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Evolução dos Direitos Humanos

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DIREITOS HUMANOS E SEU DESENVOLVIMENTO: UM BREVE

PANORAMA

Vimos que a luta pela inserção dos Direitos Humanos na cultura cívica e
política foi lenta e gradual, fomentada por lutas e reflexões sobre Direitos
Naturais, sobre qual era a forma mais conveniente de organização sociopolítica,
que correspondesse com as transformações econômicas e com o espírito de
emancipação humana. Quanto aos Direitos Humanos, seu desenvolvimento
passou por três gerações (Maria Victória Benevides):
- Primeira Geração dos Direitos Humanos: é a dos direitos civis, a das
liberdades individuais, surgidas com o liberalismo no século XIX. Ex: direito à
vida, à liberdade, à propriedade.
42 - Segunda Geração dos Direitos Humanos: é a dos direitos sociais,
surgida das lutas no mundo do trabalho durante o século XIX e início do XX. Ex:
Direito a melhores condições no trabalho, direito à educação, à saúde, à
habitação, etc.
- Terceira Geração dos Direitos Humanos: é a dos direitos coletivos e
sem fronteira. Ex: assuntos relacionados ao meio ambiente, desenvolvimento,
autodeterminação dos povos, patrimônio científico, cultural e tecnológico, etc.
Nesta geração, em 1948, foi aprovada a Declaração Universal dos
Direitos Humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Na
Declaração casou-se o discurso liberal com o discurso social, fundando a noção
contemporânea de Direitos Humanos. Foi o maior processo de universalização
dos Direitos Humanos, possibilitando a formação de um sistema integrado
internacional de proteção aos Direitos de cada pessoa humana. Logo, a ONU
veio a ser um mecanismo diplomático para suprir a ineficiência das comunidades
nações.
É uma tentativa de consolidar uma convivência global e de firmar um
compromisso ético entre os Estados para que não violem princípios básicos da
pessoa humana, além de estimular rigidamente a criação de sistemas
normativos locais/regionais, fazendo desenvolver o Direito Internacional dos
Direitos Humanos, mediante a adoção de diversos tratados e pactos.
Um dos mais importantes:
-Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o
- Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

- Quarta Geração dos Direitos Humanos: discussões acerca do tema


estão apontando para o surgimento da Quarta Geração dos Direitos Humanos,
que diz respeito ao mundo científico, cultural e político.
Contudo, os Direitos Humanos são assim: direitos históricos. São criados
e reformulados conforme as necessidades históricas, mas prevalecendo dos
princípios fundantes. O grande avanço das últimas gerações é que o indivíduo
passa a ser tratado de forma mais específica como: sujeito de direito e de valor-
fonte.
43

BREVES CONSIDERAÇÕES

O indivíduo para consagrar a Cidadania, no sentido moral dos Antigos.


Deve, portanto:
- Ser consciente de sua condição de sujeito transformador da realidade;
- Ter consciência de seus Direitos e Deveres inalienáveis (com base na
Constituição Federal);
- Possuir senso crítico;
- E ter noção e conhecimento dos processos e órgãos políticos que se
inserem na sociedade em que vive.

Embora, como vimos, a Constituição Federal brasileira tenha como


princípios o humanismo ético e garante – em termos normativos – a dignidade e
igualdade dos cidadãos; o Brasil não oferece condições sociais básicas para sua
realização. Lembrando que o Brasil encontra-se na 70ª colocação mundial do
IDH. Por condições básicas entendamos os direitos naturais do cidadão, direito:
à moradia, à alimentação, à educação, ao trabalho, etc. As condutas e os
comportamentos políticos (em âmbito nacional) estão obedecendo outros
ditames que não são os das demandas sociais.
Contudo, a ampliação da participação política e de direitos de diversos
setores sociais; a criação de mecanismos políticos específicos para atender as
minorias; a melhoria das condições de vida; dependem fundamentalmente de
fazer prevalecer a noção Direitos/Deveres de Cidadania. O que infere na
capacidade de vermos as possibilidades e os estratagemas nas entranhas
sociais: unindo a força criativa da sociedade civil com a ação de órgãos
governamentais.
A cidadania plena é uma tarefa individual e/ou coletiva de necessidade
nacional imediata, pois diz respeito à questão dos Direitos Humanos e ao futuro
da democracia.

Conceitos da ética

As lideranças sociais têm um poder e uma responsabilidade decisivos em


relação à ética. Nenhuma nação, povo, ou grupo social pode realizar seu projeto
histórico sem lideranças. A liderança social é o elemento de ligação entre os
interesses do grupo social e as oportunidades históricas disponíveis para realizá-
los. A responsabilidade ética da liderança, portanto, se pudesse ser medida, teria
o tamanho e o peso dos direitos reunidos de todos aqueles que ela representa e
lidera.
A liderança social tem uma tripla responsabilidade ética: institucional,
pessoal e educacional. Institucional, porque devem cumprir fiel e estritamente os
deveres que lhe são atribuídos.
Liderança pessoal porque devem ser cada uma delas, um exemplo de cidadania:
justas e eticamente íntegras.
Liderança educacional porque, além de ser um exemplo, deve dialogar
com os que ela lidera, de modo a ampliar a sua consciência política e a fazê-los
crescer na cidadania.
A moral disciplina o comportamento do homem consigo mesmo. Tratam
dos costumes, deveres e modo de proceder dos homens com os outros homens,
segundo a justiça e a equidade natural, ou seja, os princípios éticos e morais são
na verdade os pilares da construção de uma identidade profissional e sua moral
mais do que sua representação social contribui com a formação da consciência
profissional.
Os princípios éticos e morais são, na verdade, os pilares da construção
de um profissional que representa o Direito Justo, distinguindo-se por seu talento
e principalmente por sua moral e não pela aparência.
De forma sintética, João Baptista Herkenhoff (2001) exterioriza sua
concepção de ética; o mundo ético é o mundo do “deve ser” (mundo dos juízos
de valor), em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos juízos de realidade).
Todavia, “a moral é a parte subjetiva da ética”.
“O homem nem sempre pode o que quer, nem quer sempre o que pode.
Ademais, sua vontade e seu poder não concordam com seu saber. Quase
sempre as circunstâncias externas determinam a sua sorte.” (D’HONDT, 1966,
p. 105).

Filosofia do Agir Humano

É a vida do bem em organizações humanas. A vida plenamente humana,


“programa pedagógico esse que visa formar o jovem, que participa da cidadania,
assumindo com plena consciência a recíproca relação entre direitos e deveres”,
consiste essa mesma existência da esfera profissional.
Esse mundo humano – ser ético/axiológico não é uma dádiva da natureza.
É uma conquista cultural. Destino das sociedades institucionalizadas, em sua
dimensão ético-profissional, a de enveredarem pelos obscuros caminhos da
cidade sem lei.
A ética é aplicada no campo das atividades profissionais. Assim, a ética
profissional do estudante. A ética é ainda indispensável ao profissional, porque
na ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à
competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a
sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes
que deve assumir no desempenho de sua profissão.
O estudo e o conhecimento da Deontologia (do grego deontos = dever e
logos = tratado) se voltam para a ciência dos deveres, no âmbito de cada
profissão.
É o estudo dos direitos, emissão de juízos de valores, compreendendo a
ética como condição essencial para o exercício de qualquer profissão.
A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer”
e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que
todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere
à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no
desempenho de sua profissão.
Tanto a moral como o direito baseiam-se em regras que visam estabelecer
certa previsibilidade para as ações humanas. Ambas, porém, se diferenciam.
A moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma
forma de garantir o seu bem-viver. Independe das fronteiras geográficas e
garante uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam
este mesmo referencial moral comum.
O direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada
pelas fronteiras do Estado. As leis têm uma base territorial, que valem apenas
para a área geográfica onde uma determinada população ou seus delegados
vivem.
A ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo
ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos seus objetivos é a busca de
justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente
de ambos – Moral e Direito – pois não estabelece regras.
Relações sociais
O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de
água da chuva; o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no
local destinado para colocar caixas de alimentos; o médico cirurgião que confere
as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a atendente do
asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro;
o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço
de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a
construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em
suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ou aquilo que, alguém vendo, não
saberá quem fez.
As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os
profissionais, as pessoas que dependem deles. Há, porém muitos aspectos não
previstos especificamente e que fazem parte do compromisso do profissional
com a ética, aquele que, independentemente de receber elogios, faz a coisa
certa.

Atividade voluntária
Outro conceito interessante de examinar é o de profissional, como aquele
que é regularmente remunerado pelo trabalho que executa ou atividade que
exerce, em oposição ao amador. Nessa conceituação, diria-se que aquele que
exerce atividade voluntária não seria profissional, e esta é uma conceituação
polêmica.
Na realidade, voluntário é aquele que se dispõe, por opção, a exercer a
prática profissional não remunerada, seja com fins assistenciais, ou prestação
de serviços em beneficência, por um período determinado ou não.

Quais os limites de um código de ética?


Um código de ética não tem força jurídica de lei universal, porém deveria
ter força simbólica para tal. Embora um código de ética possa prever sanções
para os descumprimentos de seus dispositivos, estas dependerão sempre da
existência de uma legislação, que lhe é juridicamente superior, e por ela limitado.
Por essa limitação, o código de ética é um instrumento frágil de regulação dos
comportamentos de seus membros.
Essa regulação só será ética quando o código de ética for uma convicção
que venha do íntimo das pessoas. Isso aumenta a responsabilidade do processo
de elaboração do código de ética, para que ele tenha a força da legitimidade.
Quanto mais democrático e participativo esse processo, maiores as chances de
identificação dos membros do grupo com seu código de ética e, em
consequência, maiores as chances de sua eficácia.
O princípio fundamental que constitui a ética é este: o outro é um sujeito
de direitos e sua vida deve ser digna tanto quanto a minha deve ser. O
fundamento dos direitos e da dignidade do outro é a sua própria vida e a sua
liberdade (possibilidade) de viver plenamente.
As obrigações éticas da convivência humana devem pautar-se não
apenas por aquilo que já temos, realizamos, somos, mas também por tudo aquilo
que poderemos vir a ter, a realizar, a ser. As nossas possibilidades de ser são
parte de nossos direitos e de nossos deveres. É parte da ética da convivência.
A atitude ética é uma atitude de amor pela humanidade. A moral
tradicional do liberalismo econômico e político acostumaram-nos a pensar que o
campo da ética é o campo exclusivo das vontades e do livre arbítrio de cada
indivíduo. Nessa tradição, também, a organização do sistema econômico-
político-jurídico seria uma coisa “neutra”, “natural”, e não uma construção
consciente e deliberada dos homens na sociedade.

Ética e sistema econômico


O sistema econômico é o fator mais determinante de toda a ordem (e
desordem) social. É o principal gerador dos problemas, assim como das
soluções éticas. O fato de o sistema econômico parecer ter vida própria,
independente da vontade dos homens, contribui para ofuscar a responsabilidade
ética dos que estão em seu comando.
O sistema econômico mundial, do ponto de vista dos que o comandam, é
uma vasta e complexa rede de hábitos consentidos e de compromissos
reciprocamente assumidos, o que faz parecer que sua responsabilidade ética
individual não existe.
A moral dominante do sistema econômico diz que pelo trabalho qualquer
indivíduo pode ter acesso à riqueza. A crítica econômica diz que a reprodução
da miséria econômica é estrutural. Sendo assim, dentro de uma visão ética, pode
se dizer que exigem-se transformações radicais e globais na estrutura do
sistema econômico.

Ética e meio ambiente


A voracidade predatória do sistema econômico vigente o faz enxergar a
natureza tão somente como fonte de matérias-primas para a produção de
mercadorias. Com isso, a natureza torna-se ela própria uma mercadoria.
O trabalho é a ação humana que transforma a natureza para o homem.
Mas, para que cumpra essa finalidade de sustentar e humanizar o homem deve
realizar-se de modo autossustentável para a natureza e para o homem. A
voracidade predatória de nosso sistema econômico está rompendo
perigosamente o equilíbrio de autossustentabilidade entre a natureza e o
homem.
Preservar e cuidar da natureza é o mesmo que preservar e cuidar da
humanidade, das gerações atuais e futuras. Preservar e cuidar do meio ambiente
é uma responsabilidade ética diante da natureza humana.
O pensamento pós-moderno rejeita o conceito defendido pela
modernidade de que existem verdades absolutas e fixas. Toda verdade é relativa
e depende do contexto social e cultural em que as pessoas vivem. Cada um
percebe a verdade de sua própria forma. Não há “verdade”, mas sim “verdades”
que não se contradizem, mas se complementam. Isso inclui verdades religiosas.
Conceitos como “Deus” são totalmente relativos. A única “inverdade” que existe
é insistir em dizer que existe verdade fixa e absoluta!
Nesta época de pós-modernidade, surgiu o conceito do politicamente
correto – na mentalidade pluralista e inclusivista, a opinião e as convicções de
todos têm de ser respeitadas. A razão para esse “respeito” é que a opinião de
um é vista como tão verdadeira quanto à do outro. Assim, torna-se politicamente
incorreto criticar as opiniões, a conduta e as preferências morais, políticas e
religiosas de alguém.
O contemporâneo é incerto e ainda problemático, precisando de re-
significações dos papéis e das funções, cujos atores humanos têm a plateia
humana sem bússola e sempre os temas centrais dos atos são a ética.
Existem quatro eixos de conteúdos relativos a ética. São eles: respeito
mútuo, justiça, diálogo e solidariedade.
Quando nos referimos ao espectro ético em uma determinada prática
social/profissional, de maneira que possamos reconhecer a existência de
expectativas e de avaliações, cabe-nos sempre uma profunda indagação: o que
se tem feito e dito a respeito de nós, profissionais da área Metalúrgica? Qual a
nossa imagem de ética vivenciada? Essa imagem de um educador se
considerada como ética revela a essência de minha função profissional e
obscurece uma prática contrária aos princípios que acredito existirem?
A transgressão da ética surge pela inconformidade e pela falta do
conhecimento e não necessariamente pela má-fé, se não estiverem atreladas ao
não moral. No entanto, não podemos esquecer que no campo da ética, não
devemos estabelecer configurações apriorísticas.
As regras dificilmente serão as mesmas, porém, mesmo quando o
conhecimento e as competências são diferentes, a funcionalidade processual
formal deve ser explicitada. Caso haja rompimentos de regras, é preciso rever o
contrato e refletir a prática no campo da dialética, nascendo à semente ética do
sucesso de qualquer profissão.
Reconstruir valores de forma contínua, convergentes e integradores ao
conhecimento de outras disciplinas, permite desenvolver, no campo filosófico,
espaços para a compreensão existencial sob vários ângulos da prática humana
que dão real sentido à vida social e profissional.
Numa perspectiva mais ampla e comparativa, se o tecido social resulta
dos diversos vetores individuais e coletivos, não é demais admitir que o vácuo
ético – nas relações entre profissionais, organizações, fornecedores e
consumidores – tem forte correlação com a fragilidade da ética pessoal, esta
hoje bem caracterizada pelo excessivo interesse do indivíduo por si próprio, pelo
individualismo exacerbado, pelo narcisismo desmedido e pelo frágil sentido de
solidariedade.
Com efeito, se as organizações são dirigidas por pessoas que assimilam
não virtudes, e se estas pessoas moldam as crenças das organizações, na
medida em que o homem despreza valores humanos, as organizações tendem
a fazer o mesmo e a resvalar na moral e, às vezes, a abandonar a ética.

Códigos de ética
São símbolos ou signos de atitudes que preservam valores pessoais,
coletivos e institucionais. Partindo-se do pressuposto maior de que profissão é o
exercício habitual de uma tarefa a serviço de outras pessoas, segundo o caráter
de especificidade nas distintas tarefas estabelecidas nos níveis de competências
profissionais.
Como a prática busca relações e ambiências, é preciso conduta
condizente com princípios éticos específicos. Faz-se necessário formar
grupamentos de profissionais em atividades hegemônicas específicas. É preciso
que haja um código de linguagem ética, que reflita os mesmos valores para cada
realidade processante, seja perante o conhecimento seja no convívio com
colegas, classe, sociedade, pátria e como fim universal, perante a própria
humanidade como conceito de mundo.
Não há formação de conceitos profissionais com plena evidência a
terceiros, das capacidades e virtudes de um ser humano no exercício habitual
de suas tarefas, no nível da qualidade superior, se ele não percorrer o caminho
das práticas de conduta também qualificadas e mensuradas em valores éticos.
Considerar a ética nas dimensões relativas significa caracterizar uma
permanente reflexão e revisão, de maneira que cada vez mais possamos
caminhar para um processo de generalizações, na medida em que caem
fronteiras e são suprimidos as tradições e os costumes culturais.
Sabemos que ser ético é ser natural, estando as profissões a serviço do
social, das células que as compõem, e do conjunto social indiscriminadamente.
Ora, esse ideal de cooperação orgânica e social precisa de uma atmosfera moral
competente. No entanto, nem sempre é observável em nossa época, pois o
Estado como organização promovida pela sociedade oferece-nos exemplos
contrários e contraditórios pelo exercício ineficaz do que são normas legais ao
bem comum.
Estamos no 3º milênio, e os problemas se atropelam em todas as
dimensões, esfacelando a moral das instituições de maneira que a civilização
industrial, política e social vive na “UTI”, cuidando das sequelas históricas das
corrupções e da apropriação da liberdade humana.
As contradições das histórias clássicas da humanidade, com o avanço do
conhecimento e da tecnologia abrem verdadeiras lacunas diante da
massificação dos problemas éticos.
Sob esse ângulo, novos rótulos de ideias antigas vão surgindo com uma
proposta de resgate da ética do Estado. O eixo parametral da ética social e as
aspirações de conduta humana para a prática do bem são formas de se
buscarem novas relações.
Confundir a contribuição do sistema profissional com eixo parametral que
encontra a filosofia das virtudes e da prática do bem é normalmente compulsório
de exigências. No entanto, o sistema profissional deve e precisa estar de acordo
com a lei e, sendo pertencente ao Estado que a manipula, muda sempre a
“roupagem de ética para o baile das dominações” e muda tudo que deseja ser
aceito como ético.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela ONU, em
1948, consagrou no plano mundial um conjunto de valores reputados de
essenciais, não apenas para servirem de ideal à ação humana, mas também
para definirem o enquadramento legal dentro dos quais os estados podem
legislar, julgar e atuar.
Esses valores são assumidos como universais. Nesse sentido, apesar da
diversidade de culturas e sociedades, as diferenças não podem ir contra esses
valores. A Declaração serve não apenas para julgar os atos humanos (plano
ético), mas também para avaliar e julgar a ação dos diferentes Estados em
relação aos seus cidadãos, configurando também um modelo de uma sociedade
global livre e democrática.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem a sua base voltada à
dignidade humana, à liberdade, à igualdade e à fraternidade e desde o século
XVI, a humanidade vem perseguindo esse fim maior.
O grande Filósofo E. Kant proclama a “pessoa humana como um valor
absoluto” e, a partir desse momento, desenvolvem-se outros valores, normas e
leis universais. A prova está consagrada na Declaração de Independência dos
Estados Unidos, em 1776, e na Assembleia Constituinte Francesa, de 1793,
quando surge a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
A triste constatação é que no século XXI a humanidade está cada vez
mais sob a autodestruição desses valores universais, mesmo diante da
Declaração dos Direitos Universais do Homem pela ONU.

A ética e suas relações universais com o mundo do trabalho

Paradigmas da ética
É importante que não ocorram conflitos na tese de que, na conduta
humana na aplicação dos preceitos éticos, não devamos negar nossa parcela de
cooperação ao social, nem confundir o Estado com a sociedade e as ideologias
do Governo com sentimentos individuais e nacionais.
É o direito que legitima o poder e este deve legitimar inúmeras situações
de direitos que não venham jamais contrariar os princípios da ética. Não é
possível confundir a obrigação ética com a obrigação legal imposta pelo poder
instaurado como macrocélula social (Estado).
O nascimento do paradigma da ética é tarefa da humanidade, ou seja, de
todos os sujeitos sistêmicos que traduzem a ciência ética e as ciências sociais
sendo a permanente busca de modelos de conduta e felicidade em convivência
humana, consagrada no respeito e na vitória do amor sobre todos os vícios, de
maneira que sejamos o reflexo da nossa grandeza de alma, na pluralidade
infinita de mundos.
A expressão profissional deriva da expressão primária “profissão”, que
vem do latim profissione, do substantivo professio que teve várias acepções no
próprio latim, mas que ficou como “ação de fazer profissão de”.
Hoje, o conceito de profissão é trabalho, que se pratica com habitualidade
a serviço de terceiros. É a prática constante de um ofício. No latim “offíciu” deriva
de oficina, loja, fábrica, laboratório e escola, isto é, uma profissão, de forma que
a profissão proporcionar ao indivíduo ser útil a sua comunidade pela prática da
solidariedade fazendo parte do tecido orgânico social.
A ética tem seu significado ao longo da História, sendo confundido com
as expressões “mores” que no latim significa também hábito, costume e para
nós, significa moral.
Para a Filosofia, não há diferenças até certos limites, pois, segundo os
filósofos, a moral é uma ciência descritiva enquanto a ética é uma ciência
normativa.
Segundo Rodrigues Luno, a ética é a ciência da moral e como moral é a
arte de se viver bem. Já os autores da corrente clássica entendem moral como
o “O ser do homem, doutrina sobre o que o homem é e está chamado a ser [...]”.
A moral somente é universal e totalitária, diz respeito ao que se é como
homem. Mais do que conhecimentos teóricos, é preciso praticar a moral. A
educação é um dos caminhos a serem percorridos, para viver bem e ter bons
costumes. Não bastam boas intenções e bons desejos.

Deveres profissionais
Quando direcionamos nossas capacidades e níveis de competências para
permitir um desempenho eficaz da profissão escolhida, estamos exercitando
deveres éticos. A satisfação de quem recebe esses benefícios é o referencial
das nossas atitudes que governam as ações do indivíduo perante o outro, ele
próprio, a sociedade e o Estado.
O compromisso diante de um agregado de deveres éticos compatíveis
com a tarefa profissional, precisa superar o “complexo de valores” pertinentes a
cada profissão, até tornar-se um valor mais amplo da ética universal.
O primeiro dever está na escolha da profissão seguida do conhecimento
sobre ela para finalmente ser capaz de exercê-la dentro de uma prática plena de
conduta cujos lastros de valoração profissional sejam os valores adotados pela
classe, sociedade e pelo próprio indivíduo.
É preciso que o sujeito e sua profissão façam um “casamento” pleno de
prazer e influxos de amor.
A escolha das tarefas deve ser a proveniência do dever a ser cumprido,
visando à qualidade da execução, dentro de uma conduta valorosa e refletida
por práticas úteis e cheias de usufrutos e benefícios. Aí, sim, ocorrerá o pleno
dever ético.
A identificação prazerosa com as tarefas de um trabalho precisa de
convicções da escolha e dos sentimentos envolvidos com a escolha autônoma,
pois quando um aluno perguntou a Mozart: “O que devo compor mestre?” Ele
respondeu: - “É preciso esperar”. A impaciência do aluno o fez retrucar, dizendo
que o mestre já compunha desde os 5 anos, ao que o gênio da música lhe
respondeu: “Mas eu nunca perguntei a ninguém o que deveria compor”.
O dever deve fluir como um sentimento que faz bem e não como algo que
precisa ser cumprido a todo preço, para rapidamente se livrar do peso provocado
pela falta de condições essenciais de opção. A consciência é que monitora as
transgressões éticas que violentam a vontade humana e ela mesma é
responsável pela corrupção que fragmenta o ser ao longo da vida.
Quem aceita tarefas sem ter a capacidade de exercê-las, é condenável
como prática antiética em função dos prejuízos que pode vir a causar a terceiros,
desde que anteriormente seu juízo os tenha identificado. Essa infração ética
precisa ser superada pelo dever profissional de buscar conhecimentos e
competências necessários para a execução de tarefas desafiadoras. Não
reconhecer que uma decisão faz a grande diferença diante das possíveis
consequências, já significa uma premissa antiética.
Como profissional deve-se permanentemente refletir sobre a condição
humana para se reconhecer permanentemente aprendizado com os outros
identificando situações em que o exigível não é executável. Ainda, o profissional
tem o dever de conhecer e aprimorar-se no exercício da sua prática profissional
como também produzir avaliações sobre os níveis de competências emocionais,
profissionais, intelectuais e cognitivas necessárias para que o exigível seja algo
natural e sem traumas.
Encontrar-se com os sentimentos que nutrem o dever ético profissional é
buscar a consciência necessária para dominar o conhecimento, ter posse
relativa do saber, percepção integral do objeto de trabalho e traçar seus objetivos
voltados à qualidade ou eficácia das tarefas.
Não se deve esquecer os limites do cumprimento dos deveres e das
condições pelas quais o dever da ética fica comprometido pelas circunstâncias
alheias à vontade humana, permitindo que forças externas se sobreponham. Os
“achismos do quase bom” ou das intenções por negligência, que levam a aceitar
o “menos mau” não podem ser justificativa para o trabalho ineficaz.
O alcance da plenitude ética é decorrente do êxito profissional e do
caminho percorrido pela prática valorosa e virtuosa em interação humana, social
e institucional, interagindo com suas competências intrapessoais voltadas para
o êxtase das realizações e aos sentimentos do dever cumprido.
É dessa matriz que surgem o zelo e a busca constantes da excelência
que faz o grande encontro com os sentimentos de lealdade com aquele que é
beneficiado. Cada virtude identifica uma capacidade desejável ou uma
habilidade necessária que enseja deveres a cumprir, sempre de acordo com a
natureza de uma determinada tarefa, normalmente normalizada no interesse de
grupos profissionais.
A qualidade do desempenho das tarefas vai identificar uma relação entre
o caráter do profissional e o exercício de sua profissão.
Qualquer profissão, dentro das doutrinas morais ou da ética, requer uma
visão holística de mundo onde o microssocial interage com o macrossocial e em
todas as relações imagináveis do indivíduo. Ainda, é através da profissão
exercida que se consegue a liberdade do processo de dominação ou nos
instalamos através dela, podendo chegar até o absolutismo ostensivo ou à
ditadura.
Pela profissão exercida, abrem-se as dimensões dos “saberes das
conveniências isoladas”, de grupos ou ambiências ligadas às causas e efeitos
humanos próprios, capazes de construir sucessos ou fracassos nas múltiplas
relações interpessoais e intrapessoais geradas no tempo e espaço e que,
permanentemente exigem reflexões de conduta ética.

Competências éticas

Princípios que, quando analisados sob o ângulo da funcionalidade,


significa o exercício do conhecimento adquirido e aplicado de forma adequada e
pertinente à execução de uma tarefa, baseada sempre no domínio das
habilidades no exercício da profissão.
Quando vista sob o aspecto potencial, no campo das virtudes básicas, é
o conhecimento acumulado por uma pessoa, de forma a ser suficiente para
desempenhar de maneira eficaz uma tarefa. Como esse aspecto possui uma
natureza estática, torna-se ético quando há a garantia do indivíduo quanto à sua
capacidade profissional, pois acumula a consciência da aceitação.
Qualquer profissional precisa de humildade, para evidenciar que a crítica
não faz negação às verdades alheias, que inteligência e bom senso sempre
serão fatores distributivos na humanidade. A ética permite confirmar o
reconhecimento de que, a cada instante surge um conhecimento novo.
Nada pode ser mais lesivo à ética do que afirmarmos não ser verdadeiro
que a ausência de competências interpessoais e intrapessoais no exercício
profissional e o mau uso desta para o mal, não transgridam compromissos éticos
profissionais, além de ferir a premissa maior do bem, que significa não fazer nada
que prejudique a terceiros.
Uma tarefa profissional concluída, continua refletida pelos signos dos
valores atribuídos a ela, seja pela história do profissional quanto pelas suas
responsabilidades jurídicas a ela imposta, seja no âmbito da orientação dos
valores éticos agregados, quanto na garantia da ausência da omissão
profissional.
Não esqueçamos: “Tudo que fizermos de ruim ou qualquer ato que seja
contrário ao bem para o outro, estaria sempre nos subtraindo diante dos valores
humanos e universais.” (LOPES, 1998:192).
A ética produz barreira às próprias lesões, pois o valor humano não é
resultado de subtrações a terceiros. É decorrência única da própria conduta e de
seus próprios pensamentos.
A lei do “olho por olho, dente por dente” somente é válida em transplantes
de órgãos. A filosofia da “remuneração” do bem, pela aplicação da justiça contra
o mal é o único caminho pelo qual será possível obter forças para vencer a
impunidade contra o vício que estimula toda a ação humana viciosa.
Ser austero e simples conclama respeito e entendimento. A altivez não se
mistura com pedantismo. No entanto, é necessária para o traçado das linhas da
dignidade e respeitabilidade profissionais. Essa postura ética afasta a
vulgaridade e as distorções de entendimentos, evitando a imputação de
infrações éticas do reflexo coletivo.
É preciso deixar de buscar a ética apenas como uma indagação, mas
buscar o conhecimento da conduta humana como prioridade e objeto de estudo,
pois “conduta é a ação mental variável observável e sujeita às avaliações”.
A ciência hoje já aceita a ideia filosófica da associação do metafísico com
o físico, de maneira que o extra lógico já se encontra com o pensamento lógico.
Como a ciência ética tem saberes cósmicos, logo, existe porque é necessária e
não porque é obrigatória.
A ética científica não depende de opinião isolada de pensador. Depende
do rigor e da racionalidade de sua forma acadêmica, desde que possa pressupor
que as ocorrências dos fenômenos éticos possam estar na universalidade da
existência humana.
A ciência em todas as hipóteses, hoje nega o determinismo de que o ser
humano já nasce bom ou mau e que são as percepções e a vontade humanas
que orientam e motivam o processo educacional e de convivência. Ora,
influências no plano dos excessos e fanatismos, quando adquirem
características normativas produzem instabilidades e lesões na estrutura moral
em formação do “EU”.
Sabemos que a conduta humana é observável e registro da vontade que
vem da consciência, então ela também está ligada às doutrinas mentais e
espirituais, reguladoras das virtudes. Daí ser fundamental o estímulo à ética
através da educação em todas as fases da vida.
A formação ética precisa de ambiência sadia, virtuosa, inspiradora de
consciência livre na prática do bem, pois uma educação pode formar paradigmas
e opiniões boas e ruins.
A filosofia contemporânea considera que a consciência ética é a relação
íntima do homem consigo mesmo onde o “ego” (eu) se conecta com as energias
espirituais que sustentam a vida do homem. Somos o nosso tribunal comandado
segundo os psicanalistas pelo nosso “superego” dentro da estrutura pela qual é
formada a nossa “psique”, dividida em: inconsciência, pré-consciente, censura e
consciência.
A consciência ética agrega o “ego” e o “superego”, sendo um estado
decorrente de mente e espírito, aceitação e julgamentos próprios. Ela é o que
dizem ser o “disponível” que garante o cumprimento de nossas obrigações. Logo,
é preciso ter um fundo de reserva de consciência ética formada de maneira a
qualquer momento ser possível ativá-la, se necessário.
A prática do amor começa pelo “espírito (eu), (a consciência) e
complementa-se pelo amor ao semelhante, ao grupo, à sociedade, às classes”.
Nessa ordem não existem espaços para subjetividade. A transcendência desses
valores está dentro de nós e de nosso cérebro, no plano espiritual e, embora não
possa ser provado ainda, não pode ser negado pela ciência.
Estudar a consciência ética é tema vasto dentro de um grande vazio ou
de um universo não explorado, em função das infinitas variáveis entre o ideal, o
real, o eu, o ético e a consciência, fato de a mente se renovar infinitas vezes,
incluindo e excluindo valores, decorrentes da aceitação e da negação diante das
inúmeras circunstâncias ambientais.
A ética ou a conduta humana em seu sentido pleno e mais profundo é não
causar malefícios a si mesmo e aos seus semelhantes. Se a virtude for praticada
através de atos morais e essenciais, ela vai refletir a própria qualidade de vida
do homem. Logo, não poderia ser jamais algo abstrato.
O caráter pressupõe ser a semente do bem, da liberdade, do amor e das
suas formas negativas. No campo da ética, é um agregado de qualidades morais
e intelectuais que cada indivíduo possui, formando uma energia positiva que
solidificam atitudes e ações, caracterizando-se perante o que é perfeito. Por isso
um homem “bom caráter” somente nasce em um ser virtuoso.

Você se acha um bom caráter?


Somente a educação pode aperfeiçoar a individualidade humana, o seu
caráter e, se estiver nos eixos das virtudes e pelo exercício da vontade humana,
ele será ético em todos os campos da conduta qualificando-se cada vez mais
entre os homens.
Quando você sente o “dever ético” ou “dever moral” há imposição dos
sentimentos que já existem em cumprir o que é certo e útil. É a sensibilidade que
encontra a vontade e os valores universais que está estruturado no espírito,
sendo o imperativo natural nos seres bem formados.
Se praticarmos as virtudes e cumprirmos os deveres éticos, serão apenas
propósitos da vida e não podem restringir-se a apenas obrigações compulsórias,
por atos sociais e nem por ambiências. Deve sim, serem realizadas ações éticas
profissionais que impulsionadas pela vontade do dever cumprido, possam se
consagrar como algo absolutamente natural, intuitivo fluindo naturalmente sem
imposições ou por exigências normativas.
A racionalidade da ética deve nos oferecer condições de negação e nunca
de doação, pois o bem pode ter faces de relatividade, de maneira que a
consciência ética necessite de autonomia e de caráter, capazes de emergir do
racional e do sensível.
Se o indivíduo já tem o caráter formado sob a gênese da ética, apenas a
sua vontade conduz sua ação, sendo ela pura e reflexa. Caso as normas e os
usos sejam estabelecidos, o seu cérebro reage de forma natural, segundo a
qualidade da educação ética recebida.
Existe uma diferença entre o instinto ético e a conduta ética, que é a
disposição natural, biológica de autoconservação, pela prática de uma ação, e
essa conduta vai depender da ambiência social em que estiver.
Como estão seus pensamentos quanto a sua profissão e quanto a sua
forma de vida social? O pensamento é livre e axiomático (não preciso provar),
logo, quando se fala em pensamento ético, condiciona-se a uma liberdade geral,
traduzido em sacrifícios de opiniões pessoais, sendo relativa em benefício
próprio.
No entanto, ao se questionar uma ética normativa já ultrapassada, não
está se contestando a ética em si, mas o que ela representa de normativo, pois
“A liberdade não é um privilégio que se funda apenas entre o ser e a realidade,
mas também entre o critério eleito e a vontade ética”.
A inteligência emocional sendo um exercício de razão em face da
formação da consciência ética, precisa apenas coordenar o sentimental para
trazer os benefícios para a conduta humana diante das emoções. Ela tem uma
concepção voltada para intermediar o instinto com, a razão, sendo subjetivo,
vindo das emoções. Logo, o importante é harmonizar a razão e os sentimentos
para uma conduta ética eficaz. Por isso é necessário o domínio emocional que
estrutura a consciência ética.
Você reclama das motivações que são necessárias para servir de um
complemento relevante na disciplina emocional e como o emocional age sobre
o ético, sendo inquestionável, ou seja, axiomático que a motivação influencia
diretamente sobre a ética humana.
Daí a afirmativa de que o homem somente alcança seu sentido humano
mais amplo quando adquire uma postura ética superior, harmonizada e em
equilíbrio entre razão, emoção e os demais atributos do espírito humano.
O sentimento social é um imperativo para que o homem possa construir
sua parte na sociedade dentro dos princípios éticos de maneira que nessa
construção, esse sentimento interaja plenamente com valores benéficos e
esforços humanos, variáveis de acordo com seu alcance em face da comunidade
em que vive.
A ética humana carrega atributos de qualidade onde o ser integral tem,
como fim maior, ser instrumento do bem comum, sempre refletida na atitude
virtuosa.
A necessidade de existir instrumentos reguladores em diversos campos
da conduta humana, tem seu imperativo de existência justificado em códigos de
ética, porque somente nesse sentido, é possível existir uma forma de contrato
formal e racional, sem que a identidade humana seja agredida.
Códigos de ética devem ter suas bases filosóficas sólidas cujos atributos
ao bem comum não possam ter vínculos com os desvios do preconceito e do
puritanismo inconsequente.
O sucesso do princípio universal da conduta humana nos infinitos
exercícios éticos que fortalecem o espírito, somente chegará quando tivermos
crença em nós mesmos, na reciprocidade dos bons sentimentos e, finalmente,
se amamos o que somos e o que fazemos, seja no plano do racional ou nos
eixos que norteiam as forças da metamoral, ou seja, uma doutrina que se situa
além da moral, transcendental formada pelo nosso pensamento reflexivo para o
bem ou o mal.
Mas o que temos visto são transgressões dos princípios éticos e suas
insubordinações, o que significa que estão na relação direta e ainda da
ignorância humana, vivendo práticas de “quebra de ética” pelas quais serão
menores na medida em que o indivíduo faz investimentos na sua formação
educacional e no fortalecimento da fé institucional, visando sempre à retidão dos
homens que compõem os tribunais de ética.
Dizem que numa cidade apareceu um circo e que entre os seus artistas
havia um palhaço com o poder de divertir as pessoas da plateia. O riso era tão
bom, tão profundo e natural que se tornou terapêutico. Todos os que padeciam
de tristezas agudas ou crônicas eram indicados pelo médico do lugar para que
assistissem ao tal artista que possuía o dom de eliminar as angústias.
Um dia, porém, um morador desconhecido, tomado de profunda
depressão, procurou o doutor. O médico então, sem relutar, indicou o circo como
o lugar de cura de todos os males daquela natureza, de abrandamento de todas
as dores da alma, de iluminação de todos os cantos do ser. O homem nada
disse, levantou-se, caminhou em direção à porta e, quando já estava saindo,
virou-se, olhou o médico nos olhos e sentenciou: “Não posso procurar o circo. Aí
está o meu problema: eu sou o palhaço”.
Como professor, vejo que, às vezes, sou esse palhaço, alguém que
trabalhou para construir os outros e não vê resultados, muito claro daquilo que
faz. Tenho a impressão de que ensino no vazio (e sei que não estou só nesse
sentimento) porque, depois de formados, encontro alguns poucos meus ex-
alunos dando a impressão que se acostumaram rapidamente com aquele mundo
de iniquidades que combatíamos juntos.
Parece que quando alguns desses ex-alunos(as) entram no mercado de
trabalho, a única coisa que importa é quanto cada um vai lucrar, não importando
quem vai pagar a conta e nem se alguém vai ser lesado no processo.
Aprenderam rindo, mas não querem passar o riso à frente e nem se comovem
com o choro alheio. Digo isso, até em tom de desabafo, porque vejo que cada
dia mais, pessoas se gabam de desonestidades.
Os que passam os outros para trás são heróis; os que protestam são
otários, idiotas ou excluídos: é uma total inversão dos valores! Vejo que alguns
professores partilham dessas mesmas ideias e as defendem em sala de aula,
mas na sala de professores se vangloriam disso. Essa ideia vem me assustando
cada vez mais, desde que repreendi, numa conversa com os alunos, o
comportamento do cantor Zeca Pagodinho no episódio da guerra das cervejas,
e quase todos disseram que o cantor estava certo.
Tontos foram os que confiaram nele. “O importante, professor, é que o
cara embolsou milhões”, disse-me um; outro: “Daqui a pouco ninguém lembra
mais, no Brasil é assim, e ele vai continuar sendo o Zeca, só que um pouco mais
rico”.
Todos se entreolharam e riram. Somente eu, bobo que sou, fiquei sem
graça. O pior é quando a gente se dá conta de que, no Brasil, é assim mesmo,
o que vale é a lei de Gérson: “O importante é levar vantagem em tudo” (Lei de
Gérson... dá para rir). A pergunta é: “É possível, pela lógica, que todo mundo
ganhe? Para alguém ganhar é óbvio que alguém tem de perder”.
A lógica é guardar o troco recebido a mais no caixa do supermercado; é
enrolar a aula fingindo que a matéria está sendo dada; é fingir que a apostila
está aberta na matéria dada, mas usá-la como apoio enquanto se joga forca,
batalha naval ou jogo da velha; é cortar a fila do cinema ou da entrada do show;
é dizer que leu o livro, quando ficou só no resumo ou na conversa com quem leu.
Minha saudosa ética é quando percebemos que é mais fácil marcar só o
gabarito na prova em branco, copiando do vizinho e alegando que fez as contas
de cabeça; é comprar na feira uma dúzia de quinze laranjas; é bater num carro
parado e sair rapidamente antes que alguém perceba; é brigar para baixar o
preço mínimo das refeições nos restaurantes universitários para sobrar mais
dinheiro para a cerveja da tarde; é arrancar as páginas ou escrever nos livros
das bibliotecas públicas; é arrancar placas de trânsito e colocá-las de enfeite no
quarto.
Quando encontro alunos formados dizendo que foi mais fácil trocar o voto
por empregos, pares de sapato ou cestas básicas; é fraudar propaganda política
mostrando realizações que nunca foram feitas. É a lógica da perpetuação da
burrice. Quando um país perde, todo mundo perde.
E não adianta pensar que logo bateremos no fundo do poço, porque o
poço não tem fundo. Parafraseando Schopenhauer: “Não há nada tão
desgraçado na vida da gente que ainda não possa ficar pior”. Se todos os
desonestos brasileiros voassem, nós nunca veríamos o sol. Felizmente há os
descontentes, os lutadores, os sonhadores, os que querem manter o sol aceso,
brilhando e no alto.
A luz é e sempre foi metáfora da inteligência. No entanto, de nada adianta
o conhecimento sem o caráter. Que nas escolas seja tão importante ensinar
Literatura, Matemática ou História quanto decência, senso de coletividade,
coleguismo e respeito por si e pelos outros. Acho que o mundo (e, sobretudo, o
Brasil) precisa mais de gente honesta do que de literatos, historiadores ou
matemáticos.
Ou o Brasil encontra e defende esses valores e abomina Zecas, Gérsons,
Dirceus, Dudas, Lulas e, todos os marketeiros que chamam “desonestidades
flagrantes” de “espertezas técnicas”, ou o Brasil passa de país do futuro para
país do só furo. De um Presidente da República, espera-se mais do que choro e
condecoração a garis honestos, espera-se honestidade em forma de trabalho e
transparência.
De professores, espera-se mais que discurso de bons modos, espera-se
que mereçam o salário que ganham (pouco ou muito), agindo como quem é
honesto, espera-se a ética da responsabilidade. A honestidade não precisa de
propaganda, nem de homenagens, precisa de exemplos. Quem plantar joio,
jamais colherá trigo. Quando reflexões assim são feitas, cada um de nós se sente
o palhaço perdido no palco das ilusões.
Nesse sentido, você, que agora lê, reflete e sente, perceba que ninguém
está sozinho no mundo, e não pode viver em sociedade, carregando um grande
vazio, um senhor “buraco negro”.
A característica principal da inteligência intrapessoal desse tipo de
inteligência é a facilidade de quem a possui em compreender e identificar as
suas próprias emoções e em lidar com elas de forma adequada às várias
situações e aos seus objetivos pessoais.
A inteligência intrapessoal desempenha um papel importante no processo
de escolhas para atingir objetivos quando temos consciência de nossas
fragilidades pessoais, o que implica a necessidade de reflexão e de auto
avaliação.
A inteligência intrapessoal é essencial para o exercício de diversas
profissões. Os investigadores, os psicólogos, os filósofos, os autores e os atletas
de alta competição são alguns dos profissionais que precisam refletir sobre essa
habilidade nas relações humanas.
Os profissionais devem buscar essa habilidade pessoal cuja conexão com
a própria consciência, permite dominarem seus sentimentos desenvolvendo a
capacidade de reconhecer seus limites explorando suas experiências positivas
ou negativas e tornando suas relações interpessoais cada vez mais fortes e
harmônicas.
Segundo as obras que falam sobre o médico Austríaco no século XIX,
Sigmund Freud, a maioria afirma ele sugerir que o homem não tinha controle
nem mesmo de seus pensamentos e que frequentemente agimos em desacordo
com nossa racionalidade. Sob essa reflexão fica a sugestão de pensarmos sobre
as possibilidades de nosso inconsciente necessitar ser dominado seguindo a
afirmativa de Stourt (1953, p. 49), quando afirma ser “a consciência é a janela do
nosso espírito, o mal é a cortina”.
A inteligência intrapessoal é o correlativo interno da inteligência
interpessoal e que devemos utilizá-la para resolver nossos problemas pessoais.
É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências
próprias. A capacidade para formular uma imagem precisa de si própria, e a
habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta
inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas
simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações
linguísticas, musicais e políticas.
No entanto, para reconhecer a existência da inteligência intrapessoal,
inúmeros autores da Psicogênese do Comportamento Humano são unânimes
em propor uma teoria que postula a existência de múltiplas inteligências, em
oposição aos defensores da inteligência única. Daí a necessidade de uma
definição geral para inteligência, definições particulares para cada tipo de
inteligência e, finalmente, critérios para validar a existência e argumentos em
defesa de cada uma das inteligências propostas.
Autores como Howard Guardner, na sua teoria das Múltiplas Inteligências
quanto Daniel Goleman, em seu livro, mapeiam a inteligência emocional em
cinco áreas de habilidades:

1. Autoconhecimento emocional – reconhecer um sentimento enquanto ele


ocorre.
2. Controle emocional – habilidade de lidar com seus próprios sentimentos,
adequando-os para a situação.
3. Automotivação – dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para
manter-se caminhando sempre em busca.
4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais.

As três primeiras se referem à inteligência intrapessoal. As duas últimas,


à inteligência interpessoal, que é a habilidade de entender outras pessoas: o que
as motiva, como trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. A
inteligência intrapessoal: é a mesma habilidade, só que voltada para si mesmo.
É a capacidade de formar um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo e usá-
lo de forma efetiva e construtiva. O ser humano consegue ter a capacidade de
relacionamento consigo mesmo e autoconhecimento, além da habilidade de
administrar seus sentimentos e suas emoções a favor de seu potencial de
relacionamentos interpessoais, concluímos que ele alcançou a inteligência da
autoestima.

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