Inclusão Escolar: Práticas Pedagógicas Na Educação Infantil: Eixo Temático 10: Educação e Infância

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INCLUSÃO ESCOLAR: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO

INFANTIL
Eixo Temático 10: Educação e Infância

Aline Grazielle Santos Soares Pereira1


Crislayne Lima Santana2
Cristiano Lima Santana3

Resumo
Este artigo aborda assuntos referentes a um tema bastante discutido. Refere-se à inclusão
escolar de pessoas com deficiência na educação regular e as estratégias pedagógicas que
auxiliam na educação infantil. As questões norteadoras consistem nas limitações que cercam a
temática. A pesquisa contemplou estudos bibliográficos. Enfocaram-se algumas fontes de
informações relacionadas aos procedimentos necessários que possam contribuir para a uma
educação inclusiva de qualidade, as orientações pedagógicas fundamentais, ou seja, o
aprimoramento do currículo, capacitação de professores e o projeto político pedagógico
voltado para diversidade. Nesse contexto, refletiu-se para o trato ideal para atender as
especificidades dos discentes, com abertura de espaços para reflexão onde as crianças sintam-
se respeitadas e possam sentir prazer em aprender e conviver em grupo.

Palavras-chave: Inclusão Escolar, Práticas Pedagógicas, Educação Infantil.

Abstract
This article discusses issues related to a topic widely discussed. Refers to the educational
inclusion of people with disabilities in regular education and the teaching strategies that assist
in early childhood education. The guiding questions consist of the limitations surrounding the
issue. A bibliographic search included studies. Focused on a few sources of information
related to procedures that may contribute to an inclusive education of quality, fundamental
educational guidelines, or the improvement of curriculum, teacher training and the political
1
Graduanda- PIBIX/ Pedagogia UFS [email protected]
2
Graduanda- PIBIC/ Pedagogia UFS [email protected]
3
Graduado em Geografia Licenciatura e Bacharelado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Pós-graduado
em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade São Luís de França. [email protected]

1
project aimed at teaching diversity. In this context, reflected to the right tract to fit the
characteristics of students, with open spaces for reflection where children feel respected and
can take pleasure in learning and living in groups.

Keywords: School Inclusion, Pedagogical Practices, Early Childhood Education

1- INTRODUÇÃO

A escola é o meio social de interação entre indivíduos, é uma instituição de


cultura que deve socializar o saber adquirido historicamente e da atualidade, tem por função
dar condições para que o indivíduo possa construir conhecimento e se preparar para o
exercício da cidadania.
Paulo Freire (1996) nos ensina que o ser “cidadão” é aquele capaz de questionar,
de reivindicar seus direitos, lutar por uma educação pública de qualidade e libertadora, onde a
escola é o local de estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se e ser feliz, para que
assim, possa começar a melhorar o mundo. Nesse mesmo sentido, Rodrigues (1988, p.63) diz
que “A instituição escolar tem, portanto, por função repassar, organizar o saber e viabilizar a
todos os membros de uma sociedade o acesso aos instrumentos de produção cultural,
científica, técnica e política da sociedade em que esses indivíduos vivem”.
Assim, a escola que compreendemos ser necessária é aquela que o educando se
aproprie do saber objetivo presente nas instituições escolares através da prática sistematizada
intencional voltada para aprendizagem e para o desenvolvimento mental do aluno.
Diante disso, “A principal função social e pedagógica da escola é a de assegurar o
desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho
na dinamização do currículo, no desenvolvimento de processos do pensar, na formação da
cidadania participativa e na formação ética”. (Libâneo, 2004, p.137)
Diante desta citação, vale ressaltar a importância da elaboração do currículo na
educação infantil que articule os saberes e as experiências das crianças e a construção do
Projeto Político Pedagógico-PPP com base na realidade da escola que apresente a Missão (o
que sou), a Visão (O que serei) e os Valores (atitudes a serem desenvolvidas na escola), na
busca da equidade de tratamento, respeito às diferenças e melhoria do desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos, que seja a identidade da escola.
O PPP é uma das formas de se materializar o currículo, pois é uma forma de
organização do trabalho pedagógico, que visa o melhoramento da qualidade de ensino,
organização esta que vai do relacionamento existente entre docente e discente até a relação

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entre escola e comunidade. Deve ser entendido “como um dos principais instrumentos para a
organização do trabalho e das atividades da escola e, particularmente, para a definição de sua
própria organização pedagógica” (DOURADO, 2006, p. 56).
Por isso, a organização do trabalho pedagógico na escola é de fundamental
importância, a fim de que a escola cumpra a sua real função e o trabalho do professor seja
considerado na sua totalidade.
Logo, vale destacar também a importância da formação continuada de professores
no aperfeiçoamento da sua prática reflexiva na educação infantil. Perrenoud (1999) menciona
como uma das competências do professor a gestão de sua formação contínua, indicando o
surgimento de projetos de formação com os professores da unidade escolar, onde eles possam
pensar e buscar soluções através de ações discutidas em coletividade.
Nesse mesmo entendimento, Libâneo (2004) afirma que a formação continuada de
professores torna possível a reflexividade e a mudança da prática docente, ajudando os
professores a pensar sobre as suas dificuldades, compreendendo-as e elaborando maneiras de
enfrentá-las. Por isso deve ser um processo contínuo, que perpassa sua prática com os alunos
e considera o saber de todos os profissionais da educação no processo de inclusão.
É imprescindível, portanto, investir na criação de uma política de formação
continuada para os profissionais da educação com reuniões, abertura de espaços de reflexão e
escuta sistemática entre grupos, dispostos a acompanhar, discutir e interagir com o corpo
docente.
Assim, Bueno (2001, p. 15) coloca quatro desafios que a educação inclusiva
impõe à educação de professores:

formação teórica sólida ou uma formação adequada no que se refere


aos diferentes processos e procedimentos pedagógicos que envolvem
tanto o “saber” como o “saber fazer” pedagógico; formação que
possibilite analisar, acompanhar e contribuir para o aprimoramento
dos processos de escolarização das mais diversas diferenças, entre
elas, as crianças deficientes que foram incorporadas no processo
educativo regular; formação especifica sobre características comuns
das crianças com necessidades educativas especiais, como
expressões localizadas das relações contraditórias entre a sociedade
em geral e a as minorias; formação sobre as características,
necessidades e procedimentos pedagógicos específicos a cada uma
das necessidades educativas especiais.

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A fim de que se tenham espaços adequados para que se efetive uma prática
pedagógica inclusiva na educação infantil com qualidade, é necessário ter um ambiente
adequado para assegurar o acesso e permanência da criança com deficiência e materiais
apropriados disponíveis na escola para que o professor possa aplicar a atividade com todos os
alunos.

A respeito da inclusão escolar, tendo como base a legislação em vigor de Portugal


e a cidade de São Paulo, alguns pontos importantes relacionados à formação de professor
podem ajudar a entender um pouco mais sobre as condições consideradas fundamentais para a
inclusão escolar, sendo citados abaixo:

• Primeiramente saber identificar os alunos com necessidades


educacionais específicas;

• Conhecer metodologias que vão auxiliar no ensino destes alunos;

• Aprofundar conhecimentos entre a relação da escola com a família;

• Aprofundar conhecimento sobre o desenvolvimento escolar da criança


e do adolescente;

• Aprofundar conhecimentos sobre planificação;

• Aprofundar conhecimentos sobre avaliação;

• Conhecer métodos especiais de leitura e escrita;

• Conhecer técnicas de expressão e linguagem, ligadas ao trabalho com


alunos com necessidades educacionais;

• Saber adaptar atividades ao ritmo e as dificuldades dos alunos.


(SILVA 2003, p.57),

O êxito no processo de aprendizagem faz parte do processo de inclusão e conta


com o apoio especializado de como aplicar as estratégias de didáticas, opções metodológicas,
avaliações qualitativas, tornando a sala de aula inclusiva, prazerosa, acolhedora, em ambiente
adaptado às peculiaridades de cada aluno. Nesse sentido, AINSCOW (1995) afirma que se
torna fundamental a escola passar de uma visão estreita e mecanicista do ensino, na qual os

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alunos não progridem em virtude de suas dificuldades ou deficiências, e por isso necessitam
de uma intervenção educacional especial, para adotar estratégias de transformação das
condições sociais e ambientais.
Sabemos, entretanto, que a formação dos educadores nem sempre os prepara para
trabalhar com a diversidade encontrada em sala de aula, e muito menos para lidar com
situações relacionadas à mesma. Consequentemente, a falta de uma formação mais adequada
implica diretamente em problemas junto ao processo de inclusão social de todas as crianças,
bem como na construção de regras e princípios morais em relação a elas mesmas, suas
condições existenciais e em relação aos outros.

2- INCLUSÃO ESCOLAR

A educação na vida da criança é o fator imprescindível para seu desenvolvimento


na vida social, é o preâmbulo das inquietações dos sistemas de ensino para constituir planos e
projetos que assegurem a inclusão de todas as crianças da educação regular.

O Ministério da Educação-MEC é indutor de políticas educacionais e de diretrizes


para a educação. Desse aporte destacamos a Lei de Diretrizes e Bases, o Documento
Subsidiário à política de Inclusão, A coleção Educação Infantil: Saberes e Práticas de
Inclusão, A Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis
anos à educação e o Referencial curricular nacional para a educação infantil que será
abordada abaixo, estão consoante com a Constituição Federal e objetivam promover e garantir
uma educação inclusiva e de qualidade.

O MEC espargiu nacionalmente políticas de educação inclusiva emergindo


impreterivelmente a necessidade dos professores e da escola a deliberação de novos projetos
políticos pedagógicos, aperfeiçoamento do currículo, capacitação de professores, novas
práticas de ensino que atenda a diversidade de crianças em salas de aula, e encontre modos
democráticos de trabalhar respeitando as contradições existentes na escola promovendo seu
desenvolvimento social, afetivo e cognitivo, assim possibilitando avanço as demais etapas e
níveis de ensino.
Segundo a Constituição Federal de 1988, no seu art. 205, “A educação, direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Ainda na Constituição, o seu art. 206, inciso I

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retrata sobre “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”, no art. 208
ratifica atendimento educacional especializado as pessoas com deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino e nesse mesmo artigo no inciso IV aborda a “educação infantil, em
creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade”.
Além dos conhecimentos supracitados, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional-LDB de 1996 em seu artigo 29 declara “a educação infantil, primeira etapa da
educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade”.
Com isso surgem documentos, planos, referencias curriculares, entre outros, com
o objetivo de garantir os direitos das crianças, a exemplo o documento Política Nacional de
Educação Infantil (BRASIL, 2006) que aborda as diretrizes, objetivos, metas e estratégias
para promover a melhoria da qualidade do atendimento e ensino em escolas de Educação
Infantil. Este documento tem como objetivo auxiliar os sistemas educacionais para modificar
as escolas públicas brasileiras em espaços inclusivos e de qualidade, que valorizem as
diferenças sociais, culturais, físicas e emocionais atendendo às necessidades educacionais de
cada aluno.
Neste sentido, a compreensão da educação no processo de inclusão educacional
numa perspectiva coletiva da comunidade escolar deve conduzir transformações nas
instituições escolares e que, principalmente impulsione mudanças de atitudes com relação aos
alunos. Por isso, vale destacar os Saberes e Práticas da Inclusão (BRASIL, 2006), que designa
princípios e fundamentos que exibe êxito no processo de inclusão no ensino regular na
educação infantil: a valorização da diversidade para conviver com as diferenças, o princípio
da identidade com a construção da pessoa humana, a construção de laços de solidariedade,
relações interpessoais positivas, interação e sintonia considerando as necessidades
educacionais de todos os alunos.
Além disso, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI)
(BRASIL, 1998) ressalta a união entre cuidar e educar, respeitando a singularidade e
individualidade de cada criança: diferenças sociais, cognitivas, econômicas, culturais, étnicas
e religiosas.
Assim, “educar” significa propiciar situações de cuidado, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confiança,
e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade
social e cultural. “Cuidar” significa ajudar o outro a se desenvolver como ser

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humano, valorizar e ajudar a desenvolver capacidades (BRASIL, 1998,
p.23).

Assim, a inclusão está fundada na dimensão humana e sociocultural que procura


promover formas de interação positiva, possibilidades e apoio às dificuldades da pessoa com
deficiência. Nessa perspectiva, Kramer (1995, p.18) elucida a compreensão onde “nem todos
os indivíduos que coexistem em uma sociedade, tanto as crianças quanto os adultos,
enfrentam as situações da vida, sejam elas banais ou extraordinárias, com os mesmos meios
intelectuais e culturais”. Ou seja, vivemos numa mesma sociedade onde existe a
heterogeneidade, as diferenças individuais e coletivas, as especificidades de cada um e
principalmente as diferentes situações vividas na realidade social e no cotidiano escolar.

3- PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

As instituições de Educação Infantil, muitas vezes, não consideram o


conhecimento que as crianças trazem à escola, assim observa-se uma grande preocupação em
relação práticas pedagógicas adotadas pelas instituições escolares de educação infantil. O que
se verifica nas creches e pré-escolas são tendências bastante distintas, pois parte significativa
das práticas pedagógicas em Educação Infantil tem dificuldade de considerar a criança
pequena como um ser capaz e competente. Por isso, essas práticas tendem a simplificar os
conteúdos e a desconsiderar aquilo que a criança já sabe, imaginando que ela é um ser vazio,
que precisa receber as informações lentamente.

“(...) o aprendizado das crianças começa muito antes de elas frequentarem a


escola. Qualquer situação de aprendizagem com a qual a criança se defronta
na escola tem sempre uma história prévia. (...) De fato, aprendizagem e
desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da
criança”. (Vygotsky, 1998. p.110)

Conforme o Referencial curricular nacional para educação infantil (BRASIL,


1998, p.19) a prática educativa na educação infantil tem os seguintes objetivos:

• desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais
independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas
limitações;

• descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas


potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de
cuidado com a própria saúde e bem-estar;

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• estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças,
fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades
de comunicação e interação social;

• estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos


poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais,
respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;

• observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se


cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio
ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;

• brincar, expressando emoções sentimentos, pensamentos, desejos e


necessidades;

• utilizar diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita)


ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a
compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de
significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;

• conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitude de


interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.

É preciso saber que a criança é um ser que tem potencialidades e a escola que
possuir uma boa proposta pedagógica poderá lhe proporcionar oportunidades de compreender
o mundo que a cerca.
Dessa forma, o professor deve conhecer seus alunos e propor situações que
tenham sentido e significado para a criança através de desenhos, músicas, pintura,
modelagem, brincadeiras, cuidados, socialização e educação, levando em consideração que
cada criança tem uma maneira específica de pensar, de agir e entender. Assim, cada aluno,
com deficiência ou não, possui necessidades específicas e os docentes têm que estar
pedagogicamente preparados para atender a diversidade, cumprindo com o seu papel de dar
condições para o educando construir seu conhecimento.
O ambiente da escola de educação infantil deve ser motivador, que estimule e
incentive a criação, o brincar, o descobrir, o conhecer, deve ser um local atrativo para a
criança. Com isso, Zabalza (1998) ressalta a importância e necessidade da criação de espaços
motivadores e desafiadores para que as crianças percebam no contexto escolar possibilidades
de criação e crescimento pessoal.
Os conteúdos a serem abordados deverão ser os mesmos para todos os alunos, o
que deve ser diferenciado são os recursos didáticos de acordo com as limitações dos alunos
com deficiência ou não. A escola deve sempre estar aberta e flexível, em todo momento,

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inclusive a seriedade da proposta pedagógica deverá estar clara para os pais bem como
conhecer o desenvolvimento dos filhos.
Madalena Freire (2001) mostra como é rentável uma prática pedagógica que siga
o mesmo fluxo que seus alunos e destaca a pré-escola como um período que a criança passa
de extrema importância na construção dos alicerces de sua afetividade, socialização e
inteligência. Assim, para que a escola possa contribuir no processo de construção de
conhecimento da criança, é necessário que cognitivo e afetivo caminhem juntos.

“Quando se tira da criança a possibilidade de conhecer este ou aquele


aspecto da realidade, na verdade se está alienando-a da sua capacidade de
construir seu conhecimento. Porque o ato de conhecer é tão vital como
comer ou dormir, e eu não posso comer ou dormir por alguém. A escola em
geral tem está prática, que o conhecimento pode ser doado, impedindo que a
criança e, também, os professores o construam. Só assim a busca do
conhecimento não é preparação para nada, e sim VIDA, aqui e agora. E é
esta vida que precisa ser resgatada pela escola”. (FREIRE, 2001. p.15)

A infância é uma fase que representa os primeiros anos de vida da criança, seu
desenvolvimento, seus prazeres e dissabores. E como diz Madalena Freire (1893. p.15) “sem
paixão não poderia existir a condição do conhecimento”, assim, educar bem as crianças é um
desafio que pode mudar o futuro do Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão de todas as crianças em sala de aula é um desafio que exige do


professor o reconhecimento da diferença, a proposição de novas metodologias de ensino que
visem não só os conteúdos, a modificação do currículo de acordo com o desenvolvimento dos
alunos, a formação de professores e novas práticas de ensino.
Através de nossos estudos podemos perceber que a escola deve buscar pensar
sobre sua prática, discutir seu projeto pedagógico e verificar se ele está voltado para
diversidade. Essa discussão passa necessariamente pela reflexão sobre os conceitos
historicamente construídos acerca dos alunos cristalizados no imaginário social e expressos na
prática pedagógica centrada na limitação, nos obstáculos e nas dificuldades, que se
encontram, muitas vezes, ainda presentes na escola.

As escolas de educação infantil devem buscar oferecer um ensino de qualidade,


onde o desenvolvimento da criança aconteça levando-se em consideração a formação de

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cidadão participativo, crítico e consciente de seu papel na sociedade. Também, destaca-se a
necessidade do comprometimento de professores, funcionários, alunos e família, requerendo,
ainda, grande parceria com a sociedade em que se insere nas responsabilidades de suas
tarefas.
Enfim, direciono as palavras de Rubens Alves associando a escola de educação
infantil a uma árvore cheia de oportunidades, esperanças, crescimento. Futuro.

Vou plantar uma árvore.


Será o meu gesto de esperança.
copa grande, sombra amiga, galhos fortes, crianças no balanço
e muitos frutos carnudos, passarinhos em revoada.
Mas o mais importante de tudo,
Ela terá que crescer
devagar, muito devagar, tão devagar...
que a sua sombra eu nunca me assentarei.
Eu a amarei pelos meus sonhos que ela abriga...
E vou dizê-los, como poemas,
enquanto minhas mãos revolverem a terra:
desejarei que haja pão para todos,
imaginarei que os grandes pararão seu trabalho
para fazer lugar para o brinquedo das crianças...
Escolhi este gesto porque as árvores
são coisas mansas e tranquilas,
diferentes das armas dos homens de guerra
e dos números dos homens de lucro.
As árvores celebram a vida e
com elas se inicia um futuro.
Plantarei uma árvore.
Contarei minha esperança...
(Rubens Alves1 – A Gestação do Futuro)

1
Rubens Alves é pedagogo, poeta e filósofo. Autor de diversos livros para crianças, e tem na educação um dos
temas que mais lhe causam inquietação. Seus livros levam a refletir sobre a desafiadora tarefa: educar o ser
humano para que ele possa desenvolve-se em sua plenitude.

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