Aula 12 Psicologia Do Esporte 2024

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Psicologia do Esporte

Aula 12
Profa. Me. Andréa Siomara de Siqueira
CONTEÚDO:
Lesões esportivas e a psicologia.

Texto base:

MEDEIROS, Clarice. Lesão e dor no atleta de alto rendimento: o


desafio do trabalho da psicologia do esporte. Psicol. rev ; 25(2):
355-370, dez. 2016. Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-909707
OBJETIVOS:
- Compreender como a identificação do atleta com a figura do “atleta-herói” pode levar
a uma busca de potencializar o corpo a qualquer custo em prol do rendimento e, com
isso, aproximar-se das possibilidades de se lesionar e ter dor;
- Saber que é comum encontrar atletas que treinam e competem lesionados e em
constante estado de dor;
- Esclarecer que não é possível reduzir o cenário da lesão e da dor a mero problema
físico ou orgânico, descartando a subjetividade inerente à dor;
- Compreender que a psicologia, em especial, a do esporte, pode auxiliar o atleta no
processo de reabilitação;
- Contextualizar brevemente a história da dor.
Entrando no tema:

PODCAST: 4m59s | Ciência e Esporte - Paulo Santiago


https://jornal.usp.br/atualidades/fatores-psicologicos-podem-causar-
lesoes-fisicas-em-atletas/
- O esporte de alto rendimento constitui um processo
constante de otimização das capacidades.
- Muitos fatores contribuíram para esse aumento constante do
desempenho como, por exemplo, o desenvolvimento científico
da medicina, da biomecânica e da fisiologia.
- Se antes havia temporadas de jogos e férias, hoje em dia, uma
temporada tende a emendar na outra ou uma competição na
outra, deixando pouco tempo para o descanso.
- Exemplo:
https://www.espn.com.br/futebol/time/calendario/_/id/874/corinthia
ns
- Na cultura esportiva, onde os atletas de alto rendimento se
inserem, há um discurso e uma prática que visam à superação
dos limites custem o que custar, é preciso dar “100%” e mais.
- Todos já ouvimos o famoso slogan:
- O atleta aprende a conviver com a imagem da
invulnerabilidade, a crença de que ele é forte e capaz de todos
os sucessos, quase sem limites.
- É esperado desse indivíduo que ele renda e que seu corpo
seja cada vez mais aperfeiçoado. A sobrecarga de treinos e
competições introduz uma prática corporal marcada pelo
excesso, convocando o atleta a ultrapassar o seu limite.
- No entanto, ao desafiar o limite de seu corpo em prol do
rendimento, o atleta se aproxima da possibilidade de sofrer
lesões.
- É comum que muitos jogadores treinem e joguem lesionados ou
em constante estado de dor.
- Estamos diante da presença de um sujeito que sofre e que
muitas vezes não se autoriza a expressar seu sofrimento por
estar identificado à imagem do herói e inserido em um contexto
onde a lesão e a dor são naturalizadas e permitidas: é o preço
que se paga se quiser ser campeão.
Vídeo 1: 2m29s | Thiago
Braz - Medalha de Ouro no
Salto com vara
https://www.youtube.com/w
atch?v=t4SMRRZdEHw

Vídeo 2: 10m13s | Um dia


Dourado Thiago Braz
relembra feito histórico nas
Olimpíadas do Rio 2016
https://www.youtube.com/w
atch?v=gWKpR_1qRFw
- A lesão e a dor proveniente dela - ou não - são problemáticas
diárias com as quais o atleta se defronta e, frequentemente,
diante delas, ou há uma tolerância, ou se faz uso de
analgésicos e anti-inflamatórios indiscriminadamente, ou
algumas sessões de fisioterapia.
- Seja qual for a saída escolhida, o objetivo é poder voltar a
colocar rapidamente o potencial corporal e esportivo em
jogo.
História da dor e dos jogos:
- A dor é uma construção cultural e social e por esta razão não
tem o mesmo significado em todas as épocas e em todas as
civilizações.
Vídeo: 5m32s | A HISTÓRIA DA DOR
https://www.youtube.com/watch?v=C5bEByDJ6io
Período da antiguidade grego-romana
- A prática esportiva foi organizada na forma dos Jogos
Olímpicos;
- É nesse período que nasce a ligação entre heroísmo e esporte;
- É desse período que surge a ideia do atleta-herói.
Ao articular atleta e herói, é criado um papel identitário ao
esportista de guerreiro, forte e corajoso. O esporte tornou-se um
cenário de representações heróicas de atletas, gerando e
propagando valores como o de tornar o impossível possível e a
superação dos limites.
Antes do século XIX:
- A dor era definida como um fenômeno da mente e poucas
tentativas foram feitas para tentar explicá-la em termos de seus
mecanismos anatômicos e fisiológicos.
Século XX: Neurofisiologia da dor - Modelo Nociceptivo
- Com a evolução do pensamento e pesquisas médico-científicas,
progressos ocorreram sobre o conhecimento da anatomia e
fisiologia do corpo humano e a dor passou a ser entendida como
um sistema sensorial humano, semelhante à audição ou visão,
com os seus próprios substratos neurológicos.
- A transmissão da informação da dor foi considerada como
estando ao longo de uma via direta, indo desde os receptores
periféricos até o centro de dor no cérebro.
Vídeo: 2m32s | O básico sobre Neurofisiologia da dor
https://www.youtube.com/watch?v=-_ZaQH3wYoc

Vídeo: 3m49s | ETAPAS DA NOCICEPÇÃO EXPLICADAS


(NEUROFISIOLOGIA)
https://www.youtube.com/watch?v=qqHPM1U6GZk
Atualmente, a Associação Internacional do Estudo da Dor
(IASP), define a dor como:
- “uma experiência sensorial e emocional desagradável
relacionada com lesão tecidual atual ou potencial ou
descrita em termos de tal lesão” e defende o seu tratamento
como um direito humano.
- Clique no site do IASP para conhecer mais:
https://www.iasp-pain.org/
No campo esportivo especificamente, quando o atleta se lesionou de
forma mais grave ou sente uma dor mais aguda ou mais constante, é
feita uma procura a um médico e a um fisioterapeuta. Quando as
lesões são mais leves ou as dores mais brandas, é comum o
atleta ficar em silêncio por acreditar que deve suportá-las por
fazer parte do processo de potencialização das suas aptidões físicas.
Vídeo: 6m38s | BANDNEWS EM FORMA: DORES NO
TREINO | VIVA O ESPORTE
https://www.youtube.com/watch?v=o5QzPQBA2lg
- Rubio (2013) ressalva que, no esporte, é preciso considerar os
fatores físicos que desencadeiam casos de lesão e de dor, tais
como: desequilíbrios musculares, colisões, treinamento
excessivo e fadiga física.
- Devido à quantidade e à qualidade do esforço físico
realizado por atletas, é possível afirmar que essa população
tende a ter uma tolerância e limiar à dor mais alta do que a
população em geral. Apesar disso, os atletas parecem não
conseguir distinguir qual tipo de dor ignorar e qual atender
e responder, assim como desconhecem a quantidade de dor que
são capazes de tolerar.
- As manifestações das dores são sempre singulares,
surpreendentes e escapam a qualquer padrão
predeterminado. As diferentes formas de expressar e lidar
com a dor sinalizam maneiras peculiares da relação que o
sujeito estabelece com seu corpo. A dor excessiva, o choro
constante, revolta e raiva em relação à lesão sofrida, apatia e
culpa são exemplos das emoções vividas por atletas no
primeiro período que segue a lesão.
- Quando o atleta sofre a lesão, seus pensamentos e sentimentos
podem produzir uma dor psicológica, muitas vezes, maior
que a dor física e que pode perdurar por muito mais tempo.
- Conhecer a história de vida do atleta e o papel da lesão em sua
história passa a ser passo fundamental para o auxílio do trabalho
de reabilitação psicológica, pois muitas vezes, não se trata de
auxiliar na reabilitação da lesão propriamente dita, mas do
auxílio de uma condição mais conflituosa e singular (Markunas,
2010).
- Markunas (2010) menciona diversos estudos indicativos de
que há uma relação entre os acontecimentos da vida do
atleta geradores de estresse e lesões.
- A lesão e a dor não possuem apenas uma justificativa física
apresentando, também, um correlato psicológico e isso justifica
a participação do profissional de psicologia no processo de
reabilitação.
- Cada lesão apresenta um cenário de ajuste psicológico ao
trauma físico (Brandão & Agresta, 2008), de modo que
não é possível fazer uma diferenciação entre a dor física e
a dor psicológica (Nasio, 2008).
- A emergência da dor no atleta, enquanto um sintoma, acusa uma
desorganização do sujeito.
- O psicólogo será aquele profissional que poderá acolher e escutar o
sofrimento, apostando na saída da posição de assujeitado e
podendo advir a dimensão do sujeito, com suas histórias, questões,
demandas. Com isso, busca-se reinserir a lesão e a dor na
história do sujeito, auxiliando-o no processo de reabilitação.
- Por escapar ao saber médico, o psicólogo encontra um campo
fecundo de atuação, podendo responder a essa demanda de
tratamento, ouvindo-a e acolhendo-a de uma forma diferente
que a dos profissionais da área médica.
- O caminho para o trabalho do psicólogo é o de auxiliar na busca
de um sentido para a lesão e para a prática esportiva, além de
responsabilizá-lo pelo seu tratamento, inserindo a lesão e a dor
em sua história de vida.
- A compreensão da lesão pelo próprio atleta é fundamental,
sendo necessário discutir o papel da lesão em sua vida, sua
importância e seu significado.
LEITURA PARA AS PRÓXIMAS AULAS:
Machado, A. A., & Tertuliano, I. W. (2019). Principais lesões
psicológicas no esporte: conceito, modelos teóricos, formas de
intervenção e reflexões sobre o medo e a vergonha. Pensar a
Prática, 22. https://doi.org/10.5216/rpp.v22.53383
LEITURA PARA AS PRÓXIMAS AULAS:
BARBOSA RIBEIRO, Victor; REGINA GARIJO DE OLIVEIRA,
Sandra; GONCALVES DA SILVA, Flávia. Preditores psicológicos,
reações e o processo de intervenção psicológica em atletas
lesionados. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro , v. 18, n. 1, p. 70-88, abr.
2013 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806
-58212013000100006&lng=pt&nrm=iso>.

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