Audiencia Pública 015-22 - Voto - Dispositivos Autoaplicavéis Da Lei 14.300
Audiencia Pública 015-22 - Voto - Dispositivos Autoaplicavéis Da Lei 14.300
008791/2022-00
VOTO
PROCESSO: 48500.004924/2010-51.
ASSUNTO: Proposta de abertura de Consulta Pública com vistas a obter subsídios e informações
adicionais para o aprimoramento dos regulamentos aplicáveis à micro e minigeração distribuída, em
função das disposições estabelecidas na Lei nº 14.300, de 6 de janeiro de 2022, e no art. 1º da Lei nº
14.120, de 1º de março de 2021.
I – RELATÓRIO
6. Em 30 de maio de 2018, foi instaurada a Consulta Pública 10/2018, com período para
envio de contribuições até 17 de julho de 2018, por intercâmbio documental.
7. Nos dias 20 e 21 de junho de 2018 foi realizado o Seminário Internacional sobre Micro
e Minigeração Distribuída, com o objetivo de ampliar a participação pública no processo decisório.
8. Em 23 de janeiro de 2019, foi instaurada a Audiência Pública 01/2019, com período para
envio de contribuições até 9 de maio de 2019, por intercâmbio documental, com sessões presenciais
realizadas em Brasília, São Paulo e Fortaleza, além da realização de webinar.
9. Em 17 de outubro de 2019, foi instaurada a Consulta Pública 25/2019 (CP 25/2019), com
período para envio de contribuições até 30 de novembro de 2019, prazo posteriormente prorrogado
para 30 de dezembro de 2019, por intercâmbio documental.
13. Em 1º de março de 2021, a Lei nº 14.120 alterou o art. 1º da Lei nº 9.991, de 2000, e
incluiu o inciso VI, definindo que as distribuidoras poderão aplicar recursos de eficiência energética
para instalar sistemas de geração de energia renovável em edificações utilizadas pela administração
pública.
14. Outra alteração promovida pela Lei nº 14.120, de 2021, foi a inclusão do § 3º no art. 1º
da Lei nº 9.991, de 2000, que estabelece que a energia gerada pelo sistema renovável a que se refere
o inciso VI deve ser destinada ao atendimento das necessidades do órgão da administração pública
instalado na edificação e que eventual excedente de energia elétrica gerado deve ser utilizado para fim
de abastecimento, sem ônus, de unidade consumidora da subclasse residencial baixa renda.
16. Em 16 de agosto de 2021, o referido processo foi distribuído ao Diretor Efrain Cruz,
mesmo relator da proposta de revisão ora em análise.
18. Em 7 de janeiro de 2022, foi publicada a Lei nº 14.300, a qual instituiu o marco legal da
microgeração e minigeração distribuída, o Sistema de Compensação de Energia Elétrica - SCEE e o
Programa de Energia Renovável Social- PERS, além de outras providências.
II – FUNDAMENTAÇÃO
28. Conforme a atividade 5 da Agenda Regulatória da ANEEL para o biênio 2022-2023, trata-
se de proposta de abertura de Consulta Pública com vistas a obter subsídios e informações adicionais
para o aprimoramento dos regulamentos aplicáveis à micro e minigeração distribuída, atualmente
estabelecidos pela REN 482/2012, pela REN 1000/2021 e pela Seção 3.1 do Módulo 3 dos
Procedimentos de Distribuição – PRODIST, em razão do disposto no art. 1º da Lei nº 14.120, de 2021,
e na Lei nº 14.300, de 2022, doravante mencionadas apenas como Lei 14.120 e Lei 14.300.
29. O art. 15 da REN 482/2012 previa a sua revisão até 31 de dezembro de 2019. Assim,
desde 2018, a ANEEL tem realizado estudos para esta revisão, em paralelo com as discussões no âmbito
do Congresso Nacional, que resultaram na publicação da Lei 14.300, em 6 de janeiro de 2022.
30. A Lei 14.300 trouxe diversos comandos sobre o Sistema de Compensação de Energia
Elétrica – SCEE e sobre microgeradores e minigeradores distribuídos, além de outros temas, o que
demanda da ANEEL a adequação de seus atuais regulamentos sobre o tema e a atualização dos estudos
já realizados pelas áreas técnicas no decorrer dos últimos anos.
31. Entretanto, cabe esclarecer que o escopo do presente processo se limita às normas
atinentes ao SCEE e aos microgeradores e minigeradores distribuídos, assuntos atualmente
regulamentados na REN 482/2012, cujo processo de revisão foi objeto da CP 25/2019. Desta forma, as
32. Feitos estes esclarecimentos, antes de abordar os temas objeto da Consulta Pública, é
importante ressaltar duas dentre as várias definições constantes do art. 1º da Lei 14.300, de 2022, a
saber.
33. Para fins de aplicação da norma proposta, uma central geradora é considerada
despachável quando seu combustível, originário de fontes primárias (energia hidráulica, solar, eólica,
biomassa etc.) ou secundárias (eletricidade, biogás etc.), pode ser armazenado para a produção de
energia em determinados momentos, ou por solicitação do operador da rede (ONS ou distribuidora),
ou por razões comerciais.
34. O inciso IX14 do art. 1º da Lei 14.300 trouxe o conceito de fontes despacháveis, que lido
em conjunto com o conceito de minigeração distribuída (inciso XIII), permite a definição das fontes
energéticas despacháveis e respectivos limites de potência associados, para fins exclusivos da referida
Lei.
35. Dessa forma, para fins de aplicação do SCEE, as fontes despacháveis estão restritas às
fontes hídrica, biomassa, biogás, solar fotovoltaica e centrais com cogeração qualificada, definidas em
regulação específica da ANEEL.
36. Para o caso da fonte solar fotovoltaica, que tem natureza intermitente, deve-se associá-
la a um sistema de baterias com capacidade mínima de armazenamento igual a 20% da capacidade de
geração mensal da central geradora. Assim, seguindo o conceito trazido pela Lei, será possível incluir a
fonte solar no rol de fontes despacháveis15.
37. Com relação aos limites de potência instalada para o enquadramento como minigeração
distribuída, as centrais geradoras despacháveis podem ter até 5 MW, exceto a fonte solar com baterias,
cujo limite foi fixado em 3 MW, que é o mesmo limite para fontes não despacháveis (todas aquelas não
citadas no inciso X do art. 1º da Lei 14.300).
38. Contudo, conforme disposto no parágrafo único do art. 1º e caput do art. 26 da Lei
14.300, esses novos limites de potência instalada não afetam as centrais geradoras existentes na data
14 “Art. 1º .................
IX - fontes despacháveis: as hidrelétricas, incluídas aquelas a fio d'água que possuam viabilidade de controle variável de sua geração de
energia, cogeração qualificada, biomassa, biogás e fontes de geração fotovoltaica, limitadas, nesse caso, a 3 MW (três megawatts) de
potência instalada, com baterias cujos montantes de energia despachada aos consumidores finais apresentam capacidade de modulação
de geração por meio do armazenamento de energia em baterias, em quantidade de, pelo menos, 20% (vinte por cento) da capacidade
de geração mensal da central geradora que podem ser despachados por meio de um controlador local ou remoto;
............................
XIII - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica renovável ou de cogeração qualificada que não se classifica como
microgeração distribuída e que possua potência instalada, em corrente alternada, maior que 75 kW (setenta e cinco quilowatts), menor
ou igual a 5 MW (cinco megawatts) para as fontes despacháveis e menor ou igual a 3 MW (três megawatts) para as fontes não
despacháveis, conforme regulamentação da Aneel, conectada na rede de distribuição de energia elétrica por meio de instalações de
unidades consumidoras;”
15 O item III.8 da Nota Técnica nº 0041/2021-SRD/SGT/SRM/SRG/SCG/SMA/ANEEL descreve a proposta de cálculo da capacidade dos
sistemas de armazenamento para fins de enquadramento como micro e minigeração distribuída e como fonte despachável.
II.2. Formas de associação para geração compartilhada (inciso X do art. 1º da Lei 14.300)
40. A geração distribuída no âmbito do SCEE se caracteriza por não envolver comercialização
de energia (salvo pela possibilidade prevista no art. 24 da Lei 14.300), uma vez que existe vedação legal
para compra de energia por consumidores não enquadrados nos art. 15 e 16 da Lei nº 9.074, de 1995.
Assim, as formas associativas da Lei 14.300 devem ser estabelecidas mantendo a vedação a qualquer
mecanismo de comercialização de energia (via o uso de excedentes ou créditos de energia) entre seus
usuários, ainda que por meios implícitos. Por essa razão, inclusão dessa vedação é proposta de forma
expressa na norma. A comercialização de excedentes ou créditos de energia, em desacordo com a Lei
nº 9.074, de 1995, e a Lei 14.300, implica no recebimento de subsídios tarifários de forma imprópria,
o que enseja a devolução dos valores indevidamente recebidos, conforme o item III.19 da Nota Técnica
0041/2022.
42. Passo a discorrer, de forma resumida, alguns dos temas propostos na minuta de
Resolução Normativa anexa ao Memorando Conjunto nº 0002/2022-SRD/SGT/SPE/ANEEL. Ademais,
adoto como fundamento deste voto os argumentos trazidos pelas áreas técnicas, tanto na Nota
Técnica 0041/2021, quanto no citado Memorando Conjunto.
43. A REN 956/2021 (PRODIST) e a REN 1.000/2021 (Regras de Prestação do Serviço Público
de Distribuição de Energia Elétrica) consolidaram as disposições relacionadas à conexão ao sistema de
distribuição. Os prazos e etapas de conexão foram simplificados, com vistas a reduzir a necessidade de
interação com a distribuidora local, além de ampla revisão da linguagem e da terminologia utilizadas.
requisitos previstos na Seção IX do Capítulo II do Título I da REN 1.000/2021. Como a Lei 14.300 adotou
tratamento diferenciado aos microgeradores e minigeradores, a depender do cumprimento de marcos
temporais nela definidos, o reconhecimento da tempestividade das ações dos interessados em
conexão de MMGD ou ampliação da capacidade instalada, estará fundamentado na apresentação
completa das informações e da documentação pertinentes, conforme previsto no regulamento.
46. Assim, feitos os estudos para a conexão, de acordo com a REN 1.000/2021, a
distribuidora deverá oferecer ao consumidor, conforme § 1º do art. 82 da minuta proposta, pelo menos
uma das alternativas lá elencadas.
47. Além das questões técnicas relacionadas à conexão de unidades consumidoras com
microgeração e minigeração distribuída, a proposta contempla o aprimoramento da REN 956/2021
(PRODIST) e da REN 1.000/2021, considerando as disposições da Lei 14.300, conforme resumo
apresentado na Tabela 1 da Nota Técnica 0041/2022, com destaque para os seguintes pontos:
48. Como já mencionado, a Lei 14.300 trouxe o conceito de centrais geradoras despacháveis
e, para ser classificada nesses termos, a produção de energia da central geradora precisa ter algum
tipo de gerenciamento, como sistemas de armazenamento.
49. Adicionalmente, o art. 2º da referida Lei dispôs que sistemas com armazenamento de
energia e sistemas híbridos (com mais de uma fonte de energia) podem solicitar o orçamento de
conexão junto à distribuidora, conforme regulação da ANEEL.
51. A proposta da Nota Técnica 0041/2022 é adotar o limite de 90% da produção estimada
de energia das centrais geradoras como valor máximo da capacidade do banco de baterias, ou outros
sistemas de armazenamento, independentemente da tecnologia utilizada.
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 [𝑘𝑊ℎ] = 𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 [𝐴ℎ]𝑥 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 [𝑉𝑑𝑐]𝑥 𝐷𝑜𝐷 [%]
Em que:
A tensão do banco de baterias é em corrente contínua [Vdc]
DoD significa profundidade de descarga da bateria, dada em percentual.
54. A Lei 14.300, em seu art. 4º, criou a obrigação de apresentação de garantia de fiel
cumprimento (GFC) por parte dos interessados na conexão de centrais de minigeração, a partir de
determinado limite de potência.
56. Segundo os incisos I e II do art. 4º, os interessados estão obrigados a apresentar GFC nos
seguintes valores: (i) equivalente à 2,5% do valor do investimento no caso de potência instalada
superior a 500 kW e inferior a 1.000 kW; e (ii) equivalente à 5% do valor do investimento no caso de
potência instalada igual ou superior a 1.000 kW.
57. Pelo texto legal, a obrigação da apresentação da GFC incide a partir do momento em
que o agente se torna “interessado em implantar central de minigeração”. Tal marco se caracteriza
pela apresentação da solicitação de orçamento de conexão, incluindo os casos de aumento da
capacidade do ponto de conexão. Portanto, a proposta é que, a partir da vigência da norma, a
apresentação da GFC seja condição necessária para solicitar conexão ou aumento de carga, e sua
ausência impedirá o protocolo da solicitação de orçamento de conexão.
16Segundo dados de 30/10/2022, das 1.396.166 centrais geradoras participantes do SCEE, 885 (0,063% do total) apresentam potência
acima de 500 kW. Em termos de potência, as centrais gerados com mais de 500 kW representam aproximadamente 1,2 GW do total de
14,8 GW participantes do SCEE.
celebrado.
59. Para os casos de solicitações de conexão existentes, mas que não possuíam orçamento
de conexão válido em 7 de janeiro de 2022, e sem tratamento na Lei, a proposta é dar o mesmo prazo
de 90 dias contados da emissão do orçamento de conexão para apresentação da GFC, sob pena de
cancelamento do processo de conexão.
60. Para definição do valor da GFC, optou-se por utilizar um valor regulatório como
estimativa do investimento realizado, correspondente à potência instalada da usina multiplicada por
um preço de referência, que seriam os valores de CAPEX Referência, por fonte, utilizados no Plano
Decenal de Expansão – PDE, publicado anualmente pela EPE. Tais valores são conservadores, tendo em
vista o ganho de escala observado em geradores centralizados (quando comparados aos custos de
implantação da minigeração), mitigando o risco de definir valores regulatórios superiores à realidade
do mercado e, consequentemente, de majoração dos montantes de garantia a serem aportados.
61. A proposta prevê que o valor do kW instalado, para a definição da GFC, possa ser
atualizado quando necessário. Nessa linha, propõe-se a publicação de uma Resolução Homologatória
definindo os valores iniciais a serem considerados.
64. O art. 5º da Lei 14.300 dispõe que “fica vedada a transferência do titular ou do controle
societário do titular da unidade com microgeração ou minigeração distribuída indicado no parecer de
acesso até a solicitação de vistoria do ponto de conexão para a distribuidora, assegurada a destinação
de créditos de energia às unidades consumidoras beneficiárias, a partir do primeiro ciclo de
faturamento subsequente ao do pedido”.
65. Atendendo ao comando citado, é proposto (§7º do art. 138 da REN 1.000/2021) que a
alteração de titularidade somente ocorra após a aprovação da vistoria. Se justifica a opção de
estabelecer como marco a aprovação e não a solicitação, pois esta última pode se dar de forma tácita
a partir de algumas situações previstas no art. 9117 da REN 1.000/2021.
17(i) conclusão da análise pela distribuidora que indicar que não são necessárias obras na baixa tensão; (ii) devolução dos contratos
assinados pelo consumidor, quando não são necessárias obras para conexão; (iii) conclusão das obras de conexão pela distribuidora; (iv)
comissionamento das obras executadas pelo consumidor; ou (v) solicitação de vistoria pelo consumidor quando da reprovação da vistoria
anterior.
66. Da forma proposta, o início da conexão já ocorre sob novo titular, conforme preceitua o
referido art. 5º, possibilitando-o destinar créditos de energia gerado após a conexão às unidades
consumidoras beneficiárias de sua titularidade a partir do primeiro ciclo de faturamento. Entende-se
que essas disposições atendem também ao §1º do art. 2º da Lei 14.30018.
67. Para os casos em que a troca de titularidade for solicitada após a conexão da
microgeração ou minigeração, julga-se que as disposições constantes na REN 1.000/2021 estão
condizentes com o texto da Lei 14.300.
68. Para o Grupo A, em que a troca de titularidade não representa encerramento contratual,
haverá a manutenção do CUSD, com o novo titular assumindo as responsabilidades dele decorrentes,
conforme preceitua o atual art. 139 da REN 1.000/2021.
69. Ressalta-se que a troca de titularidade não pode implicar em transferência de créditos
de um titular para outro, pois representa comercialização implícita de energia, sem disposição legal
que a suporte. A regulamentação não poderia criar uma possibilidade de troca de energia entre
pessoas distintas por meio de troca de créditos simplesmente pelo fato de não exigir encerramento
contratual em determinadas situações para usuários do Grupo A. Logo, de modo a observar as
disposições dos artigos 15 e 16 da Lei nº 9.074, de 1995, em que apenas os consumidores livres ou
especiais podem comprar energia de entes diferentes da distribuidora no âmbito da CCEE, julga-se
necessário que a regulamentação dê destinação aos créditos semelhante aos procedimentos dos §§3º
e 4º do art. 13 da Lei 14.30019, que tratam da destinação dos créditos de energia, no caso de troca de
titularidade abrangida pelo art. 139 da REN 1.000/2021.
71. Tal conduta acarreta ao menos três problemas: (i) inúmeros pleitos de conexão,
atingindo centenas de pedidos, sem que haja real intenção do solicitante em se conectar; e (ii)
direcionamento de mão-de-obra das distribuidoras para dar vazão a esses pleitos, refletindo-se, em
18 § 1º Os contratos firmados entre o consumidor e a concessionária ou permissionária de distribuição de energia elétrica para fins de
acesso ao sistema de microgeração ou minigeração distribuída devem ser celebrados com a pessoa física ou jurídica, consórcio,
cooperativa, condomínio voluntário ou edilício ou qualquer outra forma de associação civil instituída para esse fim, indicado como titular
o da unidade consumidora na qual a microgeração ou minigeração distribuída será ou está instalada na ocasião da solicitação de acesso,
garantida a possibilidade de transferência da titularidade antes ou depois da conexão da microgeração ou minigeração distribuída
19 § 3º Os créditos de energia elétrica existentes no momento do encerramento da relação contratual do consumidor participante do SCEE
perante a concessionária ou permissionária de distribuição de energia elétrica serão mantidos em nome do titular pelo prazo estabelecido
no caput deste artigo, exceto se houver outra unidade consumidora sob mesma titularidade de pessoa física ou jurídica, inclusive matriz
e filiais, consórcio, cooperativa ou condomínio voluntário ou edilício ou qualquer outra forma de associação civil instituída para esse fim,
atendida pela mesma concessionária ou permissionária de distribuição de energia elétrica, e poderão ser, nesse caso, realocados para a
respectiva unidade consumidora remanescente.
§ 4º A não solicitação de alocação dos créditos do consumidor-gerador para determinada unidade em até 30(trinta) dias após o
encerramento da relação contratual implicará a realocação automática pela concessionária para a unidade de maior consumo e assim
sucessivamente, até a compensação integral dos créditos remanescentes
última instância, em aumento de custos operacionais; e (iii) prejuízo aos investidores efetivamente
interessados em se conectar. Portanto, oportuna essa previsão legal.
72. Uma parte relevante desse problema é resolvido pela aplicação do art. 5º da Lei 14.300,
que impõe restrições à troca de titularidade antes da conexão da unidade com micro ou minigeração.
Assim, ele traz importante desincentivo à comercialização de pareceres de acesso, uma vez que a
materialização do negócio só ocorrerá após a realização de todo investimento para construção da
central geradora. Contudo, ele pode não ser suficiente para coibir toda a comercialização de parecer
de acesso. Assim, espera-se que a Consulta Pública possa trazer contribuições de outros possíveis
mecanismos regulatórios para coibir tal prática.
73. Considerando que a Lei 14.300 vedou a comercialização de parecer de acesso, a minuta
de norma a ser submetida à Consulta Pública oferta um conjunto de providências a serem tomadas
quando identificada essa prática.
II.3.6. Postergação de prazo para conclusão das melhorias e reforços de rede (art. 7º da Lei 14.300)
74. O art. 7º da Lei 14.300 possibilitou a prorrogação dos prazos estabelecidos para
conclusão das melhorias e dos reforços de rede indicados em orçamento de conexão, nos casos de
comprovação de evolução do licenciamento ambiental ou das obras de implantação da usina, quando
devidamente comunicado pelo acessante à distribuidora.
77. Caso necessária a substituição dos medidores de agentes com micro ou minigeração
distribuída, tem-se a possibilidade de modernização do parque de medição. Nessa linha, esse tema
poderá receber construtivas contribuições via Consulta Pública, de modo a definir os requisitos
técnicos mínimos de medidores com funcionalidades mais avançadas, que permitam o futuro
estabelecimento de tarifação horária e a aferição da qualidade do serviço, possuindo memória de
massa, entre outros aspectos.
80. O § 1º do art. 11 da Lei 14.300 dispõe que unidades consumidoras com geração local
cuja potência nominal total dos transformadores seja igual ou inferior a 112,5 kVA podem optar por
faturamento com aplicação da tarifa do Grupo B. Por outras palavras, esse dispositivo assegura ao
participante do SCEE a possibilidade de optar pelo faturamento em Grupo B, desde que possua geração
na unidade consumidora, não aloque energia entre unidades consumidoras distintas e possua
transformador de até 112,5 kVA.
81. A norma da ANEEL (art. 292 da REN 1.000/2021) já trata da possibilidade de opção pelo
faturamento no Grupo B de unidades consumidoras do Grupo A, desde que atendidos determinados
critérios. Entretanto, esse tratamento foi originalmente concebido para unidades consumidoras sem
geração, e não contempla a inovação trazida pela Lei 14.300. Assim, a proposta de norma a ser
submetida à Consulta Pública prevê condições específicas para que as unidades com minigeração
distribuída possam optar pelo faturamento em Grupo B.
82. Contudo, alguns usuários do Grupo A que exerceram essa opção no passado podem não
estar adequados aos novos critérios legais, restando dúvidas acerca de eventuais direitos adquiridos
desses consumidores. Consultada sobre o tema, a Procuradoria Federal manifestou entendimento de
que as novas exigências trazidas na Lei 14.300 devem ser observadas para os consumidores conectados
antes dela. Isso porque os requisitos seriam aplicados apenas para os faturamentos realizados após a
regulamentação, não incidindo sobre os que já foram realizados. Portanto, não há de se falar em
manutenção da condição de faturamento em Grupo B àqueles que deixaram de ser elegíveis após
mudança legislativa. Nessa linha, a proposição da ANEEL é conceder prazo para que as unidades que já
exerceram essa opção no passado possam se adequar às novas exigências legais.
83. O § 2º do art. 11 da Lei 14.300 estabelece que: “É vedada a divisão de central geradora
em unidades de menor porte para se enquadrar nos limites de potência para microgeração ou
minigeração distribuída.”.
84. O comando trazido pela Lei 14.300 é similar ao atualmente vigente, disposto no art. 4º
da REN 482/20212, que dispõe ser de responsabilidade da distribuidora identificar os casos de divisão
que resultam em alteração do enquadramento como micro ou minigeração e negar sua participação
no Sistema de Compensação.
85. Tal vedação é importante, na medida em que a Lei traz dispositivos que proporcionam
condições mais vantajosas aplicáveis a centrais geradoras de menor porte, como, por exemplo, o valor
da GFC estabelecido em 2,5% e 5% do investimento para centrais com potência instalada superior a
500 kW e a 1.000 kW, respectivamente. Ressalta-se que o empreendedor é livre para fazer divisões
conforme suas necessidades, entretanto, tais divisões não podem resultar no auferimento de subsídios
(suportados pelos demais) que foram constituídos para usinas de menor porte.
86. Por ocasião da CP 25/2019, foi proposto um critério20 objetivo para caracterizar os casos
de divisão vedados, todavia, diante da incerteza quanto à efetividade desse parâmetro técnico na
mitigação de divisões vedadas pela norma, optou-se21 por retirá-lo da proposta, com vistas a incentivar
a sociedade a submeter contribuições no sentido de melhor definir os critérios de caracterização da
divisão.
II.3.10. Destinação dos excedentes e dos créditos de energia (artigos 12 e 13 da Lei 14.300)
88. O art. 12 da Lei 14.300 trata do rito a ser seguido para alocação do excedente de energia
elétrica gerada em determinado ciclo de faturamento e não difere, em termos de mérito, da proposta
constante no fechamento da CP 25/2019.
89. Sua redação explicita que o excedente de energia elétrica será primeiro utilizado para
abater o consumo realizado na mesma unidade consumidora em diferentes postos tarifários, e o
excedente de energia transformado em créditos de energia quando não utilizado no mesmo ciclo de
faturamento, transferido para outra unidade consumidora do mesmo titular no ciclo de faturamento
em que foi gerado, ou repassado a outros titulares integrantes do mesmo empreendimento de
múltiplas unidades consumidoras ou da mesma geração compartilhada em que o excedente de energia
foi gerado, no ciclo de faturamento em que foi gerado.
90. O art. 13 da Lei 14.300 trata da utilização dos créditos de energia elétrica, como o prazo
máximo de validade. Uma vez que alguns dos dispositivos desse artigo já possuem tratamento da
ANEEL, passo a avaliar aqueles sujeitos à proposição de regulamentação.
20 O critério era a limitação de 5 MW por subestação de distribuição para a somatória da potência de centrais de micro e minigeração
distribuída de um mesmo titular, pessoa física ou jurídica, ou titulares pertencentes a um mesmo grupo econômicos.
21 Nota Técnica nº 0030/2021-SRD/SGT/SRM/SRG/SCG/SMA/ANEEL e seus anexos.
pertencentes ao consumidor serão mantidos em nome do consumidor por até 60 meses após sua
geração, para que possam ser utilizados caso o titular celebre novo contrato com a distribuidora. Uma
segunda opção trazida na Lei é a transferência desses créditos para uma outra unidade consumidora
do mesmo titular, desde que a solicitação ocorra em até 30 dias após o encerramento contratual.
94. Para assegurar que os créditos de energia sejam destinados aos efetivos beneficiários
da modalidade na ocasião em que foram gerados, evitando a comercialização de energia elétrica,
propõe-se que a regulamentação estabeleça que os créditos remanescentes podem ser redistribuídos
exclusivamente a eles, nos termos do §5º do art. 13 da Lei 14.300, evitando a criação de unidade
consumidora de forma posterior somente para o recebimento desses créditos.
96. Importante destacar que, uma vez que não há interseção de área de atuação entre
distribuidoras, o texto legal buscou restringir a possibilidade de transferência de excedentes de energia
entre distribuidoras, de modo que a permissionária e as concessionárias envolvidas na operação
tenham uma ligação entre si, que deve ser a celebração de um CUSD em que a permissionária acessa
a concessionária.
97. Portanto, a regulamentação proposta estabelece que a unidade com geração atendida
por permissionária pode enviar excedentes de energia para unidades consumidoras atendidas por
qualquer concessionária com a qual a permissionária tenha um CUSD celebrado na condição de
acessante. Evidentemente, caso haja alteração na condição de acessada da concessionária, a operação
deixaria de ser possível, em função da restrição trazida no art. 15 da Lei 14.300, conforme detalhado
na NT 0041/2022.
98. O caput do art. 16 da Lei 14.300 estabelece que “para fins de compensação, a energia
injetada, o excedente de energia ou o crédito de energia devem ser utilizados até o limite em que o
valor em moeda relativo ao faturamento da unidade consumidora seja maior ou igual ao valor mínimo
faturável da energia estabelecido na regulamentação vigente”.
101. Neste ponto, importante ressaltar que o atual custo de disponibilidade definido para os
consumidores do Grupo B é uma forma, simples e objetiva, de garantir um faturamento mínimo de
consumidores com baixo consumo (ocasional ou característico), de modo a: i) assegurar uma
remuneração mínima pela prestação do serviço, em especial de determinadas atividades (leitura do
sistema de medição para faturamento, por exemplo); ii) sinalizar aos consumidores sobre a existência
de custos fixos.
103. Dada a liberdade de escolha regulatória conferida à ANEEL para estabelecer a redução,
propõe-se definir uma redução nula para os usuários abrangidos pelo § 2º do art. 16 da Lei 14.300,
tendo em conta o princípio da modicidade tarifária e a prudência na aplicação desse comando legal
para os demais consumidores que não possuem microgeração e que já estão onerados com outros
subsídios trazidos nessa mesma Lei.
104. O art. 18 da Lei 14.300 estabelece diretrizes para cobrança do custo de transporte dos
microgeradores e minigeradores distribuídos, nos seguintes termos:
‘Art. 18. Fica assegurado o livre acesso ao sistema de distribuição para as unidades com
microgeração ou minigeração distribuída, mediante o ressarcimento, pelas unidades
consumidoras com minigeração distribuída, do custo de transporte envolvido.
Parágrafo único. No estabelecimento do custo de transporte, deve-se aplicar a tarifa
correspondente à forma de uso do sistema de distribuição realizada pela unidade com
microgeração ou minigeração distribuída, se para injetar ou consumir energia.” (grifo nosso)
105. Embora o caput do art. 18 estabeleça que o ressarcimento do custo de transporte deve
ser realizado pelo minigerador distribuído (sem menção ao microgerador), o seu parágrafo único
define que a tarifa referente ao custo de transporte se aplica tanto ao microgerador quanto ao
minigerador, devendo-se observar a forma de uso do sistema, se para injetar ou consumir energia.
Diante da aparente contradição do art. 18, a SRD solicitou manifestação jurídica sobre o tema.
106. Nesse ínterim, cabe destacar que foi realizada reunião em 11 de agosto de 2021 entre
MME, ANEEL, ABSOLAR, ABRADEE, INEL e ABGD, que teve como objetivo finalizar um texto de
consenso, que foi proposto aos Parlamentares, como sugestão de redação para o Projeto de Lei que
instituiria o marco legal da microgeração e minigeração distribuída. No anexo da ata da referida
reunião, consta a redação proposta para o atual art. 18 da Lei 14.300 não continha a palavra
“microgeração”, conforme se extrai do referido documento:
“Art. 16 Fica assegurado o livre acesso ao sistema de distribuição para as unidades com micro
ou minigeração distribuída, mediante o ressarcimento, pelas unidades consumidoras com
minigeração distribuída, do custo de transporte envolvido.
107. Como resultado, não é descabido admitir que a inclusão da microgeração no parágrafo
único do art. 18 resultou do próprio processo legislativo, isto é, da vontade do legislador. Daí resultou
a interpretação, tanto pela Procuradoria Federal22 quanto pelas áreas técnicas da ANEEL, de que: (i) o
microgerador também deve ressarcir os custos de transporte; e (ii) a definição da tarifa de uso da rede
aplicada ao microgerador segue a mesma regra aplicável ao minigerador, ou seja, a tarifa deve
corresponder à forma de uso do sistema de distribuição, se para injetar ou consumir energia.
109. Assim, tendo em vista que o micro e o minigerador se utilizam do sistema para importar
e/ou exportar energia, é preciso, nos termos da Lei, estabelecer uma regra de faturamento que reflita
o custo efetivo pelo uso da rede de distribuição. Nesse caso, as áreas técnicas sugerem a aplicação do
conceito de dupla contratação, já utilizado no caso de geradores que fazem uso do mesmo ponto de
conexão para importar e exportar energia na rede. Esse conceito havia sido proposto pela ANEEL para
o minigerador, no âmbito da CP 25/2019. Em decorrência do disposto no art. 18, regra similar seria
estendida ao microgerador.
110. É importante destacar que a dupla contratação parte da premissa de que a cobrança dos
custos de transporte do gerador só é realizada para a parcela de injeção que excede a parcela de
consumo.
111. Dessa forma, para o microgerador, a regra proposta estabelece que o pagamento pelo
uso da rede para fins de injeção somente ocorrerá caso o consumidor, ao longo do ciclo de
faturamento, injete na rede mais energia do que consome, ou seja, se ele for “exportador de energia”.
Nesse caso, o pagamento se dará apenas sobre o excesso de injeção em relação ao consumo,
aplicando-se, a esse excesso de injeção, a tarifa de uso de geração (TUSDg).
112. Para aplicação deste conceito na cobrança, as áreas técnicas sugeriram que seja exigido
medidor com registro de demanda para sistemas com potência instalada superior a 30 kW (representa
cerca de 5% dos sistemas conectados na baixa tensão, atualmente registrados na ANEEL23). Para
unidades consumidoras com microgeração de até 30kW, seria aplicada a estimativa de demanda a
partir do excedente de energia injetado na rede. Assim, estimula-se a modernização seletiva do parque
de medição, que abarcará consumidores maiores, que geram sua própria energia. A aplicação da regra
aos sistemas já instalados implica, portanto, na adequação dos respectivos medidores e na necessidade
de contratação de demanda para fins de injeção.
113. De modo a se ter uma visão quantitativa do pagamento pelo uso da rede para fins de
injeção de energia, as áreas técnicas elaboraram dois exemplos (os cálculos consideram a média
simples da TUSDg (TIPO 01) das distribuidoras, de R$ 4,8/kW):
a) consumidor com consumo médio mensal de 400 kWh e injeção média mensal de 500 kWh
tem uma exportação líquida de 100 kWh. Assumindo-se fator de capacidade de 15%, a
demanda estimada associada à essa exportação líquida de energia é de 0,93 kW, resultando
no pagamento de R$ 4,46 no ciclo de faturamento em questão; e
b) consumidor com demanda de injeção líquida de 75 kW (representaria microgeração remota
de 75 kW de capacidade instalada), haveria cobrança mensal de R$ 360,00, referente ao uso
da rede para fins de injeção de energia.
114. Em relação ao uso da rede para fins de importação de energia (consumo), o faturamento
do microgerador se dará conforme a regra do SCEE, em que ele passará a pagar gradativamente o uso
da rede associado à energia compensada, seguindo-se a regra de transição estabelecida na Lei 14.300
e aplicando-se a tarifa de consumo (tarifa de fornecimento).
116. A proposta tem razoabilidade técnica, uma vez que ela aloca devidamente os custos pelo
uso da rede, além de dar um sinal econômico que incentiva a instalação de geradores próximos e do
tamanho da carga. Em diversos países, o excesso de injeção de energia na rede de distribuição é
desincentivado, seja por meio de sinais econômicos ou via limitações técnicas. Tais medidas se
justificam uma vez que não é técnica ou economicamente razoável expandir o sistema de distribuição
ou antecipar investimentos em reforços e melhorias unicamente para receber excesso de geração –
vale lembrar que o microgerador não paga pelos custos de reforços e melhorias da rede, ainda que ele
dê causa a esses custos.
117. De todo modo, é importante que a sociedade contribua em relação à correta aplicação
do previsto no art. 18 e às possíveis formas de regulamentação desse dispositivo.
23 Microgeradores com potência acima de 30 kW são 75.724, dos 1.453.014, conforme dados de 30/10/2022.
II.3.14. Sistema de Compensação de Energia Elétrica - SCEE (art. 9, 10, 11, 17, 20, 26 e 27 da Lei
14.300)
118. Por meio dos artigos 22 e 25 da Lei 14.300 se reconhece que o SCEE atualmente em vigor
permite que custos de componentes tarifárias não associadas ao custo da energia24 não sejam pagos
diretamente pelo consumidor participante, criando subsídio (política pública) entre o “consumidor-
gerador” e os demais usuários do sistema, inclusive aqueles que não participam do SCEE.
119. Nesse sentido, o art. 25 estabelece que a Conta de Desenvolvimento Energético – CDE
custeará temporariamente as componentes tarifárias não associadas ao custo da energia e não
remuneradas pelo consumidor-gerador, incidentes sobre a energia elétrica compensada. O efeito
decorrente do custeio pela CDE será aplicável somente às unidades consumidoras do ambiente
regulado.
120. A Lei 14.300 traz dispositivos para preservar as regras atuais, por um tempo, para
amortização dos investimentos realizados anteriormente à mudança de regra, e cria período de
transição, de forma que mesmo novas conexões de minigeração e microgeração possam continuar
tendo benefícios tarifários por um período antes do advento da regra definitiva, conforme estabelecem
os artigos 17, 26 e 27 da Lei.
121. O art. 17 estabelece como regra definitiva que as unidades participantes do SCEE, após
um período de transição, ficarão sujeitas à incidência de todas as componentes tarifárias não
associadas ao custo da energia sobre as grandezas elétricas compensadas, abatidos os benefícios
propiciados pelas centrais de MMGD, cujas diretrizes de valoração serão definidas pelo Conselho
Nacional de Política Energética - CNPE e os cálculos feitos pela ANEEL em 18 meses após a publicação
da Lei 14.300, de 2022.
122. Assim, a regulamentação ora proposta não fixa a regra definitiva, restando pendente a
definição dos eventuais benefícios da MMGD. Contudo, isso não é um problema dado que todas as
unidades participantes do SCEE, ao menos até 2029, estarão submetidas às regras transitórias previstas
nos artigos 26 e 27 da Lei 14.300, havendo tempo hábil para a complementação da regulamentação.
123. O art. 26 da Lei 14.300 estabelece regra de transição para as centrais de micro e
minigeração existentes (já conectadas e as que tenham pedido de conexão protocolado em até 12
meses após a publicação da Lei, ou seja, até 7 de janeiro de 2023). Tal período de transição se estende
até 2045, e a regra de faturamento da energia é, essencialmente, a que se encontra em vigor
atualmente, na qual a energia injetada, os excedentes de energia e os créditos de energia acumulados
em meses anteriores compensam na integralidade as componentes tarifárias da energia consumida
(ressalvadas as eventuais diferenças de postos tarifários), de forma que a tarifa de fornecimento, em
R$/MWh, incide somente sobre o consumo líquido verificado no mês. A regra se estende às unidades
consumidoras beneficiadas pela energia oriunda desses empreendimentos, ainda que essas unidades
tenham sido incluídas no SCEE em momento posterior.
24As componentes tarifárias associadas ao custo da energia são TE-Energia, TE-Transporte e Bandeira Tarifária. As demais componentes
(não associadas ao custo da energia) correspondem aos custos dos Serviços de Distribuição, Serviços de Transmissão, Perdas de Energia
e Encargos Setoriais, conforme a classificação disposta no Submódulo 7.1 dos Procedimentos de Regulação Tarifária (PRORET).
124. Excluem-se da condição de geração existente, prevista no art. 26: (i) parcela referente
ao aumento de potência instalada; (ii) irregularidade no sistema de medição; (iii) encerramento da
relação contratual; (iv) atrasos na conexão, quando ocorridos após o marco de 12 meses após a
publicação da Lei; e (v) unidades com sistemas de armazenamento instalados após o prazo de 12 meses
da publicação da Lei, com base no entendimento de que os sistemas de armazenamento correspondem
a uma forma de ampliação da capacidade do sistema de geração.
126. O art. 27 da Lei 14.300 estabelece a regra de compensação para as unidades “novas”
que, em suma, incluem as demais unidades consumidoras que não estão na regra de transição do art.
26. Para essas unidades consumidoras, é estabelecido um prazo de transição, até o final de 2028,
durante o qual se aplica o pagamento parcial de componentes tarifárias sobre a energia elétrica
compensada no SCEE, aplicando-se a regra definitiva de compensação (art. 17 da Lei) a partir de 2029.
128. A interpretação literal limitaria a fixar como benefício tarifário os percentuais não pagos
do serviço de distribuição. Como não há comando para outros benefícios tarifários, o consumidor-
gerador entrante pagaria também pelos demais componentes (transmissão, perdas de energia e
encargos setoriais).
129. No âmbito da regulamentação dos aspectos econômicos da Lei 14.300, de que trata o
processo 48500.004390/2022-04, diante da necessidade de estabelecer o benefício que será custeado
pela CDE, a Diretoria aprovou na 40ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria, realizada em 25 de
outubro de 2022, a abertura da Consulta Pública nº 50/2022, considerando que o benefício tarifário
abrange todas as demais componentes, com exceção dos percentuais da TUSD Fio B, listados nos
incisos I a VII do caput do art. 27.
131. Há uma regra subsidiária que amplia o término do período de transição para o ano de
2030, para as unidades consumidoras com pedido de conexão de MMGD realizado entre o 13º e o 18º
mês após a publicação da Lei (e para as unidades beneficiárias da energia dessas centrais geradoras),
ou seja, nos 6 meses posteriores ao fechamento da janela temporal estabelecida para as unidades
“existentes”.
132. Unidades consumidoras que se utilizam, via SCEE, da energia gerada em MMGD de
grande porte (em linhas gerais, centrais com potência instalada superior a 500 kW, salvo algumas
exceções com base na característica da central – ex: se é fonte despachável, se é geração local etc.), já
pagam desde o início da transição percentuais maiores dos custos de distribuição, transmissão e
encargos, em valores fixos até 2028. Já as unidades beneficiárias da energia gerada em MMGD de
pequeno porte pagam percentuais menores e até nulos de certos componentes tarifários, em valores
que aumentam, gradativamente, até 2028.
II.3.15. Prazo mínimo para alteração de norma ou procedimento das distribuidoras (art. 31 da Lei
14.300)
133. A Lei 14.300, de 2022, estabeleceu que qualquer alteração de norma ou procedimento
das distribuidoras relacionada à microgeração ou minigeração distribuída ou às unidades
consumidoras participantes do SCEE deverá ser publicada com prazo mínimo de 90 dias para sua
entrada em vigor.
134. Ocorre que a regulamentação atual da ANEEL prevê um prazo ainda maior que o mínimo
definido na nova Lei, de 120 dias. Desta forma, o regulamento vigente já atende o dispositivo legal não
havendo necessidade de ser alterado.
135. O art. 36 da Lei 14.300 instituiu o Programa de Energia Renovável Social – PERS,
destinado a investimentos na instalação de sistemas fotovoltaicos e de outras fontes renováveis, na
modalidade local ou remota compartilhada, aos consumidores da Subclasse Residencial Baixa Renda.
Os recursos do PERS serão oriundos do Programa de Eficiência Energética – PEE, de fontes de recursos
complementares, ou ainda de parcela de Outras Receitas das atividades exercidas pelas distribuidoras
convertida para a modicidade tarifária nos processos de revisão tarifária.
136. Esse mesmo artigo da Lei dispõe que cabe a ANEEL adaptar as normas pertinentes, no
que couber, para viabilizar a formação dos recursos supra e realizar o acompanhamento físico e
contábil do PERS.
137. Adicionalmente, o art. 36 dispõe que a distribuidora deve promover chamadas públicas
para credenciamento de empresas especializadas e, posteriormente, chamadas concorrenciais para
contratação de serviços com o objetivo de implementar as instalações dos sistemas fotovoltaicos,
locais ou remotos, ou de outras fontes renováveis.
138. Nos termos do regulamento vigente da ANEEL, quando a geração é voltada a unidades
consumidoras da subclasse Residencial Baixa Renda, não há exigência nos Procedimentos do Programa
de Eficiência Energética – PROPEE para que o recurso seja aplicado mediante realização de chamada
pública concorrencial, havendo autonomia da distribuidora para proposição mediante implantação
direta ou subcontratação.
139. Desta forma, estamos propondo adequação do regulamento para fazer constar essa
previsão trazida pelo art. 36 da Lei 14.300. Entretanto, mesmo havendo a obrigação regulatória para a
distribuidora aplicar, pelo menos, 50% do investimento compulsório nas duas classes com maior
participação em seu mercado, a Lei 14.300 não impõe valor ou percentual mínimo a ser destinado ao
custeio do PERS. Assim, a regulamentação proposta pela ANEEL visa manter a discricionariedade da
distribuidora na destinação dos recursos para o custeio do PERS.
140. Para fins de verificação e acompanhamento dos projetos cadastrados na ANEEL e dos
recursos aplicados no PERS provenientes do PEE e demais fontes, que também trata o art. 36 da Lei,
sugere-se que os demais recursos alheios ao programa de eficiência energética sejam discriminados
de forma desagregada por fonte de recursos, caracterizados no projeto como contrapartida financeira,
conforme definido na planilha de detalhamento dos custos por categoria contábil e origem dos
recursos, exemplificada na tabela 19 do PROPEE.
141. Em alguns trechos do voto foi abordado que a proposta normativa irá dispor sobre
procedimentos a serem adotados em caso de recebimento irregular do subsídio estabelecido na Lei
14.300. Esses procedimentos têm o objetivo de coibir o desvirtuamento no uso de benefícios legais
direcionados a públicos específicos, assegurando que os beneficiários dos subsídios sejam,
efetivamente, aqueles legalmente elegíveis.
142. Assim, em síntese, quando houver utilização irregular do SCEE a distribuidora deve
considerar que não deveria ter sido autorizada a utilização do sistema de compensação desde o início
da desconformidade, retroagindo efeitos sempre que necessário e dentro dos limites estabelecidos na
regulamentação. Isso vale para os casos de divisão de centrais elétricas para se enquadrar nos limites
de micro e minigeração distribuída, comercialização de orçamento de conexão, comercialização de
excedentes ou créditos de energia, dentre outras situações irregulares.
143. Sem prejuízo da adequação dos regulamentos vigentes ao estabelecido na Lei 14.300,
parte de seus dispositivos são autoaplicáveis e não dependem de alterações normativas ou de
regulamentação complementar pela ANEEL para que tenham plena eficácia, devendo, por óbvio,
prevalecer o disposto na referida Lei em caso de eventuais divergências com a regulamentação vigente.
144. Nesse sentido, julgo oportuno destacar os dispositivos previstos na Lei 14.300 que tem
eficácia imediata e independem da publicação da regulamentação correspondente, a seguir listados:
II.5. Resumo dos principais dispositivos da Lei 14.300 objeto de regulamentação, a serem submetidos
à Consulta Pública
145. Na mesma linha, cabe destacar os dispositivos previstos na Lei 14.300, cuja eficácia
depende de regulamentação da ANEEL, a seguir listados:
146. Como citado no relatório deste voto, para tratar dos fundamentos trazidos pelas áreas
técnicas da ANEEL na NT 0041/2022, recebi os agentes de diferentes segmentos em várias reuniões.
distribuidoras a aceitar a opção do minigerador pelo faturamento em Grupo B; (d) falta de segurança
para a conexão de MMGD a partir de 2023, em função da falta do cálculo para valoração dos benefícios
proporcionados pela MMGD; (e) obrigar as distribuidoras a obedecer os artigos autoaplicáveis da Lei
14.300, que alegam falta de regulamentação; (f) que a ANEEL especifique quais artigos não carecem
de regulamentação; (g) entendimento de que o novo titular após a troca de titularidade teria direito
aos créditos gerados antes da troca de titularidade; (h) não cobrar a TUSDg para microgerador; (i) que
a cobrança de demanda seja feita para sistemas acima de 75 KW; (j) não restringir o uso de baterias
como proposta na NT 0041/2022; (k) fixar critérios objetivos para identificar divisões de centrais
geradoras; (l) evitar que as distribuidoras limitem a implantação das usinas em 5 MW por Estado; (m)
obrigar as distribuidoras a aceitar a conexão para aumento de carga juntamente com o protocolo de
GD; (n) prever o contraditório no caso de situação irregular antes da cobrança; (o) não limitar o uso
dos créditos na geração compartilhada e geração remota; (p) criar instrumentos para penalizar aquelas
distribuidoras que não cumprirem a regra; (q) que os artigos 18 e 27 da Lei 14.300 sofreram
modificação em seu texto final, devendo prevalecer o texto de consenso que consta no anexo da ata
de reunião realizada em 11 de agosto de 2021.
148. Por sua vez, representantes da ABRADEE ponderaram que o modelo a ser
regulamentado deve ser equilibrado de modo a não gerar custos para os demais consumidores não
estabelecidos na legislação. Trouxeram para reflexão os seguintes temas: (a) os pontos divergentes da
Lei são passíveis de tratamento no âmbito da regulação; (b) a questão do fracionamento das centrais
geradoras não foi incluída na Lei e nem deveria, pois a ANEEL já trata do fracionamento de
empreendimentos; (c) com relação à garantia de fiel cumprimento, a GD não deve ser tratada de forma
igual a outros empreendimentos, pois possui características diferentes; (d) o debate no campo da
regulação não é mais um debate entre GD e distribuidoras porque a ANEEL representa os interesses
da sociedade como um todo em uma visão de longo prazo; (e) que é importante uma orientação da
ANEEL para que certos dispositivos da Lei sejam aplicados de forma uniforme; (f) sugerida a abertura
de consulta pública com mais de uma fase, uma vez que os artigos 2º, 3º e 4º são mais urgentes, e na
fase seguinte se regulamente os demais.
ser transparentes e elaborados de maneira simples, de modo que os consumidores possam entender
quem recebe e quem paga; (l) devem ser considerados os impactos econômicos para os demais
consumidores de energia elétrica da geração distribuída em comparação aos valores existentes em
leilões públicos da mesma fonte de geração centralizada; (m) o subsídio para a GD deve ser do Governo
Federal (Tesouro Nacional) e não onerar exclusivamente os consumidores cativos; (n) preocupação
com o prazo para as distribuidoras fazerem os ajustes para emissão de fatura a partir de janeiro.
150. Todos os assuntos trazidos nos encontros citados foram por mim avaliados e discutidos
em primeiro momento em reunião técnica interna realizada com as áreas técnicas e a diretoria da
ANEEL. Em razão da urgência na regulamentação dos temas trazidos pela Lei 14.300, ponto de
consenso entre todos os interessados que recebi nestas reuniões prévias, decidi colocar o assunto em
pauta para acelerar o debate em consulta pública, com base nos valores da transparência e do diálogo,
com a avaliação inicial trazida pelas áreas técnicas tanto na NT 0041/2022 quanto no Memorando
Conjunto 002.
151. Nesse sentido, incentivo o envio de contribuições por todos os interessados, de forma
detalhada e motivada para propiciar a análise dos temas trazidos e modificações sugeridas, quando
pertinentes, técnica e juridicamente fundamentadas, de modo a trazer a segurança jurídica necessária
à decisão final da ANEEL.
152. A REN 945/2021 regulamenta as usinas híbridas para fins de outorga, maiores que 5
MW. Essa norma possui menos de um ano de publicação e seu processo de construção foi amplamente
debatido entre agentes setoriais e sociedade por meio de Tomada de Subsídios e Consulta Pública.
153. De outra forma, a REN 697/2015 trata da prestação de serviços ancilares por centrais
geradoras de energia elétrica integradas ao Sistema Interligado Nacional – SIN.
154. Contudo, tanto a REN 945/2021 quanto a REN 697/2015 não tratam desse tema no
âmbito da distribuição.
155. Quanto aos serviços ancilares, o art. 23 da Lei 14.300 facultou às distribuidoras e
permissionárias realizar chamada públicas para contratar tais serviços com objetivo de postergar
investimentos na rede, melhorar a operação e eventualmente reduzir a geração termelétrica nos
sistemas isolados.
156. Entendo que a ANEEL deve realizar tais regulamentações, usinas híbridas e serviços
ancilares, em processo apartado desse que tratamos nessa proposta de regulamentação que ora
proponho a submissão para consulta pública. Assim, a atividade de regulamentar esses dois temas
deve ser incluída na Agenda Regulatória da ANEEL e tratadas oportunamente.
II.7.3. Custeio do subsídio pela CDE (art. 22, 25, 26 e 27 da Lei 14.300)
158. Dispõe os artigos 22 e 25 que a partir de 12 meses após a publicação da Lei, a CDE
custeará as componentes tarifárias não associadas ao custo da energia incidentes e não remuneradas
pelo consumidor-gerador sobre a energia elétrica compensada pelas unidades consumidoras
participantes do SCEE nas distribuidoras de energia elétrica com mercado inferior a 700 GWh por ano,
e tais custos serão suportados somente pelas unidades consumidoras que comprem energia em
condições reguadas.
159. Da forma disposta na Lei, até a aplicação da regra definitiva, parte dos custos
decorrentes dos períodos de transição serão arcados pela CDE. Esse assunto está sendo tratado no
âmbito do processo administrativo 48500.004390/2022-04, de relatoria do Diretor Giácomo Francisco
Bassi Almeida, cuja Consulta Pública se encontra aberta pelo período de 27 de outubro a 12 de
dezembro de 2022.
II.7.4. Valoração e divulgação dos custos e benefícios (§§ 2º e 3º do art. 17 e art. 32 da Lei 14.300)
162. Entre outras alterações, o art. 1º da Lei 14.120 inseriu o inciso VI e o § 3º no art. 1º da
Lei nº 9.991, de 2000.
26 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/L14300.htm#promulgacao
165. Nesse sentido, não se vislumbra necessidade de alteração do que dispõe os itens 3.1 e
3.3 da seção 6.0 do Módulo 6 dos Procedimentos do Programa de Eficiência Energética - PROPEE. Por
outro lado, é necessário criar a modalidade que permita a adesão de unidades consumidoras de baixa
renda ao SCEE para recepcionar o excedente proveniente das edificações tratadas na Lei.
167. Algumas empresas têm relatado à ANEEL a ocorrência de eventos organizados de roubo
de módulos fotovoltaicos para posterior revenda e instalação em outras localidades. Há também
relatos de importações clandestinas desses equipamentos, indicando a necessidade de maior controle
de qualidade e identificação de módulos não homologadas pelos órgãos competentes.
168. Outra questão levantada são os riscos enfrentados por bombeiros no combate a
incêndios em estruturas com sistemas fotovoltaicos, principalmente pelo fato de os circuitos em
corrente contínua das instalações permanecerem energizados durante esses eventos, não havendo
dispositivos que permitam seu desligamento.
169. Na ocasião do registro de centrais geradoras com micro ou minigeração distribuída, são
exigidas informações técnicas sobre os inversores e os módulos fotovoltaicos, além de informação
sobre o fabricante e o modelo desses equipamentos. No entanto, tais dados não permitem a
rastreabilidade do produto, de modo a vincular um conjunto de módulos fotovoltaicos (e inversores) a
determinado empreendimento de micro ou minigeração e ao respectivo titular da unidade
consumidora.
170. Além disso, os normativos da ANEEL não adentram em requisitos técnicos para os
módulos fotovoltaicos ou para o circuito em corrente contínua entre os módulos e o inversor. No
Módulo 3 do PRODIST, constam apenas requisitos para os inversores, que são os elementos que se
conectam ao sistema de distribuição.
171. Nesse sentido, questiona-se se a ANEEL deveria exigir que o interessado informe o
número de série dos módulos fotovoltaicos instalados em unidades consumidoras com micro ou
minigeração distribuída. E, no caso de essa exigência vigorar, em qual etapa do rito de acesso, formato
e condições se daria o envio dos dados pelo consumidor. Uma alternativa é que essa informação
componha, por exemplo, o rol de dados técnicos da central geradora, exigidos para fins de registro do
empreendimento junto à ANEEL. Essa medida possibilitaria a rastreabilidade e maior controle de
qualidade dos equipamentos.
172. A ANEEL é o único órgão que detém um banco de dados com informações
individualizadas por unidade consumidora com micro ou minigeração, motivo pelo qual se avalia a
possibilidade de incluir os dados dos módulos fotovoltaicos nesse rol de informações já gerenciados
pela Agência.
175. A Lei 14.300 dispõe sobre temática aderente às regras e procedimentos de prestação de
serviço público de distribuição de energia elétrica, de modo que a proposta a ser colocada em Consulta
Pública prevê a regulação do novo marco legal por meio do aprimoramento e alterações do texto das
RENs 956 e 1.000/2021, que consolidaram as regras e os procedimentos de distribuição, bem como a
revogação da REN 482/2012.
176. Assim, as disposições gerais serão alocadas nos capítulos e módulos das referidas RENs,
que já tratam de temas semelhantes aplicáveis a todos os usuários do sistema de distribuição, e os
temas específicos relacionados ao sistema de compensação ficará alocado em um Capítulo do Título II
– Parte Especial, da REN 1.000/2021. Alguns dispositivos da REN 482/2012, que não contrariam as
disposições previstas na Lei foram reproduzidos na REN 1.000/2021, com eventuais aprimoramentos
obtidos nos documentos resultantes da CP 25/2019.
179. Fora desse escopo, as alternativas regulatórias remanescentes para a ANEEL são
residuais e de baixo impacto, considerando a limitação dos efeitos para as partes envolvidas e, em
muitos casos, a aplicação sobre um pequeno número de usuários. Além disso, a proposta inclui a
atualização e revogação de normas, visando a consolidação dos dispositivos na REN 1.000/2021, sem
alteração de mérito.
180. Nessas condições, a proposta ora apresentada se enquadra nas situações de dispensa
da obrigação de realização da Análise de Impacto Regulatório – AIR, nos termos do inciso III do art. 6º
e dos incisos II, III e IV do art. 7º da Norma de Organização 40/2013, aprovada pela REN 941/2021.
III – DIREITO
181. A presente decisão tem amparo nos seguintes dispositivos legais e normativos: Lei nº
9.427, de 26 de dezembro de 1996; Lei nº 14.120, de 1º de março de 2021;Lei 14.300, de 6 de janeiro
de 2022; Decreto nº 2.335, de 6 de outubro de 1997; Resolução CNPE nº 15, de 9 de dezembro de
2020; Resolução Normativa ANEEL nº 482, de 17 de abril de 2012; Resolução Normativa ANEEL nº 687,
de 24 de novembro de 2015; Resolução Normativa ANEEL nº 789, de 17 de outubro de 2017; Módulo
3 dos Procedimentos de Distribuição – PRODIST.
IV – DISPOSITIVO
(Assinado digitalmente)
HÉLVIO NEVES GUERRA
Diretor