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Romance
• Amar verbo intransitivo (1927)
Rapsódia
• Macunaíma (1928)
Macunaíma
A personagem Macunaíma nasceu
e cresceu às margens do rio Uraricoera. Após
a morte de sua mulher (Ci, a mãe do mato,
transformada em estrela), o “herói” perde a
muiraquitã, amuleto mágico que Ci havia lhe
O batizado de Macunaíma (1956), por Tarsila do Amaral. dado de presente. Sabendo que a muiraquitã
Tela inspirada na obra de Mário de Andrade.
está nas mãos de Venceslau
Pietro Pietra, mascate morador de São Paulo, Macunaíma deixa a mata
e, acompanhado pelos irmãos, inicia sua viagem para recuperar o amuleto.
A maior parte da narrativa conta as tentativas de Macunaíma para reaver a
muiraquitã das mãos de Venceslau Pietra, que, como se descobre depois,
era Piaimã, o gigante comedor de gente. Quando consegue derrotar Piaimã
e recuperar o amuleto, o herói volta para o Amazonas e acaba se transfor-
mando na constelação da Ursa Maior.
62. Comprometimento
O Forde levou-nos para a igreja e notário entre matos derrubados e
vasta promessa das primeiras culturas.
Jogaram-nos flores como bênçãos e sinos tilintaram.
A lua substituiu o sol da guitarra do mundo mas o dia continuou tendo
havido entre nós apenas uma Separação precavida de bens.
ANDRADE, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo,
2004.p 100-139.
Raul Bopp
✓ Gaúcho de Vila Pinhal.
✓ Em 1918, matriculou-se na Faculdade de Direito e iniciou uma série
de viagens pelo Brasil, cursando um ano da faculdade em cada
cidade: Porto Alegre, Recife, Belém e Rio de Janeiro.
✓ Por volta de 1920, iniciou outra viagem, detendo-se, especialmente,
na Amazônia, região de onde tira o tema para a sua grande obra-
prima, Cobra Norato.
✓ Tornou-se poeta e diplomata, participando da Semana de Arte Moderna e, depois, do
grupo Verde-Amarelo e Antropofagia.
✓ Sua participação no movimento antropofágico foi especialmente relevante por causa de
Cobra Norato, compilação de poemas de caráter épico e mitológico, em que o autor,
valendo-se de muitas histórias folclóricas, conta em versos livres a história do herói que
mata a Cobra Norato
Obras
COBRA NORATO
Livro publicado em 1931 que conta a
história do herói que, depois de matar a cobra,
decide usá-la como disfarce para salvar a filha
da rainha Luzia de Cobra Grande, atravessando,
assim, o caminho amazônico com mais
facilidade.
No entremeio, faz um belo levantamento
etnográfico da região, descrevendo as
paisagens amazônicas de forma excepcional.
Na composição, vale-se de várias
fábulas da região e do linguajar típico do povo,
com um intuito quase primitivista de
reconstrução de narrativas locais.
Manuel Bandeira
✓ Recifense, ainda jovem mudou-se para o Rio de Janeiro, onde
cursou o Ensino Médio no prestigiado colégio Dom Pedro II.
✓ Em 1903, matriculou-se na Escola Politécnica de São Paulo,
mudando-se para a cidade, a fim de estudar arquitetura. Porém,
descobriu que era acometido por uma doença muito comum no
período, a tuberculose.
✓ Passa um período na Suíça, no sanatório Clavadel, tratando-se.
✓ Antes da Semana de Arte Moderna, Bandeira já publicara dois livros, As cinzas das
horas (1917) e Carnaval (1919), em que se verificam influências pós-simbolistas.
✓ Sua adesão às técnicas modernistas deu-se gradativamente, à medida que via na
renovação a única alternativa à sua poesia, que não se ajustava mais às antigas
fórmulas de expressão.
✓ Contribuiu na Semana de Arte Moderna, com o poema Os sapos, que, lido por Ronald de
Carvalho, tumultuou o teatro Municipal.
✓ Ainda que não tenha tido em relação à cultura do passado a postura radical da maioria
dos jovens rebeldes, Bandeira veio a ser um dos três mais importantes escritores da
primeira fase do movimento modernista, além de um dos pontos mais altos da poesia
lírica nacional. Chamado de “o São João Batista” do Modernismo, em razão da idade que
tinha em 1922 (36 anos), Bandeira nunca abandonou a admiração que tinha por certos
escritores do passado, como Camões, Gonçalves Dias e Musset.
Poesia
• Libertinagem (1930)
• Estrela da manhã (1936)
• Lira dos cinquent’anos (1948)
• Belo belo (1948)
• Opus 10 (1952)
• Mafuá do malungo (1954)
Trata-se de um poema publicado no livro Libertinagem, de caráter modernista, como se
pode notar no próprio título, que faz alusão à doença que se constitui no acúmulo de ar entre o
pulmão e a membrana torácica. O uso incomum de um termo técnico já demonstra o grau de ruptura
sugerido. Além disso, observamos que ele mistura diferentes gêneros, fazendo uso do discurso
direto, da repetição e enumeração de termos, além de estar organizado em versos livres. Tais
elementos conferem humor e leveza ao tratamento do assunto.
Para finalizar, o último verso funciona como uma piada, mostrando que não há solução
para o doente, somente tocar um tango argentino, gênero musical conhecido pelo seu tom
dramático.
Vou-me embora pra Pasárgada
[Manuel Bandeira]
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei Em Pasárgada tem tudo
Lá tenho a mulher que eu quero É outra civilização
Na cama que escolherei Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Vou-me embora pra Pasárgada Tem telefone automático
Aqui eu não sou feliz Tem alcaloide à vontade
Lá a existência é uma aventura Tem prostitutas bonitas
De tal modo inconsequente Para a gente namorar
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente E quando eu estiver mais triste
Vem a ser contraparente Mas triste de não ter jeito
Da nora que nunca tive Quando de noite me der
Vontade de me matar
E como farei ginástica — Lá sou amigo do rei —
Andarei de bicicleta Terei a mulher que eu quero
Montarei em burro brabo Na cama que escolherei
Subirei no pau-de-sebo Vou-me embora pra Pasárgada.
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada