Ciclo Cardiaco
Ciclo Cardiaco
Ciclo Cardiaco
O conjunto de eventos cardíacos que ocorre entre o início de um batimento e o início do próximo – ciclo
Cada ciclo é iniciado pela geração espontânea de potencial de ação no nodo sinusal, esse potencial se
difunde desse ponto para ambos os átrios e depois por meio de feixe AV para os ventrículos, por causa
dessa disposição especial no sistema de condução, ocorrera retardo de 0,1s na passagem do impulso
cardíaco para o átrio.
Isso permite que os átrios se contraiam primeiro que os ventrículos, bombeando sangue para o interior
dos ventrículos antes do começo da forte contração muscular. Os átrios agem como bomba de escova
para os ventrículos e os ventrículos fornecem a fonte principal de força para propelir o sangue pelo
sistema vascular do corpo.
DIÁSTOLE
2. SÍSTOLE
Sístole atrial: Os átrios se contraem, forçando o restante do sangue para dentro dos
ventrículos, que estão quase cheios.
Sístole ventricular: Os ventrículos se contraem logo em seguida. Isso causa o fechamento das
válvulas atrioventriculares (para evitar o refluxo de sangue) e a abertura das válvulas
semilunares (aórtica e pulmonar), permitindo que o sangue seja ejetado dos ventrículos para as
artérias principais: o sangue do ventrículo esquerdo vai para a aorta, distribuindo sangue
oxigenado para o corpo, enquanto o sangue do ventrículo direito vai para a artéria pulmonar,
levando sangue para os pulmões para ser oxigenado.
EJEÇÃO
2. EJEÇÃO LENTA
. RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO
Após a ejeção, os ventrículos começam a relaxar, e a pressão dentro deles cai rapidamente.
As válvulas semilunares (aórtica e pulmonar) se fecham para evitar o refluxo de sangue das
artérias de volta para os ventrículos.
Durante esse período, todas as válvulas cardíacas estão fechadas, e os ventrículos relaxam sem
mudar seu volume (daí o termo "isovolumétrico").
DEBITO CARDIACO
Quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto, podendo ser alterado pela variação da
frequência cardíaca ou do volume de sangue ejetado de qualquer um dos ventrículos, em cada
batimento chamado de debito sistólico
DC = FC X DS
A frequência cardíaca é regulada pela atividade do marca-passo cardíaco e o debito sistólico relacionado
com o desempenho do miocárdio
Volume Sistólico: Pré-carga: O volume de sangue nos ventrículos ao final da diástole. Maior pré-carga
pode aumentar o volume sistólico, elevando o débito cardíaco. Pós-carga: A resistência que o coração
precisa vencer para ejetar o sangue. Maior pós-carga pode reduzir o volume sistólico e,
consequentemente, o débito cardíaco.
Condicionamento Físico: Atletas treinados geralmente têm um volume sistólico maior e, portanto,
podem ter um débito cardíaco maior, mesmo com uma frequência cardíaca em repouso menor.
FREQUENCIA CARDIACA
É controlada por fatores como:
Variações de temperatura
Estiramento do tecido
Sistema nervoso autonômico
O sistema nervoso autônomo (SNA) é responsável por regular muitas funções involuntárias do corpo,
como batimentos cardíacos, respiração, digestão, e outras funções vitais. Ele é dividido em duas
principais subdivisões: o sistema simpático e o sistema parassimpático. Esses dois sistemas trabalham
de maneira complementar para manter o equilíbrio do corpo, uma condição conhecida como
homeostase.
Aumento da Frequência Cardíaca: Acelera os batimentos cardíacos para aumentar o fluxo sanguíneo
para os músculos e órgãos vitais.
Aumento da Contratilidade: Além de acelerar a frequência cardíaca, o simpático também aumenta a
força de contração do músculo cardíaco, contribuindo para um aumento do débito cardíaco.
Redução do Intervalo AV: O sistema simpático reduz o tempo de condução elétrica através do nó
atrioventricular (AV), o que acelera a contração ventricular e, portanto, a frequência cardíaca.
Relaxamento da Musculatura Liso: Promove o relaxamento da musculatura lisa dos órgãos internos,
facilitando a digestão e excreção.
Frank starling
A hipertrofia miocárdica pode ocorrer como resposta adaptativa a várias condições e pode ter
implicações tanto fisiológicas quanto patológicas.
Estimulação Mecânica:
Aumento da Carga: A hipertrofia pode ser induzida por aumento da carga de trabalho no
coração, como ocorre na hipertensão (aumento da pós-carga) ou na estenose aórtica.
Aumento da Pré-carga: Pode também ocorrer em resposta a um aumento do volume de
sangue que o coração precisa bombear, como na insuficiência aórtica.
Sinalização Molecular:
Alterações Estruturais:
Hipertrofia excêntrica associada ao aumento do tamanho das células musculares cardíacas (cardiócitos)
em resposta ao aumento do volume de sangue que o coração precisa bombear. Ela é frequentemente
observada em condições de alta pré-carga, onde o ventrículo se enche com um maior volume de sangue
do que o normal, resultando em estiramento das fibras musculares e, consequentemente, no aumento
do tamanho do coração.
Alterações na Estrutura Miocárdica: Além do aumento do tamanho das células, pode haver alterações
na organização do tecido miocárdico, com possível desenvolvimento de fibrose intersticial.
Os mecanismos de lesão podem ser comuns a qualquer infecção grave, como resposta
inflamatória exacerbada, mas também por ação direta viral no tecido cardíaco. Alguns
estudos colocam em xeque a capacidade do vírus em gerar lesão direta aos miócitos por
não detectá-lo nestas células, levando a crer que sua agressão decorra da combinação de
vários fatores, como a resposta inflamatória exacerbada e acometimento microvascular, 9-
11
o que pode gerar coagulação intravascular disseminada, trombose e infarto de grandes e
pequenos vasos.12 O SARS-CoV-2 infecta células humanas através de sua ligação à
enzima conversora da angiotensina 2 (ECA2), consequentemente aumentando os níveis
de angiotensina II e seus efeitos deletérios em células onde a expressão do receptor da
ECA2 é maior, como nos cardiomiócitos, fibroblastos e pericitos, células localizadas na
microvasculatura cardíaca, externas ao endotélio capilar e venular, com relevante papel na
microcirculação miocárdica.9
MIOCARDITE
Há grande preocupação quanto à ocorrência de miocardite nos atletas expostos, pois sem
adequada avaliação cardiológica especializada, podem ser submetidos durante a fase
subaguda ou crônica da doença a volume e intensidade de exercício capazes de
desencadear arritmias malignas durante ou mesmo após o esforço. Estima-se que 7 a
20% das mortes súbitas em atletas jovens seja devido a miocardite,13 e seu diagnóstico por
vezes requer exames complementares, além do exame clínico e eletrocardiográfico.
Estudos reportam maior taxa de eventos cardíacos em atletas com maior área de realce
tardio à ressonância magnética cardíaca (RMC), mesmo apresentando avaliação
ecocardiográfica normal.14,15 A miocardite é clinicamente heterogênea, sendo um dos seus
principais achados o desenvolvimento ou piora de disfunção ventricular após infecção viral.
Dados de uma análise de 150 pacientes de Wuhan na China indicam uma provável
incidência de 7% de miocardite em pacientes com COVID-19.16 Na fase crônica da
miocardite, entre 2 e 12 semanas, ocorre infiltração linfocitária, perpetuando lesão aos
miócitos pela resposta imune humoral, e o interstício recebe intensa deposição de
colágeno, levando à formação de fibrose, podendo evoluir com dilatação, disfunção e
insuficiência miocárdica.17
A retomada do esporte não precedida por avaliação do sistema cardiovascular dos atletas
acometidos pela COVID-19 parece imprudente, expondo-os ao risco de morte súbita.
Ainda não há dados conclusivos quanto à segurança da prática esportiva de alto
rendimento nesta população específica pois, ao serem expostos a esforço intenso, podem
apresentar efeitos adversos de eventual lesão miocárdica. Eventos cardíacos podem
ocorrer durante partidas, treinos ou mesmo em repouso, o que acarreta grande
responsabilidade aos clubes e organizações esportivas, que devem resguardar a si e aos
seus integrantes, promovendo adequado rastreio de sequelas cardíacas, principalmente a
miocardite. Destaca-se a necessidade de estudos que demonstrem análises de dados
provenientes de exames clínicos e complementares desta população, gerando assim
possibilidade de protocolos realmente seguros. Até o surgimento destes, deve-se
considerar as evidências já existentes quanto à miocardite no atleta.