As Teorias de Resistencia
As Teorias de Resistencia
As Teorias de Resistencia
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II Trimestre / 2024 Dolce Saia
O Colonialismo Português em Moçambique (1890-1930)
iii. A terceira teoria sobre a resistência africana é aquela que considera que os
movimentos de resistência não eram insignificantes, pois tiveram
consequências importantes em seu tempo e ainda hoje têm notável
ressonância.
Fronteira Sul
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Ficha de História, 12ª classe C.D
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O Colonialismo Português em Moçambique (1890-1930)
portugueses.
Fronteira Centro
O conflito envolveu os portugueses, com o seu projecto Mapa-Cor-de-Rosa, e os
ingleses que tinham o plano de ligar o Cabo ao Cairo. Nesta região as disputas
foram muito mais acesas e chegaram a confrontação militar.
Em 1886, um ano após a Conferência de Berlim, Portugal elaborou o seu plano
de ocupação na África Austral que previa a ocupação de todas as terras entre
Angola e Moçambique – Mapa Cor-de-Rosa. No mesmo ano, e prevendo a
contestação inglesa, Portugal assinou tratados com Alemanha e França para
que estes países apoiassem Portugal em caso de disputa com os ingleses.
Em 1887 o ministro dos negócios estrangeiros português, Henrique Barros
Gomes apresentou à Câmara dos deputados o mapa cor-de-rosa que punha em
causa os desejos expansionistas dos ingleses. A reacção inglesa não se fez
esperar. Partindo das suas possessões na actual África do Sul, os ingleses
avançaram para Mashonalândia e Matabelelândia e apelaram aos portugueses
para abdicar das suas ambições. Instalou-se o conflito.
Em 11 de Janeiro de 1890, por intermédio do conservador Lord Salisbury, os
ingleses enviaram um ultimato exigindo a retirada imediata das tropas
portuguesas do Chire e da Mashonalândia sob perigo de quebra das relações e
recurso a força militar. Portugal tentou apelar aos seus “aliados” (Alemanha e
França) mas nenhum deles concedeu apoio. A Inglaterra enviou uma força da
companhia BSAC para atacar Manica. Sem o apoio dos “aliados” Paiva de
Andrade, administrador da Companhia de Moçambique, e como tal
representante dos interesses dos portugueses na região foi preso após as
tropas da Companhia de Moçambique terem sido derrotadas. De seguida os
ingleses construíram, em Manica, o forte Salisbury.
O governo português teve que se submeter ao ultimato inglês, vendo desse
modo fracassar a ideia do Mapa Cor-de-Rosa.
Fronteira Norte
Os conflitos no norte envolveram Portugal e Alemanha. Este país tinha ocupado
o Tanganyika desde 1884. Em 1894 atravessou o Rovuma para o sul
expulsando a guarnição portuguesa e substituindo-a por uma alemã. Apesar do
protesto formal apresentado pelos portugueses, os alemães se mantiveram e
alargaram a sua ocupação até Quionga. Só a derrota alemã na I Guerra
Mundial permitiu a Portugal recuperar as suas terras.
Em 1898 as dificuldades financeiras de Portugal e a crise política ligada ao
ultimatum inglês levaram a elaboração de um projecto de divisão de Angola e
Moçambique entre Inglaterra e Alemanha. Nesse ano a Inglaterra, que pretendia
garantir a neutralidade da Alemanha no conflito que tinha com a França por
causa do Sudão e a não participação alemã na iminente guerra anglo-boer,
assinou com a Alemanha um contrato que distribuía as áreas de influência.
Assim, caso Portugal contraísse empréstimo a qualquer das duas potências o
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norte de Moçambique, o sul de Angola e Timor ficaria com a Alemanha e o
resto ficaria com a Inglaterra. À este acordo de áreas de influência foi anexa
uma cláusula secreta que previa que em caso de incumprimento do estipulado
na concessão do empréstimo as duas colónias ocupariam efectivamente as
“áreas de influência” portuguesa. Contudo a Inglaterra apressou-se a dar
conhecimento da cláusula secreta aos portugueses.
A Alemanha desconhecedora da traição inglesa tentou acelerar o processo,
oferecendo a Portugal um empréstimo, mas Portugal recusou-se tentando obtê-
lo junto da França. Para tentar intimidar a Alemanha enviou, em Maio de 1898,
uma esquadra naval pelo Tejo, mas ao chegar a Portugal encontrou uma
guarnição inglesa e teve que regressar.
Face a situação vivida por Portugal este aceitou um pequeno empréstimo
britânico e assinou o tratado de Windsor pelo qual a Inglaterra reafirmou a sua
obrigação de proteger a integridade territorial de Portugal contra todos os
inimigos presentes e futuros. Por sua vez Portugal garantia a sua neutralidade
em caso de conflito na África do Sul e proibia o tráfico de armas pelo porto de
Lourenço Marques.
Em 1904 a Alemanha tenta sem sucesso retomar o diálogo sobre a partilha dos
territórios portugueses.
Em 1911 reactivou o seu velho interesse e conseguiu forçar o reinício das
negociações com a Inglaterra em 1913. O texto do novo acordo ficou pronto
mas não chegou a ser assinado devido a falta de consenso sobre certas
questões do acordo e início da Primeira Guerra Mundial.
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O Colonialismo Português em Moçambique (1890-1930)
a) Em que acontecimento concreto da ocupação efectiva se enquadra este
ultimato?
b) Como é que Portugal reagiu ao ultimato?
4. Foi no meio de conflitos entre Portugal e as diversas potências que foram
traçadas as actuais fronteiras de Moçambique.
Bom trabalho!