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Aristóteles

ARISTÓTELES
Aristóteles de Estagira 384 – 322 a.C, na Macedônia, filho de um médico da corte do rei Amintas II.
Aos 18 anos, foi transferido para Atenas a fim de estudar. Tornou-se discípulo da Academia de Platão
durante 19 anos. Aristóteles rompe com esses ensinamentos após a morte do mestre, rejeitando
a teoria das ideias e o dualismo platônico. Elabora o seu próprio sistema filosófico a partir de uma
crítica ao pensamento de Platão, fundou o Liceu, sua própria escola para ensinamentos filosóficos;

Pertence ao terceiro período da filosofia antiga, conhecido como SISTEMÁTICO IV-III a.C.;
Escreve essencialmente em forma de tratado.

A CRÍTICA A PLATÃO
Contra Parmênides e seus seguidores, que entendiam o ser (a realidade, a existência) como único.
Contra Platão e seus seguidores, que viam o mundo inteligível como aquele com o maior grau de
realidade. Contra essas duas correntes, Aristóteles, caracteriza o ser de maneiras diferentes.

Para Aristóteles, em uma concepção de realidade o que existe é a substância individual, e que os
indivíduos são, por sua vez, composto de matéria (hyle) e forma (eidos)

A matéria é o princípio de individuação e a forma a maneira como, em cada indivíduo, a


matéria se organiza. Assim, todos os indivíduos de uma mesma espécie teriam a mesma forma,
mas difeririam do ponto de vista da matéria, já que se trata de indivíduos diferentes, ao menos
numericamente. É como se, de certo modo Aristóteles jogasse o dualismo platônico para den-
tro do indivíduo, constituindo uma unidade. Matéria e forma são indissociáveis, constituindo
uma unidade.

METAFÍSICA
O que hoje se conhece como a Metafísica de Aristóteles
é um conjunto de quatorze manuscritos que foram
escritos provavelmente no final da vida do pensador.
Aos assuntos ali estudados, o próprio filósofo dava o
nome de Filosofia Primeira.

O termo metafísica surgiu quando Andrônico de


Rodes, filósofo grego do século I a.C, organizou
Quatorze manuscritos de Aristóteles que tratavam
das realidades que estão “além da física”.

Essência e acidente: dentre as características da


substância individual, a essência é aquilo que faz com que a coisa seja o que é, a unidade. Os aciden-
tes são as características mutáveis e variáveis da coisa, sem que isso afete sua natureza essencial,
que é estável.

Ex. “Sócrates é um ser humano”

“Sócrates é calvo”

Necessidade e contingência: é correlata à distinção entre essência e aci-


dente. As características essenciais são necessárias, ou seja, a coisa não
pode deixar de tê-las, caso contrário deixaria de ser o que é, ao passo
que a contingentes são variadas e mutáveis.

Sócrates é necessariamente um ser humano, e apenas contingente-


mente calvo.

Ato e Potência: essa distinção também permite explicar a mudança e


a transformação. Uma coisa pode ser uma e múltipla.

2 FILOSOFIA • VIVIANNE CATOLÉ


Ex. A semente é, em ato, semente, mas contém em potência a
árvore. A árvore é em ato, mas em potência pode ser lenha.
ATENÇÃO
“Deus” em Aristóteles não é no sentido cristão, mas sim na
“Nada do que está em potência passa ao ato senão por
forma de “Ser” que organiza o universo, dando a ele formas
outra coisa que está já em ato.”
– isto é, essência. Nesse sentido a inteligência e o inteligível são
Aristóteles
uma só e mesma coisa em “Deus”, que pensa a si e por si mesmo.

TEORIA DAS 4 CAUSAS LÓGICA


Os estudos metafísicos de Aristóteles são também apresentados Um dos vetores fundamentais do pensamento de Aristóteles é a
como pesquisa das causas primeiras. A concepção aponta aquilo Lógica, assim chamada posteriormente (ele preferiu sempre a
que funda, que condiciona, que estrutura. Mas o que é a tota- designação de Analítica). A Lógica é a arte de orientar o pensa-
lidade das causas, para que possamos estabelecer as primeiras? mento nas suas várias direções para impedir o homem de cair no
erro. O Organon ficará para sempre um modelo de instrumento
▸Causa formal: trata-se da forma ou modelo que faz com que
científico ao serviço da reflexão.
a coisa seja o que é. (o que é x ?)
▸Causa material: é o elemento constituinte da coisa, a matéria
de que é feita. (de que é feito x ?) ÉTICA E POLÍTICA EM ARISTÓTELES
▸Causa eficiente: consiste na forma primária da mudança, o
Se o bem é idêntico para o indivíduo e para a cidade,
agente da transformação da coisa. (por que x é x ? ou o que
parece mais importante e mais perfeito escolher e
fez com que x viesse a ser x?)
defender o bem da cidade. Sem dúvida, o bem também
▸Causa final: trata-se do objetivo, propósito, finalidade da
é desejável quando diz respeito a uma só pessoa, mas
coisa. (para que x ?)
é mais belo e mais divino quando se refere a um povo
A visão aristotélica é teleológica (telos – finalidade). A natureza
e às cidades.
apresenta uma regularidade, uma ordem, e isso não pode ser
(Aristóteles, Ética a Nicômaco, A 2, 1.094 b 7-10)
obra do acaso.
Aristóteles concebe a ética (teoria do caráter e dos costumes
humanos) como indissociável da política (teoria das formas de
O DEUS ARISTOTÉLICO (PRIMEIRO Estado e de como os homens podem se organizar coletivamente
MOTOR) para proporcionar o bem comum).

“Tudo que se move, deve ser movido por um outro” “Quem for incapaz de fazer parte de uma comunidade,
quem não precisa de nada, bastando-se a si mesmo, é
Para Aristóteles, duas substâncias sensíveis ao menos são incor-
uma besta ou um deus, não uma parte da cidade.”
ruptíveis: O TEMPO E O MOVIMENTO.
(Aristóteles, Política, A 2, 1.253 a 27-30).
Se preservam e se conservam em suas característi-
Nesse contexto, participar da vida coletiva, que não é mera-
cas essenciais não importa o que aconteça.
mente manutenção das necessidades básicas, mas, sobretudo,
PRIMEIRO, já que o tempo é eterno (sem início, obtenção da vida digna nela mesma, sem outra finalidade que
nem fim), então o princípio não pode ser ori- não seja ela própria.
ginado, nem ter fim. Seria inconcebível que algo
A busca por finalidades ou bens é constante na vida humana.
corruptível principiasse algo incorruptível. Deve
Busca-se os prazeres do corpo, a honra perante os iguais, o acú-
haver um princípio que é eterno a fim de causar o
mulo de riquezas, mas todos esses empreendimentos ou não
movimento, que é eterno.
bastam a si mesmos ou dependem mais de externalidades que
SEGUNDO, já que a natureza do tempo é o movimento, então o de cada um. A finalidade última, a circunstância de satisfação e
princípio não pode ser móvel. Isso ocorre porque tudo que está florescimento válida nela mesma não pode se con-
em movimento é movido por algo. fundir com nenhuma daquelas atividades. A fina-
lidade última ou bem supremo, chamada de
TERCEIRO, já que o movimento está sempre em ato, então o
eudaimonia por Aristóteles, precisa ser alcan-
princípio não deve ser mera potencialidade. Se
çada e a resposta é habituar-se a uma vida
fosse mera potencialidade, então o tempo (e o
constantemente virtuosa.
movimento) não seria eterno, porque have-
ria possibilidade de não haver atualização. A virtude é aquilo que cada ser faz de melhor e de mais próprio
Como o movimento é constante, deve haver a si mesmo e, a depender a que parte do homem nos referimos,
um princípio que é puro ato. podem ser chamadas de éticas ou dianoéticas.

Esse princípio deve ser uma substância As virtudes éticas são tantas quantos os sentimentos, as paixões,
suprassensível com as seguintes característi- as ações que a razão deve moderar.
cas: ETERNA, IMÓVEL E PURO ATO
Como, entretanto, ser virtuoso?

VIVIANNE CATOLÉ • FILOSOFIA 3


A virtude é o hábito de praticar ações que estejam no meio
de dois excessos – JUSTA MEDIDA, um meio-termo entre Anote aqui
dois extremos.

Ex. A coragem é o justo meio entre a covardia (falta) e a temeri-


dade (excesso).

As virtudes dianoéticas se referem à parte da alma mais racio-


nal e, portanto, segundo o filósofo, mais propriamente humana e,
consequentemente, mais elevada. São essas as virtudes da razão.

O homem, composto de três almas (intelectiva, sensitiva e vege-


tativa), é mais propriamente homem quando exerce as virtudes
típicas da parte intelectiva, que são duas: sophía (sabedoria) e
phrónesis (discernimento), ambas virtudes dianoéticas.

TIPOS DE GOVERNOS: Estado deve ser uma associação de seres


iguais procurando uma existência feliz.

A Constituição de um Estado será exercida de modo correto


quando for de acordo com o bem comum, independentemente
de quantos soberanos estiverem no poder. Por isso, pode ser:

• Monarquia (governo de um excepcional)


• Aristocracia (governo de poucos excelentes)
• Politeia (governos de muitos excepcionais)
A Constituição de um Estado, por outro lado, pode
ser exercida de modo incorreto quando ignorar o
bem comum e se exercer em vistas ao bem privado.
É o caso das seguintes formas:

• Tirania
• Oligarquia
• Democracia
DEMOCRACIA ATENIENSE CONSISTE EM UM DESVIO, porque
considera que todos são iguais em todos os aspectos e não ape-
nas nas liberdades, o que acarreta uma corrupção da condução
das coisas públicas. DEMAGOGIA

Quando um só, poucos ou a maioria exercem o poder


tendo em vista o interesse comum, então há necessa-
riamente as constituições justas; quando um, poucos
ou a maioria exercem o poder tendo em vista seu
interesse privado, então há desvios.
(Aristóteles, Política, Γ 7, 1.079 a 27-31)

4 FILOSOFIA • VIVIANNE CATOLÉ

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