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ARQUIVOS E ACERVOS
HISTÓRICOS
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políticas de controle social. Na atualidade, arquivos de tais Estados podem ser
utilizados por historiadores e historiadoras para compreender as formas pelas
quais se construiu a estrutura ditatorial de um país, desvendar crimes políticos,
buscar reparações e inclusive permitir a compreensão dos fundamentos e
estratégias de práticas genocidas, casos da Alemanha Nazista, de Ruanda, ou
do Khmer Vermelho do Camboja. Porém, em sociedades que, a princípio,
deixaram para trás antigos modelos ditatoriais, como a Rússia, pode ser difícil
para historiadores acessarem determinados arquivos: mesmo nos dias de hoje,
arquivistas formados sob as regras da União Soviética acabam decidindo quais
documentos russos serão liberados aos pesquisadores, e que informações estes
estariam, por assim dizer, “autorizados” a acessar (Rosenberg, 2001).
Destruição e apagamento de arquivos (facilitado por sua digitalização)
foram estratégias comuns utilizadas por governos autoritários quando
perceberam seu iminente fim. Afinal, tais arquivos não apenas revelavam
detalhes da estrutura de dominação social, mas também explicitavam as
estratégias e os perpetradores de ações que, sob regimes democráticos,
acabariam sendo identificados como criminosos. Tome-se o caso do Serviço
Nacional de Inteligência da África do Sul, a polícia política do regime
segregacionista racial do Apartheid. Se durante o governo do Partido Nacional o
estado buscou “a destruição de toda memória da oposição por meio de censura,
confiscos, banimento, encarceramento, assassinato e um amplo conjunto de
outras ferramentas opressivas” (Harris, 2007, p. 173), durante o período de
transição para a democracia, o Serviço Nacional atuou intensamente para a
destruição de arquivos. Durante cerca de dois anos, incinerou mais de quarenta
toneladas de documentos, procurando apagar a memória dos crimes cometidos
pelo regime.
No entanto, nem todas as tentativas de destruição de arquivos de
governos autoritários tiveram sucesso. Às vésperas do evento conhecido como
Queda do Muro de Berlim, em 1991, funcionários invadiram os escritórios da
quase extinta polícia secreta da Alemanha Oriental visando a destruição de
arquivos, procurando apagar os traços de suas ações sob o governo autoritário.
Sua ação foi, porém, interrompida pela população e pelas autoridades,
permitindo que ficasse conhecida, em detalhes, a função dos arquivos nas
estratégias de atuação de uma das mais eficientes forças de controle social e
político da história recente.
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Estabelecida formalmente em 1949 com a divisão da Alemanha pós a
Segunda Guerra Mundial, a Alemanha Oriental organizou sua estrutura política
espelhando o modelo soviético, inclusive sua polícia secreta e controle de
informações. A Stasi, abreviação alemã para Ministério para a Segurança do
Estado, tornou-se uma das mais efetivas agências de polícia política e de
controle de informações da Guerra Fria, chegando a ter cerca de 260 mil
funcionários, sendo que mais da metade eram agentes. “Escudo e espada do
Partido”, como dizia seu lema, tinha como objetivo combater atividades
consideradas subversivas, algo que conseguia a partir de uma extensa rede de
espionagem, instilação da desconfiança entre a população e o aprisionamento
por motivação política de cerca de 250 mil pessoas durante suas quatro décadas
de funcionamento. E no centro desta política de controle social estavam os
arquivos e os arquivistas. Assim sintetiza o historiador Knabe:
Mas por que a Stasi coletava toda esta informação em seus arquivos?
O objetivo principal era controlar a sociedade. Em quase todos os
discursos, o ministro da Stasi dava a ordem para descobrir quem era
quem, ou seja, quem pensava o quê. Ele não queria esperar até que
alguém tentasse agir contra o regime. Ele queria saber antecipadamente
o que as pessoas estavam pensando e planejando. (Knabe, 2014, s.p.)
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da revolução e mantendo cuidadosos registros de suas várias ações e
atividades” 1 (Adam, 1998, p. 18).
Uma segunda relação que se estabelece entre práticas genocidas e
arquivos é a busca pela destruição dos registros da população atacada, como
estratégia de destruir vestígios de sua existência bem como sua herança cultural.
Na aula 2 foi comentado como a destruição do patrimônio judaico pelos nazistas,
tanto nos países ocupados quanto na própria Alemanha, acompanhou as ações
ligadas ao Holocausto. Da mesma forma, os eventos ligados a práticas de
limpeza étnica durante a guerra da Bósnia (1992-1995) foram acompanhados da
destruição de arquivos, bibliotecas e registros públicos, bem como objetos da
cultura material. Como afirma o antropólogo Hariz Halilovich sobre a ação do
exército sérvio,
1
Apesar de ter sido ordenada aos funcionários de Tuol Sleng a destruição dos arquivos, a tarefa
não foi realizada diante do que viram como prioridade: assassinar os presos restantes e fugir
antes da chegada do exército vietnamita.
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ocorreu em relação ao Tribunal Internacional Criminal para a Antiga Iugoslávia,
pois, como afirmado anteriormente, a prática da limpeza étnica foi acompanhada
pela destruição de registros da ocorrência do genocídio. Neste caso, a
identificação dos responsáveis e de suas motivações contou, além de vestígios
materiais como ossadas encontradas em valas comuns, com depoimentos de
sobreviventes. Todavia, este caso também demonstrou que os arquivos podem
desempenhar papel suplementar na reconstrução de um país ou de um povo
pós-genocídio, pois surgiram novos documentos, e portanto novos arquivos,
ligados àquele evento traumático. Estes novos arquivos participam do processo
de reconstrução dos grupos afetados pelas ações de limpeza étnica.
Considerando-se a importância dos arquivos para a busca da justiça, a
reparação de danos e a superação de traumas, torna-se ainda mais importante
o debate sobre os arquivos da chamada Operação Anfal, ocorrida em 1986 e
1989. Tratou-se de uma ofensiva genocida do exército iraquiano sobre a
população curda que vivia no norte do país, e que resultou na morte de 50 a 180
mil pessoas, principalmente homens curdos. Em 1991, os arquivos ligados a
essa operação foram tomados pelo exército dos Estados Unidos e retirados do
Iraque, para que fossem utilizados enquanto provas para possíveis acusações
de crimes de guerra cometidos pelo governo iraquiano. Em 2003, também os
arquivos do Partido Baath, que controlava o país sob o regime de Saddam
Hussein (1937-2006), foram levados aos Estados Unidos. Desde então,
especialmente por conta das informações sensíveis presentes nestes arquivos,
seu repatriamento vem sendo exigido pelo governo iraquiano. A maior parte
destes documentos está sob a guarda da universidade estadunidense de
Stanford, que concede seu acesso apenas a determinados pesquisadores
autorizados (Ba’ath, s.d.).
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Existe, na atualidade, um site do projeto Brasil: Nunca Mais, que disponibiliza estes e outros
documentos para download: <bnmdigital.mpf.mp.br>. Acesso em: 23 jan. 2020.
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insistentemente barrar a liberação e o acesso à documentação. Por exemplo,
ainda que os arquivos das Delegacias de Ordem Política e Social, que eram
órgãos repressivos dos estados, fossem gradualmente disponibilizados a
diferentes entidades para sua guarda, o acesso a seu conteúdo se mostrou
problemático. No Paraná, uma lei que autorizava a consulta dos arquivos por
pesquisadores foi promulgada apenas em 2013; em São Paulo, quando os
arquivos foram recebidos pelo Arquivo Público daquele estado em 1994,
percebeu-se que se encontrava mutilado (Governo de São Paulo, s.d.).
Os arquivos das diferentes instituições federais ligadas à repressão são
ainda mais problemáticos. Com o fim da ditadura e iniciado o período de
redemocratização, as agências de inteligência, bem como as Forças Armadas,
não se preocuparam a princípio em tomar medidas de ocultação de arquivos,
pois quem havia assumido a presidência, José Sarney (1930), tinha sua origem
na Arena, o partido político ligado ao regime ditatorial. No entanto, com as
eleições de 1989, particularmente o SNI, Serviço Nacional de Informações,
iniciou uma política de destruição de documentos que foi interrompida apenas
em 1990, com a dissolução da agência pelo presidente Fernando Collor (1949)
(Figueiredo, 2015).
As Forças Armadas, por sua vez, repetidamente se recusaram a fornecer
detalhes da documentação que mantinham, constantemente argumentando que
os arquivos do período ditatorial teriam sido destruídos como consequência de
práticas arquivísticas rotineiras. Na atualidade, por exemplo, não existe
praticamente nenhum documento relativo à atuação do DOI-CODI. Foi apenas
em 2005 que um decreto presidencial autorizou o Arquivo Nacional a manter a
documentação dos arquivos do SNI, do Conselho de Segurança Nacional (CSN)
e da Comissão Geral de Investigações (CGI); e a lei de acesso à informação de
2011 consolidaria o direito dos cidadãos brasileiros ao acesso às informações,
inclusive as relativas à ditadura militar. Mesmo assim, há muitos arquivos e
documentos desaparecidos e inacessíveis.
Assim como ocorre em governos repressivos, também a ditadura militar
procurou manter restrito o acesso aos arquivos e destruí-los quando se viram
sob ameaça de escrutínio social. Diferentemente do que ocorreu com outros
países que viveram sob ditaduras, porém, o Brasil ainda testemunha processos
de apagamento de arquivos. Não restam dúvidas de que muitos documentos
relativos ao período de 1964 a 1985 foram destruídos, mas é possível que exista
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uma quantidade considerável de documentos ainda a ser descoberta e trazida à
luz. O caso da Comissão Especial de Investigação Sumária (CEIS) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) é um exemplo.
A Comissão foi criada em 1964 com objetivo de identificar e expulsar da
universidade todos os funcionários, professores e alunos que fossem
identificados como elementos comunistas. As atas da comissão ficaram perdidas
por décadas e só foram preservadas por acaso: um dos professores 3, membro
da comissão, manteve os arquivos em sua residência. Após seu falecimento,
acabaram transportados ao Centro de Documentação da Universidade de
Caxias do Sul e lá preservados. Foi apenas em 2010, contudo, que um
pesquisador notou sua importância, registrou todos os documentos e os analisou
(Cerutti, 2010).
A trajetória das atas das reuniões da Comissão Especial de Investigação
Sumária demonstra a possibilidade de existência de documentação ligada à
ditadura militar ainda a ser encontrada nos arquivos. Faz-se necessário, porém,
além de preservar os documentos existentes, torná-los públicos: muito dos
documentos do período ainda não se encontra digitalizado, o que restringe seu
acesso e estudo por parte dos pesquisadores.
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Laudelino Teixeira de Medeiros (1914-1999).
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as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos”,
identificado as “estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias”
associados às violações, além de encaminhar aos órgãos públicos as
conclusões visando “a localização e identificação de corpos e restos mortais de
desaparecidos”, além de buscar “adoção de medidas e políticas públicas para
prevenir violação de direitos humanos” 4 (Brasil, 2011).
Com ambiciosos objetivos e tendo “verdade” como nome, a comissão
deveria contar com provas e testemunhos que fossem comprobatórios das
violações identificadas, e neste caso a disponibilização e análise de documentos
seriam essenciais. Porém, e como foi visto no item anterior, o Brasil já sofria com
significativos problemas relacionados aos arquivos ligados particularmente ao
período da ditadura militar, e esse foi um tópico importante dos trabalhos da
comissão. “Requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades
do poder público”, “determinar a realização de perícias e diligências para coleta
ou recuperação de informações, documentos e dados”, “promover parcerias com
órgãos e entidades [...] para o intercâmbio de informações, dados e
documentos” 5 (Brasil, 2011) eram todas atividades da CNV, previstas na Lei
12.528, que envolviam a busca de documentos e o acesso a arquivos. Portanto,
superar os obstáculos documentais estava no centro dos objetivos da comissão.
Todo um esforço documental e arquivístico foi criado, desde os primeiros
anos do século XXI, em busca da organização de informações ligadas à ditadura
militar. A CNV contou, em primeiro lugar, com medidas de 2007 e 2009,
mencionadas anteriormente, e a documentação das Assessorias de Segurança
e Informações e das Divisões de Segurança e Informações foi recolhida e
organizada por arquivistas do Arquivo Nacional em Brasília. Em 2009, foi criado
o Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil – Memórias Reveladas
(Brasil, 2009), com o objetivo de não apenas coletar, mas analisar, digitalizar e
disponibilizar ao público informações sobre a história recente do país, dispersas
nos arquivos anteriormente secretos dos órgãos de inteligência e repressão. A
criação do Memória Reveladas foi acompanhada pelo apelo público, por parte
do Arquivo Nacional, e a doação de documentos relacionados à ditadura militar.
Esse apelo foi correspondido com a doação de cerca de 200 mil páginas de
documentos incorporados ao acervo (Brasil, 2009).
4
Lei 12.528. art. 3º.
5
Lei 12.528. art. 4º.
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A Comissão Nacional da Verdade, portanto, desenvolveu suas atividades
em trabalho conjunto e de maneira bastante próxima ao Arquivo Nacional (AN),
como fica claro no próprio relatório final da comissão:
O auditório da sede do AN, assim como seu salão nobre, foi utilizado
pela CNV para a realização de reuniões do Colegiado, coleta de
depoimentos de vítimas e agentes da repressão, além das audiências e
sessões públicas. Em Brasília e no Rio de Janeiro, o AN forneceu
suporte aos pesquisadores da CNV, de modo a assegurar amplo acesso
a documentos e a célere obtenção de cópias. Para agilizar o processo
de digitalização dos acervos identificados como prioritários para o
atendimento das demandas da CNV, o AN, com apoio do Ministério da
Justiça, ao qual se encontra vinculado, reforçou sua infraestrutura de
tecnologia de informação, digitalizando cerca de 10 milhões de páginas
de documentos. (Brasil, 2009)
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Augusto Pinochet (1915-2006) porque os arquivos das polícias secretas, DINA
(Dirección de Inteligencia Nacional) e posteriormente a CNI (Central Nacional de
Informaciones) eram praticamente inexistentes.
A Argentina, procurando superar as ações de recuperação de memória
nos anos 1980, em um movimento que acabou anistiando ex-oficiais das Forças
Armadas condenados por crimes cometidos durante a ditadura (1976 a 1983),
iniciou uma nova ação de recuperação da memória nos anos 2000. No entanto,
as dificuldades encontradas se assemelhavam àquelas do Chile, no que se
refere à quantidade relativamente pequena de documentos, agravada pela
ausência de leis que regulamentassem o acesso a arquivos (Catela, 2008).
Tais casos diferem do que ocorreu na Alemanha em seu processo de
reunificação, em que os arquivos da Stasi, protegidos da destruição, foram
utilizados para eliminar de cargos públicos todos aqueles que estiveram
envolvidos com atividades repressivas. E entre a ausência de arquivos e sua
existência quase completa está o curioso caso da Grécia: após ter ocorrido o
que se considerou a reparação às vítimas do regime ditatorial de 1967 a 1974,
os documentos do regime foram destruídos, impedindo-se um aprofundamento
dos estudos bem como reparação a novas vítimas. A Espanha, em finais dos
anos 1980, considerou tomar atitude semelhante em relação aos arquivos das
agências de segurança do regime de Francisco Franco (1892-1975). Neste caso,
por se perceber que as instituições democráticas haviam herdado muito de sua
estrutura administrativa – inclusive os arquivos – da ditadura franquista. Os
arquivos, de toda forma, foram preservados.
Merecem um comentário à parte os chamados Arquivos do Terror,
localizados na década de 1990, relacionados à ditadura de Alfredo Stroessner
(1912-2006), que governou o Paraguai de 1954 a 1989. Os documentos foram
encontrados casualmente no início dos anos 1990 na cidade paraguaia de
Lambaré, em um depósito de cinco metros quadrados, guardados pela polícia
local (Nodal Cultura, 2018). Esse conjunto documental, atualmente parte do
projeto Memória do Mundo da Unesco, apresenta detalhes da morte e do
desaparecimento de cerca de 80 mil pessoas, além de revelar o funcionamento
da Operação Condor, acordo entre as ditaduras do Cone Sul que envolvia a
repressão política, com prisão, tortura e assassinatos de pessoas consideradas
inimigas dos regimes. Esse conjunto documental foi utilizado pelas vítimas
paraguaias que buscaram, além de reconhecimento de suas tragédias pessoais,
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reparações por meio da Comissão de Verdade e Justiça daquele país. Os
documentos, porém, serviram também para lançar luzes sobre crimes políticos
e vítimas de outros países da região, especialmente aqueles em que eram
escassos os vestígios documentais.
Tem-se, portanto, que um dos primeiros e principais usos dos arquivos de
regimes autoritários é o de lançar luzes sobre momentos históricos sobre os
quais as informações eram limitadas. Além disso, permitiram que fossem
construídas formas de reparação das vítimas e de suas famílias, além de
reconhecimento dos crimes aos quais foram submetidas. Deve-se lembrar,
porém, que tais usos de arquivos, assim como semelhantes processos de
reparação, não são novidade histórica recente. Nos julgamentos de Nuremberg,
por exemplo, os arquivos produzidos pelos próprios nazistas foram utilizados
extensivamente para comprovar as ações criminosas cometidas por aquele
regime, apontando e condenando seus responsáveis.
Um segundo uso que se pode destacar para a utilização de arquivos de
regimes autoritários é que, por meio deles, podem ser conhecidas expressões
políticas e culturais que contrariavam os objetivos políticos daqueles regimes.
Afinal, por sua própria natureza, ideias consideradas subversivas eram
frequentemente proibidas de serem apresentadas sob governos ditatoriais. Os
processos se tornam, assim, uma porta de entrada para a compreensão dessas
visões divergentes de sociedade.
Por fim, a manutenção destes arquivos é essencial à própria existência de
um estado democrático. Por um lado, por manter viva a memória das ações e
consequências de regimes políticos autoritários. Por outro, para servir de
indicação das consequências, sociais e humanas, provocadas pela violação dos
direitos humanos.
NA PRÁTICA
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REFERÊNCIAS
ADAM, D. The Tuol Sleng archives and the Cambodian genocide. Archivaria,
Canadá, n. 6, jan. 1998.
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HARRIS, V. Redefining archives in South Africa: public archives and society in
transition, 1990-1996. In: Archives and justice: a South African perspective.
Chicago: Society of American Archivists, 2007.
KNABE, H. The dark secrets of a surveillance state. TED, 2014. Disponível em:
<https://www.ted.com/talks/hubertus_knabe_the_dark_secrets_of_a_surveillanc
e_state/transcript>. Acesso em: 13 jan. 2020.
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