Universide Federal de Minas Gerais Curso de Especialização de Atenção Básica Da Saúde Da Família

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UNIVERSIDE FEDERAL DE MINAS GERAIS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO DE ATENÇÃO BÁSICA DA SAÚDE DA


FAMÍLIA

QUEILITE ACTÍNICA- REVISÃO DE LITERATURA

GUILHERME ROCHA VILELA

SÃO GONÇALO DO SAPUCAÍ - MG


2011
GUILHERME ROCHA VILELA

QUEILITE ACTÍNICA- REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de conclusão de cursp apresentado ao


Curso de Especialização de Atenção Básica da
Saúde da Família da Universidade Federal do
Estado de Minas Gerais, como requisito para
obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Dr. Marco Túlio Freitas Ribeiro

SÃO GONÇALO DO SAPUCAÍ – MG


2011
GUILHERME ROCHA VILELA

QUEILITE ACTÍNICA- REVISÃO DE LITERATURA

Banca Examinadora
Profº: Prof. Dr. Marco Túlio Freitas Ribeiro (Orientador)

Profª Eulita Maria Barcelos -UFMG: _____________________________

Aprovado em Belo Horizonte, em__ /01/2012


Dedico a DEUS, por todas as bênçãos recebidas a cada dia de vida,
pela força, saúde e disposição para continuar sempre em frente em busca de
meus objetivos.
A minha namorada e futura esposa Thaíza pela compreensão, apoio,
dedicação, força e amor. Sempre presente em minha vida.
Aos meus Pais, Flávio e Rita, pelos ensinamentos diários com seus
exemplos e valores. Vocês sabem o quanto são importantes para mim.
As minhas irmãs Olívia, Nara e Flávia, pela amizade, cumplicidade e
apoio mútuos. É sempre muito bom ter vocês ao meu lado.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me deu força, coragem e determinação para realizar


mais este sonho.

Aos meus Pais e minhas irmãs que estiveram sempre ao meu lado nesta
caminhada.

À minha namorada Thaíza que com tanta sabedoria e amor soube compreender
meus momentos difíceis com sua sensatez. Obrigado pelo apoio.

Aos meus familiares e amigos que, contribuíram para a realização deste sonho.

À minha tutora Lucimare Dipe

Ao professor Dr. Alexandre Magno Megale Costa grande incentivador.


Profissional e pessoa acima da média.

Aos meus colegas de curso.

Aos funcionários da UAB.

À Universidade Federal de Minas Gerias – UFMG, pelas condições oferecidas


para elaboração deste trabalho.

Muito obrigado!
RESUMO

A queilite actínica é uma reação inflamatória que ocorre nos lábios devido à
exposição crônica e em excesso aos raios ultra violetas, presentes na radiação
solar. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão narrativa de literatura
sobre queilite actínica abordando seus aspectos clínicos, tratamento e medidas
preventivas. As bases de dados utilizadas foram Scielo, Bireme e Medline, além
de livros da área de patologia bucal e estomatologia. Os resultados encontrados
apontam que as pessoas mais velhas e com a pele mais clara tendem a ser
predisponentes a esta doença. Clinicamente se apresenta com a atrofia do
vermelhão do lábio inferior, descamação e aspereza. Quando não tratada a
tempo, a lesão se torna ulcerativa, determinando assim a transformação em
malignidade da doença. O diagnóstico é realizado através de exames clínicos
minuciosos e exames histopatológicos, apesar de haver controvérsias quanto ao
pedido do exame histopatológico. O tratamento de escolha é primordialmente
preventivo, evitando a exposição aos fatores de risco, fazendo uso de protetores
solares, bonés e chapéus. Conclui-se que medidas preventivas são a principal
estratégia na prevenção da queilite actínica, e uma vez instalada esta alteração,
são necessárias medidas que evitem sua transformação em carcinoma
espinocelular, objetivando a melhora da estética do paciente excluindo o
incômodo que os sinais clínicos causam.

Palavras-chave: Queilite Actínica. Lesões Ulcerativas da Boca. Carcinoma


epidermóide.
ABSTRACT
Actinic cheilits is an inflammatory reaction that occurs on the lip dua to excessive
and cronic exposure to ultraviolet rays present in sunlight. The objeticve of this
study was to perform a narrative review of literature on actinic cheilits addressing
clinical aspects, treatment and preventive measures. The database used were
Scielo, Bireme e Medline, as well as books in the field of oral pathology and oral
medicine. The results show that older people and with lighter skin tend to be
predisposing to this disease. Clinically it presents with atrophy of the lower lip
vermilion, scaling and roughness. Untreated in time, becomes ulcerative lesion,
there by determining the transformation in to malignant disease. The diagnosis is
made by thorough clinical examination and histopathology, although there is
controversy regarding the application of the histopathological examination. The
treatment of choice is primarily preventive, avoiding exposure to risk factors, using
sunscreen, caps and hats. It is concluded that preventive measures are the main
strategy in the prevention of actinic cheilitis, and once installed this amendment,
are necessary measures to prevent its transformation in to squamous cell
carcinoma, aiming at improving the esthetics of the patient excluding nuisance that
cause the clinical signs.

Keywords: Actinic Cheilitis. Ulcerative Lesions of the Mouth. Squamous Cell


Carcinoma.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BVS = Biblioteca Virtual em Saúde;


CEABSF = Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde a Família;
CEC = Carcinoma espinocelular;
CE = Carcinoma epidermóide;
CD31= Do inglês cluster differentiation, moléculas de adesão celular presentes
virtualmente em todos os monócitos, plaquetas e granulócitos;
CO2 = Dióxido de carbono;
DNA= Do inglês Desoxyribonucleic acid, traduzido como ácido
desoxirribonucléico;
FPS = Fator de proteção solar;
PABA = Ácido para-aminobenzóico;
PCNA = Do inglês Proliferating Cell Nuclear Antigen, traduzido como antígeno
nuclear de proliferação celular;
QA = Queilite actínica;
TGF-α = Do inglês Tumor Growing Factor α, traduzido como fator de crescimento
tumoral – α;
U.V. = Radiação ultravioleta.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10

2 OBJETIVO......................................................................................................... 12

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 13

4 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 14


4.1 Anatomia Labial .......................................................................................... 14
4.2 Aspectos clínicos da queilite ....................................................................... 15
4.3 Diagnóstico ................................................................................................. 20
4.4 Tratamento .................................................................................................. 21

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 25

6 CONCLUSÃO.................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 28
10

1 INTRODUÇÃO

Queilite é o nome dado a processos inflamatórios ocorrentes nos lábios.


Estas inflamações ocorrem por vários fatores. Geralmente são lesões pré-
malignas e a causa está relacionada a exposições prolongadas e diárias ao sol
(NEVILLE, 2004).
Indivíduos da cor branca tendem a ser mais predisponentes a indivíduos da
pele negra; isto ocorre devido o fator melanina, que age como fator de proteção.
Com a mesma intensidade, a idade constitui um fator predisponente, ocorrendo
mais frequentemente em indivíduos de 40 a 60 anos.
O processo inflamatório se apresenta através de manchas esbranquiçadas
com perda de coloração da semimucosa ou vermelhidão do lábio. Há
ressecamento e descamação labial. Caso se mantenha a exposição solar ocorre
atrofia labial, aparecendo crostas e erosões. Quando ocorre ulceração na queilite
actínica indica-se que o processo tornou-se maligno.
O diagnóstico da queilite actínica (QA) é possível através de exames
histopatológicos e achados físicos. Geralmente, não há sintomas no indivíduo
portador desta doença, porém em alguns casos há descamação intensa nos
lábios, assim como dor, prurido e queimação.
Estima-se que 95% dos casos de câncer labial são originados através de
queilite actínica. O que limita o tratamento e cura do câncer labial é a o
diagnóstico tardio. Daí vem a grande importância em se realizar um diagnóstico
rápido, para que se faça o tratamento e prevenção.
Durante o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da
Família (CEABSF) uma atividade do módulo “Saúde Bucal: aspectos básicos e
atenção ao adulto” (Palmier, 2008) foi solicitado o levantamento epidemiológico
de lesões na mucosa oral e que abordássemos a importância destes
levantamentos para uma melhor conduta no atendimento do paciente.
As condutas adotadas diante desta demanda podem ser utilizadas em todo o local
de trabalho ao qual o profissional da odontologia estiver envolvido.
A partir da realização desta atividade, foram feitos cerca de 80 exames na
população da área de abrangência, que tivesse sido classificada com risco social
11

maior, fizesse uso de tabaco e álcool e trabalhasse no campo. Foram encontrados


15 casos, indo de manifestações mais leves até casos que necessitavam de
abordagem mais radical. Importante salientar que a área é composta em sua
maioria por moradores carentes e trabalhadores rurais. Dessa forma fiquei
motivado a aprimorar meus conhecimentos sobre queilite actínica agregando mais
conhecimentos que tangem a forma de tratamento, as causas e efeitos bem como
o tratamento como um todo.
12

2 OBJETIVO

Descrever os aspectos clínicos, diagnóstico e tratamento bem como


medidas preventivas da Queilite Actínica.
13

3 METODOLOGIA

Este trabalho de conclusão de curso consiste de uma revisão narrativa de


literatura. Optou-se por trabalhar com revisão narrativa, pela possibilidade de
acesso à experiências de autores que já pesquisaram sobre o assunto, e ainda
porque permite a escolha daquilo que se deseja narrar.
A revisão bibliográfica, ou revisão da literatura, é análise crítica, meticulosa
e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento
(TRENTINI e PAIM, 1999).
A pesquisa bibliográfica procura explicar e discutir um tema com base em
referências teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos e outros. Busca
também, conhecer e analisar conteúdos científicos sobre determinado tema
(MARTINS, 2001).
A população deste estudo constou de artigos indexados nos bancos de
dados MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line) e
SCIELO (Scientific Eletronic Library On-line), BIREME, além de livros da área de
patologia bucal e estomatologia.. Os descritores usados na pesquisa foram:
queilite actínica, lesões ulcerativas da boca e carcinoma epidermóide.
O levantamento bibliográfico abrangeu o período de 1981 a 2011, com busca livre
naqueles artigos que mencionaram o tema objeto deste estudo.
Foram estabelecidos alguns critérios de inclusão:
- as publicações que tiveram como foco lesões de mucosa oral e quielite actínica;
-período de publicação: 1981 a 2011;
-idioma: inglês e português;
Após a leitura de todo material, foi procedida compreensão para análise e
elaborado o referencial teórico.
14

4 REVISÃO DE LITERATURA

Na revisão da literatura será apresentado, anatomia labial, aspectos


clínicos da queilite destacando diagnóstico, tratamento da patologia.

4.1 Anatomia Labial

O lábio é dividido anatomicamente em três regiões: a pele da área externa,


a zona do vermelhão ou semimucosa, e a mucosa. O lábio superior se estende de
sua junção com a columela do nariz para o fórnice superior da boca. Nesta região
temos o filtro, uma depressão central que se estende da columela nasal à borda
do vermelhão superior. O lábio inferior se estende do fórnice inferior da boca até a
junção com o mento, no sulco mento labial. A pele que o reveste tem todas as
características de queratinização da pele de outras regiões da face, com
glândulas sudoríparas, sebáceas e pêlo. As comissuras bucais são os ângulos
onde a zona superior e inferior do vermelhão se encontram. As papilas dermais
são numerosas, com um rico suprimento de capilares produzindo a coloração
vermelha. A zona do vermelhão não contém pêlos ou glândulas sudoríparas e as
glândulas sebáceas existem em pequeno número, sendo a membrana mucosa do
lábio coberta por um epitélio escamoso estratificado não cornificado (PICASCIA &
ROBINSON, 1997).
Os lábios ainda são compostos por músculos estriados, que lhes conferem
os movimentos, e tecido conjuntivo. Esta disposição anatômica faz com que o
vermelhão seja visível, facilmente inspecionado pelo paciente e pelo clínico,
assim como também freqüentemente afetado pelo meio ambiente (ZUGERMAN,
1986).

Câncer de lábio refere-se aquelas malignidades epiteliais que se originam


no vermelhão do lábio. A vasta maioria de neoplasias que ocorrem no lábio é de
carcinoma epidermóide (CE), os quais comprometem mais de 90% dos casos. O
câncer de lábio ocorre mais freqüentemente no lábio inferior e o agente etiológico
potencial ou carcinógeno requer um número de exposições antes da sua
manifestação. Os fatores predisponentes identificados como tendo uma
associação com o desenvolvimento da doença, dentre outros, são fatores
15

ambientais do tipo exposição à luz solar, residência rural, uso de cachimbo, tipo
de ocupação, situação sócio-econômico, infecção viral e fatores endógenos. A
exposição solar tem um papel importante como fator de risco. A carcinogênese
deve ser resultado de vários fatores de risco, endógenos e exógenos
independentemente, antagonicamente ou sinergicamente para produzir a
displasia epitelial. Como resultado de longa e repetida exposição destes riscos,
essas lesões eventualmente progridem para o CE. Acredita-se que o efeito
prolongado e cumulativo da exposição a radiação U.V., tem um papel em conjunto
com outros fatores climáticos como pó, clima seco e frio, causando ressecamento
dos lábios e outros fatores cocarcinogênicos. A maioria dos estudos
epidemiológicos tem associado o risco do câncer de lábio e o período de tempo
em atividades expostas ao sol, particularmente trabalhadores que têm atividades
ao ar livre e também correlacionam a ação sinérgica entre ocupação exposta ao
sol e fumo como um importante fator de risco (VISSHER & VAN DER WALL,
1998).
Muitos casos de câncer oral são precedidos por alterações pré-malignas
reconhecidas, e a maioria é importante pela presença de displasia epitelial oral. O
diagnóstico precoce e tratamento adequado da displasia epitelial podem prevenir
consideravelmente a morbidade e mortalidade dos pacientes. A avaliação
histopatológica confiável é um pré-requisito necessário para avaliação do pré
câncer oral (BROTHWEL et al., 2002).
O câncer oral é representado por aproximadamente 3% de todas as
malignidades que ocorrem no corpo, no entanto, em algumas partes do mundo
esta porcentagem é maior (ÁXELL et al.,1986).
Antes de se tornarem uma neoplasia, a maioria das lesões malignas da
boca sofrem alterações clínicas com transformações displásicas que podem levar
anos antes de ocorrer a invasão da lâmina própria, passando por estágios
carcinogênicos de iniciação e promoção durante muito tempo (WRIGHT, 1994).
Visscher & Van der Wall (1998), afirmaram que não podemos nos limitar
somente a um fator de risco, mas sim avaliar a relação de interação de todos os
fatores considerados de risco.

4.2 Aspectos clínicos da queilite


16

Denomina-se queilite actínica (QA) uma lesão inflamatória causada pela


exposição crônica e diária a raios UV (ultravioletas) presentes nos raios solares
(CATALDO & DOKU, 1981).
Apesar de ser considerada uma doença comum, a queilite actínica na
maioria das vezes é cancerizável. Por este motivo há de se fazer um estudo
epidemiológico da doença para que se possa avaliar exatamente a incidência com
que ocorre. A classificação do termo “cancerizável” surgiu em 1975 por Shafer,
utilizando como parâmetros dados histopatológicos. A doença atinge
preferivelmente homens de pele branca, adultos, com mais de 40 anos. Alguns
fatores explicam o porquê da maior incidência em indivíduos do sexo masculino e
de pele clara: homens trabalham em atividades ao ar livre por mais tempos que
mulheres; e a pele negra possui mais melanina, o que serve como fator de
proteção diante os raios UV (MAIN & PAVONE, 1994).
Alguns fatores de risco devem ser considerados quanto à probabilidade de
se tornar maligno, são eles o tabaco e o álcool, isto associado a fatores
carcinogênicos. Existem duas formas de queilite actínica, aguda e crônica. A
queilite actínica aguda é mais comum e pode acometer indivíduos mais jovens
que se expõem por muito tempo ao sol. O edema e a vermelhidão nesse caso são
mais amenos, porém podem virar vesículas que quando estouram causam
erosões superficiais (KAUGARS et al.,1999).
Já a queillite actínica crônica tem maior intensidade. Seus sinais clínicos
são edema, eritema, descamação, ulceração, sangramento, áreas leucoplásicas,
crostas, áreas eritoplásicas, adelgaçamento do vermelhão, falta de delimitação
entre o vermelhão e a pele e atrofia labial (PICASCIA & ROBINSON, 1997).
Bentley et al. (2003) afirmaram que o termo queilite actínica é usado para
descrever a degeneração e alterações pré-malignas que ocorrem no lábio,
causada pela exposição à radiação ultravioleta. Os autores definiram a palavra
“actínica”, referindo-se a ação de raios ativos quimicamente de espectro
eletromagnético e “queilite” um termo relacionado com inflamação dos lábios.
A queilite actínica é uma condição pré-maligna crônica, que ocorre
usualmente no lábio inferior, afetando-o parcial ou totalmente. É causada pela
exposição prolongada aos raios U.V. do sol, acometendo com mais freqüência o
sexo masculino, entre quarenta e oitenta anos, que tenham ocupação ou
17

atividades associada a exposição prolongada ao sol (GIBSON & PERRY, 1985).


Os sinais clínicos da QA são sutis, mas podem causar desconforto e
inconveniência, sendo o diagnóstico precoce da lesão, importante para reduzir os
riscos de desenvolvimento para o câncer. A QA é uma condição degenerativa do
lábio causada pelo sol, sendo a radiação U.V. um fator específico.
Predominantemente afeta o lábio inferior o qual é mais exposto do que o lábio
superior, entretanto o lábio superior também poderá ser afetado, porém em menor
grau. É muito mais comum em homens por conta da atividade ao ar livre, em
média por períodos muito maiores quando comparado a mulheres, que talvez pelo
uso de cosméticos têm um efeito protetor maior nos lábios. Pessoas com
pigmentação melânica são relativamente menos afetadas pela radiação actínica
(PENNINI et al., 2000).
Os autores acima citados abordam que a QA aguda é caracterizada pela
formação de bolhas que regridem espontaneamente em poucos dias ou semanas.
Podem resultar em ressecamento persistente e descamação, porém na maioria
dos casos regridem completamente. Não se sabe se a QA crônica
invariavelmente precede episódios agudos, mas surtos agudos leves são bastante
comuns e a maioria dos pacientes com a forma crônica relatam ter apresentado
esses surtos leves. Na QA crônica, o vermelhão apresenta placas de
hiperqueratose entremeadas por áreas irregulares de eritema
Descamação persistente e sensação de secura podem estar presentes e
representarem um problema para o paciente. Há perda da linha de demarcação
entre o vermelhão do lábio e a pele. O tecido da pele imediatamente abaixo do
lábio se torna espesso resultando na perda da concavidade normal dessa área.
Com o tempo esse espessamento se torna mais pronunciado, o eritema se torna
mais evidente, a hiperqueratose se espessa e pequenas úlceras podem se formar
e tornarem-se lentas na reparação. Alguns pacientes apresentam sensação de
formigamento ou queimação (NEVILLE et al., 2004).
Cavalcante (2000) verificou que a presença de aspectos multifocais na
afecção pode ser representada por ressecamento, áreas atróficas, descamação,
infiltração, eritema, ulceração, alteração da linha de transição, fissuras, manchas
ou placas brancas, crostas, sintomatologia dolorosa, aspecto moteado e palidez
total ou parcial do lábio. A queratose actínica ou solar desenvolve-se depois de
18

anos de exposição solar, ocorrendo em pacientes mais idosos. A sua ocorrência


na face, lábio inferior, couro cabeludo de indivíduos calvos, pescoço, braços e
mãos, apresenta-se sob forma áspera, com pápulas e placas de tamanho
variando de 1mm a 2,5 cm ou mais de diâmetro.
Indivíduos de pele e olhos claros são os grandes alvos para a formação
dessas lesões, além de indivíduos cronicamente imunossuprimidos, nos quais há
aumento no risco do desenvolvimento da lesão, assim como anormalidades
genéticas como albinismo, síndrome de Rothmund- Thompson, Síndrome de
Cockayne, xeroderma pigmentoso e síndrome de Bloom (FU & COCKERELL,
2003).
A QA pode ser dividida sob as formas aguda, subaguda e crônica, sendo a
QA aguda, mais rara e episódica, podendo ocorrer de forma leve, moderada ou
intensa, manifestando-se após exposição máxima ao sol. As radiações actínicas
determinam a liberação de substâncias como histamina e a 5-hidroxitriptamina. O
mecanismo patogênico consiste de uma clássica reação fototóxica e o aumento
de temperatura do tecido influencia na vasodilatação, precipitando o aparecimento
de edema e do eritema seguido de descamação, expressando-se clinicamente
por vesículas, fissuras e ulcerações, que caracterizam a forma mais severa,
levando o indivíduo a um desconforto quando da alimentação e fala. Nos casos
menos intensos o lábio fica edemaciado, vermelho e congesto, com certa
descamação. A forma subaguda manifesta-se de maneira menos clara, com certo
edema mas, sobretudo, com espessamento do epitélio por hiperqueratose.
Geralmente se resolve, porém pode persistir a secura e descamação do lábio nos
meses de verão. No entanto a maioria parece se curar completamente (AWDE et
al., 1996).
A forma crônica da QA é mais significativa pela falta de sintomas, deixando
o indivíduo inadvertido. Pode ser conseqüência da forma aguda ou subaguda,
mas pode surgir primitivamente seguida a repetidas exposições ao sol. O
vermelhão do lábio apresenta-se recoberto por uma superfície de mucosa fina,
pálida, freqüentemente com áreas atróficas, fissuras, erosões ou ulcerações
superficiais, as quais tendem a se coalescerem (BRUZZONE et al, 1996).
A QA pode evoluir para o carcinoma de células escamosas oral (CCEO)
(DOMANESCHI et al., 2003) e estima-se que 95% dos casos de câncer de lábio
19

originam-se da QA (PIRES et al., 2001).


O aparecimento de elevações sobre a lesão, áreas eritematosas, fissuras,
ulceração e sangramento são sinais importantes de que provável cancerização
esteja ocorrendo (TOMMASI & GARRAFA, 1982).
Há divergência quanto à necessidade de biópsia nos casos de QA, mas
enquanto alguns autores são unânimes em afirmar que nos casos classificados
clinicamente como moderados e severos há a indicação de biópsia, outros
afirmam que como não há correlação entre a aparência clínica e a agressividade
histológica, a biópsia é indicada em todos os casos, pois há grande risco de
malignização (MANGANARO; WILL & POULOS, 1997).
Comprovando este potencial, Markpoulos, Albanidou-Farmaki e Kayavis
(2003) em um estudo com 65 casos de QA, onde todos os indivíduos eram
brancos, observaram que 11 eram carcinomas de células escamosas.
Os fatores que influenciam o desenvolvimento da QA são a freqüência da
exposição aos raios solares, a intensidade dos raios solares e o grau de
pigmentação cutânea (DOMANESCHI, C. et al., 2003).
Corso e colaboradores (2006) avaliaram 2432 prontuários de pacientes da
Clínica de Estomatologia da PUCPR e encontraram 11 casos de QA, sendo que
desses casos nove relataram intensa exposição solar.
Silva (2006) realizou um estudo de prevalência de alterações labiais em
111 pescadores, com média de idade de 47 anos, dentre eles apenas três
mulheres, onde encontraram 48 casos de QA, sendo 14 leves, sete moderadas e
27 severas. Indivíduos brancos representaram um total de 92,79%, e a presença
de QA foi associada ao maior tempo de exposição ao sol.
Cavalcante; Anbinder & Carvalho (2000) realizaram um estudo em 29
pacientes com diagnóstico de QA, onde observaram que 72% dos indivíduos
eram homens e 93% eram brancos. Dois desses pacientes apresentavam CCEO
de lábio inferior. Desses 29 pacientes 100% apresentavam ressecamento, atrofia
foi encontrada em 72,41% dos pacientes, descamação em 65,52%, edema em
62,07%, eritema em 58,62%, ulceração em 58,62%, borrão da demarcação do
vermelhão/ pele em 58,62%, pregueamento evidente em 48,28%, manchas ou
placas brancas em 41,38%, crostas em 34,48%, sintomas em 34,48%, áreas
manchadas em 27,59% e áreas pálidas em 17,24% dos pacientes. Zanetti e
20

colaboradores (2007) em uma avaliação de 420 indivíduos (215 mulheres e 205


homens) encontraram uma prevalência de 18,1% de QA, com predominância em
indivíduos do sexo masculino (69,7%) e brancos (73,7%).

4.3 Diagnóstico

O diagnóstico da QA ou queilite solar é feito com base nas características


clínicas, no entanto a biópsia deve ser feita para excluir envolvimentos profundos,
especificamente quando a lesão é ampla, prurítica, sangrante, eritematosa, e
geralmente endurecida (FU & COCKERELL, 2003).
O diagnóstico e tratamento das lesões pré-malignas e CE é baseado nos
aspectos histopatológicos, local de envolvimento e estágio da doença. Avanços no
diagnóstico e estadiamento nos níveis moleculares são esperados para escolha
de tratamento e resultados. O principal método de avaliação da alteração da
mucosa inclui o reconhecimento do perigoso comportamento e o aumento do
risco individual. Exames clínicos de lesões pré-malignas incluem a inspeção
completa da cabeça e pescoço, exame intraoral e linfonodos cervicais. A
interpretação histológica é uma ciência subjetiva e a interpretação varia entre um
patologista e outro; essa variação pode também induzir o diagnóstico e o
tratamento impróprio (EPSTEIN et al.,2002).
Juchen et al. (1998) relataram que a forma aguda da queilite actínica deve
ser diferenciada do herpes simples, porém o surgimento do herpes simples tem
também como fator desencadeante comum a exposição solar. O diagnóstico
diferencial da QA crônica pode ser feito com o lúpus eritematoso, líquen plano e
queilites de contato.
O diagnóstico diferencial se impõe dentre a multiplicidade de dermatoses,
seja de natureza neoplásica benignas e malignas. Lesões diversas podem simular
o câncer cutâneo, fato às vezes devido ao aspecto puramente insólito ou pela
evolução anormal ou aspectos histopatológicos incomuns como,
hipercelularidade, mitoses numerosas e algumas atipias. Aplicações de técnicas
laboratoriais mais sensíveis e de maior especificidade com métodos de coloração,
microscopia eletrônica, histoquímica, imunoistoquímica, recursos de biologia
molecular e sorológicos, o Soutern-blot e hibridização in situ e PCR são exemplos
que podem ser úteis para ampliar a eficiência diagnóstica. Algumas entidades
21

consideradas benignas pela possibilidade tardia de transformação maligna e que


passaram a ser incluídas no grupo de pré cancerosas, indicam a necessidade de
remoção precoce, outras lesões do grupo pré cancerosas exigem
acompanhamento contínuo visando detectar precocemente sinais indicativos de
transformação (NASCIMENTO, 2003).
Melo (1999) investigou a estreita relação etiopatogênica das QA com o sol
e a grande importância diante dos aspectos climáticos e sócio-econômicos do
nosso país, assim como a possibilidade de evolução para neoplasia maligna, em
que as QA são negligenciadas. Os objetivos do trabalho foram: evidenciar através
da imunohistoquímica os seguintes marcadores: proteína, TGFα, atividade
proliferativa pela marcação de PCNA, densidade vascular evidenciada pelo
anticorpo CD; mensurar pela citometria estática, o conteúdo de DNA nuclear e
contribuir para a fundamentação biológica do potencial de transformação
neoplásica na evolução clínica da QA. Para o estudo foram selecionados treze
casos de CEC, treze de QA, doze de leucoplasias e nove casos de lábio duplo,
freio labial e processos proliferativos não neoplásicos. Foram escolhidas aquelas
localizadas na região do vermelhão do lábio ou mucosas próximas a ele. Os
dados clínicos e microscópicos das QA e leucoplasias permitiram classificá-las
como lesões cancerizáveis, mas para determinar qual o risco ideal da
transformação neoplásica, foram necessários dados que evidenciassem o grau de
dano genético e molecular. Determinar quais as alterações essenciais na
carcinogênese e quais melhores marcadores de prognóstico são os maiores
objetivos da biologia atual. O propósito de identificar o risco real de transformação
maligna é estabelecer tão precocemente quanto possível, uma terapêutica
específica. Esta terapia deve englobar os dois lados de abordagem de uma lesão:
a parte curativa e restauradora e o lado preventivo.

4.4 Tratamento

O tratamento do pré-câncer oral é amplamente baseado na gradação


histológica de displasia epitelial e as características clínicas devem complementar
a decisão terapêutica (PINDBORG et al., 1997).
Na realidade, o tratamento ideal para QA na maioria dos casos, deveria ser de
preferência a não exposição exagerada e prolongada à luz solar. Entretanto isso é
22

difícil de alcançar, porque geralmente, faz parte da ocupação de certos indivíduos


envolvidos.
Por esta razão, a conduta profilática como o uso de chapéu de abas largas
e aplicação de fator de proteção solar labial (FPS), deve ser utilizada para evitar
ou minimizar a radiação na face e lábios. Estas são medidas obrigatórias, em
especial para indivíduos com fotossenssibilidade e pacientes que já tenham tido
câncer de lábio. Ressalta-se ainda que em razão do caráter difuso da QA, todo o
lábio inferior fica susceptível a desenvolver um câncer (TEREZHALMY &
NAYLOR, 1993).
MacFarlane & Terezhalmy (1982) também avaliaram que a efetividade dos
protetores está expressa pelo FPS. O FPS geralmente varia de dois (mínimo de
proteção) para quinze (máximo de proteção).
A eficácia de um bloqueador solar é relacionada com o FPS. Seu conceito
é baseado nas propriedades de absorção de U.V. do filtro solar e é uma medida
quantitativa da eficiência de uma fórmula. Sendo assim, o FPS é definido como o
índice de exposição do U.V. eritmogênico necessário para produzir a mesma
reação de eritema sem a aplicação tópica do filtro solar. Os autores classificam:
FPS 2 – com mínima proteção para pessoas que raramente se queimam e ainda
têm um bom bronzeado; FPS 4 - proteções moderadas para indivíduos que
normalmente se bronzeiam adequadamente e raramente se queimam; FPS 6 -
extra proteção para pessoas com pele sensível, que se bronzeiam na maioria das
vezes e também se queimam; FPS 8 – máxima proteção para pessoas que se
queimam moderadamente; FPS 15- ultra proteção para loiros, ruivos e pele clara,
protegendo durante longos períodos de sol e FPS > ou = 23 - bloqueador solar,
recomendado para pessoas que possuem pele pré cancerosa, bloqueando quase
todos os raios danosos (JUCHEN et al.,1998).
Em estágios iniciais sem alteração ou displasia leve o tratamento é o uso
de protetor solar. Existem dois tipos de protetores solares: PABA e ésteres com
gliceril PABA e os físicos, óxido de zinco edióxido de titânio. Os pacientes com QA
devem usar FPS 15 ou mais em todo momento que estiverem expostos ao sol,
reaplicando várias vezes ao dia (BRUZZONE et al., 1996).
Juchen et al. (1998), classificaram os agentes protetores solares em
químicos, que funcionam pela redução da quantidade de U.V.R. que atingem o
23

estrato córneo, pela absorção da radiação danosa; químicos que funcionam pela
dispersão e reflexão dos U.V.R. e da radiação visível e combinação de protetores
solares contendo dois ou mais agentes absorventes de U.V.R. e agentes
dispersores como óxido de zinco e dióxido de titânio.
Lundeen et al. (1985), observaram que a identificação do alto risco do
indivíduo é baseada no sexo, padrão de comportamento, aparência clínica do
lábio e tipo de pele. O clínico deveria conscientizar os pacientes sobre o alto risco
do CEC e recorrente herpes labial, indicando o uso de agentes bloqueadores com
fator de proteção de no mínimo FPS 15 e ainda têm a capacidade de identificar
indivíduos de alto risco de alteração displásica solar no lábio devendo orientá-lo
ao uso de protetor, resultando na contribuição de saúde e prevenção. Os autores
afirmaram ainda que a melhor formulação de protetor apresenta combinação de
PABA ou éster de PABA juntamente com benzofenona.
O tratamento deve se iniciar com a proteção dos lábios contra os raios
solares. Isto pode ser através de chapéus, hidratantes e cremes labiais, batom à
base de ácido para-aminobenzóico 5%. Pode ser usado o fluorouracil-creme a 5%
como curativo. Para que se realize tratamento cirúrgico as indicações necessitam
ser bem precisas (MARCUCCI, 1997).
Quando o quadro está evoluído, pode se realizar um tratamento de
quimioterapia local com ácido tricloroacético; fluorouracil creme 5%;
vermelhectomia; laser de CO2 (CRIVELLO, 2005).
Algumas medidas simples podem auxiliar na melhora dos sintomas, como
usar protetores solares, hidratante e tretinoína tópica. Para curar, prefere-se que
faça a destruição ou remoção do epitélio que está danificado. O 5-Fluorouracil
além de causar poucos danos traz resultados em poucas semanas. Da mesma
forma são os resultados da criocirurgia, porém deixa cicatriz. Há também o uso do
“peeling” químico, mas seu índice de sucesso é o menor comparado às outras
técnicas. Quando a área da queilite actínica é pequena, pode ser feita uma
eletrocirurgia. A remoção do vermelhão do lábio, conhecida como vemelhectomia,
apesar de apresentar altos danos também é realizado com muito sucesso. Ainda
há o uso de laser de CO2, que remove o vermelhão dos lábios com menos danos
que a vermelhectomia (DUFRESNE & CURLIN, 1997).
Por fim, o tratamento tem como importância prevenir o desenvolvimento da
24

queilite actinica em carcinoma espinocelular, melhorar a estética do paciente e


excluir o incômodo que os sinais clínicos causam (PENNINI et al., 2000).
25

5 DISCUSSÃO

A queilite actínica (QA) é uma reação inflamatória pré-maligna que acomete


os lábios e tem como causa principal a exposição constantes e prolongadas aos
raios solares, e acomete principalmente o lábio inferior. (PENNINI; REBELLO;
RAMOS E SILVA, 2000). Gibson e Perry (1985) concordam e acrescentam que o
lábio inferior é mais vulnerável devido sua posição anatômica. Os profissionais de
odontologia tem papel importante na orientação dos pacientes quanto aos fatores
de risco, principalmente quando identificados profissões que expõem o indivíduo à
radiação solar com maior freqüência.
Para Cataldo & Doku em 1981 e Bentley (2003) o termo queilite actínica
descreve degeneração e alterações pré-malignas no lábio, causadas por
exposição à radiação ultravioleta
Os principais sinais clínicos descritos na literatura são de fácil identificação
e entre eles podem-se citar: descamação, ressecamento ulceração (MARCUCCI,
1997). Edema, eritema, descamação, ulceração, sangramento, áreas
leucoplásicas, crostas, áreas eritoplásicas, adelgaçamento do vermelhão, falta de
delimitação entre o vermelhão e a pele e atrofia labial são também sinais clínicos
encontrados na QA (PICASCIA & ROBINSON, 1997).
Dufresne & Curlin (1997) e Pindborg et al., (1997), descreveram que
quando da QA, o epitélio do vermelhão do lábio torna-se hiperplásico ou atrófico,
recoberto por paraqueratose ou ortoqueratose. Neville et al. (2004) afirmam que
há perda da linha de demarcação entre o vermelhão do lábio e a pele. O tecido da
pele fica espesso e perde-se a concavidade normal desta área. Alguns pacientes
apresentam sensação de formigamento ou queimação, apesar de, na maioria das
vezes, a lesão ser assintomática.
Awde et al. (1996) afirmam que a QA tem uma associação forte com a
exposição solar. Visscher & Van der Wall (1998) concordam mas afirmam que não
podemos nos limitar somente a um fator de risco, mas sim avaliar a relação de
interação de todos os fatores considerados de risco.
Os efeitos maléficos do sol são acumulativos e por isso o tempo de
exposição influencia na severidade das lesões de queilite actínica. Observa-se
que a quelite actinica, em sua maioria, ocorre naqueles indivíduos que tiveram
26

uma exposição solar por muito tempo (CORSO et al., 2006; SILVA et al., 2006).
Eles também afirmam que o tempo de exposição do sol é importante para o
aparecimento e severidade das lesões. Main e Pavone (1994) abordam ainda que
a doença atinge preferivelmente homens de pele branca, adultos, com mais de 40
anos. A pele negra possui mais melanina, o que serve como fator de proteção
diante os raios UV.
Wright (1994) conclui que que o diagnóstico de malignidade é feito
baseado na avaliação microscópica do grau de displasia epitelial, através do
exame de biópsia. Fu & Cockerell (2003) ainda asseguram que o diagnóstico da
QA se baseia em características clínicas, mas que a biópsia é indispensável para
excluir envolvimentos profundos, ainda mais quando a lesão é ampla, prurítica,
sangrante, eritematosa, e geralmente endurecida.
O tratamento de queilite actínica deve ter início com a proteção dos lábios
contra raios UV através de cremes labiais, hidratantes, batom à base de ácido
para-aminobenzóico 5% (MARCUCCI, 1997; DUFRESNE & CURLIN, 1997). O
tratamento do pré-câncer oral é amplamente baseado na gradação histológica de
displasia epitelial e as características clínicas devem complementar a decisão
terapêutica (PINDBORG et al., 1997).
A prevenção deve ser realizada através de protetor solar labial, chapéus de
abas largas, evitando o contato com raios solares (JUCHEN et al., 1998;
TEREZHALMY & NAYLOR, 1993). O tratamento tem como importância prevenir o
desenvolvimento da queilite actínica em carcinoma espinocelular, melhorar a
estética do paciente e excluir o incômodo que os sinais clínicos causam (PENNINI
et al., 2000).
27

6 CONCLUSÃO

A QA acomete com mais freqüência indivíduos do sexo masculino, entre


quarenta e oitenta anos, que tenham ocupação ou atividades associada à
exposição prolongada ao sol. Indivíduos da cor branca tendem a ser mais
predisponentes a indivíduos da pele negra devido à melanina, que age como fator
de proteção.
A prevenção é a melhor forma de diminuir a incidência de QA. Pode ser
instruída através de ações educativas de prevenção, explicando quais são os
fatores de risco e a importância de auto-exame bucal.
O diagnóstico precoce das lesões e intervenção em estágios precoces são
as grandes e importantes chaves para redução da mortalidade e morbidade.
As lesões da queilite actínica que passam por longa e repetida exposição a
fatores de riscos, eventualmente progridem para o CE.
Sendo o bairro, em que o profissional está inserido, um bairro com uma
população numerosa que trabalha na zona rural e fica exposta constantemente ao
sol, além de muitos serem usuários de tabaco e álcool, um monitoramente dos
sinais, por parte de toda equipe, capacitada pelo cirurgião – dentista, deve ser
feito.
É de fundamental importância a participação do dentista nas ações
preventivas e curativas da queilite actínica num trabalho interdisciplinar com a
equipe de saúde da família. As ações educativas são as principais ferramentas
que os profissionais de saúde inseridos na Estratégia de Saúde da família podem
utilizar para atingir os objetivos do Programa que são a prevenção de doenças, a
manutenção e promoção de saúde e a reabilitação do paciente visando uma
melhor qualidade de vida do usuário.
28

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