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NOTA PASTORAL
«fortes na fé, abertos a todos na fraternidade e próximos de cada
um na compaixão» Papa Francisco, Indonésia (4 de Setembro2024)
Estamos a iniciar um novo ano pastoral com a particularidade de
ser o primeiro de um triénio de preparação para a celebração do Jubileu Diocesano. O convite que os é dirigido refere-se à motivação, ao entusiasmo e á alegria que brotam não de circunstâncias exteriores, mas essencialmente na comunhão com Jesus Cristo, na partilha comunitária e na força evangélica da missão evangelizadora. São muito oportunas as palavras que o Papa Francisco dirigiu a todos os membros da Igreja na Indonésia apelando a serem «fortes na fé, abertos a todos na fraternidade e próximos de cada um na compaixão», partilhando, deste modo, da sorte dos irmãos. Uma outra forma se expressão o lema deste ano: «Ser comunidade à maneira dos Apóstolos – Evangelizadora e de portas abertas». Dada a importância de que se reveste a vida pastoral ao longo deste ano que, atendendo à vida cristã das nossas comunidades, nos deve despertar para uma revisão profunda, á luz do Evangelho, sobre o nosso modo de ser cristão e, consequentemente, comunidade cristã; impõe-se a tarefa de renovação de modo a limpar o que não responde aos nossos tempos e não se adequa ao Evangelho e á Doutrina Conciliar do Concilio Vaticano II e a discernir os Sinais dos Tempos para uma evangelização, única tarefa da Igreja, de acordo com a vontade de Jesus Cristo.
1. Tempo de renovação
A renovação cristã, que atinge cada pessoa e cada comunidade cristã,
é um processo permanente. Lembremos as palavras do Papa S. Paulo VI, na Exortação Pos- Sinodal «Evangelii Nuntiandi», que referem o seguinte: «evangelizadora como é, a Igreja começa por se evangelizar a si mesma» (nº 15). Aliás, «comunidade de crentes, comunidade de esperança vivida e comunicada, comunidade de amor fraterno, ela tem necessidade de ouvir sem cessar aquilo que ela deve acreditar, as razões da sua esperança e o mandamento novo do amor» (nº 15). Na verdade, dada a sua condição de «Povo de Deus imerso no mundo, e não raro tentado pelos ídolos, ela precisa de ouvir, incessantemente, proclamar as grandes obras de Deus, que a converteram para o Senhor; precisa sempre ser convocada e reunida de novo por ele» (nº 15). Tratando-se de ardor, de força evangélica, de entusiasmo, de alegria e testemunho coerente e credível, como refere o Santo Padre, «é o mesmo que dizer que ela tem sempre necessidade de ser evangelizada, se quiser conservar frescor, alento e força para anunciar o Evangelho» (nº 15). É verdadeiramente esta frescura evangélica que todos devemos procurar e empenhadamente implorar ao Senhor que nos envia o Seu Espirito e dóceis à Sua Palavra orientarmos por Ela toda a nossa vida.
2. Tarefa de todos na comunidade
O Papa Francisco repete enumeras vezes que a Igreja é de «todos e
para todos». Este é também o lema geral que presidirá à celebração do Jubileu Diocesano. Na verdade, queremos que a Diocese de Viana do Castelo seja verdadeiramente a expressão comunitária aberta a todos e que, através da promoção de serviços e ministérios eclesiais, seja de todos. Que não haja nenhum baptizado que não se reconheça membro activo e participante na comunidade cristã. Em dinamismo sinodal, a caminhar em conjunto, na sensibilização, na reflexão, no estudo e na aplicação das orientações pastorais que ajudarão a renovar as nossas comunidades, exigem a participação de todos os cristãos, das pessoas de boa vontade e de todas as comunidades cristãs, paróquias e outras. O Papa Francisco reconhecendo que «a evangelização é dever da Igreja», afirma que «este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma instituição orgânica e hierárquica; é, antes de tudo, um povo que peregrina para Deus» (EG, 111). Tal como refere o Santo Padre, «trata-se certamente de um mistério que mergulha as raízes na Trindade, mas tem a sua concretização histórica num povo peregrino e evangelizador, que sempre transcende toda a necessária expressão institucional» (EG., 111). Se a evangelização é dirigida a todos, também «em todos os baptizados, desde o primeiro ao último, actua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar» (EG., 119). E, ainda, acentua o Papa Francisco, «em virtude do Baptismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário (cf. Mt 28, 19)» (EG., 119). Realmente, segundo o pensamento da Igreja, «cada um dos baptizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito activo de evangelização, e seria inapropriado pensar num esquema de evangelização realizado por agentes qualificados enquanto o resto do povo fiel seria apenas receptor das suas acções» (EG., 119). Por último, fazemos nosso o apelo do Santo Padre ao dizer que «a nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos baptizados» (EG., 119). Eis a tarefa que deve congregar todos os membros das nossas comunidades cristãs, conselhos pastorais, movimentos e instituições, grupos e carismas, isto é, que todos se empenhem na sensibilização, reflexão, estudo e sugestões para delinearmos as coordenadas a que a pastoral diocesana deve obedecer para o futuro. A conversão que se quer pessoal, à luz do Evangelho, deve ser também comunitária e estrutural, tal como nos refere o Papa Francisco, revelando no seu «sonho» para a renovação das comunidades cristãs tornando-as verdadeiramente missionárias. 3. Comunidade à maneira dos Apóstolos – Evangelizadora e de portas abertas
É bem acertada esta proposta que o Conselho Pastoral Diocesano
e o Conselho Presbiteral sugeriram para iniciar o processo de renovação da nossa Igreja Diocesana. Na verdade, tudo na acção pastoral da Igreja começa por se centrar em Jesus Cristo, professado pelos Apóstolos que na primeira hora entrelaçaram as suas vidas com a vida pública de Jesus de Nazaré, com a proposta do Reino de Deus e com a cultura circundante, deixando-se mergulhar em profundidade no mistério Pascal de Jesus Cristo. Este é o processo de uma verdadeira iniciação cristã que urge implementar nas nossas comunidades cristãs. Tal como afirma o Papa Francisco, o anúncio querigmático (Jesus Cristo entregue, morto e Ressuscitado por nós e testemunhado) deve inspirar toda a formação cristã. De facto esta «é, primariamente, o aprofundamento do querigma que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se desenvolve na catequese» (EG., 163). Sem dúvida que «é o anúncio que dá resposta ao anseio de infinito que existe em todo o coração humano» (EG. 163). Deste modo, «a centralidade do querigma requer certas características do anúncio que hoje são necessárias em toda a parte: que exprima o amor salvífico de Deus como prévio à obrigação moral e religiosa, que não imponha a verdade, mas faça apelo à liberdade, que seja pautado pela alegria, o estímulo, a vitalidade e uma integralidade harmoniosa que não reduza a pregação a poucas doutrinas, por vezes mais filosóficas que evangélicas» (EG., 163). Por fim, «isto exige do evangelizador certas atitudes que ajudam a acolher melhor o anúncio: proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena» (EG., 163). Percorrendo o itinerário dos Evangelhos, dos Actos dos Apóstolos e das Cartas Apostólicas, iluminados pelos Documentos do Concilio Ecuménico Vaticano II e abertos à inspiração que nos vem das palavras e dos gestos do Papa Francisco, deparamos com um caminho seguro de renovação pastoral. Que não nos falte a força e o entusiasmo que nos vem da acção do Espírito Santo.
4. Viver a sinodalidade nas comunidades cristãs
Continuamos atentos ao desenvolver dos trabalhos do sínodo dos
Bispos sobre a sinodalidade e activos na sua aplicação. Prosseguiremos o itinerário pastoral de promoção da comunhão, de incentivar à participação activa de todos os baptizados e de nos propormos todos na edificação de comunidades verdadeiramente missionárias. Para concretizar estes objectivos, continuaremos a dar passos determinados na criação e promoção dos Conselhos Pastorais; na valorização das nossas comunidades cristãs dotando-as de serviços e ministérios eclesiais; oferecendo a todos os fiéis as condições para a sua participação activa na comunidade cristã. Os sinais persentes nas nossas comunidades cristãs e as exigências do mundo de hoje que requerem uma evangelização séria e profunda, exige uma atenção muito particular à promoção vocacional. Apelamos para que cada família, cada comunidade cristã, cada educador e responsáveis de movimentos e grupos, sintam o dever de orientar toda a sua acção educativa em ordem à descoberta vocacional de cada um dos seus educandos. Insistimos no dever de se criar em cada Arciprestado uma Equipa (serviço de pastoral vocacional. 5. Formação cristã de todo o Povo de Deus
Se os sacramentos devem ser valorizados na comunidade cristã, é
certo, que estes exigem uma verdadeira evangelização através do anúncio da Palavra. Todos reconhecemos a tarefa difícil que comporta a formação cristã do Povo de Deus. Mas esta dificuldade não deve retirar a sua necessidade e o esforço a despender para a sua concretização. Não podemos projectar uma renovação pastoral sem uma autêntica formação cristã. Por isso, ao longo destes anos de preparação do Jubileu Diocesano, iremos delineando um projecto de formação cristã, orientado pela Diocese e aplicado em cada um dos Arciprestados com as adaptações que se julguem necessárias. Convido todos os responsáveis pela vida pastoral das paróquias e outras comunidades a colocarem todo o seu esforço na implementação de um itinerário de formação cristã para os fiéis cristãos. Como nos ensina o Papa Francisco, «é preciso cultivar sempre um espaço interior que dê sentido cristão ao compromisso e à actividade» (EG., 262). Aliás, «sem momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de significado, quebrantamo-nos com o cansaço e as dificuldades, e o ardor apaga-se» (EG., 262). Na verdade. «a Igreja não pode dispensar o pulmão da oração, e alegra- me imenso que se multipliquem, em todas as instituições eclesiais, os grupos de oração, de intercessão, de leitura orante da Palavra, as adorações perpétuas da Eucaristia» (EG., 262). Só deste modo se dá força á actividade missionária no meio do mundo.
6. Jubileu Ordinário «a esperança não engana»
Este próximo ano pastoral será enriquecido com a celebração do
Jubileu Ordinário que tem como lema «a Esperança não engana» e que no qual o Santo Padre nos convida a sermos «peregrinos da Esperança» . Atentos ao calendário diocesano, vamos integrar as diversas acções do Jubileu Ordinário nas propostas pastorais que se vão desenvolvendo ao longo deste ano pastoral.
Apelo a todos os agentes d vida pastoral diocesana, sacerdotes,
religioso(as), leigos(as) consagrados(as), fiéis leigos, famílias, catequistas, grupos e movimentos, instituições, jovens, idosos e crianças, que perante Jesus Cristo o Bom Pastor e pela acção do Espírito Santo renovem o seu entusiasmo e a sua alegria na tarefa da evangelização que renovará a nossa comunidade diocesana e cada uma das nossas comunidades cristãs.
Coloco este ano pastoral junto de Nossa Senhora, a Mãe da
Esperança, conforto dos que sofrem e Estrela da Nova Evangelização e de São Bartolomeu dos Mártires pastor incansável para testemunhar Jesus Cristo ao mundo.