Neuroeducação e Fundamentos Da Aprendizagem

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 28

NEUROEDUCAÇÃO E FUNDAMENTOS DA APRENDIZAGEM

1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2. Neuroeducação - Conceito, o que é, Significado ............................................................................ 5
2.1 Aprender é Modificar Comportamentos................................................................................. 6

2.2 Princípios Gerais da Neuroeducação ...................................................................................... 8

3. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.................................................................................................... 10
3.1 Teorias de Aprendizagem ...................................................................................................... 14

3.2 Os 4 Estágios da Aprendizagem ............................................................................................ 19

3.3 Teorias e Especialistas da Educação ...................................................................................... 20

3.4 Características da Aprendizagem .......................................................................................... 24

Referências ............................................................................................................................................ 27

2
1. INTRODUÇÃO

Aprender é a capacidade de adquirir algum tipo de conhecimento.


Normalmente, está associada ao ser humano, mesmo assim não devemos esquecer
que alguns animais também possuem essa capacidade.
Aprendemos porque somos inteligentes, isto significa que nosso cérebro está
projetado para assimilar conhecimento. Aprendemos de várias maneiras: através da
observação direta, do nosso raciocínio, do hábito de estudo ou simplesmente por
conviver com os demais. De alguma maneira, estamos permanentemente
aprendendo.
O fato de aprender vai além da capacidade intelectual, uma vez que envolvem
outros fatores no processo de aprendizagem, tais como a motivação, o
ambiente social ou através dos estímulos que recebemos.
Quando nascemos precisamos de conhecimento e gradualmente vamos
adquirindo. Os psicólogos e especialistas na conduta humana estudam o fenômeno
da aprendizagem. De certa maneira podemos dizer que o mecanismo é simples: um
estímulo externo provoca uma resposta. Assim, podemos saber qual é o estímulo e
qual é a resposta (a aprendizagem mais concreta de algo), mas é muito complexo
determinar o que ocorre em nosso cérebro entre o input e o output, ou seja, entre o
estímulo e a resposta.
Do ponto de vista evolutivo, tanto os humanos como os animais, necessitam
adaptar-se ao ambiente que vivem e este processo de adaptação é basicamente uma
forma de aprender. Assim, um animal que não aprende a sobreviver morrerá com
certeza e uma pessoa que não aprende certas habilidades terá dificuldades na vida
cotidiana.
A aprendizagem tem uma dimensão em dobro: os aspectos sociais da
aprendizagem e os aspectos genéticos. Socialmente aprendemos com a família, no
colégio e com os amigos. Isto é possível porque geneticamente temos uma
predisposição para a aprendizagem. Em consequência, a aprendizagem pode ser
explicada como uma síntese entre o natural (próprio cérebro) e o convencional (o
conjunto de relações humanas que afetam os indivíduos).
A abordagem da Educação pelas Neurociências é uma fonte segura de
fundamentos científicos do processo ensino-aprendizagem que pode auxiliar todos os

3
envolvidos nessa atividade a entender o sucesso ou o fracasso de muitas estratégias
pedagógicas.
A neuroeducação é uma abordagem interdisciplinar; fruto da junção de três
áreas do conhecimento humano:
1. a pedagogia: que se dedica aos processos de aprendizagem e educação;
2. a psicologia: com suas contribuições nas pesquisas sobre cognição e
comportamento;
3. a neurociência: que se concentra no funcionamento do sistema nervoso central.
A pedagogia sempre trouxe muito a ideia de coletividade nos processos de
ensino, em que os alunos aprendiam a partir da integração com a comunidade e
transformavam seus saberes durante interações sociais.
Dois aspectos fundamentais das neurociências para a educação são: a
organização funcional do cérebro e as áreas especializadas para processar
informações em categorias (LIMA, 2005).
A neurociência trata das relações entre mente-cérebro-consciência e para
ensinar e aprender deve-se considerar os recursos e a cognição. E ainda, para
aprender, conta-se com estruturas físicas (cérebro), psicológicas (mente) e cognitivas
(mente e cérebro).
O fundamental é aprender fazendo, depois aprender aprendendo, aprender
pensando e pensar aprendendo. Com a cabeça, o coração e as mãos, assim deve ser
o aprendizado ideal. Hoje se sabe que este autor tinha razão, o cérebro reúne: o
pensamento, o sentimento e a ação (PANTANO e ZORZI, 2009).

4
2. NEUROEDUCAÇÃO - CONCEITO, O QUE É, SIGNIFICADO

Fonte: Google

Muitas disciplinas e áreas do conhecimento acabam se unindo e isso é o que


acontece com a neurologia e a educação. A síntese das duas áreas obedece uma
razão evidente, a que o conhecimento do cérebro humano pode ser muito útil para a
criação de novas estratégias pedagógicas. O princípio básico que rege o
neurocientista é a compreensão da maneira como se desenvolvem, a partir de
estímulos externos, os mecanismos cerebrais, provendo o desenvolvimento de novas
potencialidades. O profissional investiga a dinâmica de integração do sujeito ao
ambiente externo, observando e detectando os processos bioquímicos e moleculares
internos resultantes desta relação, e as respostas decorrentes disto.
A Neuroeducação começa a ganhar corpo, se caracterizando como um campo
multi e interdisciplinar, que oferece novas possibilidades tanto à docência, como a
pesquisa educacional com a finalidade de abordar o conhecimento e a inteligência,
integrando três áreas: a Psicologia, a Educação e as Neurociências, incluindo as
áreas que se formaram com a junção dos campos, como a: Neuropsicopedagogia,
Neuropsicologia e Psicopedagogia.

5
Quando nossa mente é a protagonista de todo o processo de aprendizagem, é
natural propor um modelo educacional que leve em consideração o órgão que serve
de base para os processos mentais, o cérebro.
O sistema educativo atual continua utilizando os esquemas tradicionais. Assim,
potencializa-se a aprendizagem de memória, na qual o professor ensina e o aluno
aprende assimilando conhecimentos sem saber de onde vêm ou para que servem.
Enquanto o modelo educacional não evolui de modo significativo, uma
autêntica revolução se produz no cérebro humano.
A Neuroeducação não é uma nova área do conhecimento. Ela trata da junção
dos conhecimentos da psicologia, educação e neurociência. Um novo conceito surge
a partir dessa fusão interdisciplinar: “aprender é modificar comportamentos”.

2.1 Aprender é Modificar Comportamentos

Fonte: Google

Um dos primeiros relatos que temos sobre a educação com um olhar mais
global se dá através das Paideias, na Grécia. As mesmas eram constituídas a partir
da concepção de que a comunidade e o indivíduo são responsáveis uns pelos outros
e, dessa forma, vão se transformando, integrando e evoluindo. O indivíduo era
percebido sobre seus diversos aspectos e fazia parte de uma cadeia social. Cada um
era importante e cada um tinha contribuições para a evolução daquele contexto social.

6
Entretanto, as concepções mudaram e a educação “abandonou” a percepção
individual e integral do sujeito para outro aspecto muito diferenciado, a que o indivíduo
valia o quanto ele produzia; em outras palavras, o melhor aluno era aquele que
conseguia acumular mais conhecimento. Mas até aqui a escola ainda não era para
todos.
Conforme Tracey Espinosa, mesmo tendo os direitos assegurados pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos, é somente na década de 1980 que a
educação em massa começa a fazer parte do cenário educacional e, através dessa
maior diversidade, percebeu-se que o sistema educacional necessitava de muitas
melhorias.
Todo o conhecimento que se tinha em educação, aprendizagem e
comportamento humano ainda era fruto de pesquisas anteriores ao escaneamento
cerebral. As grandes mudanças começam a ocorrer com o surgimento da
neurociência, responsável pelo estudo metódico do sistema nervoso.
A psicologia, uma das áreas que sempre auxiliou a educação, ao agregar os
conhecimentos da neurociência, começou a trazer abordagens diferenciadas para o
contexto educacional e, dessa forma, a pedagogia pautada na educação e
aprendizagem percebeu que se fazia necessário um novo olhar educacional, voltar às
origens da Paideia e encarar o ser humano como um ser global. Todas as áreas que
até então eram “especializadas em” modificam-se e começam a atuar de modo
interdisciplinar agregando a nomenclatura de Neuroeducação.
A Neuroeducação não é uma nova área do conhecimento; trata da junção dos
conhecimentos da psicologia, educação e neurociência.

Figura 1: Neuroeducação

7
Fonte: Google

A Neuroeducação integra de forma interdisciplinar a psicologia, a neurociência


e a pedagogia; traz uma abordagem diferenciada do que é aprendizagem.
Anteriormente, em uma visão mais tradicional, diria que “aprender é a aquisição de
novos conhecimentos”. A mesma Neuroeducação nos mostra agora que “aprender é
modificar comportamentos”.
Quando pensamos uma educação inclusiva o significado de aprender dentro
destas concepções tem outro valor, isso porque se o sujeito é somente avaliado pelo
viés do conhecimento adquirido dentro do contexto escolar, certamente a educação
não estará sendo inclusiva; mas, se consegue perceber o educando como alguém que
modificou seu comportamento inicial, seja ele, psicomotor, cognitivo ou emocional,
desse modo sim, estamos diante de uma educação inclusiva, que prima pelos direitos
humanos.
Percebemos indivíduos Downs atuando na sociedade como repórteres,
cineastas, professores, e outras tantas profissões e temos o entendimento do quão
importante é a interação com o meio. Mais ainda, quão importante é o trabalho de um
profissional que tem o entendimento do funcionamento do sistema nervoso.
O neuroeducador, profissional da Neuroeducação, resgata a práxis das
Paideias; observa o indivíduo em seus aspectos que precisam ser melhorados e em
suas potencialidades e, através disso, constrói um planejamento individualizado para
cada educando. Porém, em última instância, todos aprendem, pois há modificação de
comportamento tanto para o neuroeducador quanto para os educandos. Ambos
necessitam sair de suas zonas de conforto e, dessa forma, alcançar patamares mais
elevados. Resgata-se assim um valor primordial que os gregos já conheciam: a
cooperação. A sociedade se constitui pelo entendimento da responsabilidade que
temos uns com os outros e só podemos mudá-la se mudarmos nossos
comportamentos.

2.2 Princípios Gerais da Neuroeducação

8
Fonte: Google
• O cérebro possui estruturas emocionais e esta circunstância afeta diretamente
qualquer processo de ensino-aprendizagem.
• Qualquer aprendizagem se encontra diretamente relacionada a uma complexa
rede de estímulos neuronais, determinadas por sua vez pela ação dos
neurotransmissores.
• Quando o contexto educacional manifesta o tédio e a apatia do aluno, isso
indica que o docente não conseguiu despertar a curiosidade de seus
educandos. Em outras palavras, o cérebro do aluno não foi estimulado
corretamente.
• Os diferentes mecanismos cerebrais têm três dimensões gerais: o
sistema cognitivo, o sistema emocional e o sistema instintivo. Isto significa que
o aluno quer realmente aprender quando os três sistemas são incentivados
pelo professor de maneira adequada.

O papel do cérebro emocional no ensino


Durante séculos o sistema educativo tem dado grande importância a tudo que
está relacionado à racionalidade e ao intelecto. As emoções são adaptativas porque
preparam, predispõem e orientam comportamentos para experiências positivas ou
negativas, mesmo comportamentos de sobrevivência e de reprodução (Darwin, 1998).
As emoções fornecem informações sobre a importância dos estímulos exteriores e
interiores do organismo, e também, sobre as situações-problema onde os indivíduos
se encontram envolvidos num determinado contexto.
Sendo assim, os estudos do cérebro enfatizam que as emoções localizadas no
sistema límbico são muito importantes na hora de estimular a aprendizagem.

9
3. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Fonte: Google

Por teorias de aprendizagem podemos observar três modalidades gerais:


cognitiva, afetiva e psicomotora.
A primeira, cognitiva, pode ser entendida como aquela resultante do
armazenamento organizado na mente do ser que aprende. A segunda, afetiva, resulta
de experiências e sinais internos, tais como, prazer, satisfação, dor e ansiedade. Já a
terceira, psicomotora, envolve respostas musculares adquiridas por meio de treino e
prática.
A teoria de David Ausubel foca a aprendizagem cognitiva e, como tal, propõe
uma explicação teórica do processo de aprendizagem.
Ausubel baseia-se na premissa de que existe uma estrutura na qual
organização e integração de aprendizagem se processam. Para ele, o fator que mais
influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe ou o que pode funcionar como
ponto de ancoragem para as novas ideias.
A aprendizagem significativa, conceito central da teoria de Ausubel, envolve a
interação da nova informação com uma estrutura de conhecimento específica, a qual
define como conceito subsunçor.
As informações no cérebro humano, segundo Ausubel, se organizam e formam
uma hierarquia conceitual, na qual os elementos mais específicos de conhecimento
são ligados e assimilados a conceitos mais gerais.

10
Uma hierarquia de conceitos representativos de experiências sensoriais de um
indivíduo significa, para ele, uma estrutura cognitiva.
Ausubel considera que a assimilação de conhecimentos ocorre sempre que
uma nova informação interage com outra existente na estrutura cognitiva, mas não
com ela como um todo; o processo contínuo da aprendizagem significativa acontece
apenas com a integração de conceitos relevantes.
Para contrapor essa teoria, Piaget não considera o progresso cognitivo
consequência da soma de pequenas aprendizagens pontuais, mas sim um processo
de equilibração desses conhecimentos. Assim, a aprendizagem seria produzida
quando ocorresse um desequilíbrio ou um conflito cognitivo.
No entanto, Piaget não enfatiza o conceito de aprendizagem, uma vez que sua
teoria é de desenvolvimento cognitivo, não da aprendizagem. Nesta perspectiva,
Piaget considera que só há aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre
acomodação.
A aprendizagem significativa desenvolvida por Ausubel propõe-se a explicar o
processo de assimilação que ocorre com a criança na construção do conhecimento a
partir do seu conhecimento prévio.
Dessa forma, para que ocorra uma aprendizagem significativa é necessário:
disposição do sujeito para relacionar o conhecimento; material a ser assimilado com
“potencial significativo”; e existência de um conteúdo mínimo na estrutura cognitiva do
indivíduo, com subsunçores em suficiência para suprir as necessidades relacionadas.
Na teoria de Ausubel, o processo de assimilação é fundamental para a
compreensão do processo de aquisição e organização de significados na estrutura
cognitiva. Basta o educador primeiramente sondar o repertório do aluno para provocar
na criança uma aprendizagem significativa. As assimilações podem ser simples, como
dosar os ingredientes para fazer um bolo e utilizar essa mesma experiência com os
conceitos de cálculos, grandezas e medidas da matemática.
Com isso, os modos de ensinar desconectados dos alunos podem ser
modificados para a articulação de seus conhecimentos, no uso de linguagens
diferenciadas, significativas, com a finalidade de compreender e relacionar os
fenômenos estudados.

11
Fonte: Google

Para que a aprendizagem significativa ocorra, Ausubel (2003) argumenta que


além do material de ensino ser relacionável à estrutura cognitiva do aprendiz, deve
apresentar disposição para estabelecer relações conceituais substantivas e não
arbitrárias entre o novo e o conhecimento existente, conforme figura 2.

12
Figura 2: Relações de aprendizagens cognitivas

Fonte: Google

Além desses aspectos que influenciam a aprendizagem com significado, Novak


(2000) apresenta cinco elementos da educação que dialogam concomitantemente
entre si, influenciando diretamente as etapas do ensino: planejamento,
desenvolvimento e avaliação . Nessa perspectiva, o professor age intencionalmente
para que o aluno capte os significados do conteúdo ensinado, em um contexto
particular cujos elementos são constantemente avaliados. Dessa forma, a interação
social é fundamental na efetivação do evento educativo, pois, segundo Gowin (1981)
professores e alunos são corresponsáveis no processo de ensino e de aprendizagem,

13
atuando ativamente para negociar e compartilhar os significados do material de ensino
a fim de favorecer a aprendizagem significativa. A Figura apresenta resumidamente
as etapas do ensino, assim como os elementos fundamentais a serem considerados
em cada uma delas. Embora a figura possa ser lida da esquerda para a direita, cada
parte interage com as demais durante o ensino em um processo dialógico.
Assumindo essas ideias, o professor, ao organizar o ensino com foco na
aprendizagem significativa, deve considerar os conhecimentos prévios dos alunos,
estabelecer o conteúdo a ser ensinado/aprendido assim como organizá-lo de forma
lógica e sequencial para favorecer as relações conceituais por parte dos alunos.
Independentemente das estratégias de ensino e dos recursos instrucionais
escolhidos pelos professores, as situações propostas devem instigar o pensar com e
sobre o conhecimento, estimulando a interação entre os alunos, deles com o conteúdo
e com o professor, como propõe Gowin (1981). Dessa forma, os alunos devem ser
estimulados a criar hipóteses, formular questões e discutir possíveis caminhos para a
solução dos problemas propostos. Nesse processo, cabe ao professor, dentre outros
aspectos, atentar para as evidências de aprendizagem significativa. Mesmo que, na
perspectiva da TAS, a avaliação deva ser predominantemente formativa, ela também
poderá ser somativa em alguns momentos.

3.1 Teorias de Aprendizagem

Fonte: Google

14
A história da aprendizagem como atividade humana remonta à própria origem
de nossa espécie. Desde a antiguidade, filósofos e pensadores preocuparam-se com
os fatos da aprendizagem do tipo verbal ou ideativo. Daí a razão por que as primeiras
teorias se confundiram com as explicações dos processos lógicos e com as teorias do
conhecimento. A noção de aprender se confundia com a ação de captar ideias, fixar
seus nomes, retê-los e evocá-los. Podemos citar Sócrates, Platão e Aristóteles como
alguns filósofos que discorreram sobre as primeiras concepções da aprendizagem.
Para Sócrates, o conhecimento preexiste no espírito do homem e a aprendizagem
consiste no despertar esses conhecimentos inatos e adormecidos.
Platão formulou uma teoria dualista que separava o corpo (ou coisa) da alma
(ou ideias), sendo que a alma está sujeita à metempsicose e guarda a lembrança das
ideias contempladas na encarnação anterior que, pela percepção, voltam à
consciência. Assim, a aprendizagem nada mais é do que uma reminiscência. Já
Aristóteles apresenta um ponto de vista definidamente científico. Ensina que todo
conhecimento começa pelos sentidos, rejeitando a preexistência das ideias em nosso
espírito. Lançou, portanto, o fundamento para o ensino intuitivo. Utilizou o método
dedutivo, característico de seu sistema lógico e o método indutivo, aplicando-o em
suas observações, experiências e hipóteses. No entanto, a aprendizagem como
atividade socialmente organizada é mais recente.
As mudanças mais notáveis na cultura da aprendizagem se devem a uma nova
revolução: a tecnologia da escrita. A crise da concepção tradicional da aprendizagem,
baseada na apropriação e reprodução memorística dos conhecimentos e hábitos
culturais, deve-se não tanto ao impulso da pesquisa científica e das novas teorias
psicológicas, como a conjunção de diversas mudanças sociais, tecnológicas e
culturais, a partir das quais esta imagem tradicional da aprendizagem sofre uma
deterioração progressiva -, mas também se deve ao desajuste crescente entre o que
a sociedade pretende que seus cidadãos aprendam e os processos que ela põe em
marcha para consegui-lo. A nova cultura da aprendizagem, própria das modernas
sociedades industriais, se define por uma educação generalizada, por uma formação
permanente e massiva, por uma saturação de informações produzidas pelos novos
sistemas de comunicação e conservação de informação e por um conhecimento
descentralizado e diversificado.
Em nossa cultura da aprendizagem, a distância entre o que deveríamos
aprender e o que finalmente conseguimos aprender é cada vez maior. O

15
desenvolvimento humano é um processo longo e gradual de mudanças. Neste
processo, cada pessoa, à sua maneira e no seu tempo, dá sentido à sua vida.
Presente, passado e futuro são demarcações individuais da existência. Somos
capazes de descrever nossa vida cotidiana, relembrar nossa infância e enumerar
nossos planos para o futuro. Quando se tenta explicar relações, fenômenos ou
processos da realidade apresentam-se argumentos que, para nós, fazem todo o
sentido.
Construímos e defendemos nossa própria "teoria", baseada em nossas
observações, em nossas experiências, em nossos valores, em nossas suposições. Do
mesmo modo, a ciência procura descrever e explicar aspectos observados na
realidade a partir da organização e sistematização de conceitos, proposições, dados
e interpretações. Portanto, os estudiosos do desenvolvimento humano também estão
interessados na relação entre o tempo e a existência humana, procurando descrever
e explicar as mudanças que ocorrem nos modos de pensar, sentir e agir ao longo da
vida.

JEAN PIAGET: ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Fonte: Google

Jean Piaget conduziu uma série de investigações sobre o desenvolvimento do


pensamento, abrangendo o período compreendido desde o nascimento até a

16
adolescência. Com base nessas investigações, elaborou a teoria do desenvolvimento
cognitivo ou intelectual. Para Piaget, a tomada de consciência da criança se dá em
termos lógicos e não em termos de qualquer tipo de atividade mental, sua ou de
outros. A relação existente entre a formação de pensamento e a aquisição da
linguagem, na visão piagetiana, configura-se de caráter apenas correlacionam, sendo
o pensamento constituído por um processo bem mais amplo que remete ao
desenvolvimento da função simbólica. Desse modo, na concepção piagetiana
defende-se que a maneira como a criança faz uso da linguagem exprime o tipo de
lógica que caracteriza seu pensamento.
A linguagem da criança preenche outras funções além da comunicação. Ela
pode, por exemplo, durante seu desenvolvimento, ser duplamente categorizada, ou
seja, pode ser apreendida enquanto uma linguagem 'egocêntrica' ou enquanto uma
linguagem 'socializada'. Fases do desenvolvimento humano segundo Piaget:
Período Sensório-Motor (0 a 2 anos): aprendizagem da coordenação motora
elementar; Aquisição da linguagem até a construção de frases simples;
Desenvolvimento da percepção; Noção de permanência do objeto; Preferências
afetivas; Início da compreensão de regras;
Período Pré-Operatório (2 a 7 anos): domínio da linguagem; Animismo,
finalismo e antropocentrismo/egocentrismo, isto é, os objetos são percebidos como
tendo intenções de afetar a vida da criança e dos outros seres humanos; Brincadeiras
individualizadas, limitação em se colocar no lugar dos outros; Possibilidade da moral
da obediência, isto é, que o certo e o errado são aquilo que dizem os adultos;
Coordenação motora fina;
Período das Operações Concretas (7 a 11 ou 12 anos): início da capacidade
de utilizar a lógica; Número, conservação de massa e noção de volume; Operações
matemáticas, gramática, capacidade de compreender e se lembrar de fatos históricos
e geográficos; Autoanálise, possibilidade de compreensão dos próprios erros;
Planejamento das ações; Compreensão do ponto-de-vista e necessidades dos outros;
Coordenação de atividades, jogos em equipe, formação de turmas de amigos (no
início de ambos os sexos, no fim do período mais concentrada no mesmo sexo);
Julgamento moral próprio que considera as intenções e não só o resultado;
Período das Operações Formais (11-12 anos em adiante): abstração
matemática (x, raiz quadrada, infinito); Formação de conceitos abstratos (liberdade,
justiça); Criatividade para trabalhar com hipóteses impossíveis ou irreais; Reflexão

17
existencial; Crítica dos valores morais e sociais; Moral própria baseada na moral do
grupo de amigos; Experiência de coisas novas, estimuladas pelo grupo de amigos;
Desenvolvimento da sexualidade.

LEV VYGOTSKY: A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Fonte: Google

Para Vygotsky, afirmações como essas estão associadas a diferenças


históricas e culturais que influenciam o modo como as pessoas, em diferentes
sociedades, As pessoas agem, interpretam e representem o mundo. Vygotsky é
conhecido como "sociointeracionista", pois concebe que o ser humano constitui-se
nas relações sociais que ocorrem em um determinado contexto histórico-cultural. Sua
premissa tem como referencial filosófico o materialismo dialético que pressupõe o
estudo histórico dos processos de mudança a partir da análise e reconstrução das
relações dinâmicas contextuais e processuais da realidade. Para tanto, Vygotsky
postulou que a vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem
de ser biológico em ser humano.
O desenvolvimento psicológico de um indivíduo respeitará a história de sua
história, espécie, isto é, a filogênese, que define os limites e as possibilidades das
características do corpo humano, das condições de funcionamento psicológico e da
plasticidade cerebral. Portanto, conclui-se que Piaget, em seus estudos deu ênfase

18
ao caráter construtivo, ou seja, das construções realizadas pelo sujeito. Já Vigotsky,
aos processos de trocas, de interação do sujeito com seu meio, principalmente seu
meio social e cultural. REFERENCIAS WRUCK. Dianne Françoise, OLIVEIRA.
Germani de. Fernanda. Desenvolvimento e Aprendizagem na Escola. Blumenau.
Edifurb; Gaspar, ASSEVALI Educacional 2008. PIAGET. Jean. A Construção do Real
na Criança. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. 360 p.

3.2 Os 4 Estágios da Aprendizagem

Fonte: Google

1) Incompetência subconsciente
Sempre que o indivíduo começa a aprender uma nova habilidade, ele entra em
uma fase chamada de incompetência subconsciente. Essa etapa é caracterizada pelo
fato de nem o subconsciente ter ideia do que ele está fazendo.
Um exemplo que ilustra bem essa fase ocorre quando alguém está começando
a aprender a andar de bicicleta. Neste momento, o indivíduo não faz ideia do que é
necessário para andar de bicicleta. Ele pode pensar sobre o equilíbrio e a velocidade
de deslocamento, por exemplo. Porém, o fato é que ele só saberá realmente o que é
necessário para manter o equilíbrio em uma bicicleta quando começar a movimentá-
la.

2) Incompetência consciente
Nesse ponto, o indivíduo sai da fase de incompetência subconsciente e chega
a de incompetência consciente, que é quando seu consciente tem noção de que ele
não sabe muito sobre aquela habilidade, e precisa treiná-la mais.

19
3) Competência consciente
Ao começar a treinar, o indivíduo começa a ganhar competência consciente, e
mesmo que ele ainda não seja o melhor do mundo ao executar aquela tarefa, ele já
sabe o que está fazendo.

4) Competência subconsciente
Com muito treino é possível alcançar um estado elevado de compreensão de
uma nova habilidade. Neste ponto, surge a fase de competência subconsciente, que
é quando aquele comportamento se tornou um hábito natural para o indivíduo, a ponto
dele realizá-lo de forma quase automática.

• Como estimular a cognição


Estimular a cognição consiste em trabalhar as funções do cérebro relacionadas
à percepção, sensação e resolução de conflitos e problemas. A estimulação do
cérebro deve começar na infância e perdurar até o fim da vida. No entanto, na maioria
dos casos esse processo é super valorizado apenas na infância, e ao chegar à vida
adulta, muitos acabam deixando de realizar algumas atividades de aprimoramento das
habilidades cognitivas.
A estimulação cognitiva pode ser realizada diariamente e de uma forma muito
simples. Grande parte das pessoas está habituada a receber diversas informações
prontas, deixando o estímulo cerebral em segundo plano. De qualquer modo, a
estimulação cognitiva pode ocorrer através da realização de diversas atividades,
como:

• Leitura;
• Jogos de palavras-cruzadas;
• Sudoku;
• Ouvir músicas em idiomas diferentes e tentar traduzi-las;
• Efetuar contas sem o auxílio de calculadoras.

3.3 Teorias e Especialistas da Educação

Para compreendermos como acontece a aprendizagem é preciso direcionar a


ação educativa na direção de conhecimentos teóricos aprofundados. Para isso é

20
necessário haver estudos teóricos que possam direcionar o professor ao
conhecimento dos mecanismos de aprendizagem.

Fonte: Google

Muitas vezes o professor não é capaz de descrever com exatidão a teoria que
o orienta, todavia, as suas ações podem mostrar evidenciar essa teoria. Já que, seu
conceito de aprendizagem e seu posicionamento teórico estão presentes na forma
como ele traça os objetivos e as técnicas que irá utilizar na sua ação didática.
Os estudos mostram que existem duas grandes linhas da teoria da
aprendizagem, a comportamental que entendem a aprendizagem como uma de
mudança do comportamento através de estímulos e respostas e a cognitiva que
percebem a aprendizagem como algo capaz de modificar conceitos, percepções e
padrões de pensamento através de uma organização interior. Temos alguns
especialistas que contribuíram para o desenvolvimento da pedagogia e suas teorias:

• Skinner: acredita na modelagem do comportamento, no condicionamento


operante e na influência do meio-ambiente no comportamento. Valoriza o acumulo de
conhecimentos e de práticas sociais. O educando é um ser passivo e receptor de
informações e o educador um controlador da aprendizagem.

21
Fonte: Google

• Freinet: a criança constrói através do fazer e refazer das atividades, sendo a


educação a serviço da causa social. A aprendizagem é feita através da ação
experimental e da valorização do erro e do acerto. O educando assume o papel de
pesquisador e autônomo na construção do seu conhecimento. Já o educador é um
estimulador de transformações sociais e educacionais.

Fonte: Google
• Bruner: relaciona a aprendizagem às situações já vivenciadas, ressaltando a
importância do pensamento intuitivo. Existe o cultivo de uma excelência do produto
da aprendizagem. O educando é um participante ativo na busca do desenvolvimento
intelectual e o educador incentivador da aprendizagem.

22
Fonte: Google

• Vygotsky: há uma relação entre pensamento e linguagem, estimulando a


consciência critica e o respeito as potencialidades. O aluno é visto como sujeito da
aprendizagem e o centro do processo, sendo o educador o responsável pela
compreensão desse processo.

Fonte: Google

• Piaget: sua teoria é baseada na pesquisa da evolução mental da criança e nas


fases evolutivas da aquisição de conhecimentos. O processo educacional pode se dá
através da vivencia concreta e dos jogos. O educando é agente da aprendizagem e o
professor o organizador das situações.

23
Fonte: Google

• Paulo Freire: acredita que deve haver o compartilhar do saber através de um


processo de mútua troca do saber. O educador deve conduzir o aluno na percepção
da leitura do mundo que o cerca, pois só é possível conquista o saber se aprendermos
a analisar o mundo em que vivemos.

Fonte: Google

3.4 Características da Aprendizagem

24
Fonte: Google

A partir da contribuição de várias teorias considera-se que a aprendizagem é


um processo dinâmico, contínuo, global, pessoal, gradativo e cumulativo:
Processo dinâmico
Por realizar-se somente com a atividade do ser aprendente. A aprendizagem
não é um processo de absorção passiva, carece de atividade tanto externa (física)
quanto interna (afetivo-emocional, intelectual e social).
Processo contínuo
Porque está presente na vida do ser em todas as fases da vida: no início da
vida, na infância, adolescência, idade adulta e no envelhecimento.
Processo global
Por envolver todos os aspectos constitutivos da personalidade do ser no ato de
aprender.
Processo pessoal
Visto que a aprendizagem é intransferível de pessoa para pessoa apesar da
escola, movida por concepções antigas, ter acreditado que os professores ao ensinar
os conteúdos de suas aulas levavam os alunos à aprenderem.
Processo gradativo
Por se realizar por meio de operações crescentemente complexas. A cada
aprendizagem novos elementos são acrescidos às experiências anteriores (pontos de
ancoragem) em dimensão gradativa e ascendente.
Processo cumulativo
Visto que a experiência de aprendizagem atual utiliza-se das experiências
anteriores.

25
A aprendizagem é considerada como uma das principais funções mentais que
apresentam os seres humanos, os animais e os sistemas de tipo artificial. Em termos
gerais, diz-se que a aprendizagem é a aquisição de qualquer conhecimento a partir
da informação que se percebe.

26
REFERÊNCIAS

BARTOSZECK, A. B.; BARTOSZECK, F. K. Percepção do professor sobre


neurociência aplicada à educação. Educere - Revista da Educação, Umuarama, v.
9, n. 1, p. 7-32,jan./jun. 2009. Disponível em:<
https://www.scribd.com/presentation/407590355/Percepcao-do-professor-sobre-
neurociencias-aplicada-a-educacao>. Acesso em 08 de março de 2019.

BARTOSZECK, A. B.. Neurociência dos seis primeiros anos: implicações


educacionais. Educere. Revista da Educação, 9 (1), p.7-32, 2007.

BLAKEMORE, S. J.; FRITH, U. O cérebro que aprende. Lisboa: Gradiva, 2009.

COLL, C. PALACIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e


educação. V. 2. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

CONSEZA, R. M.; GUERRA, l. B. Neurociência e educação: como o cérebro


aprende. Porto Alegre-RS: Artmed, 2011.

ESPINOSA, T. N. The scientificallysubstantiatedartofteaching: a study in the


Developmentof standards in the new academicfieldofneuroeducation (mind, brain,
andeducationscience). Tese de doutorado, Programa de Pós-graduação em
Educação, Capellauniversity, Mineápolis, Minesota. 2008

GUERRA, l. O diálogo entre a neurociência e a educação: da euforia aos desafios e


possibilidades. Revista Interlocução. 4(4), p. 3-12, 2011. Disponível em
<http://interlocucao.loyola.g12.br/index.php/revista/article/viewarticle/91>. Acesso em
08 de março de 2019.

HENNEMANN, A. L. A Neuroeducação e suas Contribuições às Práticas


Pedagógicas Contemporâneas. Disponível online em: <
https://eventos.set.edu.br/enfope/article/viewFile/1877/777 >. Acesso em 19 de
outubro de 2021.

PERUZZOLO, S. R.; COSTA, G.M. T. Estimulação precoce: contribuição na


aprendizagem e no desenvolvimento de crianças com deficiência intelectual (di).
Revista de educação doideau. V. 10, n. 21, 2015. Disponível
em:<http://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/246_1.pdf>.
Acesso em 19 de outubro de 2021.

27
ROTTA, Newra; OHLWEILLER, Lygia; RIESGO, Rudimar. Transtornos de
Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto alegre:
Artmed, 2007.

SEIXAS, S. R. Da neurobiologia das relações precoces à neuroeducação. Revista


Interacções. V. 10, n. 30, p. 44-71, 2014. Disponível
em:<http://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/4025>. Acesso em 19 de outubro
de 2021.

ZABALA, A; ARNAU, l. Como aprender e ensinar competências. Porto alegre:


artmed,2010.

28

Você também pode gostar