A Prática Do Estágio Na Formação Técnica
A Prática Do Estágio Na Formação Técnica
A Prática Do Estágio Na Formação Técnica
técnica
O estágio supervisionado em ensino médio na modalidade normal e sua contribuição no processo de
formação docente e no exercício profissional.
Profª. Marcélia Amorim Cardoso
1. Itens iniciais
Propósito
A vivência em situações de docência e em espaços de estágios subsidia as práticas e as reflexões
constituintes e necessárias ao exercício profissional.
Preparação
Antes de iniciar seus estudos, acesse a Resolução CEB/CNE nº 2, de 1999, e a Resolução CNE/CP nº 2, de 20
de dezembro de 2019, para acompanhar as menções ao longo dos módulos. Ambas estão disponíveis na aba
Legislações do portal do MEC.
Objetivos
• Localizar os campos da Pedagogia nas pesquisas sobre a formação docente.
• Analisar o papel do estágio supervisionado no processo formativo docente e sua influência para o
exercício profissional.
• Identificar os processos constituidores do curso normal em nível médio.
Introdução
A formação para o exercício profissional do pedagogo para atuar em diversos contextos requer a articulação
entre o conhecimento oportunizado em espaço acadêmico e aquele experenciado pela prática nos espaços de
estágio atravessados pela pesquisa. No contexto escolar, estudantes de Pedagogia munidos do olhar de
pesquisadores inserem-se no cotidiano prático e dinâmico de uma sala de aula para que, a partir das teorias
acessadas no curso e das vivências práticas no estágio supervisionado, possam construir saberes
profissionais.
Essa inserção lhes permite enfrentar determinadas situações, as quais, muitas vezes, eles ainda não puderam
encontrar em acessos teóricos anteriores, impulsionando-os, assim, à pesquisa. Nesse sentido, os estágios
supervisionados assumem uma função elementar na formação.
Em sua trajetória formativa, o aspirante a pedagogo deve passar por alguns estágios supervisionados,
incluindo-se nesse rol o que se destina às disciplinas pedagógicas dos cursos de nível médio na modalidade
normal. Como o objetivo deste material é subsidiar tal estágio, vamos propor uma contextualização do curso
normal e de suas trajetórias no contexto educacional.
O estágio supervisionado é uma atividade presente na formação profissional. Nele é possível vivenciar
situações e experiências em que teoria e prática se inter-relacionam em um processo de reelaboração daquilo
que foi estudado e das práticas vigentes. Neste texto, portanto, enfocaremos esse estágio em disciplinas
pedagógicas dos cursos de nível médio na modalidade normal.
1. A formação pedagógica no ensino médio
Campos da Pedagogia
Quando se fala de Pedagogia, logo vem à mente a palavra “educação”. Não podia ser diferente:
Nascida no cerne da educação, a Pedagogia representa essa prática humana e social em diversos
aspectos.
Em todas as partes, de forma direta e indireta, seja por meio de recursos materiais e imateriais, de relações
culturais, de memórias e de linguagens, entre outros, a educação está presente. Ela envolve as pessoas em
situações e experiências cujas transformações internas, externas e sociais ocorrem de maneira dinâmica e
inter-relacional.
Os aspectos diversos e dinâmicos que localizam a educação como uma prática social também revelam suas
complexidades, exigindo uma caracterização mais bem definida a se situar entre as modalidades e as
expressões de práticas educativas.
Libâneo (2010) nos ajuda a entender essas definições. Para ele, a educação pode ser identificada como:
Educação formal
Estaria na instância da institucionalização da formação por meio das escolas, dos colégios, das
universidades e dos cursos nos quais haja uma intencionalidade didático-pedagógica de ensinar de
forma sistematizada e estruturada.
Educação informal
Existe no ambiente sociocultural das relações humanas nos grupos sociais, como a família, os amigos,
a localidade e suas formas espontâneas de vida, além de suas manifestações culturais, políticas e
ecológicas. Tais relações geram como resultado práticas e experiências não institucionalizadas de
livre escolha e sem currículo.
Educação não formal
Ocorre nas organizações que, por suas dinâmicas, seus contextos e até uma certa intencionalidade
informacional, produzem práticas educativas cuja participação do indivíduo dependa de uma escolha
individual. São exemplos disso os movimentos sociais, as organizações não governamentais (ONGs),
as associações de moradores, os centros culturais e museus, os centros sociais, os clubes e as
agremiações temáticas, como cineclubes, clubes de livros, mangás, músicas, culinária e artesanato ou
centros esportivos, além de lazer, assim como os departamentos, os ministérios e as pastorais
religiosas.
Mesmo distintas, as três expressões de práticas educativas se inter-relacionam, pois o ser humano, em sua
completude, é influenciado por diversos aspectos da vida, sejam eles individuais ou coletivos. Campo amplo,
heterogêneo e dinâmico, a educação faz parte do terreno investigativo da Pedagogia – e é de novo Libâneo
que nos auxilia a identificá-la.
Ou seja, ela é a teoria e a prática da educação. Por isso, o curso de Pedagogia objetiva formar profissionais
que possam atuar em vários âmbitos sociais produtores de saberes e modos de ser, fazer, estar e ler o mundo
nos quais a prática educativa esteja, de forma explícita ou não, presente.
O pedagogo, afinal, é um profissional qualificado para atender, pesquisar e desenvolver ações diante das
exigências de processos educativos nos modelos formal, não formal e informal existentes em diversos campos
sociais resultantes das configurações de novas realidades.
Exemplo
As novas tecnologias conectadas e em rede ou as configurações conceituais e práticas de ensino,
aprendizagem e conhecimento, assim como o mercado de trabalho ou as demandas que as diversidades
produzem.
A Pedagogia também forma para o planejamento e a gestão de recursos materiais e humanos, projetos,
estruturas e processos cuja dinâmica se proponha a conjuntos de ações pedagógicas e práticas educativas
não restritas à escola.
Atualmente, após um longo processo de debates produzido por pesquisadores das áreas da própria
Pedagogia, Didática, Filosofia da Educação e História da Educação, entre outras, consolida-se a perspectiva
da Pedagogia como uma ciência “integradora dos aportes das demais áreas”, aponta Libâneo (2010, p. 37).
Tais áreas também se debruçam sobre a educação tendo a Pedagogia como objeto de estudo. Por exemplo:
Sentido restrito
Nessa configuração de duas identidades profissionais, houve profundos debates a anteceder a aprovação da
Resolução CEB/CP nº 1, de 2006, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação
em Pedagogia (licenciatura). O embate se deu por conta da noção da pedagogia plena como a responsável
pela formação de professores, especialistas e pesquisadores, com ênfase na docência presente no texto
principal durante os encontros que anteciparam a sua aprovação.
Apesar das críticas, a Resolução CEB/CP nº 1 foi aprovada, em 15 de maio de 2006, mantendo os eixos
delineadores da formação:
Três anos depois, houve a aprovação da Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro, instituindo as novas
Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores para a educação básica e a Base
Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). Tendo como
referência a implantação da Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica (BNCC), essa resolução
estipula o prazo de dois anos, a partir de sua publicação (2017), para sua implantação em todas as instituições
de ensino superior voltadas para a formação docente.
Atenção
O prazo foi estendido para três anos por conta da pandemia da covid-19.
A formação docente
A formação dos professores da educação infantil e primeiro segmento da
educação básica
A professora Lais Rafaella Silva apresenta no vídeo uma linha do tempo sobre a história do curso normal e a
formação dos docentes da educação infantil e do primeiro segmento.
Conteúdo interativo
Acesse a versão digital para assistir ao vídeo.
Novos debates vêm sendo postos em relação à identidade do magistério e ao curso de Pedagogia. Não é de
hoje que a formação docente configura um assunto central de debates e discursos educacionais oficiais.
• Com a Revolução Francesa, foi concretizada a ideia de uma escola especificamente voltada para a
formação de professores leigos com o objetivo de atuar na instrução básica de massa e sob a
responsabilidade do Estado.
• Influenciada pelo Iluminismo e fomentada pela gravíssima crise econômica e política marcada pela
profunda desigualdade entre os grupos sociais, a revolta de burgueses e camponeses, apoiada por
outros grupos sociais contrários ao regime absolutista, foi o combustível para o levante.
O professor, filósofo e pesquisador Demerval Saviani (2009) afirma que “a primeira instituição com o nome de
escola normal foi [...] instalada em Paris em 1795”. Começava aí a distinção entre as escolas que formavam
para o ensino primário. Mas qual a dicotomia histórica?
Saiba mais
Conteúdos culturais-cognitivos: os conteúdos específicos da área de conhecimento da licenciatura
(disciplina) que se pretende lecionar e da cultura geral.
As escolas normais no Brasil e no mundo tomam forma e se consolidam socialmente como responsáveis pela
escolarização de crianças, adolescentes e adultos. Mas as questões sobre a docência e seus dilemas diante
do ato de ensinar fomentaram – e ainda o fazem – debates, estudos e questionamentos sobre o papel do
professor na sociedade.
O que antes parecia tão claro e objetivo (ensinar) estremeceu suas bases com a complexificação das
sociedades ocidentais e suas relações de produção econômica, organização social e manifestação cultural. As
disputas entre o lócus de formação para o magistério da educação básica e o estatuto de ciência da
Pedagogia vieram delineando campos de narrativas.
Concepções sobre a formação de professores foram se moldando conforme estudos e pesquisas circulavam
em meios acadêmicos. Processos formativos foram pensados para atingir determinados perfis desenhados
por esses estudos.
Exemplo
Mas qual professor que queremos? Um cuidadoso, que dê carinho, e seja como um parente ou aí vem o
que está lá. O segundo tem mais compromisso com a educação, e não vai esquecer que a afetividade
faz parte do aprendizado.
A atual Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, define as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a formação inicial de professores para a educação básica e institui a BNC-Formação. Ela determina que as
competências gerais voltadas para a formação do professor precisam seguir os mesmos princípios daquelas
previstas na BNCC-educação básica, enquanto as específicas devem ser desenvolvidas a partir de “três
dimensões fundamentais, as quais, de modo interdependente e sem hierarquia, se integram e se
complementam na ação docente” (BRASIL, 2019, art. 4º, grifos nossos).
Engajamento profissional
Esse novo perfil de professor da educação básica deve ser solidificado na formação na qual ele aprende os
mesmos conteúdos que futuramente ministrará na educação básica.
Reflexão
As críticas a esse modelo recaem justamente sobre a superficialidade de sua formação, que fica restrita
apenas ao que deve ser ensinado – e não ao exercício de compreender as realidades educacionais a
partir de elementos fundantes do pensamento humano e social, elaborando, a partir daí, metodologias
adequadas a cada cotidiano e situação de aprendizagem.
Ou seja, segundo tal visão, o desenvolvimento da autonomia intelectual docente seria substituído pela
preparação para a instrução eficiente dos estudantes de educação básica com o objetivo de atender aos
critérios definidos pelo sistema nacional de avaliação. As bases dessas críticas são os estudos sobre:
Pressões do setor financeiro mundial recaíram sobre a formação do professor, a prática pedagógica e a
qualidade da educação. No campo de estudos sobre saberes docentes, indicamos os trabalhos de Antonio
Nóvoa (1995), Demerval Saviani (1996), Selma Pimenta (1999) e Maurice Tardif (2002), que os classificam em
suas obras a partir de quatro elementos importantes:
1. Conhecimento
2. Prática
3. Experiência
4. Atitudes
Saberes docentes segundo Nóvoa (1995), Saviani (1996), Pimenta (1999) e Tardif
(2002).
Em linhas gerais, essas dimensões compõem uma série de saberes a envolver o conhecimento construído ao
longo da trajetória acadêmica, o específico da área de formação e o didático-pedagógico específico para o
ato da docência.
Campos da Pedagogia
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A formação docente
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A educação é uma prática social e humana construída ao longo da vida. A humanidade constituiu essa
atividade como primordial para a preservação e a transmissão de valores essenciais para a sobrevivência. A
educação considerada sistemática é aquela que
faz parte de toda a nossa vida; com ela aprendemos elementos culturais importantes para o nosso grupo
social.
é possível acessar por meio dos nossos ancestrais, valorizando a memória e o patrimônio imaterial.
pode ser construída por intermédio de artefatos, de artesanato e de todo o conjunto de elementos simbólicos
existentes na cultura.
faz parte das atividades realizadas em grupos sociais, como igreja, associação de moradores e na rua.
Questão 2
A formação docente é um lugar de disputas devido à sua importância na consolidação dos projetos de
sociedade pensados conforme os valores vigentes de cada contexto social e histórico. Sua organização se
molda a partir de concepções de mundo, de educação e de ser humano. Alguns pesquisadores sinalizaram a
importância de se levar em conta os saberes docentes ao se formular um modelo de formação inicial e
continuada, tendo como elementos
Estágio supervisionado
Toda formação profissional possui, em sua razão de ser, necessidades que vão ao encontro das dimensões
humana, social e técnica. Uma não está isolada da outra; ao contrário, elas se interpenetram e geram
influência em mudanças (ou permanências) de situações e contextos.
A formação docente não é diferente. Feita essencialmente a partir das necessidades de preservação e
transmissão de saberes e tradições historicamente produzidas pela humanidade, sua constituição lança
holofotes em práticas educativas formativas e humanizadoras.
Cotidiano
Educação profissional
Ao acompanhar os alunos, entender o
Falamos aqui dos alunos desenvolvendo o cotidiano deles será necessário para
estágio em um ambiente de educação compreender quais são suas regras de
profissional no qual os normalistas estágio, transformando isso na
necessitam realizar o estágio. possibilidade de investigação da própria
prática.
O funcionamento do estágio
Considerado por muitos apenas a “parte prática” dos cursos de formação profissional, o estágio
supervisionado esvazia-se da possibilidade de reflexão. Resultado: ele será empobrecido se somente a
técnica for supervalorizada em detrimento das outras dimensões tão importantes e complementares entre si.
A visão tecnicista empregada nessa concepção volta-se apenas para a técnica, deixando de considerar que
ela mesma é produzida e realizada em contextos sociais, políticos e humanos, não podendo, portanto,
ausentar-se do processo multifacetado que é a construção da práxis, isto é, da reflexão durante o agir que
produz outro/novo agir e outra/nova forma de pensar. Trata-se de um processo cíclico de fazer e pensar em
movimentos intermitentes diante de situações educativas.
A prática não deve ser relegada em relação à reflexão e à teoria, a qual, aliás, só existe a partir da
dimensão e do diálogo com a concepção prática.
Ao suprimir a teoria, a supervalorização da técnica (ou da prática) acaba por desqualificar a própria técnica,
omitindo justamente o que a justifica: a teoria. Ambas, na verdade, justificam-se, pois uma torna-se vazia sem
a outra.
Pesquisadoras da área de formação docente, didática e estágio supervisionado, como Selma Pimenta e Maria
Socorro Lucena Lima (2012), empregam outra perspectiva.
Para ambas, ele também é espaço de pesquisa, pois, ao inserir e analisar os campos de estágios, o estudante
desenvolve, a partir da busca para compreender situações observadas e problematizadas, as habilidades de
investigar, pensar, organizar e realizar projetos. Além disso, pensa também na própria formação profissional e
dialoga com as professoras regentes dos campos de estágios, o que também contribui em seu processo
formativo permanente.
Práticas pedagógicas
Além da instrumentalização técnica da ação docente profissional, o estágio, visto dessa forma, demonstra-se
como um tempo/espaço configurado por intervenções reflexivas de profissionais pensantes em diálogos
formativos e capazes de reconhecer o caráter coletivo e social de sua profissão.
O fato é que a experiência possibilita a produção de sentidos para aquilo que é vivido. Ela, afinal, movimenta
estruturas internas subjetivas e aciona elementos diversos, inclusive os teóricos e as memórias, para a
produção do entendimento do ocorrido, produzindo sentido – e, nesse caso, sentido sobre a prática docente.
A partir disso, considerar o estágio apenas um fazer acrítico e amorfo, um fazer por fazer, desperdiça toda
potência formativa que essa atividade possui. Sem diálogo com as duas outras dimensões, a humana e a
social, a dimensão técnica não configura uma formação, e sim apenas uma ação mecânica sem alma e
pensamento.
Ao atuar em um ambiente de formação, o aluno deve perceber isso em um duplo sentido, pensando tanto no
próprio estágio quanto em maneiras de orientar, discutir e aprender com as experiências que vêm sendo
significadas.
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Além da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), a qual, especificamente em seus
artigos 61 e 62, reconhece a formação de professores em nível médio na modalidade normal, o curso é
orientado pela Resolução CEB/CNE nº 2, de 19 de abril de 1999, que institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a formação de docentes da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, em
nível médio, na modalidade normal.
A atual Resolução CNE/CP nº 2, publicada em 20 de dezembro de 2019, que redefine as diretrizes para a
formação inicial de professores para a educação básica a partir da BNCC tendo como orientação a BNC-
Formação, também reforça a validade do curso com as devidas adequações em relação às competências,
como, por exemplo, lócus de formação de professores.
Os cursos em nível médio, na modalidade normal, destinados à formação de docentes da educação
infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, além de cumprir as disposições desta resolução, em
especial as competências expressas na BNC-Formação, devem respeitar, no que não a contrariar, as
Diretrizes Curriculares Nacionais específicas instituídas pelas Resoluções CNE/CEB nº 2, de 19 de abril
de 1999, e nº 1, de 20 de agosto de 2003.
A Resolução CNE/CEB nº 1, de 20 de agosto de 2003, mencionada no referido artigo, dispõe sobre os direitos
dos profissionais da educação com formação de nível médio, na modalidade normal, em relação à prerrogativa
do exercício da docência, tendo em vista o disposto na Lei nº 9.394/1996. Dessa maneira, a formação de
professores em nível médio é reconhecida e está amparada pelas legislações educacionais específicas.
Exemplo
Educação quilombola, nas comunidades indígenas, no campo, de jovens e adultos e inclusiva para
pessoas com deficiência.
No curso de formação de professores em nível médio (modalidade normal), estagiários do curso de Pedagogia
realizam o estágio dessa categoria participando de situações vivenciadas nas disciplinas pedagógicas que
são a base curricular profissional. Como informamos, cada sistema de ensino que oferece o curso deve
garantir o mínimo de 3.200 horas e possui autonomia tanto para denominar as disciplinas pedagógicas quanto
para organizar sua proposta pedagógica.
Em geral, além da Base Comum Nacional prevista para o ensino médio, são oferecidos conteúdos teórico-
práticos das áreas de:
Fundamentos
Metodologias
Práticas
Ao buscarem o estágio no curso normal, os estudantes do curso de Pedagogia podem organizar suas
inserções formativas por meio de iniciativas que incluam:
Eles constituem projetos que possibilitam a reflexão da prática docente, da pesquisa e da intervenção
dialógica no campo de estágio. O importante é oportunizar situações de aprendizagens e interações
formativas tanto para normalistas quanto para graduandos.
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Resumindo
Neste terceiro e último módulo, analisamos a importância de se considerar o estágio supervisionado
como uma atividade de pesquisa. Além disso, destrinchamos as orientações curriculares para a
formação de professores em nível médio e sinalizamos o contexto e os processos cotidianos no curso
normal.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A formação profissional deve levar em conta três dimensões importantes que se inter-relacionam para a
consolidação do pensar e do fazer profissional: a dimensão humana, a social e a técnica. Marque a assertiva
que define a dimensão social da formação docente.
D
A relação interpessoal precisa estar no centro dos processos de ensino e aprendizagem.
Compreensão do próprio papel como cidadão do mundo, que respeita e valoriza a diversidade.
Questão 2
Amparada pela Lei nº 9.394/1996 e pela Resolução CEB/CNE Nº 2/1999, a formação de professores no nível
médio habilita os docentes a atuar
apenas na creche.
na educação infantil, nos anos iniciais do ensino fundamental e nas suas modalidades.
O Ato Adicional de 1834 direcionou a responsabilidade de prover a instrução primária para as regiões
administrativas. As diferenças econômicas e políticas entre elas, porém, dificultaram a implantação mais
generalizada de uma educação pública voltada para a escolarização elementar nacional.
São Paulo
1864
Piauí
1869
1870
Paraná e Sergipe
1873
1879
Paraíba
1880
1884
Goiás
1885
Ceará
1890
Maranhão
Atenção
Essas escolas, no entanto, tiveram uma existência intermitente, sendo fechadas e reabertas
periodicamente, informa Savani (2009, p. 144).
Com isso, a inserção feminina nos bancos das escolas normais foi liberada, tomando uma proporção
gigantesca, já que possibilitava às meninas a continuidade dos estudos e a oportunidade de
profissionalização.
A Proclamação da República, sob o ideal positivista de modernização e cientificismo, assim como o processo
de industrialização no Brasil que veio em seguida, impulsionou a criação de um sistema educacional tendo em
vista o projeto nacional civilizatório. Nele as escolas normais puderam se consolidar como lócus de formação
docente até o começo da segunda metade do século XX.
Em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases para o Ela ainda definiu, para o magistério da 1ª a 4 ª
ensino de 1° e 2º graus ampliou o ensino série do 1º grau (atualmente, do 2º ao 5º ano
primário para os oito anos e organiza o ensino dos anos iniciais do ensino fundamental), a
em dois níveis: 1º e 2º graus. habilitação profissional específica de 2º grau
(atual nível médio).
Nessa organização, a escola normal desapareceu, “diluindo-se numa das muitas habilitações profissionais do
ensino de segundo grau, a chamada habilitação específica para o magistério (HEM)”, frisa Tanuri (2000, p. 80).
As escolas normais retomam o cenário educacional brasileiro em meados da década de 1980 com a criação
dos Centros de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (CEFAM). O objetivo dos CEFAM, segundo Tanuri
(2000, p. 82), era “redimensionar as escolas normais, dotá-las de condições adequadas à formação de
profissionais com competência técnica e política e ampliar-lhes as funções de modo a torná-las um centro de
formação inicial e continuada para professores de educação pré-escolar e para o ensino das séries iniciais”.
Os debates fomentados ao longo dos anos de 1980 e 1990 sobre a formação de professores para o
magistério da criança pequena defenderam a formação obrigatória em nível superior, o que apontava
para a extinção do curso normal.
Múltiplas propostas
Imaturidade
Outro fator limitante – que não provém
Inicialmente, a imaturidade dos estudantes necessariamente do curso normal –
de 15 a 18 anos tanto para uma escolha reside nas adequações necessárias às
profissional quanto para o estudo mais denso múltiplas propostas pedagógicas
das teorias e das práticas pedagógicas. presentes nos diferentes níveis e
modalidade da educação.
Formar para a docência na educação infantil não pode, portanto, ser conduzido ou pensado da mesma forma
que ocorre nas séries iniciais do ensino fundamental ou na educação de jovens e adultos – e muito menos na
educação indígena ou especial. Certas especificidades precisam ser consideradas nos objetivos do estágio
supervisionado, uma vez que, como lembra Monlevade (2008, p. 142), elas “também apresentam problemas
nos cursos de pedagogia e nas licenciaturas”.
Propor uma formação que dê conta das complexidades existentes na educação de forma geral não é
uma limitação apenas do curso normal, mas também de todo processo formativo.
Tais aspectos ainda são acentuados pela defasagem na aprendizagem herdada pelos estudantes ainda no
ensino fundamental. Contudo, tais limitações não diminuem a validade do curso normal em nível médio. Pelo
contrário.
Como afirma Monlevade (2008, p. 144), “meus extensos e contínuos diálogos com professores e professoras
em todo o Brasil – inclusive com docentes de cursos de pedagogia – me dão a segurança de asseverar que os
melhores mestres e mestras são os(a)s que iniciaram sua formação no Normal e a aprofundaram no nível
superior, inclusive na pós-graduação”. Nesse sentido, aconselha o professor, a extinção do curso normal em
nível médio, seguindo o exemplo de outros países que estipulam até 10 anos de cursos de nível superior para
a formação inicial de professoras de crianças, tem de levar em conta as características que mobilizaram esses
países.
Exemplo
Estabilidade econômica, distribuição equalitária de renda, valorização salarial do magistério de educação
básica equiparada ao de ensino superior e escolas de tempo integral.
Esses exemplos mostram situações ainda bem distantes na realidade brasileira. Portanto, a persistência do
curso normal em ainda ser um lócus de formação revela o quanto o país precisa mudar suas estruturas para,
enfim, garantir essa nivelação acadêmica.
Enquanto isso, estudiosos da área defendem a revisão do curso normal em sua organização e oferta. Para
isso, apontam sua potência como degrau inicial da trajetória formativa docente e reivindicam seu
reconhecimento e sua inserção oficial e obrigatória como acesso à formação inicial de professores.
Com a determinação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996), muitos estados
brasileiros encerraram a oferta de cursos de formação de professores em nível médio. No entanto, alguns
ainda persistem em mantê-los. Segundo o Censo Escolar 2020, 17 estados ainda oferecem a formação em
nível médio.
Em todo o país, nesse mesmo ano, foi registrado um total de 68.126 matrículas em 607 estabelecimentos que
abarcavam 10.189 professores. Cada unidade federativa que possui suas escolas normais constrói seu
currículo tendo como parâmetros:
Veja a seguir as citações (BRASIL, 1999, art. 2º) escolhidas para você refletir sobre os sistemas que ofertam o
curso normal nível médio e que devem garantir a preparação de professores capazes de:
• investigar problemas que se colocam no cotidiano escolar e construir soluções criativas mediante
reflexão socialmente contextualizada e teoricamente fundamentada sobre a prática;
• desenvolver práticas educativas que contemplem o modo singular de inserção dos alunos futuros
professores e dos estudantes da escola campo de estudo no mundo social, considerando abordagens
condizentes com as suas identidades e o exercício da cidadania plena, ou seja, as especificidades do
processo de pensamento, da realidade socioeconômica, da diversidade cultural, étnica, de religião e de
gênero, nas situações de aprendizagem;
• avaliar a adequação das escolhas feitas no exercício da docência, à luz do processo constitutivo da
identidade cidadã de todos os integrantes da comunidade escolar, das diretrizes curriculares nacionais
da educação básica e das regras da convivência democrática;
• utilizar linguagens tecnológicas em educação, disponibilizando, na sociedade de comunicação e
informação, o acesso democrático a diversos valores e conhecimentos.
Como previsto pela legislação, o curso normal precisa garantir, nas experiências formativas de estudantes
(geralmente, adolescentes), o entendimento de que o projeto político-pedagógico constitui o documento
norteador das instituições escolares e deve ser construído coletivamente em processos democráticos.
Dessa forma, a participação docente é imprescindível. Assim como é o ato de analisar, diante da própria
docência, as problemáticas que se colocam no cotidiano escolar a fim de tentar solucioná-las.
Exemplo
Adequar, como professor, as metodologias segundo a realidade de crianças ou de jovens e adultos.
Da mesma maneira, a ação docente tem de garantir processos de aprendizagens em situações de respeito,
solidariedade, diálogo e participação. São exemplos as práticas da roda de conversa, do jornal mural e das
votações, assim como atitudes de respeito e de valorização das identidades e de suas manifestações.
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Devem ser propostas aos normalistas diversas situações simuladas e contextualizadas aos campos de
estágios nas quais as ocorrências de aprendizagem, participação, convivência e docência são analisadas,
estudadas e debatidas. O propósito desse processo vivido e analisado é situar-se ao se colocar no papel de
docente, avaliando, assim, suas possíveis escolhas, sem deixar de conhecer e utilizar, de forma crítica, as
linguagens tecnológicas em educação a favor da própria formação e da prática pedagógica.
Conteúdos necessários
Organização curricular
Isso está em consonância com as
A Resolução CEB/CNE nº 2/1999 ainda
determinações contidas na Lei de
estabelece a organização curricular do curso
Diretrizes e Bases da Educação Nacional
normal em nível médio em áreas ou núcleos
(Lei nº 9.394/1996) no que se refere aos
curriculares, assegurando a formação básica,
conteúdos necessários na educação
geral e comum.
básica.
Essa organização precisa inspirar-se em princípios éticos, políticos e estéticos, além de garantir “os
conhecimentos de filosofia, sociologia, história e psicologia educacional, da antropologia, da comunicação, da
informática, das artes, da cultura e da linguística, entre outras” (BRASIL, 1999, art. 3º, parágrafo 3º, inciso III).
A duração do curso será de, no mínimo, 3.200 horas, que podem ser distribuídas em 4 anos ou 3 em tempo
integral. Além disso, pode haver o aproveitamento de estudos realizados no ensino médio.
Em geral, respeitando as legislações vigentes, o currículo do curso normal é constituído por:
Parte diversificada
Além da língua estrangeira, outras áreas são acessadas, como, por exemplo, mídias e tecnologias,
Libras, projeto político-pedagógico ou qualquer outra área de interesse do sistema de ensino.
Formação profissional
Práticas
Seu estágio supervisionado é instituído desde o início do curso, que prevê um mínimo de 800 horas.
Observação
Coparticipação
Participação
O normalista exercita a docência acompanhado pelo professor regente da turma da escola campo de
estágio e pelo professor orientador do curso normal.
Interno
Acontece em escolas da rede pública e privada, de acordo com as determinações de cada sistema de
ensino, além de museus, casas de culturas, teatros, fundações de pesquisa, universidades, escolas
especializadas, projetos sociais e comunitários e outros espaços sociais, culturais e pedagógicos.
Tais estágios sempre são acompanhados pelos professores que atuam no curso normal. Esses profissionais
precisam ser formados em Pedagogia, área responsável pelas disciplinas pedagógicas e pelas práticas de
ensino.
Creches Pré-escolas
Resumindo
Neste módulo, você conheceu a história do curso normal no país e as dificuldades enfrentadas até ele
conseguir configurar oficialmente como o curso de formação para o magistério no Brasil. No próximo
módulo, conversaremos um pouco mais sobre o curso normal – só que agora como lócus de estágio.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Historicamente, a escola normal foi reconhecida por muito tempo como a responsável pela formação de
professores. Muitos historiadores sinalizam essa instituição como um símbolo que o período republicano
elegeu como representativo de uma sociedade civilizada. Isso se deve à ideia de que
uma nação cultural e cientificamente evoluída passa pelo processo de civilização ocorrido na escola.
a escola normal deveria formar militares para proteger a sociedade civilizada contra os inimigos da monarquia.
as Forças Armadas se tornariam civilizadas se fossem agregadas aos espaços de formação de magistério.
D
a alfabetização era um problema econômico grave para a exportação de matéria-prima advinda do Brasil,
deixando o país com uma imagem de nação civilizada.
as demandas dos movimentos sociais por uma sociedade civilizada seriam contempladas pela organização do
curso normal.
Questão 2
A formação para o magistério em nível médio é motivo de muitos debates exatamente por ela ser um curso em
nível médio. Os argumentos de um lado defendem a extinção do curso, pois somente uma formação em nível
superior poderia trazer qualidade à escolarização das crianças pequenas. Por outro lado, há a defesa do
reconhecimento desse curso como uma primeira etapa da formação docente, que, em seguida, se desdobraria
em graduação e pós-graduação. O fato é que, por lei, o curso ainda é reconhecido e habilita para
Considerações finais
Como vimos neste conteúdo, a educação é um campo diverso e complexo que se apresenta por meio das
manifestações de práticas educativas produzidas em espaços institucionais de forma sistemática e em
espaços autônomos sem sistematizações, ocorrendo de maneira assistemática. O desafio da formação
docente que se coloca é preparar um profissional capaz de garantir a aprendizagem de seus alunos e de lidar
com situações inesperadas de forma eficiente.
Nesse processo formativo, verificamos que o estágio supervisionado pode ser considerado um campo de
pesquisa e de formação docente. Por fim, destacamos que um dos estágios obrigatórios no curso de
Pedagogia é aquele realizado em escolas normais de formação para o magistério em nível médio.
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Leia os seguintes artigos para saber mais sobre:
• Método mútuo no Brasil - BASTOS, M. H. C. A instrução pública e o ensino mútuo no Brasil: uma história
pouco conhecida (1808-1827). Revista história da educação. n. 1. v. 1. jan./jun. 1997. p. 115-133.
• Criação do curso normal - CASTANHA, A. P. Escolas normais no século XIX: um estudo comparativo.
HISTEDBR on-line. n. 32. dez. 2008. p. 17-36.
Referências
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nacional.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopse estatística da
educação da educação básica. Brasília: Inep, 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CEB nº 2, de 19 de abril de 1999. Institui Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Formação de Docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental, em
nível médio, na modalidade normal.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores para a educação básica e institui a Base
Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação).
JAPIASSU, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
MONLEVADE, J. A. C. de. Normal de nível médio: atual e prioritário, até quando?. Retratos da escola. v. 2. n.
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formação. Lisboa: Dom Quixote, 1995. p. 15-34.
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SAVIANI, D. Para uma história da educação latino-americana. Campinas: Autores Associados, 1996.
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