Texto Didático - O Que É o Homem - Essência e Existência (2024)

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Instituto Federal da Bahia Modalidade: Ensino Médio Integrado

Campus Vitoria da Conquista Série: 4º ano


Disciplina: Filosofia Carga Horária: 01 aula*50 min/semana
Prof. Afonso Campos

O QUE É O HOMEM? ESSÊNCIA E EXISTÊNCIA


A realidade do mundo e o homem
Damos sentido ao mundo, transformamos as coisas, criamos
utensílios, obras de arte, instituições sociais, mas não criamos o próprio
mundo. Sem a consciência, não há mundo para nós. Sem o mundo, não
temos como conhecer nem agir. Um mundo sem nós será tudo quanto
se queira, menos o que entendemos por realidade. Uma consciência
sem o mundo será tudo quanto se queira, menos consciência humana.
A filosofia contemporânea parte da afirmação de que estamos no mundo
e de que o mundo é mais velho do que nós (isto é, não esperou o sujeito
do conhecimento para existir), mas, simultaneamente, de que somos
capazes de dar sentido ao mundo, conhecê-lo e transformá-lo.
Não somos uma consciência reflexiva pura, mas uma consciência
encarnada num corpo. Nosso corpo não é apenas uma coisa natural, tal
como a física, a biologia e a psicologia o estudam, mas é um corpo
humano, isto é, habitado e animado por uma consciência. Não somos
pensamento puro, pois somos um corpo. Não somos uma coisa natural,
pois somos uma consciência.
O mundo não é um conjunto de coisas e fatos estudados pelas
ciências segundo relações de causa e efeito e leis naturais. Além do
mundo como conjunto racional de fatos científicos, há o mundo como
lugar onde vivemos com os outros e rodeados pelas coisas, um mundo
qualitativo de cores, sons, odores, figuras, fisionomias, obstáculos, um
mundo afetivo de pessoas, lugares, lembranças, promessas,
esperanças, conflitos, lutas.
Somos seres temporais – nascemos e temos consciência da morte.
Somos seres intersubjetivos – vivemos na companhia dos outros. Somos
seres culturais – criamos a linguagem, o trabalho, a sociedade, a religião,
a política, a ética, as artes e as técnicas, a filosofia e as ciências.
O que é, pois, a realidade? É justamente a existência do mundo
material, natural, ideal, cultural e a nossa existência nele. A realidade é
o campo formado por seres ou entes diferenciados e relacionados entre
si, que possuem sentido em si mesmos e que também recebem de nós
outros e novos sentidos. A realidade, ou o Ser, não é o Objeto-Coisa,
sem a consciência. Mas, também, não é o Sujeito-Consciência, sem as
coisas e os outros. A realidade, ou o Ser, é o cruzamento e a
diferenciação entre o sensível e o inteligível, entre o material-natural e o
ideal-cultural, entre o qualitativo e o quantitativo, entre o fato e o sentido,
entre o psíquico e o corporal, etc.

A concepção Clássica de Homem


A cultura clássica elaborou uma imagem do homem na qual são
postos em relevo dois traços fundamentais: o homem como animal que
fala e discorre e o homem como animal que é político. Esses dois traços
estão, de resto, em estreita correlação, pois só enquanto dotado de
“razão” o homem é capaz de entrar em relação consensual com seu
semelhante e instituir a comunidade política.
Na concepção do homem na filosofia pré-socrática é Diógenes de
Apolônia (entre 440 e 430 a.C.), o primeiro pensador que tem a ideia do
homem como estrutura corporal-espiritual, cuja natureza se manifesta
na cultura por meio de suas obras. Ele é, pois, um ser ordenado
finalisticamente em si mesmo e para o qual se ordena, de alguma
maneira, a própria ordem do todo existente, da realidade (em grego:
“kósmos”).
Sócrates, na transição socrática, por sua vez, trata da alma (em
grego: psyché) e “vida interior”. A “alma” (psyché), segundo Sócrates, é
a sede de uma “Arete” (do grego, significando excelência ou virtude) que
permite medir o homem segundo a dimensão interior na qual reside a
verdadeira grandeza humana. É na “alma”, que tem lugar a opção
profunda que orienta a vida humana segundo o justo ou o injusto, e é
ela, que constitui a verdadeira essência do homem, sede de sua
verdadeira areté.
Na antropologia platônica encontra-se a relação do homem com o
divino que se sobrepõe a todos e permanece como o motivo fundamental
da antropologia platônica. Aristóteles celebra também no homem a
capacidade de passar além das fronteiras de seu lugar no mundo e
eleva-se pela teoria, à contemplação das realidades transcendentes e
eternas.

Essência e Existência
O termo essência designa o ser, a consistência ou substância de
um ente, considerado independentemente da sua existência. A essência
é o que faz uma coisa ser o que ela é. Dizer o que “é” uma coisa, é
declarar a sua essência. Assim, ao se afirmar que “o homem é um animal
racional”, pretende-se dizer que o homem é homem porque é racional,
isto é, sua essência é sua racionalidade. Contudo, ao se perguntar a
uma pessoa o que ela é, e esta pessoa responder, por exemplo, “sou um
músico”, esta resposta não exprime realmente o que ela é por si mesmo,
sempre e necessariamente, ou seja, sua substância ou essência. De
fato, ela poderia muitíssimo bem não ser músico (estar mentindo), e,
havendo começado a sê-lo, pode deixar de sê-lo. Mas, responder que é
“um animal racional”, então está expressando o que não pode não ser
ou o que é necessariamente para ser homem.

A essência precede a existência


As origens remotas da controvérsia sobre essência e existência
encontram-se na filosofia grega, embora o problema da relação precisa
entre os dois conceitos nunca tenha sido colocado ali com a clareza
encontrada em suas formulações posteriores. Para Platão, o problema
não poderia existir, pois ele concebia a essência como o objeto perfeito
e estável do intelecto, desprovido das imperfeições e do caráter mutável
do mundo dos sentidos. Para ele, somente a essência existe em sentido
estrito, e isso no mundo das Ideias; tudo o mais que é percebido pelos
sentidos é apenas uma ilusão e a ocasião para se referir ao mundo das
substâncias ou essências separadas.
A rejeição por Aristóteles desse ensinamento de seu mestre o levou
a esboçar a real distinção entre essência e existência, se não a afirmá-
la abertamente. Para ele, as essências não existem em um universo
separado, mas devem ser encontradas nos seres sensíveis deste
mundo, onde têm um modo de existência concreto e singular. A essência
do cavalo existe neste cavalo individual, com o acréscimo de suas
qualidades particulares e de todas as outras determinações acidentais
que o fazem ser esse existente singular. Parece haver pouca dúvida de
que, para Aristóteles, essência e existência são conceitos distintos, uma
vez que ele sustenta que “o que é a natureza humana e o fato de que o
homem existe não são a mesma coisa”. Se sua distinção é real ou
meramente racional, no entanto, é contestado (ver distinção, tipos de).
Pode ser que ele afirme apenas que a essência singular que o homem
experimenta está em um estado de existência real, e que isso serve para
diferenciá-la da essência puramente possível que a mente do homem
pode conceber.

A existência precede a essência


A proposição de que a existência precede a essência é uma
afirmação central do existencialismo, que inverte a visão filosófica
tradicional de que a essência (a natureza) de uma coisa é mais
fundamental e imutável do que sua existência (a mero fato de ser). Para
os existencialistas, os seres humanos – por meio de sua consciência –
criam seus próprios valores e determinam um sentido para sua vida,
porque o ser humano não possui nenhuma identidade ou valor inerente.
Essa identidade ou valor deve ser criado pelo indivíduo. Ao propor os
atos que os constituem, tornam sua existência mais significativa.

REFERÊNCIAS
https://philosophy.fandom.com/wiki/ESSENCE_AND_EXISTENCE/text
https://evolutionnews.org/2019/10/essence-and-existence-the-
cornerstone-of-thomistic-metaphysics/
https://www.cambridge.org/core/books/abs/cambridge-history-of-later-
medieval-philosophy/essence-and-
existence/AB880BC08BF5E82DC0C97927B8F7AF1A

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