Mobilidade Urbana-Poluição-6-2024

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Conforto Ambiental

Curso de Arquitetura

Poluição e Clima
Mobilidade Urbana

Este material não é uma apostila. Contém os tópicos de aulas da disciplina de Conforto Ambiental-CLIMA.
POLUIÇÃO E CLIMA

O modelo de crescimento urbano que boa parte das metrópoles mundiais tem
adotado vem criando situações de desequilíbrio e desconforto ambiental em função
da geração de poluentes acima da capacidade de assimilação pelo ecossistema e
dificuldade ou descaso no tratamento dos mesmos por aqueles que o produzem.

Uma vez que a capacidade do meio ambiente de assimilar os resíduos gerados que
promovem a poluição atmosférica está se esgotando, estratégias para minimizar a
emissão de poluentes ou seus impactos devem ser adotadas. Nesse contexto, a
morfologia urbana adequada - que resulta do bom planejamento da cidade - tem
papel fundamental, já que influencia no comportamento do clima local.

Fonte: Mestrado de Ana Carolina S. Venturini – Cenário Urbano: o desenvolvimento e o micro clima da cidade - 2009
POLUIÇÃO E CLIMA
3 fatores estão diretamente ligados

Uso e
Ocupação do
Solo

Poluição Mobilidade
(Clima) Urbana
POLUIÇÃO E CLIMA

Variáveis como altura das edificações, taxa de adensamento e


permeabilidade do solo – elementos pré-determinados em legislação –
estão diretamente relacionadas com o comportamento do cenário urbano.

Veremos como o fenômeno de Ilha de Calor potencializa a condição de


poluição atmosférica advinda dos gases emitidos pelos meios de transporte.
POLUIÇÃO E CLIMA

Inversão térmica

A inversão térmica ocorre geralmente nos meses de inverno, sobre grandes centros
urbanos. Normalmente, em outras situações, a temperatura cai com a altitude, ou seja,
quanto mais próximo do solo, mais quente, e à medida que se sobe na atmosfera, o ar
fica mais frio, como na figura abaixo.
POLUIÇÃO E CLIMA

Inversão térmica

Na inversão, que ocorre a mais ou menos 1km de altitude, o ar passa a


registrar temperatura mais elevada, ficando mais quente do que a camada de ar abaixo
dela. O ar mais frio é mais denso e, portanto, tende a descer para o solo, assim:
Em 2010
POLUIÇÃO E CLIMA

Como consequência dessa elevação de temperatura, um dos fenômenos


comumente encontrados nestas cidades, onde a paisagem urbana foi
predominantemente modificada, é a ilha de calor. Nesta condição, na qual o
ar quente fica preso a baixas altitudes, a dispersão de gases e poluentes
atmosféricos é dificultada e afeta diretamente sobre a saúde da população.
POLUIÇÃO E CLIMA

Esse fenômeno por si só já seria preocupante o suficiente para demandar a


atenção acerca das consequências que pode provocar, e no entanto quase
nunca está sozinho. A coexistência de outros fatores relevantes como a
diminuição de massa vegetativa, a aplicação de materiais com alta
capacidade de retenção de calor – concreto, asfalto – o lançamento de
poluentes atmosféricos e o aumento na geração de resíduos nos centro
urbano agrava ainda mais a condição de desconforto e salubridade.
POLUIÇÃO E CLIMA
O efeito “ilha de calor” pode ser considerado como uma das propriedades básicas do
clima urbano. Caracterizado como uma anomalia térmica, que possui dimensões espaciais
(horizontais, ou seja, extensão; verticais, ou seja, altura) e temporais (por exemplo, as
estações do ano), este efeito está diretamente relacionado com o tamanho da cidade,
quantidade de construções, uso do solo, com o clima e com as condições meteorológicas
daquele lugar (OKE, 1981).

OKE, T. R. Boundary Layer Climates. New York, NY: Methuen & Co., 1981.
Ilha de Calor
Ilha de Calor
Canyons Urbanos

Dentro da perspectiva da morfologia urbana temos o conceito de canyons urbanos e suas


implicações. Conceitua-se como canyons urbanos, os corredores de edificações altas e
concentradas separadas por ruas; devendo se considerar para tal a relação entre as
dimensões altura, largura e comprimento das construções urbanas e as propriedades
térmicas dos materiais que os constituem (cobertura do solo, materiais de construção etc.)
(LOMBARDO, 1985).

LOMBARDO, Magda Adelaide. Ilha de Calor nas Metrópoles. Ed. Hucitec, São Paulo, 1985.
Canyons Urbanos
Como fatores que influenciam o microclima nos canyons, podemos considerar:
• O calor produzido pelo movimento de pessoas, tráfego de veículos, pelo aquecimento das
pessoas, tráfego de veículos, pelo aquecimento das casas e prédios próximos;
• A redução do fator visão do céu (FVC) pela geometria dos edifícios;
• A capacidade de estocar calor, assim como de reemiti-lo, causada pelas propriedades
térmicas dos materiais de construção;
• O aumento do fluxo de calor sensível causado pela diminuição da evaporação, o que por
sua vez é causada pela ausência de vegetação e da superfície permeável;
Canyons Urbanos

A amplitude do aquecimento urbano é função da propriedade térmica dos materiais; da


capacidade que estes têm de absorver e refletir a radiação solar. A esta capacidade dá-se o
nome de albedo.
A reflexão da radiação solar é dependente também da morfologia urbana, sendo menor a
capacidade de reflexão nas situações de canyons urbanos que em áreas abertas.

Quanto menor o albedo maior a capacidade de absorção de calor do material


Canyons Urbanos
Podemos assim afirmar que a formação das ilhas de calor está
diretamente relacionada ao uso do solo.

Atualmente, na legislação brasileira, instrumentos como Plano Diretor e Lei de Uso e


Ocupação do Solo, são formulados com objetivo de recomendar o uso adequado do solo
da cidade, procurando garantir uma vida urbana mais confortável, aproveitável, segura,
além de fornecer um terreno propício ao crescimento econômico da cidade.
Canyons Urbanos

A figura mostra situações distintas desse comportamento. Nos casos (a) e (b), edificações
com alturas semelhantes apresentam resposta diferente em função do espaçamento entre
elas. Em (a) a dispersão é dificultada em relação à (b) e os poluentes ficam mais tempo nas
baixas altitudes. Nos casos (c) e (d) temos morfologias semelhantes com condições de
emissão diferentes. A dispersão de poluentes em (c) não encontra barreiras, pois acontece
no nível acima ao das edificações enquanto em (d) as construções servem de barreira.
Sustentabilidade

O termo sustentabilidade, é descrito como “aquela que é capaz de suprir as


necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às
necessidades das gerações futuras. É o desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro“.

Existem quatro diretrizes que devem ser consideradas na proposição de um


projeto de espaço sustentável:
• Enlace: o desenvolvimento econômico, a habitação acessível, a segurança
pública, a proteção do meio ambiente e a mobilidade se inter-relacionam,
e devem ser abordados de maneira integrada;
• Inclusão: deve-se conciliar uma variedade de interessados para identificar e
alcançar valores e objetivos comuns;
• Previsão: devem ser elaborados objetivos de longo prazo;
• Qualidade: devem ser buscados e privilegiados elementos que contribuam
para manter a diversidade. Assim, é assegurada a qualidade e não somente
a quantidade dos espaços, incrementando a qualidade da vida urbana
Clima Urbano

É preciso considerar inicialmente a existência de um clima tipicamente


urbano. Este clima é a modificação do clima local que, em relação às
condições climáticas das áreas circunvizinhas, apresentam maiores
quantidades de calor e modificações na composição da atmosfera, na
ventilação e na umidade do ar, como já discutido anteriormente. Logo,
resume-se que as características dos centros urbanos (densidade, vegetação,
morfologia) são responsáveis pela definição de um clima local com
temperaturas superiores à das áreas vizinhas e rurais.

Recordando os Tipos de Clima Urbanos

Microescala – escala típica dos microclimas urbanos;


Escala local – inclui os efeitos climáticos das características da paisagem;
Mesoescala – influencia no tempo e no clima de toda a cidade.
Clima Urbano

O adensamento e a geometria urbana, balizados por legislação específica


que em grande parte estimula a verticalização de edifícios, são
responsáveis por alguns fatores que contribuem diretamente para a
condição de alteração do clima urbano. Inicialmente podemos considerar
que a construção utiliza-se de materiais com capacidade de absorção e
reflexão de radiação solar.

Esse comportamento, que depende das características de cada material,


contribui para o ganho térmico das edificações, fazendo com que essa
carga térmica fique retida por mais tempo, nos materiais de maior inércia
térmica, e seja emitido para a atmosfera com certo atraso.
Mobilidade Urbana

A mobilidade urbana não é um fim em si mesmo, a mobilidade urbana é


um meio de levar o desenvolvimento para a cidade. O fim em si mesmo
seria uma visão da mobilidade apenas como sistema de transporte, ou
seja, somente transportar pessoas de um ponto ao outro.
O sistema de transporte deve estar a serviço do desenvolvimento urbano
e social para transformar a vida das pessoas, gerar riquezas com menor
impacto ambiental e econômico.
8 princípios básicos
Compactar
1
Adensar
2
Usar o Transporte Público
3
Conectar
4
Misturar
5
Usar Bicicleta
6
Promover Mudanças
7
Caminhar
8
1-Cidades compactas — a cidade sustentável deve ser
compacta, coesa e bem conectada, de modo a reduzir o
espraiamento focando o desenvolvimento em áreas já
ocupadas ou a ela adjacentes. Deve também fazer
coexistir no mesmo espaço, trabalho e moradia para
evitar deslocamentos desnecessários.
1
2-Cidades densas — é importante que haja correspondência
entre densidade urbana e capacidade do sistema de
transporte. Para isso, é preciso adaptar a densidade à
capacidade do sistema de transporte; maximizar a capacidade
do sistema de transportes planejado; e construir nos terrenos
vazios e subutilizadas prevenindo o espraiamento urbano e
tornando os bairros mais vivos e dinâmicos. Um
desenvolvimento onde a ocupação espacial urbana está
vinculada à operação do sistema de transportes de forma
planejada e integrada.
2
3-Cidades que ofereçam transporte de massa de
qualidade — O transporte público deve garantir um serviço
de transporte frequente, rápido e direto. Pra isso, é
necessário estabelecer um corredor de alta capacidade com
linhas exclusivas para o transporte público cujas estações
estejam a uma distância que possa ser percorrida a pé para
80% da população do entorno. O transporte de massa pode
movimentar milhões de pessoas rápida e confortavelmente
usando uma fração do combustível e espaço viário
requeridos pelos automóveis.
3
4-Cidades bem conectadas — Criar sistemas compactos
e densos de ruas e travessas com alta permeabilidade
para pequenos trajetos a serem feitos a pé, de bicicleta ou
com outros modos (skate, patins, cadeira de rodas). Áreas
sem carros, verdes, com sombra, que facilite o trajeto.
Quanto mais conectados os quarteirões, mais curta a
distância entre os destinos, tornando o andar a pé ou de
bicicleta mais atrativos
4
5-Cidades que proporcione uso misto do solo —
Planejar o uso misto do espaço urbano, harmonizando
moradia, comércio e serviços, e oferecendo, e
oferecendo parques e atividades de lazer em espaços
públicos ao ar livre. O incremento do uso misto pode
reduzir a média de km/dia de viagens de automóvel por
pessoa em 30%.
5

Misturas do uso do solo


6-Cidades que proporcionem o andar de bicicleta —
andar de bicicleta é o meio mais eficaz de transporte já
inventado. Usando a mesma quantidade de energia, chega-
se três vezes mais longe do que caminhando. Deve-se criar
ciclovias e ciclofaixas, desenhar ruas que propiciem
conveniência e segurança para o ciclista, providenciar
estacionamento seguro para as bicicletas públicas e privadas.
6
7-Mudanças que regulem o uso do automóvel – a
regulação com foco na circulação e no estacionamento deve
ser simultânea ao transporte público de qualidade e ao foco
no transporte não motorizado. Ou seja, reduzir o número de
estacionamentos para desestimular o uso de automóveis
particulares nos horários de pico do trânsito. Medidas de
regulação também devem focar no limite de velocidade. A
queda de 5 km/h na velocidade resulta em 15% menos
colisões, 10% menos mortes de pedestres e 20% menos
acidentes graves de pedestres. (sem exageros).
7
8-Cidades que proporcionem a opção por andar a pé –
Propiciar ambientes adequados para pedestres, que se enfatize a
segurança e o fácil deslocamento. Pesquisas já demostraram que
habitantes que moram em comunidades urbanas nas quais é
possível o deslocamento a pé consomem metade da energia per
capita consumida por moradores de áreas afastadas que usam o
transporte motorizado seus deslocamentos. As pessoas devem
frequentam a área para apreciar cafés, concertos, exibições de
arte, aulas de ioga, brincadeiras lúdicas, ou simplesmente para
descansar e observar as pessoas.

Fonte: seminário ITDP – “As cidades somos nós”


8
Mobilidade Urbana

A pirâmide inversa do tráfego

Este diagrama
mostra como
deveria ser a
prioridade no
planejamento da
mobilidade.
Hoje em São Paulo...
Hoje em São Paulo...
Fontes:
Rede Paulista de inovação em governo
http://igovsp.net/sp/cidades-transitaveis-e-agradaveis/

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