O Colapso Do Mundo Comunista

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O Colapso do mundo comunista

A chamada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ou,


simplesmente, URSS, formada em 1921 sob o comando de Vladimir
Lenin, um dos principais líderes da Revolução Russa de 1917, chegou
ao seu fim no ano de 1991. O seu colapso, deu-se nos anos 1980 até
aos anos 1990, aconteceu em virtude da falência do modelo
socioeconômico e político comunista.

O desaparecimento do mundo comunista provocado por


uma grave crise económica, lançou os países do COMECON
(de economia planificada) no mercado capitalista, atraindo
os investimentos das multinacionais, que aí ofereciam
emprego, ---------enquanto provocavam o desemprego e a
desregulação económica e social nos países desenvolvidos
e de desenvolvimento intermédio.

O desaparecimento do mundo comunista não era o objetivo


de Mikail Gorbachev ao tornar-se presidente da URSS em
1985. O que pretendia era resolver a crise económica, o
atraso tecnológico e a escassez de petróleo através de
reformas económicas, sem abdicar dos princípios
socialistas.
O epicentro da queda da URSS foram as tentativas de reforma do
sistema empreendidas por Mikhail Gorbachev, que fora eleito
presidente e secretário-geral do Partido Comunista Soviético em
1985. Gorbachev procurou renovar o comunismo por meio das
medidas intituladas “Perestroika” e “Glasnost”. Essas reformas
incluíram medidas como cortar as verbas de auxílio a países
comunistas, como Cuba e Coreia do Norte, retirar as tropas soviéticas
de guerras setoriais, como a Guerra do Afeganistão, e firmar o
primeiro acordo com os Estados Unidos para a desativação mútua de
ogivas nucleares.

No plano econômico, Gorbachev procurou flexibilizar o sistema de


controle estatal sem, no entanto, aboli-lo. Essas medidas deixaram
animados certos setores mais liberais e anticomunistas que resistiam
dentro da URSS, mas deixou os setores mais tradicionais do partido
comunista enfurecidos.

O setor dito liberal era liderado por Boris Iéltsin, que viria a ser
presidente da Rússia emancipada posteriormente. Do lado dos
comunistas tradicionais estava Valentin Pavlov. Esse último tentou
dar um golpe em Gorbachev, em 18 de agosto de 1991, golpe esse que
foi barrado pela própria população civil que se insurgiu contra os
comunistas. Gorbachev renunciou ao seu posto e a Rússia rompeu de
vez com o sistema comunista naquele ano.
A Perestroika (ou reestruturação) concedia a liberdade de
iniciativa e autofinanciamento, mas foi difícil de executar
num país habituado à economia planificada e em que o
estado ficou com as empresas de tecnologia obsoleta,
porque os privados adquiriram as mais rentáveis.
O desemprego e a inflação dispararam e a moeda e os
salários, desvalorizaram-se. A escassez do petróleo não
permitia pagar a importação de cereais necessária para
evitar a fome e Gorbachev enfrentou críticas, a nível
interno, devido à queda da qualidade de vida e exigências
de maior liberalização, a nível externo, se quisesse
empréstimos no Ocidente.

1. 1 O fim do
modelo soviético
No curto espaço de tempo que vai de
1985 a 1991, a história mundial sofreu
modificações profundas: a Guerra Fria
terminou de forma inesperada, as
democracias populares europeias aboliram o
comunismo, as duas Alemanhas fundiram-se
num só Estado e a URSS desintegrou-se,
deixando os Estados Unidos sem
concorrente ao lugar de
superpotência mundial.
O fim do modelo soviético transformou a
geografia política do Leste europeu e lançou os
antigos Estados socialistas numa transição
económica difícil cujas marcas são, ainda,
claramente percetíveis.

A crise do modelo soviético

Quando, em finais de 1982, morreu Brejnev,


apesar das profundas alterações que tinham
marcado a conjuntura internacional no pós-
Segunda Guerra Mundial, o marxismo- leninismo
interpretado por Estaline nos anos 20 mantinha-
se inalterado nos seus princípios e nas
propostas políticas deles decorrentes.
Todavia, eram muito fortes os ventos da
mudança. Se, na Europa Ocidental, os velhos
partidos socialistas e comunistas começavam a
passar por profundas renovações marcadas pelo
abandono das filosofias marxistas e plena
assunção da via democrático-reformista, mas
também na URSS começavam a ser iniludíveis os
sinais de crise do modelo soviético
A Era Gorbatchev

A era Gorbatchev
Uma nova política

Em março de 1985, Mikhail Gorbatchev é


eleito secretário-geral do PCUS (Partido
Comunista da União Soviética). O novo dirigente
tinha consciência das dificuldades
por que passava a economia soviética e sentiu que
o sistema socialista, apesar de não ter de ser
substituído, necessitava de uma reforma. Do
mesmo modo, entendeu os anseios de liberdade
manifestados pela população.
Enquanto o nível de vida da população baixava, o
atraso económico e tecnológico, relativamente aos
Estados Unidos da América, crescia a olhos vistos,
e só com muitas dificuldades o país conseguia
suportar os pesados encargos decorrentes da
sua vasta influência no Mundo.
Neste contexto, Gorbatchev enceta uma política
de diálogo e aproximação ao Ocidente,
propondo aos Americanos o reinício das
conversações sobre o desarmamento.
Incapaz de igualar o arrojado programa de
defesa nuclear da administração Reagan
(conhecido como «guerra das estrelas»), o líder
soviético procura assim criar um clima
internacional estável que refreie a corrida ao
armamento e permita à URSS utilizar os
seus recursos para a reestruturação interna.
Decidido a ganhar o apoio popular para o
seu arrojado plano de renovação económica,
ao qual chamou perestroika (reestruturação),
Gorbatchev inicia, em simultâneo, uma ampla
abertura política, conhecida por glasnost
(transparência):

perestroika glasnost (transparência):


(reestruturação)
Conceito Conceito:
Reestruturação profunda do Vertente política da
modelo soviético Perestroika que
empreendida por procurou conciliar o
Gorbatchev a partir de socialismo e a
1958. democracia
- Plano de renovação
económica.

Propostas: Propostas

Descentralização da Apela à denúncia da


economia (gestão autónoma corrupção.
das empresas que se vêm - Abolição da censura.
privadas dos planos - Abertura democrática –
quinquenais, bem como eleições pluralistas e livres
dos
avultados subsídios que
suportavam
a sua falta de rentabilidade.
- Formação de um setor
privado.

Consequências: Consequências:
- Deterioração da - Abalo das estruturas do
economia – poder.
falências, desemprego, - Fim das Democracias
descontrolo Populares.
económico, pobreza, - Vaga democratizadora –
inflação. varre o leste (1989).
A derrocada do mundo comunista alterou o
equilíbrio geoestratégico mundial, permitindo a
afirmação dos EUA como a única superpotência
político-militar. A partir dos anos 90 os EUA
assumiram-se como «polícias do mundo»,
intervindo em conflitos regionais, desde que
fossem do seu interesse (sobretudo petrolífero),
sobrepondo-se por vezes à função reguladora da
ONU.
O colapso do mundo comunista teve a sua origem na crise
que a URSS atravessava quando Mikail Gorbachev se tornou
presidente em 1985. As reformas que propôs para reduzir a
intervenção do Estado na economia (a Perestroika ou
reestruturação) e na política (a Glasnost ou transparência)
levaram ao reconhecimento da liberdade de iniciativa e da
liberdade de expressão, mas não resolveram a dificuldade
financeira provocada pela queda dos recursos petrolíferos que
tinham sustentado a balança externa.

Para reduzir o peso dos gastos militares sobre o orçamento da


URSS, Gorbachev decidiu a retirada das tropas do
Afeganistão, em 1988, optando pela não ingerência na
política interna afegã o que levou à formação de um estado
islâmico fundamentalista (em 1991). Decidiu ainda reduzir os
gastos com o Pacto de Varsóvia estendendo a política de não
ingerência a esses países, o que influenciou os países bálticos
a reclamar a sua independência após 50 anos de ocupação
soviética.

VEJA TAMBÉM
O poder do mundo está na América

Estes acontecimentos culminaram em 9 de novembro de


1989 na queda do muro de Berlim (com a consequente
reunificação alemã pelo Tratado 2+4 em setembro de 1990) e
em 26 de dezembro de 1991 na dissolução da própria URSS,
tendo surgido conflitos étnicos e tendências separatistas nos
países recém-criados. Gorbachev, que nunca pensara em
abdicar dos princípios socialistas na sua renovação da URSS,
acabou por provocar o fim do sistema defensivo do Pacto de
Varsóvia e o colapso do bloco soviético, o que alterou o
equilíbrio geoestratégico mundial e permitiu a afirmação dos
EUA como a única superpotência político-militar.

Os EUA dos anos 90 viram o seu poder bélico aumentar


exponencialmente, quando comparado com qualquer outro
país, e assumiram-se como «polícias do mundo», passando a
intervir em conflitos regionais e a desvalorizar a função
reguladora da ONU, desde que os interesses americanos
estivessem em causa, sobretudo os petrolíferos. Foi assim,
em 1991, quando os EUA, liderados pelo presidente
republicano George Bush (pai), lançaram a 1ª Guerra do
Golfo, como retaliação à intervenção do Iraque no Kuwait,
aliado dos EUA e seu fornecedor de petróleo. No final dessa
guerra, a presença americana no mundo árabe pareceu sair
reforçada, afirmando Bush a construção de uma «nova ordem
mundial» dominada pela democracia representativa e pela
economia de mercado.

A política externa dos EUA suavizou-se com o presidente


democrata Clinton mais preocupado com as questões
humanas, optando por reservar a ação dos EUA para
«intervenções humanitárias» e/ou tentar construir laços com
antigos inimigos como no caso da mediação entre Yasser
Arafat e Isaac Rabin para resolver o conflito israelo-
palestiniano.
VEJA TAMBÉM
Entre a unipolaridade e a multipolaridade na pós-Guerra Fria

A hegemonia americana foi fortemente abalada a 11 de


Setembro de 2001 com o ataque terrorista aos centros do
poder económico e do poder militar americano, tendo o
presidente republicano Bush (filho) decidido o reforço do
investimento na indústria militar e apresentado a Nova
Estratégia de Segurança Nacional (NSS). O seu lema, a
«guerra contra o terror», baseava-se na possibilidade de ação
dos EUA em qualquer parte do mundo, quer unilateralmente,
quer em cooperação internacional.

Para combater os terroristas invadiu o Afeganistão e para


evitar que acedessem ao suposto arsenal de armas de
destruição maciça lançou a 2ª Guerra do Golfo (2003/2011). A
captura de Sadam Hussein revelou que afinal não havia as
ditas armas e tornou evidentes os interesses petrolíferos dos
EUA na região, o que contribuiu para o seu isolamento e
descrédito internacional, a par das críticas internas sobre o
depauperamento das finanças americanas com os custos da
guerra. A continuação de ataques terroristas mostrou que
afinal a dita «guerra contra o terror» não resultou e que os
EUA falharam na implantação da «nova ordem mundial»,
talvez devido ao caráter unilateral da sua ação, acabando
muitas vezes por improvisar na gestão da paz.

SÍNTESE:
 O colapso do bloco soviético foi espoletado por uma grave crise
económica, sendo que as ações de Gorbachev para a resolver e
modernizar a URSS acabaram por desencadear uma série de
acontecimentos que culminaram na queda do muro de Berlim e
na dissolução da URSS.
 A queda do mundo comunista deixou os EUA sem rival político-
militar e contribuiu para que estes se tornassem a única
superpotência com hegemonia mundial, agindo por vezes à
revelia da ONU, onde acreditava que os seus interesses
estavam em causa.
 A intervenção dos EUA no mundo árabe acabou por exponenciar
o terrorismo, de que o acontecimento mais marcante foi o 11
de setembro de 2001.

Módulo 9 - 1.1 O fim do modelo soviético - 1. 1 O fim do modelo soviético No curto espaço de
tempo - StuDocu

Perestroika (reestruturação) Glasnost (transparência)


Conceito:

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