Gatti Nunes Formacao Professores Ef Instituicoes Formadoras Seus Curriculos Pedagogia
Gatti Nunes Formacao Professores Ef Instituicoes Formadoras Seus Curriculos Pedagogia
Gatti Nunes Formacao Professores Ef Instituicoes Formadoras Seus Curriculos Pedagogia
São Paulo, SP
30 de Agosto de 2008
Relatório Final : PEDAGOGIA
COORDENAÇÃO
Bernardete A. Gatti
Marina Muniz Rossa Nunes
EQUIPE DE PESQUISA
Gisela Lobo B. P. Tartuce
Nelson Antonio Simão Gimenes
Sandra G. Unbehaum
CONSULTORAS
Elba Siqueira de Sá Barretto
Eleny Mitrulis
Luiza Helena da Silva Chirstov
ASSISTENTES DE PESQUISA
Mônica Pilz Borba
Regina Prandini
ASSISTENTES TÉCNICOS
Anderson da Silva Parisi
Rúbia Silva
2
Relatório Final : PEDAGOGIA
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .............................................................................. 05
07
I. ANÁLISE DOS CURSOS PRESENCIAIS DE PEDAGOGIA ..........................
3
Relatório Final : PEDAGOGIA
4
Relatório Final : PEDAGOGIA
APRESENTAÇÃO
5
Relatório Final : PEDAGOGIA
6
Relatório Final : PEDAGOGIA
7
A instituição é classificada como pública (federal, estadual ou municipal) ou privada (particular ou
filantrópica/comunitária/confessional).
8
O curso está vinculado a universidade ou centro universitário, ou faculdade integrada, isolada/ escolas/
instituto superior de educação.
9
Os dados utilizados encontram-se no site do INEP em “Sinopse Estatística da Educação Superior – 2006“ -
Endereço eletrônico - http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/sinopse/. Cabe ainda destacar que,
na sinopse estatística, não havia dados sobre os cursos de graduação segundo a unidade federativa.
7
Relatório Final : PEDAGOGIA
Municipal 36 2 5.327 2
Particular 491 32 104.566 37
Privada Comun/ Confes/
376 24 70.520 25
Filant
Fonte: MEC/INEP/DAES
Fonte: MEC/INEP/DAES
8
Relatório Final : PEDAGOGIA
9
Relatório Final : PEDAGOGIA
10
Para a análise a seguir foram utilizados os dados disponibilizados pelo INEP, por meio da Sinopse
Estatística da Educação Superior anos 2001, 2004 e 2006.
10
Relatório Final : PEDAGOGIA
11
As informações referentes aos resultados obtidos no ENADE pelos cursos de Pedagogia em 2005 foram
retiradas do Relatório Síntese, disponibilizado no endereço eletrônico
http://www.inep.gov.br/superior/enade/2005/relatorios.htm
11
Relatório Final : PEDAGOGIA
sobretudo aquelas localizadas nas regiões Sudeste (47%) e Sul (45%). Obtiveram
conceitos iguais a 1 ou 2 cerca de 11% das IES participantes, destacando-se que na
região Centro-Oeste este percentual foi de 29%. Por outro lado, 18% dos cursos
obtiveram conceito 4. O conceito máximo (5) foi alcançado por apenas 1% das
instituições, sendo 2% no Sudeste e 1% no Sul. Cabe ressaltar ainda que 28% das
IES não obtiveram conceito, seja porque nessas instituições ainda não havia alunos
concluintes, seja porque havia pequeno número de participantes. Os dados indicam
que havia no Brasil quase um quarto dos cursos de Pedagogia iniciados recentemente
e que, por isso, estavam sem nenhuma turma formada, principalmente na região
Norte, onde mais de 47% dos cursos participantes não obtiveram conceito [Tabela 5].
12
O número de instituições de ensino no ENADE é diferente do número de cursos apresentados no tópico
anterior, uma vez que, no ENADE, a categoria “curso” agrupa as instituições com diferentes campus na
mesma cidade como um único curso.
12
Relatório Final : PEDAGOGIA
Categoria Administrativa /
1 2 3 4 5 sc Brasil
Conceito
N 5 8 19 23 5 28 88
Federal
% 6 9 22 26 6 32 100
N 5 8 33 36 6 56 144
Estadual
% 3 6 23 25 4 39 100
N 0 4 12 2 0 7 25
Municipal
% 0 16 48 8 0 28 100
N 3 67 309 99 1 155 634
Privada
% 0 11 49 16 0 24 100
N 13 87 373 160 12 246 891
Total
% 1 10 42 18 1 28 100
Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE 2005
13
Relatório Final : PEDAGOGIA
Região Nº %
Norte 6 8,5
Nordeste 12 16,9
Sudeste 30 42,3
Sul 13 18,3
Centro-oeste 10 14,1
Total 71 100,0
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Relatório Final : PEDAGOGIA
mais escassas. É ainda na região Sudeste que está situada a maioria de centros
universitários e dos institutos superiores de educação do conjunto.
Região / Centro-
Norte Nordeste Sudeste Sul Total
Organização oeste
Acadêmica Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Universidade 5 83,3 8 66,7 12 40,0 10 76,9 5 50,0 40 56,3
Centro
0 0,0 1 8,3 6 20,0 1 7,7 1 10,0 9 12,7
Universitário
Fac. Integradas 0 0,0 1 8,3 2 6,7 1 7,7 2 20,0 6 8,5
Região / Centro-
Norte Nordeste Sudeste Sul Total
Categoria oeste
Administrativa Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Federal 3 50,0 3 25,0 1 3,3 2 15,4 2 20,0 11 15,5
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Relatório Final : PEDAGOGIA
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Desse cômputo foram excluídos os estágios.
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Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Quanto aos Estágios, como componente obrigatório com carga horária definida nas
normas e Diretrizes Curriculares Nacionais, observou-se que as horas a eles referentes
são registradas como parte das estruturas curriculares, embora não se especifique
como eles se realizam. Em razão de sua homogeneidade e especificidade, não foram
computados para as proporções calculadas. O que se verificou na análise dos projetos
e ementas dos cursos analisados, é que não há especificação clara sobre como são
realizados, supervisionados e acompanhados. Sobre a validade ou validação desses
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Relatório Final : PEDAGOGIA
estágios também não se encontrou nenhuma referência. Não estão claros os objetivos,
as exigências, formas de validação e documentação, acompanhamento, convênios
com escolas das redes, etc. Essa ausência nos projetos e ementas pode sinalizar que,
ou são considerados totalmente à parte do currículo, o que é um problema, na medida
em que devem integrar-se com as disciplinas formativas e com aspectos da educação
e da docência, ou, sua realização é considerada como aspecto meramente formal. Um
estudo mais aprofundado, local, sobre os estágios para docência merece ser realizado.
20
Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Gráfico 1
6%
7%
26%
6%
11%
16%
28%
Fundamentos Sistemas educacionais
Formação profissional específica Modalidades e nível de ensino
Outros saberes Pesquisa e TCC
Ativ. complementares
Seria plausível pensar que a distribuição das disciplinas poderia adquirir outra
feição se se considerasse o número proporcional de horas dedicadas a elas, e não
simplesmente o seu número. Mas essa feição não muda quando se levam em conta as
horas dedicadas a cada sub-conjunto de disciplinas. Pode-se constatar isso pelo
Gráfico 2. Observando-se a proporção de horas dedicadas a cada um dos
subconjuntos curriculares, verifica-se que a análise feita com o número de disciplinas
mantém-se. Isto sustenta as considerações realizadas. A proporção de horas
dedicadas às disciplinas referentes à formação profissional específica é de 30%,
22
Relatório Final : PEDAGOGIA
ficando 70% para outro tipo de matérias oferecidas nas instituições formadoras. Cabe
a ressalva já feita na análise das ementas segundo a qual, nas disciplinas de formação
profissional, predominam os referenciais teóricos, seja de natureza sociológica,
psicológica ou outros, com associação em poucos casos às práticas educacionais.
Gráfico 2
5%
7%
26%
5%
11%
16%
30%
23
Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
quê” ensinar. Esse dado torna evidente como os conteúdos específicos das disciplinas
a serem ministradas em sala de aula não são objeto dos cursos de formação inicial do
professor. Uma possibilidade a ser investigada é se esses conteúdos estão presentes
nos cursos de metodologia, tal como se verá mais adiante.
Quanto aos “Conhecimentos relativos aos sistemas educacionais”, verifica-se
um equilíbrio entre as diferentes subcategorias, exceção feita às matérias que dizem
respeito ao ofício docente (apenas 0,6%). Dentre aquelas que compõem os
“Conhecimentos relativos às modalidades de ensino”, nota-se que “Educação infantil”
(5,3%) e “Educação especial” (3,8%) têm algum destaque. Algumas instituições
abrem um pouco mais de espaço a um ou outro desses percursos de formação.
Categorias Nº %
Fundamentos teóricos da
Fundamentos 701 22,6
educação
teóricos da
Didática geral 106 3,4
educação
Subtotal 807 26,0
Sistemas educacionais 165 5,3
Conhecimentos Currículo 158 5,1
relativos aos
Gestão escolar 140 4,5
sistemas
educacionais Ofício docente 19 0,6
Subtotal 482 15,5
Conteúdos do currículo da
Educação Básica (infantil e 232 7,5
Conhecimentos fundamental)
relativos à
formação Didáticas específicas,
643 20,7
profissional metodologias e práticas de ensino
específica Tecnologias 22 0,7
Subtotal 897 28,9
Ed. Especial 118 3,8
Conhecimentos EJA 49 1,6
relativos às
Ed. Infantil 165 5,3
modalidades e
nível de ensino Contextos não escolares 16 0,5
Subtotal 348 11,2
Outros saberes 173 5,6
Pesquisa e TCC 217 7,0
Atividades Complementares 183 5,9
Total 3.107 100,0
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Optativas Nº %
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Tabela 16 - Disciplinas obrigatórias, segundo as categorias e sub-categorias de análise, por dependência administrativa
Formação profissional Did., met e práticas 96 22,7 99 20,4 35 24,0 413 20,1 643 20,7
específica Tecnologias 0 0,0 1 0,2 0 0,0 21 1,0 22 0,7
Subtotal 145 34,4 127 26,2 44 30,1 581 28,3 897 28,9
Ed. Especial 8 1,9 28 5,8 3 2,1 79 3,8 118 3,8
EJA 4 0,9 5 1,0 0 0,0 40 1,9 49 1,6
Modalidades e nível de
Ed. Infantil 13 3,1 20 4,1 15 10,3 117 5,7 165 5,3
ensino
Contextos não escolares 1 0,2 1 0,2 0 0,0 14 0,7 16 0,5
Subtotal 26 6,2 54 11,1 18 12,3 250 12,2 348 11,2
Outros saberes 17 4,0 22 4,5 14 9,6 120 5,8 173 5,6
Pesquisa e TCC 30 7,1 33 6,8 10 6,8 144 7,0 217 7,0
Ativ. Compl 20 4,7 18 3,7 10 6,8 135 6,6 183 5,9
Total 422 100,0 485 100,0 146 100,0 2.054 100,0 3.107 100,0
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Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Fac. Integrada,
Universidade Centro Universitário Total
Categoria / Organização acadêmica Isolada, ou ISE
Nº % Nº % Nº % Nº %
Fundamentos 418 24,6 89 21,2 194 19,6 701 22,6
Fundamentos Didática geral 57 3,4 17 4,0 32 3,2 106 3,4
Subtotal 475 28,0 106 25,2 226 22,9 807 26,0
Sistemas
88 5,2 23 5,5 54 5,5 165 5,3
educacionais
Currículo 83 4,9 20 4,8 55 5,6 158 5,1
Sistemas
educacionais Gestão escolar 67 3,9 27 6,4 46 4,7 140 4,5
Ofício docente 13 0,8 3 0,7 3 0,3 19 0,6
Subtotal 251 14,8 73 17,4 158 16,0 482 15,5
Conteúdos do
132 7,8 26 6,2 74 7,5 232 7,5
currículo
Formação Did., met e
profissional 350 20,6 84 20,0 209 21,1 643 20,7
práticas
específica Tecnologias 7 0,4 1 0,2 14 1,4 22 0,7
Subtotal 489 28,8 111 26,4 297 30,0 897 28,9
Ed. Especial 64 3,8 19 4,5 35 3,5 118 3,8
EJA 25 1,5 9 2,1 15 1,5 49 1,6
Modalidades e nível Ed. Infantil 79 4,7 26 6,2 60 6,1 165 5,3
de ensino
Contextos não
7 0,4 4 1,0 5 0,5 16 0,5
escolares
Subtotal 175 10,3 58 13,8 115 11,6 348 11,2
Outros Saberes 99 5,8 20 4,8 54 5,5 173 5,6
Pesquisa e TCC 117 6,9 28 6,7 72 7,3 217 7,0
Ativ. Compl 92 5,4 24 5,7 67 6,8 183 5,9
Total 1.698 100,0 420 100,0 989 100,0 3.107 100,0
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Os estágios supervisionados
32
Relatório Final : PEDAGOGIA
A análise das ementas das disciplinas que foi possível obter dos cursos
selecionados para a amostra revela que não há um padrão comum para a sua
elaboração. O entendimento a respeito da própria redação de uma ementa é diverso.
A grande maioria dos proponentes entende que devem registrar uma lista de temas
que formam o conjunto dos conteúdos trabalhados no período, um semestre ou um
ano.
33
Relatório Final : PEDAGOGIA
34
Relatório Final : PEDAGOGIA
conceitual de procedimentos. Esses últimos casos não são muitos (26% das ementas
dos cursos) portanto, em 74% das restantes, figura apenas o arrolamento de temas.
Considerando que o texto identificado como ementa é o resumo que facilita o
acesso de alunos e demais interessados às intenções de um determinado curso, sua
redação mereceria ser mais cuidadosa.
A adequação do texto das ementas à abordagem central em termos de
conteúdos e objetivos a serem trabalhados em sala de aula torna-se relevante, pelo
menos por três razões:
• Revelar que o próprio professor conhece e sabe dizer de forma sintética o
conjunto de temas a serem abordados para a formação dos futuros
educadores;
• Comunicar aos alunos os compromissos da disciplina, auxiliando no
acompanhamento do currículo. O acesso dos alunos aos programas de
ensino tem viabilizado movimentos discentes mais fundamentados e
críticos em relação ao trabalho dos professores;
• Ainda que menos diretamente relevante para o bom andamento do
currículo, a redação adequada de ementas auxilia pesquisadores a se
aproximarem de forma mais rigorosa do trabalho proposto em diferentes
projetos pedagógicos.
35
Relatório Final : PEDAGOGIA
metodologias de ensino, ou na concepção de que eles são de domínio dos alunos dos
cursos de formação. Algumas poucas ementas desta categoria identificam o
tratamento dispensado aos conteúdos específicos a serem ensinados nas escolas de
ensino fundamental.
Cada ementa examinada foi elaborada por uma instituição diferente. Optamos
por não destacar mais do que um exemplo de cada instituição para contemplar as
diferentes instituições analisadas.
36
Relatório Final : PEDAGOGIA
37
Relatório Final : PEDAGOGIA
38
Relatório Final : PEDAGOGIA
mundo” pode soar estranha se não for expressa com maior objetividade, revelando o
que pensa autor (a) sobre a pretendida relação.
O exame das ementas põe também o problema de se entender o que as IES
consideram como conteúdos básicos a serem ensinados nas séries iniciais, ficando a
questão se estes são os conhecimentos realmente considerados nos sistemas
escolares. De acordo com as ementas analisadas, são considerados conteúdos
básicos:
de História: noções de tempo, permanência e mudança, fato histórico,
sujeito histórico, relações sociais;
de Geografia: espaço, sociedade e natureza, localização, estudo do meio,
leitura de mapas;
de Ciências: chama a atenção na leitura das ementas associadas ao ensino
de ciências o fato de que os conteúdos são relativos à história da ciência
ou às questões epistemológicas e não temas que devem ser ensinados aos
estudantes da séries iniciais. Os conteúdos anunciados nas ementas são: a
relação entre ciência e sociedade, a relação entre ciência e tecnologia,
epistemologia e o ensino de ciências, observação, experimentação;
de Matemática: numerais, quatro operações fundamentais, fração,
resolução de problemas;
de Língua Portuguesa: interpretação de textos, correção gramatical e
lexical, dificuldades de expressão oral e escrita, gêneros do discurso,
fundamentos lingüísticos.
Merecem destaques dois ISES que destinam de 720 a 800 horas para os
conteúdos específicos, além de trabalharem os mesmos no âmbito das metodologias
de ensino.
Segundo o documento das Diretrizes Curriculares Nacionais de 2006, a estrutura
do curso de Pedagogia deve ser constituída por três núcleos: de estudos básicos; de
aprofundamento e diversificação de estudos e, um terceiro, de estudos integradores,
tal como já mencionado. O núcleo de estudos básicos é descrito no referido
documento com a predominância da palavra aplicação e realização: “aplicação, em
práticas educativas, de conhecimentos de processos de desenvolvimento de
crianças...”; “aplicação de princípios, concepções e critérios oriundos de diferentes
áreas de conhecimentos...”, sinalizando que os conteúdos desenvolvidos durante o
curso devem ser estudados em uma vertente prática, aliada a seus fundamentos, para
que se construam competências de aplicabilidade.
Pode-se perguntar se a formação panorâmica, em geral encontrada nos
currículos, é suficiente para o futuro professor vir a planejar, ministrar e avaliar um
39
Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Didática e metodologia de
Fundamentos teóricos-metodológicos do ensino de
Metodologia e pratica de ensino de
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Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
43
Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Quanto às demais disciplinas neste bloco elas são muito dispersas entre os
cursos, não chegando a caracterizar um padrão.
Todos os cursos contam com uma disciplina identificada por Arte e Educação ou
Educação e Arte. Em uma das universidades federais, encontra-se mesmo uma
disciplina para cada linguagem artística: dança, teatro, artes visuais e música.
Com pequenas variações, as ementas das disciplinas referentes à Educação
Artística seguem o padrão do exemplo:
45
Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Gráfico 3
Concursos analisados segundo região do Brasil
29%
26%
17%
17% 11%
8
Número de estados por região do Brasil: Norte – 7; Nordeste – 9; Sudeste – 4; Centro-Oeste – 4 e
Sul – 3.
47
Relatório Final : PEDAGOGIA
Ano N %
2002 1 2,9
2003 3 8,6
2004 3 8,6
2005 10 28,6
2006 3 8,6
2007 11 31,4
2008 4 11,4
Total geral 35 100,0
9
Estados com concursos analisados: Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São
Paulo.
10
Municípios com concursos analisados: Macapá, Aracajú, Belo Horizonte, Campo Grande, Florianópolis,
Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio Branco, Rio de
Janeiro, Salvador, São Luiz, São Paulo, Teresina, Vitória.
48
Relatório Final : PEDAGOGIA
A análise revela que, com exceção de dois concursos, todos os demais organizam
a avaliação dos candidatos em duas etapas: a primeira envolve “provas objetivas e/ou
dissertativas”; a segunda, a “prova de títulos”, que ainda pode ou não incluir em sua
pontuação a experiência profissional prévia na área. Em todos os casos, observou-se
que a parte referente às provas é eliminatória e classificatória, ou seja, o professor
candidato precisa acertar um número mínimo de questões para não ser eliminado e, a
partir desse resultado, ele obtém uma pontuação que determina sua classificação
nessa etapa.
As provas objetivas, com questões de múltipla escolha, estão presentes em
todas as seleções. Observou-se porém que os concursos municipais incluíram mais
provas discursivas do que os estaduais: enquanto 48% dos editais municipais
recorreram a algum tipo de avaliação escrita, somente 36% dos estados o fizeram.
Observe-se que os concursos estaduais contam com um número de candidatos bem
maior do que os municipais, o que dificulta a correção de provas discursivas, que são
também de custo mais alto.
Menos da metade dos concursos para professores de séries iniciais (43% ou 15
editais) selecionam professores com base em avaliação escrita mediante prova
discursiva, como pode ser visto na Tabela 20. Essa tabela apresenta também o
número de concursos por região em função do tipo de avaliação. Observa-se que, nas
regiões Sudeste e Centro-Oeste, cinco em seis concursos (83%) incluem provas
discursivas, ao passo que na região Norte apenas um em nove (11%) o faz.
Ainda na Tabela 20, nota-se que, no Norte, quatro concursos pontuam a
experiência profissional do candidato; no Nordeste e Sudeste três; no Centro-Oeste
apenas um; e no Sul nenhum concurso atribui pontuação a esse fator.
49
Relatório Final : PEDAGOGIA
Bibliografia N %
Não consta bibliografia 20 57,1
Bibliografia para o núcleo comum (formação básica) 3 8,6
Bibliografia específica para profs. de séries iniciais 1 2,9
Bibliografia básica e específica 11 31,4
Total geral 35 100,0
11
Muitos dos editais analisados selecionam profissionais para diferentes cargos, ligados ou não à docência.
Nesta parte do relatório, apresentam-se apenas os dados referentes aos professores de séries iniciais do
ensino fundamental. Uma análise mais ampla constará do relatório final.
50
Relatório Final : PEDAGOGIA
Outros onze editais também apresentam bibliografia geral, mas nesses casos ela é
voltada para um núcleo comum da prova a ser respondido por todos os professores e
é completada por uma bibliografia específica para cada tipo de docente, no caso, para
professores das séries iniciais do ensino fundamental. Em apenas um edital aparece
somente bibliografia específica [Tabela 21].
Não consta 4 1 5
Oferece programa 16 14 30
Total geral 20 15 35
51
Relatório Final : PEDAGOGIA
Indica
Região / Não consta Total geral
bibliografia
Bibliografia
N % N % N %
Norte 5 25,0 4 27,0 9 25,7
Nordeste 7 35,0 3 20,0 10 28,7
Sudeste 1 5,0 5 33,0 6 17,1
Sul 1 5,0 3 20,0 4 11,4
Centro-oeste 6 30,0 0 0,0 6 17,1
Total geral 20 100,0 15 100,0 35 100,0
52
Relatório Final : PEDAGOGIA
Quadro 1
Referências bibliográficas mais citadas nos editais analisados
REFERÊNCIA12 Nº
BRASIL. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN), Lei Federal
10
Nº. 9.394, Brasília/DF, 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal Nº. 8.069,
8
1990.
CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de
8
Janeiro:Nova Fronteira, 1985. [2001]
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
8
educativa, 34a. ed., São Paulo: Paz e Terra, 2006. [1996 / 1998 /2000]
VEIGA, Ilma Passos (org.) Projeto político pedagógico da escola: uma
6
contribuição possível. São Paulo: Papirus, 1995.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: 1ª a 4ª série - Matemática. Brasília: 5
MEC/SEF, 1997. v. 3.
LIBÂNEO, J C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.[1991 / 1997] 5
SAVIOLI, Francisco Platão & FIORIN, José Luiz. Para entender o texto. São
5
Paulo: Ática, 1990.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: 1ª a 4ª série - Língua Portuguesa. Brasília: 4
MEC/SEF, 1997. v. 2.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
4
Parâmetros Curriculares Nacionais -. Brasília: MEC/SEF, 1997.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio – Século XXI. Rio de
4
Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985. [1996] 4
LERNER, D. Matemática na escola: aqui e agora. Porto Alegre: Ed. Artmed,
4
1995. [1996}
Não passa despercebido que três das referências presentes no quadro 1 são de
Parâmetros Curriculares Nacionais. Os mais indicados são os parâmetros de
Matemática e os de Língua Portuguesa para 1ª a 4ª série, além da citação genérica
que não especifica volume. Convém examinar mais de perto o caso dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, pois, ao somar todas as referências aos PCN’s, eles são citados
31 vezes por 10 concursos diferentes, a saber: três da região Norte, dois do
Nordeste, quatro do Sudeste
12
As referências apresentadas nesse relatório aparecem da forma como foram citadas em pelo menos um
dos editais. Para realizar um trabalho analítico com elas, foi necessário padronizá-las: alguns editais
citavam os autores em ordem inversa; outros, edições diferentes; também foram freqüentes as
incorreções nos títulos dos livros e mesmo no nome dos autores. As correções necessárias foram
realizadas e, quando as edições eram diversas, optou-se por deixar indicado entre parênteses os anos de
publicação.
53
Relatório Final : PEDAGOGIA
Quadro 2
Autores mais citados pelas bibliografias dos concursos
Nº de
Autores
citações
Emília FERREIRO 14
Paulo FREIRE 12
César COLL 9
Phillipe PERRENOUD 9
Délia LERNER 8
José Carlos LIBÂNEO 8
Celso CUNHA e Luiz F. L. CINTRA 8
Anna TEBEROSKY 6
Ilma Passos VEIGA (org.) 6
Jussara HOFFMANN 6
Lev Semenovich VYGOSTSKY 6
Francisco Platão SAVIOLI e José Luiz FIORIN 5
Magda SOARES 5
Vera Maria CANDAU (org.) 5
13
Paulo Freire, José Carlos Libâneo, Jussara Hoffmann, Vygotsky e Savioli e Fiorin também são referências
que constam da bibliografia dos PCN’s.
54
Relatório Final : PEDAGOGIA
3. Legislação
Exemplos:
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal Nº. 8.069,
1990.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN), Lei Federal
Nº. 9.394, Brasília/DF, 20 de dezembro de 1996.
RIO GRANDE DO SUL. Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, de 03 de
outubro de 1989.
55
Relatório Final : PEDAGOGIA
Exemplos:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: 1ª a 4ª série - Arte. Brasília: MEC/SEF,
1997. v. 6.
CANDAU, V. M. (org). Didática e Currículo. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
GANDIM, D. A prática do planejamento participativo. Petrópolis: Vozes, 1994.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora. Porto Alegre. Educação & Realidade.
1993
7. Alfabetização
Exemplos:
FERREIRO, E. Alfabetização em processo. 14. ed. SP: Cortez, 2001.
SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita:
Alfabetização como processo discursivo, 3ª edição, São Paulo,
Cortez/UNICAMP, 1991. [1993/1998]
SOARES, Magda. As Muitas Facetas da Alfabetização. Caderno de Pesquisa, São
Paulo, Fundação Carlos Chagas (52): 19-24, fevereiro, 1985.
56
Relatório Final : PEDAGOGIA
12. EJA
Exemplos:
MOLL, Jaqueline (org.). Educação de Jovens e Adultos, Ed. Mediação.
57
Relatório Final : PEDAGOGIA
58
Relatório Final : PEDAGOGIA
14
A região Centro-Oeste não apresenta nenhum edital com indicação bibliográfica.
59
Relatório Final : PEDAGOGIA
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Fundamentos Gerais da
30 23,1 6 9,7 39 16,7 33 26,0 108 19,6
Educação
Fundamentos específicos
9 6,9 5 8,1 27 11,6 12 9,4 53 9,6
das disciplinas
Legislação 11 8,5 8 12,9 38 16,3 10 7,9 67 12,1
Total geral 130 100,0 62 100,0 233 100,0 127 100,0 552 100,0
60
Relatório Final : PEDAGOGIA
mínima de 30% (12 acertos) na prova, e o mínimo de três pontos na redação. Outro
exemplo seria de um concurso que se apresenta com uma prova de apenas 30 itens
objetivos dos quais é preciso acertar pelo menos 15, e mais duas questões
dissertativas, corrigidas numa escala de 0 a 10 cada uma, e o candidato precisa
atingir 5 pontos na média aritmética das duas. Assim, a análise mais detalhada dos
editais dos concursos permite questionar a suficiência qualitativa de alguns deles na
seleção de professores para as quatro primeiras séries do ensino fundamental.
Em geral, a maioria das provas objetivas é dividida em duas partes: a de
conhecimentos gerais, que diz respeito à formação básica geral de professores, e a de
conhecimentos específicos, no caso, próprios para professores de séries iniciais. A
parte de conhecimentos gerais possui principalmente questões sobre legislação,
seguidas das que tratam de projeto político-pedagógico e de avaliação. Chama
atenção que uma das provas analisada, realizada por um estado, contém muitos itens
referentes a aspectos da própria política educacional enfatizada em particular pela
Secretaria Estadual de Educação.
Por outro lado, temas ligados a fundamentos teóricos da educação são pouco
cobrados nos itens das provas, seja na parte de conhecimentos gerais, seja na de
específicos, embora se encontre referências bibliográficas indicadas nesta direção. As
questões nesta área, em geral, versam sobre Vygostky ou outras teorias da psicologia
educacional e não tratam de sua mediação ou relevância para a educação; apenas
pedem sua identificação de forma superficial como pode ser visto no exemplo a
seguir:
Exemplo 1
A concepção de construção do conhecimento pelas
crianças em situações de interação social vem sendo
pesquisada com diferentes enfoques e abordagens nos
últimos anos. Sob o nome de construtivismo, reúnem-
se as idéias que valorizam a ação do sujeito no
processo de aprendizagem e desenvolvimento da
criança. Representam essa perspectiva conceitual
61
Relatório Final : PEDAGOGIA
62
Relatório Final : PEDAGOGIA
Exemplo 2
O nível de escrita em que a criança representa
fielmente o som oral, por meio de um grafema para
cada um dos fonemas da língua, é denominado
a) alfabético.
b) ortográfico.
c) letramento.
d) ortografização.
Exemplo 3
A alfabetização matemática deve permitir:
63
Relatório Final : PEDAGOGIA
Exemplo 4
Após relato da participação na olimpíada do colégio,
Gabriel e Bernardo, alunos de uma mesma turma da 1a
série do Ensino Fundamental, apresentaram os
seguintes registros:
Exemplo 5
Em uma turma de 1a série, dos registros decorrentes de
uma atividade de escrita do número 3526 sob a forma de
ditado, apareceram estes:
64
Relatório Final : PEDAGOGIA
Exemplo 6
Os Parâmetros Curriculares Nacionais desenvolvidos para
o ensino fundamental destinam-se a todos os/as
brasileiros/as e objetivam alcançar e fortalecer a formação
da cidadania. A proposta para o trabalho com a ÉTICA
preconiza conteúdos que priorizam o convívio escolar. São
eles:
65
Relatório Final : PEDAGOGIA
66
Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
Pela leitura das ementas e das grades curriculares é possível constatar que
mesmo com denominações diversificadas há um certo núcleo comum aos
cursos. Como disciplinas que são comuns a todos os cursos, encontramos:
Fundamentos como Sociologia da Educação, Psicologia da Educação,
História da Educação, Didática, Estágios; Metodologias ou Didáticas do
ensino de História, Geografia, Ciências, Artes, Educação Física; Linguagem
de Libras. Fica a observação do desequilíbrio na relação teoria-prática, em
favor dos tratamentos mais teóricos, de fundamentos e contextualização.
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Relatório Final : PEDAGOGIA
70
Relatório Final : PEDAGOGIA
71
Relatório Final : PEDAGOGIA
alunos por instituição é bastante baixa. Os últimos levantamentos revelam que 51%
dos institutos têm menos de 200 alunos e 25%, menos de 100 alunos.
Nos anos 90 foram estabelecidos padrões mínimos para o reconhecimento
oficial dos Institutos de Formação Docente, porém esse processo, segundo os
especialistas, não repercutiu suficientemente no fortalecimento da preparação para a
docência.
72
Relatório Final : PEDAGOGIA
instituições bem diversas das anteriores, mais antigas e que já gozaram de grande
prestígio em meados do século passado, prestígio esse que tem diminuído à medida
que se expande a sua oferta para atender a democratização do ensino médio.
As reformas dos anos 90 proporcionaram incentivo à articulação entre os
Institutos de Formação Docente e as universidades e muitos egressos dos institutos
complementam sua formação nessas instituições para assegurar um título que amplie
suas possibilidades de realizar carreira universitária e aumentar o potencial de
empregabilidade. Atualmente, há um interesse crescente pelos cursos de pós-
graduação entre os docentes em geral.
O sistema universitário e o não universitário nascem e se desenvolvem
paralelamente como regiões altamente diferenciadas no imaginário social, no contexto
da política de educação, nos níveis de autonomia e, segundo Cámpoli (2004 ), a lei
mantém de alguma forma esta diferenciação. Os institutos, apesar de não ocuparem
uma posição de privilégio como as universidades, contam com uma demanda bastante
elevada de estudantes que buscam carreiras de menor duração para poder ingressar
no mercado de trabalho mais prontamente. A articulação com as universidades,
prevista nos últimos documentos oficiais, tem por objetivo elevar seu perfil como
instituição de ensino superior através da investigação e da profissionalização.
Desde os anos 90 há um consenso que o ensino superior deveria ter canais de
comunicação entre seus subsistemas, A exigência mais ou menos explícita nas
políticas, de que o desejável nas titulações docentes seria uma terminalidade no nível
universitário, gerou nos estudantes e nos próprios profissionais da educação um
conjunto complexo de estratégias para ao obtenção dos títulos docentes
universitários.
Apesar da forte expansão do ensino secundário nas duas últimas décadas, não
há, no país, professores titulados suficientes, particularmente para as áreas
curriculares científicas, tecnológicas e de línguas estrangeiras.
Nesse contexto a Argentina vem procurando reorganizar a formação docente
no país de modo a romper a estrutura separada de formação para o primário e para o
secundário. O Ministério Nacional de Educação definiu um tronco comum com
variações, a partir da idéia que a formação pedagógica deve ser a mesma para todo
professor. Foram elaborados acordos que modificam a formação docente para a
educação infantil e para o ensino primário e secundário: organização, quantidade de
horas, conteúdos básicos comuns. No dizer de Aguerrondo ( Entrevista, 2008 ), que
desde o ano de 2007 realiza uma pesquisa em 19 Institutos de Formação Docente de
variado perfil, esses acordos tiveram mais um caráter político que resultados efetivos,
produziram algum movimento, mas não alcançaram a prática; as instituições
continuaram funcionando com a lógica institucional, a cultura e os professores de
antes.
73
Relatório Final : PEDAGOGIA
Os currículos dos cursos de formação docente são muito diversos no país, não
apenas entre as províncias, como também entre as instituições de uma mesma
província. Há, porém, tendências a registrar.
Na formação do docente para o ensino primário a ênfase recai sobre as
didáticas e a pedagogia, não sobre os conteúdos. A formação é considerada bastante
mimetizada em relação á escola primária em que os futuros docentes irão atuar. As
Instituições de Formação Docente tendem a adotar a cultura e as práticas dos níveis
para os quais elas formam e a reproduzir a estrutura, a forma de organização e até
mesmo o modo de relação com os alunos que se observa na escola primária. Isto
pode conduzir a um reforço de algumas lógicas escolares que mereceriam
transformações.
Outro aspecto a considerar no currículo de formação dos docentes do primário
é a introdução, nos últimos 20 anos, do ensino dos conteúdos que compõem o
currículo do curso primário, Língua, Matemática entre outros. Isso porque a formação
dos alunos que vêm do secundário não fornece a base necessária para a formação
docente exigida pelos desafios da educação contemporânea. Esta é uma preocupação
que envolve todos os segmentos sociais.
Além das disciplinas que reproduzem o currículo da escola primária e suas
didáticas, os cursos de formação docente desenvolvem disciplinas de fundamentação
pedagógica, Sociologia, Psicologia da Aprendizagem, História da Educação, Política
74
Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
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Relatório Final : PEDAGOGIA
b. O Campo de Fundamentação
80
Relatório Final : PEDAGOGIA
1º ano
Filosofia ................................................................................... (64h)
Pedagogia ................................................................................. (64h)
Didática geral............................................................................. (64h)
Análise do mundo contemporâneo ............................................... (32h)
2º ano
Didática e currículo do nível primário........................................... (64h)
Teorias sociopolíticas e educação ................................................ (64h)
3º ano
Políticas, legislação e administração do trabalho escolar................. (64h)
História e prospectiva da educação ............................................ (64h)
4º ano
Reflexão filosófica da educação .................................................. (32h)
Dimensão ético-política da práxis docente ..................................... (32h)
1º ano
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem I ...................... (64h)
2º ano
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem II ...................... (64h)
81
Relatório Final : PEDAGOGIA
3º ano
Configurações culturais do sujeito educativo do primário ............... (32h)
Meios autiovisuais, TIC´s e educação .......................................... (32h)
4º ano
Pedagogia crítica das diferenças.................................................... (32h)
A formação nesse campo ocupa .35,2% do tempo total previsto para o curso. A
proposta valoriza a integração dos diferentes saberes, uma vez que entende que
conteúdos fragmentados dificilmente possibilitam reconhecer, compreender e
trabalhar em situações que envolvam problemas sociais e ambientais complexos. Este
campo articula a construção histórico-crítica dos saberes com questões didáticas
relativas ao seu ensino.Um sólido domínio conceitual e epistemológico das diferentes
áreas de saber e a compreensão de seu caráter político e provisório são considerados
condições prévias indispensáveis para um ensino que promova a inclusão social e
forme sujeitos conscientes de seus direitos, na medida em que se pretende que a
educação esteja inscrita em um projeto social crítico de transformação.
Neste sentido, as matérias que compõem o Campo dos Saberes a Ensinar
retomam conteúdos próprios do currículo da educação primária. A recomendação
explícita nas orientações relativas a todas as matérias do Campo dos Saberes a
Ensinar é que devem incluir “ a análise e o tratamento dos conteúdos que estão
presentes na proposta curricular do nível primário” (Buenos Aires, 2007). Isto ocorre
com mais intensidade na disciplina Didática das Ciências Naturais, quando cuida de
apontar aos futuros docentes os principais obstáculos culturais para o ensino dos
conteúdos que são selecionados.
A didática da alfabetização está presente entre os conteúdos propostos nas
disciplinas Didática de práticas de linguagem e de literatura I e II.
No 4º ano do curso o campo dos saberes está organizado sob a forma de
“Ateneos”, em que são trabalhados os saberes referentes à prática de ensino. São
definidos como espaços de socialização, leitura, análise e reflexão sobre materiais
curriculares, recursos didáticos, práticas docentes, projetos de ensino propostos pelos
alunos para serem realizados em escolas da rede, de forma integrada aos projetos
curriculares que elas desenvolvem. Trata-se não propriamente de uma disciplina, mas
de uma metodologia orientada para a construção da práxis docente dos alunos. A idéia
82
Relatório Final : PEDAGOGIA
1º ano
Corporeidade e motricidade ........................................................ (32h)
Arte e educação ........................................................................ (64h)
2º ano
Educação artística ....................................................................... (64h)
Didática de práticas de linguagem e de literatura I .......................... (64h)
Didática das ciências sociais I ........................................................ (64h)
Didática das ciências naturais I ...................................................... (64h)
Didática da matemática I ............................................................. (64h)
3ºano
Educação física escolar ................................................................ (64h)
Didática de práticas de linguagem e de literatura II .......................... (64h)
Didática das ciências sociais II ...................................................... (64h)
Didática das ciências naturais II ..................................................... (64h)
Didática da matemática II ............................................................ (64h)
4º ano
Ateneo de práticas de linguagem e de literatura ............................. (64h)
Ateneo de ciências sociais ............................................................. (64h)
Ateneo de ciências naturais .......................................................... (64h)
Ateneo de matemática .................................................................. (64h)
O Campo da Prática Docente age como articulador dos demais e ocupa 30,7 %
do tempo destinado à formação do futuro docente. Compreende três espaços de
formação, a prática de campo, a oficina integradora interdisciplinar e as ferramentas
da prática. Os Institutos de Formação Docente são orientados a estabelecer redes de
83
Relatório Final : PEDAGOGIA
comunicação com escolas da localidade para que os futuros docentes ali realizem suas
práticas. Esta proposta de formação supõe a presença, nas escolas selecionadas, de
“maestros orientadores” que, em trabalho conjunto com os docentes formadores dos
institutos, recebam, acompanhem, orientem os futuros docentes em sua prática. O
propósito dessa articulação é favorecer um diálogo entre a cultura de formação
docente e a cultura escolar.
A prática de campo, entretanto, não é pensada como simulação, nem como
uma aplicação de conhecimentos e procedimentos, restrita ao estágio nas escolas. Ela
desenvolve-se durante todo o curso de formação em condições reais, nos espaços
educativos em geral, institucionais e de aula. O docente em formação inicia sua
prática em situações que favorecem o reconhecimento da problemática sociocultural e
da multiplicidade de espaços educativos não escolares, de sua localidade. O intento é
repensar a prática educativa docente no marco das transformações do mundo
contemporâneo e reforçar uma colaboração entre escola e comunidade que contribua
para o desenvolvimento cultural e educativo local. No segundo ano, a prática de
campo é voltada para a compreensão dos espaços escolares em seu contexto,
chegando nos anos restantes ao interior da sala de aula com foco nos processos de
ensino e aprendizagem. A prática de campo é prevista para ocorrer em instituições
escolares de perfis diversos, desde as rurais, urbanas, suburbanas, prisionais,
domiciliares, até as hospitalares e ser acompanhada, supervisionada e avaliada
mediante um processo de colaboração entre os institutos e as escolas da rede .
A oficina integradora interdisciplinar é o momento de encontro de saberes,
práticas e sujeitos da formação, docentes e alunos, em torno de um tema selecionado
anualmente em cada série do curso, centrado nas problemáticas contextualizadas dos
espaços selecionados para a prática de campo de cada ano do curso e não no
conteúdo disciplinar. Seu objetivo é integrar: ação e reflexão; teoria e prática;
formação básica e cultura escolar; escola e sociedade, procurando reforçar o sentido
público da educação escolar e sua capacidade de transformação da realidade. Cada
docente recebe uma hora semanal em acréscimo para este trabalho integrado e
sugere-se que a cada quatro meses o Instituto de Formação Docente realize pelo
menos uma Oficina Integradora Interdisciplinar vertical, em que participem docentes e
alunos de todos os cursos.
As ferramentas da prática trabalham processos de registro e análise qualitativa,
processos de investigação-ação relativos à prática docente na sala de aula, nas
instituições escolares e em outros espaços educativos.
1º ano
Prática de campo (experiência social na comunidade) ..................... (32h)
Oficina integradora interdisciplinar (Tema: Cidade Educadora) ......... (32h)
Ferramentas (educação social e estratégias de educação popular) ...... (32h)
84
Relatório Final : PEDAGOGIA
2º ano
Prática de campo (instituições educativas urbanas, suburbanas, e rurais)..
(64h)
Oficina integradora interdisciplinar (Tema: Espaço escolar e Realidade
Educativa) .................................................................................. (32h)
Ferramentas (aproximação e análise qualitativa institucional) ............ (32h)
3º ano
Prática de Campo (em sala de aula, no nível de formação apropriado)... (128h)
Oficina integradora interdisciplinar (Tema:Relação educativa).......... (32h)
Ferramentas (investigação na e para a ação educativa) .................. (32h)
4º ano
Prática de Campo (em sala de aula, no nível de formação) ............... (256h)
Oficina integradora interdisciplinar (Tema: Posicionamento docente) .. (32h)
Trajetos formativos opcionais (espaço de definição institucional) ...... (160h)
4.3. Finalizando
85
Relatório Final : PEDAGOGIA
institucionais e dos perfis de formação nos dois países, o que não nos cabe fazer
nesse curto espaço de tempo da pesquisa.
É certo, porém, que há diferenças evidentes entre eles quanto ao lócus de
formação inicial dos professores: na Argentina, ela é oferecida nos Institutos
Superiores de Formação Docente, e, no Brasil, nas Instituições de Educação Superior.
Mas o que se verifica é que, na Argentina, as diferenças internas entre os cursos e
currículos de formação docente para os diversos níveis da escola básica tendem a ser
diminuídas, buscando aproximar-se mais de um padrão equivalente. Nem por isso,
contudo, os problemas deixam de existir. A própria aparente homogeneização dos
currículos merece ser questionada e exige investigações mais aprofundadas quanto à
adequação às demandas diversas que os cursos devem atender, conforme se
depreende de documentos oficiais e das pesquisas.
A despeito das especificidades da realidade brasileira e argentina, os problemas
detectados na composição dos currículos de um e outro país têm muitas
características em comum e há evidências de que, tanto lá como aqui, há ainda muito
a caminhar em direção a propostas formadoras que melhor dêem conta dos desafios
contemporâneos da educação e contribuam efetivamente para a elevação do nível
educacional da população. Sinalize-se que a iniciativa da Província de Buenos Aires
com sua nova proposta de formação de docentes para os primeiros anos do ensino
fundamental mostra novos caminhos e uma intensificação formativa para a docência.
86
Relatório Final : PEDAGOGIA
TEDESCO, Juan Carlos. A modo de conclusión. Una agenda de política para el sector
docente. In FANFANI, Emilio Tenti ( org.). El ofício de docente: vocación, trabajo y
profissión em el siglo XXI, Buenos Aires: Siglo XXI, 2006.
87
Relatório Final : PEDAGOGIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
88
Relatório Final : PEDAGOGIA
ANEXO 1
Tabelas I e II
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Relatório Final : PEDAGOGIA
ANEXO 2
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