Avaliação Dislexia

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NEUROPSICOLOGIA: AS CONTRIBUIÇÕES DA AVALIAÇÃO

NEUROPSICOLÓGICA PARA ELABORAÇÃO DO DIAGNOSTICO DA


DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM – DISLEXIA

Ezequiel de Oliveira1
Gisele dos Santos Almeida2
Silvana Almeida da Silva Santos3

RESUMO

O objetivo desse trabalho é investigar as contribuições da avaliação neuropsicológica para


o diagnóstico de clientes com dificuldade de aprendizagem Dislexia. A metodologia
escolhida para elaborar este artigo foi à pesquisa bibliográfica que tem por objetivo
oferecer conhecimento teórico científico. De acordo com os trabalhos selecionados para
o desenvolvimento do estudo pode-se considerar que a avaliação neuropsicológica faz-se
imprescindível na elaboração do diagnóstico da dificuldade de aprendizagem Dislexia.
Esse estudo pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias interventivas
adequadas e deixa claro que para o tratamento ter resultados favoráveis deve ser realizado
com o apoio da uma equipe multidisciplinar como médicos, familiares, a escola, o
professor, o neuropsicólogo e o próprio cliente que devem ter comprometimento e
interesse pelo tratamento.

Palavras Chaves: Neuropsicologia. Avaliação neuropsicológica. Diagnostico.


Dislexia

1
Psicólogo Licenciado em Filosofia pela Universidade Metropolitana de Santos (2017) e licenciado
em Pedagogia pela UNIFACVEST (2019). Especialista em Docência do Ensino superior (2016) e
Psicomotricidade (2017) pela Faculdade de Conchas. Coache Acadêmico e Coach em resiliência
pela Sociedade Brasileira de Resiliência. Professor Convidado pelo Senac.
2
Psicóloga graduada pelo Centro Universitário Anhanguera Santo André. Especialista em
Psicopedagogia pela Faculdade de Conchas e Neuropsicologia pela Faculdade CENSUPEG.
3
Psicóloga graduada pelo Centro Universitário Anhanguera Santo André. Especialista em
Psicopedagogia pela Faculdade de Conchas e Neuropsicologia pela Faculdade CENSUPEG.
MEUROPSYCHOLOGY: THE CONTRIBUTIONS OF
NEUROPSYCHOLOGICAL EVALUATION TO PREPARING LEARNING
DIFFICULTY DIAGNOSIS – DYSLEXIA

ABSTRACT

The aim of this paper is to investigate the contributions of neuropsychological assessment


to the diagnoses of clients with learning disabelities Dylesxia. The methodology chosen
to elaborate this articles was the bibliographic research that aims to offer theoretical
scientific knowledge. According to the works selected for the development of the study
it can be considered that the neuropsychological assessment is essential is essential in the
preparation of the diagnosis of learning disabilities Dyslexia. This study may contribute
to the development of appropriate interventional strategies and makes it clear that for
treatment to have favorable results it must be performed with the support of a
multidisciplinary team such as doctors, family members, the school, the teacher, the
neuropsychologist and the client himself who must have commitment and interest in
treatment.

Keyword: Neuropsychology. Neuropsychological assessment. Diagnosis. Dylexia

INTRODUÇÃO

A Neuropsicologia é uma Ciência que começa se constituir no século XX, pelas


influências de ideias da Neurociência e da Psicopedagogia. De visão americana, busca
investigar as consequências das lesões do cérebro e as modificações comportamentais do
ser humano. Esta Ciência tem por objetivo estudar a relação entre o sistema nervoso, o
comportamento e a cognição. Ou seja, focado em trabalhar as habilidades
comportamentais do sujeito como a: linguagem, memória e a consciência.
Para tanto, a avaliação neuropsicológica é uma ferramenta que oferece resultados
do grau de dificuldade que o ser humano apresenta diante de atividades direcionadas, só
com estes resultados pode-se partir para a elaboração do diagnóstico. O diagnóstico deve
estar pautado em práticas éticas para não rotular o sujeito, deixando claro que dificuldade
de aprendizagem pode ser causadas por lesões cerebrais, mas leitura e escrita são
habilidades comportamentais que podem ser estimuladas e tratadas, trabalhadas e
balizadas por relações humanizadas. Para tanto o profissional deverá elaborar e oferecer
atividades que estimulam o ser humano a lidar com as dificuldades dessas habilidades
comportamentais. Na busca de encontrar respostas psicológicas do sujeito, afinal,
habilidades comportamentais podem ser aprendidas, elas são fundamentais para melhorar
a comunicação entre os seres humanos.
Já a Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem, que tem como sintoma o déficit
da leitura e escrita, entre estas dificuldades estão: não conseguir reconhecer as letras; não
decodificar e soletrar as palavras. Normalmente, esses sujeitos possuem
comprometimento com o desenvolvimento de habilidades fonéticas, questões importantes
para o desenvolvimento da linguagem. Diante disto, é sabido que a Dislexia provoca
prejuízos desde a alfabetização do sujeito até a idade adulta, para tanto, elaborar um
estudo sobre o assunto é de suma importância, uma vez que esse tema bem trabalhado
favorece o processo de conhecimento e aprendizagem de todo ser humano.
A pergunta de pesquisa que norteou esse trabalho foi: quais as contribuições da
avaliação neuropsicológica para a elaboração do diagnóstico da dificuldade de
aprendizagem – Dislexia? O objetivo desse trabalho é investigar as contribuições da
avaliação Neuropsicológica para o diagnóstico de clientes com dificuldade de
aprendizagem Dislexia. Entre os objetivos específicos estão: conhecer a história
Neuropsicologia e aprendizagem; identificar como pode ser elaborada a avaliação
neuropsicológica indicada para clientes com Dislexia; entender a Dislexia como
dificuldade de aprendizagem.
Observou-se que houve um aumento na quantidade na demanda de queixas
escolares balizadas em visões preconceituosas. Muitos clientes chegam aos consultórios
clínicos rotulados como preguiçosos, desinteressados e imaturos. Por profissionais que
não conhecem o conceito e muito menos sabem quais são os sintomas da Dislexia. É
dever do neuropsicólogo esclarecer que a Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem e
como dificuldade pode ser tratada. Essa prática pode fortalecer a autoestima e a
autoconfiança dos clientes no tratamento e oferece conhecimento e direcionamento para
as práticas profissionais do Neuropsicólogo. Este estudo visa oferecer a sociedade mais
conhecimento sobre um dos papeis do neuropsicólogo e o quanto a avaliação
neuropsicológica direcionada pode auxiliar este profissional na elaboração de
diagnósticos mais precisos para iniciar o tratamento.
A metodologia escolhida para elaborar este trabalho foi à pesquisa bibliográfica
que tem por objetivo oferecer conhecimento científico por meio de livros, artigos,
dissertação, teses e e-book todos direcionados para o assunto escolhido. De caráter
qualitativo visa descrever as relações humanas e suas experiências, são indicadas para
estudos do ambiente educacional e deve estar pautada na interpretação da realidade do
contexto social em que o estudo está inserido. Para este estudo foi utilizados o total de
quinze (15) trabalhos. Entre os sites pesquisados estão: google acadêmico; scielo; banco
de teses.
Este trabalho constitui-se de introdução, primeiro capítulo conta a história da
Neuropsicologia e a aprendizagem, o segundo capítulo identifica a avaliação
neuropsicológica como instrumento e suas contribuições para elaboração do diagnostico
de pessoas com Dislexia, o terceiro capítulo descreve a Dislexia como dificuldade
aprendizagem e considerações finais.

A NEUROPSICOLOGIA E A APRENDIZAGEM

A Neurociência estuda o sistema nervoso e suas ligações com a fisiologia do


organismo humano, inclusive as relações do cérebro e do comportamento e uma das suas
áreas de estudo é o controle neuronal da aprendizagem (VENTURA 2010). A Psicologia
estuda os processos cognitivos, comportamentais e emocionais. A Neuropsicologia teve
seus primeiros estudos com a pesquisa do médico Frances Pierre Paul Broca em meados
do século XIX, um de seus campos de estudo e a investigação sobre qual é localização
estrutural do cérebro que seria responsável pela produção do sistema límbico, reconhecida
como parte do cérebro responsável pelas emoções e o comportamento social de todo ser
humano (MALLOY-DINIZ; FUENTES; MATOS; ABREU, 2010). Para Mader (1996),
outros autores relatam que tudo tem início no século XX, inspiradas nas ideias do
canadense Sir Willian Osler médico e professor palestrante realizadas de conferências de
medicina nos Estados Unidos. Como pode ver, ainda não existe um consenso nas datas
sobre o início exato da Neuropsicologia.
Como Ciência a Neuropsicologia estuda questões ligadas ao sistema nervoso, do
comportamento e da cognição, ou seja, o estudo das capacidades psicológicas mais
complexas como a linguagem, a inteligência, a memória, e a consciência. Ela considera a
ideias de que existe a possibilidade de lesões em determinada zona cerebral causar
perturbações em determinadas capacidades psicológicas do ser humano (PINHEIRO,
2005). Para tanto, a Neuropsicologia possibilita um entendimento maior do processo de
aprendizagem de cada indivíduo, desmitifica a ideia que a aprendizagem só acontece para
alguns, esta Ciência apóia a estimulação de atividades direcionadas e o respeito ao ritmo
do desenvolvimento da aprendizagem de cada ser humano promovendo ganhos
significativos para Educação
O conceito aprendizagem como tema interessante à Ciência começou a ser mais
desenvolvida e pesquisada no último século, tal desenvolvimento trouxe consigo uma
série de controvérsias entre teorias, programas e conceitos relacionados a todas as áreas
científicas, que procuram “desvendar” o misterioso processo do aprender. Assim a
aprendizagem é uma atividade individual que se desenvolve dentro de um sistema único
e contínuo, operando sobre todos os dados recebidos e tornando-os revestidos de
significado (CISCA, 2000).
Entre os autores e teorias que contribuíram de forma significativa para área da
aprendizagem estão: Herbart, Binet, Dewey, Thorndike Claparède, Piaget e Vygotsky,
comportamentalistas Pavlov e Bechtev, os behavioristas Watson, Skinner e Lashley, os
gestaltistas Ko¸ kA, Köhler e Wertheimer e, ainda, a influência da psicanálise de Freud,
Adler, Jung, Fromm e da fenomenologia de Husserl, Scheler, Merleau Ponty e os
existencialistas Heidegger, Jaspers e Sartre que contribuíram com teorias que trouxeram
importantes explicações de como se processa a aprendizagem e dentre estas teorias
podemos destacar a Teoria Sociohistórica, o Humanismo, Cognitivismo e o
Comportamentalismo (CAMPOS, 2013).
Aprendizagem é o processo pelo qual uma atividade tem origem ou é
modificada pela reação a uma situação encontrada, desde que as características
da mudança de atividade não possam ser explicadas por tendências inatas de
respostas, maturação ou estados temporários do organismo (por exemplo:
fadiga, drogas, etc.) (HILGARD, 1975 p.3).

E assim, com o aumento das pesquisas nas áreas de Neuropsicologia e


aprendizagem, Sisto (2001) percebeu há necessidade de formar mais profissionais que
atuem especificamente no campo das dificuldades de aprendizagem. Para tanto, faz-se
necessário chamar a atenção do profissional de Neuropsicologia para a importância de
aprender trabalhar com o instrumento correto para uma avaliação neuropsicológica de
boa qualidade para poder elabora um diagnóstico mais preciso, uma vez que essa prática
é considerada a porta de entrada para o início e analise dos resultados no tratamento de
pessoas com Dislexia.

AS CONTRIBUIÇÔES DA AVALIAÇÂO NEUROPSICOLOGIA PARA


ELABORAÇÃO DO DIAGNOSTICO DE CLIENTES COM DISLEXIA

Assim que a criança ingressa no ambiente escolar formal, inicia-se uma avaliação
sobre suas habilidades e dificuldades acadêmicas realizada pela equipe pedagógica. E
quando os resultados não satisfatórios a criança passa a apresentar baixo rendimento
escolar ou acentuada dificuldade em alguma disciplina. Desta forma de acordo com
Cubero; Moreno (1995) iniciam-se outros problemas como baixa autoestima, não
aceitação afetiva de colegas e familiares, o que gera uma baixa significativa na capacidade
produtiva da criança, além disso, sabe-se que iniciar o processo de leitura e escrita,
algumas crianças passam por dificuldades, além disso há muito diagnóstico precipitado
realizado por profissionais despreparados que acabam rotulando os clientes, portanto a
avaliação realizada por um profissional habilitado como o neuropsicólogo e o tratamento
em conjunto com uma equipe multidisciplinar são de extrema importância para evolução
do cliente.
A avaliação neuropsicológica estrutura-se em avaliação quantitativa com testes
normatizados e avaliação qualitativa que se baseiam em entrevistas, observações clínicas,
escalas, anamnese, questionários, todos os procedimentos são baseados em analise e
investigação das funções cognitivas do sujeito. São direcionadas para analisado da
memória, linguagem, atenção, percepção e raciocínio (MALLOY-DINIS, et al, 2010).
O foco da avaliação neuropsicológica e a investigação do nível de aprendizagem
do ser humano e para tal ação usa-se métodos estruturados e específicos. Esta ferramenta
contribui para elaboração de um diagnóstico diferenciado que possibilita ou não detectar
e verificar alterações nos estágios iniciais da infância ou idade adulta se há ou não a
existência de um distúrbio cognitivo (MADER, 1996). Diante da existência da suspeita
de problemas cognitivos ou comportamentais de origem neurológica, é indicado que o
neuropsicólogo encaminhe o cliente ao médico neurologista para realizar uma avaliação
neurológica, e esse encaminhamento deve partir de um profissional da saúde que pode ser
o psicólogo, fonoaudiólogo ou psiquiatra.
A avaliação neuropsicológica pode ser usada para mensurar o grau de
assertividade de outras habilidades comportamentais que o ser humano domina, quando
a criança tem sucesso no ambiente escolar nas áreas sócio afetivas e podem produzir
relações psicossociais mais favoráveis para o desenvolvimento pessoal. Segundo Antunha
(1987) de fato faz-se necessário ressaltar que as intervenções devem estar de acordo com
o desenvolvimento cerebral e as características específicas para a realidade do cliente e
sua faixa de idade. Com isso para cada padrão de funcionamento cerebral existe uma
bateria de provas para cada período de maturação cerebral.
A especialização em Neuropsicologia pode oferecer ao profissional que escolhe
essa área de atuação um conhecimento mais totalizado do processo de aprendizagem da
clientela. Entre os profissionais que podem se interessar pela formação em
Neuropsicologia estão os psicólogos que têm o processo ensino-aprendizagem como
objeto de investigação. Segundo o Conselho Federal de Psicologia na resolução 002/2004
esta é uma área especifica da Psicologia. Este é o único profissional que:
Atuar no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da
cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque
da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Utiliza
instrumentos especificamente padronizados para avaliação das funções
neuropsicológicas envolvendo principalmente habilidades de atenção,
percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem,
habilidades acadêmicas, processamento da informação, viso construção, afeto,
funções motoras e executivas. Estabelece parâmetros para emissão de laudos
com fins clínicos, jurídicos ou de perícia; complementa o diagnóstico na área
do desenvolvimento e aprendizagem (CFP RESOLUÇÃO n. 002/2004, p.2).

Por conta do caráter multidisciplinar da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia


e da Sociedade Latino Americana de Neuropsicologia o Conselho Federal de
Fonoaudiólogia instituiu a resolução nº 466 de 22 de janeiro de 2015, permitindo ao
fonoaudiólogo atuar na área com nas funções de:

Prevenção, avaliação, diagnóstico, habilitação/reabilitação e gerenciamento de


distúrbios da comunicação e do funcionamento motor oral que são
relacionados à cognição; construção e seleção de instrumentos que avaliam
funções neuropsicológicas, abrangendo tarefas clínicas, ecológicas,
padronizadas, escalas, inventários, questionários e ferramentas de exame do
desempenho da funcionalidade cognitiva ligados à comunicação. (CFF
RESOLUÇÃO nº 466, 2015, p. 1).
Nos casos que apresentam a dificuldade aprendizagem e que não passam por
tratamento há consequências negativas para o futuro do cliente. Dessa forma, a avaliação
neuropsicológica vai cooperar para melhorar a elaboração do diagnóstico. Com ela, o
profissional pode escolher as atividades direcionadas para elaborar intervenções corretas
e necessárias nos casos das dificuldades de aprendizagem específicas. Para Elias, (2003),
uma dificuldade que pode ter influência dos problemas no desenvolvimento infantil e
pode perdurar por toda a vida do cliente, rebaixando sua autoestima e autoconfiança. Por
isso é de suma relevância estudar a Dislexia para conhecer mais afundo essa dificuldade
de aprendizagem.

A DISLEXIA COMO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

A palavra dislexia é derivada do grego “dis” (dificuldade) e “lexia” (linguagem),


sendo definida como uma falta de habilidade na linguagem que se reflete na leitura e
escrita. De acordo com Laraousse (2001), essa é uma dificuldade de aprendizagem que
caracteriza confusão e inversão das seqüências das letras. A dislexia foi inicialmente
objeto de estudo dos oftalmologistas e durante o século XIX foi investigada e
diagnosticada dentro das diversas especialidades médicas com o foco na perspectiva
biológica. Uma visão mais abrangente surge no século XX, voltada para a compreensão
do distúrbio como de origem multicausal, ou seja, agregada a mais de um possível fator.
O ato de ler e escrever envolve inúmeras associações entre símbolos auditivos,
símbolos visuais e significados. Essa atividade que se automatiza rapidamente, na
verdade é uma das mais difíceis realizadas pelos seres humanos, por envolver processo
linguístico, anatômicos e neuropsicológicos altamente complexos. O processo de
aquisição da leitura e escrita é individual, variável, dependendo da idade, maturação, de
experiências culturais, de motivação e integridade do sistema Nervoso Central (SNC) e o
sistema Nervoso Periférico (SNP), os responsáveis pelo desenvolvimento global do ser
humano (ZORZI, 1996).
Afinal, sujeitos com perturbações na aprendizagem sempre existiram e por isso,
estudos sobre estes fatores são determinantes para auxiliar a atuação dos neuropsicólogo
no tratamento desses clientes. Muitas vezes na escola, os maus comprometimentos dos
alunos foram inicialmente vinculados as causas orgânicas, centradas no indivíduo, que
por muito tempo foi entendido como um doente ou paciente. Esta perspectiva somática
foi abandonada e substituída pela visão socioeconômica que, como o nome sugere, admite
apenas a influência dos fatores biológico e social no desenvolvimento da Inteligência.
Assim, entende-se que o conhecimento dos métodos neuropsicológicos permite um
diagnóstico mais preciso para estabelecer um programa de ação terapêutica e reeducativa
para quem possui a dificuldade de aprendizagem (PINHEIRO, 2005). A Dislexia foi
classificada em três tipos e entre eles estão: Dislexia fonológica; Dislexia lexical; Dislexia
mista.

A Dislexia fonológica tem como característica a dificuldade para operar a rota


fonológica, apresentando um funcionamento aceitável da rota lexical. Assim,
a maior dificuldade está em ler palavras não familiares, sílabas sem sentido ou
pseudopalavras, mostrando maior desempenho na leitura de palavras
familiares. Encontram-se também dificuldades em tarefas que envolvam
memória e consciência fonológica, acarretando dificuldades de compreensão
do que foi lido. Na Dislexia lexical, as principais dificuldades estão na rota
lexical, e apresentam a rota fonológica relativamente preservada, afetando
fortemente a leitura de palavras irregulares. Assim, os disléxicos deste tipo,
leem lentamente e com erros. E na Dislexia mista o indivíduo apresenta
comprometimento nas duas vias, a via lexical e a via fonológica, que são casos
mais graves (SILVA, 2017. p. 536)

As causas para as dificuldades de leitura e escrita são diversas e podem ser


causadas por déficits visuais e ou auditivos, dificuldades na fala e linguagem, fatores
emocionais, familiares e sociais, atitudes pouco estimulantes de professores, inadequação
de programas escolares entre outros (CISCA, 2000). Diante disso, Mazer; Bello; Bazon
(2009) afirmam que as dificuldades de aprendizagem estão inseridas em várias causas e
conseqüências de problemas psicossociais no desenvolvimento infantil e precisam
receber atenção devida, afinal horas pode acontecer como causas e em outra como
conseqüência dos problemas do contexto escolar.
Para que o cliente possa ser enquadrado em um diagnóstico de disléxico, ele deve
se encaixar por seis meses nos seguintes critérios de acordo com o DSM-V (2014) entre
os sintomas estão: a imprecisão, a lentidão e o esforço para soletrar; dificuldade para
compreender o sentido do que foi lido; dificuldade para escrever, erros na gramática,
pontuação, organização inadequada de parágrafos e falta de clareza na expressão da
escrita; interferência significativa no desempenho acadêmico e profissional.
As dificuldades de aprendizagem não devem ser consideradas como problemas
sem solução, mas sim como desafios existentes em todo processo de aprendizagem, e
devem ser identificados e prevenidos o mais rápido possível, de preferência assim que a
criança iniciar a pré-escola. Tema bastante discutido nas rodas cientifica, pois a
dificuldade de aprendizagem Dislexia tem atingido muitas pessoas nos últimos anos, essa
grande quantidade de estudos pode possibilitar a elaboração de diagnósticos mais preciso
com sucesso no prognóstico, visando à superação do déficit e não mais a centralização na
dificuldade. De acordo com Santos (2013), a função do neuropsicólogo se faz importante
tanto na avaliação quanto na reabilitação, trabalhando com práticas de exercícios que
estimulam os diversos circuitos cerebrais do cliente trabalhando a aprendizagem com os
sistemas de símbolos e de linguagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O problema de pesquisa que norteou esse trabalho foi quais as contribuições da


avaliação neuropsicológica para a elaboração do diagnóstico da dificuldade de
aprendizagem – Dislexia? E de fato, esse instrumento pode favorecer a atuação prática do
neuropsicólogo, pois permite a elaboração de um diagnóstico mais preciso, descreve o
perfil cognitivo do cliente assim como identifica a estimativa da evolução, do
prognóstico, delineia os programas de reabilitação cognitiva e de acompanhamento
psicossocial. Faz-se importante Lembrar que para a boa qualidade desse tratamento, ele
deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar em conjunto com a família, escola e a
participação ativa do neuropsicólogo e do cliente.
Conhecer o diagnóstico, identificar quais os sintomas da Dislexia favorecem o
trabalho dos clientes, dos neuropsicólogo, dos médicos, dos psicopedagogos, pais e
demais profissionais da Educação. O neuropsicólogo precisa ter informações precisas
sobre como lidar com realidade da quantidade de demanda no consultório a procura de
tratamento para essa dificuldade de aprendizagem específica. Com esse estudo entende
que a leitura e a escrita compõe parte importante da vida cotidiana do ser humano, são
consideradas habilidades comportamentais imprescindível no dia a dia para sobreviver
em sociedade, uma vez que o meio social está cercado de materiais de leitura, como
embalagens, rótulos, cartazes, letreiro de ônibus, placas, revistas, livros e etc.
Ter a dificuldade de aprendizagem Dislexia atrapalha a comunicação do cliente,
quando ele descobre o que é essa dificuldade e que ele pode aprender a tratar pode ser a
motivação para a procura do tratamento. É papel do neuropsicólogo trabalhar com uma
equipe multidisciplinar e com a realidade socioeconômica do cliente. Esse estudo visou
mostrar a sociedade um pouco mais das contribuições do trabalho destes especialistas
com essa nova Ciência que pode favorecer o desenvolvimento da comunicação social do
ser humano. Diante disso, fazem-se necessárias mais pesquisas científicas sobre esse
assunto.

REFERÊNCIAS

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Acadêmico e Coach em resiliência pela Sociedade Brasileira de Resiliência. Professor
Convidado pelo Senac.

Gisele dos Santos Almeida


Psicóloga graduada pelo Centro Universitário Anhanguera Santo André.
Especialista em Psicopedagogia pela Faculdade de Conchas e Neuropsicologia pela
Faculdade CENSUPEG.

Silvana Almeida da Silva Santos


Psicóloga graduada pelo Centro Universitário Anhanguera Santo André. Especialista em
Psicopedagogia pela Faculdade de Conchas e Neuropsicologia pela Faculdade
CENSUPEG.

Trabalho recebido em 24/09/2021


Aceito para publicação em 02/09/2021

Para citar este trabalho:

OLIVEIRA, Ezequiel de; ALMEIDA, Gisele dos Santos; SANTOS, Silvana


Almeida da Silva. NEUROPSICOLOGIA: AS CONTRIBUIÇÕES DA
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA PARA ELABORAÇÃO DO
DIAGNOSTICO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM – DISLEXIA.
Revista Higei@. UNIMES. Vol.2 – Número 5 – SETEMBRO- 2021. Disponível em:

https://periodicos.unimesvirtual.com.br/index.php/higeia/index

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