Fichamento - MALISKA, Marcos Augusto. Fundamentos Da Constituição. Abertura. Cooperação. Integração. Curitiba - Juruá, 2013
Fichamento - MALISKA, Marcos Augusto. Fundamentos Da Constituição. Abertura. Cooperação. Integração. Curitiba - Juruá, 2013
Fichamento - MALISKA, Marcos Augusto. Fundamentos Da Constituição. Abertura. Cooperação. Integração. Curitiba - Juruá, 2013
Aula:
- A luta por direitos implica na ideia de que as pessoas têm direitos, e que
estes devem ser reconhecidos pela comunidade.
Fichamento:
IGUALDADE E DIVERSIDADE
A relação entre Constituição e pluralismo talvez possa ser
compreendida na relação entre igualdade e diversidade. Se a Constituição
afirma a igualdade dos cidadãos, o pluralismo reconhece as particularidades e
clama para que o princípio da igualdade seja interpretado no contexto da
diversidade.
A experiência democrática moderna esteve assentada em maior ou
menor medida no princípio da homogeneidade, ou seja, se diluiu a tensão entre
os diferentes por processos de assimilação e negação do outro. O chamado
Estado nacional foi construído a partir de um grupo hegemônico que imprimiu
seu modo de vida para o conjunto daqueles que vivam naquele território, ou
seja, o Estado nacional foi moldado a partir de uma visão de mundo não
necessariamente comungada por todos que estavam sob aquele domínio
estatal.
Ao contrário do processo de formação europeu, o Estado brasileiro
tratou de construir a imagem do brasileiro “logo após a independência política
de 1822, investiu-se muito no cerimonial da realeza brasileira e no
estabelecimento de determinadas memórias. O novo império não só dialoga
com a tradição, mas introduz elementos da cultura local.
O Estado constitucional cooperativo reconhece as diferenças e afirma o
Princípio da Igualdade como objetivo de sua existência. As Constituições ao
reconhecerem o pluralismo rompem com o princípio da homogeneidade, pois
reconhecem as diferenças e legitimam políticas públicas que buscam a
igualdade de oportunidades com respeito à diversidade.
Segundo Neves só pode haver igualdade se houver desigualdade e
que o pressuposto do Estado moderno é justamente o de reconhecer a
diversidade e a heterogeneidade social para afirmar a igualdade, não deve
desconsiderar a necessidade de certo consenso social para se afirmar a ordem
constitucional, ou seja, há limites ao pluralismo.
Assim a chamada relação entre pluralismo e Constituição deve ser
pautada pela mediação de que não há pluralismo sem Constituição.95A tensão
constante entre o “singular” e o “plural”96 se apresenta aqui na relação entre
Constituição e pluralismo. A existência da unidade, do singular, no entanto,
implica um mínimo comum, capaz de promover o vínculo com o plural.
Sociedades com maior grau de homogeneidade possuíram melhores
condições para encontrar esse consenso e maior facilidade para estabelecer
princípios de justiça social para o conjunto da sociedade.
No entanto, vive-se atualmente em sociedades que se afastam dessas
características. Nas palavras de Habermas, nem “assimilação” e nem
“coexistência” são modelos adequados, mas sim, a construção de uma
“Solidariedade entre Diferentes”, uma “Nação de Cidadãos” que não se
confunda com a origem comum de seus membros. Para Forst, uma sociedade
somente consegue manter-se no longo prazo segundo critérios de justiça, se,
além de reconhecer a igualdade de todos os cidadãos, ela também consiga se
orientar para o bem comum e a solidariedade, à pertença comum de todos os
cidadãos.
Tentando encontrar um meio-termo entre essas posições, Forst
sustenta que a comunidade política não deve ser apreendida nem como um
bem puramente subjetivo e nem objetivo, mas, como um bem intersubjetivo, no
sentido de uma comunidade de cidadãos politicamente autônomos que a
percebe como um “bem” à medida que ela lhes oferece os pressupostos
institucionais e materiais para todos poderem se compreender como membros
dignos de valor.
A comunidade política é menos do que uma ética, mas é mais do que
uma cujo fim é proteger os direitos subjetivos. Ao invés de se apoiar em valores
éticos comuns, a solidariedade entre os cidadãos consiste no reconhecimento
recíproco como concidadãos com o direito realmente efetivo à pertença plena,
isto é, à proteção da exclusão jurídica, política e social.
Para Forst, uma teoria do reconhecimento político como (a) pessoa
ética “diferente”, (b) pessoa de direito com igualdade de direitos, (c) “coautor”
do direito e (d) concidadão com o direito ao “valor” da autonomia pessoal e
política é uma resposta ao dilema da “substância sem substância” de não
vincular a cidadania a determinações e elementos ético-culturais (étnicas,
religiosas etc.) comuns e, contudo, ainda poder explicar a integração política e
a solidariedade social “substantivas”.
Os princípios de justiça são aqueles que são justificados de modo
universal e imparcial na medida em que correspondem aos interesses,
necessidades e valores concretos. Garantir o tratamento isonômico no campo
da diversidade é, por certo, estabelecer novas formas de repartição do
exercício do poder, não mais exclusivamente segundo a fórmula tradicional da
liberdade negativa, em que as forças “naturais” da sociedade delimitam o lugar
que cada um irá ocupar, mas por meio de intervenções que buscam corrigir as
desigualdades.
Uma sociedade democrática não se sustenta com a definição a priori
de papéis sociais. A liberdade moderna deve ser compreendida como a
igualdade no ponto de partida, para que cada um busque a sua felicidade. A
igualdade no ponto de partida, por sua vez, em uma sociedade plural, somente
é possível com a precisa intervenção na ordem “natural” das coisas. A
dimensão cultural da vida social, construída historicamente pelos próprios
sujeitos, consolidou em nome da manutenção da ordem, divisões sociais
hierarquizadas que efetivamente uma Constituição comprometida com o
pluralismo não legitima.
Rawls defende que a estrutura básica é o objeto primário da justiça
porque seus efeitos são profundos e estão presentes desde o começo.
Segundo ele, essa estrutura básica é marcada por expectativas de vida
diferentes, que promovem desigualdades profundas, que não podem ser
justificadas mediante um apelo às noções de mérito e valor.
Quanto à distribuição de talentos naturais como um bem comum, Forst
sustenta que Rawls, com essa argumentação, não quer dizer que as
qualidades naturais sejam “contingentes” no sentido de que elas não
pertencem à identidade do sujeito, mas sim no de que são contingentes de um
ponto de vista normativo, no sentido de que do fato legítimo das desigualdades
naturais não se pode deduzir a legitimidade de uma desigualdade social.
A justiça constitucional, enquanto unidade política de uma comunidade,
deve atentar para a igualdade de oportunidades em termos de condições
sociais mínimas disponíveis a todos. Por outro lado, essa disponibilidade não
deve ser tratada como uma obrigatoriedade para com um modo de vida em
particular, visto que, em uma sociedade plural, as visões do que seja boa vida
variam conforme as perspectivas culturais e sociais nas quais o sujeito está
inserido.
Rawls consciente das críticas a sua teoria da posição original marcada
por um véu de ignorância no qual não se levaria em conta as concepções de
bem, posição social, talentos, capacidades e preferências individuais, revisitou
seus argumentos considerando o grave problema do pluralismo razoável o qual
demonstra a ideia irrealista de sociedade bem-ordenada da justiça como
equidade.
INTEGRAÇÃO ECONÔMICA
A economia teve, tem e sempre terá um papel fundamental nas formas
de organização política. Por meio dela se regula à vontade humana por bens
materiais, dimensionando as possibilidades de oferta e procura, administrando
a escassez, enfim, tornando o acesso aos bens materiais possível no contexto
de condições limitadoras.
O desenvolvimento da técnica, que possibilitou a superação das
barreiras de tempo e de espaço, coloca enormes desafios às organizações
políticas. A economia, acompanhando as novas tecnologias, rapidamente
rompeu com os limites dos Estados estruturando-se em termos globais. A
integração econômica, antes de apenas significar o livre mercado global, se
constitui em uma tentativa de politização dos espaços econômicos por meio de
mecanismos de regulação.
A integração econômica pode ser classificada segundo três critérios.
Inicialmente tem-se o critério econômico, no qual se divide a integração
econômica em integração setorial, quando abrange apenas setores delimitados
da atividade econômica e integração geral, quando é abrangida a generalidade
dos setores econômicos. Em um segundo momento, tem-se o critério político-
geográfico, segundo o qual, a integração econômica pode se dar no âmbito
nacional, global e internacional. Quanto ao terceiro e último critério de
classificação da integração econômica, tem-se o critério do método de
integração, ou seja, a distinção entre integração negativa e integração positiva.
SENTIDOS DO ESTADO-NAÇÃO