, Vicente Pires. Brasília, DF. http://lattes.cnpq.br/8523196791970508
Ikaro Alves de Andrade
Universidade de Brasília – Darcy Ribeiro, Brasília, DF. Faculdade Anhanguera de Brasília,
Taguatinga Sul, Taguatinga. Brasília, DF. http://lattes.cnpq.br/9506665216259271
Alexandre Pereira dos Santos
Centro Universitário ICESP, Brasília, DF. http://lattes.cnpq.br/2750971103839625
Nádia Carolina da Rocha Neves
Faculdade Anhanguera de Valparaíso, Valparaiso, GO. Secretaria de Assistência
Social, Valparaiso, GO. http://lattes.cnpq.br/4367958882373418
Jackson Henrique Emmanuel de Santana
Faculdade Anhanguera de Brasília – Unidade Taguatinga, Taguatinga, DF. http://lattes.
cnpq.br/0551045014158520
Alexandra Barbosa da Silva
Instituto de Gestão e Estratégia do Distrito Federal/IGESDF, Brasília, DF. Centro
Universitário do Distrito Federal – UDF, Brasília, Brasília, DF. http://lattes.cnpq.
br/4181218123122680
Scarlat Goulart Ramos dos Anjos
Centro Universitário do Distrito Federal – UDF, Brasília, Brasília, DF. Laboratório de
Bioquímica e Química de Proteínas, Instituto de Biologia, Universidade de Brasília (UnB).
https://lattes.cnpq.br/5941411531041517
Camille Silva Florencio
Faculdade Anhanguera de Brasília – Unidade Taguatinga, Taguatinga, DF. http://lattes.
cnpq.br/1920409655879399
Marcela Gomes Rola
Faculdade Anhanguera de Brasília – Unidade Taguatinga, Taguatinga, DF. ttp://lattes.
cnpq.br/5551200316101130

Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente


26
AYA Editora© DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.3
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
RESUMO

A aflatoxina é uma micotoxina produzida por fungos do gênero Aspergillus, são fungos com
predominância em climas quentes e úmidos, além disso, possuem afinidade por grãos. A
exposição às aflatoxinas ocorre através da ingestão de alimentos contaminados pelo fungo
e inevitavelmente, sua toxina. As consequências dessa contaminação acarretam diversas
complicações no organismo, que pode variar desde um distúrbio no sistema digestório
podendo levar a óbito em casos agudos, em casos crônicos, o surgimento do carcinoma
hepatocelular provocado pelo adulto AFB1-N7-Gua que ocasiona em uma alteração no
nucleotídeo Guanina. As pesquisas feitas a respeito do tema “aflastoxinas” destacam-se
como tema a saúde sanitária e o agronegócio, pois o contágio por essa substância está
ligado diretamente a alimentação humana, e a alimentação dos animais que por sua vez,
destinados à alimentação humana, podendo ser expostos à toxina e albergar a variante
AFM (Aflatoxina M) em seu organismo. O capítulo proporciona um amplo discussão em
conceituar, compreender, descrever os mecanismos de ação da toxina e abordar suas ma-
nifestações clínicas.

Palavras-chave: Aflatoxina B1. Carcinoma hepatocelular. aspergillus. toxicidade. efeitos


tóxicos.

ABSTRACT

Aflatoxin is a mycotoxin produced by fungi of the genus Aspergillus. These fungi predomi-
nate in hot and humid climates and have an affinity for grains. Exposure to aflatoxins occurs
through eating food contaminated by the fungus and, inevitably, its toxin. The consequences
of this contamination lead to various complications in the body, which can range from a dis-
turbance in the digestive system that can lead to death in acute cases to, in chronic cases,
the appearance of hepatocellular carcinoma caused by the AFB1-N7-Gua adduct, which
causes an alteration in the Guanine nucleotide. The research carried out on the subject of
“aflastoxins” stands out as a health and agribusiness issue, since the spread of this substan-
ce is directly linked to human food, and the feeding of animals which, in turn, are destined
for human food, and can be exposed to the toxin and harbor the AFM (Aflatoxin M) variant
in their bodies. The chapter provides a broad discussion on conceptualizing, understanding,
describing the toxin’s mechanisms of action and addressing its clinical manifestations.

Keywords: Aflatoxin B1. hepatocellular carcinoma. aspergillus. toxicity. toxic effects.

INTRODUÇÃO

As aflatoxinas, são micotoxinas que são resultantes do metabolismo dos fungos


do gênero Aspergillus (A. flavus e A. parasiticus, são os mais conhecidos), eles se
desenvolvem em ambientes de clima quente e úmido e possuem afinidade por grãos
(como milho, arroz, feijão e trigo) e oleaginosas (como amendoim, nozes e castanhas). Há
estudos que levantam a hipótese de associação causal entre a ingestão de aflatoxinas e o
desenvolvimento de doenças. As consequências da intoxicação por aflatoxinas, abordando
as intoxicações agudas e crônicas, sua interação com as células do organismo e tratar de

27
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
seus efeitos tóxicos no corpo humano. Os estudos relacionados à aflatoxina, tiveram seu
início na década de 1960 na Inglaterra, após um evento que resultou na morte de mais de
100.000 perus, as aves apresentavam sintomas, como perda de apetite, diminuição da
mobilidade, fraqueza nas asas, pernas e lesões necróticas que apareciam no fígado. Após
uma investigação, os pesquisadores concluíram que os sintomas apresentados pelas aves
decorriam da ingestão que elas faziam das rações contaminadas pelo fungo. Os veterinários
e cientistas ingleses batizaram-na de doença “X”.

A ingestão de aflatoxina é um problema de saúde pública, pois nos alimentos


pode passar despercebida ou causar desconforto, como náuseas, quando em pequenas
quantidades. Se o consumo for crônico, pode promover a ocorrência de carcinoma
hepatocelular. Em contrapartida, comer alimentos altamente contaminados produzirá efeitos
tóxicos no fígado, causando necrose. Esse padrão de ingestão caracteriza a intoxicação
aguda, também conhecida como aflatoxicose. Pesquisas mais recentes mostram que
existem cerca de 17 compostos de aflatoxina, no entanto, os de interesse médico e sanitário
são denominados como B1, B2, G1 e G2. A intoxicação por aflatoxinas ocorre via ingestão
de alimentos contaminados. A atenção dada por órgãos de fiscalização sanitária deve-se ao
fato de a aflatoxina ser resistente a altas temperaturas. Embora graves, não ocorrem com
muita frequência, todavia, a literatura se concentra nos danos causados na saúde humana
por consumir alimentos contaminados por essas toxinas, demonstrando a importância do
controle dessas substâncias em alimentos.

Com base nisso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2006


estabeleceu especificações de contaminantes de alimentos e limites máximos permitidos
para aflatoxina em leite líquido, leite em pó, amendoim, manteiga de amendoim, grãos de
milho e fubá: 20 μg/kg. Sendo que a presença de micotoxinas nos alimentos é um problema
de saúde pública que precisa ser amplamente divulgado, para que as pessoas tenham
conhecimento da presença dessas toxinas nos alimentos e possam consumir alimentos
de melhor procedência, não colocando em risco sua saúde. A contaminação dos alimentos
ocorre principalmente se não forem colhidos, armazenados e preparados adequadamente.

CONCEITUANDO AFLATOXINA – ESPÉCIES E GÊNEROS

As aflatoxinas são metabólitos secundários e figuram entre as principais classes de


micotoxinas e são produzidas por quatro espécies de fungos do gênero Aspergillus. Essas
espécies são A. flavus, A. parasiticus, A. nomius e A. pseudotamarii. Das quatros espécies do
gênero, apenas A. flavus e A. parasiticus são os mais comumente pesquisados (OLIVEIRA
e GERMANO, 1997; MARTINS, 2014). Com pesquisas atuais, acredita-se que a existência
das aflatoxinas varia entre 16 e 18 compostos denominados de aflatoxinas, mas o termo na
maioria das vezes refere-se a quatro complexos do grupo cumarínico-difurano, dos quais
são pertencem as aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 (OLIVEIRA E GERMANO, 1997; MARTINS,
2014; TOTTA, 2016). Estas quatro substâncias distinguem-se pela sua cor de fluorescência
sob luz UV: B corresponde ao azul (“Blue” termo vindo do inglês) e G corresponde ao verde
(do inglês “Green”) (BAQUIÃO, 2012).

Casos de aflatoxicoses que acontecem naturalmente ocorrem quando os animais

28
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
são alimentados com dietas contaminadas por aflatoxina B1 e B2 e, ao realizar o metabolismo
corporal, excretam seus metabólitos conhecidos como aflatoxina M1 e M2 no leite e na
urina (MALLMANN et al., 1994; FERREIRA et al., 2006).

A aflatoxina B1 (AFB1) é a toxina mais potente, seguida por B2 G1, e G2. Da mesma
forma, no campo da saúde pública, a aflatoxina tem sido identificada como fator etiológico
do câncer de fígado em humanos, causado pela ingestão de alimentos contaminados
(OLIVEIRA E GERMANO, 1997)

Segundo Amoras e Costa (2021), as aflatoxinas são descritas na literatura como


substâncias cristalinas amarelo-claro ou incolores, são levemente solúveis em água e
em solventes como clorofórmio, dimetil sulfóxido e/ou metanol. Apresentam também
propriedades termoestáveis, ou seja, são resistentes a temperaturas elevadas (>100
°C). Essas substâncias também são caracterizadas pelo seu baixo peso molecular, e
propriedades lipofílicas, isso facilita sua rápida absorção via ingestão.

As aflatoxinas em sua estrutura química possuem um núcleo central de cumarina


ligado ao furano. As aflatoxinas do grupo B, têm um anel de ciclopentona e a diferença entre
B1 e B2 está na ligação dupla no carbono 15’. As do grupo G contêm um anel de lactona
e se distinguem por uma ligação dupla no carbono 15’. As aflatoxinas do grupo M, exibem
hidroxilação na posição 14’ (AMORAS E COSTA, 2021).
Figura 1 - Fórmula estrutural das aflatoxinas dos grupos B e G.

Fonte: Schneider e Mostardeiro (2007).

MECANISMO DE AÇÃO DA AFLATOXINA

De acordo com Totta (2016), a aflatoxina (AFB1) quando é ingerida, passa pela
biotransformação, que é um processo pelo qual o corpo transforma substâncias estranhas
(xenobioticos) em substâncias derivadas (metabolitos), ou seja, é um processo em que a
substância original é modificada para ser descartado desde o momento da sua absorção.
AFB1 requer ativação do metabolismo para manifestar sua carcinogenicidade.

Logo após a ingestão de AFB1, ela é absorvida ativamente pelo sistema porta e

29
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
biotransformada antes da sua excreção por completo pelas vias urinária e fecal (TOTTA,
2016).

A AFB1 é encontrada no fígado e, em menor grau, no rim sendo também encontrada


no sangue venoso mesentérico como AFB1 livre ou na forma de metabolitos solúveis em
água (TOTTA, 2016)

A aflatoxina B1 (AFB1) é metabolizada no fígado através das enzimas microssomais


do sistema de funções oxidases mistas que compreende o citocromo P450 (CYP450).
Após a ação dessas enzimas, a AFB1 é transformada no reativo 8,9-epóxido, existindo
como dois estereoisômeros, exo e endo. O exo-8,9-epóxido ou AFB1-8,9-exo-epóxido é a
forma ativada da aflatoxina, e possui uma grande afinidade de ligação ao DNA, levando a
formação do adulto 8,9-dihidro-8-(N7guanil) -9-hidroxi-AFB1 (AFB1-N7-Gua), que ocasiona
em mutações no DNA. A forma epóxida da aflatoxina está envolvida em outras vias também,
como: fusão com glutationa (GSH) catalisada pela Glutationa-S-Trasnferase (GST) e
posteriormente excretada como AFB-marcapturato; esta via é extremamente importante
para a desintoxicação de AFB1 como agente carcinogênico, mesmo que a diminuição de
GHS possa levar a elevados níveis de espécies reativas de oxigênio provocando danos
oxidativo; conversão enzimática e não enzimática em AFB1-8,9-dihidroxidiol, que pode ser
posteriormente convertido na forma dialdeído. O dialdeído de aflatoxina pode ser excretado
através da urina como dialcool por ação da aflatoxina aldeído redutase (AFAR) ou pode
se ligar a proteínas, como a albumina; ligação a outras macromoléculas como proteínas
ou RNA, causando desregulação das funções celulares normais e inibição da síntese de
proteínas, DNA e RNA (MARCHESE et al., 2018).

Durante o processo de biotransformação a AFB1 sofre uma hidroxilação, que leva


a formação de metabólitos mais polares e com baixa toxicidade, como a aflatoxina M1
(AFM1) e aflatoxina Q1 (AFQ1). AS isoenzimas CYP1A2 e CYP3A4 são responsáveis pela
ativação da AFB1. O CYP3A4 é responsável pela formação do AFB1-exo-8,9-epóxido e de
pequenas quantidades de AFQ1, em contrapartida o CYP1A2 leva tanto ao exo - e endo-
8,9-epóxido quanto ao AFM1 hidroxilado (MARCHESE, SILVIA et al., 2018).
Figura 2 - Metabolismo da aflatoxina.

Fonte: (Adaptado: OLIVEIRA, 2023) MARCHESE, Silvia et al., 2018.

30
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
Figura 3 - Metabolismo da aflatoxina B1 no fígado.

Fonte: (Adaptado: OLIVEIRA, 2023; MALLMANN et al., 1994

A epoxidação da AFB1 é o estágio que o poder neoplásico da toxina é ativado e,


portanto, desencadeia o processo de carcinogenênese. A eletroafinidade do AFB1-8,9-exo-
epóxido pelas bases purinas faz com que ele se ligue covalentemente ao DNA na posição
N7 do nucleotídeo Guanina (G) levando a formação do aduto AFB1-N7-Gua. Essa união
promove a depurinação, causando a formação de sítios apurínicos, a mutação é identificada
como sendo transverção G→T no local do aduto original. Além disso, a mutação afeta
localizações especificas dos pares de bases, isso mostra uma seletividade para as bases
guanina com uma guanina ou com uma citosona (C) como base 5’ especificamente na
terceira base do códon 249 do éxon 7 do gene p53 (MARCHESE, SILVIA et al., 2018).

A ligação da AFB1 à guanina altera a estrutura do DNA, assim, sua atividade biológica
é alterada, propiciando a mutagenicidade e carcinogenicidade da AFB1. Os adultos AFB1-
N7-guanina são instáveis e sofrem uma rápida depurinação. Como isso, os sítios apurínicos
vazios na molécula de DNA tendem a ser preenchidos com adenina o que leva à conversão
de guanina em timina. Essa mudança nas sequências nucleotídicas causada pela AFB1 é
permanente, o que viabiliza a hepatocarcinogênese (TOTTA, MAURICIO de ROSA., 2016).

Cobaias, ex.: ratos, expostos a aflatoxina sofreram mutação no oncogene c-KRAS


e a ativação do proto-oncogene HRAS humano foi relatada in vitro o que sugere um
envolvimento desses genes na tumorigênese relacionados à ABF1 (MARCHESE, SILVIA
et al., 2018).

Conforme o processo de desintoxicação se dar pelo envolvimento das enzimas


GST (glutationa-s-transferase) e o epóxhidrolase (EPHX). A glutationa-s-trasferase medeia
à ligação da glutationa reduzida (GSH) com os reativos endo e exoepóxido para formar
o conjugado AFB1-SG, que pode ser excretado através da urina na forma de ácido
mecarptúrico-AFB. A junção eficiente de AFB18,9-exo-epóxido com a glutationa através
de GST-α, se relaciona com maior resistência a mutagenicidade causada pela AFB1 em
comparação com outras espécies suscetíveis, como o rato. Os humanos têm menor atividade
de GST para conjugação de AFB1-epóxido do que ratos e camundongos, sugerindo uma
menor capacidade de desintoxicação (VENEGAS, GUERRA e NAVAS., 2013).

31
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
O EPHX diminui através da hidrolise os níveis de exo e endoepóxido de AFB1,
gerando AFB1-8,9-dihidrodiol, que ao abrir o anel dar origem ao íon fenolato-dialdeído
(AFB1-dialdeído) e se une ao grupo amino das proteínas. Por outro lado, AFB1-dialdeído
pode ser um substrato para a AFB1-dialdeído redutase (AFAR) produzindo aflatoxina-
dialcool, que é excretado através da urina na forma de dialcool ou monoálcool (VENEGAS,
GUERRA e NAVAS, 2013).

MANIFESTAÇÕES CLÍNICA DA AFB1

A exposição à aflatoxina pode ocorrer através da ingestão de alimentos


contaminados, ela pode ser absorvida pele ou da inalação da substância suspensa o ar.
O quadro clínico que caracteriza a intoxicação por aflatoxina se chama “aflatoxicose” e ela
pode se manifestar em duas formas: aguda ou crônica (AMORAS e COSTA, 2021).

A aflatoxicose aguda ocorre após a ingestão de níveis elevados de aflatoxina e seus


sintomas podem aparecer no período de aproximadamente 6 horas após a intoxicação,
provocando depressão, inapetência, presença de sangue nas fezes, tremores musculares,
incoordenação motora com hipertermia (até 41°C), podendo levar à morte nas próximas
12-24 horas. Em intoxicações subagudas, o organismo é exposto à níveis moderados de
aflatoxina, os sinais clínicos são de evolução mais lenta, observando-se cerdas eriçadas,
hiporexia (perda de apetite), letargia e depressão. Em animais os sintomas podem apresentar
aspecto ictérico, encontram-se desidratados e emaciados, com áreas de coloração vermelho
púrpura na pele, além de perda progressiva de peso. A aflatoxicose crônica é caracterizada
pela exposição à níveis baixos de alfatoxina por um longo período e apresenta sintomas
como diminuição no ganho de peso e redução da conversão alimentar, inapetência, má
aparência geral, diarreias, sinais de ataxia, icterícia e, às vezes, convulsões (AMORAS e
COSTA, 2021; DILKIN e MALLMANN, 2004).

Em estudos experimentais comprovam esses efeitos em algumas espécies in vitro


e in vivo. A aflatoxina em ratos, além dos efeitos hepatotóxicos, também apresenta um efeito
neurotóxico, pois afeta o nervo ciático promovendo a degeneração Walleriana na bainha de
mielina. Em cães o quadro clínico de intoxicação inclui sintomas como: diarreia, anorexia,
melena, vômito, coagulopatia depressão, icterícia e morte súbita. Em caso de intoxicações
agudas sinais clínicos de hepatite são desencadeados (AMORAS e COSTA, 2021).

Em seres humanos a forma aguda da intoxicação por AFB1 causa tremores


musculares, hematoquezia (sangue nas fezes), degeneração gordurosa no fígado, necrose
lobular com incremento de células basofílicas na periferia do lóbulo, proliferação dos ductos
biliares e cirrose, diminuição do tempo de coagulação sanguínea, podendo observar-se
coleções líquidas sanguinolentas nas cavidades bem como em mucosas e hemorragias
em massas musculares. E em casos extremos pode levar à morte. Na forma crônica,
seus principais sintomas são descritos como teratogênico, carcinogênico, mutagênico e
hepatotóxico (AMORAS e COSTA, 2020; DILKIN e MALLMANN, 2004).

Em aves a exposição à toxina leva a distúrbios digestivos, pois causa uma má


absorção das rações, esteatorréia acompanhada por uma diminuição nas atividades
específicas e totais da lipase pancreática, principal enzima digestiva das gorduras, e pela

32
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
diminuição dos sais biliares, necessários tanto para a digestão como para a absorção
de gorduras, esteatose hepática, palidez extrema das mucosas e pernas, diminuição
na produção de ovos. A aflatoxina também causa alterações no tamanho dos ovos e
proporcionalmente no tamanho da gema, devido aos prejuízos causados na síntese proteica
e lipídica, e dificulta a eclosão dos ovos. A postura da ave é afetada dentro de 14 dias após
a exposição (DILKIN e MALLMANN, 2004).

Alterações macroscópicas

Após 6 horas da intoxicação aguda o fígado apresenta uma alteração na cor,


coloração pálido-bronzeada com aparência de “cozido”. Após 12 horas a superfície do órgão
apresenta pontos vermelhos com 1 mm de espessura, no jejuno e íleo podem aparecer
hemorragias disseminadas com sangue livre no lúmen. Nas áreas retais apresenta condições
de hiperemia com sangue livre no lúmen do íleo, ceco e cólon. Da mesma forma, existe a
possibilidade de sangramento dentro do coração, nas regiões subpericárdica e endocárdica.
Na vesícula biliar pode ser observado edema e fluido na submucosa, muscular e serosa.
Líquido pericárdico e peritoneal, formação de nódulos, sangramento gástrico, icterícia e
sangramento intestinal podem ser observados. A nível renal a toxina pode ocasionar em
palidez e hipertrofia nos rins (MALLMANN et al., 1994).

Alterações microscópicas

Nas intoxicações agudas as principais alterações acontecem à nível hepático,


como desorganização de cordões e hepatócitos com citoplasma granular e vacúolos dentro
de 3h após a intoxicação. Dentro de 6 h, as células podem inchar levando ao estreitamento
dos sinusóides com o aparecimento de pequenos focos de necrose. Após 12h podem ser
observados pontos de necrose, maiores que 150µ de diâmetro, com infiltração de linfócitos
e neutrófilos. 24h após a intoxicação observa-se uma severa congestão centrolobular
acompanhada com uma grave necrose nos hepatócitos e hemorragia no Espaço de
Disse. Nos casos crônicos, observa-se aparição de vacúolos nos hepatócitos, colestase
e hiperplasia das vias biliares. Observa-se também infiltração gordurosa, fibrose além da
necrose centrolobular (MALLMANN et al., 1994).

Doenças relacionadas

A aparição de doenças relacionadas à AFB1 é descrita desde o seu descobrimento


em 1960, através de pesquisas epidemiológicas e experimentos in vivo e in vitro. O quadro
clínico mais comum é o surgimento de câncer hepatocelular, mas existem estudos que
relatam o surgimento de câncer em outros órgãos e até apontam uma relação entre o HBV
e os efeitos da AFB1.

Câncer hepatocelular

Carcinoma hepatocelular (CHC) é o câncer primário do fígado, o que significa um


câncer que começa nas principais células do fígado, os hepatócitos. Como outros cânceres,
ocorre quando há uma mutação nos genes de uma célula que faz com que ela cresça
fora de controle. Essa mutação pode ser causada por agentes externos, como o vírus da

33
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
hepatite, ou por replicação celular excessiva, como a replicação crônica na hepatite crônica
(GOMES et al., 2013).

Os dados epidemiológicos sobre CHC em cerca de países como Brasil e Portugal


ainda são escassos e dispersos, o que dificulta a organização e o planejamento de ações
efetivas de promoção da saúde. No Brasil, na cidade de São Paulo, segundo dados
divulgados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a incidência de câncer primário de fígado
é de 2,07/100.000 habitantes. A média de idade dos pacientes foi de 54,7 anos e anos com
relação homem/mulher de 3,4:

1. A sensibilidade ao HbsAg foi de 41,6%; para anti-HCV é 26,9%; bebedores


crônicos, 37%; e cirrose, 71,2% 0,5 (GOMES et al., 2013).

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento do CHC são infecção por


HBV e HCV, doença hepática relacionada ao álcool, exposição à aflatoxina e principalmente
doença hepática gordurosa não alcoólica. Causas menos comum incluem a hemocromatose
hereditária (HH), deficiência de Alfa1Antitripsina, hepatite autoimune, certa porfiria e doença
de Wilson (GOMES et al., 2013).

As aflatoxinas, especialmente a aflatoxina B1 (AFB1), são potentes carcinógenos


hepáticos produzidos por fungos (Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus), contaminantes
comuns em cereais em conserva. Uma mutação genética induzida por AFB1 no códon 29
no eixo 7 do gene supressor de tumor TP53 (conversão de G-C para T-A) foi identificada
e correlacionada positivamente com a exposição à aflatoxina em meta-análises, incluindo
9 estudos. Além disso, aflatoxinas são sinérgicas com a infecção crônica pelo HBV para
desenvolver HCC (GOMES et al., 2013).

Em 2002 AFB1 foi indicado como pertencente ao Grupo 1 dos carcinogênicos, pois
ela provoca a formação de adultos no DNA que cooperam para a formação de câncer
de fígado. Cerca de 4,6 – 28,2% dos casos de carcinoma hepatocelular no mundo são
atribuídos a exposição à AFB1. Além disso, o vírus da hepatite B (HBV) aumenta o risco de
CHC em 30 vezes em pessoas expostas ao AFB1. A exposição a altas concentrações pode
causar hepatite aguda e a exposição crônica pode levar ao desenvolvimento de câncer de
fígado. Alguns autores avaliam a correlação entre exposição ao AFB1, expressão alterada
da proteína p62 associada à autofagia e prognóstico em pacientes com CHC associados à
infecção crônica pelo HBV. Em detalhes, eles se concentraram nos níveis de Membro A3
da Família Aldo-Keto Redutase 7 (AKR7A3), NAD (P) H Quinona Desidrogenase 1 (NQO1)
e Fator Nuclear (derivado de eritróide 2) -like 2 (NRF2) em dois grupos de pacientes com
alta e baixa expressão de P62, respectivamente. Salientando que, o NRF2 codifica um fator
de transcrição que regula genes que contêm elementos de resposta antioxidante em seus
promotores; NQO1 codifica uma redutase de 2 elétrons citoplasmática que impede a redução
de um elétron de quinonas resultando na produção de espécies radicais; e AKR7A3 codifica
uma aldo-cetoredutase que está envolvida na desintoxicação de aldeídos e cetonas. Esses
estudos demonstraram que o grupo AFB1(+)/HBV(+) apresentou a menor sobrevida global
e sobrevida livre de doença; e apresentaram maior expressão de P62 correlacionada com
diminuição da expressão de AKR7A3 e aumento da expressão de NRF2 e NQO1. Em
Todos esses dados evidenciaram que a exposição à AFB1 pode induzir um aumento da
expressão de P62 e uma maior probabilidade de recorrência do câncer. Por outro lado,

34
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
os efeitos genotóxicos da AFB1 ainda são desconhecidos e recentemente alguns autores
trataram as células hepáticas humanas HL7702 com MicrocistinaLR (MC-LR) e AFB1 e
demonstraram que a coexposição de MC-LR e AFB1 induziu danos no DNA; e aumentou
a atividade da Superóxido Dismutase e Catalase, os níveis de glutationa e a expressão de
APE1 (apurínico/apirimidínico endonuclease 1) (MARCHESE, SILVIA et al., 2018).

Além disso, outros estudos demonstraram a importância do intervalo entre a


exposição ao AFB1 e o desenvolvimento de CHC na ausência e presença de cirrose e
HBV e mostraram que a exposição ao AFB1 pode aumentar o risco de desenvolver cirrose
e CHC em pacientes com HBV. Vários autores avaliaram quais genes foram metilados e
envolvidos na transformação celular após a exposição à AFB1. Em particular, hepatócitos
humanos (L02) expressando o alelo HRas oncogênico foram tratados com AFB1; essas
células são denominadas células L02R e L02RTAFB1, respectivamente, o supressor de
tumor foi metilado; LINE1 (representando elementos transponíveis no DNA) foi hipometilado;
a expressão de CXCR (codificando o receptor de quimiocina CXC específico do fator 1
derivado de células estromais), INTS1 (que é uma subunidade do complexo Integral, que se
liga ao domínio C terminal da subunidade) grande polimerase II), JUNB (codifica para um
fator de transcrição envolvido na regulação da atividade do gene do fator de crescimento
pós-reativo), NAV1 (codifica para uma proteína contendo regiões coiledcoil e específicas. O
AAA conservado de ATPases envolvidas em várias atividades celulares), POLL (codifica uma
DNA polimerase que desempenha um papel no splicing de extremidades não homólogas
e outros processos de reparo de DNA), e RARRES1 (é um ácido retinóide que responde
ao receptor (RA) e codifica uma proteína de membrana tipo 1) foi reduzida; e assim todos
esses fatores causam um aumento no dano ao DNA (MARCHESE, SILVIA et al., 2018).

Os tecidos de CHC associados à exposição de AFB1 apresentam uma mutação


no gene AGGRB1, que induz a superexpressão de PD-L1. Em pacientes com CHC após
exposição ao AFB1, apresentam desregulação dos mecanismos epigenéticos. Após a
exposição ao AFB1, os hepatócitos humanos mostram seis genes superexpressos e
hipometilados, como Ciclina K (CCNK), Diaphanous Related Form 3 (DIAPH3), 1-membered
histone cluster family H2B f (HIST1H2BF), RAS Oncogene 27A (RAB27A) Proliferative Cell
Nuclear Antigen (PCNA) e Tiorredoxina Redutase 1 (TXNRD1), que podem ser usados
como marcadores iniciais para o desenvolvimento de HCC correlacionado com AFB1
(MARCHESE, SILVIA et al., 2018).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intoxicação por aflatoxina, em destaque a AFB1, é um risco a saúde sanitária


e ao agronegócio, uma vez que os grãos fazem parte da dieta humana necessitando
constantemente de estudos, sendo fácil à exposição ao agente toxico, apesar de muitas
vezes passar despercebido, as consequências aparecem depois ocasionado o câncer
hepatocelular, patologia mais comum causada pela toxina. Apesar das diversas pesquisas
sobre a toxina e seus efeitos negativos na saúde humana, os seus estudos são relevantes
e necessário para o agronegócio e para as pesquisas epidemiológicas.

35
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
REFERÊNCIAS

AMORAS, Eloiza Sarmento; COSTA, Anderson Luiz Pena da. Aflatoxicoses: uma revisão das
manifestações clínicas em seres humanos e animais. Revista Arquivos Científicos (IMMES),
Macapá, AP, v. 4, n. 1, p. 59, 2021. Disponível em: https://arqcientificosimmes.emnuvens.com.br/
abi/article/view/508/141. Acesso em: 18 de novembro de 2021.

BAQUIÃO, Arianne Costa. Fungos e micotoxinas em castanhas do Brasil, da colheita


ao armazenamento. 18 de abril de 2012. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/
disponiveis/42/42132/tde-01082012113328/en.php. Acesso em: 25 de maio de 2022.

FERREIRA, Helder; PITTNER, Elaine; SANCHES, Hermes Francisco; MONTEIRO, Marta Chagas.
Aflatoxinas: um risco à saúde humana e animal. Janeiro/junho de 2006. Disponível em: https://
revistas.unicentro.br/index.php/ambiencia/article/view/365. Acesso em: 25 de maio de 2022.

LOPES, Paulo Rodinei Soares et al. Crescimento e alterações no fígado e na carcaça de


alevinos de jundiá alimentados com dietas com aflatoxinas. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 40, n. 10, p. 1029-1034, out. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pab/a/
ScMgftdnPXZJFqKnmxJXG7J/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 18 de novembro de 2021.

MALLMANN, Carlos Augusto; MORAIS, Janio; WENTZ, Ilmo Santurio. Aflatoxinas: aspectos
clínicos e toxicológicos em suínos. 25 de agosto de 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/
cr/a/9rnc4dMDJwcMX3jpdDCpwQS/?lang=pt&stop=next&format=html. Acesso em: 25 de maio de
2022.

MALLMANN, Carlos Augusto; DILKI, Paulo. Sinais clínicos e lesões causadas por
micotoxinas. 02 de julho de 2004. Disponível em: https://www.lamic.ufsm.br/site/publicacoes/
category/1aflatoxinas?start=40. Acesso em: 25 de maio de 2022.

MARCHESE, Silvi; POLO, Andrea; ARIANO, Andrea; VELOTTO, Salvatore; COSTANTINI,


Susan; SEVERINO, Lorella. Aflatoxin B1 and M1: Propriedades biológicas e seu envolvimento
no desenvolvimento do câncer. Maio de 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/
articles/PMC6024316/. Acesso em: 01 de maio de 2022.

OLIVEIRA, Gregório Otto Bento de. Metabolismo da Aflatoxina B1. 2023. Imagem Adaptada.
Disponível em: URL_DA_IMAGEM_NO_CANVA. Acesso em: 03, outubro de 2023.

OLIVEIRA, Carlos Augusto Fernandes de; GERMANO, Pedro Manuel Leal. Aflatoxinas: conceitos
sobre mecanismos de toxicidade e seu envolvimento na etiologia do câncer hepático celular.
Revista Saúde Pública, v. 31, n. 4, p. 418, ago. 1997. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/4
rvH99c89Z5tG39Wk4TPr7H/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 de novembro de 2021.

CHNEIDER, Eliane Maria; MOSTARDEIRO, Clarice Pinheiro. Aflatoxinas em amendoim e


toxicidade no organismo humano. Revista Contexto & Saúde, Ijuí, v. 7, n. 13, jul./dez. 2007.
Disponível em: https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoesaude/article/view/1418. Acesso
em: 18 de novembro de 2021.

TOTTA, Mauricio de Rosa. Correlação entre ingestão de aflatoxina B1, concentração sérica
e urinária de AFB1-adutos e expressão hepática de marcadores moleculares relacionados à
hepatocarcinogênese em ratos. 22 de outubro de 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/
teses/disponiveis/17/17143/tde-06012017145306/pt-br.php. Acesso em: 01 de maio de 2022.

36
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 03
VALIN, Simone Busko; GASPARIN, Fabiana Rodrigues S. A toxicidade da aflatoxina B1 no
metabolismo hepático. In: Anais do IV EPCC - Encontro de Produção Científica do Cesumar, 19
a 22 de outubro de 2005, Maringá, Paraná, Brasil. Disponível em: http://rdu.unicesumar.edu.br/
bitstream/123456789/7780/1/Simone_Busko_Valim.pd Acesso em: 18 de novembro de 2021.

VENEGAS, Andrea Carreño; GUERRA, Juan José Hurtado; NAVAS, María


Cristina Navas. Exposição a aflatoxina: um problema de saúde pública. Março
de 2014. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S012107932014000100005&lng=en&nrm=iso&tlng=es. Acesso em: 01 de maio de
2022.

37
Capítulo A ascensão da engenharia
genética no tratamento de

04
doenças genéticas: uma revisão
da literatura
The rise of genetic engineering
in the treatment of genetic
diseases: a review of the
literature
Lucas dos Santos Sa

RESUMO

A engenharia genética é uma das vertentes da genética humana que


visa o desenvolvimento de ferramentas que possibilitem a manipulação
do material genético de uma espécie, para dessa forma editar seu geno-
ma, com o propósito de se obter tratamentos no combate de patologias
ocasionadas pela ocorrência de mutações genéticas. Esse trabalho tem
como finalidade avaliar a relevância que as pesquisas sobre engenharia
genética têm para a compreensão do genoma humano, e dessa forma ob-
ter entendimento das anomalias que o acometem, e meios de se adquirir
tecnologias que possibilitem o tratamento dessas doenças. Por meio de
uma revisão bibliográfica, exploratória, descritiva com abordagem qualita-
tiva em que foram coletados, analisados, interpretados e sintetizados os
principais resultados de artigos que relatavam o resultado de ensaios clí-
nicos em que as técnicas de manipulação genética foram empregadas em
terapias gênicas no tratamento de uma ampla diversidade de doenças. As
principais fontes de dados consultadas foram Google acadêmico, Scielo,
Pubmed e Lilacs. Foram selecionados e analisados 15 trabalhos que es-
tavam em inglês o que comprovou o impacto positivo que a terapia gênica
tem sobre a fisiopatologia e manifestações clínicas de doenças genéticas
comuns como câncer e as demais de caráter mais raras, com base nos
dados levantados, consta-se que a ampla gama de aplicações da enge-
nharia genética pode propiciar uma vasta quantidade de privilégios. Que
promoveram o avanço dos seres humanos contribuindo para o tratamento
de uma diversa quantidade de doenças.

Palavras-chave: Edição de genes. CRISPR. TALEN. ZNFs.

Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente


38
AYA Editora© DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.4
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
ABSTRACT

Genetic engineering is one of the aspects of human genetics that aims to develop tools that
enable the manipulation of the genetic material of a species, in order to edit its genome,
with the purpose of obtaining treatments to combat pathologies caused by the occurrence
of mutations. genetics. This work aims to evaluate the relevance that research on genetic
engineering has for understanding the human genome, and thus obtain an understanding of
the anomalies that affect it, and means of acquiring technologies that enable the treatment
of these diseases. through a bibliographical, exploratory, descriptive review with a qualita-
tive approach in which the main results of articles that reported the results of clinical trials
in which genetic manipulation techniques were used in gene therapies in the treatment of
a wide range of diseases. The main data sources consulted were Google Scholar, Scielo,
Pubmed and Lilacs. 15 works were selected and analyzed in English, which proved the
positive impact that gene therapy has on the pathophysiology and clinical manifestations of
common genetic diseases such as cancer and others of a rarer nature, based on the data
collected, it appears that the wide range of applications of genetic engineering can provide a
vast amount of privileges. That promoted the advancement of human beings by contributing
to the treatment of a diverse number of diseases.

Keywords: gene editing. CRISPR. TALEN. ZNFs.

INTRODUÇÃO

Desde a década de 80 levanta-se a hipótese sobre a possibilidade de identificar


todos os genes do nosso genoma, afim compreender suas funções, proporcionando assim o
conhecimento das patologias resultantes de qualquer tipo de anomalia genética. Dentre elas
a mais famosa é o câncer, proveniente de mutações relacionadas aos genes que regulam
o ciclo celular. Em 1986, quando Dulbecco fez um pronunciamento em que afirmava que
por meio do sequenciamento de todo o genoma humano seria obtido o entendimento sobre
os fatores que favorecem o surgimento de mutações. Com isso no início da década de 90,
durante o século XX, o National Institutes of Health (NIH) e o DOE foram responsáveis
pelo início do projeto genoma humano, com o propósito de sequenciar todos os genes do
genoma humano, sendo que seu término ocorreu durante o ano de 2005 (BUENO, 2009).

Com a conclusão do projeto genoma humano ocorreu o surgimento de novas


tecnologias, dentre elas estão os testes genéticos, que permitem detectar a presença de um
gene defeituoso no genoma de um paciente, e consequentemente calcular a probabilidade
do desenvolvimento de uma doença mesmo anos antes de seu surgimento, estabelecendo
assim um prognóstico e tratamento (BUENO, 2009). Devido sua relevância para a medicina
clínica, saúde pública e pesquisas médicas, a genética passou a ter papel indispensável no
diagnóstico de doenças, assim como na elaboração de estratégias aplicadas no tratamento
e monitoramento de doenças hereditárias (FÉCCHIO; MACEDO; RICCI, 2015).

A molécula de DNA se caracterizar por ser um polímero, termo atribuído a


macromoléculas, que são moléculas grandes constituídas por uma sequência de moléculas
ainda menores que são denominadas monômeros. No caso do DNA os monômeros recebem
o nome de nucleotídeos, esses por sua vez, são formados por uma pentose (carboidrato

39
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
constituído por cinco átomos de carbonos), grupo fosfato e uma base nitrogenada, os
nucleotídeos ficam conectados através de uma ligação fosfodiéster. Desta forma a estrutura
do DNA consiste em uma fita dupla-hélice composta pela pentose e fosfato e que irão ser
mante interligados pelas bases nitrogenadas. O DNA tem a capacidade de armazenar e
transmitir a informação genética de cada ser vivo aos seus descendentes (FIGUEREDO,
2022).

Os genes são segmentos de DNA que contém uma sequência específica de


nucleotídeos que armazena a informação genética o suficiente para sintetiza determinada
proteína. Cada proteína desempenhará diferentes funções para que organismo humano
realize suas atividades fisiológicas. A ação de fatores externos ou falhas nos mecanismos de
reparo do DNA podem ser responsáveis pelo surgimento de mutações, que consequentemente
resultaram em doenças. Através da alteração dos genes é possível modificar o genótipo de
um indivíduo e com isso também altera seu fenótipo. Esses processos de alteração podem
ser realizados por meio da engenharia genética (BARTH, 2005).

A engenharia genética é uma das vertentes da genética humana que visa o


desenvolvimento de ferramentas que possibilitem a manipulação do material genético de uma
espécie, para dessa forma editar seu genoma, com o propósito de se obter tratamentos no
combate de patologias ocasionadas pelas ocorrências de mutações genéticas (FIGUEREDO
2022). Com o progresso da engenharia genética houve o surgimento das técnicas de DNA
recombinante, permitindo assim a clonagem de moléculas de interesse, como hormônios ou
enzimas que clivam segmentos de DNA, em regiões onde se localizam genes defeituosos
ou até mesmo realizando modificações que almejam o fortalecimento do sistema imune,
com isso a edição de micro-organismos possibilitou assim a resolução de certas dúvidas
relacionadas a função dos genes (BARBOSA, 2012). A engenharia genética passou a ser
empregada na indústria farmacêutica, resultando a assim na produção de novos fármacos,
ocasionado o aprimoramento de vacinas, mais eficazes no desenvolvimento da resposta
imune adaptativa, e diminuindo a probabilidade da ocorrência de infecções, passando
a ter papel fundamental devido ao longo histórico de efeitos colaterais causados pelas
vacinas (CASTELO, 2004). De acordo com o site Época Negócios Online (2018), o Brasil
se encontra na 9° posição estabelecida pelo ranking dos países que mais investem em
inovação com um orçamento de cerca de 42,1 bilhões de reais (US$), enquanto que EUA
e China investem respectivamente 476,5 bilhões de reais (US$) e 360,6 bilhões de reais
(US$) estando respectivamente em 1° e 2° lugar, o site Estadão (2021) relatar que dentre
169 países, o Brasil ocupa a 66ª posição no ranking mundial de inovação em pesquisa
e saúde. O País ainda tem representado um papel secundário em termos de quantidade
de pesquisas, ocupando a 25ª colocação no ranking global pesquisa científica. É o que
aponta o Guia 2020 da Interfarma, Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, com
o balanço do ano de 2019 no mercado farmacêutico. Com base nas questões discutidas,
se torna perceptível a diferença significativa entre os investimentos realizados pelo Brasil
em comparação a outros países, por meio desses dados, é possível realizar uma avaliação
quantitativa e qualitativa, em que é expresso o atual cenário científico brasileiro. Esses
números demonstram a necessidade de avanço científico com ênfase na genética, para
que isso aconteça é indispensável o investimento em pesquisa. O presente trabalho tem
a finalidade de avaliar a relevância que as pesquisas sobre engenharia genética têm para

40
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
a compreensão do genoma humano, e dessa forma obter entendimento das anomalias
que o acometem, e meios de se adquirir tecnologias que possibilitem o tratamento dessas
doenças. Explicar como o advento da terapia gênica foi fundamental para o combate de
doenças genéticas, compreender a relação entre a engenharia genética, e o aprimoramento
das técnicas de manipulação genética, analisar o papel da engenharia genética no
desenvolvimento de tratamentos contra patologias genéticas.

REFERENCIAL TEÓRICO

Terapia gênica

A terapia gênica pode ser definida como um tratamento que busca desenvolver
métodos que permitam que um gene de procedência exógena com ação terapêutica seja
introduzido no organismo de uma pessoa com o objetivo de substituir um gene multado
e consequentemente tratar a patologia em questão (PÉREZ-LÓPEZ, 2013; FÉCCHIO;
MACEDO; RICCI, 2015). A terapia gênica é classificada de acordo com as células que serão
submetidas ao tratamento, quando aplicada em células somáticas, o resultado implicará em
modificações que podem ser observadas apenas no paciente tratado, mas quando o alvo
em questão são células germinativas, existe a possibilidade de ocorrer o surgimento de
alterações indesejadas, responsáveis pela manifestação de doenças que serão repassadas
as próximas gerações (REIS; OLIVEIRA, 2019).

Em 1997 foi elaborado a Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os


Direitos Humanos, posteriormente em 2004 foi estabelecido a Declaração Internacional
sobre os Dados Genéticos Humanos, e no ano de 2015 foi criado a cúpula Internacional
sobre Edição Genética Humana/Washington DC, com a finalidade redigir regras para evitar
o uso inadequado dos conhecimentos genéticos. No Brasil a manipulação de material
genético de células germinativas é proibida devido a aprovação da Lei de Biossegurança nº
11.105/20055 (VIVANCO et al., 2018; RODRIGUES et al., 2017).

O uso de vetores biológicos é feito por meio dos métodos ex vivo e in vivo, o
primeiro consiste na retirada de células dos pacientes, de preferência da medula óssea,
para que a terapia gênica seja feita em laboratório, o segundo se resumir em injetar os
vetores diretamente na região desejada (MENCK; VENTURA, 2007; SANTALLA et al.,
2013).

Vetores não virais

Através das técnicas de DNA recombinante é possível incorporar determinadas


genes a estrutura química dos plasmídeos, que são moléculas de DNA bacteriano que
apresentam estrutura circular e extracossomal e possuem alta capacidade em se associar
com genes que possuem uma sequência de nucleotídeos longa, além de intensificarem o
mecanismo de ação dos fatores transcrição, o que potencializar o processo de expressão
gênica (BROWN, 2010; LIDEN, 2010; FALEIRO; ANDRADE; JUNIOR, 2011). Outro tipo
de vetor não viral são os denominados lipossomas, componentes químicos formados por
uma bicamada fosfolipídica e não apresentam características patogênicas ao organismo

41
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
humano, o que diminui a possibilidade de ocorrer algum tipo de rejeição, em decorrência da
ação do sistema imunológico, devido a membrana lipídica possuir propriedades químicas
iguais as membranas celulares, isso facilita a interação com as células humanas, permitindo
assim a entrada do material genético (BATISTA et al., 2007; BORSATTO,2015).

Vetores virais

A maior parte da literatura científica definir os vírus como parasitas intracelulares


obrigatórios. Os vírus que apresentam ciclo de vida lisogênico são os candidatos ideais para
atuar como vetores durante a terapia gênica devido aos seus mecanismos de ação para
adentrar na célula hospedeira, já que incorporam seu material genético ao DNA humano, os
retrovírus, adenovírus, vírus adenoassociados são utilizados com grande frequência nesse
tipo de processo. Para se chegar nesse objetivo primeiramente ocorre a manipulação do
material genético viral para que sua presença no corpo humano não resulte em nenhuma
resposta imunológica, para isso são usadas ferramentas de edição genética para remover
os genes de caráter patogênico e posteriormente é feita a adição do gene terapêutico
(SANTALLA et al., 2013; LIDEN, 2010).

Tratamentos baseados na terapia gênica

Por meio das ferramentas de edição genética é possível programar vírus


geneticamente modificados para identificar os receptores presentes nas células tumorais,
dessa forma induzido os patógenos a infectar somente as células multadas, para esse
processo são usados adenovírus, que possuem um ciclo de vida lítico (RODRIGUEZ et al.,
2014; TURNBULL; WEST; SCOTT et al., 2015).

Kymriah é um medicamento produzido com células T CAR com o auxílio de lentivírus


que são responsáveis por incorporar ao DNA dos linfócitos T um transgene com função
de expressa o antígeno quimérico especifico (CAR), com a finalidade de tratar pacientes
diagnosticados com leucemia Linfoblástica aguda das células B, após o recolhimento das
células do paciente , é feita a edição genética dos linfócitos T, e posteriormente é realizado
sua reintrodução por administração intravenosa, o tratamento é indicado para pacientes
que se encontram na faixa etária de 1-25 anos de idade (NOVARTIS, 2019).

O adenovírus P53 recombinante consiste em um tratamento realizado com base


na atividade celular do gene P53, o mecanismo de ação do Gendicine se concentra
no uso de um adenovírus geneticamente modificado que funciona como um vetor viral
responsável pela transfecção do DNA recombinante ao núcleo e meio extracelular das
células cancerígenas após o processo de administração, dessa forma atribuindo as células
tumorais a capacidade de expressar o gene P53 que posteriormente vai exercer sua função
antitumoral (PENG, 2005).

A terapia mais empregada no tratamento de AME tipo 1, Zolgensma® (Onasemnogene


abeparvovecxioi) tem como objetivo introduzir uma cópia extra do gene SMN no organismo
humano, com o uso do vetor viral AAV-9 (STEPHEN, 2015). Vertigine neparvovec (Luxturna®)
é uma terapia gênica empregada na área da oftalmologia, consistindo em um tratamento
do tipo in vivo, e tem como alvo as células do tecido epitélial da retina, responsáveis por
sintetizar uma enzima chamada isomerohidro-lase, que atua como pigmento que tem função

42
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
indispensável para o ciclo retinóide, com a aplicação de ferramentas de edição genética é
possível modificar vírus adenoassociados para transportarem uma cópia extra do gene
RPE65. Mutações relacionadas ao gene RPE65 resultam em complicações severas para
a saúde ocular, ocasionando em uma série de doenças retinianas degenerativas, como
é o caso da amaurose congênita de Leber, que no ano de 2017 teve sua aplicação em
humanos aprovada pelo FDA (MARQUES, 2021).

O T-VEC é um vetor viral geneticamente modificado que é requisitado como


ferramenta para a terapia oncolitica empregada no tratamento de pacientes diagnosticados
com melanoma e linfonodo por administração intralesional quando o procedimento cirúrgico
não e viável, as doses terapêuticas devem ser injetadas uma vez em um intervalo de 2
semanas, podendo ocorrer sintomas semelhantes a gripe e dor após a aplicação da injeção
(FERREIRA, 2021)
Tabela 1 - Terapias Genicas aprovadas abordadas no trabalho.
Data de Agência
Nome comercial Indicação Fabricante
aprovação aprovadora
Câncer de cabeça Shenzhen SiBiono
Gendicine Outubro de 2003 SFDA e pescoço GeneTe
Strimvelis Junho de 2016 EMA ADA (ADA-SCID) GlaxoSmithKline
Kymriah (tisagenlecleu- Novartis Pharma-
Agosto de 2017 FDA LLA
cel) ceuticals
Dezembro de Spark Therapeu-
Luxturna (voretigene 2017 FDA Distrofia Retiniana tics
neparvovec) FDA Inc.
Zolgensma® (onasemno- Novartis Pharma-
Maio de 2019 FDA AME
gene abeparvovec) ceuticals
T-VEC Outubro de 2015 FDA Melanoma Amgen
Outubro

Fonte: Jørgensen e Kefalas (2021), Ginn (2018)

METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica, do tipo exploratória


descritiva, de caráter qualitativo com o intuito de averiguar a importância do desenvolvimento
de novas ferramentas de engenharia genética, por meio da análise dos resultados de
diferentes artigos que abordaram os resultados de ensaios clínicos que fizeram uso de terapias
genéticas para tratar pacientes diagnosticados com enfermidades causadas por mutações
genéticas como câncer, e doenças genéticas raras. As bases de dados consultadas foram
Google Acadêmico, Scielo, PubMed, Lilacs. Os principais termos utilizados na pesquisa
foram: engenharia genética, edição gênica, terapia gênica, Strimvelis clinical trial, Luxturna
clinical trial, Zolegensma clinical trial, Kymriah clinical trial, T-VEC clinical trial, Gendicine
clinical trial.

Critérios de inclusão e exclusão dos trabalhos selecionados para a revisão: artigos


encontrados nas bases de dados citados anteriormente, estarem em inglês e português,
foram publicados nos últimos 15 anos. Com isso foram descartados artigos publicados
antes de 2008, e que estavam em outras línguas, artigos de revisão bibliográfica ou
pesquisa de campo foram escolhidos para a revisão. A construção do trabalho seguiu

43
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
as seguintes etapas, primeira: organização do referencial teórico, segunda: revisão da
bibliografia. Terceira: escolha dos trabalhos, Quarta: análise dos trabalhos, Quinta: síntese
das principais informações

RESULTADOS

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram escolhidos um total de


15 artigos que atendiam os parâmetros do tema proposto, sendo que todos se encontravam
na língua estrangeira inglês, com 9 artigos centralizados sobre a eficácia da terapia gênica
aplicada no câncer que estão disponíveis para leitura na tabela 2, e 6 artigos abordando os
resultados obtidos pela terapia gênica, quando aplicada em doenças raras, que se localizam
na tabela 3.

Autor/ Ano de publicação Título Resultados


Shannon L. Maude. Tisagenlecleucel em Um número de 75 pacientes diagnosticados com
2018 crianças e adultos LLB foram tratados com Kymriah, após a terapia
jovens com leucemia com as células T CAR, chegou se a conclusão
linfoblástica de células que 81% dos pacientes entraram em remissão
B. completa, 90% dos pacientes conseguiram
prolongar seu tempo vida além do que se era
esperado, sendo que 75% passaram para uma
condição assintomática.
Guoquing wei. Avanços das células Em um ensaio clínico de fase II os pacientes ob-
2017 T modificadas pelo tiveram uma taxa de remissão completa de 94%
receptor de antígeno dentro de um período de 1 mês após o uso das
quimérico dirigido por células T CAR. Com taxas de recaídas baixas,
CD19 na leucemia crianças apresentaram uma taxa de recaída de
Linfoblástica aguda 10% e adultos de 20%.
refratária/revidivante.
Shannon L. Maude. Terapia com células T Em um ensaio clínico envolvendo um número
2015 do receptor de antí- de 30 pacientes com LLA tratados com células T
geno quimérico dire- CAR, os resultados desejados foram alcançados,
cionado a CD19 para e uma taxa de 90% dos pacientes entraram em
leucemia linfoblástica estado de remissão completa.
aguda.
Daniel W. Lee. Células T expressando Em um ensaio clínico com 20 pacientes que
2015 receptores de antígeno tinham LLA foi registrado uma taxa de 70% de
quimérico CD19 para remissão completa devido ao uso das células
leucemia linfoblástica T CAR, 10 dos 20 pacientes foram declarados
aguda em crianças legíveis para o TCTH, sendo que após o procedi-
e adultos jovens: um mento cirúrgico todos permaneceram em estado
estudo de fase 1 de de remissão completa
aumento de dose.
Marco L. Davila Gerenciamento de Um grupo de 16 candidatos com idade média de
2014 eficácia e toxicidade da 50 anos atingiu uma taxa de remissão completa
terapia com células T de 88% ao fazerem uso das células T CAR, sen-
CAR 19-28z na leuce- do que a taxa de remissão média apresentada
mia linfoblástica Aguda pelo tratamento convencional (quimioterapia) é
células B. de 30%.
Wei-Wei Zhang. O primeiro produto da No total 30 mil pacientes foram tratados com
2018 terapia gênica apro- gendicina em um periodo de 12 anos dessa
vado para câncer Aid- forma foram registrados que um número de 30-
P53 (gendicina): 12 40% dos pacientes obtiveram resposta completa,
anos de clínica. enquanto 50-60% alcançaram a marca de res-
posta parcial, no total foi constatado que 90-96%
dos pacientes obtiveram resposta total. Sendo
que os efeitos adversos relatados foram febre,
artralgia, mialgia.

44
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
Autor/ Ano de publicação Título Resultados
Pei-Hsin Cheng. Replicação oncolitica Em um ensaio clínico de fase III, 600 pacientes
de adenovírus deleta- diagnosticados com melanoma foram tratados
dos de E1b. com terapia oncolitica viral, utilizando o vírus
H101 em associação com quimioterapia, no
geral 79% dos pacientes que foram tratados
com a combinação das 2 terapias apresentaram
respostas positivas, enquanto que a taxa de
resposta foi de apenas 40% para aqueles que
receberam quimioterapia.
Hiroshi Fukahara. Terapia com vírus Estudos relatam que o uso do vaccínia vírus,
2016 oncolíticos: uma nova chamado JX-594 alcançou resultados positivo
era de tratamento do em ensaio clínicos, nesse estudo pacientes
câncer ao amanhecer. diagnosticados com câncer de fígado receberam
uma injeção infratumoral, contendo o vetor, ne-
nhuma fatalidade foi registrada, apenas sintomas
semelhantes a gripe, após o início do tratamento
os níveis de marcadores tumorais diminuíram
em 50%, e foi verificado uma taxa de resposta
antitumoral de 30%.
Píer Francesco Ferrucci. Talimogene laherpa- Em um estudo de fase II a terapia Oncolitica
2021 repvec (T-VEC): uma com T-VEC foi empregada no tratamento de 50
imunoterapia de câncer pacientes diagnosticados com melanoma metas-
intralesional para mela- tático, por meio de exames foi possível detectar
noma avançado. uma redução da carga tumoral nos tumores que
receberam injeção, como também nos viscerais
e também naqueles que não receberam injeção,
sendo que o progresso atingido nesses ensaios
se mantiveram por 3 anos, e os pacientes apre-
sentaram uma taxa de sobre vida global 58% em
1 ano e 52% em 2 anos.

Fonte: Dados da pesquisa

Autor/ Ano de Título Resultados


publicação
Albert M Maguire. Eficácia, segurança Um grupo de 29 pacientes com voretigene neparvovec (Lux-
2019 e durabilidade do turna) O grupo de fase 1 foi monitorado por 4 anos e o grupo
voretigene neparvo- de fase 3 por 2 anos, dentro de um intervalo de 1 ano os parti-
vec-rzyl na distrofia cipantes foram submetidos aos testes de mobilidade de multi-
retiniana hereditária luminância(MLMT) e testes de sensibilidade a luz em campo
associada à muta- completo e exame de acuidade visual, com a finalidade de
ção RPE65: resulta- calcular o progresso do tratamento, de forma geral os pacien-
dos dos ensaios de tes obtiveram resultados positivos todos os anos, atingindo
fase 1 e 3. pontuações que evoluíram ao longo dos anos, com exceção
do grupo de controle que não obteve os mesmo resultado dos
grupos que receberam o tratamento.
Sonia Messina Novos tratamentos Após atingirem seus 14 meses de vida, pode se observa que
2020 na atrofia muscular um total 91%( 20 de 22) pacientes que receberam a Zolgens-
espinhal: resultados ma com menos de 6 meses, não apresentaram sintomas
positivos e negati- relacionados a fisiopatologia da AME, com 1 ano e meio,
vos e novos desa- um número de 13 pacientes( 59%) conseguia se sentar por
fios. mais de 30 segundos sem auxílio, e 18 pacientes (81%,) não
necessitavam de nenhum suporte ventilatório e 86 % estavam
conseguindo ingerir alimentos sólidos sem a necessidade de
se recorrer ao uso de maquinas , e 14 (63%) permaneceram
no peso ideal indicado para sua faixa etária e sexo.
Albert M Maguire. Efeitos dependentes Após o início do tratamento com a terapia gênica foi percep-
2009 da idade da terapia tível as mudanças apresentadas, todos os 12 com pacientes
genética RPE65 tiveram melhora no seu campo de visão, além de consegui-
para amaurose rem percorrer trajetos em ambiente pouco iluminados sem
congênita de Leber: ajuda, houve o aumento dos reflexos pupilares, e redução do
um estudo de fase nistagmo, além da degradação de estocoma, sendo que uma
1 de escalonamento criança de 8 anos obteve um nível de visão equivalente ao de
de dose uma pessoa normal.

45
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
Autor/ Ano de Título Resultados
publicação
Emily South. Strimvelis ® para 100% dos pacientes de um grupo formado por 18 pessoas
2019 o tratamento de diagnosticadas com ADA-SCID, atingiram a condição de sobre
imunodeficiência vida global, com média de 6 anos, após isso um total de 82%
combinada grave alcançou a condição de sobre vida global sem intervenção
causada por defici- após o tratamento com Strimvelis. Foi registrado melhora na
ência de adenosina ação do sistema imune, com redução da taxa de infecções e
desaminase: uma aumento da contagem se linfócitos.
perspectiva de
grupo de revisão
de evidências de
uma avaliação de
tecnologia altamen-
te especializada da
NICE.
Alessandro Aiuti Terapia genética Por meio da terapia Strimvelis 12 pacientes diagnosticados
2017 para ADA-SCID, a com imunodeficiência grave combinada conseguiram restaura
primeira aprovação o funcionamento do sistema linfoide, o que contribuiu para
de comercialização o funcionamento dos linfócitos T, e redução de metabolitos
de uma terapia tóxicos
genética ex vivo na
Europa: pavimen-
tando o caminho
para a próxima
geração de medica-
mentos de terapia
avançada.
Jerry R. Mendell Aplicações clínicas Entre os 15 pacientes com AME 1 tratados com Zolgensma
2021 atuais da terapia quando tinham 4 meses de vida,12 atingiram a proeza de
gênica in vivo com respirar sem o auxílio de máquinas, sendo que 11 se sentaram
AVVs. sem nenhuma ajuda, e 9 rolaram, e 11 conseguiram deglutir
os alimentos e se comunicar verbalmente.
Em dezembro de 2019, 11 dos candidatos estavam hábitos a
respira sem aparelhos de forma permanente, sendo que dois
conseguiram ficar de pé com ajuda, e possuíam uma idade
média de 5anos, sendo que o mais velho atingiu a idade de 5
anos e 6 meses.

Fonte: dados pesquisa

DISCUSSÃO

Mesmo com a ocorrência de efeitos adversos, as células T CAR demonstraram ser


uma ferramenta promissora em relação as metodologias mais frequentemente utilizadas no
tratamento desse tipo de doença, essas afirmativas têm como base as respostas clínicas
alcançadas pelos pacientes, devido aos princípios estabelecidos pela terapia e as estratégias
para assim reverte os efeitos colaterais. Dessa forma passando a ter um papel de extrema
relevância, especialmente para a imunologia, oncologia e biotecnologia (MARTHO, 2017).

O trabalho Jerry R Mendell (2021) relatar resultados de crianças que atingiram


5 anos e 6 meses de vida após administração de uma única dose de Zolgensma , o que
comprova sua eficácia e durabilidade, o que torna a terapia uma ótima opção no combate a
essa enfermidade, por aumentar a expectativa de vida em cerca de 3 anos e meio, até onde
se sabe, ainda é necessário a realização de ensaios clínicos com crianças mais velhas, que
apresentam um quadro mais avançado e debilitante da doença, já que que em nenhum dos
estudos citados os pacientes tinham idade superior a 2 anos.

A aprovação do Luxturna se tornou um marco inovador na prática médica, pois

46
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
ampliou o arsenal de recursos disponíveis para pacientes diagnosticados com mutações
do RPE65, que no passado estavam sujeitos a um estilo de vida extremamente limitado
devido sua deficiência. Os dados obtidos em diversos ensaios clínicos são evidências que
comprovam a eficácia que Luxturna pode alcançar em períodos de tempo relativamente
curtos, mesmo quando analisados em populações pequenas, essas informações têm papel
fundamental no tratamento de doenças degenerativas. Principalmente as relacionadas a
retina, já que a intervenção antes do surgimento dos sintomas é essencial para a evitar o
progresso da doença, com foi visto nos ensaios clínicos (MAGUIRE, 2021).

O Transplante com células tronco hematopoiéticas é o tratamento indicado para


pacientes com ADA-SID, porém só é viável em condições em que o as células tronco são de
um familiar ou de doador compatível, com isso complicações surgem com frequência após
o transplante com um doador não compatível, como é o caso da doença do enxerto versus
hospedeiro, que pode gerar implicações sistêmicas que na maioria dos casos é fatal, outro
recurso é a terapia enzimática de reposição(TER), que tem eficácia comprovada, porém
quando usada a longo prazo pode influencia no desenvolvimento de insuficiência pulmonar
crônica, e produção de anti corpos para ADA, sendo que se tratar de um tipo de tratamento
que necessita da aplicação de injeções frequentemente, e por possui um custo elevado,
resulta em uma terapia muito cara. (HASSAN, 2012). Por utilizar células tronco do próprio
paciente Strimvelis é avaliada como uma terapia opcional que proporciona mais benefícios
aos pacientes, já que os riscos de rejeição não existem (AIUTI, 2017).

O ensaio de fase II descrito no trabalho Ferrucci (2021) expõe evidências concretas


com relação aos benefícios obtidos por pacientes diagnosticados com melanoma após serem
submetidos a terapia oncolitica com T-VEC, comprovando assim que administração por
injeção intralesional é eficaz em reduzir a massa tumoral em todos os tumores distribuídos
pelo organismo, além de prolongarem a perspectiva de vida do paciente (FUKUHARA,
2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados levantados, consta-se que a ampla gama de aplicações da
engenharia genética pode propiciar uma vasta quantidade de privilégios. Que promoveram
o avanço dos seres humanos, contribuindo para o tratamento de uma diversa quantidade
de doenças, bem como de possibilitar o diagnóstico precoce de determinadas doenças
de cunho genético, e por expandir as opções de tratamento para patologias de origem
genética como por exemplo o câncer, e outras de caráter muito mais raro, que até então
não possuíam terapias tão eficazes e com resultados concretos, comprovando assim o
sucesso obtido pelas ferramentas de edição genética quando direcionadas para o campo
da medicina.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, M. S. et al. A produção de insulina artificial através da tecnologia do DNA


recombinante para o tratamento de diabetes mellitus. Revista da Universidade Vale do Rio Verde,
Três Corações, v. 10, n. 1, p. 235-244, jan./jun. 2012.

47
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
BARTH, Wilmar Luiz. Engenharia genética e bioética. Teocomunicação, v. 35, n. 149, 2005.

BATISTA, Cinthia Meireles; CARVALHO, Cícero Moraes Barros de; MAGALHÃES, Nereide
Stela Santos. Lipossomas e suas aplicações terapêuticas: Estado da arte. Revista Brasileira de
Ciências Farmacêuticas, v. 43, p. 167-179, 2007.

BROWN, T. Vectors for gene cloning: Plasmids and bacteriophages. Brown T. Gene Cloning and
DNA Analysis: An Introduction 6a edição. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2010.

BORSATTO, S. C. Terapia gênica: sucessos e insucessos. 2015. 44 f. Dissertação


(especialização) do programa de ensino a distância da Universidade Federal do Paraná,
Paranavaí, 2015.

BUENO, Maria Rita Passos. O projeto genoma humano. Revista Bioética, v. 5, n. 2, 2009.

CASTELO, A. A. M. C. et al. É possível uma vacina gênica auxiliar no controle da tuberculose?


Jornal Brasileiro de Pneumologia, Ribeirão Preto, v. 30, n. 4, p. 469-476, maio 2004.

CHENG, Pei-Hsin et al. Oncolytic replication of E1b-deleted adenoviruses. Viruses, v. 7, n. 11, p.


5767-5779, 2015.

DAVILA ML, KLOSS CC, GUNSET G, SADELAIN M. CD19 CAR-targeted T cells induce long-term
remission and B Cell Aplasia in an immunocompetent mouse model of B cell acute lymphoblastic
leukemia. PloS one. 2013;8(4): e61338.

DAVILA, Marco L. et al. Efficacy and toxicity management of 19-28z CAR T cell therapy in B cell
acute lymphoblastic leukemia. Science translational medicine, v. 6, n. 224, p. 224ra25-224ra25,
2014.

EPOCA NEGOCIOS ONLINE. Brasil está em 9º na lista de países que mais investem em
inovação. Época Negócios Online, publicado em 19 de dezembro de 2018. Disponível em: https://
epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2018/12/veja-quais-sao-os-paises-que-mais-investem-
no-motor-da-inovacao-brasil-esta-na-lista.html Acesso em 17 de outubro de 2022.

ESTADÃO. Brasil fica em 25º em um ranking de inovação na saúde. Portal Estadão Online,
publicado em 06 de fevereiro de 2021. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/
summitsaude.estadao.com.br/desafios-no-brasil/brasil-fica-em-25o-em-um-ranking-de-inovacao-
na-saude/amp/ Acesso em 17 de outubro de 2022.

FALEIRO, F. G.; ANDRADE, S. R. M.; JUNIOR, F. B. R. Biotecnologia: estado da arte e aplicações


na agropecuária. 1. Ed. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2011.

FÉCCHIO, DÂNIA CAROLINE; MACEDO, LUCIANA CONCI; RICCI, GLÉIA C. LAVERDE. O uso
da terapia gênica no tratamento de doenças. Uningá Review, v. 21, n. 1, 2015.

FERREIRA, Mariana Gonçalves et al. Opções de tratamento não cirúrgico do melanoma e suas
indicações. International Journal of Health Management Review, v. 7, n. 1, 2021.

FERRUCCI, Pier Francesco et al. Talimogene laherparepvec (T-VEC): an intralesional cancer


immunotherapy for advanced melanoma. Cancers, v. 13, n. 6, p. 1383, 2021. FU, Y.;

FIGUEREDO, Clara Ellis Adeilde Martins. Reflexões sobre a engenharia genética e a seleção
embrionária sob a ótica do planejamento familiar. 2022

48
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
FUKUHARA, Hiroshi; INO, Yasushi; TODO, Tomoki. Oncolytic virus therapy: A new era of cancer
treatment at dawn. Cancer science, v. 107, n. 10, p. 1373-1379, 2016.

GLAXOSMITHKLINE. Strimvelis: Summary of Product Characteristics.EuropeanMedicines Agency.


Last updated June 2016.

HASSAN A, BOOTH C, BRIGHTWELL A, ALLWOOD Z, VEYS P, RAO K, et al. Outcome of


hematopoietic stem cell transplantation for adenosine deaminase-deficient severe combined
immunodeficiency. Blood. 2012; 120:3615–24. quiz 26

JØRGENSEN J.; KEFALAS P. O uso de mecanismos de pagamento inovadores para terapias


genéticas na Europa e nos EUA. Medicina Regenerativa, v. 16, n. 4, pág. 405-422, abr. 2021.

KOLB, Stephen J; KISSEL, John T. Spinal Muscular Atrophy. Neurologic clinics. v. 33, n 4. p. 831-
46. 2015.

LEE, Daniel W. et al. T cells expressing CD19 chimeric antigen receptors for acute lymphoblastic
leukaemia in children and young adults: a phase 1 dose-escalation trial. The Lancet, v. 385, n.
9967, p. 517-528, 2015.

LINDEN, Rafael. Terapia gênica: o que é, o que não é e o que será. Estudos avançados, v. 24, p.
31-69, 2010.

MAGUIRE, Albert M. et al. Age-dependent effects of RPE65 gene therapy for Leber’s congenital
amaurosis: a phase 1 dose-escalation trial. The Lancet, v. 374, n. 9701, p. 1597-1605, 2009.

MAGUIRE, Albert M. et al. Efficacy, safety, and durability of voretigene neparvovec-rzyl in RPE65
mutation–associated inherited retinal dystrophy: results of phase 1 and 3 trials. Ophthalmology, v.
126, n. 9, p. 1273-1285, 2019.

MAGUIRE, Albert M. et al. Clinical perspective: treating RPE65-associated retinal dystrophy.


Molecular Therapy, v. 29, n. 2, p. 442-463, 2021.

MARQUES, João Pedro et al. O Primeiro Tratamento com Luxturna em Portugal: Um Pequeno
Passo para a Ciência Mundial, um Salto Gigante para a Oftalmologia Portuguesa. Revista
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, v. 45, n. 2, pág. 67-69, 2021.

MAUDE, Shannon L. et al. Tisagenlecleucel in children and young adults with B-cell lymphoblastic
leukemia. New England Journal of Medicine, v. 378, n. 5, p. 439-448, 2018.

MAUDE, Shannon L. et al. CD19-targeted chimeric antigen receptor T-cell therapy for acute
lymphoblastic leukemia. Blood, The Journal of the American Society of Hematology, v. 125, n. 26,
p. 4017-4023, 2015.

MENDELL, Jerry R. et al. Current clinical applications of in vivo gene therapy with AAVs. Molecular
Therapy, v. 29, n. 2, p. 464-488, 2021.

MENCK, C. F. M.; VENTURA, A. M. Manipulando genes em busca de cura: o futuro da terapia


gênica. Revista USP. São Paulo, n75, p. 50-61, set/nov. 2007.

Messina S, Sframeli M. New Treatments in Spinal Muscular Atrophy: Positive Results and New
Challenges. J Clin Med. 2020 Jul 13;9(7):2222. Doi: 10.3390/jcm9072222. PMID: 32668756;
PMCID: PMC7408870.

49
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
NOVARTIS - Novartis recebe aprovação da Comissão Europeia prova de sua terapia com células
CAR-T, Kymriah® (tisagenlecleucel). [Acedido em abril de 2019].

PENG, Zhaohui. Situação atual da gendicina na China: agente recombinante humano Ad-p53 para
tratamento de câncer. Terapia genética humana, v. 16, n. 9, pág. 1016-1027, 2005.

PÉREZ-LÓPEZ, J. Terapia génica en el tratamiento de los errores congénitos del metabolismo.


Medicina clínica, 2013.

REIS, Émilien Vilas Boas; OLIVEIRA, Bruno Torquato de. CRISPR-Cas9, biossegurança e
bioética: uma Análise Jusfilosófica-Ambiental da Engenharia 18, n.1, p. 27-40. 2014.

RODRÍGUEZ, J. A.; MARTÍNEZ, L. M.; CRUZ, N.; CÓMBITA, A. L. Terapia génica para el
tratamiento Del câncer. Revista Colombiana de cancerologia, Bogotá, v., v. 3, n. 2, p. 151-161,
2019.

SANTALLA, M.; FESSER, E.; ASAD, A. S.; ACOSTA, D.; HARNICHAR, E.; FERRERO, P.
V. Terapia génica: desde losextractos y las píldoras a lãs pociones de ADN. Insight Medical
Publishing Journals, v. 9, n. 2:3, p. 1-9. 2013.

SOUTH, Emily et al. Strimvelis® for treating severe combined immunodeficiency caused by
adenosine deaminase deficiency: an evidence review group perspective of a NICE highly
specialised technology evaluation. PharmacoEconomics-open, v. 3, n. 2, p. 151-161, 2019.

UTI, Alessandro; RONCAROLO, Maria Grazia; NALDINI, Luigi. Gene therapy for ADA-SCID,
the first marketing approval of an ex vivo gene therapy in Europe: paving the road for the next
generation of advanced therapy medicinal products. EMBO molecular medicine, v. 9, n. 6, p. 737-
740, 2017.

TURNBULL, S.; WEST, E.J.; SCOTT, K.J.; APPLETON, E.; MELCHER, A.; RALPH C. Evidence for
Oncolytic Virotherapy: Where Have We Got to and Where Are We Going? VIRUSES, Basileia, v. 3,
n. 1, p. 6291-6312, jun, 2015.

VIVANCO, Cintia Ribeiro et al. CRISPR-CAS9: aspectos bioéticos e normativos do método.


Revista Brasileira de Bioética, v. 14, n. edsup, p. 76-77, 2019.

WEI, Guoqing et al. Advances of CD19-directed chimeric antigen receptor-modified T cells in


refractory/relapsed acute lymphoblastic leukemia. Experimental Hematology & Oncology, v. 6, n. 1,
p. 1-7, 2017.

ZHANG, Wei-Wei et al. The first approved gene therapy product for cancer Ad-p53 (Gendicine): 12
years in the clinic. Human gene therapy, v. 29, n. 2, p. 160-179, 2018.

50
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 04
AGRADECIMENTOS

Ao decorrer de minha jornada acadêmica passei por vários momentos de incerteza


e insegurança, duvidei de minha própria pessoa, minhas capacidades, por muitas vezes
me senti vazio e desnorteado, e me via em cenário caótico com relação ao meu psicológico
sem entender meu propósito, e por sofrer com minhas inseguranças, mas graças ao meu
empenho, minha mãe, meus familiares e amigos, e todos os profissionais do magistério
presente ao decorrer da minha graduação, minha orientadora Bárbara Fernandes Melo e
Universidade Regional do Cariri- URCA, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior que me permitiu ser bolsista Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
à Docência (PIBID) consegui chegar aonde estou. Momento este que afirmo ser a maior
realização de minha vida.

51
Capítulo Viabilidade celular de bactérias
fixadoras de nitrogênio isoladas

05
de nódulos após armazenagem
Cellular viability of nitrogen-
fixing bacteria isolated from
nodules after storage
Larisse Raquel Carvalho Dias
Antônia Alice Costa Rodrigues
Leonardo de Jesus Machado Gois de Oliveira
Erlen Keila Candido e Silva
Érica Louzeiro Cunha
Larissa Ramos dos Santos
Edson Pimenta Moreira
Lorena Rejane Monteiro Farias
Maria Francisca Oliveira Borba
Gislaynne Barcelos do Nascimento

RESUMO

As bactérias do gênero Bradyrhizobium são capazes de promover o cres-


cimento vegetal beneficiando às plantas hospedeiras, por meio da produ-
ção de fitohormônios, fixação de nitrogênio e aumentando a disponibilida-
de de macro e micronutrientes. Para que pesquisas com bioprodutos as
bases desses microrganismos sejam estabelecidas, é fundamental que
seja avaliada a viabilidade celular dessas bactérias após períodos de ar-
mazenamento. Com isso, o objetivo desse trabalho foi avaliar a viabilidade
celular da população bacteriana isoladas de nódulos associados a raízes
de feijão-caupi após inoculação com Bradyrhizobium sp., sob efeito do
tempo de armazenamento preservado no método de Castellani. As bac-
térias foram isoladas de nódulos de feijão-caupi, submetidos à assepsia
e logo após, maceradas e cultivadas em meio de cultura BDA, mantidas
durante 48 horas em câmeras do tipo BOD com temperatura 24±2ºC.
Após o crescimento, foi realizado a raspagem da colônia e transferência
para método Castellani. A avaliação ocorreu após 24 meses de armaze-
namento, as colônias bacterianas foram analisadas quanto a correlação
da densidade ótica (DO) medida a 540 nm em espectrofotômetro. Todas
as bactérias isoladas apresentaram excelente crescimento após 48 h de
incubação, além disso as placas se mantiveram livres de contaminantes
após sete dias de observação, não houveram crescimento fúngicos inde-
sejados. O método de preservação em Castelanni foi eficiente em manter
a viabilidade celular das células bacterianas isoladas de nódulos de feijão-

Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente


52
AYA Editora© DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.5
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 05
-caupi durante o período de armazenagem de 24 meses. Portanto, essa técnica pode ser
utilizada para os testes de produção de inoculantes, para análise das respostas fisiológicas
e capacidade bacteriana de melhoria de desempenho vegetal.

Palavras-chave: Bradyrhizobium spp.. FBN. armazenamento.

ABSTRACT

Bacteria of the Bradyrhizobium genus are capable of promoting plant growth, benefiting
host plants through the production of phytohormones, nitrogen fixation and increasing the
availability of macro and micronutrients. For research into bioproducts based on these mi-
croorganisms to be established, it is essential that the cellular viability of these bacteria be
assessed after periods of storage. Therefore, the objective of this work was to evaluate the
cellular viability of the bacterial population isolated from nodules associated with cowpea
roots after inoculation with Bradyrhizobium sp., under the effect of the storage time preser-
ved in the Castellani method. The bacteria were isolated from cowpea nodules, subjected to
asepsis and then macerated and cultivated in PDA culture medium, maintained for 48 hours
in BOD-type cameras at a temperature of 24±2ºC. After growth, the colony was scraped and
transferred to the Castellani method. The evaluation took place after 24 months of storage,
the bacterial colonies were analyzed for the correlation of optical density (OD) measured
at 540 nm on a spectrophotometer. All isolated bacteria showed excellent growth after 48
h of incubation, in addition, the plates remained free of contaminants after seven days of
observation, there was no unwanted fungal growth. The Castelanni preservation method
was efficient in maintaining the cell viability of bacterial cells isolated from cowpea nodules
during the 24-month storage period. Therefore, this technique can be used for inoculant
production tests, to analyze physiological responses and bacterial capacity to improve plant
performance.

Keywords: Bradyrhizobium spp.. FBN. storage.

INTRODUÇÃO

As bactérias promotoras do crescimento de plantas (BPCP) habitam a rizosfera


de várias espécies de plantas. Essas bactérias são capazes de promover o crescimento
vegetal beneficiando às plantas hospedeiras, por meio da produção de fitohormônios,
fixação de nitrogênio e aumentando a disponibilidade de macro e micronutrientes. Além
disso, estimulam a resistência nas plantas, ajudando a combater doenças causadas por
patógenos. No entanto, a eficácia da associação entre plantas e bactérias depende de
vários fatores como a espécie vegetal, a estirpe bacteriana, as condições de cultivo e o
processo de inoculação (HUNGRIA et al., 2015).

A agricultura atual depende amplamente do uso intensivo de fertilizantes químicos,


os quais apresentam preocupações quanto à poluição ambiental e aos custos elevados.
Isso porque as fontes desses recursos não são renováveis e demandam aplicação em larga
escala. Diante dessa realidade, os agricultores necessitam de alternativas mais sustentáveis​​
e econômicas. Dentre essas alternativas, a inoculação de bactérias se destaca por ser

53
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 05
ecologicamente sustentável, que enriquece o solo e fortalece os sistemas agrícolas através
de maior fornecimento de nutrientes (EVIDENTE et al., 2019).

Dentre os gêneros de bactérias maior interesse agrícola pode-se destacar


Bradyzrhizobium spp., Azospirillum spp., Pseudomonas spp. e Bacillus spp. A introdução
de microrganismos no sistema agrícola representa uma ferramenta biotecnológica capaz
de melhorar a produtividade das culturas, contribuindo assim para o desenvolvimento das
práticas sustentáveis na agricultura (HUNGRIA et al., 2015).

O gênero Bradyzrhizobium spp., em simbiose com leguminosas realiza a fixação


de nitrogênio (FBN) em associação com as estruturas radiculares originam os nódulos e
fixam o N2 para a planta na forma de amônia. Em contrapartida, a planta fornece carbono
e outros nutrientes essenciais ao rizóbio (HEATH; TIFFIN, 2009). Essa associação pode
acrescentar na produção de grãos em até 40% em condições de campo experimental e até
52% em áreas de produtores (RUMJANEK et al., 2006).

No entanto, a sobrevivência, durabilidade e pureza microbiana é fundamental para


garantir a eficiência na utilização de inoculantes. Diante do exposto, essa pesquisa objetiva
avaliar a viabilidade celular de Bradyzrhizobium spp. isolados de nódulos associados a
raízes de feijão-caupi, sob efeito do tempo de armazenamento preservado no método de
Castellani.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no laboratório de Fitopatologia da Universidade


Estadual do Maranhão, São Luís – MA.

Em casa de vegetação, sementes de feijão-caupi da variedade tradicional Angelim e


cultivares biofortificadas BRS Tumucumaque e BRS Aracê, foram inoculadas com a estirpe
comercial de Bradyrhizobium sp. SEMIA 6462, autorizada pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA) para uso na cultura do feijão-caupi por um minuto e em
seguida, semeadas em solo autoclavado.

Para isolamento das bactérias, os nódulos foram coletados das raízes? Dias após
plantio e submetidos à assepsia com álcool 70 %, solução aquosa de hipoclorito de sódio na
proporção 3:1 e duas lavagens com água destilada. Logo após, os nódulos foram macerados
em 1 ml de ADE (Água destilada e esterilizada) e o macerado distribuído em placas de Petri
contendo meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar). As placas foram mantidas durante
48 horas em câmaras do tipo BOD com temperatura 24±2ºC para o crescimento da bactéria.

Após crescimento bacteriano foram realizadas repicagem para novas placas a fim
de purificar as colônias obtidas. Após purificação os isolados bacterianos foram preservados
pelo método Castellani (CASTELLANI, 1939), adicionando-se 1 ml de ADE a placa purificada,
realizando-se a raspagem da colônia e transferindo 1 ml ou µl da solução bacteriana para 5
ml de ADE, onde permaneceu armazenado em câmara fria com temperatura de 4ºC.

Após 24 meses, alíquotas de 30 µl dos isolados preservados no método Castellani


foram riscados em placas de Petri contendo meio BDA, logo após foram incubadas em

54
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 05
câmara tipo BOD, com fotoperíodo de 12 h e temperatura 24±2ºC. Após 48 horas, as
colônias foram analisadas morfologicamente e em seguida, realizada a quantificação dos
isolados através da correlação da densidade ótica (DO). Para isto, estes foram diluídos em
10 mL de Cloreto de Sódio a 0,85% e realizada a leitura em espectrofotômetro a 540 nm.

Os testes foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado totalizando


3 tratamentos, formados por nódulos oriundo das Bactérias isoladas das variedades
Angelim, BRS Tumucumaque e BRS Aracê, com 6 repetições sendo a unidade experimental
representada por uma placa de crescimento.

Os dados foram submetidos às análises de variância e as médias comparadas pelo


teste de Tukey considerando o p ≤ 0,05 (GODOY, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na avaliação de crescimento após 24 meses de armazenamento das bactérias,


foi observado que todas as bactérias isoladas apresentaram crescimento após 48 h de
incubação, sugerindo que o método Castellani foi eficiente em preservar as bactérias
isoladas dos nódulos da variedade tradicional Angelim e das cultivares biofortificadas BRS
Tumucumaque e BRS Aracê. Morfologicamente as colônias dos nódulos isolados de Angelim
e BRS Aracê possuem coloração creme, são puntiformes, com bordas inteiras, aparência
homogênea, forma circular e translúcidas, diferente de algumas das características das
colônias bacterianas observadas nos nódulos isolados de BRS Tumucumaque que possuem
coloração creme, são puntiformes, com bordas inteiras, aparência heterogênea, forma
irregular e opaca. Além disso, as colônias em cultivo se mantiveram livres de contaminantes
após sete dias de observação, não houveram crescimento fúngicos indesejados (Figura 1).
Figura 1 - Crescimento de bactérias isoladas de nódulos formados em raízes de
feijão-caupi após inoculação com Bradyrhizobium sp. nas variedades Angelim, BRS
Tumucumaque e BRS Aracê.

Fonte: DIAS, (2023).

Na literatura, a importância de bactérias do gênero Bradyrhizobium na promoção de


crescimento vegetal é bem estabelecida, e diversos produtos que contêm essa bactéria são
amplamente comercializados (SOUZA et al., 2022). Essa reconhecida associação do gênero
com a cultura do feijão-caupi, tem se tornado uma alternativa sustentável para mitigar a
baixa produtividade associada a maioria das variedades e cultivares existentes para plantio,
devido a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico que essas bactérias possuem (ALVES,

55
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 05
2017). No processo fixação biológica de nitrogênio (FBN), esses microrganismos usam a
enzima nitrogenase para capturar o nitrogênio atmosférico e o transformar em amônia, uma
forma facilmente utilizável pelas plantas. Esse mecanismo representa a principal via natural
de incorporação de nitrogênio atmosférico no solo, sendo responsável por cerca de 90% do
nitrogênio fixado (TAIZ et al., 2017).

Devido essa importância e necessidade do mercado, atualmente existe uma procura


crescente por esses inoculantes, porém há escassez desses produtos no mercado. Alguns
microrganismos estão sendo produzidos em propriedades, muitas vezes em condições
inadequadas. Resultando em produtos finais de qualidade inferior e aumento no risco de
contaminação por patógenos indesejáveis ​​(contaminantes), representando uma ameaça à
saúde humana e ao meio ambiente (MONNERAT et al., 2020).

Desse modo, técnicas seguras de armazenamento que mantenham a viabilidade


celular bacteriana, mesmo após longos períodos de armazenamento (desafio para o
mercado) são necessárias para suprir a demanda das perspectivas futuras e produção
desses inoculantes. Essa pesquisa visando colaborar com essas técnicas, revela que na
análise de turbidmetria ótica em espectrofotômetro a absorbância das amostras expressaram
uma média o 1,789, 1.711 e 1.743 de crescimento para Angelim, BRS Tumucumaque e
BRS Aracê, respectivamente (Figura 2).
Gráfico 2 - Média do crescimento bacteriano dos isolados obtidos dos nódulos de
diferentes variedades e cultivares de feijão-caupi.

Fonte: Dias (2023).

Não houveram diferenças estatísticas entre o crescimento bacteriano para os


nódulos isolados das diferentes cultivares, essa constância no crescimento provavelmente
está relacionada com o método empregado (Figura 2).

Nossos resultados discordam das condições descritas por Malaquias et al.


(2015), que relatam que meios complexos tem a maior capacidade de promover células
metabolicamente ativas em bactérias da família Rhizobiaceae, os autores sugerem que
esse método é a melhor alternativa para uso em veículos de nodulação. No entanto, o
método empregado em nossas pesquisas revelou viabilidade celular de bactérias do gênero
Bradyrhizobium, mesmo em um método de cultivo de baixa complexidade. Corroborando
com os dados de Martins et al. (2016) que observaram a viabilidade celular de bactérias
Lactobacillus plantarun e Streptococcus thermophylus cultivadas em ágar inclinado de MRS

56
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 05
modificado (0,5% de glicose) utilizando um meio com pouca oferta de nutrientes somada a
simples técnica de refrigeração, o que se manteve eficiente para tanto por dez meses.

São escassas as pesquisas que abordam a análise de métodos de preservação


envolvendo o gênero Bradyrhizobium. No entanto, diversos trabalhos têm relatado protocolos
para o armazenamento bacteriano (GODOY et al., 2020; KONRAD, 2016; MONNERAT
et al., 2020; OLIVEIRA et al., 2023). Que variam basicamente quanto aos equipamentos
usados e a concentração de bactérias. No entanto, trabalhos avaliando a sobrevivência
bacteriana por longo períodos em métodos de armazenamento são escassos.

Reetha et al. (2014) observaram sobrevivência de Azospirillum lipoferum por


após 12 meses na concentração de 109 UFC.mL-1. Ivanova et al. (2005) relataram que a
viabilidade celular de Azospirillum brasiliense durou até 6 meses após armazenamento
usando concentrações de alginato como veículo.

Kaur et al. (2023) observaram alta taxa de sobrevivência durante um período de


armazenamento de 120 dias de uma cepa bacteriana de Myroid gitamensis. Dos Santos et
al. (2022) relataram que Azospirillum brasilense e Herbaspirillum seropedicae sobreviveram
na concentração de 108 células g-1 por até 30 dias.

Guimarães et al. (2013) ressaltam a necessidade de estudos relacionados à


viabilidade e qualidade dos inoculantes. Uma vez que a obtenção de isolados viáveis e a
formulação de inoculantes são etapas essenciais na tecnologia de biofertilizantes. Encontrar
soluções que prolonguem a vida útil desses inoculantes é um meio eficaz de reduzir os
custos dessa biotecnologia, trazendo benefícios tanto para os agricultores quanto para o
fortalecimento da sustentabilidade agrícola.

Neste trabalho foram obtidas células vivas e livres de contaminação após 24 meses
de armazenamento, posteriormente conduzidos em ambiente asséptico obtendo-se culturas
estáveis, homogêneas e padronizadas, revelando um potencial da técnica para ajustes e
manipulação das bactérias para os mais diversos fins na pesquisa de bioprodutos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O método de preservação em Castelanni foi eficiente em manter a sobrevivência


das células bacterianas isoladas de nódulos de feijão-caupi inoculados com Bradyrhizobium
sp., durante o período de armazenagem de 24 meses. Com isso, essa técnica pode
ser utilizada para os testes de produção de inoculantes, para análise das respostas
fisiológicas e capacidade bacteriana de melhoria de desempenho vegetal tanto em casa
de vegetação quanto em campo, inclusive como comparativo a inoculantes já existentes no
mercado. Ampliando a gama de oportunidades para o mercado produtivo de inoculantes e
popularização dessa tecnologia.

REFERÊNCIAS

ALVES, L. V. F. V. Estratégias de adubação com zinco para biofortificação agronômica do


feijão-caupi. 2017. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical) - Faculdade de Agronomia e

57
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 05
Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2017.

BRONZATTO, E. S. Compatibilidade de microrganismos em campo e in vitro na promoção de


crescimento e no manejo de doenças em soja. 2023. Dissertação (Mestrado em Agronomia) -
Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul.

CASTELLANI, A. The viability of some pathogenic fungi in sterile distilled water. Journal of Tropical
Medicine and Hygiene, Oxford, v. 42, n. 3, p. 225-226, May 1939.

DOS SANTOS, L. G.; BALDANI, V. L. D.; FERREIRA, J. S.; BAHIA, B. L.; SANTANA, M. S.;
PEIXOUTO, L. S. Sobrevivência de bactérias diazotróficas em suporte inoculante alternativo de
casca de algodão. Conjecturas, 22 (2), 1386-1397. 2022.

EVIDENTE, A.; CIMMINO, A.; MASI, M. Phytotoxins produced by pathogenic fungi of agrarian
plants. Phytochem. Rev. 18, 843–870. 2019.

GODOY, C. V. SASM - Agri: Sistema para análise e separação de médias em experimentos


agrícolas pelos métodos Scoft - Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação,
V.1, N.2, p.18-24. 2001.

GODOY, Fernanda de Almeida. Identificação de bactérias promotoras de crescimento de trigo e


seu impacto na comunidade bacteriana da rizosfera. 2020. Tese de Doutorado. Universidade de
São Paulo.

GUIMARÃES, S. L.; BALDANI, V. L. D.; NETO, J.J. Viabilidade do inoculante turfoso produzido
com bactérias associativas e molibdênio. Revista Ciência Agronômica, v. 44, n. 1, p. 10-15. 2013.

HEATH, K. D.; TIFFIN, P. Stabilizing mechanisms in a legume–rhizobium mutualism. Evolution, v.


63, n. 3, p. 652-662, 2009.

HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A.; ARAUJO, R. S. Soybean Seed Co-Inoculation with


Bradyrhizobium spp. and Azospirillum brasilense: A New Biotechnological Tool to Improve Yield
and Sustainability. American Journal of Plant Sciences, v. 6, n. 6, p. 811–817, 2015.

IVANOVA, E.; TEUNOU, E.; PONCELET, D. Alginate based macrocapsules as inoculants carriers
for production of nitrogen biofertilizers. In: BALKAN SCIENTIFIC CONFERENCE OF BIOLOGY
IN PLOVDIV, 2005. Bulgaria. Department of Food Process Engineering - National High School of
Food Technology: ENITIAA, 2005. p. 90-108.

KAUR, R.; KAUR, S.; DWIBEDI, V.; KAUR, C.; AKHTAR, N.; ALZAHRANI, A. Desenvolvimento e
caracterização de biofertilizante encapsulado à base de farelo de arroz e goma arábica para maior
vida útil e liberação bacteriana controlada. Fronteiras em Microbiologia, v. 14. 2023.

KONRAD, D. Avaliação do tempo de armazenagem sobre a microbiota de inoculantes


encapsulados. 2016. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em ENGENHARIA
AGRONÔMICA) - Universidade Federal do Paraná, Palotina.

MALAQUIAS, A. M. N.; LIMA, L. M.; DIDONET, C. G. M. C.; NAVES, P. L. F. Determinação da


viabilidade celular em biofilme formado por bactérias da família Rhizobiaceae. 55º Congresso
Brasileiro de Química, Goiania. 2015.

58
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 05
MARTINS, J. A. B.; PAULO, E. M.; CARNEIRO, F. S. Determinação da viabilidade celular de
bactérias láticas submetidas a diferentes métodos de preservação. Anais dos Seminários de
Iniciação Científica, n. 20, 2016.

MONNERAT, R.; MONTALVÃO, S.; MARTINS, E.; QUEIROZ, P.; da SILVA, E. Y. Y.; GARCIA,
A.; GOMES, A. Manual de produção e controle de qualidade de produtos biológicos à base de
bactérias do gênero Bacillus para uso na agricultura. 2020.

OLIVEIRA, L. S.; LOPES, M. S. M.; PENATTI, M. P. A.; DE BRITO RÖDER, D. V. D.; DE PAULA
MENEZES, R. Avaliação da viabilidade de bactérias estocadas em caldo bhi-glicerol a-20ºc há
quatro anos. Revista Científica Multidisciplinar, 4 (9). 2023.

REETHA. D.; KUMARESAN. G.; JOHN MILTON. D. Studies to improve the shelf life of Azospirillum
lipoferum immobilized in alginate beads. International Journal of Recent Scientific Research, v. 5,
n. 12, p. 2178-2182. 2014.

RUMJANEK, N. G.; MARTINS, L. M. V.; XAVIER, G. R.; NEVES, M. C. P. Fixação biológica de


nitrogênio. In: FREIRE FILHO, F. R.; ARAUJO LIMA, J. A.; SILVA, P. H. S.; RIBEIRO, V. Q. (ed.).
Feijão-caupi: avanços tecnológicos. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. p. 279-
335.

SOUZA, P. L.; DE ROSÁLIA, C. E.; SANTOS, S.; SIMÕES, A. N.; DE AVIZ, R. O.; DA SILVA, N. S.
G.; DA SILVA, V. S. G. Produtividade e indução de enzinas antioxidantes em Feijão-caupi (Vigna
unguiculata) irrigado com água salina e Inoculado com Bradyrhizobium. Research, Society and
Development, 11 (5), e50511528433-e50511528433. 2022.

TAIZ, L.; ZEIGER, E.; MOLLER, I. M.; MURPHY, A. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6 eds.
Porto Alegre: Artmed, 2017.

59
Capítulo Aplicação da Toxina Botulínica
(TB) em procedimentos estéticos

06
faciais
Maria Eduarda Santos Aires
Graduanda em Biomedicina pela UNINORTE

RESUMO

A utilização da Toxina Botulínica (TB) em procedimentos estéticos faciais


tornou-se popular devido aos seus efeitos rejuvenescedores, apesar dos
benefícios estéticos proporcionados sua aplicação embora segura, pode
resultar em complicações inesperadas. Visando compreender quais efei-
tos adversos podem ser gerados pela aplicação estética da TB na face
este artigo tem como objetivo geral identificar por meio de revisão biblio-
gráfica os principais efeitos adversos ou colaterais surgidos após a aplica-
ção da TB em procedimentos estéticos faciais. Para cumprimento destes,
foi realizada uma revisão bibliográfica de abordagem qualitativa descritiva,
utilizando os bancos de dados Portal Capes, SciELO, PubMED e LILACS,
com os descritores “Toxina Botulínica na aplicação da face AND estética
facial” e “Toxina Botulínica AND efeitos adversos”. Diversas intercorrên-
cias relacionadas à aplicação da TB na estética facial foram identificadas,
como ptose palpebral, inchaço palpebral, linha de demarcação visível na
área tratada, hematomas, dor, avermelhamento da pele, manchas roxas,
dores de cabeça, náuseas, risco de infecção e assimetrias no rosto. Ca-
sos específicos detalham assimetria no sorriso resultante da aplicação da
TB, outras complicações mais graves, como visão dupla e perda de visão
e paralisia dos músculos oculares foram documentadas. Apesar dos be-
nefícios estéticos da TB, reações adversas podem ocorrer, contudo a gra-
vidade das rugas pode ser significativamente reduzida com o tratamento
de TB, e geralmente os efeitos adversos e ou colaterais irreversíveis são
identificados em casos isolados.

Palavras-chave: estética facial. efeitos adversos. rugas. revisão


bibliográfica.

ABSTRACT

The use of Botulinum Toxin (TB) in facial aesthetic procedures has beco-
me popular due to its rejuvenating effects. Despite the aesthetic benefits
provided, its application, although safe, can result in unexpected compli-
cations. Aiming to understand which adverse effects can be generated by
the aesthetic application of TB on the face, this article has the general
objective of identifying, through a literature review, the main adverse or
side effects arising after the application of TB in facial aesthetic procedu-
res. To comply with these, a literature review with a descriptive qualitative
approach was carried out, using the Portal Capes, SciELO, PubMED and
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente
60
AYA Editora© DOI: 10.47573/aya.5379.2.253.6
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
LILACS databases, with the descriptors “Botulinum Toxin in the application of the face AND
facial aesthetics” and “Botulinum Toxin AND adverse effects”. Several complications rela-
ted to the application of TB in facial aesthetics were identified, such as eyelid ptosis, eyelid
swelling, visible demarcation line in the treated area, bruising, pain, reddening of the skin,
purple spots, headaches, nausea, risk of infection and asymmetries in the face. Specific
cases detail asymmetry in the smile resulting from the application of TB, other more serious
complications such as double vision and loss of vision and paralysis of the eye muscles
have been documented. Despite the aesthetic benefits of TB, adverse reactions can occur,
however the severity of wrinkles can be significantly reduced with TB treatment, and gene-
rally irreversible adverse and/or side effects are identified in isolated cases.

Keywords: facial aesthetics. adverse effects. wrinkles. literature review.

INTRODUÇÃO

A pele é o maior órgão do corpo ela se estende por toda área externa, devido a sua
camada de proteção possui funções vitais, como ser uma barreira protetora contra fatores
externos, incluindo radiação solar e fluxo sanguíneo, além de ter funções sensoriais. Com o
passar do tempo a pele sofre alterações decorrentes do processo natural de envelhecimento
que podem incluir flacidez, rugas, linhas de expressão e ressecamento, afetando todo o
organismo (BARBOSA; BRITO, 2020).

Apesar de ser um processo natural, muitas pessoas buscam prevenir e controlar


essas mudanças, devido à valorização da aparência facial e corporal. Nessa busca pela
aparência melhorada, muitas pessoas estão dispostas a investir em tratamentos estéticos
eficazes e a Toxina Botulínica (TB) tem se destacado como uma substância das mais
importantes (BARBOSA; BRITO, 2020). Pois quando utilizada em doses controladas tem
diversas aplicações médicas e estéticas, sendo amplamente utilizada em procedimentos
estéticos como um dos tratamentos mais populares no combate ao envelhecimento facial
(GOUVEIA; FERREIRA; SOBRINHO, 2020).

Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) mostram


que em 2019 foram realizados mais de 4 milhões de procedimentos de aplicação de TB em
todo o mundo. No Brasil, o uso da TB na estética facial também se popularizou, apenas em
2020 o país ocupou o segundo lugar no ranking de intervenções estéticas, com mais de
2,5 milhões de procedimentos realizados. Dentre as intervenções, 58,2% foram cirúrgicas,
realizadas principalmente por mulheres. Já os métodos não cirúrgicos apresentaram
um aumento de 32,5% nos últimos 4 anos, nesse contexto, a aplicação de TB é a mais
procurada no país (ISAPS, 2020).

A forma de comercialização da TB varia de acordo com a regulação de cada país


e com as políticas de venda dos fabricantes. Em alguns países, a venda é restrita apenas
a profissionais médicos, enquanto em outros é possível comprar a toxina diretamente em
farmácias e lojas de produtos de beleza (OLIVEIRA et al., 2020).

No Brasil, essa substância é comercializada sob o nome comercial de diferentes


laboratórios, como Botox (Allergan), Dysport (Galderma) e Prosigne (Cristália). A

61
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
comercialização desses produtos é regulada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) e só pode ser realizada mediante prescrição médica. Sendo a venda restrita
a clínicas e hospitais autorizados e a sua aplicação deve ser realizada por profissionais
capacitados, como médicos, biomédicos, fisioterapeutas, esteticistas e dentistas
especializados em estética facial (ANVISA, 2017).

Na estética facial é aplicada em expressões e localidades da face, como em rugas


na testa, nasolabiais, periorais, entre as sobrancelhas, nas linhas do pescoço, bochechas,
nariz, podendo ser aplicada para paralisar, levantar e/ou modelar os aspectos da face.
Tendo em vista sua ampla utilização nota-se que os procedimentos usando esse agente tem
se tornado uma das principais ferramentas no combate ao envelhecimento e na melhoria da
aparência facial (PAULO; OLIVEIRA, 2018).

Desta forma, é importante compreender os mecanismos de ação, indicações,


contraindicações e intercorrências relacionadas à aplicação da TB na estética facial.
Uma vez que apesar deste ser um procedimento relativamente seguro o uso da TB pode
apresentar efeitos inesperados, como assimetrias faciais, edemas, hematomas e outras
complicações (PIRES; NADER; GODOI, 2021). Assim, questiona-se quais principais efeitos
colaterais ou adversos tem sido identificado pela literatura?

Baseado nessa indagação, destina-se como objetivo deste artigo identificar


quais efeitos adversos ou colaterais tem sido observado por meio da aplicação da Toxina
Botulínica (TB) em procedimentos estéticos faciais. Onde, para alcance deste busca-se
discorrer como ocorre o mecanismo de ação da TB com ênfase em seu efeito na face;
identificar os principais procedimentos realizados com essa substância na estética facial
atualmente e; evidenciar efeitos adversos ou colaterais observados.

Como percurso metodológico adotou-se a pesquisa de revisão bibliográfica de


abordagem qualitativa descritiva, com a finalidade de descrever o mecanismo de ação da
Toxina Botulínica, sua aplicação na face, indicações, contraindicações e efeitos adversos.
Nesse processo, foram utilizados os canais de busca: Portal Capes e SciELO, PubMED
e LILACS. Os descritores utilizados foram: “Toxina Botulínica na aplicação da face AND
estética facial”, “ Toxina Botulínica AND efeitos adversos”.

Onde incluiu-se, ensaios clínicos, estudos de caso, pesquisa de campo que


abordem as intercorrências relacionadas à aplicação da Toxina Botulínica na estética facial,
publicados nos últimos 5 anos, aceitando publicações em todos idiomas. Dos critérios
de inelegibilidade, não foram aceitos nos resultados pesquisa de revisão bibliográfica
ou integrativa, textos incompletos ou indisponíveis para acesso público, excluindo-se
publicações científicas com mais de 5 anos (2018 a 2023).

Efeitos adversos da aplicação da Toxina Botulínica na aplicação estética


facial

A Toxina Botulínica é uma neurotoxina, produzida por uma bactéria anaeróbica


Gram positiva Clostridium botulinum conhecida por sua potente ação paralisante sobre o
sistema nervoso e paradoxalmente é uma fonte de envenenamento alimentar grave quanto
um recurso terapêutico e estético (FUJITA, HURTADO, 2021).

62
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
O Clostridium botulinum foi identificado pela primeira vez no final do século XIX
pelo médico e microbiologista belga Emile Van Ermengem inicialmente ganhou notoriedade
por ser o agente causador do botulismo, uma forma grave de intoxicação alimentar que
levou milhões de pessoas a óbito. Apenas as na segunda metade do século XX a bactéria
foi sintetizada e começou a ser estudada como um potencial agente terapêutico (FUJITA,
HURTADO, 2021).

Em 1989, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos da América
(EUA) aprovou sua utilização para o tratamento de estrabismo (desalinhamento dos olhos)
e espasmos musculares. Desde então, suas aplicações médicas são vastas e tratam de
muitas condições, como condições neuromusculares, como distonia e espasmos, até
aplicações em gastroenterologia, urologia e pneumologia (FUJITA, HURTADO, 2021).

Mas, é no campo da estética que essa substância tem ganhado destaque exponencial,
pois é utilizada para o tratamento de rugas e linhas de expressão principalmente. Na
estética, a TB é mais comumente conhecida como Botox, que é, na verdade, uma das
marcas comerciais da substância (PAULO; OLIVEIRA, 2018).

No Brasil, sua comercialização para utilização estética e terapêutica é regulada


pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2017), sendo aplicada apenas por
profissionais da saúde devidamente qualificados e autorizados a realizar a aplicação da
substância.

Esta toxina é classificada em várias formas antigenicamente distintas, sendo as


mais comumente usadas na prática clínica o tipo A e B (TBA e TBB). Para Gouveia, Ferreira
e Sobrinho Rocha (2020), a principal diferença entre os dois tipos diz respeito a sua potência,
duração de ação e perfil de efeitos colaterais.

A TBA é a forma mais estudada e utilizada, pois ela tem uma afinidade mais alta
para o seu sítio de ligação nos neurônios motores, o que resulta em uma duração de ação
mais prolongada em comparação com o tipo B. A TBA é categorizada em cinco subtipos
distintos: A1, A2, A3, A4 e A5, essa distinção é baseada nas variações nas sequências
de aminoácidos que compõem cada subtipo, onde apresentam diferenças moleculares,
implicações práticas, afetando as propriedades imunológicas e biológicas da toxina (BRITO;
BARBOSA, 2020).

Os subtipos A1, A2 e A5 são especialmente estudados em termos de suas


sequências de aminoácidos para entender suas diferenças funcionais. Uma das principais
variáveis que determinam a eficácia desses subtipos é a sua afinidade pela Proteína
Associada Sinaptossomal (SNAP 25). No geral a Toxina Tipo A é empregada em aplicações
médicas, como: distúrbios do movimento como distonia e blefaroespasmo, bem como em
procedimentos estéticos (BRITO; BARBOSA, 2020).

A TBB, por outro lado tem uma duração de ação mais curta e se mostra menos
potente em termos de unidades por miligrama quando comparada à tipo A., mas, é útil em
pacientes que desenvolvem anticorpos contra a TBA, tornando-a uma alternativa viável
(SARAIVA et al., 2018) Segundo Duarte et al. (2021), no meio terapêutico a TBB pode ser
utilizada para tratar condições como hiperidrose.

63
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
Ambas são proteínas de alto peso molecular que atuam no bloqueio da liberação
de neurotransmissores na junção neuromuscular. Inicialmente, a cadeia pesada da toxina
se liga aos receptores de glicoproteínas na superfície da membrana neuronal, sendo o
primeiro passo para a internalização da toxina dentro da célula nervosa uma vez ligada, a
toxina é endocitada, ou seja, é envolvida por uma vesícula que se desloca para o interior
da célula (PARK; AHN, 2021).

Dentro da vesícula, a TB é exposta a um ambiente ácido o que leva à dissociação


das cadeias pesada e leve, a cadeia leve é então liberada no citoplasma neuronal, devido a
atividade enzimática da cadeia leve esta torna-se responsável pela ação da toxina, agindo
como uma endopeptidase, clivando proteínas específicas necessárias para a liberação de
neurotransmissores, mais notavelmente a acetilcolina (DALPIAS et al., 2023).

Com isso a acetilcolina que é o neurotransmissor responsável pela transmissão do


impulso nervoso para o músculo, realiza a clivagem dessas proteínas pela cadeia leve da
TB que impede a fusão das vesículas contendo acetilcolina com a membrana plasmática,
inibindo assim a liberação deste neurotransmissor na fenda sináptica. O resultado desta
ação é uma paralisia flácida do músculo alvo, que se manifesta clinicamente na estética
facial como uma redução nas linhas de expressão, ou como alívio de condições espásticas
em aplicações terapêuticas (DALPIAS et al., 2023).

No contexto das aplicações estéticas faciais, a administração da toxina botulínica


ocorre por meio de injeções intramusculares, geralmente com o auxílio de agulhas de
calibre fino, onde o procedimento em si é frequentemente realizado em menos de 30
minutos. Quando essa aplicação é realizada na face, esse procedimento é considerado
minimamente invasivo e os resultados podem ser observados em um período de 24 a 48
horas, com efeitos que duram em média de 4 a 6 meses (FUJITA; HURTADO, 2021).

Para Viggiani e Pereira (2023), a relação de durabilidade da TB na aplicação facial


depende de uma série de fatores que não foram totalmente elucidados, mas são fatores
genéticos, qualidade da TB e cultura do paciente que podem influenciar a durabilidade da
TB. Mas, o seu efeito é reversível, pois com o tempo as células nervosas formam novas
terminações e restauram a liberação de acetilcolina, o que explica a necessidade de
reaplicações periódicas para manter o efeito desejado.

A TB é contraindicada para mulheres no período de gestação e a lactação, dada a falta


de estudos conclusivos sobre os efeitos da toxina nesses estados (UHLICK; LEITE, 2023).
Outras recomendações são dadas a pacientes com infecções no local da injeção, sejam
bacterianas, fúngicas ou virais, ou que tenham a presença de doenças neuromusculares e
o uso concomitante de medicamentos que possam potencializar os efeitos da toxina, como
aminoglicosídeos, anti-inflamatórios e anticoagulantes (FARIA; SUGUIHARA; MUKNICKA,
2023).

Para a TBA, as contraindicações podem ser ainda mais específicas e são classificadas
em relativas e absolutas. As contraindicações relativas dizem respeito a suspensão da
aplicação em pacientes que apresentem alergias a componentes específicos da droga,
infecções no sítio de aplicação, expectativas irreais do paciente e instabilidade emocional.
As contraindicações absolutas, por sua vez, são ainda mais rigorosas e não recomendam a

64
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
aplicação em doenças neuromusculares como síndrome pós-pólio (CAMPOS; MIRANDA,
2021), miastenia gravis (MA et al., 2022), esclerose lateral amiotrófica, doenças autoimunes
em atividade e a falta de colaboração do paciente para o procedimento global (COSTA et
al., 2021).

De acordo com Nascimento (2021), o uso da toxina botulínica é desaconselhado


em indivíduos com condições como botulismo, miastenia gravis, síndrome da pessoa
rígida, bem como em mulheres grávidas ou em período de amamentação. Conforme
Ferreira (2023), os efeitos adversos associados ao uso da toxina botulínica podem incluir
hipotensão, náuseas, vômitos, dificuldade para engolir, coceira, sintomas semelhantes
aos da gripe, problemas na fala, descontrole na salivação e enfraquecimento muscular em
áreas distantes dos pontos de aplicação da substância.

As áreas cutâneas com sinais de infecção devem ser evitadas durante a aplicação
da substância. A alergia a qualquer componente da formulação também representa uma
contraindicação, assim como o uso de anticoagulantes, que resultam em complicações
como hematomas e sangramentos (CAMPOS; MIRANDA, 2021).

Aplicabilidade da toxina botulínica na estética facial

A TB é aplicada em diferentes áreas da face, visando atingir uma variedade de


efeitos estéticos e terapêuticos. As regiões mais comuns são a testa, a região periocular
(ao redor dos olhos), entre as sobrancelhas (região glabelar) e a região perioral (ao redor
da boca) (GOUVEIA; FERREIRA, ROCHA SOBRINHO, 2020).

Além dessas áreas mais tradicionais, a toxina botulínica também tem sido explorada
em outras regiões da face, como o nariz (para tratar o bunny lines ou linhas de coelho),
o queixo (para reduzir o queixo em casca de laranja) e até mesmo o pescoço, para tratar
as bandas platismais (GOUVEIA; FERREIRA, ROCHA SOBRINHO, 2020). A Figura 1
evidencia áreas comuns da aplicação de toxina botulínica indicando a principal finalidade
estética.

65
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
Figura 1 - Áreas comuns da face onde a TB é aplicada.

Fonte: Adaptado de Gouveia, Ferreira e Rocha Sobrinho (2020).

As linhas de coelho, ou bunny lines são rugas que aparecem ao lado do nariz e
são frequentemente acentuadas quando se sorri ou se franze o nariz, a aplicação de TB
promove a ação de relaxar os músculos responsáveis por essas linhas, resultando em uma
aparência mais suave (BERTOSSI et al., 2018).

Já o aspecto de “casca de laranja” no queixo ocorre devido à atividade muscular


hiperativa nesta área, assim como no bunny lines, a aplicação de toxina botulínica relaxar
os músculos, mas nesse caso atua suavizando a textura da pele do queixo (HADDAD et
al., 2022).

Em estudo, Pisal (2023) realiza aplicações de TBA na região frontal da testa de 8


pacientes que apresentaram uma melhora da Escala Global de Melhoria Estética (GAIS)
onde os autores relataram uma pontuação média de 2.375 (muito melhorada) na região
aplicada.

Na melhoria do emagrecimento facial Jeong et al. (2022) realizam a injeção de TBA


nas glândulas parótidas o estudo mostrou que houve mudanças significativas nos grupos
de alta e baixa dose em comparação ao grupo controle, indicando a eficácia da TBA na
redução do volume das glândulas parótidas. Após três meses, a recuperação do volume foi
de 7,6% no grupo de alta dose e de 4,8% no grupo de baixa dose. Esse resultado propõe
que esse tratamento seja uma opção de tratamento eficaz para estreitar a largura da parte
inferior da face e alcançar o emagrecimento facial.

66
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
Outras aplicações podem ser atribuídas a TB, como correção de assimetrias faciais,
proporcionando um rosto mais harmonioso, sendo procurada por casos onde um lado da
face é mais proeminente ou ativo que o outro (BORGES; KIKUCHI; DE ARAÚJO, 2019).

Menos conhecido, mas a aplicação da TB sorriso gengival também é realizada


quando há uma quantidade excessiva de gengiva é exposta ao sorrir. Para Moreira et al.
(2019), a técnica usada é o resultado da aplicação da substância injetada nos músculos
que elevam o lábio superior, reduzindo sua atividade e resultando em um sorriso mais
equilibrado.

Santos e Andrade (2023), reconhecem que diferentes áreas faciais necessitam de


abordagens individualizadas para garantir bons resultados e minimizar possíveis efeitos, a
dosagem e técnica de aplicação devem ser ajustadas para cada área facial do paciente, ao
fazer isso é possível alcançar resultados estéticos mais naturais e seguros, reduzindo ao
mesmo tempo o risco de complicações.

Efeitos adversos e colaterais da TB na face

Apesar dos benefícios estéticos da TBA reações adversas podem ocorrer, tais
como queda da pálpebra (ptose palpebral), inchaço na região das pálpebras inferiores, uma
linha de demarcação visível entre a área tratada do músculo orbicular dos olhos e a região
das maçãs do rosto, além de hematomas (FERREIRA, 2023). Segundo Ferreira (2023),
os efeitos colaterais mais comuns associados ao uso da toxina botulínica englobam dor,
avermelhamento da pele, inchaço, manchas roxas (equimoses), dores de cabeça, náuseas,
risco de infecção e assimetrias no rosto.

Souto e Souto (2021), descreveram um caso inusitado de assimetria no sorriso e um


abaixamento exagerado do lado direito do lábio inferior em um paciente que foi submetido
a injeções de TB na parte inferior do rosto. Para os autores o efeito aconteceu devido à
dispersão da toxina no músculo que deprime o ângulo da boca do lado esquerdo, resultando
na paralisia do músculo que deprime o lábio inferior esquerdo e na hiperatividade do lado
direito do lábio inferior que não foi afetado. Para corrigir essa situação, os autores aplicaram
uma injeção de TB no músculo hiperativo do lado direito do lábio.

Zargaran et al. (2022) em estudo da aplicação de TBA na face superior para


identificaram que 57% dos pacientes experimentaram efeitos colaterais como dor de
cabeça, reações cutâneas locais e sintomas neuromusculares faciais. Essas complicações
foram frequentemente associadas ao tratamento no grupo que recebeu as injeções de TBA.
A incidência geral de complicações relacionadas às injeções na área entre as sobrancelhas
(região glabelar) e na testa foi de 16%. A razão de chances para o desenvolvimento de
complicações nas injeções, quando comparada ao uso de placebo, foi de 1,62; e para as
injeções de TBA em comparação com o placebo (razão de 1,34).

A aplicação repetida de TBA é associada a alterações negativas e irreversíveis na


posição das pálpebras, como cicatrizes e atrofia dos músculos desnudados. Esse fator pode
ser evidenciado por meio de exame histológico de amostras da pele e do tecido subcutâneo
(KRÁSNÝ; ŠACH, 2017). Para Krásný e Šach (2017) a frequência das aplicações é um
agente que influencia diretamente uma vez que o uso repetido da toxina resulta em
mudanças irreversíveis tanto na pele quanto no tecido subcutâneo.

67
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
Os autores Zargaran et al. (2022) Kim et al. (2019), apontam que os efeitos colaterais
frequentes da injeção de TB para o tratamento de rugas na parte superior do rosto incluem
dor de cabeça passageira, hematomas e queda das sobrancelhas (ptose). Já Krásný e Šach
(2017), também identificaram alterações nas pálpebras, mais especificamente inchaço, o
estudo ainda mencionou um caso de rugas exageradas na região entre as sobrancelhas
(glabelares) após a aplicação de toxina botulínica para tratar linhas horizontais na testa, que
se resolveram espontaneamente sem necessidade de tratamento específico. No geral, os
autores destacam que a saliência na região glabelar pode ser causada pela hiperatividade
da parte inferior do músculo frontal quando a parte superior é enfraquecida pela toxina
botulínica, visando melhorar as rugas da testa.

Alharbi et al. (2023) examinou as complicações de perda de visão, dor nos olhos,
queda da pálpebra (ptose) e paralisia dos músculos oculares (oftalmoplegia) quando há
aplicação. O risco dessas complicações é maior quando as injeções foram aplicadas em
áreas anatômicas comuns, como a região entre as sobrancelhas (glabela), nariz e as dobras
nasolabiais e supraorbitais.

Rassi e Santos (2012) relatam casos de visão dupla (diplopia) em pacientes do


sexo feminino que receberam injeções de TBA com o objetivo de rejuvenescimento facial.
Essas pacientes começaram a apresentar diplopia alguns dias após a aplicação mesmo
sem sinais visíveis de estrabismo, após a realização de testes ortópticos, foi detectado um
microestrabismo paralítico, por meio desse resultado metade das pacientes apresentaram
déficit na função do músculo oblíquo inferior, enquanto a outra metade teve déficit na função
do músculo reto lateral. A diplopia se manifestou cinco dias após a injeção e desapareceu
em menos de 30 dias.

Rassi e Santos (2012) Lacordia, Januário e Pereira (2011) apresentam um caso


semelhante e incomum de estrabismo e diplopia após a aplicação de TBA comercializada
como Dysport®, para fins estéticos, onde tratamento visava a redução de rugas na parte
superior do rosto. Após a aplicação, a paciente sentiu dor intensa e apresentou inchaço
nas pálpebras no dia seguinte. Cinco dias depois, começou a sofrer de diplopia e tontura.
Durante o exame ocular, foi detectada uma esotropia de 20 dioptrias prismáticas, para visão
de longe e de perto. Mas, após dois meses houve uma melhora na diplopia e a esotropia
diminuiu para 8 dioptrias prismáticas, resultando em uma recuperação completa em quatro
meses.

Apesar dos efeitos adversos apresentados, estudos como o de Zhang et al. (2020),
que acompanhou 246 pacientes e classificou a gravidade das rugas na frontal (testa) em
três classes, sendo: leve, moderada e intensa, relataram que a gravidade das rugas na
testa foi significativamente reduzida após o tratamento de TBA e nenhum evento adverso
grave foi documentado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A versatilidade da aplicação de Toxina Botulínica no campo da estética facial é


evidenciada pela grande variedade de tratamentos estéticos que essa pode oferecer,
observou-se que ela pode ser usada no tratamento de rugas tradicionais, como as linhas de

68
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
expressões mais finas na face, como linhas mais específicos como as chamadas linhas de
coelho, além dessa aplicação sua aplicação melhora o aspecto da pele, ainda se estendendo
a outra aplicações para melhoria estética, a exemplo a aplicação da TB no sorriso gengival
e no emagrecimento facial.

A literatura relatou efeitos estéticos positivos mas apresentou também intercorrências


adversas após sua aplicação sendo elas em sua maioria temporária reversível e leve, as
complicações associadas à aplicação da TB foram: aptose palpebral, dor, inchaço, endema,
eritema e assimetrias.

REFERÊNCIAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Toxinas botulínicas tipo A: Anvisa esclarece
questões ligadas à qualidade dos produtos registrados no Brasil, a indicações
terapêuticas e à intercambiabilidade entre elas. Brasília. 2017. Disponível em: http://
portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Pos++Comercializacao++Pos++Uso/
Farmacovigilancia/Alertas+por+Regiao+Geografica/INFORMES/Informes+de+2007/
Informe+GFARM+n+6+de+20+de+julho+de+2007 Acesso em: 19 de mar de 2023.

BARBOSA, Daniela Borges Marquez; BRITO, Aline. A utilização da toxina botulínica tipo à para
alcançar a estética facial. Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, v. 36, n. 70, p.
75-86, 2020.

BERTOSSI, Dario et al. Italian consensus report on the aesthetic use of onabotulinum toxin
A. Journal of cosmetic dermatology, v. 17, n. 5, p. 719-730, 2018.

BORGES, Taina; KIKUCHI, Aline Carolini Costa; DE ARAÚJO, Rodolfo Jose Gomes. Uso de
toxina botulínica tipo à para correção de assimetria facial: Relato de caso. Journal of Research in
Dentistry, v. 7, n. 3, 2019.

BRITO, Aline; BARBOSA, Daniela Borges Marquez. A utilização da toxina botulínica tipo A para
alcançar a estética facial. Revista Terra & Cultura: Cadernos de Ensino e Pesquisa, v. 36, n. 71, p.
40-50, 2020.

CAMPOS, Eduarda Pautz; MIRANDA, Camila Vicente. Toxina Botulínica Tipo A: ações
farmacológicas e uso na estética facial: pharmacological actions and use in faciaL
Aesthetics. Revista Saúde Multidisciplinar, v. 9, n. 1, 2021.

COSTA, Amanda Marinho Chaves et al. Harmonização orofacial frente ao uso da toxina botulínica
Orofacial harmonization in front of the use of botulinic toxinin. Brazilian Journal of Health Review, v.
4, n. 3, p. 12864-12872, 2021.

DALPIAS, Thaís et al. Mecanismo de ação da toxina botulínica tipo A. Revista de Ciências da
Saúde-REVIVA, v. 2, n. 1, 2023.

DE FARIA, Andrea Rodrigues; SUGUIHARA, Roberto Teruo; MUKNICKA, Daniella Pilon. Toxina
botulínica: Intercorrências e complicações na aplicação. Research, Society and Development, v.
12, n. 7, p. e14912742697-e14912742697, 2023.

DUARTE, Letícia Coelho et al. Toxina botulínica e sua eficácia no tratamento da hiperidrose-única
2021/1. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 7, n. 9, p. 325-341,
2021.
69
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
FERREIRA, Beatryz Sousa. O uso da Toxina Botulínica Tipo A por farmacêuticos em
procedimentos estéticos: revisão narrativa. Brazilian Journal of Development, v. 9, n. 2, p. 6769-
6783, 2023.

FUJITA, Rita Lilian Rodrigues; HURTADO, Carola Catalina Navarro. Aspectos relevantes do uso
da toxina botulínica no tratamento estético e seus diversos mecanismos de ação. Saber Científico
(1982-792X), v. 8, n. 1, p. 120-133, 2021.

GOUVEIA, Beatriz Nunes; FERREIRA, Luciana de Lara Pontes; SOBRINHO, Hermínio Maurício
Rocha. O uso da toxina botulínica em procedimentos estéticos. Revista brasileira militar de
ciências, v. 6, n. 16, 2020.

HADDAD, Marcela Filié et al. Combinação de Técnicas para Harmonização Orofacial em Paciente
Jovem: Relato de Caso. Archives of health investigation, v. 11, n. 1, p. 186-191, 2022.

ISAPS-International Society of Aesthetic Plastic Surgery. International survey on aesthetic/


cosmetic procedures performed in 2019. 2020. Disponível em: https://www.isaps.org/wp-content/
uploads/2020/12/Global-Survey-2019.pdf. Acesso em: 19 de mar de 2023.

JEONG, Woo Shik et al. The Volumetric effect of Botulinum Toxin Type a Injection on Parotid
Gland: A Prospective Randomized Controlled Trial. Plastic and reconstructive surgery. 2022.

KIM, Min Woo et al. Correction of glabellar protrusion after botulinum toxin injection for forehead
wrinkles. Journal of Surgical Dermatology, v. 5, n. 1, p. 23-24, 2019.

KRÁSNÝ, Jan; ŠACH, Josef. The side effect of Botulinum Toxin A injection for position of the
eyelid. 2017.

LACORDIA, Marta Halfeld Ferrari Alves; JANUÁRIO, Flávia Sotto-Maior; PEREIRA, Júlio César
Costa. Estrabismo após toxina botulínica para fins estéticos. Revista Brasileira de Oftalmologia, v.
70, p. 179-181, 2011.

MA, Qian et al. Is myasthenia gravis a contraindication for botulinum toxin?. Journal of Clinical
Neuroscience, v. 95, p. 44-47, 2022.

MOREIRA, David Costa et al. Aplicação da toxina botulínica tipo A em sorriso gengival: relato de
caso. RGO-Revista Gaúcha de Odontologia, v. 67, p. e20190013, 2019.

NASCIMENTO, Crisabete Gomes. O uso de toxina botulínica no tratamento de rugas


dinâmicas. Saúde Coletiva (Barueri), v. 11, n. 60, p. 4714-4725, 2021.

OLIVEIRA, Camila Cristine Araújo et al. Toxina botulínica: contexto histórico, molecular e de
aplicação prática na área da saúde. São Paulo, 2020.

PARK, Mee Young; AHN, Ki Young. Scientific review of the aesthetic uses of botulinum toxin type
A. Archives of craniofacial surgery, v. 22, n. 1, p. 1, 2021.

PAULO, Elton Vicente; OLIVEIRA, Renata Cristina Gobbi. Avaliação e sugestão de protocolo
estético para aplicação de toxina botulínica do tipo A em pacientes adultos. Revista Uningá, v. 55,
n. 4, p. 158-167, 2018.

70
Biologia, Biotecnologia e Meio Ambiente

Capítulo 06
PIRES, André Marcelino; NADER, Jacquelline Machado Pinto; GODOI, Larissa Toledo Mamede.
Rejuvenescimento facial através da toxina botulínica: revisão de literatura. (Trabalho de Conclusão
de Curso). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro. 2021.

PISAL, Philippe Hamida. The Combined Effect of Botulinum Toxin Type A with a Biorevitalizing
Treatment on Forehead Rejuvenation: A Case Series. Journal of Cosmetics, Dermatological
Sciences and Applications, v. 13, n. 2, p. 124-135, 2023.

RASSI, Márcia Melo de Oliveira; SANTOS, Lucas Henrique Barbosa dos. Diplopia após injeção de
toxina botulínica tipo A para rejuvenescimento facial. Revista Brasileira de Oftalmologia, v. 71, p.
184-187, 2012.

SANTOS, Eulália Londe Rodrigues; ANDRADE, Rodrigo Soares. Toxina botulínica e suas
complicações diante da aplicação. RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218,
v. 4, n. 8, p. e483767-e483767, 2023.

SARAIVA, Margarida et al. Sequenciação de estirpes de Clostridium botulinum tipo B isoladas em


Portugal. Boletim Epidemiológico Observações, v. 7, n. Supl 10, p. 41-44, 2018.

SOUTO, Mariam Patricia; SOUTO, Luís Ricardo Martinhão. An unusual adverse event of botulinum
toxin injection in the lower face. Journal of Cosmetic Dermatology, v. 20, n. 5, p. 1381-1384, 2021.

UHLICK, Felipe; LEITE, Cleber. Análise quantitativa de intercorrências em protocolos de toxina


botulínica tipo A: uma revisão bibliográfica. Revista Científica Cleber Leite, v. 1, n. 1, p. E0002023-
1-9, 2023.

VIGGIANI, Danniele Fernanda Eliseu Borges; PEREIRA, Dayane Kelly Sabec. Efeito prolongado
da toxina botulínica associada à suplementação com zinco e fitase. Arquivos de Ciências da
Saúde da UNIPAR, v. 27, n. 7, p. 3733-3745, 2023.

ZHANG, Xinyu et al. Botulinum toxin to treat horizontal forehead lines: a refined injection pattern
accommodating the lower frontalis. Aesthetic Surgery Journal, v. 40, n. 6, p. 668-678, 2020.

71
Organizadoras Marcia de Fatima Inacio
Pós-doutora pela University of Idaho-USA em 2002, onde
desenvolveu, junto com a equipe do Dr. Matthew J. Morra,
bio-produtos para controle de pragas e doenças vegetais.
PhD em Agronomia pelo Departamento de Solos da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em 2000,
Mestre em Ciências Ambientais e Florestais pelo Instituto
de Florestas da UFRRJ em 1995 e Engenheira Florestal
graduada, em 1988, pela mesma Instituição. Atuou como
docente da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-
UFRRJ na área de Silvicultura (1996-1999), e em 2002
ingressou no Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio
de Janeiro, onde desde então vem atuando em projetos de
pesquisa em Fitopatologias e Uso de Controle Alternativo
de Pragas e Doenças com estreita parceria com a UFRRJ,
de onde é pesquisador integrante do “Grupo de Pesquisa
em Produtos Naturais”, liderado pelo Prof. Mario Geraldo
de Carvalho do Departamento de Produtos Naturais do
Instituto de Química. É avaliadora do INEP-MEC desde
2007, para fins de Autorização e Reconhecimento de
Cursos de Graduação de Engenharia Ambiental, Florestal
e outros. Atualmente também coordena e leciona em
programas de capacitação na área ambiental junto a
parceiros como a Fiocruz e Marinha do Brasil.

Larisse Raquel Carvalho Dias


Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade
Estadual do Piauí (2015). Especialista em Gestão
Ambiental pelo Instituto Superior de Educação São Judas
Tadeu (2016). Especialista em Ensino de Ciências pelo
Instituto Federal do Piauí (2020). Mestra e Doutora em
Agroecologia pela Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA), Campus São Luís. Desenvolve pesquisas nas
áreas de controle alternativo e biológico fitossanitário
com uso de óleos essenciais, fungos e bactérias como
agentes controladores.
Índice A
Remissivo agricultura 53, 54, 59
agronegócio 27, 35
alimentação humana 27
ambientais 10, 11, 15, 16
ambiental 9, 10, 11, 12, 13
animais 14, 15, 17, 21, 22, 23
anomalia 39
armazenamento 36, 52, 53, 54, 55, 56, 57
atitudes sustentáveis 10
aves 14, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 23, 24
aves marinhas 14, 16, 17, 23, 24

B
bacteriana 52, 53, 54, 56, 57, 58
bactérias 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59

C
cirúrgicas 61
conhecimento 9
conscientização 9
corpo 28, 29, 42, 61

D
desenvolvimento 15, 22, 27, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 41,
43, 47
distúrbio 27
diversidade 15, 16, 38
doenças 17, 27, 33, 38, 39, 40, 41, 43, 44, 47, 48, 53, 58

E
ecologia 14, 15, 16
ecológico 15, 16
econômicas 53
ecossistema 14, 15, 17
educação ambiental 9, 10, 11, 12, 13
engenharia genética 38, 40, 41, 43, 47, 48
envelhecimento 61, 62
espécies 14, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22, 23
estética 60, 61, 62, 63, 64, 65, 68, 69
estética facial 60, 61, 62, 64, 65, 68, 69
estéticos faciais 60, 62
estratégias 9, 10, 11, 15, 16
estudos 10, 15, 16
expressões 62, 69

F
face 60, 61, 62, 64, 65, 66, 67, 69, 71
ferramentas 38, 40, 42, 43, 47
fisiológicas 40, 53, 57
fisiopatologia 38, 45
fungos 27, 28, 34

G
genes 31, 33, 34, 35, 38, 39, 40, 41, 42, 49
genética 23, 34, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 45, 46, 47, 48, 50
genética humana 38, 40, 50
genoma 38, 39, 40, 41, 48
gestão 9, 11

H
habilidades 10

I
ingestão 17, 21, 23, 27, 28, 29, 32, 36
intervenções 61

M
mecanismos 27, 35, 36, 40, 42, 49, 62, 70
meio ambiente 10
microrganismos 52, 54, 56, 58

O
organismo 17, 26, 27, 32, 36

P
plantas 16, 52, 53, 56
poluentes químicos 15
práticas educacionais 9, 13
preservação 9, 10, 12, 13
processo 11, 12, 29, 30, 31, 41, 42, 53, 56, 61, 62
produção 33, 34, 40, 47, 52, 53, 54, 56, 57, 59

Q
questões ambientais 10

R
rejuvenescedores 60
reprodução 15, 16, 21, 22
rugas 60, 61, 62, 63, 66, 68, 70

S
saúde sanitária 27, 35
sistema 5
sistema digestório 27
sustentabilidade 9, 10, 12, 13

T
testes 39, 45, 53, 55, 57
toxina 27, 29, 31, 32, 33, 35
tratamentos 38, 40, 41, 45, 55, 61, 68

Você também pode gostar