Prova Comentada TJMS
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Yasmin Ushara,
Coordenação de Metas do Estratégia Carreiras Jurídicas.
PROVA COMENTADA – TJMS
QUESTÃO 1. Em ação de divórcio, Bernadete pretende o atingimento dos bens da sociedade
controlada por seu ex-marido, Paulo, para a qual ele transferira todo o seu patrimônio, a fim
de frustrar a devida meação.
Nesse caso, a hipótese é de desconsideração:
(A) inversa, regida pela teoria menor, sem expressa previsão no Código Civil;
(B) indireta, regida pela teoria maior, com expressa previsão no Código Civil;
(C) expansiva, regida pela teoria maior, sem expressa previsão no Código Civil;
(D) inversa, regida pela teoria maior, com expressa previsão no Código Civil;
(E) indireta, regida pela teoria menor, sem expressa previsão no Código Civil.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
Trata-se de questão relacionada à desconsideração de personalidade jurídica em que se busca,
em função de meação ocorrida em sede de divórcio, patrimônio de pessoa física, porém transferido
para pessoa jurídica.
Inicialmente, destaca-se que, no âmbito das relações regidas pelo Código Civil, a desconsideração
da personalidade civil se fundamentou na denominada teoria maior, em que deve se verificar dois
requisitos para a concessão da desconsideração: desvio de personalidade e confusão patrimonial,
previstos e conceituados no art. 50, §§ 1º e 2º, do CC. Prevê os referidos dispositivos: “Em caso de
abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) §
1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com
o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato
entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - cumprimento
repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído pela
Lei nº 13.874, de 2019) II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações,
exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III -
outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)”.
Ademais, a espécie de desconsideração da personalidade jurídica em que se atinge o patrimônio
em nome da pessoa jurídica por obrigações da pessoa física denomina-se inversa, cuja previsão
encontra-se expressa no art. 50, § 3o, do CC, que dispõe: “O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º
deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa
jurídica.”
A alternativa A está incorreta. A teoria adotada é a maior, tendo a desconsideração da
personalidade jurídica inversa previsão expressa no CC.
A alternativa B está incorreta. A espécie de desconsideração da personalidade jurídica é
denominada inversa.
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A alternativa C está incorreta. A espécie de desconsideração da personalidade jurídica é
denominada inversa, com expressa previsão no CC. A teoria adotada é a maior.
Alternativa D está correta.
Alternativa E está incorreta. A espécie de desconsideração da personalidade jurídica é denominada
inversa, com expressa previsão no CC. A teoria adotada é a maior.
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Alternativa C está incorreta. Não se optou pelo pacto comissório, justamente por não ter permitido
ao credor, em caso de inadimplemento da dívida, a consolidação da propriedade sem parâmetro
de justo valor a ser atribuído ao bem.
Alternativa D está correta. Conforme o Enunciado 626 da VIII Jornada de Direito Civil, o pacto
marciano é aceito no ordenamento jurídico brasileiro, não violando disposição legal.
Alternativa E está incorreta. Não se optou pelo pacto comissório, justamente por não ter permitido
ao credor, em caso de inadimplemento da dívida, a consolidação da propriedade sem parâmetro
de justo valor a ser atribuído ao bem.
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A segunda parte da questão, no entanto, está errada, uma vez que a vaga de garagem com
matrícula própria não se enquadra no conceito de bem de família, conforme preceitua a Súmula
449 do STJ: “A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui
bem de família para efeito de penhora”.
A alternativa B está incorreta. A primeira parte da assertiva está incorreta, uma vez que o imóvel se
enquadra no conceito de bem de família. A segunda parte da assertiva está correta, uma vez que
a vaga de garagem pode ser penhorada, por não se enquadrar no conceito de bem de família.
A alternativa C está incorreta. A primeira parte da assertiva está incorreta, uma vez que o imóvel
se enquadra no conceito de bem de família. A segunda parte da assertiva está incorreta, uma vez
que a vaga de garagem com matrícula própria não se enquadra no conceito de bem de família,
podendo ser penhorada.
Alternativa D está correta, conforme fundamentação contida na alternativa A.
A alternativa E está incorreta. De fato, se a dívida fosse de natureza alimentar, o imóvel poderia ser
objeto de penhora, mesmo em se tratando de bem de família, nos termos do art. 3º, inciso III, da
Lei 8.009/90. No entanto, a assertiva dá a entender se tratar da única exceção possível à
impenhorabilidade do bem de família, o que não está de acordo com o rol trazido nos incisos do art.
3º supracitado. A segunda parte da assertiva está incorreta, uma vez que a vaga de garagem com
matrícula própria não se enquadra no conceito de bem de família, podendo ser penhorada.
QUESTÃO 4. Amadeu era proprietário da Fazenda Riacho do Alto, a qual deu em usufruto a
Amália. Amália, por sua vez, arrendou a terra a Pedrônio para exploração pelo prazo de vinte
anos, de 01/11/2012 a 01/11/2032. Em 2020, falece Amália. Pedrônio, então, deixa de pagar as
contraprestações pactuadas no arrendamento. Isso leva o espólio de Amália a ajuizar ação
de cobrança combinada com rescisão contratual em decorrência do Inadimplemento.
Nesse caso, é correto afirmar que:
(A) com a morte de Amália, extinguiu-se o usufruto, de modo que não há mais posse exercida
pelo espólio que possa ser remunerada pelo contrato de arrendamento;
(B) com a morte de Amália, extinguiu-se o usufruto, de modo que a posse exercida pelo
espólio passou a ser considerada injusta e precária e, por isso mesmo, impassível de
remuneração por força do contrato de arrendamento que perdeu objeto;
(C) embora a morte de Amália tenha causado a extinção do usufruto, isso não altera a
natureza da posse exercida pelo espólio, que tende à manutenção do mesmo caráter (Art.
1.206 do Código Civil), razão pela qual deve ser julgado procedente o pedido formulado pelo
espólio;
(D) embora a morte de Amália tenha causado a extinção do usufruto e isso tenha alterado a
natureza da posse para injusta e precária, tais defeitos são relativos à relação entre o
proprietário e o espólio de Amália, de sorte que, enquanto o imóvel não for reclamado ou
devolvido, são devidas as prestações pelo arrendamento;
(E) com a morte de Amália, extinguiu-se a posse sobre o imóvel, mas não o direito real de
usufruto que a embasava, pois que dependente de cancelamento no Registro Geral de
Imóveis; por isso mesmo, é devida a contraprestação pelo arrendamento.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
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A alternativa A está incorreta. Trata-se de questão em que a usufrutuária de bem imóvel o arrendou
onerosamente a terceiro por prazo de 20 anos. Questiona-se, então, se, falecendo a usufrutuária e
deixando o cessionário de arcar com as suas contraprestações, pode o espólio da usufrutuária
ajuizar ação de cobrança combinada com rescisão da cessão do imóvel.
O STJ fixou entendimento no sentido de que, por se tratar de direito personalíssimo, o usufruto não
se transmite aos herdeiros, descabendo a sua sucessividade. Entretanto, o falecimento do
usufrutuário não produz os seus efeitos automaticamente, sendo necessário o cancelamento do
registro do usufruto para tanto. Com a morte do usufrutuário, então, a posse se transmite aos seus
herdeiros, porém caracterizando-se como precária e, portanto, injusta. Neste sentido: “A morte de
usufrutuário que arrenda imóvel, durante a vigência do contrato de arrendamento, sem a
reivindicação possessória pelo proprietário, torna precária e injusta a posse exercida pelos seus
sucessores, mas não constitui óbice ao exercício dos direitos provenientes do contrato de
arrendamento pelo espólio perante o terceiro arrendatário. Contudo, tal vício objetivo da posse
repercute apenas na esfera jurídica da vítima do ato agressivo da posse e do agressor, em razão
da sua relatividade, o que significa dizer que a justiça ou injustiça da posse não possui alcance erga
omnes, revelando-se sempre justa em relação a terceiros. O espólio, por se tratar de universalidade
de direito, constitui-se pelo complexo de relações jurídicas titularizadas pelo autor da herança, nos
moldes do art. 91 do CC, aí se incluindo, na espécie, a relação originária do arrendamento rural.”
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.946-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/06/2021 (Info
700).
Neste sentido, a alternativa A está incorreta na medida em que a morte de Amália não extinguiu o
usufruto automaticamente, necessitando o devido registro para produção dos referidos efeitos.
Ademais, a posse se transmite aos seus herdeiros, mesmo que injusta.
A alternativa B está incorreta. Segundo o entendimento do STJ, é possível dar continuidade à
remuneração por força do contrato de arrendamento.
Alternativa C está incorreta. Segundo o entendimento do STJ, a natureza da posse se alterou,
tornando-se injusta.
Alternativa D está correta. Está de acordo com o entendimento do STJ.
Alternativa E está incorreta. Segundo o entendimento do STJ, não se extinguiu a posse, apenas
alterando a sua natureza.
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(B) poderá compensar a condenação com a dívida em aberto de João, ainda que O prazo de
prescrição quinquenal, computado desde o vencimento de cada uma das parcelas, já tenha
se consumado;
(C) não poderá compensar a condenação com a dívida em aberto de João, porque o prazo
de prescrição quinquenal, computado desde o vencimento de cada parcela que deixou de
ser paga, já se consumou;
(D) poderá compensar a condenação com a dívida em aberto de João, porque o prazo de
prescrição é decenal, computado desde o vencimento antecipado das prestações;
(E) poderá compensar a condenação com a dívida em aberto de João, ainda que a prescrição
quinquenal, computada da data prevista para pagamento da última parcela, já tenha se
consumado.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Inicialmente, ressalta-se que o prazo prescricional aplicável às
parcelas em aberto do contrato do mútuo é quinquenal, nos termos do art. 206, § 5º, inciso I, do
CC, que dispõe: “Art. 206. Prescreve: § 5º Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas
líquidas constantes de instrumento público ou particular.”
Especificamente no que tange ao termo a quo incidente às parcelas inadimplidas no contrato de
mútuo, cujo vencimento veio a se antecipar, o STJ fixou entendimento segundo o qual “O
vencimento antecipado da dívida não enseja a alteração do termo inicial do prazo de prescrição,
que é contado da data do vencimento da última parcela” (STJ. REsp 1.408.664/PR. Min. Marco
Buzzi, julgado em 18/06/2018).
Assim, o erro da alternativa A está em afirmar que não será possível compensar a condenação da
dívida em aberto por ter se consumado o prazo prescricional. Uma vez que a data do vencimento
da última parcela da dívida seria dia 17/07/2017, o seu prazo prescricional findaria em 17/07/2022,
pelo que seria possível de se compensar com o crédito de 09/05/2021.
A alternativa B está incorreta. O erro da assertiva está em afirmar que o termo a quo do prazo
prescricional seria o vencimento de cada parcela.
A alternativa C está incorreta. O erro da assertiva está em afirmar que o termo a quo do prazo
prescricional seria o vencimento de cada parcela.
A alternativa D está incorreta. O erro da assertiva está em afirmar que o prazo prescricional é
decenal, computado do vencimento antecipado das prestações.
A alternativa E está correta. Alternativa conforme disposição legal e jurisprudencial.
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(E) pode ser divisível ou indivisível, a depender do contrato que o formalizou. Sendo divisível,
será possível a demanda de extinção do condomínio. Sendo indivisível, esta não será
possível.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. Trata-se da literalidade do art. 1.358-D, inciso I, CC, segundo o qual:
“O imóvel objeto da multipropriedade: I - é indivisível, não se sujeitando a ação de divisão ou de
extinção de condomínio”.
A alternativa B está incorreta. Trata-se de assertiva que contraria a literalidade do art. 1.358-D,
inciso I, CC.
A alternativa C está incorreta. A segunda parte da assertiva está incorreta, por afirmar que o imóvel
objeto de multipropriedade não se sujeita à demanda de extinção de condomínio, contrariando o
art. 1.358-D, inciso I, CC.
A alternativa D está incorreta. A primeira parte da assertiva está incorreta, por afirmar que o imóvel
objeto de multipropriedade é divisível, contrariando o art. 1.358-D, inciso I, CC.
A alternativa E está incorreta. A primeira parte da assertiva está incorreta, por afirmar que o imóvel
objeto de multipropriedade é divisível ou indivisível, contrariando o art. 1.358-D, inciso I, CC.
QUESTÃO 7. Quanto à pessoa com deficiência e à Lei de Inclusão, é correto afirmar que:
(A) pessoa com deficiência é aquela portadora de alguma limitação sensorial, intelectual ou
cognitiva, que a coloca em desigualdade de condições com as demais pessoas;
(B) a deficiência afeta a capacidade civil da pessoa, seja absolutamente, seja relativamente;
(C) pessoa com deficiência poderá ser submetida à internação forçada, desde que não esteja
sob curatela;
(D) pessoa com deficiência é aquela com impedimento de longo prazo, que, em interação
com alguma barreira, obsta a sua participação, em igualdade de condições, com as demais
pessoas;
(E) pessoa com deficiência não pode mais ser submetida à curatela, por ser juridicamente
capaz; pode, tão somente, ser colocada sob tomada de decisão apoiada.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. A Lei de Inclusão, Lei no 13.146/2015, dispõe em seu art. 2o que
“Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.”
A assertiva está incorreta por não trazer o conceito de deficiência tal qual estabelecido pela
legislação vigente.
A alternativa B está incorreta. Nos termos no art. 6º da Lei de Inclusão, a deficiência não afeta a
plena capacidade civil da pessoa.
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A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 11 da Lei de Inclusão, “ A pessoa com deficiência
não poderá ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a
institucionalização forçada”.
Alternativa D está correta. Trata-se do conceito trazido pelo art. 2º da Lei de Inclusão.
Assertiva E está incorreta. A possibilidade de curatela de pessoa com deficiência pode se extrair
de alguns dispositivos da Lei de Inclusão, tais como o parágrafo único do art. 11, bem como do art.
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QUESTÃO 8. Após a morte de seu pai, Alessandro cedeu para Dejair, por instrumento
particular, os quadros que eventualmente herdaria na divisão da herança. Nesse caso, é
correto afirmar que o negócio jurídico:
(A) que versa sobre a alienação de bens móveis, é existente, válido e eficaz;
(B) é nulo, por violação de forma prescrita em lei, de modo que não admite qualquer
aproveitamento ou convalidação;
(C) é anulável, por violação de forma prescrita em lei, mas admite sua conversão em
promessa de cessão;
(D) é nulo, por violação de forma prescrita em lei, mas admite sua conversão em promessa
de cessão;
(E) que versa sobre a alienação de bens móveis, é existente, válido e tem eficácia
subordinada a fato futuro e incerto, qual seja, Alessandro ser aquinhoado, na divisão, com
os quadros que alienou a Dejair.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Trata-se de negócio existente, válido e ineficaz. Neste sentido,
preceitua o art. 1.793 do CC: “O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha
o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública”, complementado pelo seu respectivo
§ 2º que: “É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da
herança considerado singularmente”.
A alternativa B está incorreta. Trata-se de negócio existente, válido e ineficaz, conforme art. 1.793,
caput e § 2º, do CC.
A alternativa C está incorreta. Trata-se de negócio existente, válido e ineficaz, conforme art. 1.793,
caput e § 2º, do CC.
A alternativa D está incorreta. Trata-se de negócio existente, válido e ineficaz, conforme art. 1.793,
caput e § 2º, do CC.
A alternativa E está correta. Trata-se de negócio existente, válido e ineficaz, conforme art. 1.793,
caput e § 2º, do CC. A ineficácia, na alternativa, está presente na menção à eficácia subordinada a
fato futuro e incerto.
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I. para Bruno, em 20/03/2014, mediante a celebração de escritura pública de compra e venda
jamais registrada;
II. para Carlos, em 20/04/2014, por promessa de compra e venda por instrumento particular,
prenotada no Registro de Imóveis em 25/04/2014 (quando já integralizado o preço) e
finalmente registrada, após o cumprimento das exigências cartoriais, em 25/05/2015;
III. para Dirce, por escritura pública de compra e venda, prenotada no Registro de Imóveis
em 26/04/2014 e finalmente registrada, após o cumprimento das exigências cartoriais, em
26/05/2014; e
IV. para Edir, pela outorga por mandato in rem suam, por escritura pública, em 21/03/2014.
Nesse cenário, instado, o oficial do Registro de Imóveis deverá reconhecer que o legítimo
proprietário do bem é:
(A) Aderbal;
(B) Bruno;
(C) Carlos;
(D) Dirce;
(E) Edir.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta. A transferência foi efetivada em favor de Carlos, não pertencendo
mais ao patrimônio de Aderbal.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 1.245 do CC, “Transfere-se entre vivos a
propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis”. Assim, uma vez que
a escritura pública de compra e venda não veio a ser registrada, não se consolidou a transferência
do imóvel.
A alternativa C está correta. A promessa de compra e venda de Carlos foi a primeira a ser
prenotada, prevalecendo esta, nos termos do art. 191 da Lei 6.015/1973: “Prevalecerão, para efeito
de prioridade de registro, quando apresentados no mesmo dia, os títulos prenotados no Protocolo
sob número de ordem mais baixo, protelando-se o registro dos apresentados posteriormente, pelo
prazo correspondente a, pelo menos, um dia útil.”
Alternativa D está incorreta. A escritura pública de compra e venda foi preanotada para 26/04/2014,
ou seja, posteriormente à prenotação de Carlos, prevalecendo o direito deste último.
Alternativa E está incorreta. A outorga de mandato in rem suam por escritura pública não possibilita,
por si só, a transferência de propriedade.
QUESTÃO 10. Maria, com 17 anos, tramou e executou o assassinato de seus pais, para que
pudesse ficar com a respectiva herança, avaliada em dezenas de milhões de reais. Pretendia,
com isso, prover uma vida de luxos à sua filha, Mariazinha, o que vinha sendo negado pelos
avós.
Nesse caso, é correto afirmar que:
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(A) se cometido por um maior de idade, o caso seria de deserdação, pela prática de homicídio
doloso contra os autores da herança; no entanto, tratando-se de ato infracional análogo
cometido por menor de idade, não é possível a interpretação extensiva para excluir Maria da
sucessão, diante da taxatividade do rol do Art. 1.962 do Código Civil;
(B) ainda que praticado por menor de idade, o ato infracional análogo ao homicídio doloso
cometido contra os autores da herança justifica a deserdação em uma leitura teleológica e
sistemática compatível com a taxatividade do rol do Art. 1.962 do Código Civil; nesse caso,
a herança passará a Mariazinha, como se a mãe fosse pré-morta;
(C) ainda que praticado por menor de idade, o ato infracional análogo ao homicídio doloso
cometido contra os autores da herança justifica o reconhecimento da indignidade em uma
leitura teleológica e sistemática compatível com a taxatividade do rol do Art. 1.814 do Código
Civil; nesse caso, a herança passará a Mariazinha, como se a mãe fosse pré-morta;
(D) se cometido por um maior de idade, o caso seria de indignidade, pela prática de homicídio
doloso contra os autores da herança; no entanto, tratando-se de ato infracional análogo
cometido por menor de idade, não é possível a interpretação extensiva para excluir Maria da
sucessão, diante da taxatividade do rol do Art. 1.814 do Código Civil;
(E) ainda que praticado por menor de idade, o ato infracional análogo ao homicídio doloso
cometido contra os autores da herança justifica o reconhecimento da indignidade em uma
leitura teleológica e sistemática compatível com taxatividade do rol do Art. 1.962 do Código
Civil; nesse caso, com a exclusão de sua mãe da sucessão, Mariazinha não poderá receber
nada, até porque isso representaria um aproveitamento da própria torpeza.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta. O STF fixou entendimento no sentido de ser possível a hipótese de
deserção em caso de ato infracional análogo ao homicídio doloso. Nestes termos: “Registra-se que
a exclusão do herdeiro que atenta contra a vida dos pais, cláusula geral com raiz ética, moral e
jurídica existente desde o direito romano, está presente na maioria dos ordenamentos jurídicos
contemporâneos e, no Brasil, possui, como núcleo essencial, a exigência de que a conduta ilícita
do herdeiro seja dolosa, ainda que meramente tentada, sendo irrelevante investigar se a motivação
foi ou não o recolhimento da herança. A finalidade da regra que exclui da sucessão o herdeiro que
atenta contra a vida dos pais é, a um só tempo, prevenir a ocorrência do ato ilícito, tutelando bem
jurídico mais valioso do ordenamento jurídico, e reprimir o ato ilícito porventura praticado,
estabelecendo sanção civil consubstanciado na perda do quinhão por quem praticá-lo. Assim, se o
enunciado normativo do art. 1.814, I, do CC/2002, na perspectiva teleológica-finalística, é de que
não terá direito à herança quem atentar, propositalmente, contra a vida de seus pais, ainda que a
conduta não se consuma, independentemente do motivo, a diferença técnico-jurídica entre o
homicídio doloso e o ato análogo ao homicídio doloso, conquanto relevante para o âmbito penal
diante das substanciais diferenças nas consequências e nas repercussões jurídicas do ato ilícito,
não se reveste da mesma relevância no âmbito civil, sob pena de ofensa aos valores e às
finalidades que nortearam a criação da norma e de completo esvaziamento de seu conteúdo” (STJ.
3ª Turma. REsp 1943848-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/02/2022 - Info 725).
A alternativa B está incorreta. Não se trata de hipótese de deserção, mas sim de indignidade, nos
termos do art. 1.814, inciso I, do CC: “Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou
legatários: I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa
deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou
descendente.”
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Alternativa C está correta. Alternativa que está de acordo com o julgado e com a legislação
supracitada.
Alternativa D está incorreto. Assertiva está incorreta por afirmar não ser possível a interpretação
extensiva do art. 1.814, inciso I, do CC para incluir a hipótese de ato infracional a homicídio doloso.
Alternativa E está incorreta. O erro está em afirmar que Mariazinha não poderá receber a herança.
QUESTÃO 11. Marcos nunca soube quem era seu pai. Entretanto, a mãe, antes de falecer,
decidiu lhe revelar o nome. Ao sabê-lo, descobriu que o apontado homem teria morrido há
alguns anos, em 10/07/2006. Havia sido um homem muito rico e teria deixado uma volumosa
herança. Como havia muitos bens a partilhar e discussão entre os herdeiros conhecidos à
época, o inventário arrastou-se por muitos anos, tendo transitado em julgado em 10/05/2015.
Em 07/06/2015, Marcos ajuíza demanda de investigação de paternidade a fim de provar sua
condição de filho. Foi julgada procedente e transitou em julgado em 07/12/2017. Em
12/12/2022, Marcos propõe ação de petição de herança.
Segundo a jurisprudência, a ação de petição de herança:
(A) está prescrita, já que o prazo para ajuizá-la é de dez anos, contado a partir da abertura da
sucessão;
(B) não está prescrita, já que o prazo para ajuizá-la é de dez anos, contado a partir do trânsito
em julgado da demanda de investigação de paternidade;
(C) está prescrita, já que o prazo para ajuizá-la é de cinco anos, contado da abertura da
sucessão;
(D) está prescrita, já que o prazo para ajuizá-la é de cinco anos, contado a partir do trânsito
em julgado da demanda de investigação de paternidade;
(E) não está prescrita, já que, assim como a ação de investigação de paternidade, é
imprescritível.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
Inicialmente, ressalta-se entendimento fixado pelo STF em sua Súmula 149, segundo o qual “É
imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança”.
Ademais, há de se ressaltar entendimento fixado pelo STJ segundo o qual “O prazo prescricional
para propor ação de petição de herança conta-se da abertura da sucessão” (Processo sob segredo
judicial, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Segunda Seção, por maioria, julgado em 26/10/2022 –
Info 757).
Por fim, depreende-se que o prazo prescricional para referida pretensão é de 10 anos, nos termos
do art. 205 do CC, por não haver prazo específico neste tocante.
Diante do exposto, a alternativa que contempla todos os fatores supracitados é a letra A.
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(C) apenas a superfície superior do imóvel pode ser cedida, como o nome faz supor;
(D) a constituição do direito de laje implica a concessão de fração ideal do terreno onde está
localizado;
(E) é negócio bifronte.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do art. 1.510-A, § 3º, “Os titulares da laje, unidade
imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor”.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 1.510-D, “Em caso de alienação de qualquer das
unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em igualdade de condições com terceiros, os
titulares da construção-base e da laje, nessa ordem, que serão cientificados por escrito para que
se manifestem no prazo de trinta dias, salvo se o contrato dispuser de modo diverso”.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 1.510-A, § 1º do CC, “O direito real de laje
contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção
vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou não
pertencentes ao proprietário da construção-base”.
A alternativa D está incorreta. Nos termos do art. 1.510-A, § 4º do CC, “A instituição do direito real
de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação
proporcional em áreas já edificadas”.
A alternativa E está correta. O direito real de laje pode ser oneroso ou gratuito, a depender da
vontade das partes.
QUESTÃO 13. Paul e Marie casaram-se. Ele é finlandês, com domicílio na Polônia. Ela é
americana, com domicílio no Canadá. No dia 14/01/2023 chegaram ao Brasil e no dia
15/01/2023 se casaram perante um notário de determinado Cartório de Registro Civil, em uma
praia deserta no nordeste do país, como sempre tinham sonhado. Logo no dia seguinte
partiram em lua de mel. Após, fixaram o primeiro domicílio do casal na República
Dominicana, país que escolheram para morar. Com base nos fatos narrados e na Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é correto afirmar que, quanto à formalidade do
casamento, a lei a ser aplicada é:
(A) finlandesa ou americana, a depender de onde pretendam registrar o casamento. Quanto
à possível invalidade do casamento, a lei a ser aplicada é a brasileira;
(B) polonesa ou canadense, a depender de onde pretendam registrar o casamento. Quanto
à possível invalidade do casamento, a lei a ser aplicada é a da República Dominicana;
(C) brasileira. Quanto à possível invalidade do casamento, a lei a ser aplicada é a da
República Dominicana;
(D) a da República Dominicana. Quanto à possível invalidade do casamento, a lei a ser
aplicada é a brasileira;
(E) brasileira. Quanto à possível invalidade do casamento, a lei a ser aplicada também é a
brasileira.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
13
95
A alternativa A está incorreta. Pela celebração ter ocorrido no Brasil, as formalidades serão regidas
pelas leis brasileiras, nos termos do art. 7º, § 1º, da LINDB: “Realizando-se o casamento no Brasil,
será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração”.
Por terem os nubentes fixado seu primeiro domicílio na República Dominicana, as leis do referido
país regerão a invalidade do matrimônio, nos termos do art. 7º, § 3º, da LINDB: “Tendo os nubentes
domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal”.
A alternativa B está incorreta. A assertiva está incorreta, uma vez que, pela celebração ter ocorrido
no Brasil, as formalidades serão regidas pelas leis brasileiras, nos termos do art. 7º, § 1º, da LINDB.
A alternativa C está correta. Assertiva que está conforme o art. 7º, §§ 1º e 3º, da LINDB,
supracitados.
A alternativa D está incorreto. A assertiva está incorreta, uma vez que, pela celebração ter ocorrido
no Brasil, as formalidades serão regidas pelas leis brasileiras, nos termos do art. 7º, § 1º, da LINDB.
Por terem os nubentes fixado seu primeiro domicílio na República Dominicana, as leis do referido
país regerão a invalidade do matrimônio, nos termos do art. 7º, § 3º, da LINDB.
A alternativa E está incorreta. Por terem os nubentes fixado seu primeiro domicílio na República
Dominicana, as leis do referido país regerão a invalidade do matrimônio, nos termos do art. 7º, §
3º, da LINDB.
QUESTÃO 14. Mário prometeu a seus três filhos, no bojo de ação de divórcio combinada com
partilha, que lhes doaria os imóveis em seu nome. O termo de homologação desse acordo
foi levado ao Registro Geral de Imóveis.
Nesse caso, com o registro da promessa de doação, verifica-se:
(A) a constituição de um ônus real stricto sensu sobre os imóveis;
(B) o estabelecimento de uma obrigação com eficácia real;
(C) a existência de uma obrigação natural;
(D) a afirmação de uma obrigação ambulatória ou propter rem;
(E) a criação de um direito potestativo em favor dos filhos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
O STJ fixou entendimento no sentido de que “1. Não constitui ato de mera liberalidade a promessa
de doação aos filhos como condição para a realização de acordo referente à partilha de bens em
processo de separação ou divórcio dos pais, razão pela qual pode ser exigida pelos beneficiários
do respectivo ato. 2. A sentença homologatória de acordo celebrado por ex-casal, com a doação
de imóvel aos filhos comuns, possui idêntica eficácia da escritura pública. 3. Possibilidade de
expedição de alvará judicial para o fim de se proceder ao registro do formal de partilha.” (STJ, Resp.
1.537.287/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, , julgado em 28/10/2016).
Nestes termos, estabeleceu-se uma obrigação com eficácia real, conforme previsto na letra B.
QUESTÃO 15. André, tendo constituído advogado particular, ajuizou, em face de Bernardo e
de Carlos, ação de cobrança de uma obrigação derivada de contrato que havia celebrado
com ambos.
14
95
Instaurado o processo eletrônico e promovido o juízo positivo de admissibilidade da
demanda, ambos os réus foram validamente citados, tendo Bernardo apresentado peça
contestatória por meio do órgão da Defensoria Pública. Carlos, por sua vez, constituiu
advogado particular, havendo também ofertado peça de bloqueio.
Concluída a fase da instrução probatória, o juiz da causa proferiu sentença em que acolhia
o pedido formulado na petição inicial, condenando ambos os réus a pagar o débito ali
apontado. Vinte dias úteis depois da intimação pessoal do defensor público, Bernardo
interpôs recurso de apelação, perseguindo a reforma integral da sentença, com a
consequente rejeição do pedido de cobrança.
Na sequência André foi intimado a ofertar contrarrazões ao apelo de Bernardo, o que fez
quinze dias úteis depois do ato intimatório. E, na mesma data, protocolizou André recurso
de apelação, na modalidade adesiva, em que pugnou pela reforma parcial da sentença, tão
somente para que se modificasse o capítulo do julgado referente aos ônus da sucumbência,
que, em sua ótica, padecia de equívoco.
Quanto a Carlos, este, por meio de seu advogado, manejou recurso de apelação vinte e dois
dias úteis depois de sua intimação do teor da sentença. Requereu ele, em suas razões
recursais, a reforma integral do julgado, com a declaração de improcedência do pedido de
cobrança.
É correto afirmar, nesse quadro, que:
(A) os três recursos de apelação devem ser conhecidos;
(B) nenhum dos três recursos de apelação deve ser conhecido;
(C) os recursos de apelação de Bernardo e Carlos devem ser conhecidos, mas não o de
André;
(D) o recurso de apelação de Carlos deve ser conhecido, mas não os de Bernardo e André;
(E) os recursos de apelação de Bernardo e André devem ser conhecidos, mas não o de
Carlos.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. O recurso de Carlos não deve ser conhecido, por ser intempestivo,
uma vez não interposto no prazo de 15 dias, tal qual preceitua o art. 1.003, §5º, do CPC:
“Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes
é de 15 (quinze) dias”.
A alternativa B está incorreta. O recurso de Bernardo e André deve ser conhecido. O recurso de
Bernardo deve ser conhecido, uma vez que foi beneficiado pelo prazo em dobro em razão de ser
patrocinado pela Defensoria Pública (art. 186, CPC: “A Defensoria Pública gozará de prazo em
dobro para todas as suas manifestações processuais”). O recurso de André deve ser conhecido,
vez que interposto na modalidade adesiva (art. 997, inciso II, do CPC: “O recurso adesivo fica
subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos
requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado,
ainda, o seguinte: II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial”).
A alternativa C está incorreta. O recurso de Carlos não deve ser conhecido, por ser intempestivo,
uma vez não interposto no prazo de 15 dias, tal qual preceitua o art. 1.003, §5º, do CPC. O recurso
15
95
de André deve ser conhecido, vez que interposto na modalidade adesiva, nos termos do art. 997,
inciso II, do CPC.
A alternativa D está incorreta. O recurso de Carlos não deve ser conhecido, por ser intempestivo,
uma vez não interposto no prazo de 15 dias, tal qual preceitua o art. 1.003, §5º, do CPC. O recurso
de André deve ser conhecido, vez que interposto na modalidade adesiva, nos termos do art. 997,
inciso II, do CPC. O recurso de Bernardo deve ser conhecido, uma vez que foi beneficiado pelo
prazo em dobro em razão de ser patrocinado pela Defensoria Pública, nos termos do art. 186, CPC.
A alternativa E está correta.
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A alternativa D está incorreta. Trata-se de competência absoluta, nos termos do art. 47, caput e §
1º, do CPC.
A alternativa E está correta. Trata-se de competência absoluta, nos termos do art. 47, caput e § 1º,
do CPC. Dada a competência absoluta, cumpre ao juiz remeter os autos para o juízo competente
de ofício, nos termos do art. 64, §§ 1º e 3º, do CPC.
QUESTÃO 17. Em execução por título extrajudicial ajuizada em face de dois irmãos, os
executados foram citados para efetuar o pagamento do débito no prazo de três dias, sob
pena de penhora de bens. Porém, ambos os executados têm interesse em se defender, pois
um deles entende que existe excesso de execução e o outro considera que a penhora
realizada restou incorreta.
Diante dessa situação hipotética, é correto afirmar que:
(A) a alegação de penhora incorreta pode ser manejada via embargos à execução, no prazo
legal, ou por simples petição, no prazo de quinze dias, contado da ciência do ato;
(B) o prazo para cada um dos embargados oferecer embargos à execução conta-se a partir
da juntada do último mandado de citação;
(C) a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução pressupõe o preenchimento
dos requisitos da tutela provisória e independe da garantia do juízo;
(D) os embargos à execução têm cognição reduzida e, portanto, os executados não podem
alegar todas as matérias de defesa que lhes seria lícito deduzir em processo de
conhecimento;
(E) a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução impedirá a efetivação dos
atos de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. A alegação de penhora incorreta está prevista no rol de matérias
alegáveis mediante embargos à execução, nos termos do art. 917, inciso II, do CPC: “Nos embargos
à execução, o executado poderá alegar: II - penhora incorreta ou avaliação errônea”. Caso se
verifique penhora posterior ao momento dos embargos à execução, “A incorreção da penhora ou
da avaliação poderá ser impugnada por simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da
ciência do ato”, nos termos do art. 917, § 1º, do CPC.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 915, § 3º, do CPC, “Em relação ao prazo para
oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229”.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 919, § 1º, do CPC, “O juiz poderá, a requerimento
do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos para a
concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito
ou caução suficientes”.
A alternativa D está incorreta. Nos termos do art. 917, inciso VI, do CPC: “Nos embargos à
execução, o executado poderá alegar: VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa
em processo de conhecimento”.
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95
A alternativa E está incorreta. Nos termos do art. 919, § 5º, do CPC: “A concessão de efeito
suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de redução da
penhora e de avaliação dos bens”.
QUESTÃO 18. Tendo sido atingido e ferido por um objeto arremessado da janela do
apartamento de um determinado prédio, Antônio, após identificar a unidade responsável,
apurou, mediante pesquisa realizada junto à serventia imobiliária, que o imóvel pertencia a
Pedro, um menor absolutamente incapaz.
Intentada a ação indenizatória, a que se seguiu o seu juízo positivo de admissibilidade, o
oficial de justiça incumbido da diligência citatória certificou não ter localizado nem Pedro,
nem os respectivos representantes legais.
Concluindo que o réu se encontrava em local ignorado, o juiz da causa determinou a sua
citação por edital, sem que, após a sua efetivação, tivesse sido apresentada aos autos
qualquer resposta.
É correto afirmar, nesse contexto, que o juiz deverá:
(A) suspender o curso do feito, até que o réu oferte a sua manifestação, não podendo tal
suspensão exceder o prazo de seis meses;
(B) expedir ofício à Ordem dos Advogados do Brasil, solicitando-lhe que indique profissional
habilitado a elaborar contestação em nome do réu, diante da incapacidade deste;
(C) determinar a abertura de vista dos autos ao Ministério Público, cuja intervenção no feito,
em razão da presença de incapaz, torna dispensável a intimação do curador especial;
(D) decretar a revelia do réu e determinar a abertura de vista dos autos ao curador especial,
a quem é vedado suscitar questões preliminares, salvo a de nulidade do ato citatório;
(E) decretar a revelia do réu e determinar a abertura de vista dos autos ao curador especial,
a quem não toca o ônus da impugnação especificada dos fatos alegados na petição inicial.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do art. 72, inciso II, do CPC: “O juiz nomeará curador
especial ao: II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto
não for constituído advogado”.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 72, parágrafo único, do CPC: “A curatela especial
será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei”.
A alternativa C está incorreta. O STJ decidiu que, quando o Ministério Público atuar na defesa de
incapaz menor, será dispensada a intervenção da Defensoria. Nestes termos: “A Turma firmou
entendimento de que é desnecessária a intervenção da Defensoria Pública como curadora especial
do menor na ação de destituição de poder familiar ajuizada pelo Ministério Público. Na espécie,
considerou-se inexistir prejuízo aos menores apto a justificar a nomeação de curador especial.
Segundo se observou, a proteção dos direitos da criança e do adolescente é uma das funções
institucionais do MP, consoante previsto nos arts. 201 a 205 do ECA. Cabe ao referido órgão
promover e acompanhar o procedimento de destituição do poder familiar, atuando o representante
do Parquet como autor, na qualidade de substituto processual, sem prejuízo do seu papel como
fiscal da lei. Dessa forma, promovida a ação no exclusivo interesse do menor, é despicienda a
participação de outro órgão para defender exatamente o mesmo interesse pelo qual zela o autor da
18
95
ação” (STJ, Ag 1.369.745-RJ, DJe 13/12/2011. REsp 1.176.512-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 1º/3/2012 – Info 492). Como se pode depreender, referida decisão aplica-se quando o
Ministério Público efetua a defesa do incapaz, não quando se trata de atuação custus legis.
A alternativa D está incorreta. Nos termos do art. 72, inciso II, do CPC: “O juiz nomeará curador
especial ao: II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto
não for constituído advogado”.
A alternativa E está correta. Nos termos do art. 72, inciso II, do CPC: “O juiz nomeará curador
especial ao: II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto
não for constituído advogado”. Além disso, dispõe o art. 341, parágrafo único, do CPC: “O ônus da
impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao
curador especial”.
19
95
CPC dispõe que “A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo
processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.”
A alternativa B está incorreta. Comporta juízo de retratação, nos termos do art. 485, § 7º, do CPC.
A alternativa C está incorreta. O erro está em afirmar que não dará provimento ao recurso, vez que
o art. 785 do CPC dispõe que “A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de
optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.”
A alternativa D está incorreta. Comporta juízo de retratação, nos termos do art. 485, § 7º, do CPC.
A alternativa E está incorreta. Possível a interposição de apelação, nos termos do art. 485, o § 7º,
do CPC.
QUESTÃO 20. João apresentou uma petição inicial com pedido de tutela cautelar em caráter
antecedente, com o objetivo de impedir a realização de uma reunião de sócios da sociedade
WXYZ, que integra como sócio, alegando que as regras da sociedade não foram observadas
na respectiva convocação.
Diante dessa situação jurídica específica, é correto afirmar que:
(A) se a tutela cautelar for deferida e efetivada, João deverá aditar a petição inicial, com a
complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do
pedido de tutela final, no prazo de quinze dias, mediante o recolhimento de novas custas;
(B) não sendo contestado o pedido cautelar pelos réus no prazo de cinco dias, os fatos
alegados por João presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz
decidirá dentro de cinco dias;
(C) se a tutela cautelar for deferida, efetivada e estabilizada, o direito de rever, reformar ou
invalidar a tutela estabilizada extingue-se após dois anos, contados da ciência da decisão
que extinguiu o processo;
(D) a eficácia da tutela cautelar cessa se não for efetivada dentro de trinta dias. Uma vez
cessada a eficácia da tutela cautelar, João poderá renovar o pedido, ainda que sob o mesmo
fundamento:
(E) o indeferimento da tutela cautelar impede que João formule O pedido principal no prazo
legal, uma vez que o deferimento do pedido cautelar é pressuposto para a análise do pedido
principal.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do art. 308 do CPC: “Efetivada a tutela cautelar, o pedido
principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado
nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento
de novas custas processuais.”
A alternativa B está correta. Nos termos do art. 307 do CPC: “Não sendo contestado o pedido, os
fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz
decidirá dentro de 5 (cinco) dias.”
A alternativa C está incorreta. É cabível a estabilização da tutela quando se trata de tutela
antecipada em caráter antecedente, nos termos do art. 304 do CPC: “A tutela antecipada, concedida
20
95
nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o
respectivo recurso.”
A alternativa D está incorreta. Nos termos do art. 309, parágrafo único, do CPC: “Se por qualquer
motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo
fundamento.”
A alternativa E está incorreta. Nos termos do art. 310 do CPC: O indeferimento da tutela cautelar
não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o
motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.”
QUESTÃO 21. Ajuizada uma ação monitória objetivando o adimplemento de uma obrigação
de fazer estabelecida em contrato firmado entre as partes, o réu se defendeu alegando
exceção de contrato não cumprido e ofereceu reconvenção visando à condenação do autor
ao pagamento da multa contratual.
Diante dessa situação hipotética, é correto afirmar que:
(A) a reconvenção deve ser julgada extinta, pois a ação monitória não admite o oferecimento
de reconvenção;
(B) a ação principal deve ser julgada extinta, conhecendo-se apenas a reconvenção, pois não
se pode pleitear obrigação de fazer pela via da ação monitória;
(C) a oposição dos embargos suspende a eficácia do mandado monitório até o julgamento
em segundo grau, Independentemente de prévia segurança do juízo;
(D) a critério do juiz, os embargos serão autuados em apartado, se parciais, constituindo-se
de pleno direito o título executivo judicial em relação à parcela incontroversa;
(E) se o réu optasse por cumprir a obrigação de fazer no prazo assinalado, deixando de
contestar reconvir, seria beneficiado pela sanção premial consistente na redução dos
honorários advocatícios pela metade.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Nos termos da Súmula 292 do STJ: “A reconvenção é cabível na
ação monitória, após a conversão do procedimento em ordinário.”
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 700, inciso III, do CPC: “A ação monitória pode
ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo,
ter direito de exigir do devedor capaz: III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer”.
A alternativa C está incorreta. O réu poderá por embargos monitórios independente de prévia
segurança, nos termos do art. 702 do CPC: “Independentemente de prévia segurança do juízo, o
réu poderá opor, nos próprios autos, no prazo previsto no art. 701 , embargos à ação monitória”.
A alternativa D está correta. Nos termos do art. 702, § 7º, do CPC: “A critério do juiz, os embargos
serão autuados em apartado, se parciais, constituindo-se de pleno direito o título executivo judicial
em relação à parcela incontroversa”.
A alternativa E está incorreta. Nos termos do art. 701, § 1º, do CPC: “O réu será isento do
pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo”.
21
95
QUESTÃO 22. Marcos, juiz de Direito, recebeu uma ação recém-distribuída para analisar o
pedido de tutela provisória. Porém, depois de ler a petição inicial, observou que o nome do
advogado era familiar e lembrou que André, o advogado, é seu primo, filho de seu tio Olavo,
irmão de sua mãe.
Diante dessa situação, é correto afirmar que:
(A) por ser parente de quarto grau, o juiz Marcos pode conduzir o processo normalmente;
(B) por ser parente de quarto grau, o juiz Marcos deve declarar seu impedimento, declinando
as razões;
(C) por ser parente de quarto grau, o juiz Marcos deve declarar seu impedimento, sem
necessidade de manifestar suas razões;
(D) por ser parente de quarto grau, o juiz Marcos não pode declarar sua suspeição, sem
prévia provocação das partes;
(E) o juiz Marcos não teria impedimento para apreciar a tutela provisória, mas apenas estaria
impedido para o julgamento de mérito.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. Nos termos do art. 144, inciso III, do CPC: “Há impedimento do juiz,
sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: III - quando nele estiver postulando, como
defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou
qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive”.
Assim, o impedimento se aplica aos parentes de até terceiro grau, não se aplicando a André.
A alternativa B está incorreta. O impedimento se aplica aos parentes de até terceiro grau, não se
aplicando a André.
A alternativa C está incorreta. O impedimento se aplica aos parentes de até terceiro grau, não se
aplicando a André.
A alternativa D está incorreta. Não se trata de impedimento e nem suspeição.
A alternativa E está incorreta. O impedimento se aplica aos parentes de até terceiro grau, não se
aplicando a André.
22
95
É correto afirmar, nesse contexto, que o juiz agiu:
(A) equivocadamente, pois o julgamento antecipado parcial do mérito pressupõe o
reconhecimento de obrigação líquida, sendo a sua decisão impugnável por recurso de
apelação;
(B) acertadamente, pois o julgamento antecipado parcial do mérito pode ocorrer com o
reconhecimento de obrigação liquida ou ilíquida, sendo a sua decisão impugnável por
recurso de apelação;
(C) equivocadamente, pois o julgamento antecipado parcial do mérito pressupõe o
reconhecimento de obrigação liquida, sendo a sua decisão impugnável por recurso de
agravo de instrumento;
(D) acertadamente, pois o julgamento antecipado parcial do mérito pode ocorrer com o
reconhecimento de obrigação liquida ou ilíquida, sendo a sua decisão impugnável por
recurso de agravo de instrumento;
(E) equivocadamente, pois o julgamento antecipado parcial do mérito pressupõe o
reconhecimento de obrigação líquida, não sendo a sua decisão impugnável por via recursal
típica.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. É possível sentença ilíquida em sede de julgamento antecipado
parcial de mérito. Nos termos do art. 356, § 1º, do CPC: “A decisão que julgar parcialmente o mérito
poderá reconhecer a existência de obrigação líquida ou ilíquida.”
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 356, § 5º, do CPC: “A decisão proferida com base
neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.”
A alternativa C está incorreta. É possível sentença ilíquida em sede de julgamento antecipado
parcial de mérito. Nos termos do art. 356, § 1º, do CPC. Nos termos do art. 356, § 5º, do CPC, é
cabível agravo de instrumento.
A alternativa D está correta. É possível sentença líquida e ilíquida em sede de julgamento
antecipado parcial de mérito. Nos termos do art. 356, § 1º, do CPC. Nos termos do art. 356, § 5º,
do CPC, é cabível agravo de instrumento.
A alternativa E está incorreta. É possível sentença ilíquida em sede de julgamento antecipado
parcial de mérito. Nos termos do art. 356, § 1º, do CPC. Nos termos do art. 356, § 5º, do CPC, é
cabível agravo de instrumento.
23
95
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. Nos termos do art. 98 do CPC: “A pessoa natural ou jurídica, brasileira
ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.”
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 99, § 4º, do CPC: “A assistência do requerente
por advogado particular não impede a concessão de gratuidade da justiça.”
A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 99, § 7º, do CPC: “O direito à gratuidade da justiça
é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e
deferimento expressos.”
A alternativa D está incorreta. Nos termos do art. 98, § 4º, do CPC: “A concessão de gratuidade
não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários
advocatícios decorrentes de sua sucumbência.”
A alternativa E está incorreta. Nos termos do art. 1.015, inciso C, do CPC: “Art. 1.015. Cabe agravo
de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: V - rejeição do pedido de
gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação”
QUESTÃO 25. Caio intentou ação de reintegração de posse em face de Tício alegando que
este ocupava indevidamente o seu imóvel havia mais de dois anos. Embora reconhecendo
que a ação possessória que então ajuizava não era de força nova, Caio formulou em sua
petição inicial requerimento de medida liminar, aferrando-se ao argumento de que o esbulho
perpetrado por Tício lhe vinha causando enormes prejuízos financeiros, que inclusive
estavam comprometendo a sua subsistência.
A despeito do juízo positivo de admissibilidade da demanda, o juiz da causa indeferiu a
liminar vindicada. Depois de ofertadas a peça contestatória e as petições em que ambas as
partes especificavam as provas que pretendiam ver produzidas, Caio apresentou nova
petição, na qual atribuía a Tício em sua ótica, a prática de condutas processuais que,
evidenciavam abuso do direito de defesa e propósito manifestamente protelatório.
O autor da ação concluiu o seu arrazoado com o requerimento de decretação imediata de
sua reintegração de posse em relação ao imóvel objeto da ação. Apreciando os novos
argumentos de Caio, o juiz da causa concluiu pela sua solidez, razão por que deferiu o seu
pleito, para decretar a tutela provisória vindicada.
No tocante à primeira tutela provisória requerida por Caio, indeferida, e à segunda, deferida,
é correto afirmar que as suas naturezas jurídicas são, respectivamente, de:
(A) tutela cautelar e tutela antecipada de urgência;
(B) tutela cautelar e tutela antecipada da evidência;
(C) tutela antecipada de urgência e tutela antecipada da evidência;
(D) tutela antecipada da evidência e tutela antecipada de urgência;
(E) tutela antecipada da evidência e tutela antecipada da evidência.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
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A primeira tutela provisória requerida, ora indeferida, diz respeito à tutela antecipada de urgência,
com fundamento no art. 303 do CPC: “Nos casos em que a urgência for contemporânea à
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à
indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.”
A segunda tutela provisória requerida, ora deferida, refere-se à tutela antecipara de evidência, nos
termos do art. 311, inciso I, do CPC: “311. A tutela da evidência será concedida, independentemente
da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar
caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte.”
Motivo pelo qual a única alternativa correta é a letra C.
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95
A alternativa E está incorreta. Nos termos do art. 4º, § 3º, da Lei 8437/92: “Do despacho que
conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será levado a
julgamento na sessão seguinte a sua interposição.”
QUESTÃO 27. A partir de um contrato empresarial, firmado entre duas pessoas Jurídicas,
houve o ajuizamento de uma primeira ação discutindo cláusulas contratuais.
Posteriormente, foi distribuída nova ação decorrente do mesmo contrato. Essa nova ação foi
distribuída por dependência, pois o autor entendeu que havia risco de decisões conflitantes.
O juiz da causa, por sua vez, determinou que o segundo processo fosse submetido à livre
distribuição. Posteriormente, o juízo que recebeu a segunda ação entendeu pela
necessidade de reunião dos processos, ante o risco de decisões conflitantes, consistente
em interpretações diversas ao mesmo contrato, e determinou a devolução dos autos ao juízo
que primeiramente recebeu a ação, sem suscitar conflito negativo de competência.
Diante do exposto, é correto afirmar que:
(A) o autor da ação deve instar o magistrado que devolveu os autos a suscitar conflito
negativo de competência, pois a iniciativa é privativa dos juízes;
(B) o conflito de competência instaurado pelo juiz, por oficio, deve ser instruído com os
documentos necessários a comprovar a existência do conflito;
(C) o relator do conflito negativo de competência poderá designar um juízo para definir as
questões urgentes, desde que haja requerimento de uma das partes;
(D) as regras que autorizam o julgamento monocrático pelo relator não se aplicam ao conflito
de competência, em razão da natureza e das peculiaridades do incidente;
(E) ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juízo competente, mas não se pronunciará
sobre a validade dos atos do juiz incompetente, incumbência que ficará a cargo do juiz
declarado competente.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do art. 951 do CPC: “ O conflito de competência pode ser
suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz.”
A alternativa B está correta. Nos termos do art. 953, inciso I, do CPC: “O conflito será suscitado ao
tribunal: I - pelo juiz, por ofício.”
A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 955 do CPC: “O relator poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positivo, o sobrestamento
do processo e, nesse caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para
resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes.”
A alternativa D está incorreta. Não há ressalva quanto a decisões monocráticas em sede de conflito
de competência.
A alternativa E está incorreta. Nos termos do art. 957 do CPC: “Ao decidir o conflito, o tribunal
declarará qual o juízo competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo
incompetente.”
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95
QUESTÃO 28. José, servidor público de determinado Município, ajuizou mandado de
segurança para impugnar a validade de ato que lhe impusera uma sanção disciplinar, na
esteira de apuração de falta funcional em processo administrativo.
O impetrante alegou, como causa petendi, não ter perpetrado o ilícito funcional que a
Administração Pública lhe havia atribuído. Apreciando a petição inicial, o juiz da causa, além
de proceder ao juízo positivo de admissibilidade da demanda, deferiu a medida liminar
requerida na exordial, decretando a suspensão da eficácia da penalidade aplicada em
desfavor do impetrante.
Depois de prestadas as informações pela autoridade impetrada e de ofertada a peça
impugnativa pela pessoa juridica de direito público, Luiz, outro servidor público do mesmo
Município, requereu o seu ingresso no polo ativo da relação processual, com a extensão, em
seu favor, da medida liminar deferida initio litis.
Para tanto, Luiz se valeu de linha argumentativa similar à de José, isto é, a de que havia sido
sancionado pela Administração, embora não tivesse cometido qualquer ilícito funcional.
Conquanto houvesse, a um primeiro momento, deferido o ingresso de Luiz no polo ativo da
demanda, o juiz da causa, reexaminando o tema, reconsiderou o seu posicionamento
anterior, determinando a sua exclusão do feito.
Após a vinda aos autos da manifestação conclusiva do Ministério Público, foi proferida
sentença de mérito, na qual se concedeu a segurança vindicada por José, invalidando-se a
penalidade que lhe fora imposta. Não constou do decisum a condenação da Fazenda Pública
ao pagamento da verba honorária sucumbencial.
Nesse cenário, é correto afirmar que:
(A) a decisão concessiva da medida liminar proferida em favor de José é insuscetível de
impugnação por via recursal típica;
(B) a sentença prolatada não está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório;
(C) caso a autoridade impetrada interponha, em nome próprio, apelação para impugnar a
sentença, o juízo a quo deverá inadmitir o recurso, por falta de legitimidade recursal;
(D) caso Luiz pretenda se insurgir contra a decisão que o excluiu do feito, caber-lhe-á
interpor agravo de instrumento, o qual deverá ser conhecido, porém desprovido pelo órgão
ad quem;
(E) caso José interponha embargos de declaração para que conste da sentença o
reconhecimento da obrigação da Fazenda Pública de pagar honorários de sucumbência, o
juiz deverá dar provimento ao recurso, incluindo a condenação a tal título.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do art. 7º, § 1º, da Lei 12.016/09: “Da decisão do juiz de
primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o
disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.”
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 14 da Lei 12.016/09: “Da sentença, denegando
ou concedendo o mandado, cabe apelação.”
A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 14, §2º, da Lei 12.016/09: “Estende-se à
autoridade coatora o direito de recorrer.”
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A alternativa D está correta. Nos termos do art. 1.015, inciso VII, do CPC: “Cabe agravo de
instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: VII - exclusão de litisconsorte”.
A alternativa E está incorreta. Nos termos do art. 25 da Lei 12.016/09: “Não cabem, no processo de
mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a condenação ao pagamento
dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-
fé.”
QUESTÃO 29. Os parentes e sucessores de setenta e cinco idosos, que sofreram maus-
tratos, tortura e insegurança alimentar durante o tempo em que permaneceram numa casa
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95
de acolhimento, decidiram constituir uma associação para buscar reparação civil dos
responsáveis e da pessoa jurídica mantenedora da casa de repouso.
A associação referida, ainda em organização, ajuizou, em nome próprio e no interesse das
vítimas e dos sucessores dos idosos falecidos, ação civil coletiva de responsabilidade pelos
danos individualmente sofridos, mas de natureza homogênea.
Consoante as disposições do Código de Defesa do Consumidor em relação à legitimidade
para ações coletivas na defesa de interesses individuais homogêneos, é correto afirmar que:
a) carece de legitimidade a associação em organização em razão da ausência de pré-
constituição, pois o Código de Defesa do Consumidor somente permite que as entidades e
órgãos da administração pública direta, sem personalidade jurídica, possam propor ação
coletiva e desde que destinados à defesa dos interesses e direitos do consumidor.
b) embora o requisito de pré-constituição seja uma exigência legal para as associações
legalmente constituídas proporem ação coletiva para defesa de direitos individuais
homogêneos, ele pode ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a
ser protegido.
c) carece de legitimidade a associação em organização em razão da ausência de pré-
constituição, pois o Código de Defesa do Consumidor somente permite a propositura de
ação coletiva, mediante prévia autorização do órgão deliberativo, por pessoas jurídicas
legalmente constituídas há pelo menos seis meses.
d) embora o requisito de pré-constituição seja uma exigência legal para as associações
legalmente constituídas proporem ação coletiva para defesa de direitos individuais
homogêneos, ele pode ser dispensado pelo juiz desde que a autora preste caução ao
pagamento de custas e honorários advocatícios, em caso de sucumbência.
e) carece de legitimidade a associação em organização, pois a ação coletiva para defesa de
direitos individuais homogêneos somente pode ser proposta, concorrentemente, pelo
Ministério Público ou pela União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal e suas
autarquias.
Comentários:
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta, porque o art. 82, III, do CDC elenca não apenas os órgãos da
administração direta, como também da administração indireta: “ III - as entidades e órgãos da
Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente
destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;”
A alternativa B está correta, conforme previsão do art. 82, §1º, do CDC, segundo o qual: “§ 1° O
requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e
seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido”.
A alternativa C está incorreta, porque não é necessário autorização dos beneficiários nas ações
coletivas, tampouco do órgão deliberativo (assembleia) de toda e qualquer pessoa jurídica e, ainda
por cima, prevê prazo errado. O art. 82, IV, do CDC prevê o prazo de pré-constituição de um ano,
e não de seis meses: “IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código,
dispensada a autorização assemblear.”
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A alternativa D está incorreta, porque a prestação de caução não é requisito legal do art 82, §1º do
CDC: “O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts.
91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica
do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido”.
A alternativa E está incorreta, já que o art. 82, I a IV, do CDC enumera, além do Ministério Público,
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal e suas autarquias, também as demais
entidades da administração pública indireta, sem distinção, e as associações legalmente
constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
QUESTÃO 30. Anauri ajuizou ação de responsabilidade civil em face de Sonorização Sonora
Ltda., para reparação de danos decorrentes de vício do serviço de sonorização da cerimônia
e festa de seu casamento. A prestação do serviço foi péssima e frustrou a expectativa do
contratante em razão de vícios de qualidade dos equipamentos e atraso na montagem e
desmontagem da estrutura de sonorização. No curso da ação foi decretada a falência da ré.
Consoante as disposições do Código de Defesa do Consumidor, na ação de
responsabilidade civil do fornecedor de serviços, o administrador judicial deverá proceder
da seguinte forma:
a) informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador.
b) incluir o crédito no quadro geral de credores para futuro pagamento, em caso de
procedência do pedido. Caso haja seguro de responsabilidade, deve denunciar a lide à
seguradora e ao IRB Brasil Resseguros S/A, por se tratar de litisconsórcio necessário.
c) informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, a
denunciação da lide ao IRB Brasil Resseguros S/A.
d) integrar a lide como substituto processual e, se houver seguro de responsabilidade,
poderá chamar ao processo tanto o segurador quanto o IRB Brasil Resseguros S/A.
e) incluir o crédito do consumidor no quadro geral de credores para futuro pagamento, em
caso de procedência do pedido, sendo-lhe facultado denunciar a lide à seguradora, caso
haja seguro de responsabilidade.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta, conforme dispõe o art. 101, II, do CDC: “II - o réu que houver contratado
seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do
contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar
procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu
houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro de
responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil
e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.”
A alternativa B está incorreta, conforme dispõe o art. 101, II, do CDC: “II - o réu que houver
contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a
integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que
julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se
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o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro de
responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil
e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.”
A alternativa C está incorreta, porque não cabe denunciação da lide ao IRB Brasil Resseguros S/A,
conforme dispõe o art. 101, II, do CDC: “II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade
poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de
Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu
nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico
será intimado a informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso
afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a
denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório
com este.”
A alternativa D está incorreta, uma vez que cabe o chamamento apenas do segurador e não do IRB
Brasil Resseguros S/A, conforme dispõe o art. 101, II, do CDC: “II - o réu que houver contratado
seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do
contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar
procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu
houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro de
responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil
e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.”
A alternativa E está incorreta, porque não cabe denunciação a lida à seguradora, mas sim o
chamamento da seguradora, conforme dispõe o art. 101, II, do CDC: “II - o réu que houver
contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a
integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que
julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se
o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro de
responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização
diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil
e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.”
31
95
Com base na narrativa e à luz da Lei nº 8.078/1990, é correto afirmar que:
a) independentemente de a colisão ter sido dianteira ou traseira, o produto é considerado
defeituoso quando não oferece a segurança que dele se espera; logo, deve ser julgado
procedente o pedido da consumidora.
b) tanto o fabricante dos freios quanto a concessionária de veículos são solidariamente
responsáveis, independentemente de culpa, perante Inocência pelos produtos postos em
circulação.
c)a ação indenizatória não poderia ter sido proposta em face do fabricante, pois quem
responde por eventual defeito dos freios ABS é a concessionária, na condição de vendedora
do veículo.
d) o juiz não poderia ter negado o pedido de inversão do ônus da prova contra o fabricante
por ser um direito básico em razão da vulnerabilidade técnica e econômica da consumidora.
e) os freios ABS não podem ser considerados defeituosos, pois Inocência conseguiu evitar
o atropelamento, e a prova técnica comprovou que a lesão sofrida por ela decorre de colisão
traseira com o seu automóvel.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, porque a posição da colisão é relevante para verificar se houve ou
não culpa exclusiva de terceiro, hipótese que configura excludente da responsabilidade objetiva,
além da previsão expressa do art. 12, §1º, do CDC, para levar em consideração circunstâncias
relevantes: “O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se
espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua
apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi
colocado em circulação.”
A alternativa B está incorreta, uma vez que o caso enquadra-se em uma das excludentes de
responsabilidade. Contudo, caso houvesse responsabilidade, esta seria solidária nos termos do art.
12 do CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”
A alternativa C está incorreta, porque a responsabilidade, caso existisse, seria solidária nos termos
do art. 12 do CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”
A alternativa D está incorreta, porque a inversão do ônus da prova não é automática no CDC,
segundo o art. 6º, VIII: “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. Isto é, cabe a
inversão quando a alegação for verossímil ou o consumidor for hipossuficiente. A hipossuficiência
do consumidor é analisada caso a caso, diferente da vulnerabilidade presumida.
32
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A alternativa E está correta, uma vez que o art. 12, §3º, do CDC elenca as hipóteses de excludente
da responsabilidade objetiva do fabricante, entre elas, a culpa exclusiva de terceiro, como o caso
em tela, no qual o terceiro (veículo que colidiu na traseira) não conseguiu frear a tempo de evitar a
colisão: “O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando
provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no
mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
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QUESTÃO 33. O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990) tem regras próprias
para a defesa em juízo dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas,
destacando-se os efeitos da coisa julgada das sentenças proferidas em ações coletivas.
Sobre esse tema, é correto afirmar que:
a) a sentença fará coisa julgada ultra partes, tanto no caso de procedência quanto de
improcedência do pedido, na hipótese de ação coletiva fundada em interesses ou direitos
difusos.
b) as ações coletivas fundadas em direitos ou interesses difusos não induzem litispendência
para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada da sentença na ação coletiva não
beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo
de quinze dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.
c) nas ações coletivas fundadas em direitos individuais homogêneos, em caso de
improcedência do pedido, como a sentença não fará coisa julgada erga omnes, os
interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor
ação de indenização a título individual.
d) os efeitos da coisa julgada nas ações coletivas fundadas em direitos ou interesses
difusos, se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, impedem que
qualquer legitimado ajuíze outra ação, com idêntico fundamento e valendo-se de nova prova.
e) a sentença fará coisa julgada erga omnes, salvo improcedência por insuficiência de
provas, mas limitadamente ao grupo, categoria ou parte interessado, quando se tratar de
ação fundada em interesses ou direitos coletivos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta, porque o efeito, para os direitos difusos, é erga omnes e será apenas
no caso de procedência do pedido, conforme dispõe o Art. 103, I, do CDC: “Nas ações coletivas de
que trata este código, a sentença fará coisa julgada: I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar
outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo
único do art. 81;”
A alternativa B está incorreta, porque o pedido de suspensão deve ocorrer em até 30 (trinta) dias,
nos termos do art. 104 do CDC: “As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único
do art. 81, não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada
erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os
autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar
da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.”
A alternativa C está correta, uma vez que a sentença terá efeitos erga omnes apenas no caso de
procedência do pedido, desta forma, é cabível, no caso de improcedência do pedido, que aqueles
que não participaram do processo, isto é, não eram litisconsortes, possam ajuizar demandas
individuais, conforme dispõe o §2º do art. 103: “Na hipótese prevista no inciso III, em caso de
improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como
litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual”.
A alternativa D está incorreta, porque no caso de prova nova é possível ajuizar novamente a
demanda coletiva, consoante dispõe o art. 103, I, do CDC: “Nas ações coletivas de que trata este
código, a sentença fará coisa julgada: I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente
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por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com
idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art.
81;”
A alternativa E está incorreta, uma vez que a sentença, no caso dos direitos coletivos, possui efeito
ultra partes, nos termos do art. 103, II, do CDC: “II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo,
categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior,
quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81;”
QUESTÃO 34. O Ministério Público propõe ação de obrigação de fazer em face do Município,
a fim de que seja assegurado o fornecimento de tratamento de saúde especializado para
criança em acolhimento que possui deficiência grave.
O juiz da Infância e Juventude concede a tutela antecipada, determinando ao ente municipal
que adote as medidas concretas visando à oferta de tratamento à criança, no prazo de dez
dias, sob pena de multa diária de dez mil reais.
Em que pese tal decisão, o Município mantém-se inerte no curso da instrução, agravando-se
o quadro de saúde da criança. O pedido é julgado procedente, sendo confirmada a decisão
de tutela antecipada e operando-se o trânsito em julgado da sentença.
O Ministério Público peticiona nos autos requerendo ao magistrado que o valor da multa
devida pelo réu seja utilizado para a reforma da entidade de acolhimento institucional
conveniada ao Município, com depósito na conta bancária da instituição.
Considerando o disposto na Lei no 8.069/1990 (ECA), é correto afirmar que:
(A) na condição de exequente das multas devidas pela municipalidade, o Ministério Público
pode definir a destinação de tais verbas;
(B) as multas devidas podem ser objeto de execução provisória Público em face da
promovida pelo Ministério;
(C) não se admite a legitimidade concorrente de terceiros para a execução dos valores das
multas, que deverão ser cobradas judicialmente apenas pelo Ministério Público;
(D) os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança
e do Adolescente do respectivo Município;
(E) a multa só será exigível e devida pelo réu após o trânsito em julgado da sentença,
desconsiderando-se o dia em que se houver configurado o descumprimento.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A é incorreta. Nos termos do art. 214 do ECA: “Os valores das multas reverterão ao
fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.”
A alternativa B é incorreta. Nos termos do art. 213, § 3º, do ECA: “A multa só será exigível do réu
após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se
houver configurado o descumprimento.”
A alternativa C é incorreta. Nos termos do art. 214, § 1º, do ECA: “As multas não recolhidas até
trinta dias após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida
pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.”
35
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A alternativa D é correta: Nos termos do art. 214 do ECA: “Os valores das multas reverterão ao
fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.”
A alternativa E é incorreta. Nos termos do art. 213, § 3º, do ECA: “A multa só será exigível do réu
após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se
houver configurado o descumprimento.”
QUESTÃO 35. Jennifer, por intermédio de seu advogado, protocoliza petição perante a Vara
da Infância e da Juventude, comunicando ao juízo que deseja realizar a entrega de seu filho
em adoção à Andréa, tia materna da criança, que não é habilitada à adoção. A criança e a tia
possuem fortes vínculos de afinidade e afetividade, além de convivência quase diária.
O Ministério Público requer a realização de estudo social e psicológico. Considerando o
disposto na Lei no 8.069/1990 (ECA), é correto afirmar que a hipótese narrada:
(A) consiste na entrega voluntária da criança em adoção para a sua tia materna, na forma
prevista pelo Art. 19-A do ECA;
(B) exige a prévia habilitação à adoção por parte da tia materna, caso haja interesse em
perfilhar o seu sobrinho;
(C) configura modalidade de adoção que encontra fundamento no Art. 50, §13, II, do ECA;
(D) não encontra fundamento legal, na medida em que a entrega voluntária se destina à
adoção por pessoa ou casal habilitado perante o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento
(SNA);
(E) torna obrigatório o encaminhamento da genitora à rede pública de saúde e de assistência
social para atendimento especializado, independentemente da sua vontade.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A é incorreta. O art. 19-A do ECA se aplica à hipótese de interesse de entrega à
adoção antes ou logo após o nascimento da criança: “A gestante ou mãe que manifeste interesse
em entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça
da Infância e da Juventude.”
A alternativa B é incorreta. É possível que seja deferida a adoção sem cadastro prévio, nos termos
do art. 50, § 13, incisos, do ECA: “Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato
domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: I - se tratar de
pedido de adoção unilateral; II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente
mantenha vínculos de afinidade e afetividade; III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou
guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de
convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a
ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.”
A alternativa C é correta. Nos termos do art. 50, § 13, incisos, do ECA: “Somente poderá ser deferida
adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta
Lei quando: III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3
(três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de
laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das
situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.”
36
95
A alternativa D é incorreta. É possível que seja deferida a adoção sem cadastro prévio, nos termos
do art. 50, § 13, incisos, do ECA
A alternativa E é incorreta. Ausência de previsão.
QUESTÃO 37. Vinicius, de 11 anos de idade, pratica ato infracional análogo ao crime de
roubo, em coautoria com Eduardo, de 19 anos, havendo o emprego de arma de fogo. Após a
autuação do flagrante, a autoridade policial representa pela internação provisória de
Vinícius, que está em situação de rua e sem frequentar a escola há dois anos.
Considerando o disposto na Lei no 8.069/1990, é correto afirmar que:
37
95
(A) o Conselho Tutelar possui atribuição legal prevista no ECA para a investigação de ato
infracional praticado por criança e a aplicação das medidas protetivas;
(B) Vinícius responderá pela prática de ato infracional perante a Vara da Infância e Juventude
e Eduardo perante a Vara Criminal, por ser imputável;
(C) a aplicação das medidas protetivas previstas no Art. 101 do ECA a Vinícius dependerá da
existência de indícios de autoria e prova da materialidade;
(D) a apuração dos fatos caberá à autoridade policial, sendo da atribuição do Conselho
Tutelar a aplicação das medidas de proteção a Vinícius;
(E) após a coleta de suas declarações em sede policial, Vinícius será apresentado ao
Ministério Público para oitiva informal e análise do cabimento da internação provisória,
conforme previsto no Art. 179 do ECA.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A é incorreta. Quem tem competência para apurar ato infracional é o Juizado de
Infância e Juventude, nos termos do art. 148, inciso I, do ECA: “ A Justiça da Infância e da
Juventude é competente para: I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público,
para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;”
A alternativa B é incorreta. À criança se aplicam medidas de proteção em função da prática de ato
infracional, nos termos do art. 105, do ECA: “Ao ato infracional praticado por criança corresponderão
as medidas previstas no art. 101.”
A alternativa C é incorreta. As hipótese de aplicação de medidas de proteção estão vinculadas ao
art. 98 do ECA, segundo o qual: “As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou
omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III -
em razão de sua conduta.”
A alternativa D é correta. À criança se aplicam medidas de proteção em função da prática de ato
infracional, nos termos do art. 105, do ECA: “Ao ato infracional praticado por criança corresponderão
as medidas previstas no art. 101.”
A alternativa E é incorreta. O procedimento de apuração de ato infracional previsto nos arts. 171 e
ss. aplicam-se ao adolescente e não à criança. Art. 171 do ECA: “O adolescente apreendido por
força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.”
QUESTÃO 38. Fábio, adolescente de 15 anos, reside com os seus pais em Campo Grande e
irá passar as férias de julho com a sua tia e os seus primos, que residem em Corumbá.
A mãe de Fábio, Andressa, elabora declaração autorizando adolescente desacompanhado e
leva o documento ao Cartório de a viagem do Notas para reconhecimento de firma por
autenticidade. Ao chegar à rodoviária, Fábio é impedido de viajar pelo funcionário da
empresa de ônibus, que alega que o adolescente não pode embarcar sozinho e deve estar
acompanhado dos país ou de representante legal na viagem.
Considerando o disposto na Resolução CNJ no 295, de 13/09/2019, é correto afirmar que
Fábio:
38
95
(A) não pode viajar para fora da Comarca em que reside sem autorização judicial em
quaisquer hipóteses;
(B) somente pode viajar para fora da Comarca em que reside se estiver acompanhado dos
pais ou de responsável legal, sendo vedada a companhia de terceiros, sem grau de
parentesco;
(C) não pode viajar para Comarca contígua à da sua residência sem autorização judicial;
(D) pode viajar desacompanhado, desde que autorizado por um dos genitores por meio de
escritura pública ou de documento particular com firma reconhecida;
(E) pode viajar desacompanhado para fora da Comarca mediante concordância de ambos os
pais e anuência do Conselho Tutelar do Município em que reside.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A é incorreta. Nos termos das hipóteses trazidas nos incisos do art. 2º da Resolução
CNJ n 295: “A autorização para viagens de criança ou adolescente menor de 16 anos dentro do
território nacional não será exigida quando (...)”.
A alternativa B é incorreta. Nos termos do art. art. 2º, inciso II, alínea a, da Resolução CNJ n 295:
“A autorização para viagens de criança ou adolescente menor de 16 anos dentro do território
nacional não será exigida quando: II – a criança ou adolescente menor de 16 anos estiver
acompanhado: a) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco,”.
A alternativa C é incorreta. Nos termos do art. art. 2º, inciso II, alínea a, da Resolução CNJ n 295:
“A autorização para viagens de criança ou adolescente menor de 16 anos dentro do território
nacional não será exigida quando: I – tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou
do adolescente menor de 16 anos, se na mesma unidade federativa ou incluída na mesma região
metropolitana.”
A alternativa D é correta. Nos termos do art. art. 2º, inciso III, da Resolução CNJ n 295: “A
autorização para viagens de criança ou adolescente menor de 16 anos dentro do território nacional
não será exigida quando: III – a criança ou o adolescente menor de 16 anos viajar desacompanhado
expressamente autorizado por qualquer de seus genitores ou responsável legal, por meio de
escritura pública ou de documento particular com firma reconhecida por semelhança ou
autenticidade.”
A alternativa E é incorreta. Não há previsão de anuência do Conselho Tutelar.
QUESTÃO 39. Jonathan, pai da criança Gabriele, de 5 anos, pratica ato de violência
doméstica e familiar contra a sua filha, consistente em agressão sexual.
Ao ser notificado acerca dos fatos pela escola da criança, o Conselho Tutelar promove o
afastamento do agressor do lar, requerendo ao juiz a aplicação de medida protetiva de
urgência de proibição de aproximação da vítima. O magistrado defere o pedido e cientifica o
Ministério Público.
Considerando o disposto na Lei no 14.344/2022, é correto afirmar que:
(A) o Conselho Tutelar possui atribuição para afastar o agressor do lar, com fulcro no
princípio da proteção integral de crianças e adolescentes;
39
95
(B) a ausência de manifestação prévia do Ministério Público acerca do cabimento das
medidas protetivas de urgência requeridas gera a nulidade do procedimento;
(C) ao Conselho Tutelar incumbe a aplicação de medidas protetivas do ECA, não possuindo
atribuição para requerer medidas protetivas de urgência previstas na Lei no 14.344/2022;
(D) as medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do
Ministério Público e da autoridade policial, inexistindo outros legitimados;
(E) o Conselho Tutelar pode requerer ao Ministério Público a propositura de ação cautelar
de antecipação de produção de prova nas causas que envolvam violência contra a criança e
o adolescente.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A é incorreta. Cumpre ao Conselho Tutelar representar às autoridades competentes
para que seja requerido o afastamento do lar, nos termos do art. 14, § 1º, da Lei no 14.344/2022:
A alternativa B é incorreta. Nos termos do art. 16, §1º, da Lei no 14.344/2022: “O Conselho Tutelar
poderá representar às autoridades referidas nos incisos I, II e III do caput deste artigo para requerer
o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima.”
A alternativa C é incorreta. Nos termos do art. 16, §3º, da Lei no 14.344/2022: “Poderá o juiz, a
requerimento do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, ou a pedido da vítima ou de quem esteja
atuando em seu favor, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
concedidas, se entender necessário à proteção da vítima, de seus familiares e de seu patrimônio,
ouvido o Ministério Público.”
A alternativa D é incorreta. O Conselho Tutelar também pode requerer, conforme o art. 16, §3º, da
Lei no 14.344/2022.
A alternativa E é correta. Conforme art. 21, § 1º, da Lei no 14.344/2022: “A autoridade policial
poderá requisitar e o Conselho Tutelar requerer ao Ministério Público a propositura de ação cautelar
de antecipação de produção de prova nas causas que envolvam violência contra a criança e o
adolescente, observadas as disposições da Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017.”
QUESTÃO 40. Sabrina, adolescente de 16 anos, possui conta em rede social onde realiza
postagens para os seus seguidores, nas quais aparece dançando em roupas íntimas.
Visando à produção de novos conteúdos, Sabrina hospeda-se, por conta própria e sem
anuência dos seus responsáveis legais, em um motel, onde realiza as gravações de vídeos.
Os pais de Sabrina noticiam os fatos ao Conselho Tutelar, que aplica medidas de proteção à
adolescente e encaminha notícia de fato ao Ministério Público.
Considerando o disposto na Lei no 8.069/1990 (ECA) e as medidas de natureza não criminal
na seara da infância e juventude, é correto afirmar que:
(A) o Conselho Tutelar não tem atribuição para ajuizar representação por infração
administrativa, ante a ausência de capacidade postulatória;
(B) o responsável pelo estabelecimento praticou infração administrativa às normas de
proteção à criança e ao adolescente;
(C) a legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas no ECA afasta a de
terceiros, nas mesmas hipóteses;
40
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(D) o fato narrado configura violência doméstica e familiar praticada contra criança e
adolescente, conforme definido na Lei no 14.344/2022;
(E) a adolescente praticou ato infracional, cabendo oitiva informal pelo Ministério Público e
eventual ação socioeducativa.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do art. 194 do ECA: “ O procedimento para imposição de
penalidade administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início
por representação do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por
servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.”
A alternativa B está correta. Nos termos do art. 250 do ECA: “Hospedar criança ou adolescente
desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade
judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere”
A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 201, §1º, do ECA: “A legitimação do Ministério
Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.”
A alternativa D está incorreta. Não há no rol do art. 2º da Lei 14.344/2022 hipótese na qual pode se
enquadrar a presente situação.
A alternativa E está incorreta. O conceito de ato infracional está previsto no art. 103 do ECA,
segundo o qual “Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção
penal”. Uma vez que não há crime ou contravenção penal atinente à conduta descrita, não há como
se concluir pela existência de ato infracional.
41
95
Comentários
A alternativa correta é a letra E (passível de anulação).
A alternativa A está incorreta. Possível anulação pelos motivos a seguir: De acordo com o STJ, em
decisão recente, a causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime
de furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada (§ 4º).
(STJ. 3ª Seção. REsp 1890981-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 25/05/2022
(Recurso Repetitivo – Tema 1087) (Info 738)). Já para o STF: “A causa de aumento do repouso
noturno se coaduna com o furto qualificado quando compatível com a situação fática.” (STF. 1ª
Turma. HC 180966 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 04/05/2020)
EM RESUMO: Para o STJ: Não incide a causa de aumento prevista no §1° do art. 155 do CP (furto
noturno) ao furto na sua forma qualificada. Para o STF: A causa de aumento do repouso noturno
se coaduna com o furto qualificado quando compatível com a situação fática.
A alternativa B está incorreta. Conforme o Art. 155, § 2º do Código penal - Se o criminoso é primário,
e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção,
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Todavia, a alternativa deixou
de citar que se trata de furto qualificado conforme o §4 inciso I do art. 155 do CP.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o STJ (conforme já citado na alternativa A), não se
aplica a causa de aumento de repouso noturno ao furto qualificado.
A alternativa D está incorreta. De acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores, para que
seja aplicado o princípio da insignificância/bagatela o valor do bem não pode ser superior a 10% do
salário mínimo vigente á época do fato.
A alternativa E está correta. Caio responderá por furto qualificado conforme o §4 inciso I do art.
155 do CP e será beneficiado pelo privilégio, uma vez que preenche os requisitos conforme Art.
155, § 2º: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de
multa.”
QUESTÃO 42 - Mévio foi vítima de crime de roubo com restrição de liberdade, tendo sido
amarrado. Antes de liberá-lo, Caio, o roubador, fez com que Mévio ingerisse bebida alcoólica
à força, a fim de reduzir a sua capacidade de resistência. Contudo, ainda que completamente
embriagado e sem capacidade de discernimento sobre o caráter ilícito do fato, após ser
liberado e estar a caminho de casa, Mévio resolveu voltar ao local em que Caio se encontrava
e o espancou até ocasionar sua morte.
Diante dessa situação, é correto afirmar que Mévio:
(A) deverá responder pelo crime de lesão corporal qualificado pelo resultado morte, em razão
do dolo com que praticou as lesões corporais e da culpa quanto ao resultado morte;
(B) deverá responder pelo crime de homicídio doloso, uma vez que o resultado morte era
previsível, havendo, ao menos, dolo eventual;
(C) não deverá responder por nenhum crime, ante a exclusão da tipicidade;
(D) não deverá responder por nenhum crime, ante a exclusão da ilicitude;
(E) não deverá responder por nenhum crime, ante a exclusão da culpabilidade.
Comentários
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A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Uma vez que Mévio foi obrigado por Caio a ingerir bebida alcoólica.
Nesse sentido: “Art. 28, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente
de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
A alternativa B está incorreta. Conforme mesmo fundamento da alternativa A.
A alternativa C está incorreta. A alternativa erra ao falar que estará excluída a tipicidade, uma vez
que a embriaguez completa por caso fortuito ou força maior exclui a culpabilidade.
A alternativa D está incorreta. A alternativa erra ao falar que estará excluída a ilicitude, uma vez
que a embriaguez completa por caso fortuito ou força maior exclui a culpabilidade.
A alternativa E está correta. Conforme o Art. 28, § 1º - É isento de pena o agente que, por
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
43
95
e o filho desfalecidos, aciona o serviço médico de urgência (SAMU), que logo chega ao local,
levando Filomena e Júnior ao hospital. O atendimento médico evita a morte de Filomena,
mas a criança acaba morrendo, em decorrência da intoxicação.
Diante do caso narrado, é correto afirmar que Eriberto:
(A) responderá, em concurso material, por homicídio culposo em relação à morte de Júnior,
bem como por tentativa de feminicídio da vítima Filomena, com a qualificadora do emprego
de veneno;
(B) responderá, em concurso formal impróprio, por homicídio culposo em relação à morte
de Júnior, podendo vir a ser beneficiado com o perdão judicial, bem como por lesão corporal
no tocante à vítima Filomena, reconhecendo-se a desistência voluntária;
(C) responderá, em concurso formal próprio, por homicídio doloso em relação à morte de
Júnior, com a qualificadora do emprego de veneno e o aumento de pena decorrente de haver
praticado o delito contra pessoa menor de 14 anos de idade, bem como por tentativa de
feminicídio da vítima Filomena, com a qualificadora do emprego de veneno;
(D) responderá, em concurso formal impróprio, por homicídio doloso em relação à morte de
Júnior, com a qualificadora do emprego de veneno e o aumento de pena decorrente de haver
praticado o delito contra pessoa menor de 14 anos de idade, bem como por tentativa de
feminicídio da vítima Filomena, com a qualificadora do emprego de veneno;
(E) responderá, em concurso formal próprio, por homicídio culposo em relação à morte de
Júnior, podendo vir a ser beneficiado com o perdão judicial, bem como por lesão tocante à
vítima Filomena, corporal qualificada no reconhecendo-se o arrependimento eficaz.
Comentários
A alternativa correta é a Letra C.
Dispõe o art. 73 do CP: “Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se
tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código.
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art.
70 deste Código”.
Nesse sentido, o agente que por erro na execução, atinge a vítima pretendida e outra pessoa
diversa, responde por concurso formal próprio (art 70 do CP), nesse sentido já estariam incorretas
as alternativas A, B e D.
Alternativa E está incorreta. Por ter socorrido as vítimas por circunstâncias alheias a sua vontade
(por ter atingindo o filho) o agente não poderá ser beneficiado do arrependimento eficaz, não
podendo ser responsabilizado pelo resultado culposo da morte do filho. Além do mais, o
arrependimento não foi eficaz, vez que a morte do filho não foi evitada.
QUESTÃO 45- Acerca dos crimes de abuso de autoridade, previstos na Lei n° 13.869/2019, é
correto afirmar que:
(A) os crimes de abuso de autoridade, além do dolo, exigem a presença de elemento
subjetivo especial, isto é, a finalidade especifica de prejudicar outrem ou beneficiar a si
mesmo ou a terceiro, ou, ainda, a atuação por mero capricho ou satisfação pessoal;
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95
(B) aquele que exerce função pública transitoriamente ou sem remuneração não é
considerado autoridade pública, de modo que não pode figurar como sujeito ativo nos
crimes de abuso de autoridade;
(C) nos crimes de abuso de autoridade, a queixa subsidiária pode ser oferecida pelo
ofendido, ainda que ausente qualquer inércia por parte do Ministério Público;
(D) os crimes de abuso de autoridade são de ação penal pública condicionada a
representação da vítima, ou, quando incapaz, de seu representante legal;
(E) os particulares jamais poderão concorrer para os crimes de abuso de autoridade, pois
estes são privativos de agentes públicos.
Comentários
A alternativa correta é a Letra A.
A alternativa A está correta. Conforme o art. 1, §1° da lei 13.869/2019: “Está Lei define os crimes
de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas
funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. § 1º As condutas
descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a
finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por
mero capricho ou satisfação pessoal.”
A alternativa B está incorreta. De acordo com o parágrafo único do art. 2º da respectiva lei: “Reputa-
se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos
pelo caput deste artigo.”
A alternativa C está incorreta. Para que a queixa subsidiaria seja cabível, é indispensável que haja
a inércia do Ministério Público, conforme art. 3,º §1º da lei: “Será admitida ação privada se a ação
penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar
a ação como parte principal.”
A alternativa D está incorreta. Conforme art. 3º da lei todos os crimes previstos na lei são de ação
púbica incondicionada: “Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.”
A alternativa E está incorreta. Uma vez que é possível sim que o particular pratique crime de abuso
de autoridade, mas desde que em concurso de pessoas com agente público e desde que conheça
essa condição pessoal do coautor.
45
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(B) manter a pena-base, pois a condenação anterior pelo fato previsto no Art. 28 da Lei no
11.343/2006 não gera reincidência;
(C) atenuar a pena-base, pois a pena de prestação de serviços à comunidade não produz
reincidência;
(D) manter a pena-base, tendo em vista o tempo decorrido entre a extinção da pena aplicada
anteriormente e a prática do crime objeto do processo;
(E) atenuar a pena-base, pois o fato previsto no Art. 28 da Lei no 11.343/2006 é contravenção
penal e não gera reincidência
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
Segundo entendimento do STJ: “O porte de droga para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei
nº 11.343/2006, possui natureza jurídica de crime (alternativa E incorreta) O porte de droga para
consumo próprio foi somente despenalizado pela Lei nº 11.343/2006, mas não descriminalizado.”
Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº 11.343/2006
(porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência.
Argumento principal: se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão simples, não
configura reincidência, mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de reincidência,
considerando que este delito é punido apenas com “advertência”, “prestação de serviços à
comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções menos graves e nas quais não há qualquer
possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo descumprimento. (alternativa A e
D incorretas)
Há de se considerar, ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da LD está sendo
fortemente questionada.
Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 453437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
04/10/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg-AREsp 1.366.654/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
13/12/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 21/08/2018
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A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Uma vez que não cabe ao Presidente da República a concessão de
anistia. Sendo competência do Congresso Nacional conforme art. 48, VIII, da Constituição Federal:
“Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre: VIII - concessão de anistia”.
A alternativa B está incorreta. A graça é individual, o indulto que é coletivo. Essa é a diferença
primordial entre os institutos.
A alternativa C está incorreta. O indulto é concedido mediante Decreto do Presidente da República.
A alternativa D está correta. Conforme a súmula 631 do STJ: “Súmula 631-STJ: O indulto extingue
os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários,
penais ou extrapenais.”
A alternativa E está incorreta. A anistia extingue os efeitos penais (principais e secundários) do
crime. Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros . O réu condenado que foi anistiado, se
cometer novo crime, não será reincidente.
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proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c)
com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
Ademais, não se pode falar que em inexigibilidade de conduta diversa, pois uma boa onda não é
justificativa para não realizar a conduta determinada pela norma: socorrer quem estava em
perigo de morte.
QUESTÃO 49 - Marx foi condenado à pena de reclusão de quatro anos pela prática de
corrupção passiva, bem como foi decretada a perda de seu cargo público. Sua pena foi
extinta em outubro de 2020. Em seguida, Marx se mudou para a Áustria, local de residência
de seus pais. Em novembro de 2022, retornou ao Brasil com a pretensão de realizar novo
concurso público, o que o motivou a requerer a sua reabilitação.
Diante desses fatos, é correto afirmar que:
(A) a reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação relativos à perda do
cargo público, sendo possível a reintegração de Marx na situação anterior;
(B) a reabilitação deverá ser indeferida, uma vez que para ser requerida é necessário o
decurso de cinco anos do dia em que foi extinta a pena, o que não ocorreu;
(C) o fato de Marx ter se mudado para a Áustria o impede de ter a reabilitação deferida em
novembro de 2022, em razão da ausência de domicílio no Brasil;
(D) poderá haver deferimento da reabilitação na hipótese de Marx ter ressarcido o dano
causado pelo crime e desde que tenha dado, durante o período de dois anos, demonstração
efetiva e constante de bom comportamento público e privado;
(E) a reabilitação eventualmente deferida poderá ser revogada caso Marx seja condenado,
por decisão definitiva, à pena privativa de liberdade ou de multa.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa A está incorreta. Sendo o agente considerado reabilitado é vedado a ele voltar à
situação anterior no seu cargo público. Conforme art. 93, parágrafo único, do CP: “A reabilitação
alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos
registros sobre o seu processo e condenação. Parágrafo único - A reabilitação poderá, também,
atingir os efeitos da condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo.”
As alternativas B e D estão incorretas, bem como a alternativa C está correta, com base no Art. 94
do CP: “A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta
(incorreta letra B) de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período
de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o
condenado: I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (correta a letra C, e incorreta a
letra D, pois Marx foi embora para Áustria) II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração
efetiva e constante de bom comportamento público e privado; III - tenha ressarcido o dano causado
pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba
documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.”
Alternativa E está incorreta. Para que seja revogada a reabilitação o agente tem que ser condenado
a pena que não seja de multa, conforme art. 95 do CP: Art. 95 - A reabilitação será revogada, de
48
95
ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente,
por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.”
QUESTÃO 50- Alberto, ao volante de um automóvel, recebe uma chamada de vídeo de seu
patrão, circunstância que o leva a empunhar seu aparelho de telefonia celular e a travar
conversa com ele, enquanto permanece dirigindo o veículo. Enquanto Alberto fala ao celular,
a pedestre Bianca cruza a via pública, em local inapropriado, alguns metros à frente do
veículo conduzido por Alberto, o qual, distraido com a chamada, não percebe a presença de
Bianca na via pública, mantendo a velocidade e a trajetória do automóvel, vindo a atropelá-
la. Ato seguido, temendo ser responsabilizado, Alberto deixa o local, não prestando socorro
à vítima, que fica bastante ferida. Dois minutos depois, Bianca é socorrida por outro
motorista, que a conduz a um hospital, onde ela é internada, tendo alta médica após três
semanas.
Diante do caso narrado, é correto afirmar que Alberto:
(A) deverá responder pelos crimes de lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor, omissão de socorro no trânsito e fuga do local de acidente automobilistico;
(B) não deverá responder por crime algum, pois os fatos decorreram de culpa exclusiva da
vítima, que cruzou a via pública em local inadequado;
(C) deverá responder pelos crimes de lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor e omissão de socorro no trânsito;
(D) deverá responder pelos crimes de lesão corporal grave, pois agiu com dolo eventual,
omissão de socorro no trânsito e fuga do local de acidente automobilistico;
(E) deverá responder pelos crimes de lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor, com a pena aumentada, em decorrência da omissão de socorro à vítima, e fuga
do local de acidente automobilistico.
Solução rápida.
A alternativa correta é a letra E.
Conforme os arts. 302 e 303 do Código de Trânsito Brasileiro, o agente responderá pelo crime de
lesão corporal culposa, tendo sua pena aumentada de 1/3 até 1/2 pela omissão: “Praticar lesão
corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. §
1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do
art. 302. Art. 302, § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: (...) III - deixar de prestar socorro, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;”
Desta maneira, as demais alternativas se encontram incorretas.
QUESTÃO 51- Técio teve sua medida cautelar prisional substituída por recolhimento
obrigatório noturno e nos dias de folga, o que foi deferido no curso da ação penal em que foi
acusado de tráfico de drogas (Art. 33 da Lei no 11.343/2006). A ação penal foi julgada
procedente, e Técio, condenado a uma pena de sete anos de reclusão, em regime inicial
fechado.
49
95
Diante dessa hipótese, com fundamento na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
é correto afirmar que o período de recolhimento obrigatório noturno e nos dias de folga a
que foi submetido Técio:
(A) não pode ser utilizado na detração da pena em razão do princípio da legalidade e ante a
ausência de disposição sobre a detração em caso de cautelares pessoais diversas da prisão;
(B) em homenagem aos princípios da proporcionalidade e do non bis in idem, pode ser
utilizado na detração da pena, desde que haja monitoramento eletrônico associado ao
cumprimento da cautelar pessoal;
(C) deve ser reconhecido como período a ser detraído da pena privativa de liberdade e da
medida de segurança por comprometer o status libertatis do acusado, bem como pela
expressa previsão legal;
(D) admite parcial detração da pena, ou seja, somente será possível a contagem dos períodos
relativos aos dias de folga, não se computando o repouso noturno para fins de detração,
ante a ausência de grau significativo de privação da liberdade;
(E) pode ser utilizado na detração da pena, sendo que as horas de recolhimento domiciliar
noturno e nos dias de folga devem ser convertidas em dias para contagem da detração. Se
no computo total remanescer período menor que vinte e quatro horas, essa fração de dia
deverá ser desprezada.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Conforme entendimento do STJ: “1. O período de recolhimento
obrigatório noturno e nos dias de folga, por comprometer o status libertatis do acusado deve ser
reconhecido como período a ser detraído da pena privativa de liberdade e da medida de segurança,
em homenagem aos princípios da proporcionalidade e do non bis in idem.” (STJ. 3ª Seção. REsp
1977135-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/11/2022
(Recurso Repetitivo – tema 1155) (Info 758)
A alternativa B está incorreta. Conforme decisão em tema repetitivo n° 1155 pelo STF, foi decidido
que a monitoração eletrônica não é requisito para a detração da pena cumprida em medida
cautelares: “2. O monitoramento eletrônico associado, atribuição do Estado, não é condição
indeclinável para a detração dos períodos de submissão a essas medidas cautelares, não se
justificando distinção de tratamento ao investigado ao qual não é determinado e disponibilizado o
aparelhamento.” (STJ. 3ª Seção. REsp 1977135-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
23/11/2022 (Recurso Repetitivo – tema 1155) (Info 758)
A alternativa C está incorreta. A alternativa se encontra incorreta, uma vez que o teor do enunciado
não se encontra expressamente previsto em lei, e sim em decisão do STF no tema repetitivo 1155:
“1. O período de recolhimento obrigatório noturno e nos dias de folga, por comprometer o status
libertatis do acusado deve ser reconhecido como período a ser detraído da pena privativa de
liberdade e da medida de segurança, em homenagem aos princípios da proporcionalidade e do non
bis in idem.” (STJ. 3ª Seção. REsp 1977135-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em
23/11/2022 (Recurso Repetitivo – tema 1155) (Info 758)
A alternativa D está incorreta. Conforme fundamentado na alternativa A, é possível também a
detração pelo período de repouso noturno, e não somente nos dias de folga.
A alternativa E está correta. “3. A soma das horas de recolhimento domiciliar a que o réu foi
submetido devem ser convertidas em dias para contagem da detração da pena. Se no cômputo
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95
total remanescer período menor que vinte e quatro horas, essa fração de dia deverá ser
desprezada.”
(STJ. 3ª Seção. REsp 1977135-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 23/11/2022
(Recurso Repetitivo – tema 1155) (Info 758).
QUESTÃO 52- Rubens, desafeto declarado de Alfredo, impetrou habeas corpus em favor
deste, que se encontrava preso ilegalmente por ato do Delegado de Polícia da Comarca.
Alfredo opôs-se ao pedido de habeas corpus impetrado por Rubens e o Juiz abriu vistas ao
Ministério Público, o qual, diante da ilegalidade, impetrou novo habeas corpus em favor de
Alfredo, e opinou pelo não conhecimento do habeas corpus impetrado por Rubens.
Quanto aos pedidos de habeas corpus impetrados, é correto afirmar que:
(A) o habeas corpus impetrado por Rubens deverá ser conhecido, mesmo com a oposição
de Alfredo, mas não o habeas corpus impetrado pelo Ministério Público;
(B) o habeas corpus impetrado por Rubens não deverá ser conhecido, em razão da oposição
de Alfredo, assim como não deverá ser conhecido o habeas corpus impetrado pelo Ministério
Público;
(C) o habeas corpus impetrado por Rubens deverá ser conhecido, mesmo com a oposição
de Alfredo, assim como deverá ser conhecido o habeas corpus impetrado pelo Ministério
Público;
(D) o habeas corpus impetrado por Rubens não deverá ser conhecido, em razão da oposição
de Alfredo, mas deverá ser conhecido o habeas corpus impetrado pelo Ministério Público;
(E) o habeas corpus impetrado por Rubens deverá ser conhecido, pois impetrado em
primeiro lugar, tendo prioridade sobre o habeas corpus impetrado pelo Ministério Público,
que deverá ser extinto por litispendência
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
Conforme entendimento dos Tribunais Superiores o Habeas corpus impetrado com oposição do
paciente, não pode ser aceito, de modo a evitar o tumulto processual.
Além disso, o art. 654 do Código de processo penal traz: “O habeas corpus poderá ser impetrado
por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.”
Por fim, de forma semelhante, o art. 32, I, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei
n. 8.625, de 12-2-1993) impõe que: “Além de outras funções cometidas nas Constituições Federal
e Estadual, na Lei Orgânica e demais leis, compete aos Promotores de Justiça, dentro de suas
esferas de atribuições: I - impetrar habeas-corpus e mandado de segurança e requerer correição
parcial, inclusive perante os Tribunais locais competentes.”
QUESTÃO 53- Marcus Aurelius, funcionário público estadual, que desfruta de patrimônio
evidentemente superior aos seus ganhos, mas com pouquíssimos bens efetivamente em seu
nome, é investigado pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro. O Ministério
Público requereu cautelarmente o sequestro dos bens de Marcus Aurelius, tantos quanto
bastem para assegurar, ao final da ação penal, a recomposição ao erário e o perdimento dos
bens que configuram produto dos referidos crimes.
51
95
Quanto ao sequestro requerido, é correto afirmar que:
(A) poderá o juiz decretar o sequestro alargado, vale dizer, dos bens correspondentes à
diferença entre o valor do patrimônio de Marcus Aurelius e aquele que seja compatível com
seus rendimentos lícitos como funcionário público;
(B) será o sequestro levantado pelo juiz se a ação penal não for intentada pelo Ministério
Público, em face de Marcus Aurelius, no prazo de quinze dias, contados da data em que ficar
concluída a diligência;
(C) poderá o juiz decretar o sequestro abrangendo bens ou valores equivalentes ao produto
ou proveito dos crimes quando estes não forem encontrados no patrimônio de Marcus
Aurelius, ou quando se localizarem no exterior;
(D) será necessária, para a decretação do sequestro pelo juiz, a existência de indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens adquiridos por Marcus Aurelius com os
proventos das infrações, se tais bens não tiverem sido transferidos a terceiros;
(E) poderá o sequestro ser embargado pelo terceiro, a quem os bens tiverem sido
transferidos por Marcus Aurelius, a título gratuito, sob o fundamento de os terem adquirido
sem má- fé.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A alternativa B está incorreta. O prazo para que o sequestro seja levantado não é de 15 dias, e sim
de 60 dias conforme o art. 131, I, do Código de Processo Penal: “O sequestro será levantado: I - se
a ação penal não for intentada no prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar concluída
a diligência;”
A alternativa C está correta. Dispõe o art. 125 do CPP: “Caberá o sequestro dos bens imóveis,
adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a
terceiro. § 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.”
A alternativa D está incorreta. Dispõe o art. 125 do CPP: “Caberá o sequestro dos bens imóveis,
adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a
terceiro.”
A alternativa E está incorreta. Dispõe o art. 130 do CPP: “O sequestro poderá ainda ser embargado:
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da
infração; II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o
fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.”
Nesse sentido, para que o terceiro possa embargar o sequestro ele deve ter recebido o bem
transferido a título oneroso.
52
95
em tratados internacionais, são pressupostos suficientes para o acolhimento do incidente
de deslocamento de competência;
(B) possuem legitimidade para suscitar o incidente de deslocamento de competência,
perante o Superior Tribunal de Justiça, o procurador geral da República, o defensor público
da União e o advogado geral da União, não o podendo fazer a vítima ou o grupo vitimado;
(C) a existência de condenação do Estado brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos
Humanos, como no caso da Favela Nova Brasília/RJ, é fundamento suficiente para o
deslocamento de competência para a Justiça Federal, ante o inegável interesse da União;
(D) de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é sempre necessário,
entre outros pressupostos, haver evidência de que os órgãos do sistema estadual não
mostram condições de seguir no desempenho da função de apuração, processamento e
julgamento do caso com a devida isenção;
(E) embora largamente verificado na realidade judiciária, o incidente de deslocamento de
competência impõe uma exceção à regra geral de competência relativa e somente poderia
ser efetuado em situações excepcionalíssimas.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. a constatação de grave violação efetiva e real dos direitos humanos
e a possibilidade de responsabilização internacional não são suficientes para o acolhimento do IDC,
necessitando também do preenchimento de outros requisitos, conforme citado a seguir:
O art. 109, § 5º, da Constituição Federal, estabelece que, nas “hipóteses de grave violação de
direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento
de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja
parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou
processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”.
a) grave violação de direitos humanos;
b) necessidade de assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados
internacionais;
c) incapacidade – oriunda de inércia, omissão, ineficácia, negligência, falta de vontade política, de
condições pessoais e/ou materiais etc. – de o Estado-Membro, por suas instituições e autoridades,
levar a cabo, em toda a sua extensão, a persecução penal (IDC n. 1/PA, Terceira Seção do STJ).
Constatada a incapacidade dos agentes públicos na condução de investigações, seja por inércia,
seja por falta de vontade de apurar os fatos, de identificar os autores dos homicídios/execuções
cometidos nos casos conhecidos como “Maio Sangrento” e “Chacina do Parque Bristol”, de buscar
a respectiva responsabilização, aliada ao fato de que há risco de responsabilização internacional,
fica demonstrada a situação de excepcionalidade indispensável ao acolhimento do pleito de
deslocamento de competência.
STJ. 3ª Seção. IDC 9-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/08/2022 (Info 744).
A alternativa B está incorreta. Conforme o §5°, do art 109 da Constituição Federal, o legitimado
para suscitar o IDC é o Procurador Geral da República, não fazendo menção ao Advogado Geral
da União: “§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior
53
95
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de
competência para a Justiça Federal.”
A alternativa C está incorreta. Conforme os fundamentos citados na alternativa A.
A alternativa D está correta. Conforme os fundamentos citados na alternativa A.
A alternativa E está incorreta. Aqui o erro é dizer que é largamente verificado na realidade judiciária.
Como visto o IDC é excepcional e deve preencher vários requisitos para ser suscitado, nesse
sentido não é largamente verificado na realidade judiciária.
QUESTÃO 56- No tocante à atividade do juiz na fase investigatória pré- processual e aos
seus poderes instrutórios durante o processo penal, é correto afirmar que poderá o juiz:
(A) decretar de ofício a prisão temporária do investigado, sem representação da autoridade
policial ou requerimento do Ministério Público;
(B) participar das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de
colaboração premiada, nos casos de organização criminosa;
54
95
(C) ordenar de ofício, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante;
(D) decretar de oficio a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, sem
representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, nos casos de
organização criminosa;
(E) oferecer de ofício ao investigado a transação penal e o acordo de não persecução penal,
quando não o fizer o Ministério Público.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
Alternativa A está incorreta. A prisão temporária não pode ser decretada de oficio pelo juiz, devendo
haver a representação da autoridade policial, ou requerimento do Ministério Público, conforme art.
2º da Lei 7960/89: “A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.”
Alternativa B está incorreta. O juiz não é parte na negociação da colaboração premiada, cabendo
ao juiz apenas a homologação do acordo, conforme art. 4º, §6°, da Lei 12850/13: “O juiz não
participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado
ou acusado e seu defensor.”
Alternativa C está correta. Dispõe o art. 156 do CPP: “A prova da alegação incumbirá a quem a
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: II – determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.”
Alternativa D está incorreta. O juiz não pode decretar a infiltração de agente de investigação de
ofício conforme o artigo 10, caput, da Lei 12850/13 dispõe o seguinte: “A infiltração de agentes de
polícia em tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo
Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso
de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial,
que estabelecerá seus limites”.
Alternativa E está incorreta. Entende o STF: “O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério
Público a obrigação de ofertar acordo de não persecução penal (ANPP). Não cabe ao Poder
Judiciário, que não detém atribuição para participar de negociações na seara investigatória, impor
ao MP a celebração de acordos.
Não se tratando de hipótese de manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode requerer o
reexame de sua negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do CPP, não sendo legítimo, em regra,
que o Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a fim de impedir a remessa ao órgão
superior no MP. Isso porque a redação do art. 28-A, § 14, do CPP determina a iniciativa da defesa
para requerer a sua aplicação.” (STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 11/5/2021 (Info 1017))
QUESTÃO 57 - Pablo e Juan foram denunciados pelo Ministério Público pela prática do crime
de integrar organização criminosa (Art. 2o da Lei no 12.850/2013). O juiz recebeu a denúncia
e determinou a citação dos acusados. Pablo foi localizado no Paraguai, em local sabido, e
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expedida carta rogatória para a sua citação, e Juan foi citado por edital, não compareceu,
mas constituiu advogado nos autos.
Relativamente ao curso do processo e do prazo prescricional dos referidos acusados, é
correto afirmar que:
(A) serão o curso do processo e da prescrição suspensos em relação a Pablo, até o
cumprimento da rogatória, e não será suspenso o curso da prescrição em relação a Juan;
(B) será o curso da prescrição suspenso em relação a Pablo, até o cumprimento da rogatória,
e não serão suspensos o curso do processo e da prescrição em relação a Juan;
(C) serão o curso do processo e da prescrição suspensos em relação a Pablo, até o
cumprimento da rogatória, e não será interrompido o curso da prescrição em relação a Juan;
(D) será o curso da prescrição interrompido em relação a Pablo, independentemente do
cumprimento da rogatória, e serão o curso do processo e da prescrição suspensos em
relação a Juan:
(E) serão o curso da prescrição e do processo interrompidos em relação a Pablo,
independentemente do cumprimento da rogatória, e não será suspenso o curso da
prescrição em relação a Juan.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
Levando em consideração os termos do artigo 366 do CPP, o acusado que for citado por edital, e
não comparecer e nem constituir advogado, contra ele ficarão suspensos os prazos prescricionais
e o processo, é o que que fundamenta a não suspensão do prazo prescricional do “Juan, uma vez
que ele não comparece, mas constitui advogado nos autos. (estando erradas nesse sentido as
alternativas
Dispõe o art. 366 do Código de Processo penal: “Se o acusado, citado por edital, não comparecer,
nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo
o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar
prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.”
Nesse sentido, Juan foi citado por edital, não compareceu, mas constitui advogado, nesse caso não
serão suspensos o prazo prescricional nem o processo.
Segundo art. 368 Código de Processo penal: “Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido,
será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu
cumprimento.”
Já para Pablo ficará suspenso o prazo prescricional até que seja cumprida a carta rogatória. E
conforme o artigo citado acima, não suspende o processo, mas somente o prazo prescricional
(incorreta letra A e C).
Alternativa D está incorreta. Uma vez que o artigo 368 do CPP fala que ficara suspenso o prazo
prescricional até o cumprimento da carta rogatória, conforme exposto acima.
A alternativa E está incorreta. conforme exposto, no artigo 368 do cpp, apenas suspendo a prazo
prescricional e não o processo, ademais, o prazo fica suspenso até o cumprimento da carta
rogatória. Nesse sentido, a alternativa está errada por dois motivos.
As demais alternativas se encontram incorretas conforme o fundamento exposto acima.
56
95
QUESTÃO 58 - Gianluigi, vítima do delito de roubo praticado por Manuel, não se habilitou em
juízo como assistente no processo em que o acusado acabou sendo absolvido por falta de
provas, em razão de Gianluigi não ter sido ouvido em juízo. Inconformado, porém, com a
absolvição de Manuel, Gianluigi ingressou em juízo, por intermédio de advogado, e
manifestou a vontade de recorrer em face da absolvição.
Nessa hipótese, é correto afirmar que:
(A) poderá Gianluigi interpor recurso de apelação, no prazo de vinte dias, que correrá do dia
em que terminar o do Ministério Público, se este igualmente recorrer de todo o conteúdo
impugnável da sentença;
(B) não poderá Gianluigi interpor recurso de apelação em razão de não se ter habilitado como
assistente durante a fase instrutória processual;
(C) poderá Gianluigi interpor recurso de apelação, no prazo de trinta dias, que correrá do dia
em que terminar o do Ministério Público, sendo o recurso arrazoado por este, em razão de
Gianluigi não se ter habilitado como assistente;
(D) não poderá Gianluigi interpor recurso de apelação em razão de não ter sido ouvido em
juízo como vítima durante a fase Instrutória processual;
(E) poderá Gianluigi interpor recurso de apelação, no prazo de quinze dias, se o Ministério
Público deixar de fazê-lo, correndo o referido prazo do dia em que terminar o do Ministério
Público.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
Dispõe o art. 598 do Código de Processo penal: “Nos crimes de competência do Tribunal do Júri,
ou do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo
legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado
como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo. Parágrafo
único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em que
terminar o do Ministério Público.”
A alternativa A está incorreta. O prazo é de 15 dias conforme exposto acima.
A alternativa B está incorreta. Poderá a vítima interpor apelação ainda que não tenha sido habilitada
como assistente, de acordo com o exposto acima.
A alternativa C está incorreta. O prazo é de 15 dias conforme exposto acima.
A alternativa D está incorreta. A lei não expõe como requisito que a vítima tenha sido ouvida para
que apresente apelação.
A alternativa E está correta.
57
95
(B) poderá o Ministério Público oferecer acordo de não persecução penal, em favor do
agressor, nos crimes praticados com violência contra a mulher por razões da condição do
sexo feminino;
(C) poderá o Ministério Público oferecer transação penal para as infrações penais praticadas
sem violência ou grave ameaça, cuja pena mínima seja igual a quatro anos;
(D) poderá o juiz oferecer de oficio a suspensão condicional do processo ao acusado, se não
o fizer o promotor de justiça;
(E) poderá o Ministério Público utilizar como justificativa para o não oferecimento de
suspensão condicional do processo o descumprimento do acordo de não persecução penal.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Se for cabível a transação penal, não caberá o acordo de não
persecução penal (ANPP), conforme art. 28-A §2º do CPP: “O disposto no caput deste artigo não
se aplica nas seguintes hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados
Especiais Criminais, nos termos da lei.”
A alternativa B está incorreta. Não caberá o ANPP em caso crimes praticados contra mulher por
razões de condição do sexo feminino, conforme art. 28-A, §2°, IV, do CPP: “O disposto
no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: IV - nos crimes praticados no âmbito
de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino, em favor do agressor
A alternativa C está incorreta. O requisito para que seja possível a transação penal é que o crime
não seja superior a 2 anos, e não a 4 anos conforme a alternativa. Pois trata-se de instituto trazido
pela lei 9099/96 em seu artigo 76: “Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.”
A alternativa D está incorreta. Errado, pois é o poder-dever do Ministério Público a proposta da
suspensão condicional do processo, não podendo o juiz oferecer de ofício. “A suspensão
condicional do processo não é direito subjetivo do acusado, mas sim um poder-dever do Ministério
Público, titular da ação penal, a quem cabe, com exclusividade, analisar a possibilidade de
aplicação do referido instituto, desde que o faça de forma fundamentada. STJ. 6ª Turma. AgRg no
RHC 74464/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 02/02/2017.
A suspensão condicional do processo é solução de consenso e não direito subjetivo do acusado.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 91265/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/02/2018.
A alternativa E está correta. Conforme o art. 28-A, § 11, do CPP: “O descumprimento do acordo de
não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como
justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)”
QUESTÃO 60- Relativamente à investigação criminal e aos meios de obtenção da prova nos
crimes relativos às organizações criminosas (Lei no 12.850/2013), é correto afirmar que:
(A) deverá o juiz participar das negociações para a formação do acordo de colaboração
premiada, se o benefício concedido ao colaborador for o perdão judicial;
58
95
(B) serão nulas de pleno direito, no acordo de colaboração premiada, as previsões de
renúncia ao direito de impugnar a decisão homologatória;
(C) será possível ao juiz receber a denúncia com fundamento somente nas declarações do
colaborador, mas não poderá proferir sentença condenatória com base nas referidas
declarações;
(D) poderá o juiz decretar de ofício a infiltração de agentes de polícia em tarefas de
investigação, sem representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério
Público;
(E) será o retardamento da intervenção policial administrativa, na ação controlada,
comunicado previamente ao Ministério Público que, se for o caso, estabelecerá os seus
limites e comunicará ao juiz competente.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. O juiz não participa das negociações do acordo de colaboração
premiada conforme art 4, §6° da lei 12850/13: “O juiz não participará das negociações realizadas
entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de
polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso,
entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.”
A alternativa B está correta. Conforme art. 4º, §7-B, da Lei 12850/13: “São nulas de pleno direito as
previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão homologatória.”
A alternativa C está incorreta. O juiz não poderá receber a denuncia com fundamentos somente nas
declarações do colaborador conforme art. 4,§ 16, de respectiva lei: “§ 16 - Nenhuma das seguintes
medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas nas declarações do colaborador: II -
recebimento de denúncia ou queixa-crime.”
A alternativa D está incorreta. O juiz não pode decretar de ofício a infiltração de agentes de polícia
em tarefas de investigação, segundo art. 10 da lei 12850/13: “A infiltração de agentes de polícia em
tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público,
após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial,
será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus
limites.”
A alternativa E está incorreta. Quem poderá impor os limites é a Autoridade judiciária, e não o
Ministério Público conforme art. 8, §1°, da Lei 12850/13: “O retardamento da intervenção policial ou
administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá
os seus limites e comunicará ao Ministério Público.”
QUESTÃO 61. O Estado Beta, inovando na ordem jurídica brasileira, editou a Lei nº X, que
dispôs sobre os aspectos gerais de uma política pública de proteção do patrimônio turístico,
considerando as peculiaridades do território estadual. Pouco tempo depois, sobreveio a Lei
n° Y, editada pela União, que buscou estabelecer diretrizes uniformes para a disciplina da
matéria em todo o território nacional. Essas diretrizes eram diametralmente opostas aos
balizamentos estabelecidos pela Lei nº X. Ambos os diplomas normativos, no entanto,
geraram grande insatisfacāo no âmbito de certos grupos políticos, que buscavam
argumentar com a inconstitucionalidade de cada qual, de modo que pudessem ser objeto de
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açāo direta de inconstitucionalidade a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, com o
correlato reconhecimento da invalidade de ambos.
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que:
(A) a Lei nº X permanece em vigor, não tendo sido revogada pela Lei n° Y, logo, a exemplo
desta última, pode ser objeto do controle concentrado de constitucionalidade;
(B) como a Lei n° Y, posterior, revogou a Lei n° X, anterior, somente aquela pode ser objeto
do controle concentrado de constitucionalidade;
(C) tanto a Lei n°X como a Lei n° Y têm a sua eficácia assegurada, logo, ambas podem ser
objeto do controle concentrado de constitucionalidade;
(D) a Lei n° Y, embora tenha emanado de ente federativo diverso, comprometeu a vigência
da Lei nº X, logo, esta última não pode ser objeto de controle concentrado de
constitucionalidade, apenas aquela;
(E) a Lei n° Y, por colidir com a Lei n° X em tema afeto às peculiaridades do território estadual,
não produz efeitos em relação a esse aspecto, que não poderá ser objeto do controle
concentrado de constitucionalidade.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. A proteção do patrimônio turístico está incluída na competência
legislativa concorrente, prevista expressamente no art. 24, inciso VIII da Constituição Federal: “Art.
24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VIII -
responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico”. Segundo o parágrafo 4º do mesmo artigo: “§ 4º A
superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário”. Em não havendo hierarquia entre os Entes (União x Estado), e sim uma distribuição
de competência, não se fala em revogação de norma e sim em suspensão de sua eficácia. Portanto,
não sendo atingida a vigência da norma estadual, esta é passível de controle concentrado.
A alternativa B está incorreta, pelo mesmo fundamento acima.
A alternativa C está incorreta pois a norma estadual teve sua eficácia suspensa, conforme
anteriormente explicado.
A alternativa D está incorreta pois a vigência da norma estadual não foi comprometida, conforme
explicado na alternativa A.
A alternativa E está incorreta pois a norma federal (Lei nº Y), enquanto não for objeto de controle
concentrado por violar a Constituição Federal, permanece válida e eficaz. Além disso, a
Constituição Federal prevê, nos parágrafos 1º e 2º do art; 24 da Constituição Federal: § 1º No
âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
QUESTÃO 62. Com o objetivo de conferir maior tecnicismo ao julgamento das contas de
gestāo apresentadas anualmente pelo prefeito municipal, a Câmara Municipal de Alfa alterou
o seu regimento interno para dispor que, uma vez recebido o parecer prévio emitido pelo
Tribunal de Contas, as respectivas contas somente seriam submetidas a julgamento pelo
Plenário da Câmara Municipal se, nos trinta dias subsequentes, algum vereador o
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requeresse. O regimento interno ainda passou a dispor que, em sendo apreciado pelo
Plenário, o parecer do Tribunal de Contas somente deixaria de prevalecer pelo voto de dois
terços dos membros da Casa Legislativa.
À luz da Constituição da República de 1988, é correto afirmar que a sistemática prevista no
regimento interno da Câmara Municipal de Alfa é
(A) constitucional, considerando que foi observada a autonomia da Câmara Municipal e o
número mínimo de votos necessários para que não prevaleça o parecer do Tribunal de
Contas;
(B) inconstitucional, considerando que o Tribunal de Contas apenas emite parecer prévio em
relaçāo às contas de governo do prefeito municipal, julgando as contas de gestão;
(C) Inconstitucional, considerando que o número de votos para a rejeicāo do parecer prévio
do Tribunal de Contas é de três quintos dos membros da Câmara Municipal;
(D) Inconstitucional, considerando que o parecer prévio do Tribunal de Contas nāo pode ser
considerado aprovado sem expressa deliberação da Câmara Municipal;
(E) constitucional, considerando a estrita observância do princípio da simetria em relação à
competência do Congresso Nacional nessa temática
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Esta previsão é inconstitucional por violar o art. 31, parágrafos 1º e
2º da CF/88: “Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na
forma da lei. § 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais
de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver. § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da
Câmara Municipal”. Pela leitura desse dispositivo, a elaboração do parecer prévio é sempre
necessária e a Câmara Municipal somente poderá dele discordar se houver manifestação de, no
mínimo, 2/3 dos Vereadores. Não pode Regimento interno incluir exceção não prevista na
Constituição Federal. STF proferiu esse entendimento em sede de Repercussão Geral (RE
729.744): Repercussão Geral. Recurso extraordinário representativo da controvérsia. Competência
da Câmara Municipal para julgamento das contas anuais de prefeito. 2. Parecer técnico emitido
pelo Tribunal de Contas. Natureza jurídica opinativa. 3. Cabe exclusivamente ao Poder Legislativo
o julgamento das contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. 4. Julgamento ficto das
contas por decurso de prazo. Impossibilidade”.
A alternativa B está incorreta, segundo o entedimento do STF fixado em tese de Repercussão Geral
(RE 848826/DF): “Para os fins do artigo 1º, inciso I, alínea g, da Lei Complementar 64/1990, a
apreciação das contas de Prefeito, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas
Câmaras Municipais, com auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio
somente deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos vereadores.
A alternativa C está incorreta, conforme o parágrafo 2º da CF/88: “Art. 31. A fiscalização do
Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos
sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. § 1º O controle externo
da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do
Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. § 2º O parecer
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prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só
deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal”
A alternativa D está correta pelo fundamento apontado na alternativa A.
A alternativa E está incorreta pois a Constituição disciplina expressamente como deve ser feito o
julgamento das contas do Poder Executivo Municipal, não podendo se falar, portanto, em princípio
da simetria.
QUESTÃO 63. João, Maria e Joana, filiados ao partido político Alfa e candidatos na última
eleição para o provimento de cargos eletivos de deputado federal, lograram ser eleitos. No
entanto, ficaram muito preocupados ao constatarem que Alfa não tinha preenchido a
"cláusula de desempenho" prevista na ordem constitucional. Ao analisarem as
consequências do não preenchimento dessa cláusula, divergiram entre si. João sustentava
que Alfa não teria direito aos recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e a
televisão. Maria, por sua vez, defendia que o não preenchimento da cláusula de desempenho
por Alfa permitia que os três se filiassem, sem perda do mandato, a outro partido político
que a tenha atingido. Por fim, Joana defendia que essa nova filiação seria considerada para
fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e do acesso gratuito ao tempo de rádio
e televisão.
Considerando a sistemática constitucional, é correto concluir, em relação às afirmações de
João, Maria e Joana, que:
(A) apenas as de Maria e Joana estāo certas;
(B) apenas as de João e Maria estāo certas;
(C) apenas as de Joana está certa;
(D) apenas as de Maria está certa;
(E) todas as afirmativas estão certas.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A afirmação de João está correta. Segundo o parágrafo 3º do art. 17 da Constituição Federal: “§ 3º
Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: I - obtiverem, nas eleições para a Câmara
dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um
terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em
cada uma delas; ou II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo
menos um terço das unidades da Federação”.
A afirmação de Maria está correta e a de Joana está errada. Segundo o parágrafo 5º da Constituição
Federal: “§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é
assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha
atingido, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo
partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão”.
Dessa forma, apenas as afirmações de João e Maria estão corretas.
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QUESTÃO 64. A sociedade empresária Alfa, em razão do seu planejamento, passaria a
adquirir, mensalmente, bens para o uso e o consumo no próprio estabelecimento e almejava
que o crédito do imposto sobre a circulação de bens e serviços (ICMS), decorrente dessa
aquisicāo, fosse compensado com os débitos de ICMS que possuía. Ao consultar a
legislação vigente, constatou que isto seria autorizado para os créditos decorrentes de
mercadorias que entrassem no estabelecimento a partir do próximo exercício financeiro.
Dias antes do início do próximo exercício financeiro, foi editada a Lei Complementar nº X,
postergando a possibilidade de compensação para o quinto exercício financeiro seguinte.
Irresignada com a referida alteração, Alfa ingressou com ação judicial, almejando que fosse
reconhecida a inconstitucionalidade incidental da Lei Complementar n°X e assegurado o
direito à compensação dos créditos do ICMS.
A luz dessa narrativa, o pedido de Alfa deve ser julgado:
(A) procedente, considerando a inconstitucionalidade da Lei Complementar nº X pois a
matéria deveria ser objeto de deliberaçāo em convênio do Conselho Nacional de Política
Fazendária (Confaz);
(B) procedente, considerando a inconstitucionalidade da Lei Complementar nº X por ter
afrontado o princípio da não cumulatividade do ICMS:
(C) procedente, considerando a inconstitucionalidade da Lei Complementar nº X, por ter
afrontado o princípio da anterioridade nonagesimal;
(D) improcedente, considerando que a sistemática de compensaçāo dos créditos do ICMS é
matéria afeta às finanças públicas, estando sujeita aos princípios próprios do direito
financeiro, não aqueles do direito tributário;
(E) improcedente, considerando que a postergação da compensação do crédito do ICMS,
promovida pela Lei Complementar nº X nǎo afronta o princípio da não cumulatividade e não
se sujeita à anterioridade nonagesimal.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. Segundo o entendimento do STF (ADI 5.929/DF): “CONCESSÃO
INCENTIVO FISCAL DE ICMS. NATUREZA AUTORIZATIVA DO CONVÊNIO CONFAZ. 1.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESPECÍFICA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA. 2. TRANSPARÊNCIA
FISCAL E FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA ORÇAMENTÁRIA. 1. O poder de isentar submete-se às
idênticas balizar do poder de tributar com destaque para o princípio da legalidade tributária que a
partir da EC n.03/1993 adquiriu destaque ao prever lei específica para veiculação de quaisquer
desonerações tributárias (art.150 §6º, in fine). 2. Os convênios CONFAZ têm natureza meramente
autorizativa ao que imprescindível a submissão do ato normativo que veicule quaisquer benefícios
e incentivos fiscais à apreciação da Casa Legislativa. 3. A exigência de submissão do convênio à
Câmara Legislativa do Distrito Federal evidencia observância não apenas ao princípio da legalidade
tributária, quando é exigida lei específica, mas também à transparência fiscal que, por sua vez, é
pressuposto para o exercício de controle fiscal-orçamentário dos incentivos fiscais de ICMS.”
A alternativa B está incorreta pelo mesmo fundamento da alternativa E.
A alternativa C está incorreta pelo mesmo fundamento da alternativa E.
A alternativa D está incorreta pois a sistemática de compensaçāo dos créditos do ICMS é matéria
afeta ao direito tributário.
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A alternativa E está correta, conforme entendimento do STF, proferido e, sede de Repercussão
Geral (RE 601.967): "(i) Não viola o princípio da não cumulatividade (art. 155, §2º, incisos I e XII,
alínea c, da CF/1988) lei complementar que prorroga a compensação de créditos de ICMS relativos
a bens adquiridos para uso e consumo no próprio estabelecimento do contribuinte; (ii) Conforme o
artigo 150, III, c, da CF/1988, o princípio da anterioridade nonagesimal aplica-se somente para leis
que instituem ou majoram tributos, não incidindo relativamente às normas que prorrogam a data de
início da compensação de crédito tributário".
QUESTÃO 65. O Município Gama redefiniu em norma municipal o valor limite da Requisição
de Pequeno Valor (RPV), visando a adequação de suas respectivas capacidades financeiras
e especificidades orçamentárias.
Diante do exposto e de acordo com a jurisprudência predominante do Supremo Tribunal
Federal, é correto afirmar que a norma é:
(A) constitucional, pois os entes federados gozam de autonomia para estabelecer o montante
correspondente às obrigações de pequeno valor e, dessa forma, afastar a aplicação do
sistema de precatórios, tendo como parâmetro as suas disponibilidades financeiras;
(B) inconstitucional, pois os entes federados não gozam de autonomia para estabelecer o
montante correspondente às obrigações de pequeno valor e não podem afastar a aplicação
do sistema de precatórios, tendo como parâmetro as suas disponibilidades financeiras;
(C) inconstitucional, pois os entes federados, apesar de gozarem de autonomia para
estabelecer o montante correspondente às obrigacōes de pequeno valor, não podem
estabelecer valor diverso daquele definido pela União, tendo como parâmetro as suas
disponibilidades financeiras;
(D) constitucional, pois os entes federados podem estabelecer valor além ou aquém daquele
fixado pela Uniāo, independentemente de suas disponibilidades financeiras, em razāo da sua
autonomia federativa;
(E) inconstitucional, pois a competência para fixar o valor limite da Requisição de Pequeno
Valor (RPV) é privativa da União, uma vez que há afastamento da aplicação do sistema de
precatórios.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. O STF, em sede de Repercussão Geral (RE 1.359.139), fixou as
seguintes teses: “(I) As unidades federadas podem fixar os limites das respectivas requisições de
pequeno valor em patamares inferiores aos previstos no artigo 87 do ADCT, desde que o façam em
consonância com sua capacidade econômica; (II) A aferição da capacidade econômica, para este
fim, deve refletir não somente a receita, mas igualmente os graus de endividamento e de
litigiosidade do ente federado; (III) A ausência de demonstração concreta da desproporcionalidade
na fixação do teto das requisições de pequeno valor impõe a deferência do Poder Judiciário ao juízo
político-administrativo externado pela legislação local.”
A alternativa B está incorreta pelo mesmo fundamento da alternativa A.
A alternativa C está incorreta pelo mesmo fundamento da alternativa A.
A alternativa D está incorreta pelo mesmo fundamento da alternativa A.
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A alternativa E está incorreta pois os entes federados, desde que respeitado o princípio da
proporcionalidade, gozam de autonomia para estabelecer o montante correspondente às
obrigações de pequeno valor e, dessa forma, afastar a aplicação do sistema de precatórios. Eles
só não podem estabelecer valor demasiado além ou aquém do razoável, tendo como parâmetro as
suas disponibilidades financeiras (ADI 2.868 e ADI 4.332).
65
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QUESTÃO 67. João, após regular aprovação em concurso público de provas e títulos, tomou
posse no cargo de provimento efetivo X, da estrutura da Administração Pública direta do
Município Alfa. Logo após a posse, se inteirou com um colega a respeito de alguns aspectos
afetos a sua futura aposentadoria, pois já tinha contribuído por alguns anos para o Regime
Geral de Previdência Social, regime este que, conforme informações recebidas, era o
aplicado aos servidores de Alfa. O colega, em linha gerais, explicou que: (1) será criado um
regime próprio de previdência social ainda este ano; (2) é vedada a contagem de tempo de
contribuição ficto; 3) para os servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão,
de livre nomeacāo e exoneraçāo, será aplicado o regime geral; e (4) Alfa, também este ano,
instituirá regime de previdência complementar para os servidores ocupantes de cargo
efetivo, que oferecerá benefícios somente na modalidade contribuição definida.
A luz dos balizamentos estabelecidos pela Constituição da República de 1988, é correto
afirmar, em relacāo as explicacōes do colega de João, que são constitucionais:
(A) apenas as observacǒes 1 e 4
(B) apenas as observações 2 e 3;
(C) apenas as observações 1, 2 e 4;
(D) apenas as observações 2, 3 e 4;
(E) todas as observações.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A observação 1) está incorreta, conforme parágrafo 22 do art. 40 da Constituição Federal: Art. 40.
O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos,
de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial. § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei
complementar federal estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de organização, de
funcionamento e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre”.
A observação 2 está correta, conforme §10, do art. 40 da CF: “A lei não poderá estabelecer qualquer
forma de contagem de tempo de contribuição fictício”.
A observação 3 está correta, conforme §13, do art. 40 da CF: “Aplica-se ao agente público ocupante,
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de outro
cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência
Social”.
A observação 4 está correta, conforme §15, do art. 40 da CF: “O regime de previdência
complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade
contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade
fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar”.
Portanto, apenas as observações 2, 3 e 4 estão corretas.
QUESTÃO 68. João, juiz de Direito, sofreu sanção disciplinar que foi aplicada pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), ao reformar decisão absolutória proferida pelo Tribunal local.
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Cinco meses depois, após muito refletir sobre os diversos incidentes ocorridos no curso da
relação processual, identificou uma irregularidade que, a seu ver, configurava nulidade
absoluta. Por tal razão, decidiu ingressar com uma medida judicial visando à declaração de
nulidade da decisão proferida.
João deve ajuizar:
(A) ação em face da União, sendo um juiz federal competente para processá-la e julgá-la;
(B) acāo em face da Uniāo, sendo o Supremo Tribunal Federal competente para processá-la
e julgá-la;
(C) mandado de segurança contra ato do CNJ, sendo um juiz federal competente para
processá-lo e julgá-lo;
(D) mandado de segurança contra ato do CNJ, sendo o Supremo Tribunal Federal
competente para processá-lo e julgá-lo;
(E) açāo ou mandado de segurança, conforme sua livre escolha sendo um juiz federal
competente para processar e julgar a primeira, enquanto o Supremo Tribunal Federal o será
para o segundo;
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta, conforme o art. 109, inciso I, alínea r da CF: Compete ao Supremo
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar,
originariamente: r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional
do Ministério Público;
A alternativa B está correta de acordo com fundamento exposto acima.
A alternativa C está incorreta, conforme o art. 23 da Lei 12.016: “O direito de requerer mandado de
segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado,
do ato impugnado”. Além disso, a competência para processar e julgar mandado de segurança
contra ato do CNJ é de competência do STF: "1. A restrição do permissivo constitucional da al. r do
inc. I do artigo102 da Constituição da República às ações de natureza mandamental resultaria em
conferir à Justiça federal de primeira instância, na espécie vertente, a possibilidade de definir os
poderes atribuídos ao Conselho Nacional de Justiça no cumprimento de sua missão, subvertendo,
assim, a relação hierárquica constitucionalmente estabelecida. Reconhecimento da competência
deste Supremo Tribunal para apreciar a presente ação ordinária: mitigação da interpretação
restritiva da al. r do inc. I do artigo 102 adotada na Questão de Ordem na Ação Originária n. 1.814
(relator ministro Marco Aurélio, Plenário, DJe 3.12.2014) e no Agravo Regimental na Ação Cível
Originária n. 1.680" (relator ministro Teori Zavascki, DJe 1/12/2014), ambos julgados na sessão
plenária de 24/9/2014).
A alternativa D está incorreta, de acordo com o fundamento exposto acima.
A alternativa E está incorreta pelo mesmo fundamento exposto acima.
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deixasse de procurar o produto do roubo, fatos estes que Ticio sabia inverídicos. Diante das
declarações prestadas, o Ministério Público requisitou a instauração de inquérito policial em
desfavor de Caio, que foi validamente instaurado.
Considerando a legislação em vigor e a jurisprudência atualizada, é correto afirmar que:
a) a conduta praticada por Ticio é atípica, uma vez que não deu causa à instauração de
procedimento no âmbito eleitoral.
b) a conduta praticada por Ticio é atípica, uma vez que o crime de denunciação caluniosa
eleitoral somente ocorre quando o crime falsamente imputado tem natureza eleitoral.
c) o Ministério Público Eleitoral, ciente da instauração do inquérito policial em desfavor de
Caio, deverá ajuizar ação de impugnação de registro de candidatura visando a impedir o seu
prosseguimento na corrida eleitoral.
d) Ticio praticou o crime de denunciação caluniosa, previsto no art. 339 do Código Penal,
uma vez que deu causa à instauração de inquérito policial contra Caio, imputando-lhe crime
de que o sabe inocente.
e) o crime de denunciação caluniosa previsto no art. 326-A do Código Eleitoral pode ser
investigado e seu autor processado ainda que o procedimento investigatório inaugurado a
partir de suas declarações tenha sido arquivado.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, porque o art. 326-A do Código Eleitoral não requer que a instauração
de procedimento se dê no âmbito eleitoral, podendo ocorrer no âmbito policial, bastando a finalidade
eleitoral: “Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação
administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a
prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral.”
A alternativa B está incorreta, porque o art. 326-A do Código Eleitoral não requer que o falso crime
imputado tenha natureza eleitoral, basta ser crime ou ato infracional de qualquer natureza:“ Dar
causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação administrativa,
de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou
ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade eleitoral.”
A alternativa C está incorreta, uma vez que a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura tem
prazo específico para sua propositura, consoante o art. 3º da LC nº 64/1990: “Caberá a qualquer
candidato, a partido político, coligação ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados
da publicação do pedido de registro do candidato, impugná-lo em petição fundamentada.”
A alternativa D está incorreta, uma vez que o crime cometido não foi o crime de denunciação
caluniosa previsto no Código Penal, e sim o crime de denunciação caluniosa eleitoral, previsto no
Art. 326-A do Código Eleitoral (Dar causa à instauração de investigação policial, de processo
judicial, de investigação administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade administrativa,
atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade
eleitoral) já que evidente a finalidade eleitoral de prejudicar a campanha do adversário.
A alternativa E está correta, uma vez que o crime tem como bem jurídico a lisura das eleições e
não apenas a honra do candidato, logo, o arquivamento da denúncia caluniosa não interfere na
apuração do crime de denunciação caluniosa. Para que se configure denunciação caluniosa basta
que seja iniciada a investigação, não sendo condição de procedibilidade ou de tipicidade o
arquivamento ou o oferecimento da denúncia.
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QUESTÃO 70. Mévio, prefeito do Município X, no curso de seu segundo mandato
consecutivo, em época de eleições municipais, procedeu ao seu registro de candidatura para
o cargo de prefeito, em eleições que ocorreriam no Município Y, tendo sido aduzido pelo
Ministério Público que a hipótese seria de inelegibilidade, na forma do parágrafo 5º, do art.
14 da Constituição da República de 1988.
À luz da legislação pátria e da jurisprudência atualizada, é correto afirmar que:
a) a hipótese trazida no enunciado não consiste em inelegibilidade, uma vez que não se trata
de reeleição para o cargo de prefeito para o mesmo Município.
b) apenas presidente da República, governadores de Estado e do Distrito Federal podem se
candidatar à reeleição para um mandato em período subsequente.
c) a inelegibilidade para um terceiro mandato consecutivo é afastada se o exercício do cargo
de prefeito se deu a título provisório, nos seis meses anteriores ao pleito.
d) considera-se inelegível para determinado cargo de chefe do Poder Executivo, o cidadão
que já exerceu dois mandatos consecutivos, em cargo da mesma natureza, ainda que em
ente de federação diversa.
e) considera-se inelegível para determinado cargo de chefe do Poder Executivo, o cônjuge
do cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos, em cargo de mesma natureza, ainda
que em ente de federação diversa.
Comentários
A alternativa correta é a letra C (passível de anulação).
A alternativa A está incorreta, consoante o entendimento do STF, divulgado no Informativo 673, que
veda a figura do “prefeito itinerante": O art. 14, § 5º, da CF deve ser interpretado no sentido de que
a proibição da segunda reeleição é absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do
Poder Executivo o cidadão que já cumpriu 2 mandatos consecutivos (reeleito uma única vez) em
cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso. (STF. Plenário. RE 637485/RJ,
rel. Min. Gilmar Mendes, 1º/8/2012 (repercussão geral) (Info 673).
A alternativa B está incorreta, uma vez que todos os chefes do Poder Executivo, inclusive os
Prefeitos, podem ser candidatos à reeleição imediatamente subsequente, nos termos do art. 14,
§5º, da Constituição Federal: “§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos
poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.”
A alternativa C está correta, uma vez que, inobstante a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
no sentido de que, via de regra,“[o] vice que assume o mandato por sucessão ou substituição do
titular dentro dos seis meses anteriores ao pleito pode se candidatar ao cargo titular, mas, se for
eleito, não poderá ser candidato à reeleição no período seguinte” (REspe 222-32/SC, Rel. Min.
Henrique Neves da Silva, publicado em sessão de 16/11/2016). Para as Eleições 2020, em hipótese
bastante similar ao caso dos autos: REspe 0600147-24/GO, Rel. Min. Tarcisio Vieira de Carvalho
Neto, sessão virtual de 16 a 18/12/2020, com embargos declaratórios julgados na sessão virtual de
5 a 12/3/2021. No mesmo sentido, REspe 0600162-96/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
sessão de 15/12/2020, em junho de 2022, o Relator do Recurso Especial TSE 0600222-82, Ministro
Nunes Marques, manifestou pela existência de repercussão geral na questão e necessidade de
uniformização da jurisprudência controversa. Nessa situação foi mantida a decisão do Pet 9.981
69
95
MC que permitiu ao Prefeito do Município de Cachoeira dos Índios/PB continuar no terceiro
mandato.
A alternativa D está incorreta, uma vez que o entendimento do STF, divulgado no Informativo 673,
veda a figura do “prefeito itinerante": O art. 14, § 5º, da CF deve ser interpretado no sentido de que
a proibição da segunda reeleição é absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do
Poder Executivo o cidadão que já cumpriu 2 mandatos consecutivos (reeleito uma única vez) em
cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso. (STF. Plenário. RE 637485/RJ,
rel. Min. Gilmar Mendes, 1º/8/2012 (repercussão geral) (Info 673). Isto é, o precedente não se
reporta aos demais Chefes do Executivo como generalizado na questão.
A alternativa E está incorreta, porque o TSE entende que é possível para ente federativo diverso,
desde que este não seja resultado de desmembramento do ente federativo em que o cônjuge do
candidato exercia o cargo: “[...] 7. Após o entendimento adotado pelo STF, esta Corte Superior
firmou entendimento de que o cônjuge e os parentes de prefeito em segundo mandato são elegíveis
em municípios vizinhos, desde que este não resulte de desmembramento, incorporação ou fusão
realizada na legislatura imediatamente anterior ao pleito. [...]”(Ac. de 3.12.2020 no REspEl nº
060023625, rel. Min. Sérgio Banhos.)
70
95
O Item II está errado. Conforme §1º do artigo 167-A da Lei 11.101/05, na interpretação das
disposições sobre insolvência transnacional deverão ser considerados o seu objetivo de
cooperação internacional, a necessidade de uniformidade de sua aplicação e a observância da boa-
fé, não há menção sobre lex mercatoria.
O item III está certo. Literalidade do §6º do artigo 167-A da Lei 11.101/05: “Na aplicação das
disposições deste Capítulo, será observada a competência do Superior Tribunal de Justiça prevista
na alínea “i” do inciso I do caput do art. 105 da Constituição Federal, quando cabível"
71
95
Contudo, havendo previsão expressa em plano de recuperação judicial, não se aplica a ineficácia
objetiva, pois há autorização expressa em lei, conforme artigo 131 da Lei 11.101/05
72
95
A) as duplicatas serão encaminhadas ao juízo respectivo, salvo se o tabelião de protestos
requerer sua manutenção no tabelionato ou assim for determinado pelo juízo;
B) o tabelião procederá a nova intimação da sacada, e a lavratura do protesto e seu registro
serão efetivados até o terceiro dia útil subsequente ao da efetivação da intimação;
C) a lavratura e o registro do protesto serão efetivados até o primeiro dia útil subsequente
ao do recebimento da revogação, sem nova intimação da sacada;
D) as duplicatas serão encaminhadas ao juízo respectivo, salvo se for necessário consulta
ao apresentante, caso em que protesto será lavrado no 1º dia útil após o recebimento da
resposta;
E) as duplicatas permanecerão no tabelionato e o tabelião procederá a nova intimação da
sacada, sendo a lavratura do protesto e seu registro efetivados até o primeiro dia útil
subsequente ao da efetivação da intimação.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
Conforme literalidade do artigo 17, §2º, da Lei 9.492/97, caso revogada a ordem de sustação, não
há necessidade de se proceder nova intimação do devedor, sendo a lavratura e o registro do
protesto efetivados até o primeiro dia útil subseqüente ao do recebimento da revogação.
Assim dispõe o artigo: “Revogada a ordem de sustação, não há necessidade de se proceder a nova
intimação do devedor, sendo a lavratura e o registro do protesto efetivados até o primeiro dia útil
subseqüente ao do recebimento da revogação, salvo se a materialização do ato depender de
consulta a ser formulada ao apresentante, caso em que o mesmo prazo será contado da data da
resposta dada.”
Incorretas as demais alternativas, pois em desacordo com o artigo acima mencionado.
73
95
C) o juiz, ao receber o inquérito, abrirá vista ao órgão do Ministério Público, que, no prazo
de quinze dias, sob pena de responsabilidade, requererá o sequestro dos bens do acionista
controlador e o arresto dos bens dos ex-administradores;
D) o juiz dará vista do inquérito ao órgão do Ministério Público, que proporá a ação de
responsabilidade em face dos ex-administradores dentro de sessenta dias, a contar do
recebimento da intimação, sob pena de responsabilidade e preclusão da sua iniciativa;
E) o juiz decretará o arresto dos bens dos ex-administradores e, caso seja decretada a
falência antes da propositura da ação de responsabilidade pelo órgão do Ministério Público,
competirá ao administrador judicial promovê-la no prazo de trinta dias da data da decretação
da falência.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. No caso de arresto de bens, o §2º do artigo 45 da Lei 6.024/74 traz
que poderão ser depositários o inventor, o liquidante ou o síndico (atual administrador judicial),
conforme cada situação concreta, cabendo ao síndico ser depositário apenas no caso de falência
da instituição.
A letra B está correta. Literalidade do artigo 45, §1º, da Lei 6.024/74: “Em caso de intervenção ou
liquidação extrajudicial, a distribuição do inquérito ao Juízo competente na forma deste artigo,
previne a jurisdição do mesmo Juízo, na hipótese de vir a ser decretada a falência”
A letra C está incorreta. O prazo para vistas ao Ministério Público é de 8 dias e não 15 dias,
conforme caput do artigo 45 da Lei 6.024/74.
A letra D está incorreta. O prazo do Ministério Público para propor a ação de responsabilidade é de
30 dias e não 60 dias, conforme parágrafo único do artigo 46 da Lei 6.024/74.
A letra E está incorreta. O prazo para o Administrador Judicial promover a ação é de 30 dias,
contudo tem início do seu compromisso e não da decretação da falência, conforme artigo 47 da Lei
6.024/74.
QUESTÃO 76 - Paranhos & Juti Ltda., sociedade empresária cujo objeto é a comercialização
de artigos importados, com sede em Angélica/MS, obteve empréstimo para ampliação de seu
estabelecimento no valor de cinco milhões de reais. A dívida foi representada em cédula de
crédito comercial com garantia pignoratícia de noventa notas promissórias transferidas
mediante endosso-penhor em favor da beneficiária da cédula. No corpo da cédula não foram
descritos os valores de cada nota promissória, seus emitentes, praças de emissão e
pagamento, datas de vencimento. Houve tão somente menção ao valor global dos títulos.
Consideradas tais informações, é correto afirmar que:
A) é dispensada a descrição individualizada na cédula de crédito comercial das notas
promissórias endossadas em penhor em favor do beneficiário, bastando a indicação do valor
global;
B) é requisito de validade da cédula de crédito comercial a descrição individualizada dos
bens dados em garantia pignoratícia, inclusive títulos de crédito, por aplicação subsidiária
da legislação sobre títulos de crédito industrial;
74
95
C) em razão de disposição da legislação sobre as cédulas de crédito comercial, é vedado
neste título a garantia pignoratícia de títulos de crédito, pois somente é possível a garantia
fiduciária mediante endosso ao beneficiário;
D) a cédula de crédito comercial com garantia pignoratícia deve descrever de modo
individualizado os bens dados em penhor, inclusive títulos de crédito, por aplicação
subsidiária da legislação sobre títulos de crédito industrial, mas sua omissão não acarreta a
invalidade do título;
E) é dispensada a descrição individualizada na cédula de crédito comercial das notas
promissórias endossadas em penhor, substituída pela indicação do valor global, desde que
os dados de cada título constem de orçamento assinado pelo mutuário e autenticado pela
instituição financeira.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A cédula de crédito comercial é regida pela Lei 6.840/80, que em seu artigo 3º autoriza o
estabelecimento de garantia por meio de penhor de títulos de créditos sem a necessidade de
descrição dos bens objeto do penhor, sendo suficiente apenas a indicação do valor global. Vejamos:
“Para os efeitos desta Lei, será dispensada a descrição a que se refere o inciso V do artigo 14 do
Decreto-lei nº 413, de 9 de janeiro de 1969, quando a garantia se constituir através de penhor de
títulos de crédito, hipótese em que se estabelecerá apenas o valor global.”
Incorretas as demais alternativas.
QUESTÃO 77 - Doze membros de uma cooperativa de crédito ajuizaram ação para anular
deliberação da assembleia geral ordinária (AGO) que aprovou, por maioria e com o voto
contrário dos autores, as seguintes matérias: (i) o relatório, balanço e contas dos órgãos de
administração; (ii) a destinação das sobras apuradas com dedução das parcelas para os
Fundos Obrigatórios; e (iii) a fixação do valor dos honorários, gratificações e cédula de
presença dos membros da administração e do Conselho Fiscal.
Os autores apontam que os membros da administração aprovaram tais matérias, violando
impedimento legal de voto. A defesa da cooperativa comprovou que as matérias impugnadas
constaram da ordem do dia e estão no rol da competência da assembleia geral ordinária
(AGO). Ademais, sustentou a legalidade da assembleia em razão de todos os votantes terem
a qualidade de cooperado e que o relatório, balanço e contas foram aprovados sem ressalva,
de modo a exonerar os administradores de responsabilidade.
Considerados os fatos, admitida a legitimidade das partes e com base na legislação
cooperativista, é correto afirmar que:
A) é procedente o pedido anulatório, pois os administradores não poderiam ter tomado parte
na votação das matérias, e a aprovação do relatório, balanço e contas pela assembleia, sem
ressalva, não os exonera de responsabilidade;
B) não é procedente o pedido anulatório porque todas as matérias impugnadas constaram
da ordem do dia e estão inseridas no rol das competências da assembleia geral ordinária;
C) é procedente o pedido anulatório, pois os administradores não podem tomar parte na
votação do relatório, balanço e contas dos órgãos de administração, ainda que a aprovação
sem ressalva os exonere de responsabilidade, mas não há impedimento quanto às demais
matérias;
75
95
D) não é procedente pedido anulatório porque os administradores não estão impedidos de
votar as matérias em razão de serem membros da cooperativa e lhes ser assegurado direito
de voto por cabeça;
E) é procedente o pedido anulatório, pois os administradores só poderiam tomar parte na
votação da fixação do valor dos honorários, gratificações e cédula de presença, sendo-lhes
vedado tomar parte na deliberação das demais matérias.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
Os membros dos órgãos de administração e fiscalização tem seu voto proibido em determinadas
situações, não podendo participar de votação acerca de prestação de contas e fixação de
honorários, gratificações e cédula de presença, conforme expressa previsão no §1º do artigo 44 da
Lei 5.764/71.
Ainda, o §2º do referido artigo traz que a aprovação do relatório, balanço e contas dos órgãos de
administração não desonera seus componentes de responsabilidade se realizados com infração à
lei.
Vejamos: “A Assembléia Geral Ordinária, que se realizará anualmente nos 3 (três) primeiros meses
após o término do exercício social, deliberará sobre os seguintes assuntos que deverão constar da
ordem do dia: I - prestação de contas dos órgãos de administração acompanhada de parecer do
Conselho Fiscal, compreendendo: a) relatório da gestão; b) balanço; c) demonstrativo das sobras
apuradas ou das perdas decorrentes da insuficiência das contribuições para cobertura das
despesas da sociedade e o parecer do Conselho Fiscal. IV - quando previsto, a fixação do valor
dos honorários, gratificações e cédula de presença dos membros do Conselho de Administração
ou da Diretoria e do Conselho Fiscal; § 1° Os membros dos órgãos de administração e fiscalização
não poderão participar da votação das matérias referidas nos itens I e IV deste artigo. § 2º À
exceção das cooperativas de crédito e das agrícolas mistas com seção de crédito, a aprovação do
relatório, balanço e contas dos órgãos de administração, desonera seus componentes de
responsabilidade, ressalvados os casos de erro, dolo, fraude ou simulação, bem como a infração
da lei ou do estatuto.”
Assim, a ação anulatória é procedente, sendo correta a alternativa A.
QUESTÃO 78. O ITCD (imposto sobre a transmissão causa mortis e doações) é um dos três
impostos cuja competência tributária para instituição é conferida pela Constituição da
República de 1988 aos Estados membros da Federação e ao Distrito Federal, sendo uma
importante fonte de arrecadação para os cofres públicos estaduais e distritais.
Acerca desse imposto e à luz também da jurisprudência dos Tribunais Superiores, é correto
afirmar que:
(A) o ITCD, por ser um tributo real, não admite alíquotas progressivas;
(B) seu contribuinte, conforme estabelecido no Código Tributário Nacional, é o doador, e não
o donatário;
(C) a efetiva ocorrência do fato gerador na doação de bens imóveis se dá no momento da
lavratura da escritura pública de doação;
76
95
(D) no ITCD referente a doação não oportunamente declarada pelo contribuinte ao fisco
estadual, a contagem do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário pelo
lançamento tem início na ocorrência do fato gerador;
(E) o ITCD não incidirá sobre doações destinadas no âmbito do Poder Executivo da União a
projetos destinados a mitigar os das mudanças climáticas.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, conforme o STF, o ITCMD (um imposto real) pode ser progressivo
mesmo sem que esta progressividade esteja expressamente prevista na CF/88 (RE 562045/RS).
A alternativa B está incorreta, na verdade, o contribuinte do ITCMD, na doação, é o donatário (quem
recebe o bem).
A alternativa C está incorreta. O fato gerador do ITCMD, no que diz respeito à doação de bens
imóveis, será a efetiva transcrição realizada no Registro de Imóveis (art. 1.245 do Código Civil);
A alternativa D está incorreta. Conforme repetitivo do STJ: “no caso do Imposto de Transmissão
Causa Mortis e Doação – ITCMD, referente a doação não oportunamente declarada pelo
contribuinte ao fisco estadual, a contagem do prazo decadencial tem início no primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, observado o fato gerador,
em conformidade com os arts. 144* e 173, I, ambos do CTN.” STJ. 1ª Seção. REsp 1.841.798/MG,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 20/04/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1048) (Info 694).
A alternativa E está correta. Conforme art. 155, § 1º, V, da CF, o ITCMD “não incidirá sobre as
doações destinadas, no âmbito do Poder Executivo da União, a projetos socioambientais ou
destinados a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e às instituições federais de ensino”.
Questão 79. A Lei n° XX/2015 do Estado Alfa, de iniciativa de deputado estadual, concedeu,
sem deliberação no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), benefício
tributário de isenção de ICMS a alguns empreendimentos econômicos por dez anos, como
forma de atrair investimentos para o Estado. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal julgou
inconstitucional tal lei em controle abstrato de constitucionalidade, tendo a decisão eficácia
ex tunc. Em 2018, para evitar que fossem cobrados retroativamente os créditos tributários
de ICMS não recolhidos desde 2015 em razão da isenção julgada inconstitucional, o Estado
Alfa obteve, junto ao Confaz, autorização por meio de convênio para a remissão de tais
créditos tributários de ICMS.
Acerca desse cenário e também à luz da Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é
correto afirmar que:
(A) a lei estadual concessiva de isenção de ICMS é de iniciativa privativa do governador do
Estado, não podendo a iniciativa, ser de parlamentar estadual;
(B) a autorização por convênio do Confaz de concessão de remissão de tais créditos
tributários afasta a caracterização de guerra fiscal no caso concreto;
(C) a autorização por convênio do Confaz de concessão de remissão de tais créditos
tributários permite que tal benefício seja instituído localmente por Decreto do governador;
(D) uma vez julgada inconstitucional tal concessão de isenção, não poderia o Confaz violar
a autoridade da decisão do Supremo Tribunal Federal, autorizando novo benefício tributário
de remissão de tais créditos tributários;
77
95
(E) a remissão de tais créditos tributários, por se limitar ao âmbito estadual, dispensa a
estimativa de impacto orçamentário e financeiro.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta, conforme o STF: “Inexiste, na Constituição Federal de 1988, reserva
de iniciativa para leis de natureza tributária, inclusive para as que concedam renúncia fiscal”
(Repercussão Geral – Tema 682)
A alternativa B está correta, conforme o precedente do STF: “É constitucional a lei estadual ou
distrital que, com amparo em convênio do CONFAZ, conceda remissão de créditos de ICMS
oriundos de benefícios fiscais anteriormente julgados inconstitucionais.” (Repercussão Geral –
Tema 817).”
A alternativa C está incorreta, uma vez que a autorização de remissão de créditos oriundos de
benefícios inconstitucionais não permite que tal benefício (inconstitucional) seja (reinstituído).
A alternativa D está incorreta, conforme Tema 817 acima mencionado.
A alternativa E está incorreta. Conforme art. 14 da LRF:” Art. 14. A concessão ou ampliação de
incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar
sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo
menos uma das seguintes condições”.
Questão 80. A União resolve criar um novo imposto não cumulativo e sem fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados na Constituição da República de 1988.
Em relação a espécie normativa e a vigência desse novo imposto, é correto afirmar que:
(A) poderá ser criado por lei ordinária, respeitando apenas o princípio da anterioridade
nonagesimal;
(B) terá de ser criado por lei complementar, respeitando os princípios da anterioridade anual
e da anterioridade nonagesimal;
(C) terá de ser criado por lei complementar, respeitando apenas o princípio da anterioridade
anual;
(D) terá de ser criado por lei complementar, respeitando apenas o princípio da anterioridade
nonagesimal;
(E) poderá ser criado por lei ordinária, respeitando o princípio da anterioridade anual.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A Constituição dispõe sobre a criação de novo imposto pela União em seu art. 154: “Art. 154. A
União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior,
desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação”.
78
95
No caso, a questão está se referindo ao inciso I, que exige lei complementar. Além disso, por não
ser exceção à regra das anterioridades anual e nonagesimal (art. 150, III, “b” e “c”, da CF), esse
novo imposto também deve seguir tais regras. Portanto, a letra B é a correta.
Questão 81. Frederico está sendo executado numa execução fiscal proposta pelo Estado
Alfa, em decorrência de débitos referentes ao não pagamento de imposto sobre a
transmissão causa mortis e doações (ITCD). Não ofereceu garantia da execução ou fez o
pagamento do débito, tendo o Estado Alfa requerido a penhora de bens.
Quanto a essa penhora, a ordem a ser seguida em relação aos bens do executado é:
(A) dinheiro, imóveis, e pedras e metais preciosos;
(B) dinheiro, veículos e imóveis;
(C) título da dívida pública, direitos e ações, e imóveis;
(D) dinheiro, navios e aeronaves, e pedras e metais preciosos;
(E) título de crédito que tenha coração em bolsa, imóveis e veículos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B (anulável).
A questão seguiu a ordem do art. 835 do CPC (o que é, a meu ver, anulável, já que o art. 11 da
LEF não foi trazido). De qualquer forma, conforme o art. 835 do CPC: “Art. 835. A penhora
observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou
aplicação em instituição financeira; II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito
Federal com cotação em mercado; III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV -
veículos de via terrestre; V - bens imóveis; VI - bens móveis em geral; VII - semoventes; VIII - navios
e aeronaves; IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do
faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos; XII - direitos aquisitivos
derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; XIII - outros
direitos”. Logo, o item B é o que apresenta a ordem correta.
Questão 82. O orçamento necessita de previsão anterior, até para que haja um planejamento
da União, Estados, Distrito Federal e Munícipios. Contudo, muitas vezes surgem despesas
que não estavam computadas ou estavam insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
Essas são autorizadas por meio de:
(A) créditos especiais, os destinados a reforço de dotação orçamentárias;
(B) créditos suplementares, os destinados a despesas para as quais não haja dotação
orçamentária especifica;
(C) créditos adicionais, que podem ser especiais, suplementares ou extraordinários;
(D) créditos extraordinários, os destinados a despesas para as quais não haja dotação
orçamentária específica;
(E) créditos adicionais, que podem ser apenas os especiais e suplementares
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
79
95
Conforme o art. 41 da Lei 4.320/64, os créditos adicionais classificam-se em: I - suplementares, os
destinados a refôrço de dotação orçamentária; II - especiais, os destinados a despesas para as
quais não haja dotação orçamentária específica; III - extraordinários, os destinados a despesas
urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública. Somente a
letra C traz essa previsão.
Questão 83. As contribuições especiais são uma espécie tributária que tem como
característica permanecer toda a arrecadação com a União Federal.
Como exceção a essa regra, temos a contribuição:
(A) para o custeio do serviço de iluminação pública que destina 50% de sua arrecadação
para os Municípios;
(B) de Intervenção no domínio econômico relativa às atividades de Importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível que destina 29% de sua arrecadação para os Estados e o Distrito Federal;
(C) da empresa sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício, que destina 51% de sua arrecadação para Estados, Distrito Federal e
Munícipios.
(D) de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível que destina 22% de sua arrecadação para os Estados e o Distrito Federal;
(E) da empresa sobro a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, a pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício, que destina 22% de sua arrecadação para Estados, Distrito Federal e
Munícipios
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
Isso porque, conforme o art. 159, III, da CF, “III - do produto da arrecadação da contribuição de
intervenção no domínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por cento) para os
Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da lei, observada a destinação a que se refere o
inciso II, c , do referido parágrafo.”.
As outras alternativas não estão previstas na Constituição.
QUESTÃO 84. A empresa de engenharia Hardwork está processando a União Federal, pois
estava sendo contratada para a reforma de prédios num condomínio residencial, e um dos
moradores, Alberto, servidor da Receita Federal, comunicou ao síndico que a referida
empresa estava com parcelamento tributário na Receita Federal.
Assim, defende que houve divulgação indevida de informação obtida em razão do ofício
sobre a sua situação econômica, o que lhe gerou prejuízos.
Quanto à postura do servidor da Receita Federal, é correto afirmar que:
(A) é vedada divulgação de informações relativas a representações fiscais para fins penais
e parcelamentos;
80
95
(B) é vedada a divulgação de informações relativas a inscrições na Dívida Ativa da Fazenda
Pública, mas é possível a divulgação quanto a parcelamento de tributos;
(C) não é vedada a divulgação de informações relativas a parcelamento e moratória;
(D) não é vedada nenhuma divulgação de informação quanto à situação econômica ou
financeira do sujeito passivo;
(E) apenas informações quanto à moratória são vedadas, mas aquelas relativas ao
parcelamento de tributos podem ser divulgadas.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
Isso porque, conforme o art. 198, § 3º, do CTN: “Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação
criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores, de informação
obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito passivo ou de
terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. § 3º Não é vedada a
divulgação de informações relativas a: I – representações fiscais para fins penais; II – inscrições na
Dívida Ativa da Fazenda Pública; III - parcelamento ou moratória; e IV - incentivo, renúncia,
benefício ou imunidade de natureza tributária cujo beneficiário seja pessoa jurídica”. Logo, somente
o item C está correto.
QUESTÃO 85. A Lei nº 4.320/1964 estatui as normas gerais de Direto Financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços dos entes federados. Além disso, veicula
o conceito de Dívida Ativa Tributária e Dívida Ativa Não Tributária, inclusive dando exemplos
desta última categoria, ainda que com algumas imprecisões na classificação decorrentes do
fato de ser uma lei do ano de 1964.
À luz da Lei n° 4.320/1964, mas interpretada sob a nova sistemática advinda com a
Constituição da República de 1988, indique dentre os créditos abaixo elencados aqueles que
são inscritos em Dívida Ativa Tributária:
(A) créditos provenientes de taxa de ocupação paga pelo ocupante de imóvel de propriedade
de ente federado; créditos provenientes de empréstimo compulsório;
(B) créditos provenientes de taxa de ocupação paga pelo ocupante de imóvel de propriedade
de ente federado; créditos provenientes contribuição devida ao Serviço Social do Comércio
(Sesc);
(C) créditos provenientes de taxa de ocupação paga pelo ocupante de imóvel de propriedade
de ente federado; créditos provenientes de foro pago pelo enfiteuta de imóvel de propriedade
de ente federado.
(D) créditos provenientes de empréstimo compulsório, créditos provenientes de
contribuição devida ao Serviço Social do Comercio (Sesc);
(E) créditos provenientes de foro pago pelo enfiteuta de imóvel de propriedade de ente
federado; créditos provenientes de empréstimo compulsório.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
Conforme o art. 39, § 2º, da Lei 4.320/64, Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública
dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas,
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e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes
de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou
natureza, exceto as multas tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas
processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações,
reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os
créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval
ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais.
A letra D é a única que apresenta somente tributos (lembrando que, após a CF/88, empréstimo
compulsório e contribuições para o sistema S passaram a integrar a teoria pentapartite de tributo).
QUESTÃO 86 - Em janeiro de 2023, o Estado Alfa editou lei estadual ampliando os casos de
ocupação antrópica em áreas de preservação permanente. previstos na legislação federal
vigente, Assim, a Citada lei estadual passou a legitimar ocupações em solo urbano de APPs,
fora das situações previstas em normas gerais editadas pela União. Consoante
entendimento do Supremo Tribunal Federal, tal legislação estadual é:
(A) constitucional, pois compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
(B) constitucional, pois é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas, bem como preservar as florestas, a fauna e a flora;
(C) inconstitucional, pois compete privativamente à União legislar sobre florestas, caça,
pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
meio ambiente e controle da poluição;
(D) inconstitucional, pois, em tema de competência legislativa concorrente, em linha de
princípio, admitir-se-ia que o Estado Alfa editasse norma mais protetiva ao meio ambiente,
com fundamento em suas peculiaridades regionais e na preponderância de seu interesse, e
não menos protetiva como o fez, em descompasso com o conjunto normativo elaborado pela
União;
(E) inconstitucional, pois, em tema de competência legislativa sobre espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos em matéria ambiental, o Estado Alfa
não poderia editar norma mais ou menos protetiva ao meio ambiente, ainda que com
fundamento em suas peculiaridades regionais e na preponderância de seu interesse, sob
pena de violação de competência da União.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata sobre competência legislativa em matéria ambiental.
Na linha do entendimento do Supremo Tribunal Federal, é permitido que as legislações estaduais
e municipais versem sobre Direito Ambiental, de forma diversa da legislação federal, desde que
esta AMPLIE a proteção ambiental, jamais podendo dispor de forma menos protetiva: “(...) 4. A
sobreposição de opções políticas por graus variáveis de proteção ambiental constitui circunstância
própria do estabelecimento de competência concorrente sobre a matéria. Em linha de princípio,
admitese que os Estados editem normas mais protetivas ao meio ambiente, com fundamento em
suas peculiaridades regionais e na preponderância de seu interesse, conforme o caso.
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95
Precedentes. (STF. Plenário. ADI 5.996/AM. Rel. Min. Alexandre de Moraes.) Os arts. 2º, III; 3º, II,
“c”; e 17, da Lei nº 20.922/2013, do Estado de Minas Gerais, ampliaram os casos de ocupação
antrópica em áreas de preservação permanente previstos na norma federal vigente à época (no
caso, a Lei nº 11.977/2009, revogada pela Lei nº 13.465/2017). Com isso, essa lei estadual, além
de estar em descompasso com o conjunto normativo elaborado pela União, flexibilizou a proteção
ao meio ambiente local, tornando-o mais propenso a sofrer danos.
A legislação mineira, ao flexibilizar os casos de ocupação antrópica em áreas de Preservação
Permanente, invadiu a competência da União, que já havia editado norma que tratava da
regularização e ocupação fundiária em APPs.” (STF. Plenário ADI 5675/MG, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 17/12/2021 (Info 1042))
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federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar; VI - delegação da
execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos
previstos nesta Lei Complementar.”
O artigo 5º ainda dispõe sobre o assunto: “O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a
execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente
destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.”
QUESTÃO 89 - Caio, bacharel em Física, prestou concurso público para o cargo de técnico
de laboratório na área de Física, sendo certo que o edital exigia para o exercício do cargo a
qualificação consistente em Ensino Médio profissionalizante na área ou Ensino Médio
completo com curso técnico na área. Aprovado, Caio teve sua posse negada pela
administração pública, ao argumento de que não possuía a qualificação exigida no edital.
Considerando a legislação em vigor e a jurisprudência atualizada, é correto afirmar que:
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(A) no caso hipotético descrito no enunciado, ainda que aprovado no concurso público, a
administração pública pode, de fato, negar posse a Calo, uma vez que seu currículo não
atende à qualificação exigida em edital;
(B) o candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital,
exige título de Ensino Médio profissionalizante, ainda que não seja portador desse título,
desde que detenha diploma de nível superior na mesma área profissional;
(C) a investidura de servidores na administração deve ser efetuada nos estritos moldes da
previsão trazida no edital, não sendo possível em qualquer hipótese aceitar titulações
diversas, ainda que superiores;
(D) na esfera administrativa não é possível, em qualquer hipótese, com base em valores
jurídicos abstratos, se proceder à interpretação ampliativa;
(E) o candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital,
exige título de Ensino Médio profissionalizante ainda que não seja portador desse título, caso
tenha diploma de nível superior em qualquer área profissional.
Comentários
A alternativa correta é a letra B, as alternativas A, C e E, são respondidas com base no fundamento
apresentado a seguir, que torna correta a assertiva B.
De fato, e candidato aprovado em concurso público pode assumir cargo que, segundo o edital,
exige título de Ensino Médio profissionalizante ou completo com curso técnico em área específica,
caso não seja portador desse título, mas detenha diploma de nível superior na mesma área
profissional.
Essa foi a tese aprovada por unanimidade em recursos repetitivos pela 1ª Seção do Superior
Tribunal de Justiça. Para o colegiado, a existência de um nível de escolaridade acima do exigido
pelo edital do concurso não fere a discricionariedade ou conveniência da administração.
Vejamos: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL SOB O RITO DOS RECURSOS
REPETITIVOS. ARTS. 5.º, IV, E 10 DA LEI N.º 8.112/1990. ART. 9.º, § 2.º, DA LEI N.º 11.091/2005.
CONCURSO PÚBLICO. EXIGÊNCIA DE TÍTULO DE ENSINO MÉDIO PROFISSIONALIZANTE
OU COMPLETO COM CURSO TÉCNICO EM ÁREA ESPECÍFICA. CANDIDATO PORTADOR DE
DIPLOMA DE NÍVEL SUPERIOR NA MESMA ÁREA PROFISSIONAL. QUALIFICAÇÃO
SUPERIOR À EXIGIDA. POSSIBILIDADE DE INVESTIDURA NO CARGO. RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E IMPROVIDO. RECURSO JULGADO SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 1.036 E
SEGUINTES DO CPC/2015, C/C O ART. 256-N E SEGUINTES DO REGIMENTO INTERNO DO
STJ.” (Tema 1.094)
Em relação a assertiva D, está incorreta, pois conforme a Lei de Introdução as Normas do Direito
Brasileiro, (DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942), traz em seu artigo 20 a
seguinte redação: “Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em
valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e
a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018).”
Da leitura do referido artigo se extrai que é possível na esfera administrativa a decisão baseada em
valores jurídicos abstratos, no entanto, deve ser consideradas as consequências práticas da
decisão.
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QUESTÃO 90 - João é servidor público ocupante do cargo efetivo de professor no Município
Alfa. Não obstante lei local em vigor desse Município preveja o direito de férias anuais de 45
dias aos professores municipais, o atual prefeito, com base em parecer da Procuradoria
Geral do Município, determinou que tais servidores somente possuem direito a 30 dias de
férias por ano, período sobre o qual deve recair o pagamento do terço constitucional de
férias, com base na Constituição da República de 1988. Inconformado, João aforou ação
judicial visando a garantir seu direito de férias de 45 dias anuais, requerendo que sobre esse
período incida o terço constitucional de férias.
Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, o magistrado deve
decidir que a pretensão de João é:
(A) procedente, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias é constitucional e o terço
adicional de férias incide sobre a remuneração relativa a todo o período de férias;
(B) improcedente, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias é inconstitucional, haja
vista que a Constituição da República de 1988 prevé que os servidores públicos têm direito
de férias pelo período de 30 dias;
(C) procedente em parte, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias deve ser objeto
de interpretação conforme à Constituição da República de 1988, de maneira que os
servidores municipais podem gozar dos 45 dias de férias, mas o terço adicional incide
apenas sobre 30 dias;
(D) procedente em parte, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias deve ser objeto
de interpretação conforme à Constituição da República de 1988, de maneira que os
servidores municipais podem gozar apenas 30 dias de férias, mas o terço adicional deve
incidir sobre 45 dias;
(E) improcedente, pois a norma municipal que prevê 45 dias de férias é inconstitucional, haja
vista que a Constituição da República de 1988 prevê que os empregados celetistas têm
direito de férias pelo período de 30 dias e tal regra é aplicável por analogia aos servidores
públicos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
O art. 7º, XVII, da CF/88 assegura ao trabalhador o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal, sem limitar o tempo da sua duração, razão pela
qual esse adicional deve incidir sobre todo o tempo de descanso previsto em lei: “gozo de férias
anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;”
Esse direito também se estende ao servidor público por força do art. 39, § 3º, da CF/88: “Aplica-se
aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
quando a natureza do cargo o exigir.”
Nesse contexto, como a legislação do Município de Boa Viagem/CE garante 45 dias de férias anuais
para os respectivos professores, o acréscimo de 1/3 há de incidir sobre o valor pecuniário a ele
correspondente, sendo incabível sua restrição ao período de apenas 30 dias, em respeito ao
princípio da legalidade (art. 37,da CF/88).
Veja a tese fixada pelo STF: O adicional de 1/3 (um terço) previsto no art. 7º, XVII, da Constituição
Federal incide sobre a remuneração relativa a todo período de férias. STF. Plenário. RE
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1.400.787/CE, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 15/12/2022 (Repercussão Geral – Tema 1.241)
(Info 1080).
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À luz da legislação em vigor e da jurisprudência atual, é correto afirmar que:
(A) não é possível o ajuizamento de ação civil pública após o decurso do prazo legal para
ação rescisória, sob pena de violação à coisa julgada;
(B) a ação civil pública, na hipótese versada no enunciado, não deve prosperar em razão do
decurso do prazo prescricional;
(C) a ação civil pública, como pretendida, não ofende a coisa -julgada, ainda que decorridos
dois anos;
(D) a ação civil pública, na hipótese versada no enunciado, não deve prosperar em razão do
decurso do prazo decadencial;
(E) o Ministério Público deveria ter discutido a dominialidade do bem expropriado no bojo
da ação de desapropriação, na qual atua como fiscal da lei.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
O STF decidiu sobre o tema. Propositura da ACP não viola a coisa julgada da ação de
desapropriação. O ajuizamento de ação civil pública para discussão da titularidade de imóvel não
ofende a coisa julgada decorrente de ação de desapropriação, mesmo que já tenham se passado
os dois anos para a propositura da ação rescisória.
Com efeito, diante da impossibilidade de discussão de matérias de alta indagação no âmbito das
ações de desapropriação, o que inclui o debate a respeito da dominialidade do bem expropriado,
eventual trânsito em julgado de decisão judicial proferida em ação de desapropriação, limitada à
análise do decreto expropriatório e do valor de indenização, é incapaz de impedir a discussão
jurídica dominial em ação civil pública.
Vejamos a tese fixada: “O trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em sede de ação
desapropriatória não obsta a propositura de Ação Civil Pública em defesa do patrimônio público
para discutir a dominialidade do bem expropriado, ainda que já se tenha expirado o prazo para a
Ação Rescisória.” STF. Plenário. RE 1010819/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 26/5/2021 (Repercussão Geral – Tema 858) (Info 1019)
Demais alternativas da questão estão incorretas pois são contrárias ao que foi decidido pelo STF.
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(C) poderá determinar o afastamento de João, sem prejuízo da remuneração, pelo prazo de
até 90 dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, mediante decisão motivada;
(D) não poderá determinar o afastamento de João, porque tal medida excepcional somente
pode ser tomada, em sede de ação de improbidade administrativa, por órgão colegiado do
Judiciário;
(E) não poderá determinar o afastamento de João, porque tal medida excepcional somente
pode ser tomada em sede de ação penal, preenchidos os requisitos legais.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, conforme artigo 20, §2º, da Lei 14.230/2021 que alterou a Lei de
improbidade administrativa: “A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do
agente público do exercício do cargo, do emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração,
quando a medida for necessária à instrução processual ou para evitar a iminente prática de novos
ilícitos. O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma
única vez por igual prazo, mediante decisão motivada.”
Alternativa A esta incorreta, tendo em vista que o afastamento será sem o prejuízo da remuneração,
bem como o prazo poderá ser de até 90 dias, prorrogáveis uma única vez em decisão motivada
Alternativa B está incorreta, pois o prazo poderá ser de até 90 dias, prorrogáveis uma única vez em
decisão motivada.
Alternativa D está incorreta, o artigo supracitado da Lei 14.230/2021, permite o afastamento do
servidor mediante decisão motivada pela autoridade judicial.
Alternativa E está incorreta, a referida lei aplicam-se os princípios constitucionais do direito
administrativo sancionador, não existindo restrição a aplicação do afastamento por não tratar-se de
ação penal.
QUESTÃO 94 - Ticio estava no interior de uma loja de fogos de artificio de sua cidade a fim
de comprar diversos itens para a festa junina que se aproximava quando se deu uma grande
explosão que lhe causou queimaduras e destruiu seus pertences.
Considerando a legislação em vigor e a jurisprudência atualizada, é correto afirmar que:
(A) é sempre cabível a responsabilização civil do Município pelos danos decorrentes da
explosão em comércio de fogos de artificio;
(B) em razão do dever de fiscalização, haverá sempre responsabilidade civil do Município,
ainda que o comércio de fogos tenha recebido licença para funcionamento, com as cautelas
legais;
(C) o exercício do comércio de fogos de artifício, atividade privada, não enseja, em qualquer
hipótese, responsabilização do Município por danos dela decorrentes;
(D) o requerimento de licença de instalação de comércio de fogos de artificio é suficiente
para ensejar o dever de agir do Município que será sempre responsabilizado na ocorrência
de dano a terceiro;
(E) haverá responsabilidade civil do Município por omissão específica quando forem de
conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular.
Comentários
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A alternativa correta é a letra E.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que o Estado tem responsabilidade civil por
danos decorrentes de omissão do dever de fiscalizar comércio de fogos de artifício, desde que
tenha violado seu dever de agir na concessão da licença ou na fiscalização. Por maioria de votos,
os ministros negaram provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 136861, com repercussão geral
reconhecida.
O colegiado definiu a seguinte tese de repercussão geral (Tema 366): “Para que fique caracterizada
a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é
necessário que exista violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for
concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais, ou quando for de conhecimento
do Poder Público eventuais irregularidades praticadas pelo particular”.
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
POR OMISSÃO. ART. 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FISCALIZAÇÃO DO COMÉRCIO
DE FOGOS DE ARTIFÍCIO. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. NECESSIDADE DE VIOLAÇÃO DO DEVER JURÍDICO ESPECÍFICO DE AGIR. 1. A
Constituição Federal, no art. 37, § 6º, consagra a responsabilidade civil objetiva das pessoas
jurídicas de direito público e das pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
Aplicação da teoria do risco administrativo. Precedentes da CORTE. 2. Para a caracterização da
responsabilidade civil estatal, há a necessidade da observância de requisitos mínimos para
aplicação da responsabilidade objetiva, quais sejam: a) existência de um dano; b) ação ou omissão
administrativa; c) ocorrência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa; e d)
ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. 3. Na hipótese, o Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo concluiu, pautado na doutrina da teoria do risco administrativo e com base na
legislação local, que não poderia ser atribuída ao Município de São Paulo a responsabilidade civil
pela explosão ocorrida em loja de fogos de artifício. Entendeu-se que não houve omissão estatal
na fiscalização da atividade, uma vez que os proprietários do comércio desenvolviam a atividade
de forma clandestina, pois ausente a autorização estatal para comercialização de fogos de artifício.
4. Fixada a seguinte tese de Repercussão Geral: “Para que fique caracterizada a responsabilidade
civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a
violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para
funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais
irregularidades praticadas pelo particular”. 5. Recurso extraordinário desprovido. (RE 136861,
Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno,
julgado em 11/03/2020, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-201
DIVULG 12-08-2020 PUBLIC 13-08-2020).
As demais alternativas estão incorretas, pois são contrárias a decisão proferida pelo STF.
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No caso em tela, conforme dispõe a Nova Lei de Licitações e Contratos (Lei no 14.133/2021),
será firmado entre o Tribunal de Justiça do Estado Gama e o licitante vencedor:
(A) contrato de eficiência;
(B) contrato de concessão;
(C) termo de parceria;
(D) contrato de gestão;
(E) acordo de cooperação técnica.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A nova Lei de licitações inovou ao trazer o conceito de contrato de eficiência, sendo definido como
“contrato cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o
fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de
redução de despesas correntes, remunerado o contratado com base em percentual da economia
gerada;”
E ainda, conforme a referida legislação em seu artigo 36, “O julgamento por maior retorno
econômico, utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência, considerará a
maior economia para a Administração, e a remuneração deverá ser fixada em percentual que
incidirá de forma proporcional à economia efetivamente obtida na execução do contrato.”
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O STF fixou a seguinte tese: “As hipóteses excepcionais autorizadoras de acumulação de cargos
públicos previstas na Constituição Federal sujeitam-se, unicamente, a existência de compatibilidade
de horários, verificada no caso concreto, ainda que haja norma infraconstitucional que limite a
jornada semanal.”
O STJ também se posicionou sobre o tema afirmando que O limite semanal de 60 horas para
acúmulo de cargos públicos não se aplica aos profissionais da área de saúde, que só precisam
comprovar a compatibilidade de horários. A decisão é da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça,
que adequou seu entendimento à posição do Supremo Tribunal Federal.
As demais alternativas da questão estão incorretas, pois vão de encontro a decisão supracitada.
QUESTÃO 98 - João, juiz de Direito no âmbito do Estado Alfa, em atuação na entrância inicial,
pretendia concorrer à promoção para a entrância intermediária da carreira com base no
critério de antiguidade, que deveria ser observado na próxima promoção que seria ofertada.
Maria, por outro lado, também juíza de Direito e que já se encontrava na entrância
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intermediária, pretendia concorrer à remoção. Ao vagar a unidade judiciária XX, tanto João
como Maria almejavam poder vir a ocupá-la
À luz da sistemática vigente, é correto afirmar que a unidade judiciária XX deve ser primeiro
oferecida à:
A) promoção ou remoção, conforme ato discricionário do Pleno do Tribunal de Justiça do
Estado Alfa;
B) promoção por antiguidade, o que não ocorreria caso se tratasse de promoção por
merecimento;
C) remoção, conclusão que seria alterada caso a hipótese versasse sobre promoção por
merecimento;
D) promoção por antiguidade, conclusão que permaneceria inalterada ainda que se tratasse
de promoção por merecimento;
E) remoção, conclusão que somente seria alterada em se tratando de provimento inicial, por
antiguidade ou por merecimento.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
Conforme dispõe o artigo 81 da Loman, a remoção precederá ao provimento inicial e à promoção
por merecimento, não tendo prevalecendo à promoção por antiguidade.
Ainda, em Lei Orgânica da magistratura nacional interpretada, Editora Juarez de Oliveira, 2ª edição,
2002, p. 120 preleciona: “Percebe-se que só a vaga a ser provida por antiguidade fica preservada,
não podendo ser prejudicada por remoção ou transferência no plano horizontal da carreira.
Tratando-se, porém, da nomeação inicial para o ingresso na carreira, quer dizer, do provimento
inicial, ou de promoção por merecimento, que traduz elevação no plano vertical da carreira, a
preferência será para a eventual remoção.”
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“O que faz surgir o problema é que o equitativo é justo, porém não o legalmente justo, e sim uma
correção da justiça legal. A razão disto é que toda lei é universal, mas a respeito de certas coisas
não é possível fazer uma afirmação universal que seja correta. Nos casos, pois, em que é
necessário falar de modo universal, mas não é possível fazê-lo corretamente, a lei considera o caso
mais usual, se bem que não ignore a possibilidade de erro. E nem por isso tal modo de proceder
deixa de ser correto, pois o erro não está na lei, nem no legislador, mas na natureza da própria
coisa, já que os assuntos práticos são dessa espécie por natureza.
Portanto, quando a lei se expressa universalmente e surge um caso que não é abrangido pela
declaração universal, é justo, uma vez que o legislador falhou e errou por excesso de simplicidade,
corrigir a omissão — era outras palavras, dizer o que o próprio legislador teria dito se estivesse
presente, e que teria incluído na lei se tivesse conhecimento do caso.”
(Aristóteles, Ética a Nicômaco)
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A Lei n.º 13.608/2018 expressamente previu, em prol do “denunciante”, o qual se distingue, contudo,
do “colaborador” na “colaboração premiada”, porquanto nesta o colaborador encontra-se envolvido
na atividade criminosa, e, ao tempo em que admite sua participação nos fatos, decide “delatar” os
outros envolvidos (partícipes e coautores) até então desconhecidos da organização ou atividade
criminosa. Assim estabelecem seus art. 3º e 4º: “O informante que se identificar terá assegurado,
pelo órgão que receber a denúncia, o sigilo dos seus dados. A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, no âmbito de suas competências, poderão estabelecer formas de recompensa pelo
oferecimento de informações que sejam úteis para a prevenção, a repressão ou a apuração de
crimes ou ilícitos administrativos. Parágrafo único. Entre as recompensas a serem estabelecidas,
poderá ser instituído o pagamento de valores em espécie.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que tenham gostado do material.
Bons estudos!
Para qualquer dúvida, crítica ou sugestão, entre em contato pelos seguintes canais:
E-mail: [email protected]
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