Artigo A Importancia Do Brincar Compreendendo A Implicacao Da Tecnologia No Desenvolvimento Cognitivo e Social Na Infancia Pronto

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A importância do brincar: compreendendo a

implicação da tecnologia no desenvolvimento


cognitivo e social na infância
The importance of playing: understanding the implication of technology on cognitive and
social development in childhood

Ana Flávia da Silva1


Ana Paula de Castro Freitas2

RESUMO
O presente artigo trata-se de uma revisão de literatura narrativa cujo interesse pelo tema
surgiu para auxiliar e alertar psicólogos, educadores, pais, responsáveis e familiares, através
de bases teóricas, sobre a importância do brincar livre e o uso da tecnologia na infância,
visto que a brincadeira, atualmente, tem sido substituída e até extinta no meio infantil. O
objetivo da pesquisa se deu a partir da problemática que visa compreender se a tecnologia
em excesso pode afetar o desenvolvimento cognitivo e social na infância. Diante dos
resultados, foi possível notar o quanto o brincar é importante na infância, principalmente
no que diz respeito ao desenvolvimento infantil. Em relação à tecnologia na infância, os
resultados apresentam diversas discussões acerca do uso da tecnologia nessa fase. Apesar
dos diferentes conceitos teóricos, observou-se que a influência da tecnologia na infância
pode ser entendida tanto como fator negativo, quanto positivo a depender da mediação que
o adulto fornecerá a criança.
Palavras- chave: brincar, cognitivo, infância, social e tecnologia

ABSTRACT
This article is a review of narrative literature, whose interest in the subject arose to help and alert
psychologists, educators, parents, guardians and family through theoretical bases, about the
importance of free play and the use of technology in childhood. , since play has now been
replaced and even extinguished in children. Thus, the objective of the research is from the
problematic that aims to understand if the excess technology can affect the cognitive and social
development in childhood. Given the results, it was possible to notice how important playing is
in childhood, especially with regard to child development. Regarding technology in childhood, the
results present several questions about the use of technology in this phase, despite the different
theoretical concepts, it was observed that the influence of technology in childhood can be
understood as negative factor, as positive depending on the mediation that The adult will provide
the child.
Keywords: play, cognitive, childhood, social and technology

Introdução
Para introduzir a importância do brincar, é preciso entender que o seu
sentido ultrapassa a simples expressão “divertir-se”. A brincadeira tem sido, desde

1Acadêmica do 10º. Termo do curso de Psicologia no Centro Universitário Salesiano Auxilium - Unisalesiano Campus
Araçatuba

2 Psicologa e Docente do curso de Psicologia no Centro Universitário Salesiano Auxilium - Unisalesiano Campus Araçatuba
então fonte de pesquisa, decorrente da influência do brincar sobre o
desenvolvimento infantil.
O autor e psicólogo Lev Vygotsky (1896-1934), realizou diversas pesquisas
na área da aprendizagem e do papel preponderante nas relações sociais nesse
processo, além disso, em uma de suas obras, destacou a análise do brinquedo em
junção com o desenvolvimento infantil.
Segundo Vygotsky (1998), para entendermos o desenvolvimento da criança,
é necessário impor a relevância de suas necessidades e os incentivos que são
eficazes para colocá-las em ação. O avanço de um estágio de desenvolvimento para
outro está ligado à mudança nas motivações e incentivos, sendo assim, aquilo que é
de grande interesse para um bebê deixa de ser interessante para uma criança maior.
A criança satisfaz determinadas necessidades através do brinquedo, é
recomendado conhecer o caráter dessas necessidades a fim de compreender a
singularidade do brinquedo como uma forma de atividade (VYGOTSKY, 1998).
Na infância a criança tende a satisfazer seus desejos imediatamente,
entretanto, no período pré-escolar surgem diferentes tendências e vontades que não
são possíveis de serem realizadas, sendo assim, a criança muda o comportamento.
Para resolver esse conflito, ela envolve-se em um mundo imaginário, onde seus
desejos possam ser realizados, esse mundo é o que chamamos de brinquedo
(VYGOTSKY,1998).
Compreende-se, por sua vez, que a imaginação é o brinquedo em ação. Por
intermédio da brincadeira a criança representa na ação do brincar, situações que
são vivenciadas por ela na vida real. Vygotsky (1998) comenta que toda situação
imaginária contém regras de comportamento, portanto, ao brincar, a criança
adquire normas que coincidem com o que está sendo interpretado por ela.
Além disso, no brincar a criança alcança o conhecimento de forma a agir
numa esfera cognitiva, ao invés da esfera visual externa, logo ela passa a ver o objeto,
mas não age de acordo com o que vê, conseguindo separar o pensamento
(significado) de objetos e a ação. Dessa maneira, as atitudes da criança passam a
surgir por meio das ideias e não das coisas (VYGOTSKY, 1998).
É inegável que o brincar e o brinquedo são de extrema importância para a
criança e o seu desenvolvimento, contudo o conteúdo explicitado remete a reflexão
sobre os objetos eletrônicos, que são a referência do brincar na sociedade
contemporânea como forma de lazer e conhecimento.
Frente a essa realidade, uma das finalidades desse trabalho é posicionar o
leitor diante dos fatores positivos e negativos acerca do uso da tecnologia na
infância, a partir dos aspectos cognitivo e social.
Percebe-se que essa temática divide muitos autores e pesquisadores da área
psicológica e pedagógica, os quais se posicionam a favor e contra o uso da tecnologia
na infância e suas possíveis consequências para o desenvolvimento infantil.
Desde muito pequena, a criança já possui contato com algum objeto
eletrônico, em vista disto, é possível observar, dentro da concepção atual, crianças
apresentando pouco contato físico e social, pois estão vivendo mais o mundo virtual
(desenhos, jogos eletrônicos, redes sociais) como forma de diversão, se distanciando
das diversões do mundo real. A substituição das brincadeiras pelos objetos
eletrônicos permite atitudes prejudiciais para o desenvolvimento social da criança
(PAIVA; COSTA, 2015)
As crianças da infância moderna encontram-se presas ao mundo virtual,
devido à influência da tecnologia como a televisão e o vídeo game, fazendo dessa
ação uma forma de preencher as horas que passam sozinhas em casa, haja vista a
rotina intensa do adulto na contemporaneidade. (PREVITALE, 2006).
Diante dessa realidade, os responsáveis acabam tendo pouco tempo de
contato com a criança que, consequentemente, apresenta dificuldade em expressar
seus sentimentos e de socializar, ou seja, fazer amizades por meio do mundo real,
potencializando o isolamento social, já que a tecnologia satisfaz as necessidades da
criança (PREVITALE, 2006).
Por outro lado, considerando as questões positivas acerca da tecnologia na
infância, os autores Paiva & Costa (2015) afirmam que a criança com um contato
frequente com a tecnologia tende a ser mais inteligente, pois quando os
instrumentos tecnológicos são usados, com eficácia estimula a criança a querer
aprender, favorecendo o desenvolvimento cognitivo e o relacionamento
interpessoal entre os indivíduos.
Em uma pesquisa realizada em 2005, Guerra (2012) conclui que as crianças
nos dias atuais apresentam melhor capacidade de escrita do que a geração passada,
se apropriando de frases mais complexas, acompanhada de um bom vocabulário,
apresentando assim maior utilização de letras maiúsculas, ortografia e pontuação.
Logo, o interesse pelo tema surgiu para auxiliar psicólogos, educadores, pais,
responsáveis e familiares, por meio de informações teóricas e científicas, sobre a
importância do brincar e, alertá-los com base nos dados científicos atuais sobre a
influência da tecnologia na infância. Posteriormente, apresentará agregada a
discussão um quadro descritivo, com os pontos relevantes sobre as questões
positivas e negativas acerca do uso da tecnologia na infância.
Portanto, o objetivo da pesquisa se deu a partir da problemática, a qual visa
compreender se a tecnologia em excesso pode afetar o desenvolvimento cognitivo e
social na infância, partindo do pressuposto que o brincar é importante nesta fase.

Material e Método
Trata-se de uma revisão de literatura narrativa, que aborda trabalhos sobre
a importância do brincar livre, assim como a influência da tecnologia implicada ao
desenvolvimento cognitivo e social na infância. O material foi coletado nas bases
eletrônicas de dados Google Acadêmico, Scielo e um livro. Foram selecionados,
artigos científicos, monografias, livros, dissertações com textos completos e
definidas as estratégias de busca requeridas para cada base de dados, com os
descritores: brincar; infância; tecnologia; social e cognitivo.
Nesta fase, foram encontrados 9 materiais para os descritores selecionados.
Como critérios de inclusão foram considerados materiais originais em português,
publicados no período de 2008 a 2018, portanto, os períodos de seleção dos
trabalhos selecionados compreendem os últimos 10 anos. Todo material foi
analisado com base nos critérios de pesquisa e submetido a uma leitura cuidadosa.

Resultados e Discussão
Mesmo com a grande implantação de novas tecnologias, a brincadeira não
deixa de ter sua relevância na infância. Para OLIVEIRA (1995), a interdependência
dos indivíduos está envolvida no processo de aprendizado, ou seja, através do
aprender, o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, entre
outros. Esses benefícios trazidos pela aprendizagem derivam-se do contato com o
mundo real, o meio ambiente e a relação com outras pessoas. A interação social,
portanto, é vista como um fator de relevância dentro desse processo de
aprendizagem.
Compreende-se que desenvolvimento social e cognitivo da criança encontra-
se inter-relacionado com sua relação com o ambiente sociocultural e só será
alcançado se o sujeito tiver o contato e o suporte com os demais indivíduos de sua
espécie. Caso contrário, o desenvolvimento fica barrado, não conseguindo evoluir
pela falta de condições propicias ao aprendizado. Com isso, é notório que o brincar
também auxilia a criança no processo de aprendizagem, através do brincar a criança
se apropriará de situações imaginárias, facilitando o desenvolvimento cognitivo da
mesma, além de também permitir a fácil interação com outras pessoas, fatores que
irão contribuir para o acréscimo de conhecimento e o desenvolvimento social e
cognitivo do infante (ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008).
Portanto, pode-se entender até aqui que o brincar se torna imprescindível
para o desenvolvimento cognitivo e social na infância. Através do brincar a criança
desenvolve a capacidade intelectual e sua criatividade, que vão contribuir para o
desenvolvimento da aprendizagem. Sendo assim, todos os conhecimentos
adquiridos na infância serão levados pela criança por toda vida (RODRIGUES, 2009).
Enquanto o processo de desenvolvimento vai acontecendo, a criança
aperfeiçoa suas capacidades cognitivas, e vale ressaltar que esse desenvolvimento é
particular de cada criança, ou seja, de acordo com suas possibilidades e idades, na
medida em que a criança vai se relacionando com o ambiente externo (SANTOS,
2016).
Discorrer sobre o desenvolvimento cognitivo implica introduzir fatores
relacionados à cognição, relacionada às habilidades celebrais e mentais, assim como
o pensamento, raciocínio, abstração, memória, dentre outros, sendo estas
necessidades importantes para aderência de conhecimento sobre o mundo. O
desenvolvimento infantil e aprendizagem caminham juntos, visto que os processos
cognitivos são adquiridos desde os primórdios da criança (SANTOS, 2016).
Piaget (1982 apud SANTOS, 2016) afirma que o indivíduo desde o primeiro
dia de vida já constrói o seu conhecimento. Todos os seres humanos têm a
capacidade de apreender constantemente, desde os primeiros instantes de vida. O
autor enfatiza que os primeiros anos da uma criança são os que vão determinar o
resultado de um bom ou ruim desenvolvimento cognitivo e social, refletindo no
indivíduo que futuramente irá se tornar.
Os processos de estimulação cognitiva devem ser realizados através de
atividades que busquem desenvolver funções cognitivas superiores, permitindo
assim a evolução das habilidades individuais, para que a criança evolua
positivamente na área da aprendizagem escolar, pois a memória e a atenção são
habilidades cognitivas importantes para o desenvolvimento da aprendizagem,
linguagem e aquisição do controle de comportamento. Portanto, as estimulações das
habilidades cognitivas necessitam de uma mediação intensa e longa advinda da
relação educando- criança, para que os resultados sejam aparentes e significativos
(SOUZA; SANTOS; GAMA, 2016).
De acordo com os autores citados anteriormente, observa-se que o brincar
na infância e o contexto cultural ocupam grande influência na construção e
crescimento da criança, sendo assim, é impossível desassociar a interação social e a
cognição, ou seja, os aspectos cognitivo e social andam juntos, contribuindo para o
pleno desenvolvimento do infante. É primordial que a criança possa brincar, pois é
através dessa atividade que ela adquirirá diversos conhecimentos e desenvolverá a
capacidade para melhor se relacionar com o mundo externo futuramente.
Dessa forma, é visto que hoje há um grande impacto do desenvolvimento
tecnológico na atual concepção de infância. A sociedade contemporânea é
determinada pela predominância das tecnologias, em destaque as digitais, o contato
direto mediado pela ferramenta, determina novos meios de aderência às
informações, características dessa época (BONA, 2010).
Os autores Ravasio & Fuhr (2013) afirmam que o acesso à tecnologia e o seu
avanço transformou o contexto social e cultural, pois durante sua rotina as crianças
se relacionam constantemente com as mídias digitais, jogos e desenhos; existindo
casos em que a criança se isola em seu domicílio, imersa aos dispositivos eletrônicos,
sendo notável que raramente elas praticam alguma recriação, deixando de vivenciar
as brincadeiras culturais, principalmente as coletivas. As brincadeiras que devem
fazer parte dessa infância são substituídas pelos objetos eletrônicos, tais como:
celular, tabletes, games e televisão.
Segundo Bona (2010), atualmente há um extenso debate teórico no que se
refere ao impacto da tecnologia na infância, essa temática tem sido estudada por
diversos pesquisadores que apresentaram seus posicionamentos em relação ao
assunto abordado, tais teóricos apresentam pontos de vista que podem ter uma
conotação positiva ou negativa.
Por meio de um levantamento bibliográfico, foi possível selecionar conteúdos
teóricos relevantes sobre a influência da tecnologia na infância, os quais serão
usados para nortear a discussão.
Em decorrência disso, apresentou-se uma análise parcial dos aspectos
negativos (NG) e positivos (PO) da tecnologia nesta fase. Os resultados podem ser
verificados no quadro a seguir.

Quadro 1- Descrição dos aspectos relevantes acerca do uso da tecnologia na infância


período entre 2008 a 2018.

Autor (res) Ano Periódico Categoria Abordagens Relevantes


PAIVA; COSTA 2015 A influência da NG A substituição do contato real e físico
tecnologia: pelo virtual permite que as atividades
desenvolvimento ou recreativas que envolvem interação
ameaça? sejam abolidas, tal ato torna-se
prejudicial para o desenvolvimento
social da criança. A praticidade e
flexibilidade na aquisição de informação
fazem com que a criança ao desenvolver
suas atividades extracurriculares não
sinta necessidade de estabelecer
qualquer contato físico com outro
sujeito.

FILHO 2011 A infância e a NG Apresentou com base em uma pesquisa


computação que as crianças usuárias de modo
discriminado da tecnologia apresentam
uma boa interação física e social e
rapidez, já as que fazem uso
descriminado apresentam bom
desempenho no manuseio dos
dispositivos, porém dificuldade de
aprendizado, concentração, dificuldade
de interagir no âmbito social.

PAIVA; COSTA 2015 A influência da NG Afirmaram que tecnologia usada de


tecnologia: forma incorreta destrói o vínculo afetivo,
desenvolvimento ou fazendo com que a criança apresente
ameaça? dificuldade de desenvolver cognição.

RAVASIO; 2013 Infância e tecnologia: NG Descreveu que no contexto escolar,


FUHR aproximações e encontram-se muitas críticas em relação
diálogos a utilização dos meios eletrônicos. O uso
excessivo desses meios prejudica
desenvolvimento de alguns aspectos do
desenvolvimento infantil.
PAIVA; COSTA 2015 A influência da NG Afirmaram que os objetos eletrônicos
tecnologia: podem comprometer a saúde física e
desenvolvimento ou psicológica da criança, permitindo assim
ameaça? que o infante adquira certas doenças. A
praticidade da tecnologia induz as
crianças a assumirem uma vida
sedentária.
CANANN; 2017 Tecnologia digitais e NG Afirmam que o uso excessivo do meio
RIBEIRO; influência no tecnológico pode ser prejudicial à saúde
SURUKI desenvolvimento das da criança, desenvolvendo problemas
crianças físicos.
SANTOS 2015 Uso de tecnologia por NG Aponta algumas pesquisas com dados
crianças: benefício ou empíricos sobre a tecnologia na infância
perda da infância? afirmando ser a exposição da criança
diante da tecnologia a causa problemas
como: irritabilidade e isolamento.

GOMES apud 2017 Tecnologia digitais e PO Afirmaram que os aplicativos auxiliam


CANANN; influência no no desenvolvimento das capacidades
RIBEIRO; desenvolvimento das cognitivas, contribuindo para o
SURUKI crianças aprendizado, coordenação motora e no
processo de alfabetização.
PEREIRA; 2017 A influência das PO A tecnologia apresenta-se como uma
ARRAIS tecnologias na infância: ferramenta indispensável no campo de
vantagens e ensino de aprendizagem, a televisão e o
desvantagens computador podem ser aliados do
processo pedagógico, com objetivo de
complementar o processo de ensino-
aprendizagem e promover interação
HERMANN; 2017 E. LIBÂNEO, José Carlos. PO A tecnologia dentro do meio pedagógico
SPONCHIADO; Adeus Professor, Adeus pode trazer benefícios para o
FOSSATO Professora? Novas desenvolvimento das capacidades
exigências educacionais cognitivas da criança.
e profissão docente. 13
ed. São Paulo: Cortez,
2011.
PAIVA; COSTA 2015 A influência da PO Acreditam que a criança que tem um
tecnologia: contato com algum dispositivo
desenvolvimento ou tecnológico apresenta maior inteligência,
ameaça? apresentando um elevado relato verbal.

AMES 2016 As crianças e suas PO Colocam que a influência do uso da


relações com a tecnologia traz novas práticas
tecnologia da pedagógicas que vão auxiliar a criança na
informação e aprendizagem fazendo com que ela
comunicação: um venha aprender melhor, apresentando
estudo em escolas assim melhor agilidade das tarefas
peruanas escolares e capacidade de resolução de
conflitos.
BRITO 2010 As TIC em educação PO A tecnologia da informação e
pré-escolar portuguesa: comunicação(TIC) é uma ferramenta
Atitudes, meios e poderosa para o processo de
práticas de educadores aprendizagem e pode trazer benefícios
e crianças. para o desenvolvimento cognitivo e
motor da criança.

A tecnologia é vista na contemporaneidade como um fator fundamental na


vida das pessoas, ocupando um papel facilitador na aquisição de informação e
comunicação, seja em casa, no trabalho, no âmbito escolar ou no lazer.
É cada vez mais usual ver crianças na infância possuírem algum aparelho
eletrônico, os mais comuns nessa fase são: celular, tablet, notebook, videogame e
aparelho de DVD. A utilização, cada vez mais precoce e frequente, desses
dispositivos digitais gera um grande debate como já citado, visto que as pesquisas
apontam conceitos distintos sobre a tecnologia e infância, primeiramente é
necessário posicionar os conceitos negativos acerca desse assunto.
Pode-se perceber que as pesquisas relacionadas à tecnologia na infância vão
abordar e/ou relacionar os aspectos: cognitivo, social, físico e afetivo. Neste caso, o
que é relevante para esse artigo são as questões ligadas ao desenvolvimento
cognitivo e social, porém não é conveniente excluir os demais aspectos que se
mostraram em certos momentos estar interligados no que se refere às
consequências da influência da tecnologia na infância.
A tecnologia facilita a comunicação e faz com que as crianças apresentem o
mínimo de contato social. Paiva & Costa (2015) afirmam que as crianças substituem
o contato com o mundo real pelo contato virtual porque é preferível para elas se
divertirem aderindo ao mundo virtual, abolindo assim toda e qualquer atividade
recreativa que esteja relacionada interação com outras crianças. Essa substituição
dos hábitos que envolvem a interação física e o meio ambiente com outros
indivíduos, faz com que o desenvolvimento social da criança seja afetado.
A influência da tecnologia não é só um fator negativo no que se refere a
diversão, sentimentos, amizades, entre outros, afinal, quando o assunto é
aprendizado escolar, a realidade mostra que as crianças possuem informações
diretas e certeiras relacionadas aos conteúdos didáticos que são introduzidos na
escola. Logo, os autores Paiva & Costa (2015) dizem que o cumprimento das
atividades extracurriculares da criança na atualidade encontra-se basicamente
dentro de sua casa, por meio das ferramentas tecnológicas e da aquisição de
informação elas realizam as atividades sem existir necessidade de estabelecer
quaisquer, contato físico com outro sujeito.
Durante seis anos, Filho (2011) observou crianças de 0 a 3 anos que estavam
aprendendo computação e concluiu que as crianças que não tinham contato com
computador ou apresentava o uso controlado pelos responsáveis, possuíam uma
interação física e social maior e/ou desenvolviam-se esse aspecto de forma mais
rápida. Já as crianças em que seus responsáveis permitiam o uso do computador sem
restrição alguma tinham excelente desempenho durante a aula, porém não se
comunicavam bem, não possuíam amigos, apresentavam dificuldade de
aprendizado, falta de concentração e não gostavam de participar de brincadeiras em
grupo.
Em concordância, Paiva & Costa (2015) dizem que a tecnologia usada de
forma indiscriminada destrói o vínculo afetivo entre os indivíduos, isso faz com que
a ausência emocional dificulte a criança a desenvolver sua cognição.
Em uma pesquisa especifica relacionada aos videogames e a televisão,
Ravasio & Fhur (2013) afirmam que no contexto escolar existem muitas críticas
acerca do uso desses objetos tecnológicos pelas crianças, devido às cenas intensas
de violência contidas nesses meios. Os autores se posicionam dizendo que a
utilização excessiva desses dispositivos prejudica o desenvolvimento emocional,
cognitivo e físico da criança, apontam também a ausência da interação social.
A falta de atividades físicas na rotina da criança está vinculada diretamente
aos objetos eletrônicos, esse fator compromete a saúde física e psicológica do
infante, pois resulta em isolamento social e na obesidade advinda do sedentarismo.
Essa substituição da atividade física pelo instrumento eletrônico aumenta a
probabilidade da criança adquirir diabetes, problemas cardíacos, hipertensão,
dentre outros (PAIVA; COSTA, 2015).
A praticidade, oferecida pelos meios tecnológicos, induzem, de certa forma,
os indivíduos a assumirem uma vida sedentária, pois tais ferramentas possuem
comodidade, agilidade e flexibilidade na aderência de informações, diminuindo
assim o esforço em buscar fontes alternativas. Diferente dessa prática atual, a
brincadeira livre permite a criança praticar atividades saudáveis que podem ser
inclusas na sua rotina diária (PAIVA; COSTA, 2015).
O uso excessivo desses meios pode provocar certas adversidades à saúde das
crianças, por exemplo: problemas de visão (resultado de muito tempo expostas
próximas à luz da tela); falta de atenção na execução de tarefas cotidianas,
apresentam dificuldade para ir tomar banho, dormir, se alimentar na hora correta.
(CANAAN, RIBEIRO, SURUKI, 2017).
São vastas as pesquisas que abordam o tema sobre a tecnologia na infância.
Uma pesquisa da Digital Diaries, realizada em 2015, pela AVG Technologis, com
grupos de famílias do mundo todo, mostrou que cerca de 66% das crianças no
período de 2 a 5 anos conseguiam manusear jogos no computador; 46% sabiam
mexer em um smartphone e apenas 15% delas se apresentaram capazes de amarrar
o cadarço dos próprios sapatos. No que diz respeito às crianças brasileiras, a
pesquisa revelou que 96% das crianças até 9 anos já possuíam um contato direto
com algum dispositivo eletrônico e acesso à rede e mais da metade deles obtém um
perfil em redes sociais. Embora haja uma concordância relacionada ao assunto, a
exposição da criança a tecnologia já remete a alguns problemas, dentre eles estão a
irritabilidade e isolamento (SANTOS, 2015).
Apesar de existirem diversas consequências negativas da tecnologia na vida
dos pequenos, as pesquisas também apontam fatores positivos acerca da mesma. É
visto que nos dias atuais a tecnologia é um sinônimo de autonomia, aprendizado e
aquisição de informações construtivas, que representa a criação da concepção
contemporânea da infância e é sobre isso que esse trabalho abordará a seguir.
A tecnologia deu um novo sentido à infância, uma vez que, tem a capacidade
de proporcionar as crianças uma nova forma de brincar e aprender, sendo uma
ferramenta acessível que permite ao infante vivenciar experiências novas (CANAAN;
RIBEIRO; SURUKI, 2017).
Um exemplo disso são os aplicativos que, de acordo com Gomes (2013 apud
CANAAN; RIBEIRO; SURUKI, 2017), tais ferramentas podem auxiliar o
desenvolvimento das capacidades cognitivas, contribuindo no aprendizado de
cores, formas, coordenação motora e no processo de alfabetização.
Para Pereira & Arrais (2017), a tecnologia é vista como uma ferramenta
indispensável na área da aprendizagem, a televisão e o computador se usados de
forma correta podem trazer benefícios para a construção da aprendizagem da
criança e promover interação.
Diante das novas tecnologias de comunicação e informação, a escola, junto
com os educadores, deve repensar sobre o espaço escolar ser somente um ambiente
reprodutor de informação. A influência da tecnologia aplicada ao meio pedagógico
pode fazer com que os alunos venham a ter pensamentos autônomos,
desenvolvendo capacidades cognitivas que vão fazer com que eles aprendam a
aprender. Portanto, compreende-se que a tecnologia pode trazer benefícios para o
desenvolvimento cognitivo da criança, quando estabelecida uma mediação advinda
da comunicação entre professor e aluno (HERMANN; SPONCHIADO; FOSSATO,
2017).
Embora muitas vezes a tecnologia seja pautada por questões negativas, foi
possível notar até aqui que ela apresenta fatores relevantes na infância. Logo, a
tecnologia se torna uma aliada tanto em casa, como na escola quando o assunto é o
desenvolvimento da aprendizagem, das capacidades cognitivas, da alfabetização e,
também, da interação social.
Vale ressaltar que a influência da tecnologia pode promover a interação
social e é vista como um fator positivo dentro das questões relacionadas à
aprendizagem junto aos objetivos que venham favorecer o desenvolvimento
cognitivo e social da criança. Em contrapartida, a tecnologia é vista como um fator
negativo para interação social da criança quando seus meios tecnológicos são
usados de forma indiscriminada e sem nenhum objetivo.
Relacionando tecnologia e alfabetização, Paiva & Costa (2015) acreditam que
a criança que possui contato com computadores apresenta maior inteligência. Os
autores colocam a habilidade da escrita em destaque, afirmando que o infante
apresenta elevado relato verbal. Os autores ainda apresentam ser as mensagens
instantâneas estimuladoras da escrita, expondo um aumento no seu vocabulário.
Quanto à comunicação, entende-se que a tecnologia é vista como uma
ferramenta poderosa, seus recursos ganham a atenção e o interesse das crianças,
isso faz com que se promova a retenção de informação (AMES, 2016).
Essa forma ativa que a criança apresenta diante do manuseio dos objetos
tecnológicos, obtendo aquisição de informações e comunicação se dá a partir da
reprodução da cultura que vem se modificando ao longo do tempo. Esses fatores
contribuíram para o surgimento de novas práticas pedagógicas, sendo assim a
influência de novas tecnologias podem promover a renovação do ensino tradicional,
fazendo com que a criança apresente melhora na aprendizagem e a capacidade de
resolução de problemas (AMES, 2016).
Brito (2010) realizou uma pesquisa por meio de um questionário
direcionado a educadores infantis de todo o país, com objetivo de verificar atitudes
e práticas relacionadas à utilização do computador no ambiente escolar. Diante das
363 respostas obtidas, concluiu-se que a maior parte dos educadores considera que
a utilização das tecnologias de informação e comunicação é uma ferramenta
importante para o processo de aprendizagem das crianças, ressaltando, de maneira
particular, os conteúdos relacionados às áreas de matemática e língua portuguesa.
A grande parte dos educadores, ao se referirem as questões positivas acerca do uso
da tecnologia, apresentaram as alterações relacionadas ao nível cognitivo e motor
da criança, associadas ao manuseio do computador.

Conclusão
Esse estudo buscou compreender se a tecnologia em excesso poderia afetar
o desenvolvimento cognitivo e social de crianças na infância.
De acordo com os resultados, notou-se a existência de diversos fatores
contrários à tecnologia na infância, resultando no atraso do desenvolvimento social
e cognitivo, contudo, é importante ressaltar que a tecnologia possui aplicabilidade
positiva, principalmente na área da aprendizagem.
Portanto, compreende-se que o determinante para essa influência ser
positiva ou negativa dependerá da mediação, dessa forma, os objetos tecnológicos
devem ser utilizados de maneira correta e com um objetivo, visando o uso
ponderado, sem interferências negativas no desenvolvimento cognitivo e social da
criança, assim, os pais, responsáveis e educadores devem ser mediadores dessa
relação criança-tecnologia.
Os adultos necessitam mostrar às crianças o uso consciente dos meios
tecnológicos para que elas compreendam, a princípio, que a tecnologia caracteriza-
se como um mecanismo de entretenimento, aprendizagem e socialização, mas não
substitui o contato com outro indivíduo.
Outro aspecto relevante a expor é que as brincadeiras clássicas as quais
promovem interação social e desenvolvimento das capacidades cognitivas devem
estar presentes na infância, logo, deve haver equilíbrio entre brincadeiras
recreativas e o contato da criança com objetos digitais.
Estar próxima das ferramentas tecnológicas permite a criança acompanhar
as mudanças históricas da cultura em que ela encontra-se inserida, contudo, a
mediação de um adulto permite que ela não fique à mercê apenas desse contexto
digital.
Enfim, com base nos resultados explícitos na discussão, o uso da tecnologia
em excesso pode sim afetar o desenvolvimento cognitivo e social se usada de forma
indiscriminada, sem mediação alguma, comprometendo o desempenho da
aprendizagem das crianças e da sua interação com os demais.

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