Atividade Antimicrobiana e Anti-Inflamatória Da Anadenanthera Colubrina (Vell.) Brenan
Atividade Antimicrobiana e Anti-Inflamatória Da Anadenanthera Colubrina (Vell.) Brenan
Atividade Antimicrobiana e Anti-Inflamatória Da Anadenanthera Colubrina (Vell.) Brenan
1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
Atividade antimicrobiana e anti-inflamatória da Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan
Antimicrobial and anti-inflammatory activity of Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan
Actividad antimicrobiana y antiinflamatoria de Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan
1
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar a atividade antimicrobiana e anti-inflamatória
do extrato da A. colubrina (Vell.) Brenan através de um painel de atividades biológicas. O
extrato hidroalcoólico da A. colubrina foi obtido através de maceração, o qual rotaevaporado
e liofilizado. Foram realizados testes de Concentração Inibitória Mínima (CIM) e
Concentração Fungicida Mínima (CFM) contra Candida albicans (ATCC 10231 e cepa
clínica), Candida tropicalis (ATCC 750) e Candida krusei (ATCC 6258), através da
microdiluição. A atividade anti-inflamatória foi verificada através do edema de pata induzido.
Diante dos testes realizados, o extrato da A. colubrina demonstrou forte atividade antifúngica
contra a C. albicans (ATCC 10231) e a C. krusei (CIM: 7,81 µg/mL e 31,25 µg/mL,
respectivamente). Para a cepa clínica da C. albicans e C. tropicalis a atividade antifúngica foi
considerada fraca (CIM: 500 µg/mL e >2000 µg/mL, respectivamente). Para os testes de
CFM, o extrato demonstrou atividade fungistática sobre as cepas C. albicans, (ATCC 10231 e
cepa clínica) e C. tropicalis (CFM: > 1000 µg/mL, > 2000 µg/mL, > 5000 µg/mL,
respectivamente), observando-se efeito fungicida apenas sobre a C. krusei (CFM: 31,25
µg/mL). Em relação à atividade anti-inflamatória, dentre as concentrações do extrato testadas,
aquela administrada na menor dosagem apresentou maior redução do edema de pata induzido.
De acordo com o exposto, é evidente o potencial anti-Candida da A. colubrina. É interessante
a realização de estudos que possam confirmar o potencial anti-inflamatório da planta em teste.
Palavras-chave: Plantas medicinais; Testes de sensibilidade microbiana; Inflamação;
Abstract
The present study aimed to analyze the antimicrobial and anti-inflammatory activity of A.
colubrina (Vell.) Brenan extract through a panel of biological activities. The hydroalcoholic
extract of A. colubrina was obtained by maceration, which was rotary evaporated and
lyophilized. Minimal Inhibitory Concentration (MIC) and Minimum Fungicidal
Concentration (CFM) tests were performed microdilution against Candida albicans (ATCC
10231 and clinical strain), Candida tropicalis (ATCC 750) and Candida krusei (ATCC 6258).
Anti-inflammatory activity was verified by induced paw edema. According to the tests
performed, A. colubrina extract showed strong antifungal activity against C. albicans (ATCC
10231) and C. krusei (MIC: 7.81 μg / mL and 31.25 μg / mL, respectively). For the clinical
strain of C. albicans and C. tropicalis, antifungal activity was considered weak (MIC: 500 μg /
mL and> 2000 μg / mL, respectively). For the CFM tests, the extract showed fungistatic
activity on C. albicans strains (ATCC 10231 and clinical strain) and C. tropicalis (CFM:>
2
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
1000 μg / mL,> 2000 μg / mL,> 5000 μg / mL, respectively), with fungicidal effect on C.
krusei (CFM: 31.25 μg / mL). About the anti-inflammatory activity, among the concentrations
of the extract tested, the one administered at the lower dosage presented a greater reduction of
the induced paw edema. According to the above, the anti-Candida potential of A. colubrina. It
is interesting to carry out studies that can confirm the anti-inflammatory potential of the test
plant.
Keywords: Medicinal plants; Microbial sensitivity tests; Inflammation;
Resumen
Este estudio tuvo como objetivo analizar la actividad antimicrobiana y antiinflamatoria del
extracto de A. colubrina (Vell.) Brenan a través de un panel de actividades biológicas. El
extracto hidroalcohólico de A. colubrina se obtuvo por maceración, se evaporó por rotación y
se liofilizó. Las pruebas de concentración mínima inhibitoria (MIC) y concentración mínima
de fungicida (CFM) se realizaron contra Candida albicans (ATCC 10231 y cepa clínica),
Candida tropicalis (ATCC 750) y Candida krusei (ATCC 6258) mediante microdilución. La
actividad antiinflamatoria se verificó mediante edema de la pata inducido. Dadas las pruebas
realizadas, el extracto de A. colubrina mostró una fuerte actividad antifúngica contra C.
albicans (ATCC 10231) y C. krusei (MIC: 7,81 µg / ml y 31,25 µg / ml, respectivamente).
Para la cepa clínica de C. albicans y C. tropicalis, la actividad antifúngica se consideró débil
(MIC: 500 µg / ml y> 2000 µg / ml, respectivamente). Para las pruebas de CFM, el extracto
mostró actividad fungistática en C. albicans (ATCC 10231 y cepa clínica) y C. tropicalis
(CFM:> 1000 µg / ml,> 2000 µg / ml,> 5000 µg / ml, respectivamente), observando el efecto
fungicida solo en C. krusei (CFM: 31.25 µg / mL). Con respecto a la actividad
antiinflamatoria, entre las concentraciones del extracto analizado, el administrado en la dosis
más baja presentó una mayor reducción del edema inducido de la pata. En consecuencia, el
potencial anti-Candida de A. colubrina. Es interesante realizar estudios que puedan confirmar
el potencial antiinflamatorio de la planta bajo prueba.
Palabras clave: Plantas medicinales; pruebas de sensibilidad microbiana; inflamación;
1. Introdução
3
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
etnofarmacológicos e ensaios clínicos (Rodrigues, 2016). O desenvolvimento de pesquisas
acerca de plantas com propriedades farmacológicas vem ampliando-se e instigando cada dia
mais os pesquisadores na descoberta de novas características em plantas pouco estudadas,
buscando o desenvolvimento de novos fármacos (Simonetti et al., 2016).
Dentre as plantas medicinais utilizadas comumente no Brasil encontra-se a
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, pertencente à família Leguminosae, subfamília
Mimosideae, conhecida popularmente como angico, a qual ocorre em florestas estacionais,
distribuindo-se no nordeste do Brasil, na Caatinga e em florestas estacionais ao longo das
bacias do Paraguai e Paraná (Nepomuceno et al., 2007). Utiliza-se, popularmente, a casca do
caule como intervenção terapêutica de várias complicações do fígado, gonorreia, infecção dos
ovários, tratamento da bronquite e da angina e tratamento de inflamações em geral (Araújo,
2015; Araújo et al., 2015). Em relação ao potencial antifúngico, verifica-se importante ação
da Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, devido a presença de polifenóis, capazes de
inativar enzimas essenciais para o crescimento de fungos (Carvalho et al., 2011; Lima et al.,
2014). Gutierrez-Lugo et al. (2004) verificaram uma possível relação entre os compostos da
A. colubrina e os efeitos em doenças inflamatórias, justificando a sua utilização na medicina
tradicional para tratar problemas inflamatórios.
O presente estudo teve como objetivo analisar a atividade antimicrobiana e anti-
inflamatória do extrato da A. colubrina (Vell.) Brenan através de um painel de atividades
biológicas.
2. Metodologia
O presente estudo trata-se de uma que coleta de dados quantitativos ou numéricos por
meio do uso de medições de grandezas e obtém-se por meio da metrologia, números com suas
respectivas unidades. Estes métodos geram conjuntos ou massas de dados que podem ser
analisados por meio de técnicas matemáticas como é o caso das porcentagens, estatísticas e
probabilidades, métodos numéricos, métodos analíticos e geração de equações e/ou fórmulas
matemáticas aplicáveis a algum processo (Pereira., et al., 2018).
4
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
micro-região do Cariri Oriental, no mês de setembro. O espécime testemunho da
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan encontra-se depositado na coleção do Herbário
Manuel de Arruda Câmara (ACAM) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Campus I,
Campina Grande, Paraíba (nº 667/ACAM).
A casca da A. colubrina (100g), seca e moída, foi imersa em álcool 80% (250 ml) por
48 horas, em temperatura ambiente. A mistura resultante foi filtrada e os resíduos imersos,
por mais duas vezes, em álcool 80%. As três fases líquidas finais foram concentradas em
rotaevaporador e, posteriormente, liofilizadas.
5
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
2.4 Atividade anti-inflamatória
3. Resultado e Discussão
6
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
TABELA 1. Concentrações Mínimas Inibitória e Fungicida do extrato hidroalcoólico
da Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan avaliado contra espécies de Candida spp.
A. colubrina
(µg/mL)
ATCC 10231
Cepa clínica
ATCC 750
ATCC 6258
Para a maioria das cepas foi observada ação de caráter fungistático, indicando
potencial na inibição do crescimento fúngico, observando-se que apenas para a Candida
krusei foi observado um valor de CFM menor (31,25 µg/mL), indicando ação do extrato na
morte desta cepa, como é mostrado na tabela acima.
Considerando as limitações dos agentes antifúngicos comercialmente disponíveis para
o tratamento de doenças fúngicas, devido ao aumento da resistência fúngica, alto custo e
efeitos adversos, os produtos naturais consistem em importantes alternativas para o tratamento
destas doenças (Bakhshi et al., 2012). Observa-se que a A. colubrina apresenta forte potencial
antifúngico, capaz de inibir o crescimento celular e a formação de biofilme de Candida
albicans (Lima et al., 2014), verificando-se a potencialidade desta planta para o
desenvolvimento de novos fármacos, que possam ser mais efetivos contra as infecções
fúngicas e com menores efeitos tóxicos para o organismo humano.
7
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
Barreto et al. (2016) relatou o potencial antimicrobiano da A. colubrina contra
bactérias, verificando que o extrato da casca do caule foi capaz de potencializar o efeito da
neomicina e amicacina contra a Staphylococcus aureus, importantes antibióticos utilizados
pela população, indicando que esta planta pode ser uma fonte de metabólitos secundários
ativos contra bactérias.
Apesar de ser amplamente utilizada pela população, poucos são os estudos publicados
que investigam o mecanismo de ação da A. colubrina sobre os microrganismos causadores de
patologias. Estudos relatam a presença de compostos importantes na casca do caule do angico
que podem justificar sua ampla utilização pela população, tais como taninos e polifenóis totais
(Pessoa et al., 2012; Lima et al., 2014). Melo et al. (2010) identificou potencial antioxidante
médio para a A. colubrina, podendo apresentar função retardativa na velocidade da oxidação
de radicais livres, agindo como substância importante na prevenção de diversas doenças.
Em relação à atividade anti-inflamatória investigada no presente estudo, os resultados
encontram-se expressos na Figura 1 e na Tabela 2.
FIGURA 1. Efeito da administração por via oral do extrato hidroalcoólico da Anadenanthera
colubrina (Vell.) Brenan sob o edema de pata induzido por carragenina.
8
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
respectivamente (30 min, e de 1 em 1 hora), e da indometacina, sendo 10 mg/Kg sobre o
edema de pata induzido por carragenina (1000µg/pata).
O grupo que recebeu a A. colubrina na concentração de 100 mg/Kg, dentre as
substâncias em teste, apresentou o comportamento mais expressivo na inibição do edema, não
havendo diferença estatisticamente significativa com o resultado apresentado pelo controle,
indometacina (p>0,05). Observa-se, porém diferença estatisticamente significativa da A.
colubrina (100 mg/Kg) e indometacina com as duas outras concentrações da A. colubrina
(p<0,05).
Observa-se que o pico de inibição para a concentração de 100 mg/Kg da A. colubrina
foi no período de 1 hora, inibindo a inflamação em 75%, enquanto que para a indometacina
ocorreu no tempo máximo, de 3 horas, com inibição DE 91%.
Controle 1,22±0,4 -
9
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
nos resultados, embasando o uso popular desta planta para tratamento de doenças
inflamatórias, sugerindo a presença de componentes ativos para o desenvolvimento de agentes
farmacológicos, embora o mecanismo de ação ainda precise ser elucidado. Damascena et al.
(2014), também avaliando o extrato aquoso da casca da A. colubrina, constataram efeitos
antinociceptivos orofaciais centrais e periféricos, evidenciando o potencial do extrato em
reduzir a propagação dos mediadores inflamatórios da dor.
4. Considerações Finais
Referências
Araújo, D.R.C. (2015) - Anadenanthera colubrina var. Cebil (Griseb.) Altschul (Fabaceae:
Mimosoideae): Potencial antimicrobiano e variações sazonais nos teores de metabólitos
secundário. Dissertação (Mestrado - Área de Concentração em Ciências Biológicas) –
Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Bakhshi, M. et al. (2012) - Comparison of therapeutic effect of aqueous extract of garlic and
nystatinmouthwash in denture stomatitis. Gerodontology, 29(2): 680–684.
10
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
Barreto, H.M. et al. (2016) - Enhancement of the antibiotic activity of aminoglycosides by
extracts from Anadenanthera colubrine (Vell.) Brenan var. cebil against multi-drug resistant
bacteria. Natural product research, 30(11):1289-1292.
Damascena, N.P. et al. (2014) - Antioxidant and orofacial antinociceptive activities of the
stem bark aqueous extract of Anadenanthera colubrina (Velloso) Brenan (Fabaceae). Natural
product research, 28(10):753-756.
Holetz, F.B. et al. (2012) - Screening of Some Plants Used in the Brazilian Folk Medicine for
the Treatment of Infectious Diseases. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 97(7): 10027-
1031.
Lima, R. D. F., Alves, É. P., Rosalen, P. L., Ruiz, A. L. T. G., Teixeira Duarte, M. C., Góes,
V. F. F., ... & Melo de Brito Costa, E. M. (2014). Antimicrobial and antiproliferative potential
of Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan. Evidence-Based Complementary and Alternative
Medicine.
Melo, J.G. et al. (2010) - Antiproliferative Activity, Antioxidant Capacity and Tannin Content
in Plants of Semi-Arid Northeastern Brazil. Molecules, 15(12):8534-8542.
Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da
pesquisa científica.[e-book]. Santa Maria/RS, Ed. UAB/NTE/UFSM.
Pessoa, W.S. et al. (2012) - Effects of angico extract (Anadenanthera colubrina var. cebil) in
cutaneous wound healing in rats. Acta cirurgia brasileira, 27(10):655-670.
Santos, J.S. et al. (2013) - Beneficial effects of Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
extract on the inflammatory and nociceptive responses in rodent models. Journal of
ethnopharmacology, 148(1):218-222.
11
Research, Society and Development, v. 9, n.1, e121911770, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i1.1770
Sartori, L.R. et al. (2003) - Atividade antiinflamatória do granulado de Calendula officinalis
L. e Matricaria recutita L. Revista Brasileira de Farmacognosia. v. 13, p.17-19.
Wayne, P. (2008) - Clinical and Laboratory Standards Institute: Reference method for broth
dilution antifungal susceptibility testing of yeasts; approved standard. CLSI document M27-
A3 and Supplement S, 3, 6-12.
12