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Aula 17/08 | Animais peçonhentos


Gabriele Jobim | Turma 116 | 2023.2

acidente ofídico → mais de 20.000 casos por ano

animais venenosos → animais que têm veneno mas não conseguem inoculá-lo

animais peçonhentos→ a peçonha é uma substância tóxica produzida e passível de ser inoculada em outro animal, por
aparato inoculatório próprio do ser produtor

aracnídeos, lagartas e serpentes → causadores da maioria dos acidentes

a inoculação do veneno é sempre uma última estratégia de defesa

cerca de 30% dos casos ocorrem por picadas sem veneno inoculado

Aracnídeos
Distribuição
escorpiões são os que mais causam acidentes no Brasil, seguidos pelas serpentes e aranhas

a maior parte dos acidentes por aranha ocorre na região Sul

existem cerca de 85.000 espécies de aracnídeos

aranhas → 38.000 espécies, apenas 30 clinicamente importantes

escorpiões → 1.600 espécies, apenas 25 clinicamente importantes

as espécies perigosas são todas da mesma família

no Brasil → 500 famílias e 10.000 espécies, especialmente na floresta amazônica mas também em outros ambientes

Classificação zoológica
pertencem ao Filo Arthropoda, sub-filo Chelicerata e a classe Arachnida

inclui aranhas, escorpiões e opilião

as lacraias pertencem à classe Chilopoda (também são animais peçonhentos)

não causa mortes em 99% dos casos

podem causar mortes em pessoas alérgicas

Opiliões
são aracnídeos que possuem o prossoma fundido com o opistossoma, um par de olhos centrais e um par de glândulas
odoríferas nas laterais do prossoma

aspecto semelhante a aranha, porém não picam (são inofensivos)

liberam forte odor para a defesa quando molestados

se alimentam de matéria orgânica

variam de 0,5 a 2 cm

Aula 17/08 | Animais peçonhentos 1


prossoma e opistossoma é uma forma de dividir o corpo dos aracnídeos;
os opiliões têm as partes fundidas

Lacraias
artrópodes terrestres quea presentam um par de antenas, um par de forcípulas e o corpo segmentado dividido em cabeça
e tronco

a peçonha da lacraia fica abaixo da cabeça

suas glândulas de veneno se situam internamente na cabeça

as duas patas traseiras funcionam como um órgão sensitivo → pernas anais

essas patas não são usadas para caminhar, ficando suspensas do solo

a que mais causa acidentes é a Scolopendra, seguida por Otostimus e Cryptops

os acidentes causam dor, edema e vermelhidão → sinais clínicos de inflamação

não tem antídoto, se trata os sintomas apenas

não confundir a lacraia com piolho de cobra

o piolho de cobra se desloca lentamente, enquanto a lacraia é rápida e ágil

liberam um odor característico

os acidentes que ocorrem por piolho de cobra são por sensibilidade aos fluidos corporais do piolho de cobra, causando
dermatite superficial

Anatomia externa dos aracnídeos

Aula 17/08 | Animais peçonhentos 2


têm corpo dividido em 2 partes → prossoma (cefalotórax), opistossoma (abdome)

as aranhas têm esse segmento unido pelo pedicélio → estrutura flexível que permite movimentação

Prossoma (parte anterior do corpo)


contém os olhos → importantes para diferenciar as famílias de aranhas

disposição dos olhos:

em elevação — cômoro ocular (escorpiões e caranguejeiras, parte mais alta)

em fileiras — fórmula ocular (aranhas verdadeiras, olhos distribuídos pelo cefalotórax)

par de quelíceras → situadas na região frontal

primeiro par de apêndices do prossoma

constituídos por dois segmentos: um basal e uma extremidade diferenciada conforme as ordens (varia em formato)

nas aranhas, são usadas para picar

composta por um segmento basal e um ferrão inoculador de veneno

os movimentos são utilizados para distinguir os grupos de aranhas

Mygalomorphae (caranguejeiras) → quelíceras paraxiais, movimentos paralelos/verticais ao eixo do corpo

Araneomorphae (aranhas verdadeiras) → quelíceras diaxiais, movimentos perpendiculares/transversais ao eixo do


corpo; são as de importância clínica

nos escorpiões, são pequenas pinças usadas para macerar a presa (a picada é cada pela cauda)

pedipalpos → situadas na região anterior do prossoma

é o segundo par de apêndices

auxiliam na apreensão das presas e durante o acasalamento

nas aranhas, pequenas “patas” ao lado da quelícera; ajudam a segurar a presa

nos machos, tem função copulatória

tem 6 segmentos

nos escorpiões, os palpos são as garras (seguram a presa para dar a picada)

tem 5 segmentos, sendo o último artículo em formato de pinças

💡 todas as patas animais saem do prossoma

Aula 17/08 | Animais peçonhentos 3


quelíceras

pedipalpos

Opistossoma (abdome)
região posterior do corpo, relacionada à digestão, absorção, respiração, excreção e reprodução

o formato varia e também o formato e padrão de manchas

aranhas → na região posterior e ventral do opistossoma, estão situadas as fiandeiras

escorpiões → subdivide-se em mesossoma e metassoma

Glândulas de veneno
são geralmente duas glândulas contendo abertura externa por onde é liberado

cada grupo aracnídeo possui estruturas próprias

no escorpião, é o último segmento da cauda

nas aranhas, está dentro do cefalotórax e o veneno é liberado pelas quelíceras

Alimentação
são carnívoros → alimentam-se de animais vivos

insetos, répteis, anfíbios, peixes, aves e mamíferos (roedores)

alguns podem fazer canibalismo

o veneno costuma fazer uma pré-digestão da presa → enzimas digestivas

Reprodução
possuem sexo separado e a fecundação pode ser interna ou externa

podem ser ovíparos, vivíparos ou partenogenéticos

Aula 17/08 | Animais peçonhentos 4


partenogenéticos → algumas fêmeas de escorpiões se reproduzem sozinhas

os machos das aranhas são devorados pelas fêmeas após a cópula

os escorpiões realizam uma espécie de “dança”

Sentidos
a visão não é nítida

mecanorreceptores → pelos na parte ventral das patas que percebem deslocamentos mínimos

quimiorreceptores → percebem odores e paladar, relacionados a corte, detecção de inimigos e presas

Importância ecológica
se alimentam de pragas

também são fonte de alimento para outras espécies

a eliminação deles afeta a cadeia alimentar

Importância médica
os aracnídeos de importância médica são representados por aranhas e escorpiões que possuem veneno tóxico para o homem

Aranhas
dividem-se em Mygalomorphae e Araneomorphae

Mygalomorphae (caranguejeiras) → quelíceras paraxiais, movimentos paralelos/verticais ao eixo do corpo

Araneomorphae (aranhas verdadeiras) → quelíceras diaxiais, movimentos perpendiculares/transversais ao eixo do corpo

são as de importância clínica

Mygalomorphae

Araneomorphae

Importância médica
precisa saber nome popular e nome científico! 3 famílias de aranhas são perigosas, principalmente 3 gêneros

Ctenidae - aranha armadeira

Sicariidae - aranha marrom

Theridiidae - viúva negra/marrom

🕷️ a região Sul é muito afetada por acidentes com aranhas, especialmente em Santa Catarina!

Aranha armadeira - Phoneutria nigriventer | foneutrismo

Aula 17/08 | Animais peçonhentos 5


considerada muito perigosa não pela toxicidade do veneno
(embora ele seja perigoso), mas sim pelo contexto

são aranhas grandes com grande glândula de veneno, podendo


injetar bastante veneno

são muito ágeis, podendo inclusive saltar

tem manchas no abdome que lembram corações e uma listra no cefalotórax

comportamento → tem hábitos noturnos e não constroem teias

temperamento → são agressivas (picam mesmo sem serem estimuladas)

quando irritadas, levantam as patas dianteiras

dimensão → 4 a 5 cm de corpo, 15 a 18 cm de patas

veneno → é neurotóxico (causa muita dor e afeta diversas partes do sistema nervoso)

pode causar choque neurogênico

morte geralmente causada por edema pulmonar agudo

geralmente não matam adultos, mas deve-se tomar cuidado com crianças

sinal clínico importante em crianças → priapismo

tratamento do foneutrismo → bloqueio anestésico local sem vasoconstritor

o bloqueio anestésico local dura no máximo 4 horas, sendo que o efeito da picada dura 8 horas

o soro deve ter aplicado pelo médico

em quadro grave, o paciente deve começar a melhorar em pelo menos 30 minutos

está disponível em hospitais de referência

Tarântula de jardim - Lycosa erynthrognatha


comum nas cidades

não tem importância em saúde pública, mas se parece muito com a armadeira → importante diferenciar para que a pessoa
não tome o soro desnecessariamente

veneno pouco tóxico

comportamento → hábitos errantes (diurnos e noturnos), sendo frequentemente encontradas em gramados ou jardins

temperamento → ao contrário da armadeira, é pouco agressiva

prefere sempre fugir; os acidentes são comuns por causa da distribuição

dimensões → 2 a 3 cm corpo, 6 a 8 cm envergadura

tratamento → apenas sintomático

em vez de corações no dorso do abdome, tem uma seta; tem riscos laterais, e não centrais

a distribuição ocular também é diferente

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Aranha marrom - Loxosceles sp. | loxoscelismo

🕷️ maior causadora de acidentes na região Sul

comportamento → vive no solo, rachaduras, esconde-se em buracos e pilhas de madeira

abriga-se em casas e em roupas → é colonizadora de residências, ao contrário da aranha armadeira

teia emaranhada

temperamento → não é agressiva, pica ao ser prensada

dimensões → 1 - 1,5cm de corpo, 3 - 4cm de envergadura

veneno → é extremamente perigoso

a Loxosceles laeta é a mais perigosa

a picada é indolor, mas após alguns dias surge lesão e necrose local (dermonecrótico)

quanto mais tecido adiposo no local, pior a lesão

podem causar insuficiência renal

tratamento → sintomático e soro anti-loxocélico

diagnóstico diferencial → diferenciar a Loxosceles laeta da Scytodes fusca pelo desenho de violino no cefalotórax

Aula 17/08 | Animais peçonhentos 7


alguns profissionais adotam que após 72 horas/3 dias não adianta mais fazer o soro

essa aranha tem soro só dela (soro antiloxoscélico), porém aplicar só se houver certeza que foi a causadora da lesão →
evitar que ocorra sensibilização do paciente

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Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação)
Gabriele Jobim | Turma 116 | 2023.2

Viúva negra - Latrodectus sp. | latrodectismo


comportamento

habitam a vegetação rasteira, arbustos, cupinzeiros e fendas de madeiras

comuns em áreas rurais e peridomiciliar

única das aranhas clinicamente relevantes que faz teia para prender as presas → características sedentárias

teia tridimensional

não costuma ficar dentro de casa

próxima a postes de luz e outros lugares com muitos insetos

temperamento → não é agressiva; acidentes acontecem quando ela é atacada/ameaçada de alguma forma

distribuição geográfica → ocorre principalmente na mata atlântica e nordeste

características → predominância da cor vermelha ou preta

desenho da ampulheta em amarelo, laranja ou vermelho

dimensões → 1 a 1,5 cm de corpo e 3 cm de envergadura

as fêmeas são muito maiores que os machos

os machos não têm importância médica

veneno → neurotóxico

causa dor local

comum pacientes relatarem dor abdominal devido a cãimbras na musculatura esquelética

tratamento → analgésicos e relaxantes musculares (para dor), bloqueio local e soro específico

mesmo sem soro, assim como a armadeira, dificilmente vai matar um adulto sem comorbidades (porém crianças e idosos
têm risco maior)

sinais clínicos por latrodectismo

edema de pálpebra

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 1


espécies comuns

Latrodectus mactans

Latrodectus geometricus → viúva marrom

causa dor na picada mas não muitas alterações sistêmicas

tem manchas nas patas e desenhos geométricos

Latrodectus curacaviensis → encontrada no Brasil

diagnóstico diferencial

pode ser confundida com Steatoda triangulosa e Nesticodes sp.

essas espécies são sem importância médica

costumam ficar dentro de casa

nenhuma das duas tem ampulheta, por isso é fácil diferenciar

são conhecidas como falsa viúva negra, viúva-vermelha ou aranha-de-canto-de-parede

tratamento para latrodectismo

SALatr → soro antilatrodéctico

o soro antiaracnídico usual não funciona

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 2


aplicação intramuscular (IM)

as mortes, quando ocorrem, podem ser decorrentes de edema pulmonar agudo

na ausência de soro específico, usar neostigmina; causa aumento do sistema parassimpático/é um


anticolinesterásico

Caranguejeira - Família Theraphosidae


comportamento

errantes, de hábitos terrestres

costumam se refugiar em tocas

atividade noturna

temperamento → pouco agressiva, ataca quando se sente ameaçada

dimensões → são aranhas de grande porte

6 cm de corpo e 15 cm de envergadura

veneno → pouco tóxico

causa dor, inchaço e vermelhidão no local da picada

os pelos que ela possui no abdome são urticantes; em contato com mucosas podem causar alergia

tratamento → sintomático apenas

Escorpiões
somente o gênero Tityus é de importância médica no Brasil

Escorpião preto — Tityus bahienses


comportamento → hábitos errantes (se deslocam com frequência) e solitários

se alimentam principalmente de baratas

são animais de hábitos noturnos; se escondem do Sol

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 3


encontrados em porões, sótãos, sob acúmulos de lixo doméstico

temperamento → ataca quando ameaçado

tamanho → 6 a 7 cm de corpo

veneno → neurotóxico

pode levar ao óbito por choque cardiocirculatório ou edema pulmonar

tratamento → lavar com água e sabão, soro específico e sintomático

Escorpião amarelo | Tityus serrulatus


mais tóxico

tronco escuro com cauda amarela serrilhada dorsalmente

Escorpião do nordeste | Tityus stigmurus


menos tóxico

triângulo no dorso

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 4


Diferenciar neurotóxicos
sem importância médica

pedipalpos curtos e grossos

caudas com só um aguilhão

com importância médica (Tityus)

pedipalpos longos e delgados

cauda com dois aguilhões

Tratamento para escorpionismo


SAA (soroantiaracnídico) e SAEsc (soro antiescorpiônico)

não precisa decorar essas doses pra prova

precisa saber a sintomatologia

Escorpionismo grave
tempestade autonômica → variação brusca entre o simpático e parassimpático em um primeiro momento

liberação maciça de acetilcolina e catecolamina

SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica) → segundo momento

Prevenção de acidentes

Lagartas peçonhentas (erucismo)


a maior prevalência de casos está na região Sul, especialmente no Paraná

Taturana — Lonomia obliqua

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 5


pode provocar óbitos

comportamento → se alimentam de folhas, vivem em florestas mas podem ser encontradas no meio rural e na vegetação de
áreas urbanas

durante o dia, ficam agrupadas em troncos

possuem coloração marrom-clara esverdeada com listras

identificação → chamam atenção pelos espinhos no corpo


marrom

listra marrom contornada com preto no dorso

manchas brancas

sintomas locais → causa muito eritema e edema

pode ocasionar formação de bolhas raramente

os sintomas são benignos e de regressão espontânea em poucas horas

sintomas gerais → vômito em caso de intoxicação significativa

dores abdominais e mialgia

a toxina tem hemotoxicidade, interrompendo a cascata de coagulação → impede a formação do fibrinogênio

hemorragias em ferimentos não cicatrizados e também espontâneos

por isso, é necessário verificar o tempo de coagulação para ver se o corpo voltou à normalidade

tratamento → SALon (soro antilonômico)

prevenção

Serpentes
maior índice de letalidade entre os animais peçonhentos

maior ocorrência de casos na região norte

comportamento → podem ser diurnas ou noturnas

suas atividades decorrem da busca de alimentos, reprodução, controle da temperatura corpórea e repouso

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 6


classificação → terrícolas, (semi)arborícolas, (semi)aquáticas, subterrâneas

comportamento → são essencialmente predadoras de invertebrados e vertebrados

não mastigam

capturam a presa esmagando-a (constritoras) ou intoxicando-a (peçonhentas)

sentidos

visão e paladar são pouco desenvolvidos

principal sentido de orientação é o olfato

fosseta loreal → entre o olho e a narina, tem função


termorreceptora

Diferenciação entre peçonhentas e não peçonhentas

🐍 a cobra coral é uma exceção da regra → não possui fosseta loreal e é extremamente venenosa

Serpentes venenosas

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 7


Jararacas — Bothrops sp | Botrópicas
comportamento: hábito terrícola, explora arbustos, brejos e lagoas

comum em áreas de ocupação humana

temperamento: agressivo, é a serpente que mais causa acidentes no sul e sudeste do Brasil

dimensões: entre 1,2m e 1,5m

veneno: hemotóxico (hemorrágico e coagulante), citotóxico (inflamação aguda, proteolítica e necrose)

características do acidente

local → processo inflamatório, edema local, equimose, dor e adenomegalia regional progredindo, ao longo do membro,
para bolhas (conteúdo seroso ou serohemorrágico) e, eventualmente, para necrose

sistêmico → alteração da coagulação, sangramentos espontâneos, náuseas, vômito, sudorese, hipotensão e choque

exames complementares

Tempo de Coagulação: auxíliodiagnóstico e acompanhamento;

Hemograma: leucocitose, neutrofilia, desvio à esquerda, trombocitopenia;

VHS: aumentado;

EQU: proteinúria, hematúria, leucocitúria;

Outros: uréia, creatinina.

tratamento: soro anti-botrópico e de suporte

Cobra cruzeira — Bothrops alternatus

mais tóxica dentre as jararacas, com a exceção da jararaca ilhoa, três vezes mais peçonhenta

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 8


Bothrops alternatus

Surucucu-pico-de-jaca — Lachesis muta. | Laquéticas


comportamento: noturno, terrícola, matas, região norte, incidência acidentes de 3%

temperamento: ataca ao ser molestada

dimensões: é a maior serpente peçonhenta das Américas (até 4,5m), compresas de até 3,5cm

veneno: muito semelhantes ao venenobotrópico, a diferença se dá na presença de alterações vagais (náuseas, vômitos,
cólicas, diarréia, hipotensão e choque)

características do acidente laquético

tratamento: soro anti-botrópico-laquético (SABL)

Lachesis muta muta

Cascavéis — Crotalus durissus. | Crotálicas


comportamento: hábito terrícola, crepuscular e noturno

ocorre principalmente nas áreas de campo e cerrado

temperamento: agressivo, quando irritadas produzem som característico ao agitarem a cauda (chocalho ou guizo)

dimensões: até 1,2m

acidente: um dos maiores coeficientes de letalidade

cerca de 8% dos acidentes ofídicos no Brasil

tratamento: soro anti-crotálico e de suporte

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Cobra-coral — Micrurus sp. | Elapídicas
comportamento: hábito subterrâneo, sob troncos, folhas, raízes e pedras

temperamento: não agressivo, oferece perigo quando manuseada

dimensões: até 1m

veneno: neurotoxina muito potente, combloqueio da junção neuromuscular e mortepor insuficiência respiratória aguda

tratamento: soro anti-elapídico e de suporte

Como diferenciar a coral verdadeira da falsa:


continuidade dos anéis na superfície ventral tamanho dos olhos

Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 10


Conduta média atual para serpentes peçonhentas — Micrurus sp.

Efeitos dos venenos ofídicos

Prevenção de acidentes ofídicos


uso de botas de cano alto

uso de luvas de couro ao limpar o jardim

não colocar as mão em tocas

cuidado ao revirar pedras ou toras

limpar o terreno evitando ratos

fechar frestas na casa

preservar os predadores naturais (corujas, gaviões, seriema, gato do mato, etc.)

Primeiros socorros Não fazer em hipótese alguma

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Aula 31/08 | Animais peçonhentos (continuação) 12
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Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de
importância médica
Gabriele Jobim | Turma 116 | 2023.2

Caracterização
os parasitas podem ser divididos em protozoários (unicelulares) e metazoários (helmintos e artrópodes, pluricelulares)

artrópodes → são animais invertebrados caracterizados por possuírem membros rígidos, articulados, com vários pares de
pernas, que variam em número de acordo com as classes

possuem simetria bilateral

a maioria apresenta uma função indireta na doença humana, pois transmite, mas não produz

exemplo: Triatoma → são capazes de transmitir o Trypanosoma cruzi

alguns são parasitos verdadeiros, provocando diretamente a doença

exemplo: Sarcoptes scabiei → escabiose

outros são causadores de lesões

exemplo: Cimex hemipterus

artrópodes de interesse médico: carrapato, ácaros (escabiose), piolho, pulga, barbeiro, mosquito, mosca (larvas)

Carrapato
Amblyomma sp., da família Ixodidae

sinais clínicos: eczema (lesão de pele), anemia, febre maculosa (causada pela bactéria
Rickettsia rickettsii) e doença de Lyme (Borrelia burgdorferi)

teleógina → fêmea do carrapato ingurgitada após ingerir sangue

cai no solo e se reproduz

os carrapatos têm acrossoma desenvolvido para serrar a pele e penetrar

Febre maculosa
transmitida pelo carrapato-estrela da espécie Amblyomma cajennense infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii

Rickettsia rickettsii → Gram - intracelular obrigatória

é uma doença endêmica e de notificação compulsória

o carrapato precisa ficar fixado na pessoa de 4 a 8 horas para transmitir uma quantidade significativa de bactéria

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 1


🦠 as capivaras são um reservatório da Rickettsia
rickettsii

Doença de Lyme
também chamada de borreliose, meningopolineurite e eritema migratório

transmitida pelo carrapato infectado com a bactéria Borrelia burgdorferi

Borrelia burgdorferi → Gram - e anaeróbias

é uma bactéria espiroqueta, ou seja, tem o corpo enrolado em hélice, movendo-se com movimentos tipo "saca-rolhas"

a transmissão se dá quando há adesão dos carrapatos à pele por 24 horas ou mais

o carrapato insere o gnatossoma na pele

cuidado para retirar: se o carrapato for queimado, ele irá salivar mais antes de se soltar; o correto é utilizar uma pinça de
ponta fina e torcer a base dele no sentido anti-horário

período de incubação: de 3 a 32 dias

complicações: neurológicas, cardíacas, articulares, oftálmicas e fetais

diagnóstico: epidemiológico, clínico e laboratorial

diagnóstico diferencial: uveítes e coroidites, encefalites, artrites e cardites

tratamento: antibioticoterapia que tenha ação sobre Gram - (doxiciclina, amoxicilina, outros)

Ácaros — sarnas
agentes → Sarcoptes scabiei var. hominis (F. Sarcoptidae), Demodex folliculorum/D. brevis (F. Demodicidae)

Sarcoptes scabiei — escabiose


é um ácaro escavador (faz túneis na pele)

tem ciclo evolutivo de 21 dias

caracteriza-se por intenso prurido (à noite, quando o ácaro sai dos túneis para se reproduzir)

lesões em forma de vesículas e escoriações locais (frequentes)

áreas propensas para verificar as lesões: regiões interdigitais, punhos, axilas, região peri-umbilical, sulco inter glúteo e órgãos
genitais

Demodex folliculorum — demodicose


produzem prurido, eritema e escamação da pele

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 2


se instala no folículo piloso

locais preferenciais são: couro cabeludo, pele do rosto, testa, sobrancelhas, cílios, bochechas e os canais do ouvido externo

pode intensificar a calvície e agravar a rosácea

🔬 análise microscópica: “Como o Demodex faz parte da nossa microbiota


normal, devo me preocupar se eu visualizar mais de uma geração (adultos e jovens). Já a visualização de um Sarcoptes
confirma o diagnóstico de Escabiose.”

Tratamento
individualizado, tópico ou oral

Ivermectina (revectina oral)

Monossulfiram

Benzoato de benzila

Permetrina

Desinfecção de toda roupa de cama e deuso pessoal (lavando e fervendo)

Alívio da coceira (anti-histamínicos ou corticóides)

Piolho — pediculose
agentes → Pediculus humanus (F. Pediculidae) e Phthirus pubis (F. Pthiridae)

transmissão

piolho da cabeça → diretamente de pessoa para


pessoa, fômites

piolho do corpo → transmissão pelas roupas e direto

piolho pubiano → contato sexual

sintomatologia

infecções secundárias

P. capitis e P. pubis → pápulas pruriginosas, infecções secundárias

P. humanus → lesões pruriginosas no dorso, axilas, nádegas e coxas

Tifo Exantemático (Rickettsia prowasekii)

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 3


Tratamento
Loções ou xampus de permetrina 1%

Remoção de lêndeas com pente fino, repete com 7-10 dias

Lavar roupas de cama e de uso pessoal

Loções Benzoato de Benzila 20%

Pulgas
principais

Pulex irritans (pulga do homem) → pode causar tifo murino (bactéria


Rickettsia typhi)

Xenopsylla cheopis (pulga do rato) → pode causar peste bubônica


(bactéria Yersinia pestis)

Tunga penetrans (bicho-do-pé) → lesões tamanho grão de ervilha,


doloridas e sujeitas as infecções secundárias

Tungíase — bicho do pé

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 4


Combate
95% das pulgas estão no ambiente, não no animal

as pupas podem aguardar mais de um ano por um hospedeiro e sobreviver 125 dias sem alimentar-se

uso de aspirador de pó (tapetes e carpetes) e queimar o conteúdo aspirado

banhar os animais com inseticidas, associar produtos com poder residual de 30 dias (spot on) e pulverizar o ambiente

Barbeiros — subfamília Triatominae


vetor da doença de Chagas, cujo agente é o Trypanosoma cruzi

podem ser hematófagos (transmitem doenças), predadores (que se alimentam de outros insetos) e fitófagos

principais gêneros transmissores:

Rhodnius

Triatoma → difícil controle, mais sinantrópico e se reproduz mais facilmente

Panstrongylus → transmissão do T. cruzi

🪲 têm o comportamento peculiar de defecar durante a alimentação; o protozoário está nas fezes do inseto

Transmissão
ocorre através da picada (que, ao coçar, permite a entrada do protozoário pelas fezes do inseto)

por transfusão sanguínea

transplante de órgãos

de forma vertical (transmissão placentária)

via oral → seria uma das principais formas de contaminação no Brasil atualmente; ocorre ao ingerir alimentos contaminados

principal alimento transmissor é o açaí

o congelamento não mata o protozoário, a única forma de eliminar é pasteurizando

Como saber se é hematófago


examinar a probóscide (por onde eles fazem a picada)

🪲 a doença de Chagas é de notificação compulsória e na ficha do SINAN, deve-se identificar o inseto

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 5


fitófago → probóscide reta e longa (ultrapassa o 3° par de patas)

predador → probóscide curta e levemente curva

hematófago → probóscide reta e curta

Como reconhecer o gênero


pela inserção das antenas

Panstrongylus → as antenas se inserem no canto dos olhos

Triatoma → se inserem entre os olhos e focinho

Rhodnius → se inserem na ponta do focinho

Sinais clínicos
a doença tem diferentes fases (aguda, indeterminada e crônica)

as pessoas geralmente descobrem que tem a doença só na fase crônica

podem acontecer óbitos em qualquer fase

sinais agudos: febre, mal-estar, olhos inchados

sinais crônicos: cardiopatia (principalmente cardiomegalia), megaesôfago e megacólon

Reservatórios do Trypanosoma
gambás (marsupiais) e roedores (Rattus rattus – rato comum, Rattus norvergicus – ratazana do esgoto, Mus musculus–
camundongo)

podem acabar infectando mamíferos maiores

Controle dos vetores (barbeiros)


aplicação contínua deinseticidas químicos com ação residual

melhora nas condições habitacionais (casas de cimento)

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 6


educação sanitária

vigilância epidemiológica

Mosquitos

🦟 são os insetos que mais transmitem doenças

considerações sobre prevenção:

o fumacê comumente realizado em alguns estados não funciona

prof. recomenda fazer armadilhas em vez de estimular “não deixar água parada”

também morte das fêmeas e esterilização dos machos em “fábricas” de mosquitos

Curiosidades e diferenças morfológicas


a fêmea tem importância clínica pois é hematófaga

precisa do repasto sanguíneo para maturar os ovos

os ovos são resistentes à dessecação por vários meses até que haja contato com a água

durante o dia, os mosquitos preferem locais escuros

diferenças morfológicas: a fêmea é maior que o macho

o macho tem mais pelos nas antenas que as fêmeas e tem os palpos maiores e com tridentes

Culex sp.
transmite elefantíase no norte do país

coloca ovos na superfície da água em forma de jangada

é o mosquito comum

Culex sp.

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 7


Lutzomyia longipalpis - mosquito palha
mosquito transmissor da leishmaniose

é muito pequeno, passa pelos mosquiteiros

não se reproduz na água e sim na terra

Lutzomyia longipalpis

Anopheles
transmissor da malária → protozoário Plasmodium

conhecido como mosquito preto

Aedes sp.
o correto é falar “edes”

mosquito preto com manchas brancas

duas espécies: Aedes aegypti e Aedes albopictus

têm a mesma capacidade e comportamento e


transmitem a mesma doença → dengue, zika e
chikungunya (causadas por vírus)

picam durante o dia

diferenciados pelo tórax → o albopictus tem uma linha


no meio do tórax

Moscas

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 8


Cochliomya sp. = miíase

possui cor verde metálico

Família Calliphoridae

Subfamília Chrysomyinae

Gênero Cochliomyia
causadora de miíase
Espécie Cochliomya hominivorax

Lucilia sp. = miíase

usada na terapia larval 🪰 miíase → “é caracterizada pela infestação de


larvas de moscas na pele. As larvas de moscas
Subfamília Luciliinae completam parte de seus ciclos de vida
alimentando-se de tecidos (vivos ou mortos) no
Gênero Lucilia
corpo humano.”
Espécies L. cuprina e L. sericata
como larvas que se instalam em alimentos,
Dermatobia hominis = berne curativos contaminados em feridas expostas…
essa mosca captura outros insetos e coloca seus ovos berne → é um tipo de miíase
nesses outros insetos; são eles que penetram os
não precisa de lesão na pele para que haja
humanos, e não a mosca
penetração da larva; consegue penetrar na pele
Família Cuterebridae íntegra
Gênero Dermatobia

Espécie Dermatobia hominis

Terapia larval (Maggot therapy)


miíases secundárias, realizada com espécies do gênero Lucilia → Lucilia cuprina e Lucilia sericata

uso → é uma das mais efetivas e eficientes maneiras de se realizar o debridamento (limpeza) de feridas infectadas e
gangrenadas em comparação com muitos outros tratamentos recomendados

indicações

osteomielite crônica

úlceras crônicas

tratamento de feridas contaminadas em casos complicados

como as larvas ajudam:

liquefação do tecido necrótico pela secreção de enzimas proteolíticas

digestão do tecido necrótico como alimento das larvas

lavagem mecânica do ferimento pelo exsudato induzido pelas larvas

destruição bacteriana no trato digestivo das larvas e excreção de substancias antibacterianas

mudança no pH da ferida

estimulação do tecido de granulação, etc

🪰 as larvas ficam consideravelmente maiores após ingerir o tecido, ficando fácil removê-las

Aula 14/09 e 21/09 | Artrópodes parasitos de importância médica 9


Luiza Salatino – Turma 107
PROTOZOÁRIOS PARASITOS

Classificação dos Protistas (seres unicelulares):

 Rizópodes – Locomovem-se e se alimentam por pseudópodes, que são pseudo-pés (pés-falsos)


 Flagelados – Locomovem-se por meio de flagelos (pelo longo nas extremidades). Além disso, eles também têm uma
membrana ondulante.
 Ciliados – Locomovem-se através de cílios (são os mais rápidos)
 Esporozoários (apicomplexos) – Não possuem sistema locomotor

PROTOZOÁRIOS FLAGELADOS
01) GIARDIA
 Domínio: Eukaria
Ela foi primeiramente descrita em 1681 por Anthon van Leeuwenhoek em suas  Reino: Protista
próprias fezes e raspando os seus dentes. Além disso, a Giardia acomete uma ampla  Subreino: Protozoa
variedade de hospedeiros: mamíferos (zoonose = doença infecciosa de animais capaz de ser  Filo: Sarcomastigophora
naturalmente transmitida para o ser humano), aves, répteis, anfíbios. Diante disso, o estreito  Subfilo: Mastigophora
relacionamento entre homem/animal favorece a transmissão.  Classe: Zoomastigophora
Inclusive, esse é o flagelo mais comum do trato digestivo humano, e ocorre cerca de  Ordem: Diplomonadida
280 milhões de novos casos por ano (OMS), os quais possuem distribuição mundial.  Família: Hexamitidae
Paralelamente a isso, essa é uma das causas mais comuns de diarreias em crianças.  Gênero: Giardia
 Espécie: Giardia lamblia
 Flagelado: 6-8 flagelos e simetria bilateral
 Formas evolutivas: cistos e trofozoítos

Morfologia dos Trofozoítos: Morfologia dos Cistos:

Os cistos possuem formas esféricas, com 2 a 4 núcleos e restos fibrilares das organelas do trofozoíto. Além disso, é
nesta forma que a giárdia resiste ao pH do nosso trato gastrointestinal, diante disso, a forma cística é a que encontramos nas
fezes.
Existem mais de 40 espécies descritas do gênero Giardia, mas somente 5 são consideradas importantes:

 Giardia lamblia – Também denominada G. intestinalis ou G. duodenalis, parasita amplo grupo de animais
domésticos e silvestres além do homem.
 G. muris – Roedores
 G. psitacci e G. ardeae – Aves
 G. agilis – Anfíbios
Luiza Salatino – Turma 107
O parasita vive no intestino delgado e o seu disco adesivo adere às células do epitélio intestinal (o protozoário possui
um disco suctorial que se fixa no intestino e provoca lesões conforme o parasita vai se locomovendo). Além disso, os parasitas
são móveis graças aos flagelos e, também, locomovem-se conforme o movimento peristáltico. Ademais, os trofozoítos se
dividem por fissão binária e, inclusive, um único hospedeiro é capaz de eliminar bilhões de parasitas. Quando os parasitas
chegam ao intestino grosso, eles sofrem um processo de transformação do formato trofozoíto para o cístico, se enrolando sobre
si mesmos (cistos novos podem ter dois núcleos e os mais antigos, quatro).
Outrossim, a infecção se dá pela ingestão da forma cística (presente em alimentos e água). Já a eliminação do parasita
se dá de forma intermitente, diante disso, solicitamos 3 exames de fezes para aumentar as chances do parasita ser encontrado
(agente etiológico).
Ciclo Biológico:
O ciclo é monoxênico (parasitas realizam seu ciclo de vida em um único hospedeiro, portanto a fase de reprodução e
desenvolvimento ocorre em somente um animal, não sendo necessário que o parasita seja repassado a outro indivíduo).
Inicialmente, ocorre a ingestão do cisto (forma infectante) e, no duodeno, o cisto se transforma na sua forma ativa, o trofozoíto.
Os trofozoítos fixam-se às células da mucosa (por mecanismo de sucção) e, geralmente, não são arrastados com as fezes. Estes,
então, colonizam o intestino delgado, fazendo diversas divisões binárias, podendo, assim, causar uma inflamação na mucosa
intestinal, resultando em diarréia. Alguns trofozoítos transformam-se em cistos, que são formas resistentes, porém inativas, que
são arrastadas e excretadas com as fezes. No exterior, os cistos resistem por, aproximadamente, 3 meses. Se os cistos forem
ingeridos por algum animal, são ativados durante a passagem pelo seu estômago e transformam-se em trofozoítos,
completando seu ciclo de vida biológico.

Epidemiologia do Parasita:
 O ciclo é direto – Monoxênico
 A via normal de infecção é a ingestão de
cistos
 Os cistos são eliminados pelas fezes por 1 a
2 semanas após a infecção
 Cistos são resistentes no meio ambiente por
longos períodos
 Doença é altamente contagiosa
 Transmissão ocorre:
 Pela água sem tratamento
 Por alimentos contaminados (frutas e
verduras cruas mal lavadas)
 Pelo contato com animais e entre
pessoas (mãos contaminadas)

Sinais Clínicos:
 Sintomas são inespecíficos, o que dificulta o
diagnóstico; diante disso, devemos conciliar
sintomas clínicos com exames laboratoriais
 Diarréia (2-4 semanas)
 Cólicas abdominais
 Náuseas
 Distensão abdominal (flatulência)
 Eliminação de fezes gordurosas, fétidas
(esteatorréia)
 Perda de peso

Fisiopatologia: As lesões mais evidentes são encontradas na mucosa intestinal, dentre elas, temos:
 Atrofia das vilosidades
 Hipertrofia das criptas
 Dificuldade na absorção (carboidratos, gorduras e vitaminas)
 Inflamação da mucosa intestinal

Diagnóstico: Feito pelo exame microscópico de fezes. OBS: Deve-se examinar 3 amostras de fezes colhidas em dias
alternados (eliminação intermitente). Ademais, a presença de cistos é mais comum, mas a presença de trofozoítos facilita o
diagnóstico.
 Trofozoítos – Direto com fezes frescas
 Cistos – Coloração com lugol, iodo tricrômico ou hematoxilina férrica

Tratamento:
Feito com derivados Imidazólicos
Luiza Salatino – Turma 107
 Metronidazol 500mg/bid/5dias (mais barato, mas deve ser tomado por mais dias)
 Secnidazol 2000mg/dose única
 Tinidazol 2000mg/dose única

 Benzimidazólicos (Albendazol) 400mg/5dias (não é o mais indicado, mas aumentado a dose e o número de dias, ele faz
efeito) – Atua mais em vermes redondos

 Precisamos repor solução hidroeletrolítica (Ringer com lactato)

Profilaxia:
 O principal obstáculo – potencial zoonótico (reservatório animal)
 Saneamento básico (água e esgoto tratado)
 Alimentos livres de contaminação (insetos podem ser vetores)
 Bons hábitos de higiene (lavar as mãos)
 Vacina canina  Reino: Protista
 Filo: Euglenozoa
02) TRYPANOSOMA  Classe: Kinetoplastea
 Ordem: Trypanosomatida
É um protozoário flagelado que possui a forma tripomastigota (forma infectante).  Família: Trypanosomatidae
Além disso, é uma antroponose (são doenças em que o ser humano é o único reservatório,  Gênero: Trypanosoma
suscetível e hospedeiro) frequente nas Américas e que recebe nomes como: Doença de  Espécie: Trypanosoma cruzi
Chagas, Tripanossomíase Americana ou Esquizotripanose.
Essa doença possui evolução crônica e debilitante, constituindo grande problema social devido à sobrecarga para os
órgãos previdenciários. Além disso, no Brasil, ela predomina, principalmente, nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, devido à sua
intima relação com más condições das moradias (favorecem a nidificação dos hemípteros triatomíneos).
O vetor é o triatomíneo conhecido pelo nome de Barbeiro, fincão, entre outros dependendo da região.

Principais formas do T. cruzi:


Hospedeiro Vertebrado

 Tripomastigota – Forma infectante, encontrada extracelularmente na corrente sanguínea, pois possui flagelo, nada, se
movimenta e nada entre as células sanguíneas. Também podemos encontrar a forma Tripomastigota dentro do intestino do
vetor (barbeiro).
 Amastigota – Forma intracelular, sem organela de locomoção. Encontrada, principalmente, nas células musculares. Nesta
forma, temos a invaginação do flagelo, formando uma forma mais arredondada. Além disso, essa é a forma crônica, ou seja,
a forma encontrada nos tecidos.

Hospedeiro Invertebrado (Triatomíneo)

 Formas Promastigotas e Epimastígotas presentes em todo o intestino, e as Tripomastígotas presentes no reto.


OBS: As formas Tripomastígota (principalmente) e a Epimastígota contaminam o homem.

Formas de Transmissão:

 Vetorial (picada do barbeiro)  Acidentes laboratoriais


 Transfusional  Transplante de órgãos
 Vertical (transplacentária)  Oral (suco de açaí, suco de cana)
 Leite materno ou fissura mamilar
Luiza Salatino – Turma 107
Ciclo de vida do T. cruzi:

O ciclo biológico do T. cruzi é do tipo heteróxeno (ciclos que são caracterizados por só serem completos quando temos
dois ou mais hospedeiros), passando o parasito por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado e
extracelular no inseto vetor (triatomíneo).
O parasito, na natureza, existe em diferentes populações de hospedeiros vertebrados, tais como seres humanos,
animais silvestres e animais domésticos, e os invertebrados, a exemplo dos insetos vetores. T. cruzi possui variações
morfológicas e funcionais, alternando entre estágios que sofrem divisão binária e as formas não replicativas e infectantes. Como
formas replicativas estão incluídas os epimastigotas presentes no tubo digestivo do inseto vetor e amastigotas observados no
interior das células de mamíferos. As formas não replicativas e infectantes, os tripomastigotas são encontrados nas fezes e urina
do inseto vetor e os tripomastigotas circulantes no sangue de mamíferos.
Durante a fase no hospedeiro invertebrado, o T. cruzi se transforma em epimastigota, e então, no intestino posterior,
diferencia em tripomastigota, o qual, eliminado pelas fezes e urina do inseto vetor, é capaz de infectar o hospedeiro vertebrado.
Ademais, o parasita não penetra a pele intacta, somente infecta o hospedeiro via mucosa ou ferimentos na pele. Nos
mamíferos, os parasitos se desenvolvem no interior das células na forma amastigota e são liberados para o sangue na forma
tripomastigota após as células do hospedeiro se romperem.
Durante a alimentação do inseto, as formas tripomastigotas que se encontram no sangue do hospedeiro vertebrado
infectado, são ingeridas pelos insetos. Alguns dias após a alimentação do inseto, os parasitas se transformam em epimastigotas.
Uma vez que a infecção seja estabelecida no estômago do inseto vetor, as formas epimastigotas do parasito se dividem
repetidamente por divisão binária e podem aderir às membranas das células intestinais. Em grande número, os epimastigotas se
ligam à cutícula retal e se diferenciam em tripomastigotas. Além disso, ambas as formas, diferenciadas ou não, podem ser
eliminadas pelas fezes e urina.

Sinais Clínicos – Fase aguda


 Febre
 Mal-estar geral
 Cefaleia
 Prostração
 Prurido no local da picada
 Anorexia
 Edema palpebral ou facial (picada no rosto) – Pode ser uni ou bilateral (sinal de romana)
 Hepatomegalia
 Chagomas primários (furúnculos dolorosos, salientes e que permanecem durante 2 a 3 semanas próximos ao local da lesão)
 Meningoencefalites (afetam mais as crianças e pode levar a morte)
OBS: O parasita se esconde atravessando a barreira hematoencefálica quando o ambiente está inóspito (fármacos)

Sinais Clínicos – Fase Crônica


Luiza Salatino – Turma 107

Forma Indeterminada – Paciente assintomático e sem sinais de comprometimento do aparelho cardiocirculatório. Além
disso, esse quadro poderá perdurar por toda a vida da pessoa infectada (parasito vai para dentro dos tecidos e para de se
reproduzir por tempo indeterminado) ou pode evoluir tardiamente para a forma cardíaca e/ou digestiva.
Sintomas aparecem depois de vários anos ou décadas e incluem:
 Alterações cardíacas: arritmia, miocardiopatia (taquicardia, cardiomegalia, hipotensão, insuficiência cardíaca).
 Alterações digestivas: dificuldade de deglutição, regurgitação, dor epigástrica, tosse, disfagia (megaesôfago), megacólon,
megaduodeno, obstipação intestinal grave, hepatomegalia, emagrecimento acentuado, fecaloma.
 Sistema Nervoso: meningoencefalite
 Dispneia e soluços
Diagnóstico: Clínico, Epidemiológico e Laboratorial
Fase Aguda:
 Exame direto do sangue periférico – Formas tripomastigotas
 Método de concentração (microhematócrito) – Maior sensibilidade
 Exames Sorológicos (IgG e IgM)
 Diagnóstico molecular (PCR)
 Exames sorológicos (ELISA, IFD, IFI)
 Exames complementares (hemograma completo com plaquetas, função hepática, radiografia de tórax, eletrocardiograma,
provas de coagulação, endoscopia digestiva alta, ecodopplercardiografia e exame de líquor).

Tratamento
 Forma Aguda – Benznidazol ou Nifurtimox. Eficácia acima de 60% para curar totalmente a doença.
 Forma Crônica – Benznidazol associado ao de suporte (dietas específicas, digitálicos, transplante cardíaco, células tronco =
para regredir as lesões provocadas pelos protozoários).

Profilaxia – Medidas Sanitárias


 Notificação obrigatória às Autoridades Sanitárias
 Investigação da fonte de infecção
 Profilaxia da transmissão por transfusão de sangue (rejeição de doadores com sorologia positiva)
 Campanhas de prevenção à população em locais endêmicos
 Instalação de Postos de Saúde em zonas endêmicas, com profissionais de saúde capacitados
 Educação sanitária da população de zonas endêmicas sobre o modo de propagação, sintomas e os métodos de prevenção
da doença
 Combate ao vetor nos domicílios (aplicação de inseticidas em áreas endêmicas)
 Eliminar os animais domésticos infectados e os hospedeiros silvestres nas zonas reconhecidamente endêmicas
 Melhora das moradias das populações de áreas endêmicas

Profilaxia – Medidas Gerais


 Uso de telas em janelas e portas
 Uso de mosquiteiro
 Substituir casa de “pau-a-pique” por casas de alvenaria e rebocar as paredes
 Melhoria das condições higiênicas

03) TRICHOMONAS  Domínio: Eukariota


 Reino: Protista
É um protozoário flagelado que pode ser confundido com a Giardia. Além disso,  Divisão: Parabasalia
apresenta-se sob a forma de trofozoíto (formato piriforme) e não apresenta a forma  Filo: Metamonada
cística. Inclusive, o trofozoíto se divide por divisão binária.  Classe: Trichomonada
Este protozoário abita o trato geniturinário feminino e masculino, causando  Ordem: Trichomonadida
infecções (normalmente, o homem contamina suas parceiras sexuais). Inclusive, ele é
 Família: Trichomonadidae
anaeróbio facultativo e vive bem em pH entre 6,0 e 6,5.
 Subfamília: Trichomonadinae
Convém ressaltar que a forma mais comum de contaminação é a partir do ato
sexual (DST) e que o parasita é cosmopolita (encontrado em quase todo o mundo) e  Gênero: Trichomonas
atinge principalmente mulheres adultas.  Espécie: T. vaginalis
Transmissão: Ocorre de forma venérea ou através de fômites (lençóis, roupas íntimas, entre outros), pois o parasita
sobrevive horas em gota de secreção. Ademais, o homem é o vetor principal e, inclusive, o protozoário sobrevive mais de
semana sob o prepúcio.
Os homens não apresentam sinais clínicos evidentes em muitos casos, mas podem apresentar quando houver queda da
imunidade. Dentre estes sinais, temos: uretrite com fluxo leitoso ou purulento, disúria (prurido ou ardência após urinar),
prostatite, balanopostite (inflamação da glande e do prepúcio) e cistite. As mulheres, por outro lado, possuem mucosa mais
desenvolvida (mucosa vaginal) e podem apresentar leucorreia (secreção purulenta vaginal de caráter esbranquiçado,
bolhoso/espumoso e odor fétido), pequenas úlceras, pontos hemorrágicos, estrias de sangue, cistite, prurido, dor ao urinar, dor
Luiza Salatino – Turma 107
durante as relações sexuais, vagina e cérvice edematosos e
eritematosos com erosão e pontos hemorrágicos, entre outros.
Inclusive, se houver queda da imunidade, pode ocorrer contaminação
vertical da mãe para a filha quando o parto é vaginal (infecção
neonatal).

Diagnóstico: Envolve sinais clínicos, exame de esfregaço


direto sob lamínula, no homem - exame de sedimento urinário e de
secreção prostática (após massagem).

Tratamento:
 Deve ser administrado tanto nos pacientes como nos seus
parceiros sexuais
 Derivados Nitroimidazólicos (metronidazol, ornidazol, tinidazol
ou nimorazol)
 OBS: Mulheres devem fazer uso
concomitante de medicação
local

Profilaxia:
 Uso de preservativos
 Uso individual de roupas
íntimas
 Esterilização de aparelhos
ginecológicos
 Higiene dos sanitários públicos
 Tratamento dos indivíduos
portadores
 Evitar troca de parceiros

04) LEISHMANIOSE
 Domínio: Eukariota
A Leishmaniose apresenta dois tipos: a leishmaniose visceral, que ataca os órgãos  Reino: Protista
internos, e a leishmaniose tegumentar que ataca a pele e mucosas. Além disso, o agente  Filo: Sarcomastigophora
mais comum da leishmaniose visceral no continente americano é a Leishmania chagasi. Já a  Classe: Zoomastigophorea
principal espécie causadora da leishmaniose tegumentar é a Leishmania braziliensis.  Ordem: Kinetoplastida
Convém ressaltar que o protozoário causador da Leishmaniose é parente do Trypanosoma.
 Família: Trypanosomatidae
Vetor: Flebotomídeos – (Ordem Díptera, Família Psychodidae, Sub-família
 Gênero: Leishmania
Phlebotominae), especialmente à subespécie Lutzomya longipalpis no Novo Mundo e ao
gênero Phlebotomus no Velho Mundo.
Luiza Salatino – Turma 107
Morfologia da Leishmania:

 Formas amastigotas – São ovais ou esféricas. No citoplasma, podemos encontrar vacúolos, um único núcleo e o
cinetoplasto em forma de um pequeno bastão. Não há flagelo livre.
 Formas promastigotas – São alongados e apresentam um flagelo livre. No citoplasma existe a presença de granulações
e pequenos vacúolos. O núcleo situa-se na região central da célula. O cinetoplasto apresenta-se situado entre a
extremidade da região anterior e o núcleo.
 Formas paramastigotas – São ovais ou arredondadas com cinetoplasto margeado o núcleo ou posterior a este, e um
pequeno flagelo livre. São encontradas aderidas ao epitélio do trato digestivo do vetor.

Transmissão:

A fêmea do flebotomíneo ingere sangue de um indivíduo saudável e introduz, pela sua


saliva, protozoários na forma promastigota. No organismo, os promastigotas são fagocitados
por macrófagos. Então, os promastigotas se transformam em amastigotas no interior dos
macrófagos e, posteriormente, se multiplicam por divisão binária. Diante dessa multiplicação de
amastigotas, os macrófagos se rompem, liberando esses protozoários. Subsequentemente,
esses parasitas são fagocitados por novos macrófagos.
Além disso, macrófagos parasitados pela forma amastigota podem ser ingeridos pela
fêmea de flebotomíneo. No estômago do inseto, esses macrófagos ingeridos se rompem e
liberam as formas amastigotas. Então, temos a transformação da forma amastigota em
promastigota, que se divide por divisão binária. A posteriori, promastigotas migram para o Lutzomyia longipalpis – Conhecido
intestino, transformando-se em paramastigota. como mosquito palha
Paramastigotas se aderem ao epitélio do trato digestivo do vetor e se reproduzem.
Então, temos a transformação em promastigotas e migração para o estômago e, em seguida,
para a faringe do inseto.
Epidemiologia:

A Leishmaniose cutânea predomina no Brasil e no norte da América do Sul, no norte do


continente africano, no sul da Europa e no oeste da Ásia. Já a Leishmaniose visceral predomina
no sul da Europa, centro e norte do continente africano, oeste da Ásia e no Brasil (em todas as
regiões, menos no norte).
Sinais Clínicos da Leishmaniose visceral:

 Febre (39-40°C) – 10 dias a meses após a picada Phlebotomus papatasi – Mosquito


 Esplenomegalia pequeno, escamoso (muitas
 Emagrecimento e anemia cerdas) com, aproximadamente, 3
 Quadros de epistaxes (sangramento nasal), diarreias e dores abdominais mm de comprimento.

A Leishmaniose visceral apresenta três formas clínicas:

 Formas assintomática – O paciente não apresenta sintomas,


só percebendo-se a infecção em exames.
 Forma oligossintomática – O paciente apresenta alguns
sintomas (febre, esplenomegalia, anemia, diarreia, entre
outros) e pode evoluir, em alguns meses, para a cura ou para
a forma clássica.
 Forma clássica – Todos os sintomas supracitados, evoluindo
para a cura, agravamento ou morte.

Sinais Clínicos da Leishmaniose tegumentar:

 Local da picada – eritema, pápula que, após algumas semanas,


se rompe e passa a crescer, constituindo uma úlcera cutânea
(de pelo menos 3 meses).
 Ulcera cutânea – Bordos levantados (forma de vulcão),
inicialmente seca e indolor e, após infecção secundária, torna-
se úmida e dolorosa.
 Lesões de pele em áreas descobertas
 Pode invadir as mucosas (leishmaniose cutâneo-mucosa –
LCM)
Luiza Salatino – Turma 107
 Pode disseminar pelo organismo (leishmaniose tegumentar difusa – LTD)

Diagnóstico:

 Pesquisa do parasito (Giemsa) – raspado das bordas das úlceras cutâneas recentes, imprint e aspiração (formas
amastigotas)
 Pesquisa do parasita – exame histopatológico (HE)
 Inoculação em hamsters – lesões em 1 mês
 Diagnóstico imunológico – reação intradérmica de Montenegro (pode apresentar-se negativa nos casos recentes e
avançados de leishmaniose visceral), imunofluorescência indireta, ELISA.
 Leishmaniose visceral – punção aspirativa de medula óssea, linfonodos, fígado e baço.
 Epidemiológico – importante identificar a espécie envolvida para o prognóstico e epidemiologia da doença. Ex: Se
diagnosticado L. chagasi – pensar em Lu. Longipalpis e cães.

Tratamento:

 Antimoniais pentavalente (glucantine) – droga de primeira escolha, 20mg/Kg/IM ou IV, por, no mínimo, 20 dias.
 Pentamidinas (lomedine) – poder curativo inferior e mais tóxicas, 4mg/Kg/IM, de 5 a 25 semanas.
 Anfotericina B – se houver resposta insatisfatória dos antimoniais. Dose de 1 mg/Kg/IV/dia até um máximo de 50 mg.

PROTOZOÁRIOS APICOMPLEXOS
(Cryptosporidium sp., Toxoplasma gondii)

São protozoários, seres unicelulares sem sistema locomotor bem desenvolvido, mas com sistema de penetração bem
desenvolvido.
Luiza Salatino – Turma 107
 Domínio: Eukariota  Domínio: Eukariota  Domínio: Eukariota
 Reino: Protista  Reino: Protista  Reino: Protista
 Filo: Apicomplexa  Filo: Apicomplexa  Filo: Apicomplexa
 Classe: Coccidea  Classe: Sporozoasida  Classe: Sporozoasida
 Ordem: Eucoccidiorida  Ordem: Eucoccidiorida  Ordem: Eucoccidiorida
 Família: Cryptosporidiidae  Família: Sarcocystidae  Família: Sarcocystidae
 Gênero: Cryptosporidium  Subfamília: Sarcocystinae  Subfamília: Toxoplasmatinae
 Gênero: Sarcocystinae  Gênero: Toxoplasma

01) Cryptosporidium parvum

Cryptosporidium é um coccídio. Antigamente, não se dava muita atenção para ele porque os
laboratórios não detectavam esse protozoário. Além disso, os seres humanos ingerem esse protozoário,
mas o sistema imune mantém esse parasito sob controle. Hoje em dia, esse coccídio é um problema de
saúde. A sua forma infectante está em suspensão na poeira e os indivíduos podem respirar o oocisto.
Gênero: Cryptosporidium
Espécies:
 Cryptosporidium parvum – mamíferos = zoonose
 Cryptosporidium hominis – homem
 C. muris – mamíferos com vários genótipos
 C. meleagridis – aves
 C. baileyi – aves
 C. felis – gatos
 C. canis – cães
 C. nasorum – peixes
 C. serpentis - répteis

É reconhecida como uma das principais causas de diarreia em crianças pré-escolares ou logo após a amamentação
exclusiva. Além disso, a forma infectante é o oocisto maduro, esférico ou ovóide, com diâmetro de 4 a 6 μm e com quatro
esporozoítos eliminados nas fezes. OBS: Os oocistos são eliminados já com potencial infectante (esporulados).
O parasita é intracelular, extracitoplasmático (= porque é muito pequeno e acaba ficando nas membranas da célula, ou
seja, é um parasita superficial) e possui um período de incubação de 4 a 14 dias. Ademais, a principal forma de infecção é a
ingestão de material fecal contendo oocistos de indivíduos enfermos ou portadores. Os oocistos também podem ser veiculados
pela água (penetração via digestiva) ou pela poeira (penetração via respiratória).

Biologia do Parasita:

Ao ingerir oocistos, ocorre ruptura do oocisto e saída dos esporozoítos, os quais entram em contato com o epitélio do
trato gastrointestinal e penetram nas nossas células e realizam esquizogonia ou merogonia, que são reproduções assexuadas
diferentes da divisão binária. Esses indivíduos se repartem em muitos outros, os merozoítos (de 4 a 8) que irão invadir outras
células. Esse processo, eles conseguem repetir por 2 ou 3 gerações.
A partir da terceira geração, eles realizam a gametogonia, que é a reprodução sexuada, a qual também ocorre nas
células epiteliais. Com isso, uma parte dos merozoítos é estimulada a se diferenciar em microgametócitos (machos) e em
macrogametócitos (fêmeas). Após essa diferenciação, os microgametócitos vão atrás dos macrogametócitos para realizar a
fecundação. Diante disso, temos a formação do oocisto com quatro esporozoítos no seu interior. A ruptura do oocisto libera,
novamente, esporozoítos e o ciclo se repete.
Convém ressaltar que os oocistos são eliminados com potencial infectante, ou seja, assim que eliminados já permitem a
transmissão fecal-oral ou inalatória.
 Multiplicação assexuada → Esquizogonia ou Merogonia
 Multiplicação sexuada → Gametogonia com formação de Microgametócitos (masculinos) e Macrogametócitos (femininos)

Aspectos Clínicos:
 Parasitose oportunista, acometendo, principalmente, crianças e imunodeprimidos
 Imunocompetentes – Diarreia autolimitante (em torno de 2 semanas), cólicas, flatulência, anorexia, febre, náusea, vômito e
perda de peso.
 Imunodeprimidos – Cronicidade, diarreia profusa, desidratação e choque (morte por choque hipovolêmico)

Diagnóstico:
 Envolve sinais clínicos e epidemiologia, pois não temos nenhum sinal patognomônico da doença
 O exame de fezes para protozoários deve ser solicitado (caso contrário, laboratório procura apenas por nematoides)
Luiza Salatino – Turma 107
 Exames a fresco – Difícil visualização, só em infecções maciças (flutuação)
 Reação de imunofluorescência direta (RIFD) – Excelente sensibilidade e especificidade
 PCR, histopatológico, microscopia eletrônica
 Coloração pela safranina – (Ziehl-Neelsen) – Oocistos nem sempre se coram

Tratamento:
 Imunocompetentes –
doença é autolimitante,
diante disso, devemos
apenas hidratar esses
pacientes
 Imunodeprimidos –
Espiramicina,
paramomicina e
azitromicina diminuem a
gravidade da infecção
(diminuem a população de
parasita)
 Terapia de suporte –
Fluidoterapia,
antidiarreicos

Epidemiologia:
 Atualmente reconhecida
como importante causa de
diarreia no homem
 Zoonose
 Clinicamente semelhante à
giardíase
 Altamente resistente aos
produtos químicos usados
no tratamento da água
potável
 Pasteurização (71,7°C/15s)
inviabiliza oocistos

Profilaxia:
 Água – tratada, filtrada e
fervida
 Destino adequado às fezes
– esterqueiras, fossas,
esgotos sanitários
 Cuidados com os alimentos
– Insetos podem veicular
oocistos em suas patas
 Educação sanitária –
Difundir entre os
profissionais ligados à
educação infantil, saúde e
agropecuária.
02) Toxoplasma gondii

Esse parasito é um apicomplexo mais patogênico que o Cryptosporidium e possui distribuição cosmopolita. Como
hospedeiros, temos:
 Definitivos – Felídeos, principalmente o gato (sempre que fizer reprodução sexuada – gametogonia)
 Intermediários – Mamíferos e aves (reprodução assexuada – esquizogonia ou merogonia nos coccídios)
 No homem – Maioria de natureza benigna

O hospedeiro definitivo é o gato, contudo, devemos nos preocupar com gatos imunodeprimidos (gatos de rua,
desnutridos, estressados). Além disso, a grande fonte de contaminação é pela ingestão de carne mal passada. Inclusive,
devemos nos preocupar com mulheres grávidas que nunca tiveram contato com o Toxoplasma gongii (tomar cuidado com os
gatos, água tratada, legumes, frutas, entre outros).
Luiza Salatino – Turma 107
O elemento infectante também se chama oocisto, com dois esporocistos e, dentro de cada esporocisto temos 4
esporozoítos. Ademais, os oocistos nas células epiteliais do intestino dos felídeos encontra-se não esporulado. Já nas fezes,
temos oocistos imaturos/não esporulados e oocistos maduros/esporulados (10-12 μm).
Este é um parasito intracelular obrigatório, ou seja, ele invade tecidos e possui um tropismo maior por células da
musculatura estriada, retina e SNC.

Ciclo Biológico:

O gato libera oocistos fecais que contaminam outros animais como: ratos, aves, porcos, ovelhas, humanos, entre
outros. Já o gato não infectado, ao caçar animais como ratos e aves, ingere oocistos que vão se reproduzir no seu intestino. OBS:
O parasito modifica o comportamento do roedor, pois ele perde o medo do gato e se sente atraído pelo felino; com isso, o gato
termina sendo infectado.
Esse parasito possui três formas infetantes: oocistos, bradizoítos e taquizoítos.
O ciclo de vida do T. gondii é heteroxeno facultativo e possui reprodução assexuado nos hospedeiros definitivos e
intermediários, e sexuada apenas nos felinos, incluindo o gato doméstico. Os hospedeiros intermediários se infectam através da
ingestão de oocistos esporulados nos alimentos contaminados. Estes oocistos, uma vez no organismo, invadem o epitélio
intestinal e outras células. Multiplicam-se por reprodução assexuada, formando taquizoitos. Os troquizoitos livres, quando na
fase inicial, podem ser transmitidos de forma vertical para os fetos. Então, os troquizoitos se aderem ao epitélio, não sendo
assim arrastado pelas fezes, mas alguns se transformam em cistos, que são formas resistentes inativas, os quais são eliminados
nas fezes.
Já nos hospedeiros definitivos, além da forma assexuada, o T. gondii também pode assumir a forma sexuada. Esta fase
ocorre no intestino dos felinos. Os felinos se contaminam através da ingestão de animais contaminados por taquizoítos ou
bradizoítos. Na fase assexuada, o parasita passa por um processo chamado esquizogonia, onde o núcleo do parasita se divide
várias vezes formando o esquizonte. Este passa por um outro processo chamado gametogonia, onde esses esquizontes se
dividirão em gametas femininos e masculinos (masculino sai e fecunda o feminino), gerando zigotos (oocistos).

Transmissão:
 Ingestão de carne crua ou mal cozida (bradizoítos)
 Ingestão de verduras cruas contaminadas com oocistos (esporulados)
 Ingestão de leite não pasteurizado (taquizoítos)
 Transmissão congênita (taquizoítas)
 Transplante de órgãos (bradizoítos)
Patogenia:
 T. congênita - coriorretinite, estrabismo, cegueira, convulsões, retardo mental, microcefalia, hidrocefalia, abaulamento de
fontanela, meningoencefalite, hepatoesplenomegalia, erupção cutânea, petéquias, icterícia e pneumonia.
 T. adquirida imunocompetentes - incomum, pode se apresentar na forma linfoglandular e evoluir com pneumonia,
miocardite, pericardite, encefalite ou coriorretinite.
 T. ocular - coriorretinite (visão borrada, escotomas, fotofobia, dor e lacrimejamento).
Luiza Salatino – Turma 107
 T. adquirida imunossuprimidos - principalmente encefalite e pneumonia. Podem ainda ocorrer - hepatite, miocardite,
orquite e pancreatite.
Diagnóstico clínico: Sugestivo
Diagnóstico laboratorial:
Fase aguda:
 Parasitológico – Pesquisa do parasito (sangue, liquor e aspirado medula óssea)
 Isolamento em cultura de células
 Inoculação de animais de laboratório
 Sorológico – Elisa e IFI (IgM – IgG)
 Molecular – PCR

Fase crônica:
 Sorológico – Elisa ou IFI
Tratamento:

 Sulfonamidas – Sulfadiazina, sulfamerazina, sulfametazina e sulfapirazina, dose oral de 125mg/Kg ao dia (em altas doses
podem levar ao surgimento de cálculos renais)
 Pirimetamina – Em associação com as sulfas, dose oral de 100mg/Kg/dia
 Clindamicina – 450mg/oral/6-6horas/seis semanas, associada com pirimetamina
 Espiramicina – 3g/dia/adultos, 30-40mg/Kg/dia/crianças
 OBS: Nos curamos da doença, mas o parasito não é eliminado. Ele continua em algum tecido e no futuro, em alguma
situação de imunodepressão, ele pode se manifestar e causar complicações.

Epidemiologia: Prevalência, no mundo, de 25 a 50%. No Brasil, temos uma prevalência entre 50 e 80%. Além disso,
dados epidemiológicos indicam que gatos se infectam caçando roedores parasitados. Inclusive, podem, também, se infectarem
ao revolver a terra nos locais que defecam, ou ao lamberem as patas ou os pelos contaminados com oocistos.

Profilaxia:

 Maior risco provém do consumo de carnes mal cozidas (cozinhar 65°C/5min) ou congelar (72 horas)
 Manter boa higiene (lavar as mãos antes de manipular alimentos)
 Gatos – alimentar com comida industrializada (ração)
 Consumir água potável de fonte confiável ou filtrar (filtro classe A ou B retém oocistos) ou ferver antes do consumo
 Limpar a caixa de areia diariamente (antes dos oocistos esporularem)
 Tanques de areia para recreação das crianças devem ser protegidos dos felinos

PROTOZOÁRIOS – Plasmodium e Entamoeba


01) MALÁRIA – Plasmodium sp.
 Domínio: Eukariota
É uma doença infecciosa causada por um protozoário do gênero Plasmodium. A  Reino: Protista
malária também é chamada de maleita, febre palustre, impaludismo ou sezão. Além disso,  Filo: Apicomplexa
existem cerca de 50 espécies de Plasmodium. As que afetam o homem são:  Classe: Aconoidasida
 Ordem: Haemosporida
 P. vivax (ciclo de 48X48h febre terçã)  Gênero: Plasmodium
 P. falciparum (ciclo 48X48h febre terçã)
 P. malariae (ciclo 72X72h febre quartã)
 P. ovale (África)

O agente transmissor é o mosquito do gênero Anopheles, conhecido também como: pernilongo, mosquito prego,
carapanã. Outras formas de transmissão incluem: compartilhamento de seringas, transfusão e congênita.

 HD: Mosquito prego


 HI: Homem

O mosquito transmite esporozoítos pela saliva. Esses esporozoítos fazem a primeira esquizogonia (divisão
assexuada)nas células hepáticas. Ali eles se dividem, rompem as células e passam de esporozoitos para merozoitos, que tem o
segundo órgão alvo – o sangue (eritrócitos). A segunda esquizogonia ocorre nos eritrócitos. Ademais, a fase trofozoítica (fase do
anel) é a fase do diagnóstico.
Então, chega um momento que a célula não aguenta mais e se rompe. Quando os merozoítos caem na corrente
sanguínea, temos o pico febril = febre cíclica. Depois desse pico febril, os protozoários invadem outras células.
Alguns indivíduos fazem gametogonia e vão formar macrogametócitos e microgametócitos.
Luiza Salatino – Turma 107
Ademais, um mosquito, ao picar uma pessoa infectada, ingere o macrogametócito e o microgametócito, os quais, no
intestino do mosquito, vão formar o oocisto, que posteriormente, se rompe e forma esporozoítos (que vão contaminar as
pessoas com a saliva).

Epidemiologia:
 A Malária cresceu mais de 50% no BR em 2018
 42% da população mundial vive em áreas onde há risco de transmissão da Malária
 Abrange 107 países e territórios
 No Brasil, incide, fundamentalmente, na região da bacia amazônica, incluindo Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia,
Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.
Sinais clínicos:
 O período de incubação varia de 7 a 30 dias
 Depois desse prazo: um mal-estar que inclui dores de cabeça, dor no corpo, tremores e calafrios; em seguida, vêm os
calafrios e tremores intensos, seguidos por febre alta duradoura e vômitos.
 A pele fica bastante corada e a pessoa, às vezes, delira e apresenta sudorese.
 Estes sintomas se repetem com intervalos diferentes, de acordo com a espécie do Plasmodium.

A forma mais grave de Malária, causada pelo Plasmodium falciparum, acarreta: vômitos repetidos e fraqueza aguda;
pouca urina, cor escura (desidratação grave); anemia grave (destruição 25% hemácias); tromboses/embolias (agregação
eritrocitária); pode acarretar diversos e sérios problemas de saúde, tais como icterícia, insuficiência dos rins, convulsões, coma e
morte daí a importância do tratamento imediato nas primeiras 24 horas).

Diagnóstico:
 Exame microscópico da gota espessa de sangue, corada pelo método de Giemsa
 Detecção de antígenos específicos
 PCR
 OBS: A principal causa de morte por malária se deve ao diagnóstico tardio, pela falta de profissionais familiarizados com o
quadro da doença fora da região endêmica.

Tratamento – Os mais comumente utilizados são:


 Grupo arilaminoálcoois: quinína, mefloquina
 Grupo 4-aminoquinolinas: cloroquina, amodiaquina
 Grupo naftoquinonas: atovaquona
 Grupo biquanidas: proguanil
 Artemisinina – esquizonticida sanguíneo

Profilaxia:
Luiza Salatino – Turma 107
 Ainda não existe vacina que confira proteção contra a malária, mas a OMS anunciou o primeiro teste, em grande escala, da
vacina contra a Malária.
 Resta, portanto, medidas de ordem pessoal, ou seja, a utilização de repelentes químicos, mosquiteiros sobre as camas ou
redes de dormir, telas nas janelas e portas das habitações.
 Evitar a permanência ao ar livre nos horários em que o mosquito se apresenta em maior quantidade como o amanhecer e o
anoitecer.
 A atuação conjunta do poder público – governos federal, estaduais e municipais da comunidade é fundamental para o
sucesso se afastar ou eliminar o mosquito.
 OBS: Quem tem anemia falciforme, tem ausência de uma proteína que impede que a malária se instale nos glóbulos
vermelhos.

02) AMEBÍASE

Amebas possuem vida livre – águas (fresca, salobra, salgada), fezes, solo úmido e vegetação em decomposição. Além
disso, podem ser simbiontes ao homem.
Gêneros: Entamoeba, Acanthamoeba e Naegleria.

GÊNERO ENTAMOEBA

Classificação é baseada no número de núcleos presentes na forma cística madura.

 Cistos com até 8 núcleos – Entamoeba coli


 Cistos de até 4 núcleos – E. histolytica, E. díspar e E. hartmanni
 Cistos de 1 núcleo – E. polecki
 Sem cistos conhecidos – E. gingivalis

Entamoeba histolytica – Amebíase

São protozoários cuja locomoção se dá via expansões citoplasmáticas –  Domínio: Eukariota


pseudópodes. Além disso, o período de incubação varia de 2 a 4 semanas. Já o quadro  Reino: Protista
se caracteriza pela manifestação de diarreias e, em casos mais graves,  Filo: Rhizopoda
comprometimento de órgãos e tecidos. Ademais, este é o responsável por cerca de  Classe: Entamoebidea
100.000 mortes ao ano em todo o mundo.  Ordem: Amoebida
O ciclo de contaminação: O indivíduo possui o parasito no trato  Família: Entamoebidae
gastrointestinal e acaba eliminando o protozoário no ambiente no formato cístico.  Gênero: Entamoeba
Outro indivíduo come um alimento ou água contaminada, então, o protozoário se  Espécie: Entamoeba histolytica
instala e muda para o formato trofozoítico. Após essa mudança, ele se multiplica
intensamente, chega na corrente sanguínea e se instala em outros órgãos.

Patogenia:
 Depende da extensão de invasão dos tecidos
 Infecções assintomáticas
 Infecções sintomáticas:
 Amebíase intestinal (desinteria, colite não-disentérica)
 Amebíase extra-intestinal (hepática – não supurativa aguda e abscesso hepático; pulmonar e outros focos)

Transmissão:
 Alimentos e água infectados
 Contatos sexuais anal-oral
 A virulência está diretamente ligada a fatores do hospedeiro como: resposta imune, idade, peso, resistência, sexo, estado
nutricional, dentre outros.

Sinais Clínicos: Os sintomas da amebíase variam muito, indo desde diarreias agudas (e com sangue) até dores
abdominais mais fracas. Enterite amebiana.
Tratamento:

 Formas intestinais: Secnidazol – Adultos – 2g, em dose única. Crianças – 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando máximo de
2g/dia. 2º opção – Metronidazol, 500mg, 3 vezes/dia, durante 5 dias, para adultos. Para crianças, recomenda-se
35mg/kg/dia, divididas em 3 doses, durante 5 dias.
 Formas graves: (Amebíase intestinal sintomática ou Amebíase extra-intestinal) - Metronidazol, 750mg, VO, 3 vezes/dia,
durante 10 dias. Em crianças, recomenda-se 50mg/kg/dia, durante 10 dias. Cirúrgico - Centese abscessos hepáticos.
Luiza Salatino – Turma 107
Prevenção:

 Manter a higiene é essencial para


prevenir essa doença (lavar as
mãos após usar o banheiro, lavar
muito bem as verduras, frutas,
etc).
 Não utilizar excrementos de
animais como fertilizante nas
lavouras sem o processo de
compostagem.
 Combater vetores que podem,
facilmente, contaminar os
alimentos como moscas, baratas,
ratos, etc.

Amebas Eventualmente Patogênicas – Duas famílias:

 Acanthamoebidae (ordem Amoebida) – Gênero Acanthamoeba


 Schizopyrenidae (ordem Schizopyrenida) – Gênero Naegleria

GÊNERO ACANTHAMOEBA
Patogenia:

 Colonização nas fossas nasais – Cefaléia, resfriados, epistaxe frequente e sinosite (imunodeprimidos)
 Ulcerações de córnea – Acanthamoeba polyphaga
 Acantamebíase (meningoencefalite amebiana) – infecção crônica Acanthamoeba spp.

Ciclo Biológico: Possuem duas formas, os cistos (forma de resistência) e os trofozoítos (forma reprodutiva) e se
reproduzem por mitose. Além disso, podem ser encontrados no solo, ar, água salgada, poeira e, principalmente, em rios, lagos,
piscinas e água parada.
Diagnóstico:
 Sinais clínicos – Ceratoconjuntivites = começa com edema, eritema e surge uma mancha branca na córnea (processo de
destruição da córnea)
 Citologia de impressão ou esfoliativa
 Cultura de amostras
 Microscopia (Gram, Giemsa, Papanicolau, Ziehl-Nielsen)
 PCR
Luiza Salatino – Turma 107
Tratamento:
 Ainda motivo de estudos
 Combinação de: Isotionato de
propamidina a 0,1% com
polihexametilbiguanida a 0,02% a cada
trinta minutos nas primeiras 12 horas e
depois a cada hora por pelo menos três
dias reduzindo-se a frequência de
acordo com a resposta clínica.

Prevenção:

 O correto uso, limpeza, manuseio e


armazenamento das lentes de contato
são as principais medidas para se evitar
a ceratite por Acanthamoeba (pessoas
que usam lente estão mais suscetíveis à
contaminação por Acanthamoebas).
 A educação da população, diminuindo a
incidência desta doença e favorecendo
o diagnóstico precoce pode melhorar o
prognóstico destes pacientes.

GÊNERO NAEGLERIA
Naegleria fowleri – Negleríase
 Domínio: Eukariota
Ameba uninucleada, corpo em forma cilíndrica, emite pesudópodes e apresenta
 Reino: Protista
fase flagelada. Além disso, é causadora da meningoencefalite amebiana primária.
 Filo: Protozoa
Paralelamente a isso, essa ameba possui predileção por águas quentes e distribui-se pelas
 Classe: Lobosa
fontes hídricas de todo o planeta. Paralelamente a isso, geralmente a pessoa se contamina
aspirando águas paradas.  Ordem: Amoebida
No ciclo vital desse microrganismo, distinguem-se três formas evolutivas:  Família: Vahlkampfidae
 Gênero: Naegleria
 Trofozoítos – Uninucleados com 8 a 15 μm de diâmetro nos tecidos infectados, que  Espécie: Naegleria fowleri
multiplicam-se por divisão binária simples.
 Cistos – Medindo de 7 a 12 μm.
 Formas Flageladas – Medindo de 12 a 18 μm, nas quais se observam dois flagelos que se movimentam livremente na água,
responsáveis, provavelmente, pela capacidade do microrganismo se dispersar no ambiente.

Acredita-se que o protozoário invada a mucosa nasal, atravessando a lâmina cribiforme do etmoide pela bainha do
nervo olfatório, penetrando e invadindo o encéfalo. Instala-se, a partir de então, um quadro de meningoencefalite purulenta,
com áreas hemorrágicas e necrosantes. Além disso, as regiões mais acometidas são o lobo frontal e o bulbo olfatório, devido à
proximidade da “porta de entrada” para o SNC.

Sinais Clínicos – Manifesta-se, clinicamente, por início abrupto com sinais e sintomas de acometimento
meningoencefálico, tais como:

 Febre alta
 Cefaleia intensa
 Vômitos “em jato”
 Sinais de irritação meníngea (convulsões), os quais evoluem rapidamente (em torno de uma semana) para coma e óbito,
caso o enfermo não seja tratado rapidamente.
Diagnóstico:
 Sinais clínicos
 Análise do líquor (citológico, aumento de polimorfo nucleados e pesquisa do parasita a fresco entre lâmina e lamínula)
 Cultura microbiana e fúngica do LCR (negativa)
Tratamento:
 Letalidade próxima dos 95%
 Anfotericina B, dose de 1mg/Kg/IV a cada 24 horas
Prevenção:
 Saneamento básico e higiene pessoal
Luiza Salatino – Turma 107
 Evitar nadar em lagos de águas termais, que recebem dejetos de indústrias ou que não sejam monitorados pela secretaria
de saúde local.
📝
Aula 28/09 | Helmintos: classe trematoda
Gabriele Jobim | Turma 116 | 2023.2
faltei essa aula

Características
geralmente de corpo chato e não segmentado

cutícula lisa ou provida de espinhos pouco desenvolvidos

maioria possui um par de ventosas → oral e acetábulo

hermafroditas

exceção: Schistosomatidae

evoluem sempre em dois hospedeiros

os trematódeos digenéticos apresentam um ciclo biológico heteroxeno, tendo como regra a participação de um molusco
como primeiro hospedeiro

Esquistossomose
Classificação científica
Subclasse: Digenea

Ordem: Strigeiformes

Família: Schistosomatidae

Gênero: Schistosoma

Espécie: Schistosoma mansoni

Morfologia
trematódeos alongados e dioicos

ventosas pouco desenvolvidas

fêmea → mais comprida que o macho

macho → mais largos e mais robustos que as


fêmeas

tem o canal ginecóforo (onde a fêmea permanece durante grande parte de sua vida)

os ovos são não operculados, com espinho lateral ou terminal

Aula 28/09 | Helmintos: classe trematoda 1


ovo

Características
hospedeiro definitivo: homem e bovinos, mas podem ser encontrados em roedores e animais silvestres

hospedeiro intermediário: moluscos dos gêneros Biomphalaria e eventualmente Helisoma e Lymnaea

local de infecção: veias mesentéricas, hepáticas e sistema porta

Forma de infecção — ciclo biológico


a infecção no homem se dá pela penetração das cercárias pelas mucosas, ou através da pele, durante banhos em águas
contaminadas

ciclo biológico da esquistossomose

Epidemiologia
afeta 200 milhões de pessoas em países tropicais e sub-tropicais (3 a 4% da população)

causa 20 mil mortes por ano

das 5 espécies do gênero Schistosoma, o S. mansoni é a mais frequente no Brasil

alta epidemiologia no litoral do Nordeste e parte de MG

no Sul, apenas focos isolados

Aula 28/09 | Helmintos: classe trematoda 2


Diagnóstico
observar sinais clínicos

exame de fezes

laboratorial (ALT, FA)

ultrassonografia (fibrose e espessamento periportal)

ELISA

Sinais clínicos
Fase aguda Fase crônica
coceiras geralmente assintomática

dermatites episódios de diarreia podem alternar-se com períodos de obstipação (prisão de


ventre)
febre
a doença pode evoluir para um quadro mais grave com aumento do fígado
inapetência
(hepatomegalia) e cirrose
tosse
aumento do baço (esplenomegalia)
diarreia
hemorragias provocadas por rompimento de veias do esôfago
enjoos
ascite ou barriga d’água
vômitos

emagrecimento

Tratamento
praziquantel na dose única de 50mg/kg em adultos e 60mg/kg para crianças

oxamniquina na dose única de 20mg/kg para crianças e 15mg/kg para adultos

💉 a vacina contra esquistossomose estará disponível no SUS em 2025 → a Fiocruz está no processo final de produção da
Schistovac

Profilaxia — medidas sanitárias


esteja atento às normas básicas de higiene e saneamento ambiental

evite contato com a água represada ou de enxurrada que pode estar infestada pelo parasita

combate aos caramujos: por controle biológico, químico e das condições do meio ambiente

use roupas adequadas, botas e luvas de borracha se tiver que entrar em contato com águas supostamente infectadas

educação sanitária

Aula 28/09 | Helmintos: classe trematoda 3


📄
Aula 05/10 | Helmintos: classe cestoda
Gabriele Jobim | Turma 116 | 2023.2

Características gerais
maiores parasitos que o homem pode ter

podem chegar até 25 metros

são as Tênias

estão dentro do grupo dos platelmintos

são segmentos e achatados dorsoventralmente (forma de fita)

3 regiões distintas

escólex (cabeça) → ventosas de diferentes formatos, alguns tem acúleos


(ganchos)

colo → região de crescimento

estróbilo/corpo → formado por proglotes (segmentos)

a tênia adulta se parte e libera esses proglotes no hospedeiro

proglotes → os mais proximais (jovens) contêm órgãos sexuais mal definidos; os proglotes mais distais (maduros) são
hermafroditas

proglotes grávidas destacam-se do estróbilo, desintegram-se, liberando milhares de ovos

os cestoides adultos habitam o intestino e são menos agressivos

mecanismo de alimentação: absorvem os nutrientes através da pele; não “mordem” como outras classes

além de absorver, também excreta nutrientes e pode causar intoxicações

por serem parasitas grandes, são capazes de obstruir o intestino

longevidade: as tênias vivem por muitos anos se não forem eliminadas (25-30 anos)

ciclo biológico: os que parasitam o homem possuem ciclos biológicos complexos, envolvendo o hospedeiro intermediário (HI)
e o hospedeiro definitivo (HD)

Teníase e cisticercose
Taenia solium e Taenia saginata

a teníase ocorre em todo o mundo

no Brasil há um índice mais elevado, especialmente no Sul, pelo hábito de comer carne malpassada

há sintomas comuns

Aula 05/10 | Helmintos: classe cestoda 1


hemorragias pouco presentes

a patogenia da cisticercose depende do órgão atingido

tipos — patogenia:

cisticercose músculo-esquelética

cisticercose cardíaca

cisticercose ocular

neurocisticerco

T. solium
requer como hospedeiro intermediário (HI) um suíno

também podem ser humanos

o parasito adulto vive no intestino → liberam os proglotes → contaminam o ambiente

ao ingerir os ovos, eles irão eclodir e se instalar nos tecidos do suíno, formando os cisticercos → Cysticercus cellulosae

vesículas de paredes finas nas quais se desenvolve um único escólex

se a carne do suíno não estiver bem preparada ao ser ingerida por humanos, os cisticercos na forma viável são ingeridos

assim, a tênia adulta se desenvolve no intestino humano e desenvolve-se uma teníase

já se o homem é o hospedeiro definitivo e faz o papel do suíno, ao ingerir água ou alimentos contaminados, são ingeridos
ovos embrionados da Taenia

assim, a tênia eclode e se migra nos tecidos humanos e forma sua forma intermediária → cisticercose

pode se desenvolver nos tecidos (como a cisticercose muscular), olho (cisticercose ocular), cérebro (neurocisticercose)…

cada vesícula corresponde a uma tênia

⚠️ ingerindo cisticerco: adquire-se vermes adultos


ingerindo ovos embrionados presentes nas fezes humanas: neurocisticercose

ventosas laterais

têm ganchos

Ciclo biológico

T. saginata
requer um hospedeiro intermediário (HI), que é o bovino

Aula 05/10 | Helmintos: classe cestoda 2


ingerindo cisticerco da carne malpassada, adquire-se vermes adultos → Cysticercus bovis

adquire-se teníase

a T. saginata em si não causa cisticercose no homem!!

ventosas dorsais

não têm ganchos

Ciclo biológico

Patogenia
tipos: cisticercose músculo-esquelética, cisticercose cardíaca, cisticercose ocular, neurocisticercose

Diagnóstico
pode ser pela presença de ovos ou proglotes nas fezes

testes sorológicos de pesquisa de anticorpos

Aula 05/10 | Helmintos: classe cestoda 3


Sinais clínicos
teníase: sintomas gastrointestinais (dores abdominais, náuseas, flatulência, diarreia…)

cisticercose: depende do órgão atingido, do número de larvas que infectaram o indivíduo, da fase de desenvolvimento dos
cisticercos e da resposta imunológica do hospedeiro

Tratamento
teníase: praziquantel 10mg/kg dose única

mata a tênia que se desmembra, tornando mais fácil a eliminação

neurocisticercose/cisticercose: albendazol 15mg/kg/dia

uso durante vários dias para analisar

pode levar mais de anos o tratamento

Profilaxia
higiene dos alimentos

consumir carnes de fontes confiáveis → inspeção da carne

fiscalização dos produtos de origem vegetal

trabalho educativo da população

Hidatidose
causada por Echinococcus granulosus, que tem como HD o cão

tênia pequena, com 3 proglotes (um maduro, um imaturo e um grávido),


escólex e colo

não tem “preferência” por HI

⚠️ tênia adulta: cão


ovos da tênia: meio ambiente
forma laval: em animais e no homem

o ovo contém um embrião denominado oncosfera ou hexacanto

o homem serve como HI, contrai a hidatidose (cisto hidático)

cada cisto tem dezenas de tênias, ao contrário das outras doenças

a vesícula chega a até 30 cm e costuma se instalar no fígado e pulmão

mas também pode se instalar em outros tecidos

também tem ventosas e ganchos

Aula 05/10 | Helmintos: classe cestoda 4


morfologia do Echinococcus

⚠️ Notificação compulsória – CID 10: B67 Equinococose

Aspectos da hidatidose
causada por Echinococcus granulosus e E. vogeli (mais rara)

HD: cão

tem vários HI, mas principalmente ovinos

a forma de alimentação dos ovinos é o principal fator para que sejam contaminados → pastam muito “rente” aos
solos, contraindo os ovos com mais facilidade

o homem é um HI acidental, que impede a continuidade do ciclo

cistos hidáticos: se localizam nos pulmões e fígado

tem em seu interior os protoescólex, a área chamada de


areia hidática

o desenvolvimento do cisto hidático é lento, levando muitos


anos para comprometer a víscera

Ciclo biológico

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Epidemiologia
a infecção ocorre preferencialmente, nas regiões com maior densidade de criação de gado → o RS é significativamente
afetado, assim como SC

existem de variedades intraespecíficas (linhagens ou cepas) de E. granulosus no Rio Grande do Sul

Patogenia
o cisto hidático, pela expansão, provoca necrose compressiva dos tecidos adjacentes

cuidado com procedimento cirúrgico

cistos de 3 cm para cima precisam ser removidos

o cisto não pode ser rompido durante a cirurgia → líquido altamente proteico, que quando cai na cavidade é
rapidamente absorvido → choque anafilático

Diagnóstico Sinais clínicos


histórico do paciente depende do órgão afetado

RX, ultrassom fígado → desconforto epigástrico, náuseas, aumento de


volume abdominal, obstrução do ducto biliar, icterícia,
ELISA, PCR
ascite
cirúrgico
pulmões → tosse (com ou sem expectoração), dispneia,
desconforto torácico

cérebro/SN → cefaleia, distúrbios neurológicos emotores

ossos → fraturas

hidatidose cerebral

Tratamento
cistos pequenos podem ser tratados com albendazol 10mg/kg/12 em 12 horas por 4 semanas

cistos >3 cm tratamento apenas cirúrgico

Profilaxia
controle da infecção canina → impedir que se alimentem de vísceras dos ovinos, vermifugação sistemática dos caninos

controle sanitário dos animais abatidos

educação sanitária envolvendo principalmente o homem do campo

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Aula 05/10 | Helmintos: filo nematoda
Gabriele Jobim | Turma 116 | 2023.2

são de vida livre, ao contrário dos trematodas e cestodas

poucas são as famílias patogênicas aos humanos

Características dos nematoides


corpo cilíndrico com pseudoceloma (falsa cavidade abdominal)

cutícula → cristas, espinhos ou “asas”

sistema digestivo: completo (boca, vestíbulo oral, lábios, faringe, esôfago,


intestino e ânus)

apresentam dimorfismo sexual

machos menores que fêmeas

postura: ovíparas, vivíparas e ovovivíparas

ovos: variados; podem ser simples (casca lisa), operculados, bioperculados, larvados

são importantes em sentido de diagnosticar o tipo de parasita

formas de infecção: picadas de inseto, ingestão de ovos, ingestão de larvas, penetração ativa das larvas na pele, ingestão do
hospedeiro intermediário

formas evolutivas:

L1 (nascidos do ovo)

L2 (eclodem)

na passagem de L2 para L3, adquire uma cutícula a mais

L3 (forma infectante, passa a ser parasito)

L4 (já no organismo, fase tecidual → nessa fase, não consegue-se matar com vermífugos)

L5 e se torna adulto

Principais famílias

Aula 05/10 | Helmintos: filo nematoda 1


Trichuris trichiura — tricuríase
ordem Enoplida

família Trichuridae

conhecido como “verme chicote”

é um nematoide fusiforme, dióico (tem macho e fêmea) e acomete vários humanos e primatas

Características
corpo → aspecto característico, com o segmento posterior alargado

boca → com abertura simples, sem lábios, com esôfago longo e delgado (2/3 do comprimento)

esôfago longo

as fêmeas podem ter o dobro da dimensão dos machos

fêmeas: 4 a 5 cm; machos: 2,5 a 4 cm

o ovo tem formato que lembra uma bola de futebol americano

bioperculados (opérculos polares)

Biologia
grande fecundidade → a fêmea coloca muitos ovos por dia

ovos → permanecem viáveis por muitos meses no ambiente

por isso, é considerado o 2° parasita que mais atinge o homem

nas fezes, os ovos sempre são eliminados morulados → ainda não é infectante

no meio ambiente em contato com oxigênio, em torno de 4 semanas é formada a larva → é infectante

as formas adultas são altamente patogênicas pois causam perfuração do intestino

permite que as bactérias penetrem mais facilmente

se alimentam tanto de sangue quanto do bolo fecal

Ciclo biológico
o homem ingere ovos já larvados do parasita → dentro do intestino, ele irá eclodir e liberar larvas → as larvas se instalam na
luz intestinal → se tornam adultas e produzem mais ovos que voltarão a ser eliminados no ambiente

Aula 05/10 | Helmintos: filo nematoda 2


Epidemiologia
zoonose cosmopolita

1 bilhão de pessoas infectadas, 10 mil mortes por ano

principalmente em países com saneamento precário

no Brasil, tem grande prevalência na Amazônia e litoral

Alagoas e Sergipe tem alto índice de exames positivos

Patogenia
pouca quantidade de parasitos → assintomático

lesões traumáticas da mucosa intestinal, visto que se adere à mucosa

causa aumento do peristaltismo e redução da reabsorção pela hipersensibilidade aos produtos metabólicos produzidos

diarreia, disenteria

alterações sistêmicas: eosinofilia, anemia, desnutrição e retardo no desenvolvimento

Sinais clínicos
enterite

prolapso retal → comum em crianças com infecções maciças

hipocratismo digital → alargamento das pontas dos dedos e das unhas

os sinais dependem do grau de infecção; quanto mais parasita, mais sintomas

infecção baixa → assintomática

infecção moderada → dor epigástrica, diarreia, náuseas e vômitos, cefaleia, flatulência e perda de peso

infecção grave → anemia, retardo no crescimento, tenesmo, caquexia, diarreia mucosa, sangramento retal, prolapso retal

Diagnóstico
pesquisa de ovos nas fezes → reconhecer pelo formato característico

graus: dependem da quantidade de ovos por grama

leve: < 5.000 ovos/grama

média: entre 5.000 e 10.000 ovos/grama

intensa: acima de 10.000 ovos/grama

Tratamento
albendazol → 400mg dose única

em casos de parasitismo intenso repetir por 3 dias consecutivos

mata as fases L5 e adulta (que estão dentro da luz intestinal)

a fase L4, no entanto, segue viva → no entanto, essa fase evolui e se torna L5 em alguns dias

por isso, a dose única nunca deve ser recomendada!

Aula 05/10 | Helmintos: filo nematoda 3


a segunda dose deve ser tomada após 8 dias

mebendazol → 100mg duas vezes ao dia por 3 dias

Profilaxia
saneamento básico

educação sanitária

tratamento dos hospedeiros parasitados

Necator americanus e Ancylostomas — ancilostomíase


a ancilostomíase é uma parasitose caracterizada pela anemia (hematófagos) e conhecida por amarelão

Necator americanus: exclusivo do homem (alguns primatas), com distribuição pelas Américas, África, Ásia e Oceania

Ancylostoma duodenale: possui dois pares de dentes quitinosos, parasito habitual do homem no Mediterrâneo, Europa,
África e Ásia

Ancylostoma caninum: 3 pares de dentes, infecta cães, gatos e o homem

produz dermatite (larva migrans)

Ancylostoma braziliense: 1 par de dentes bem desenvolvidos, parasita cães e gatos

produz dermatite no homem (larva migrans – bicho geográfico)

💡 o Necator americanus e o Ancylostoma duodenale têm ciclo completo no homem

o Ancylostoma braziliense e o caninum têm ciclo incompleto no homem

ciclo incompleto → bicho geográfico

fazem ciclo completo no cão

Ancylostoma ceylanicum → semelhante ao braziliense, espécie “nova”

tem capacidade de parasitar o homem (tecidual e intestinal) além de cães e gatos

Biologia do parasito
fêmeas → medem cerca de 1cm, corpo cilíndrico e extremidade posterior termina em ponta fina

machos → menores que a fêmea, possuem a bolsa copuladora na extremidade posterior

ovos em formato de barril

a larva se forma no meio ambiente depois

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Ciclo biológico completo
larva sai do ovo → tem comportamento de vida livre → se alimenta de matéria orgânica do solo

L1 e L2 → rabditóide

quando chega em L3, a larva precisa parasitar algum mamífero

em L3, é a larva filarioide infectante

a contaminação se dá por contato com o solo

ciclo de LOSS

a espécie anterior (da tricuríase) não fazia

quanto o parasito penetra o organismo, pega um vaso sanguíneo → fígado → coração → pulmão → muda para L4 no
pulmão → faz broncopneumonia → a secreção vem à boca e é deglutida → vai para o intestino → passa para L5, L6 e
adulto

pode ocorrer contaminação transplacentária ou mamária

Ciclo biológico incompleto


não faz ciclo de LOSS

fica em nível subcutâneo e vai fazendo “desenhos” na pele (por isso, chamada bicho geográfico)

Epidemiologia

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acomete mais de 700 milhões de pessoas mundialmente

a maioria dos casos graves se concentram nos países


africanos

a eclosão é favorecida em uma umidade mínima de 90%


e a não incidência direta de raios ultravioletas

os estágios de vida livre desenvolvem-se bem em solo


arenoso, que preserva umidade e aeração, rico em
matéria orgânica

atinge principalmente crianças, adolescentes e idosos,


sem distinção de sexo

Patogenia
depende da fase

Fase aguda

se caracteriza pela penetração larval na pele e migração para os pulmões e fixação das formas adultas na mucosa intestinal

pele e pulmões

penetração → dermatite

migração pelo respiratório → náuseas, vômitos, tosse, dispneia, irritação da faringe e ronquidão (doença de
Wakana)

intestinal → dor epigástrica, inapetência, cólica, náuseas, vômitos e diarreia sanguinolenta

Fase crônica

permanência do verme e ação espoliativa, que levará ao estado anêmico

anemia ferropriva, eosinofilia e hipoproteinemia

desnutrição, diarréia (melena), cólicas, vômitos

espessamento intestinal, hemorragias petequiais, ulcerações e necrose intestinais

em crianças, pode causar atraso no crescimento, alotrofagia, insuficiência cardíaca e edemas

a alotrofagia é causada pois o parasita espolia e a criança não adquire os nutrientes necessários → a criança tenta suprir
de outras formas

anemia, amarelão (parasito espolia muita proteína e não deixa a bilirrubina conjugada)

Sinais clínicos
lesão cutânea → irritação local, edema e prurido, comum na parte superior dos pés, pernas, nádegas e interdigitais

lesão pulmonar → focos hemorrágicos nos pontos de perfuração dos alvéolos, edema pulmonar, tosse e febre

lesão da mucosa intestinal e espoliação sanguínea → cólicas, melena (enterite), alotrofagia, caquexia, retardamento físico
e mental (crianças)

Diagnóstico
pode ser coletivo quando realizado a partir da observação epidemiológica da população ou individual (através da anamnese
e associação de sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, com ou sem anemia)

os ovos de ancilostomídeos costumam ser abundantes na matéria fecal dos pacientes (métodos de centrífugo-flutuação no
sulfato de zinco, técnica de Willis)

Tratamento
Albendazol → 400mg, via oral, durante 03 dias

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Mebendazol → 100mg, duas vezes ao dia, durante 03 dias

Pamoato de pirantel → 10mg/kg, oral, três dias consecutivos

Tratamento complementar → administração deferro, boa alimentação (rica em proteínas evitaminas), fluidoterapia

Profilaxia
educação sanitária (construções de moradias, higiênicas, dotadas de água tratada e instalações sanitárias adequadas)

controle de cães e gatos nas cidades

abolir por completo adubação com fezes humanas

proteção dos pés pelo uso de calçados

tratamento estratégico em áreas endêmicas (deve ser repetido com intervalo de seis meses, durante dois anos)

Ascaris lumbricoides — ascaridíase


Características
Ascaris lumbricoides é o maior nematóide intestinal que parasita o humano

uma possível complicação é a obstrução mecânica da víscera

excreção de toxinas → neurotoxinas, anafilotoxinas e hemolisinas

Morfologia
verme longo, cilíndrico e de extremidades afiladas

♀ 30-40 cm de comprimento e ♂ 15-30cm comprimento

ovos: formato quase esférico (oval), medem 60x45µm, envolvidos por casca
grossa

cor castanha-amarelada

formado por massa de células germinativas

necessitam de 2 a 3 semanas fora do hospedeiro para tornarem-se


infecciosos

embriona no solo e forma a larva

viabilidade no solo por 1 anos ou mais

Epidemiologia
homem é a principal fonte de parasitos, sendo a população infantil a mais intensamente infectada

os ovos, devido a casca espessa e impermeável, resistem muito a insolação e dessecação, permanecendo viáveis por
mais de ano, em condições favoráveis

Biologia
HD: homem

ciclo biológico: monoxeno

HP: besouros, minhocas, cães

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Patogenia
depende do grau de infecção

fase de invasão larvária

poucas larvas = reações discretas

infecção maciça = focos hemorrágicos e de necrose hepática, síndrome de Löffler (tosse, febre, eosinofilia), bronquite,
asma até broncopneumonia

infecção intestinal

na maturidade pode ocasionar cólicas intermitentes, dor epigástrica, náuseas, emagrecimento, irritabilidade, sono
intranquilo, ranger de dentes ao dormir e quadros de abdome agudo (obstrução – evolui a óbitos 8,6%, perfuração e
intussuscepção, apendicite aguda)

Diagnóstico
sinais clínicos e RX pulmonar → sugestivo

lavados broncopulmonares

eliminação espontânea dos parasitos pela boca ou ânus

ultrassonografia e endoscopia do sistema digestório

exame de fezes → presença de ovos

Tratamento
Albendazol 400 mg 1 vez ao dia, durante 3 dias.

Mebendazol 100 mg, 2 vezes ao dia, durante 3 dias.

Levamisol 150 mg, em dose única.

No caso de infecção maciça, as drogas indicadas são a Piperazina, 50 a 100 mg/kg/dia + óleo mineral, 40 a 60 ml/dia por 2
dias.

As drogas citadas acima são mais eficazes contra vermes adultos do que contra larvas

Por isso, após 3 meses, o paciente deve ser novamente testado para ascaridíase

Se for positivo, instituir um novo tratamento

Cirúrgico → em casos de obstrução

Profilaxia
Educação sanitária

Saneamento básico, com ênfase para o destino adequado das fezes humanas (esgoto tratado)

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Tratamento da água usada para consumo humano

Cuidados higiênicos no preparo dos alimentos (particularmente de verduras)

Higiene pessoal

Combate aos insetos domésticos, pois moscas e baratas podem veicular os ovos

Tratamento das pessoas parasitadas

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