Educação Ambiental Lúdica Na Escola Pública: Contribuindo Com o Processo de Engajamento e Transformação Social

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Gaia Scientia 2012, 6(1): 07-18

Educação Ambiental Lúdica na Escola Pública: contribuindo com o processo de


engajamento e transformação social

Paloma Mara de Lima Ferreira1


André Luiz Queiroga Reis2
Marília Costa De Medeiros3
Francisco Miqueias Sousa Nunes4

Resumo

A Educação Ambiental (EA) nos últimos anos se apresenta como uma nova dimensão a ser agrupada no processo educacional.
Nesse aspecto, foram realizadas atividades educativas em duas escolas da rede municipal de ensino infantil e fundamental
localizadas no município de Pombal, a EMEF Dr. Avelino Elias de Queiroga e EMEF Decisão. Cujo objetivo principal foi
analisar as concepções/representações de meio ambiente dos alunos de 3º a 6º ano de duas escolas municipais da zona rural e
urbana, tendo como eixo norteador o bioma Caatinga incorporado a Educação ambiental lúdica inserida no ensino de ciências.
Foram utilizados métodos pedagógicos ativos como palestras, oficinas pedagógicas e jogos lúdicos, para a coleta dos dados foi
realizada entrevistas através da aplicação de questionários estruturados. Como resultado confirmamos que a práxis da EA e do
Lúdico quando combinados demonstrou ser uma valiosa ferramenta no ensino de ciências, sendo um poderoso subsídio na
disseminação de conhecimento.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Lúdico, Ensino de Ciências, Bioma Caatinga.

Abstract

ENVIRONMENTAL EDUCATION PLAYFUL IN PUBLIC SCHOOL: CONTRIBUTING TO THE PROCESS OF


ENGAGEMENT AND SOCIAL TRANSFORMATION. Environmental Education (EE) in recent years is presented as a new
dimension to group in the educational process. In this respect, educational activities were carried out in two schools in the
municipal kindergarten and elementary school located in the city of Pombal, EMEF Dr. Avelino Elias Queiroga and EMEF
Decision. Whose main objective was to analyze the conceptions / representations of the environment of the students in 3º to 6º
grade from two public schools in rural and urban area, and are guided by the Caatinga biome embedded playful inserted
Environmental education in science teaching. Active teaching methods such as lectures, educational workshops and fun games
for the data collection were used interviews was conducted through structured questionnaires. As a result we confirm that the
practice of EE and Playful when combined proved to be a valuable tool in science teaching, being a powerful aid in the
dissemination of knowledge.
Keywords: Environmental Education, Playful, Science Teaching, Caatinga Biome.

Introdução

O Meio Ambiente vem apresentando, já há de valores éticos, culturais e estéticos


algumas décadas, reação às alterações e agressões (LOUREIRO, 2006). Desse modo, a Educação
que vem recebendo da dita evolução humana. Ambiental surge como uma prática social de
Diante desse quadro, a humanidade extrema importância na atualidade visto à grande
obrigatoriamente preocupação com as questões ambientais.
percebeu que faz parte dessas causas e sofre Nesse contexto, este estudo aborda a
diretamente com suas consequências. Educação Ambiental Lúdica inserida no ensino de
Considerando as evidências de degradação Ciências como ferramenta de engajamento
que os ambientes socialmente modificados socioambiental, tendo como eixo principal das
apresentam, tornou-se indiscutível a preocupação discursões o bioma Caatinga, considerando
com o educar, percebendo-se que a Educação aspectos diferenciados da região semiárida. A EA
Ambiental (EA) é um caminho para a construção nos últimos anos se apresenta como uma nova
1
Graduada em Licenciatura Plena em Ciências Naturais, UFPB. Graduanda em Engenharia Ambiental, UACTA/CCTA/UFCG,
Pombal-PB. Email: [email protected]
2
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, UFPB. João Pessoa – PB. Email: [email protected]
3
Graduanda em Engenharia Ambiental, UACTA/CCTA/UFCG, Pombal-PB. Email: [email protected]
4
Graduando em Engenharia Ambiental, UACTA/CCTA/UFCG, Pombal-PB. Email: [email protected]
8 P.M. de L. Ferreira, A.L.Q. Reis, M.C. de Medeiros & F.M.S. Nunes
dimensão a ser agrupada no processo educacional, Fundamental (EMEF) “Decisão”, tendo como eixo
sabendo que por meio do crescente norteador o bioma Caatinga, despertando nos
desenvolvimento ao longo dos anos houve um educandos o interesse em colaborar no processo de
aumento excessivo quanto aos problemas conservação do meio ambiente e da qualidade de
ambientais observados não apenas em escala vida da comunidade pombalense.
mundial, mas também em escala local, neste caso
aqui observado na cidade de Pombal. Material e Métodos
O município de Pombal é uma das mais
antigas cidades do estado da Paraíba ocupando a Localização da área de estudo
segundo maior município em extensão territorial,
desse modo percebe-se que a cultura e a tradição O estudo foi realizado em duas escolas da
passada de geração a geração são características rede municipal de ensino infantil e fundamental da
marcantes da população pombalense. Em cidade de Pombal - PB, sendo uma da zona rural e
decorrência de algumas atitudes errôneas do uma da zona urbana, no qual foram atores
homem com relação à natureza alguns problemas principais os alunos pertencentes às séries de
ambientais têm se agravado nos últimos anos, tais alfabetização do 3° ao 6º ano das EMEF Dr.
como, degradação do solo, aumento poluição do Avelino Elias de Queiroga e EMEF Decisão.
rio, maior produção de resíduos sólidos, A cidade de Pombal é um dos 223 municípios
desmatamento, dentre outros problemas que vem pertencentes ao estado da Paraíba. Localizada a
sendo cada vez mais intensificados pelas ações 371 km da capital João Pessoa. Pombal se encontra
humanas. na mesorregião do Sertão Paraibano e microrregião
A mudança de pensamento e atitudes ainda é de Sousa, tem como limite as cidades de São
um grande desafio para a EA, principalmente, Bentinho, Cajazeirinhas, São Domingos, Paulista,
quando é posta frente ao pensamento Lagoa, Aparecida e Condado.
tradicionalista. Daí surge à necessidade da
incorporação da Educação Ambiental associada ao
Lúdico no ensino de Ciências, visando uma maior
compreensão e valorização de aspectos do meio
ambiente local.
Desse modo, esse estudo baseia-se na situação
das condições ambientais no sertão paraibano, em
virtude da constate degradação do bioma caatinga
no município de Pombal em consequência da ação
humana, percebeu-se a necessidade de um estudo
no tocante a educação ambiental lúdica, com
intuito de estimular alunos do ensino fundamental
para uma maior percepção das condições atuais do Figura 1. Localização da cidade de Pombal no
meio ambiente no qual estão inseridos, visto que Estado da Paraíba. Fonte: IBGE, 2010.
através de metodologias de ensino diferenciadas na
educação infantil é possível estimular a Encontra-se a aproximadamente 184 m de
conscientização dos futuros cidadãos quanto às altitude média do mar, com as coordenadas 06o
problemáticas ambientais no que diz respeito à 46’ 12’’ S e 37o 48’ 07’’ W. Segundo Censo do
melhoria da qualidade de vida. IBGE 2010 sua população é representada por
Neste sentido, fica evidente a relevância deste pouco mais de 32.110 habitantes com extensão
trabalho no processo de ensino aprendizagem de territorial de 889 km2.
crianças na busca em sensibilizar ou despertar o O município está inserido na unidade
interesse desses discentes para que atuem de modo geoambiental da depressão sertaneja, que
sustentável, conservando o ambiente em que estão representa a paisagem típica do semiárido
inseridos aprendo desde cedo a observar a natureza nordestino. A vegetação é basicamente composta
de maneira responsável. por caatinga hiperxerófila com trechos de floresta
Este trabalho teve como objetivo principal, caducifólia. O clima é do tipo tropical semiárido,
analisar as concepções/representações de meio com chuvas de verão (MME, 2005).
ambiente dos alunos de 3º ao 6º ano de duas A temperatura média anual é de 27ºC, com
escolas municipais pertencentes à zona rural e médias mensais variando pouco entre si. A
urbana, a Escola Municipal de Ensino pluviosidade média anual é de aproximadamente
Fundamental (EMEF) “Dr. Avelino Elias de 800 mm, sendo irregularmente distribuída entre os
Queiroga” e Escola Municipal de Ensino meses, com maior incidência entre os meses de
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fevereiro a abril, mas, com grandes variações de enfoque foi proporcionar um maior
ano para ano (PARAÍBA, 1985). reconhecimento da região onde habitam, além de
provocar discussões sobre o tema abordado.

Metodologia

O projeto foi desenvolvido Inicialmente na


EMEF Dr. Avelino Elias de Queiroga, localizada
na comunidade de “Várzea Comprida dos Leites”
na zona rural da cidade de Pombal com
aproximadamente 27 km de distância do
município, onde foram trabalhados às séries de
alfabetização do 3° ao 5º ano com idade variando
entre 7 a 10 anos.
E posteriormente na EMEF Decisão
localizada na Rua Coronel João Leite no bairro
central da zona urbana do município de Pombal, na
qual o projeto foi desenvolvido com alunos de Figura 2. Registro fotográfico de alguns
quatro turmas do 6º ano com variação entre 9 a 12 espécimes da fauna e flora local do Bioma
anos de idade. Desse modo, fez parte do estudo um Caatinga. Fonte: Autor, 2012.
total de 125 alunos, onde dos participantes 30 são
moradores da zona rural e 95 da zona urbana.
O projeto ocorreu no período de oito semanas,
as atividades realizadas em sala de aula foram
dividas em duas oficinas com duração máxima de
110 min cada.
Nas oficinas o tema explorado foram
características do bioma Caatinga quanto sua
biodiversidade e principais problemas ambientais
observados nos últimos anos, visto a imensidão
deste rico bioma no próprio município de Pombal,
sendo possível uma reflexão da realidade local
sobre as questões ambientais.
O trabalho foi desenvolvido em seis etapas
descritas a seguir:
Na primeira etapa foi realizada investigação Figura 3. Registro fotográfico de alguns
em revisão da literatura por meio da leitura de problemas ambientais vistos na cidade de
artigos, livros, monografias, dissertações e teses Pombal. Fonte: AUTOR, 2012.
disponíveis eletronicamente e impressas, com
abordagens sobre o bioma caatinga, educação Posteriormente na terceira etapa, foi o período
ambiental no ensino de ciências e pedagogia destinado para produzir o questionário
lúdica, com o objetivo de adiquirir embasamento socioambiental, em busca de investigar as
teórico para as discussões planejadas. perspectivas dos alunos quanto ao meio ambiente,
Na segunda etapa, foi realizada pesquisa de EA e aspectos do Bioma Caatinga observado no
campo que permitiu um período de observação e município de Pombal. Caracterizando como uma
caracterização da biodiversidade da região pesquisa de cunho qualitativo, na qual a
semiárida local, através de registro fotográfico foi metodologia pauta-se, principalmente, na pesquisa
possível identificar elementos da fauna e da flora participativa.
presentes na região, além de enfatizar os principais Para a coleta dos dados foram feitas
problemas ambientais enfrentados no município, a entrevistas em uma visita investigativa antes da
captura das imagens foram realizadas em três execução do projeto, usando a técnica do círculo
comunidades próximas ao município. Algumas hermenêutico-dialético OLIVEIRA (1999),
imagens pode estão representadas nas Figuras 2 e referente à categoria teórica educação ambiental.
3. Procurou-se coletar, questionar, interpretar e
Foram selecionadas algumas imagens para relatar dados a fim de diagnosticar a realidade dos
serem utilizadas nas palestras, onde o principal alunos pertencentes em ambas às escolas foi
10 P.M. de L. Ferreira, A.L.Q. Reis, M.C. de Medeiros & F.M.S. Nunes
aplicado questionários estruturados sendo possível
assim determinar o perfil dos discentes e a
colaboração/interesse docente nas atividades para
dessa forma analisar a participação destes quanto
responsáveis por suas ações e pela difusão do
conhecimento adquirido através do processo de
ensino-aprendizagem na cidade de Pombal – PB.

Produção do matérial lúdico pedagógico

As atividades foram aplicadas através de


métodos ativos e participativos, com o auxilio de Figura 4. Objetos utilizados no jogo “Bingo
metodologia lúdica envolvendo os alunos através da biodiversidade”. Fonte: AUTOR, 2012.
de aulas interativas utilizando oficinas pedagógicas
planejadas, com auxílio de variados tipos de Na segunda oficina, “Principais problemas
recursos didáticos para melhor explanação e ambientais ocorridos no bioma da Caatinga e
absorção do conhecimento dos alunos. alternativas sustentáveis”, foram utilizando os
A quarta etapa foi destinada há produção do mesmos recursos didáticos da oficina anterior
material lúdico pedagógico, os jogos foram criados alterando apenas o jogo lúdico o jogo impresso e
atendendo as abordagens das palestras realizadas, acrescentando a brincadeira de roda “Cantando
durante duas semanas todo o material foi planejado com o mandacaru” envolvendo a musicalidade no
e produzido incluindo, palestras, jogos impressos ensino de ciências e os problemas enfrentados na
(palavras cruzadas, sete erros e labirinto) e as região, além das alternativas necessárias para
brincadeiras, tais quais, “bingo da biodiversidade” minimizar os problemas frequentes na região
e “cantando com o mandacaru”, confeccionados semiárida.
com os seguintes materiais: EVA, cola, lápis, papel Para a realização do jogo se fez necessário
e figuras. O projeto contou com a colaboração da o uso de um micro system no qual foram
Prefeitura Municipal de Pombal – PB que escolhidas músicas de grande expressividade
disponibilizou os recursos utilizados para a cultural que em suas letras relatam características
produção do material lúdico. do sertão, de autores como o grande Luiz Gonzaga
O primeiro jogo lúdico trabalhado foi “Bingo e Luizinho Barbosa artista local.
da biodiversidade” buscava o reconhecimento dos A brincadeira se assemelha ao jogo da “batata
alunos quanto a elementos representativos da fauna quente” com modificações necessárias para
e flora do semiárido paraibano, a brincadeira incentivar um aprendizado participativo garantindo
caracterizava-se em aspectos semelhantes de um a boa qualidade do ensino. Todo o material foi
bingo tradicional com algumas particularidades, as produzido abusando de cores e criatividade
cartelas eram compostas por imagens dos buscando prender mais a atenção dos alunos.
elementos integrantes da fauna e flora da caatinga Para execução da brincadeira foram postas
e seus respectivos nomes e os números sorteados duas imagens no piso da sala de aula, uma
vinham acompanhados por perguntas expondo representando o “Mandacaru Feliz” e a outra o
características desses elementos para que os alunos “Mandacaru Triste”, ao cessar da música o aluno
pudessem identificá-los e marcar na cartela, que estivesse com a representação da “Flor do
ganhando o jogo aquele ou aquela que completar a Mandacaru” nas mãos teria que puxar um cartão e
cartela primeiro. identificar se o exposto deixaria o mandacaru feliz
A cartela do bingo compreendia nove imagens ou triste, dentre os cartões também havia perguntas
representando espécimes da fauna e flora e seus sobre os principais problemas ambientais, tais
respectivos nomes que foram abordados na palestra quais foram abordados nas palestras.
conforme demostra a Figura 4.
Prática pedágogica

Antes de iniciar as atividades planejadas foi


realizada uma reunião com os professores de
ambas as escolas caracterizando a quinta etapa do
Educação Ambiental Lúdica na Escola Pública 11

impressos: jogo dos sete erros e do labirinto na


primeira oficina e o jogo de caça-palavras e
desenhos na segunda oficina. Por último, as aulas
foram encerradas com as propostas lúdicas as
brincadeiras do “bingo da biodiversidade” e
“cantando com o mandacaru”, e uma atividade
para casa para reforçar o que foi aprendido durante
as oficinas.

Resultados e Discussões

Figura 5. Objetos utilizados na brincadeira Os resultados alcançados por este trabalho


“Cantando com o Mandacaru”. Fonte: foram avaliados e estudados no intuito de se
AUTOR, 2012. formular conclusões relativas quanto à percepção
ambiental de crianças do município de Pombal –
projeto, no qual foi divulgada a proposta e PB, para tanto foi criado um perfil ambiental dos
intensões do projeto, após a confimação de alunos investigados.
aceitação o projeto foi desenvolvido, inicialmente, Desse modo, iniciamos o primeiro contato
na EMEF Dr. Avelino Elias de Queiroga com os alunos com uma análise prévia dos
compreendendo alunos de 3º, 4º e 5º. E conhecimentos dos discentes sobre as
posteriormente na EMEF Decisão em quatro problemáticas ambientais vistas no semiárido, a
turmas até o 6º ano. fim de compreender suas percepções de Meio
Na sexta e última etapa, foi iniciada a Ambiente, Educação Ambiental e conhecimento
execução do projeto em sala de aula foram biorregional, considerando estes como indivíduos
realizadas palestras a cerca de explorar aspectos da atores sociais atuantes e integrantes do meio
biodiversidade (Figura 6), identificando uma ambiente social, natural e cultural, relacionando
parcela representativa de elementos que ações e consciência ambiental destes na
compreende a fauna e flora da região, a fim de preservação e cuidado com o ambiente em que
verificar o conhecimento dos alunos diante das vivem.
imagens, e resaltando os principais problemas
ambientais vistos na região e as alternativas de Perfil Ambiental dos alunos
ações práticas da EA, além de explicar a
importância da preservação e conservação do No que diz respeito à percepção de meio
Bioma Caatinga para a natureza e para a população ambiente, REIGOTA (2007) defende que para que
que sobrevive da exploração dos recursos naturais possamos realizar a educação ambiental é
presentes nesse ambiente. necessário obter o conhecimento das visões do
meio ambiente pelas pessoas envolvidas na
atividade. Assim, o autor categoriza o termo em
três visões distintas: naturalista, visão que
evidencia somente os aspectos naturais;
antropocêntrica, visão que evidencia a utilidade
dos recursos naturais para a sobrevivência do ser
humano e globalizante, visão que define as
relações recíprocas entre natureza e sociedade.
A partir do questionário socioambiental foi
possível construir um perfil dos alunos a partir das
concepções destes com relação ao Meio Ambiente
e Educação ambiental, desse modo foi observado
Figura 6. Execução das palestras nas turmas de que alguns discentes, sentiram certa dificuldade ao
5º ano. Fonte: AUTOR, 2012.
responder, no entanto 34% diz ser algo importante
e que devemos cuidar, 26% afirma ser o meio onde
Após cada palestra foi exposto um pequeno
vivem os animais e as plantas, 13% afirmam que
vídeo sobre o tema da oficina em questão, havendo
meio ambiente vem a ser a própria natureza e o
um momendo para comentar com a turma os local onde vivem, 8% afirma ser tudo o que vemos
aspectos que mais lhes chamaram atenção no
ao nosso redor e 6% não souberam responder
vídeo. Posteriormente, foram aplicados os jogos
conforme esta exposto na Figura 7.
12 P.M. de L. Ferreira, A.L.Q. Reis, M.C. de Medeiros & F.M.S. Nunes
destes quanto a importância de conhecer e cuidar
do local onde vivem. Visto que é através da
consciência ambiental associada há mudança de
atitudes é possível conduzir ações conscientes
voltadas ao bem estar do indivíduo e da natureza.
Neste sentido, ao considerarmos a perspectiva
ambiental como característica que pode ser
alterada no decorrer do processo de ensino e
aprendizagem de uma criança é possível
proporcionar através da ótica interdisciplinar da
EA uma forma de condicionar essa visão de
mundo, partindo de representações do senso
Figura 7. Gráfico sobre a concepção de alunos do comum em busca do conhecimento científico.
3º ao 6º ano do ensino fundamental sobre o Visto que quando se têm observações da realidade
conceito de meio ambiente. Fonte: AUTOR, 2012. na qual estamos inseridos torna-se mais fácil
construir a autonomia do aluno e um aprendizado
De acordo com JOLLIVET e PAVÉ (1997, mais significativo.
apud MELLO, 2007), “meio ambiente seria aquilo
que nos circunda enquanto seres humanos num
momento e num local determinado”. Para o autor
meio ambiente está associado há relações no
sentido temporal, tempo e espaço, já para as
crianças entrevistadas eles não delimitam a relação
de momento, porém afirmam as relações em um
determinado local, ou seja, os alunos não
demonstram noção alguma de tempo para eles
sempre existiu e continuara existindo se
providencias forem tomadas quanto a sua
preservação.
Já SATO (2001) traz sua concepção Figura 8. Gráfico sobre a concepção de alunos do
caracterizando-a como “tudo que nos rodeia, 3º ao 6º ano do ensino fundamental sobre o
“oikos”, lugar de trabalho e estudos, vida conceito de EA. Fonte: AUTOR, 2012.
cotidiana”, de fato as concepções dos discentes não
se distância desses conceitos trazendo uma Quanto à perspectiva sobre Educação
perspectiva naturalista e antropocêntrica. Ambiental na Figura 8 têm-se 68% compreendem
Para a maioria desses discentes observamos que EA como práxis educativa que conduz como
nos dados que o ponto de vista de meio ambiente deve ser o comportamento humano com relação ao
esta relacionada ao meio para viver, adicionando meio ambiente, ou seja, reconhecendo a
ainda a questão de preservação da vida e do necessidade de cuidar, proteger, preservar e
ambiente em que vivem, reconhecendo-o como um conservar o meio ambiente, 17% entendem que
bem valioso para a sobrevivência dos seres vivos vem a ser o respeito que cada um deve possuir com
que há habita cada aluno apresenta perspectivas a natureza e 15% não souberam responder.
diferenciadas quanto à questão abordada, porém Compreender EA não é uma tarefa
todos chegaram ao mesmo ponto de modo que se teoricamente fácil, devido à constante evolução
faz visível a perspectiva ambiental de tais. desse conceito no decorrer dos anos, trás alguns
Segundo os PCN’S (2001), a perspectiva conflitos de opiniões. Sobretudo, para a maioria
ambiental consiste num modo de ver o mundo no desses discentes a Educação Ambiental está
qual se evidenciam as interrelações e a associada a ensinar formas de como cuidar do meio
interdependência dos diversos elementos na ambiente, determinando as relações humanas com
constituição e manutenção da vida. o meio ambiente em prol de ações conscientes, esta
Ao compreender as relações dos seres vivos e visão atribui uma perspectiva que pode ser
suas influências no meio natural é possível entendida como um estudo que visa formação
construir uma perspectiva ambiental que vise um cidadã dentre suas relações na sociedade e na
contexto de compreensão de sustentabilidade. No natureza.
ensino de ciências introduzir a EA neste sentido Entre as escolas estudadas observamos que os
reforça a compreensão dos discentes quanto a as alunos pertencentes à escola da zona rural
relações Homem-Natureza além de ampliar a visão demonstraram mais dificuldade ao responder o
Educação Ambiental Lúdica na Escola Pública 13

questionamento sobre Educação Ambiental, pois queimar o nosso lixo, o que devemos fazer com ele
durante a aplicação do questionário foi observado jogar no mato?”.
o surgimento de dúvidas quanto a essa questão. Neste caso, como há falha no sistema de
Diante de observações e conversas com a docente regulamentação das necessidades básicas de uma
responsável pela escola rematamos que isso deve- comunidade não se têm alternativas a seguir, têm-
se há pouca predominância de aulas que envolvam se aqui apenas uma opção, independentemente, do
a EA no cotidiano destes estudantes, dessa forma conhecimento que essa criança ou a própria família
vimos a real importância de introduzir aulas possua sobre as práticas sustentáveis, estes vão
articulando e ampliando informações sobre as continuar com as mesmas atitudes considerando a
questões ambientais envolvendo a realidade dessa carência do apoio governamental. Então,
comunidade. reconhecemos aqui que cabe a escola através da
Ao proferir sobre questões ambientais com educação ambiental orientar para o exercício das
crianças acaba por formar um diálogo prazeroso e práticas sustentáveis, porém esse exercício não
dinâmico visto a íntima relação destes com a depende somente dela.
natureza. Neste contexto, cabe ressaltar aqui a Sobretudo, reconhecer a natureza como um
relevância de compreender tal conceito mesmo no bem valioso, tanto para estas crianças como para
ensino infantil, visto que essa abordagem leva aos qualquer outro indivíduo é simples, visto que
alunos a se identificarem como integrantes dependemos inteiramente dela para suprir nossas
promotores de ações no processo de edificação necessidades básicas, porém a prática social ainda
cidadã. tem que ser mais trabalhada, principalmente, sendo
Já dizia DIAS (2004, p. 100), que a envolvida desde o ensino infantil visto que esse é
“Educação Ambiental é um processo por meio do um período de constante construção de valores e
qual as pessoas aprendam como funciona o conhecimento.
ambiente, como dependemos dele, como o Bioma Caatinga na visão dos alunos
afetamos e como promovemos a sua
sustentabilidade”. Sem dúvida, há diferentes Para uma análise do conhecimento prévio dos
formas de compreender o que realmente trata a EA alunos sobre o bioma caatinga foi pedido para citar
ou seu conceito na íntegra, cada indivíduo é capaz alguns espécimes que compreendem a fauna e a
de formular seu próprio conceito condizendo com flora que conheciam ou já ouviram falar.
sua própria realidade.
De fato, para os discentes é fácil compreender Tabela 1. Percentual de espécimes mais citados da
a existência da Educação Ambiental sendo esta biodiversidade da Caatinga de alunos do 3º ao 6º
extremamente necessária na atualidade, porém ano do ensino fundamental.
habituar-se há práticas ambientais conscientes Espécimes 3º a 5° 6º ano Percentual
ainda é um grande desafio para ambas as (fauna/flora) ano (%) total
instituições de ensino, sem dúvida é possível (%)
afirmar todos os alunos conhecem a EA, porém Carcará 2 4 6
não se vê reflexo de suas práticas no dia-a-dia Catingueira 4 5 9
escolar. Cobra 5 3 7
A atuação dos poderes públicos referentes às Galo de 3 7 10
questões ambientais ainda se encontra muito campina
fragmentada, principalmente, dentro dos pequenos Jurema 4 3 7
municípios, desse modo surgem os Oiticica 5 3 8
questionamentos como orientar a mudança de
Peba 7 6 13
atitude se não há exercício do mesmo perante aos
Preá 6 7 13
poderes que regulam a própria comunidade? E
Raposa 4 4 8
como implantar estratégias de EA em um sistema
Xique-xique 5 7 12
que não funciona em seu completo vigor?
Não souberam 5 2 7
Neste contexto, encaixa-se bem a colocação
responder
de uma aluna que reside na zona rural do
município de Pombal, que frente às considerações
apresentadas na palestra, quando foram expostos Dentre os espécimes citados os que mais se
eventos que resultam em problemas ambientais destacam é o peba e o preá com 13%, e o xique-
como o ato queimar o lixo liberando gás carbônico xique com 12% e cerca de 14% não souberam
e outros gases provocando danos ao solo e ao ar, responder, conforme descritos na Tabela 1. Estes
expos seu questionamento “se não podemos são espécies muito frequentes no sertão paraibano,
14 P.M. de L. Ferreira, A.L.Q. Reis, M.C. de Medeiros & F.M.S. Nunes
o preá é um roedor família dos cavídeos com diferente realidade a qual estão inseridos, hoje
características aparentemente semelhantes ao dentro da zona urbana não se vê mais espécimes de
porquinho-da-índia, o peba é um animal que vive plantas e animais característicos da nossa região
em tocas e que já foi muito caçado devido ao sabor com tanta assiduidade como antigamente devido ao
da sua carne, compreendendo a família das constante crescimento populacional e econômico
cactáceas o xique-xique é uma planta bem comum do município.
na região assim como o mandacaru, coroa de frade, De fato, é possível perceber que o
dentre outras cactáceas. comportamento das crianças vem sendo
Nos últimos anos, os pesquisadores têm modificado com o passar dos anos, pois a maioria
voltado maior atenção para a Caatinga. “Em vários dos estudantes
dos seus trabalhos, ANDRADE e LIMA da zona urbana estão mais envolvidos com
(1981,1989) chamou a atenção para a riqueza da recursos tecnológicos, internet, computadores e
flora da Caatinga e destacou os exemplos celulares, em decorrência disso os tipos de
fascinantes das adaptações das plantas aos hábitats brincadeiras e jogos
semiáridos” (GIULIETTI et al., 2012. p. 49).
Desde então a biota da Caatinga vem se têm sofrido mudanças com o passar do tempo.
desmembrando aos poucos da visão de região Com isso as instituições de ensinos também veem
pobre, com poucas espécies endêmicas e com se adaptando a tais mudanças, porém na EMEF Dr.
baixa prioridade para conservação, como era Avelino Elias de Queiroga as crianças possui
descrita na literatura. alguns aspecto diferenciados quando comparados
Por meio do questionário aplicado com os alunos da EMEF Decisão, estes possuem
percebemos que os alunos demostraram possuir maior proximidade com a natureza e com
noção de alguns exemplares da fauna e flora brincadeiras e jogos que não necessitam de
presentes na região, esse conhecimento prévio foi tecnologias.
importante na contribuição para uma melhor Sobretudo, é importante salientar que estes
aprendizagem, facilitando a compreensão e alunos possuem maior fragilidade quanto aos
oportunizando maior interação entre os mesmos recursos disponíveis pela escola, pois não possuem
durante a exposição das palestras. os mesmos recursos didáticos que a EMEF
Através da apresentação das imagens decisão, pois para a realização das oficinas na zona
apresentadas nas palestras foi possível explorar a rural foi necessário levar todos os equipamentos,
variedade desses espécimes evidenciando algumas tais quais, data show, computador, caixas de som e
características típicas, tais como nome popular, extensão, enquanto na outra escola não tivemos
local de frequente visualização, espécies essa preocupação.
endêmicas, espécies ameaçadas em extinção, etc. A instituição de ensino tem muita influência
A maioria dos alunos demonstrou curiosidade e sobre os alunos, por isso há a necessidade de um
interesse, sempre expondo relatos de experiências bom planejamento pedagógico que auxiliam no
vivenciadas por eles ou a respeito onde viram tais processo de ensino aprendizagem, na escola da
espécimes. zona rural há apenas a atuação de duas professoras
Conhecer a diversidade ecológica da nossa e turmas mistas, não contendo nenhum projeto
região nos traz uma visão característica de pedagógico inserido na escola. Já na zona urbana a
natureza, através do ensino de ciências e a EA é situação possui um quadro diferente constavam
possível modificar o olhar padronizado de natureza com um PPP (Projeto Político Pedagógico) bem
que é revelado nas mídias e livros. Para a maioria planejado e com atuação de projetos diversos,
destes alunos foi observado grande familiaridade inclusive projetos de Educação Ambiental.
ao falar sobre espécimes de plantas e animais que Em busca de uma análise da visão dos alunos
conheciam. quanto os problemas ambientais emergidos no
Os alunos que moram na zona rural município de Pombal nos últimos anos, foi pedido
conseguiram caracterizar melhor os espécimes aos alunos para citar os problemas ambientais mais
apresentados do que os estudantes da zona urbana, observados na região. Com esse questionamento
devido à convivência diária destes com a natureza procuramos ressaltar tais problemas para então
demonstraram muito conhecimento sobre o demonstrar em fatos a importância das aulas de EA
assunto, inclusive citavam nomes de plantas e não só no ensino de Ciências como em qualquer
animais que nem se encontravam na pesquisa, outra disciplina.
através destes foi possível enriquecer ainda mais o Ao serem questionados sobre quais problemas
trabalho. ambientais que conheciam na região, os alunos
Essa diferença entre as concepções dos alunos exprimiram 29% a seca, 20% o desmatamento,
relacionando a comunidade onde vivem deve-se a 17% poluição do rio, 12% queimadas, 10% o
Educação Ambiental Lúdica na Escola Pública 15

problema do lixo e 12% não souberam responder, ambiental, muitos conseguiam afirmar o local onde
conforme a Tabela 2. Percebe-se que quase todos já haviam visto tais problemas, foram abertas
os alunos possuem algum conhecimento sobre os inúmeras discussões referentes a problemática das
problemas ambientais locais, dentre eles destaca-se palestra tiveram aspecto bem dinâmico e
o problema da seca, isso provavelmente deve-se ao construtivo em algumas turmas, porém em outras
fato de estamos enfrentando uma das maiores secas não obtivemos tanto entusiasmo. Ao serem
dos últimos quarenta anos. abordadas as alternativas quanto às praticas
conscientes da EA a maioria dos alunos já
Tabela 2. Percentual de problemas ambientais conheciam, porém não tinham ideia o quanto as
mais observados no bioma da Caatinga da região ações diárias inadequadas responde ao meio
de alunos do 3º ao 6º ano do ensino fundamental. ambiente negativamente, principalmente, quando
Problemas 3º a 5° ano 6º ano Percentual foi comentado sobre o desperdício de água.
Ambientais (%) (%) total Após o ingresso das universidades na cidade
Poluição do 9 8 17 de Pombal é comum se ouvir falar em EA, práticas
rio conservacionistas, desenvolvimento de projetos
Desmatamento 9 11 20 dentro do município e nas comunidades próximas,
Queimada 4 8 12 no entanto esse processo de apropriação do
Lixo 4 6 10 conhecimento de sustentabilidade ainda é muito
Seca 17 12 29 vago, visto que trabalhar a mudança de atitude
ainda é um grande desafio para a educação no
Não souberam 7 5 12
município de Pombal.
responder
No entanto, ao construir valores e práticas
conscientes desde a educação infantil é possível
Sabemos que a água é um fator limitante na
Caatinga, devido ao regime irregular de chuvas. O promover maior integração de atitudes
teólogo HAROLDO SCHISTEK (2012, p. 8) responsáveis desenvolvendo nas crianças
afirma concepções ambientais visando maior atenção
que a “característica da chuva é irregular em dois quanto aos problemas ambientais como também a
sentidos: no tempo e no espaço geográfico. Quer devida valorização da natureza.
dizer, nunca se sabe quando se terá outra chuva
nem em que área ela cairá. Essa irregularidade é
Análise da proposta lúdica
muito acentuada”. A preocupação com relação à
água sempre foi um grande alarmante para o
nordestino, a escassez desse recurso é muito “A educação escolar tradicional tem
preocupante visto que necessitamos dele para contribuído muito para espalhar uma imagem de
nossa sobrevivência. inviabilidade econômica, feiura e morte”.
No município de Pombal/PB na zona urbana (SCHISTEK, 2012).
não se percebe muita preocupação quanto ao Infelizmente esta ainda é uma realidade nos
desperdício de água, devido ao fato da cidade ser planos escolares, principalmente, retratada nos
cortada por dois rios perenes, o rio Piancó e o rio livros didáticos quem trazem uma visão distorcida
Piranhas, que abastece a cidade. Em decorrência do nosso ambiente, além de haver grande
disto é comum encontrarmos dentre os habitantes o desinteresse por parte dos professores em
uso errôneo deste recuso. complementar suas aulas com informações
No entanto, percebemos que a realidade dos atualizadas e dinâmicas, talvez por falta de
moradores da zona rural é completamente motivação ou apoio financeiro, muitos pontos
diferente, o recurso água é prioritário e o uso podem ser levantados para justificar. Porém,
consciente não é opção, é forma de sobrevivência. devemos considerar métodos ativos de ensino são
A comunidade de Várzea é abastecida apenas um grandes facilitadores no processo de ensino-
lençol freático e um açude que já se encontrava aprendizagem tanto para os docentes como para os
quase seco quando foi realizada a visita, a seca é discentes.
um problema ambiental mais visível em nossa As oficinas foram planejadas com o intuito de
região, principalmente, nas comunidades mais explorar os diversos recursos didáticos conhecidos
afastadas como é o caso de Várzea Comprida dos pelos docentes procuramos incentivar o uso desses
Leites. materiais no planejamento de suas aulas, através
A maioria dos alunos demonstraram serem aulas participativas que estimulasse aos estudantes
cientes quanto a existência de problemas de caráter a relatar experiências oportunizando espaços
durante a aula que estes pudessem falar e serem
16 P.M. de L. Ferreira, A.L.Q. Reis, M.C. de Medeiros & F.M.S. Nunes
ouvidos proporcionando aulas diferenciadas com muito mais interessantes, atrativas e prazerosas
participação ativa dos alunos. tanto para os alunos como para os professores,
Nas oficinas foram explorados recursos como conforme mostra na Figura 9. Dessa forma, através
palestras apresentadas em data show, o uso de da iniciativa pedagógica foi possível valorizar
vídeos, música, jogos e brincadeiras no ensino características do bioma Caatinga, mostrando aos
ciências. Planejar aulas utilizando esses recursos alunos a importância em conhecer a região onde
requer um pouco mais de tempo e trabalho, mas vivem explanando as
como o comprovado neste estudo resulta em aulas

Figura 9. Alunos do 3º ao 6º ano brincando e aprendendo através do uso de jogos lúdicos pedagógicos no
ensino de ciências. Fonte: AUTOR, 2012.

inúmeras riquezas biológicas integradoras da quanto à duração das oficinas, estes queriam
mesma. Na tentativa de mudar a visão simplista de aproveitar ao máximo a aplicação do projeto. Já na
natureza dessas crianças, de modo que construam escola da zona urbana o tempo disponível foi
uma consciência ambiental reconhecendo a beleza limitante, mas não houve problemas todas as
existente neste cenário. oficinas foram realizadas conforme o planejado.
Segundo CRUZ (2011), “a formação de Sobretudo, a maioria dos alunos
indivíduos engajados com as questões ambientais demonstrou interesse na prática educativa
depende da realização de propostas pedagógicas interagindo com entusiasmos em todas as
capazes de gerar mudanças significativas. Neste atividades, principalmente, quando foram
sentido a EA precisa ser trabalhada na escola por desenvolvidos jogos como caça-palavras, sete erros
meio de metodologias motivadoras e que envolva e labirinto a fim de analisar o conhecimento
os estudantes com a temática discutida”. Desse adquirido pelos alunos após a exposição e
modo, ao desenvolvermos oficinas pedagógicas discussão dos vídeos, como resposta os alunos
com os alunos percebemos que ao estimular a fizeram desenhos e cartazes caracterizando
participação dos estudantes nas atividades, por aspectos que mais lhes chamaram atenção durante
meio de jogos lúdicos foi possível promover um as oficinas, demostrando o que aprenderam com a
ambiente mais descontraído e atraente, os mesmo prática educativa com alegria e entusiasmo. Nas
demonstraram maior interesse e envolvimento na figuras 10 e 11 podemos observar alguns trabalhos
problemática, visto que a utilização dos recursos dos alunos.
didáticos favorece a uma aprendizagem mais Com o desenvolvimento desse projeto foi
significativa e possivelmente mais douradora. possível uma maior ampliação quanto ao
Durante as oficinas observamos que os conhecimento dos alunos com relação à região
alunos e professores da escola da zona rural semiárida. Dessa forma, verificamos que em torno
demonstraram mais interesse e entusiasmo do que de 75% dos alunos envolvidos nos trabalhos
os da zona urbana, provavelmente devido à declararam ter despertado um maior interesse pela
carência quanto à aplicação de projetos educativos disciplina de Ciências, uma vez que
na comunidade. Os professores nos deixaram compreenderam as relações da natureza e seres
muito a vontade e não tivemos nenhuma restrição vivos – o homem principalmente – e suas
consequências para o meio ambiente.
Educação Ambiental Lúdica na Escola Pública 17

Figura 11. Desenhos e Cartaz produzidos pelos alunos 4º e 6º ano.


Fonte: AUTOR, 2012.

Em relação aos vídeos e os aspectos Sobretudo, confirmamos que a práxis da EA e


ambientais apresentados, os alunos também do Lúdico quando combinados demonstrou ser
demonstraram estar sensibilizados pela realidade uma valiosa ferramenta no ensino de ciências,
apresentada, cerca de 80%. De acordo com os tendo dessa forma um poderoso auxilio na
alunos houve um consenso geral de opiniões sobre disseminação de conhecimento. Através de uma
a questão de que algo deve ser feito para minimizar concepção lúdica proporcionar formas de aprender
os problemas ocorridos na região. brincando.
No decorrer das atividades, a maioria dos Com a iniciativa valorizamos os aspectos
discentes como dos docentes apresentaram sociais, históricos, éticos e culturais do ambiente,
atenção, interesse e participação no decorrer da construindo uma consciência ambiental que tem
proposta pedagógica. O projeto foi bem aceito por como base a mudança de atitudes, de
todos os componentes da escola (Escola-Professor- comportamento que vise à construção do bem
Aluno), que sugeriram até uma ampliação do comum, conduzindo um início encaminhador para
mesmo para as demais turmas das escolas. Alguns introduzir crianças e jovens na construção de um
professores gostaram tanto da iniciativa que pensamento crítico e atitudes sustentáveis.
pediram o material para que os mesmo pudessem Por meio dos resultados obtidos concluímos
refazer as oficinas em outras escolas que que as atividades de EA realizadas valorizaram a
lecionavam, porém também houve aqueles que não participação ativa dos estudantes, sendo possível
se fizeram presente durante a prática demonstrando sensibilizar os mesmos para a problemática
nenhum interesse no assunto que foi abordado. ambiental observada na região semiárida.
Foi possível mostrar todas as questões
Conclusões relevantes ao meio ambiente com aquisição
considerável de conhecimento no processo de
Com a proposta foi possível, principalmente, formação do indivíduo e na função social da
através da EA e o lúdico dispor o incentivo escola, no qual pudemos desenvolver e executar
necessário para mudar a visão padronizada de vem estratégias da EA.
a ser natureza e a riqueza biológica de um lugar, Com esta pesquisa concluímos que para a
incorporando através da EA características EMEF Dr. Avelino Elias de Queiroga a aplicação
específicas de um meio ambiente com do projeto educativo teve mais relevância, visto a
particularidades, possuidor de imensa ausência de projetos pedagógicos e escassez de
biodiversidade que encontra-se ameaçada diante da recursos didáticos presentes na mesma, sendo
intensificação da atividade humana. possível acarretar no processo de ensino-
Ao compreender características específicas de aprendizagem destes uma EA lúdica participativa
uma localidade como fauna, flora, espécies direcionada especificamente para a nossa região
endêmicas, espécies em extinção e impactos semiárida.
ambientais causados pelo homem, é possível Para a EMEF Decisão o estudo também foi
fornecer aos alunos meios para o desenvolvimento muito significativo, apesar de serem inseridos na
da sua consciência ambiental, pois através da escola vários projetos que envolvia a EA, pudemos
informação e do método de ensino é possível constatar que ao apresentar um pouco da riqueza
construir a autonomia destes. biológica da nossa região é possível contribuir para
mudar o olhar dessas crianças sobre o nosso
18 P.M. de L. Ferreira, A.L.Q. Reis, M.C. de Medeiros & F.M.S. Nunes
bioma, além de incentivar os professores a INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
utilizarem com mais frequência os recursos ESTATÍSTICA - IBGE. 2008. Pesquisa
didáticos que estão disponíveis na própria escola e Nacional de Saneamento Básico. Disponível
metodologias lúdicas no ensino de ciências. em: <http://www.ibge.gov.br/>. Acessado em:
Por fim, podemos afirmar que os objetivos 05 jun. de 2012.
traçados pela pesquisa foram atingidos na íntegra, JOLLIVET, M.; PAVÉ, A. 2007. O meio
todos os resultados ansiados foram alcançados com ambiente: questões e perspectivas para a
êxito apesar das dificuldades enfrentadas. pesquisa. In: MELLO, Reynaldo F.L. de.
Nesse contexto, concluímos que ao buscarmos Sociologia Ambiental: a breve história da
um maior envolvimento junto à sociedade levamos concepção da sociedade sustentável. São
informação e ações de mobilização tanto para os Paulo: LCTE Editora. ISBN 978-85-98257-
alunos e professores, como também para a própria 54-9.
escola. Dessa forma, com esse incentivo foi LOUREIRO, C.F.B.; CARVALHO, I.C.M.;
possível gerar maior engajamento social dentro dos PASSOS, LA. 2006. Caminhos da Educação
muros da escola no que diz respeito ao Ambiental: Da forma à ação. São Paulo:
reconhecimento da biodiversidade local, a Papirus Editora.
importância da preservação e práticas ambientais MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. 2001.
sustentáveis. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ciências
Além do mais, proporcionando maior Naturais. Brasília, v.4.
interação entre os discentes e docentes através de MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA – MME.
uma Educação Ambiental Lúdica participativa 2005. Projeto cadastro de fontes de
tratando o reconhecimento biorregional como um abastecimento por água subterrânea no Estado
dever do cidadão que carece ser cada vez mais da Paraíba: diagnóstico do município de
incentivado, pois com esse tipo de informação é Pombal. MME: Recife, 23 p.
possível mudar aos pouco a consciência ambiental OLIVEIRA, M.M. 1999. Formação em
dos indivíduos, podendo desse modo preservar o associativismo e desenvolvimento local no
meio ambiente em que vivem. Nordeste do Brasil: a experiência de
Camaragibe. Tese de Doutorado em
Agradecimentos Educação. Sherbrooke : Universidade de
Sherbrooke. 321 p.
Agradeço primeiramente a Deus e a todos que PARAÍBA. 1985. Atlas geográfico do Estado da
colaboraram com a implementação do projeto que Paraíba. Secretaria de Educação, Governo do
foram fundamentais para meu aprendizado para a Estado da Paraíba: Universidade Federal da
realização do mesmo. Paraíba.
SATO, M. 2001. Apaixonadamente pesquisadora
em educação ambiental. Rio Claro. Revista
Referências Bibliográficas Educação Teoria e Prática. v. 9, n. 16-17, p.
24-35.
ANDRADE-LIMA, D. 1981. The caatingas SCHISTEK, H. 2012. Caatinga, um bioma
dominium. Revista Brasileira de Botânica 4: desconhecido e a “Convivência com o Semi
149-163. Árido”. In: MAGALHÃES, T. Caatinga: um
ANDRADE-LIMA, D. 1989. Plantas das bioma exclusivamente brasileiro e o mais
caatingas. Academia Brasileira de Ciências, frágil. Revista do Instituto Humanitas
Rio de Janeiro, RJ. 243p. Unisinos Nº 389 - Ano XII.
CRUZ, V.R.M., et al. 2011. Oficina de produção REIGOTA, M. 2007. Meio ambiente e
de materiais pedagógicos e lúdicos com representação social. 7°ed. São Paulo: Cortez,
reutilizáveis: uma proposta de educação p. 87.
ambiental no ensino de Ciências e biologia.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro
Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12.
DIAS, G.F. 2004. Educação Ambiental: princípios
e práticas. 9. Ed. São Paulo: Gaia, 551p.
GIULIETTI, A.M. et. al. Diagnóstico da vegetação
nativa do bioma Caatinga. Disponível em:
<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstrea
m/item/18267/1/Biodiversidade_Caatinga_par
te2.pdf>. Acesso em: 10 out. de 2012.

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