Como Funciona A Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas
Como Funciona A Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas
Como Funciona A Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas
Site: comotudofunciona
por Luís Indriunas
As micro e pequenas empresas representam 99,2% das empresas brasileiras. Empregam cerca
de 60% das pessoas economicamente ativas do País, mas respondem por apenas 20% do
Produto Interno Bruto brasileiro.
Introdução
Em dezembro de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei Geral das Micro e
Pequenas Empresas (123/06). Reivindicada por vários setores econômicos do País, a lei
regulariza e amplia, em boa parte dos casos, as vantagens da maioria das micro e pequenas
empresas (MPEs), que representam mais de 90% das empresas existentes no País. Ela cria uma
série de facilidades tributárias e de negócios, como o tratamento diferenciado em licitações
públicas. Estas, complementarmente, foram regulamentadas pelo Decreto nº 6.204, publicado
em 5 de setembro de 2007.
A lei geral faz parte de um processo de articulação que começou há várias anos. O projeto foi
aprovado com relativa rapidez e facilidade, afinal, ele começou a tramitar em 2005 e o Senado
aprovou-o por unanimidade.
Obviamente, outras leis anteriores já iniciavam o processo de regulamentação dessas empresas
como o Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa, de 1998, cujas inovações foram
incorporadas na nova lei. Além disso, o projeto da pré-empresa, que tramitava no Congresso, foi
incorporado.
O governo afirma que terá uma renúncia fiscal inicial de R$ 5,4 bilhões ao ano. No decorrer dos
anos, no entanto, a projeção é que a nova Lei vai tirar da informalidade cerca de 1 milhão de
empresas.
Em vigor no dia 1º de julho de 2007, o Super Simples é um dispositivo que cria uma série de
facilidades tributárias para as MPEs que se enquadrarem.
A grande maioria do setor empresarial brasileiro aplaudiu a criação da lei. Alguns setores, como
parte dos representantes dos trabalhadores, consideram que a nova lei retira direito dos
trabalhadores, além de facilitar a lavagem de dinheiro. Na imprensa, a lei foi chamada de
minireforma tributária.
A seguir, conheça um pouco mais sobre a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.
Quem se enquadra
A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas delimita essa categoria como as que faturam até R$
2,4 milhões anuais, ficando assim divididas:
Microempresa - pessoa jurídica que fatura até R$ 240 mil ao ano
Pequena empresa - pessoa jurídica que fatura mais de R$ 240.00,01 até R$ 2,4 milhões ao
ano.
As regras para mudança de status da empresa são praticamente automáticas. Assim, se a
microempresa faturar mais que o limite durante um ano passa automaticamente no próximo ano
a ser pequena empresa e vice-versa. No caso da pequena empresa que passar do faturamento de
R$ 2,4 milhões, ela está excluída do sistema no ano seguinte. Quem tentar continuar se
beneficiando do status de MPEs sem estar enquadrado será multado.
Além disso, mesmo empresas com esses valores de faturamento podem não estar enquadradas
dentro dos benefícios da Lei Geral, porque há outras limitações. Resumidamente, não estão
dentro desse enquadramento:
• empresas que tenham participação de outra empresa
• empresas que representam pessoas jurídicas com sede em outro país
• se um dos sócios já tiver uma empresa que já está enquadrada na lei
http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/lei-geral-para-micro-e-pequenas-empresas.htm
• se um dos sócios participar (com mais de 10%) de uma outra empresa que ultrapassa
o limite de faturamento para micro e pequenas Empresas
• se a empresa surgiu da cisão de uma outra empresa
• se a empresa trabalha apenas com produtos financeiros como casas de câmbio,
seguradoras ou distribuidora de títulos
É bom lembrar que algumas empresas podem estar enquadradas na Lei Geral, mas podem estar
excluídas de parte dos benefícios como o Super Simples.
Desburocratização
Com a nova lei, a intenção do governo federal é desburocratizar a Nomeando
abertura, fechamento e manutenção de uma empresa. Entre as
medidas a serem tomadas, está a unificação do registro no âmbito A partir da Lei Geral, as
federal, municipal e estadual. Essa unificação vai depender da micro e pequenas empresas
articulação das três esferas e de regulamentação. Outras medidas e vão poder usar a
que já têm sido adotadas para desburocratizar são: terminação ME para
• a partir de agora, a empresa não precisa de autorizações microempresa e EPP para
prévias da Prefeitura como atestados de segurança sanitária, empresa de pequeno porte.
controle ambiental e prevenção contra incêndios para Elas também estão
começar a funcionar. A documentação pode ser feita até seis dispensadas de colocar o
meses depois da abertura da empresa. Isso se a atividade objeto da empresa no seu
não apresentar alto risco; nome.
• o empresário não precisa de declarações oficiais de
antecedente criminal, de provas de quitação de tributos administrativos, previdenciários
ou trabalhistas tanto para abrir quanto para fechar a empresa. Isso não quer dizer que
ele não responderá sobre as irregularidades e contravenções de outro modo;
• não é preciso mais apresentar contrato de locação ou escritura de propriedade do
imóvel, onde vai funcionar a empresa;
• os empresários não precisam comprovar contribuição a órgãos de classe.
A Lei Geral também prevê facilidades para o dia-a-dia das empresas. As principais são na esfera
trabalhista e de crédito, além de outras medidas como:
• os sócios das MPEs estão dispensados de assembléias para tomada de decisões com
exceção de exclusão de sócio por justa causa, além de qualquer outra ocasião prevista
no contrato social;
• as MPEs estão dispensadas de publicar em jornais convocações de assembléias, sendo
estipulado no contrato a forma das convocações;
• quando a MPE é protestada, algumas facilidades são dadas. Não é preciso usar cheque
administrativo para quitar a dívida, as taxas foram reduzidas a 1% dos emolumentos de
protesto (em outras palavras, gastos do protesto), limitado em até R$ 200 e o nome da
empresa sai do protesto antes mesmo da anuência do credor;
• o Estatuto das MPEs já tinha e a Lei Geral manteve o acesso das microempresas aos
Juizados Especiais de Pequenas Causas.
Para fechar a empresa, foram também previstas algumas facilidades:
• as empresas que não tiveram movimentação financeira por mais de três anos podem
dar baixa no registro sem precisar pagar taxas, outros débitos e multas que seriam
decorrente desse período de 36 meses;
• os órgãos responsáveis terão 60 dias para recorrer por algum motivo do fechamento da
empresa, sendo, depois, a baixa automática;
• como já foi dito, o empresário não precisa de declarações oficiais de antecedente
criminal, de provas de quitação de tributos administrativos, previdenciários ou
trabalhistas tanto para abrir quanto para fechar a empresa. Isso não quer dizer que ele
não responderá sobre as irregularidades e contravenções.
Regras trabalhistas
A nova Lei mantém algumas das facilidades previstas no Estatuto das Micro e Pequenas
Empresas para a sua relação com os seus funcionários. Assim, o sócio não precisa:
• anotar férias em livros de registro do Trabalho;
http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/lei-geral-para-micro-e-pequenas-empresas.htm
• comunicar férias coletivas ao Ministério do Trabalho;
• matricular aprendizes em curso do Serviço Nacional de Apredizagem;
Além disso, outras novidades surgiram como:
• a possibilidade de criação de consórcios entre micro e pequenas para organizar o
serviços de segurança e sáude no trabalho;
• a possibilidade do empresário nomear outra pessoa para comparecer e responder em
seu lugar em caso de pendências na Justiça do Trabalho, evitando assim que o
empresário tenha, por exemplo, que se ausentar do seu negócio;
• os fiscais, sejam trabalhistas, de segurança ou outra natureza, devem priorizar a
fiscalização educativa, assim multa ou autuação só a partir da segunda vez que é
encontrada a irregularidade.
Outros incentivos
Algumas medidas da nova lei pretendem facilitar a vida em outras esferas. No caso dos créditos
para micro e pequenas empresas, a possibilidade de cooperativas de crédito, cujos associados
sejam micro ou pequenas empresas, usarem o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para
conseguir o crédito. Em 2007, a estimativa é que havia R$ 150 bilhões de recursos nesse fundo.
Antes da lei, apenas bancos públicos disponibilizavam empréstimos baseados no FAT. A principal
vantagem desse crédito é que os juros praticados são baixos 0,5% a 0,9% ao mês.
Outro incentivo importante é que, a partir de agora, todos os institutos de ensino e pesquisa
ligados ao governo devem disponibilizar 20% do seu orçamento para projetos voltados às micro e
pequenas empresas (MPEs), por exemplo, em incubadoras de empresas. Para efetivar a
determinação, é preciso, no entanto, a mobilização dessas instituições.
As compras para o governo são uma das grandes inovações da lei. Facilidades como
regularização tributária das MPEs após o anúncio do vencedor da licitação e o empate técnico
entre MPEs e outras empresas não precisam de regulamentação. Outros artigos sobre licitações
ainda precisam de regulamentação, assim como outras vantagens previstas na lei geral.
A ser regulamentado
Algumas outras medidas devem facilitar a vida das micro e pequenas empresas (MPEs), mas
ainda precisam ser regulamentadas ou trabalhadas por órgãos responsáveis para que se efetive
como:
• criação de consórcios para participação em compras e vendas internacionais;
• criação das cédulas de crédito microempresarial, que são direitos creditórios quando o
órgão público não pagar empenhos liquidados em até 30 dias;
• no caso das licitações públicas, alguns itens ainda precisam de regulamentação como
os critérios de exclusividade das MPEs para acessos às licitações para contratações até
R$ 80 mil ou subcontratação de MPEs em grandes licitações.
Pré-empresa
Outro item previsto na lei geral que precisa de regulamentação é o caso da pré-empresa, que é
considerada como uma empresa (de apenas uma pessoa) em fase de formalização, cuja receita
bruta anual seja de até R$ 36 mil.
Este empreendedor poderá optar por fornecer nota fiscal avulsa obtida junto às secretarias de
Fazenda ou Finanças dos estados ou dos municípios. A comprovação da sua receita pode ser feita
sem a necessidade de nota fiscal. Ele também poderá contribuir para o INSS com 11% sobre o
valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário de contribuição e está dispensado do
pagamento das contribuições de 0,5% sobre o FGTS do empregado e de 10% sobre a multa
rescisória da dispensa de empregado sem justa causa.
http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/lei-geral-para-micro-e-pequenas-empresas.htm