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Modernismo é o nome dado à escola literária que se inicia no ano de

1922, depois da Semana de Arte Moderna e se estende até 1978. É dividido


didaticamente em três fases ou gerações e cada uma delas desenvolve temas,
gêneros e autores diversos. Ainda que muito diferentes, o termo “Modernismo”
abarca as manifestações artísticas que foram fortemente influenciadas pelas
vanguardas europeias e se valem da liberdade formal e temática alcançada no
começo no século XX.
Resumo das gerações modernistas
Mário de Andrade
✓ Nasceu em São Paulo, cidade que amou intensamente e
que retratou em várias de suas obras.
✓ Destacou-se como músico, poeta, prosador, folclorista,
jornalista. Em 1922, publicou o livro de poemas Pauliceia
desvairada, cujo tema central era a vida da urbe paulista.
✓ Aos 20 anos e com o pseudônimo de Mário Sobral, publicou
seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema, no qual fazia
críticas à carnificina produzida pela Primeira Guerra Mundial e defendia a paz.
✓ Participante da Semana de Arte Moderna, Mário atuou frontalmente tanto na
estruturação teórica do movimento quanto na produção artística.
✓ Sem nunca ter saído do país, Mário empreendeu várias viagens pelo Brasil,
inicialmente como mero “turista aprendiz” e depois como pesquisador.
✓ Em livros como Pauliceia desvairada (1922) e Losango cáqui (1926), seus
poemas surgem compostos em versos livres, empregando linguagem coloquial
e exaltando paixões contemporâneas ao seu momento histórico, como fica claro
na exaltação da metrópole de São Paulo.
Prosa
Contos Crônica
• Primeiro andar (1926) • Os filhos da Candinha (1945)
• Contos novos (1946)

Romance
• Amar verbo intransitivo (1927)

Rapsódia
• Macunaíma (1928)
Macunaíma
A personagem Macunaíma nasceu
e cresceu às margens do rio Uraricoera. Após
a morte de sua mulher (Ci, a mãe do mato,
transformada em estrela), o “herói” perde a
muiraquitã, amuleto mágico que Ci havia lhe
O batizado de Macunaíma (1956), por Tarsila do Amaral. dado de presente. Sabendo que a muiraquitã
Tela inspirada na obra de Mário de Andrade.
está nas mãos de Venceslau
Pietro Pietra, mascate morador de São Paulo, Macunaíma deixa a mata
e, acompanhado pelos irmãos, inicia sua viagem para recuperar o amuleto.
A maior parte da narrativa conta as tentativas de Macunaíma para reaver a
muiraquitã das mãos de Venceslau Pietra, que, como se descobre depois,
era Piaimã, o gigante comedor de gente. Quando consegue derrotar Piaimã
e recuperar o amuleto, o herói volta para o Amazonas e acaba se transfor-
mando na constelação da Ursa Maior.

Muriraquitã: conhecida desde os tempos do


descobrimento, conforme comprovam narrativas
e achados arqueológicos, essa pedra verde,
geralmente esculpida com a forma de sapo,
tartaruga, peixe ou cobra, trazia proteção e boa
sorte, segundo a crença dos indígenas da Região
Norte do Brasil.
Oswald de Andrade
✓ Paulistano, de família de ricos comerciantes. Por conta de suas
facilidades financeiras, em 1911, lançou O Pirralho, revista semanal.
✓ Em 1912, fez a sua primeira viagem à Europa, onde entrou em
contato com várias teorias vanguardistas, sendo fortemente
influenciado pelo caráter anarquista dessas ideias, em especial do
Futurismo, cuja proposta introduziu no Brasil.
✓ Concluiu a faculdade de Direito e ingressou na carreira jornalística.
✓ Desenvolveu as ideias modernistas por meio de revistas e periódicos, entre eles Manifesto
Pau-Brasil e Revista Antropofagia.
✓ Casou com a pintora Tarsila do Amaral, em 1926.
✓ Em 1929, sofreu um grande abalo financeiro com a crise do café.
✓ Em 1930, casou-se com a escritora comunista Patrícia Galvão (Pagu). Junto com ela
militou nos meios operários e, em 1931, ingressou no Partido Comunista, no qual
permaneceu até 1945. Desse período são suas obras mais marcadas ideologicamente,
como o romance Serafim Ponte Grande e a peça teatral O rei da vela.
✓ Tal qual a obra que escreveu, Oswald sempre foi debochado, irônico e crítico, pronto para
satirizar os meios acadêmicos ou a própria burguesia, classe de que se originara.
A produção poética de Oswald de Andrade não é muito homogênea, isso
significa que dificilmente encontraremos uma temática predominante ou
abordagem filosófica. Sua preocupação se confunde com os próprios ideais
modernistas, muito bem apresentados na Semana de Arte Moderna e nos
manifestos e revistas.
De modo geral, pode-se dizer que o radicalismo e o empenho em
atualizar as letras brasileiras foram as suas maiores pesquisas literárias. Do ponto
de vista formal, seus poemas se caracterizam pela busca de uma linguagem cada
vez mais próxima do linguajar cotidiano, marcada por expressões informais, pela
síntese – os textos são quase “poemas-pílulas” – pela linguagem telegráfica,
sintaxe quebrada, fragmentada e subliminar. Do ponto de vista temático, havia
uma investigação do passado Nacional, a revisão dos. fatos consagrados pela
história, o humor e a dessacralização
... continuando

Seu conceito de nacionalismo era diferente


daquele pregado pelos românticos e mesmo por certos
grupos modernistas, como o Verde-Amarelismo e o Anta.
Sem ser ingênuo e ufanista, Oswald defendia a
valorização de nossas origens, de nosso passado histórico
e cultural, mas de forma crítica, isto é, recuperando,
parodiando, ironizando e atualizando nossa história de
colonização. Sua visão do Brasil, ao mesmo tempo que
procura captar a natureza e as cores próprias do país,
flagra igualmente as contradições moderno-primitivas de
nossa realidade.
Memórias Sentimentais de João Miramar
O texto é organizado de forma pouco tradicional. A miscelânea de diferentes
elementos que aparecem explicitamente na tessitura da obra é própria do romance
moderno.
Em capítulos extremamente curtos, o personagem narrador Miramar conta a
história de sua vida desde a infância. Fazendo uso do estilo cinematográfico, Oswald, por
meio de verdadeiros flashes, apresenta episódios da vida de seu personagem Miramar
como a viagem à Europa e os amores por ele vividos e a sua derrocada econômica.

62. Comprometimento
O Forde levou-nos para a igreja e notário entre matos derrubados e
vasta promessa das primeiras culturas.
Jogaram-nos flores como bênçãos e sinos tilintaram.
A lua substituiu o sol da guitarra do mundo mas o dia continuou tendo
havido entre nós apenas uma Separação precavida de bens.

ANDRADE, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo,
2004.p 100-139.
Raul Bopp
✓ Gaúcho de Vila Pinhal.
✓ Em 1918, matriculou-se na Faculdade de Direito e iniciou uma série
de viagens pelo Brasil, cursando um ano da faculdade em cada
cidade: Porto Alegre, Recife, Belém e Rio de Janeiro.
✓ Por volta de 1920, iniciou outra viagem, detendo-se, especialmente,
na Amazônia, região de onde tira o tema para a sua grande obra-
prima, Cobra Norato.
✓ Tornou-se poeta e diplomata, participando da Semana de Arte Moderna e, depois, do
grupo Verde-Amarelo e Antropofagia.
✓ Sua participação no movimento antropofágico foi especialmente relevante por causa de
Cobra Norato, compilação de poemas de caráter épico e mitológico, em que o autor,
valendo-se de muitas histórias folclóricas, conta em versos livres a história do herói que
mata a Cobra Norato

Obras
COBRA NORATO
Livro publicado em 1931 que conta a
história do herói que, depois de matar a cobra,
decide usá-la como disfarce para salvar a filha
da rainha Luzia de Cobra Grande, atravessando,
assim, o caminho amazônico com mais
facilidade.
No entremeio, faz um belo levantamento
etnográfico da região, descrevendo as
paisagens amazônicas de forma excepcional.
Na composição, vale-se de várias
fábulas da região e do linguajar típico do povo,
com um intuito quase primitivista de
reconstrução de narrativas locais.
Manuel Bandeira
✓ Recifense, ainda jovem mudou-se para o Rio de Janeiro, onde
cursou o Ensino Médio no prestigiado colégio Dom Pedro II.
✓ Em 1903, matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo,
mudando-se para a cidade, a fim de estudar arquitetura. Porém,
descobriu que era acometido por uma doença muito comum no
período, a tuberculose.
✓ Passa um período na Suíça, no sanatório Clavadel, tratando-se.

✓ Antes da Semana de Arte Moderna, Bandeira já publicara dois livros, As cinzas das
horas (1917) e Carnaval (1919), em que se verificam influências pós-simbolistas.
✓ Sua adesão às técnicas modernistas deu-se gradativamente, à medida que via na
renovação a única alternativa à sua poesia, que não se ajustava mais às antigas
fórmulas de expressão.
✓ Contribuiu na Semana de Arte Moderna, com o poema Os sapos, que, lido por Ronald de
Carvalho, tumultuou o teatro Municipal.
✓ Ainda que não tenha tido em relação à cultura do passado a postura radical da maioria
dos jovens rebeldes, Bandeira veio a ser um dos três mais importantes escritores da
primeira fase do movimento modernista, além de um dos pontos mais altos da poesia
lírica nacional. Chamado de “o São João Batista” do Modernismo, em razão da idade que
tinha em 1922 (36 anos), Bandeira nunca abandonou a admiração que tinha por certos
escritores do passado, como Camões, Gonçalves Dias e Musset.
Poesia
• Libertinagem (1930)
• Estrela da manhã (1936)
• Lira dos cinquent’anos (1948)
• Belo belo (1948)
• Opus 10 (1952)
• Mafuá do malungo (1954)
Trata-se de um poema publicado no livro Libertinagem, de caráter modernista, como se
pode notar no próprio título, que faz alusão à doença que se constitui no acúmulo de ar entre o
pulmão e a membrana torácica. O uso incomum de um termo técnico já demonstra o grau de ruptura
sugerido. Além disso, observamos que ele mistura diferentes gêneros, fazendo uso do discurso
direto, da repetição e enumeração de termos, além de estar organizado em versos livres. Tais
elementos conferem humor e leveza ao tratamento do assunto.
Para finalizar, o último verso funciona como uma piada, mostrando que não há solução
para o doente, somente tocar um tango argentino, gênero musical conhecido pelo seu tom
dramático.
Vou-me embora pra Pasárgada
[Manuel Bandeira]
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei Em Pasárgada tem tudo
Lá tenho a mulher que eu quero É outra civilização
Na cama que escolherei Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Vou-me embora pra Pasárgada Tem telefone automático
Aqui eu não sou feliz Tem alcaloide à vontade
Lá a existência é uma aventura Tem prostitutas bonitas
De tal modo inconsequente Para a gente namorar
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente E quando eu estiver mais triste
Vem a ser contraparente Mas triste de não ter jeito
Da nora que nunca tive Quando de noite me der
Vontade de me matar
E como farei ginástica — Lá sou amigo do rei —
Andarei de bicicleta Terei a mulher que eu quero
Montarei em burro brabo Na cama que escolherei
Subirei no pau-de-sebo Vou-me embora pra Pasárgada.
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

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