Centro Universitário Internacional - UNINTER Curso de Licenciatura em Pedagogia Língua Portuguesa Ana Gabrielle Gonçalves Gomes RU: 2588465

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Centro Universitário Internacional – UNINTER

Curso de Licenciatura em Pedagogia

Língua Portuguesa

Ana Gabrielle Gonçalves Gomes

RU: 2588465

Figuras de linguagem

As Figuras de Linguagem são recursos da Língua Portuguesa que criam


novos significados para as expressões, ao trabalhar com o sentido conotativo em
vez do literal.

Figuras semânticas: consistem no emprego de uma palavra num sentido


não convencional, ou seja, num sentido conotativo. São as seguintes:

Metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do


habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido
figurado. Na metáfora ocorre uma comparação em que o conectivo comparativo fica
subentendido.

Ex.: “Meu pensamento é um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)

Símile ou Comparação: ocorre comparação quando se estabelece


aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por nexos
comparativos explícitos, como tal qual, assim como, que nem e etc. A principal
diferenciação entre a comparação e a metáfora é a presença dos nexos
comparativos.

Ex.: “E flutuou no ar como se fosse um príncipe.” (Chico Buarque)

Analogia: é uma espécie de comparação, mas, nesse caso, feita por meio de
uma correspondência entre duas entidades distintas, pode ocorrer quando o autor
quer estabelecer uma aproximação equivalente entre elementos por meio do sentido
figurado e dos conectivos de comparação.

Ex.: “Da ponta de cada galho, como um enorme figo púrpura, um futuro
maravilhoso acenava e cintilava. Um desses figos era um lar feliz com marido e
filhos, outro era uma poeta famosa, outro, uma professora brilhante, outro era Ê Gê,
a fantástica editora, outro era feito de viagens à Europa, África e América do Sul,
outro era Constantin e Sócrates e Átila e um monte de amantes com nomes
estranhos e profissões excêntricas, outro era uma campeã olímpica de remo, e
acima desses figos havia muitos outros que eu não conseguia enxergar. Me vi
sentada embaixo da árvore, morrendo de fome, simplesmente porque não conseguia
decidir com qual figo eu ficaria. Eu queria todos eles, mas escolher um significava
perder todo o resto, e enquanto eu ficava ali sentada, incapaz de tomar uma
decisão, os figos começaram a encolher e ficar pretos e, um por um, desabaram no
chão aos meus pés.”

No trecho do romance “A Redoma de Vidro”, a autora Sylvia Plath faz uma


analogia entre a abundância de opções que temos para escolher o que faremos da
vida e uma árvore cheia de figos

Metonímia: assim como a metáfora, consiste numa transposição de


significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser
utilizada com outro sentido. Ou seja, é o emprego de um nome por outro em virtude
de haver entre eles algum relacionamento. A metonímia ocorre quando se emprega:

A causa pelo efeito: vivo do meu trabalho (do produto do trabalho = alimento)

O efeito pela causa: aquele poeta bebeu a morte (= veneno)

O instrumento pelo usuário: os microfones corriam no pátio = repórteres).

Perífrase: é uma expressão que designa um ser por meio de alguma de suas
características ou atributos.

Ex.: O ouro negro foi o grande assunto do século. (= petróleo)


Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por
diferentes órgãos sensoriais.

Ex.: Um doce abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação


tátil)

Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.

Ex.: Estou morrendo de sede!

Não vejo você há séculos!

Catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um


conceito, toma-se outro por empréstimo.

Ex.: Ele comprou dois dentes de alho para colocar na comida.

O pé da mesa estava quebrado.

Não sente no braço do sofá.

Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento desagradável ou chocante.

Ex.: Ele sempre faltava com a verdade. (= mentia)

Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.

Ex.: “E rir meu riso e derramar meu pranto....” (Vinicius de Moraes)

Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou expressão no início de várias


orações, períodos ou versos.

Ex.: “Tudo é silêncio, tudo calma, tudo mudez.” (Olavo Bilac)

Ambiguidade ou Anfibologia: figura de linguagem muito utilizada no meio


artístico, de forma poética e literária. Porém, em textos técnicos e redações ela é
considerada um vício (e deve ser evitada). Ela ocorre quando uma frase fica com
duplo sentido, confundindo a interpretação.

Ex.: “Um primo contou ao outro que sua mãe estava doente.”
Antonomásia: É a figura que designa uma pessoa por uma característica, feito
ou fato que a tornou notória.

Ex.: A cidade eterna (em vez de Roma)

Alegoria: É usada de forma retórica, a fim de ampliar o significado de uma


palavra (ou oração). Ela ajuda a transmitir um (ou mais) sentidos do texto, além do
literal.

Ex.: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam
pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano
e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos
comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente…”
(Dom Casmurro — Machado de Assis)

Simbologia: trata-se do uso de simbologias para indicar alguma coisa.

Ex.: “A pomba branca simboliza a paz.”

Figuras sintáticas (ou de construção): são desvios que são evidenciados


na construção normal do período. Elas ocorrem na concordância, na ordem e na
construção dos termos da oração. São as seguintes:

Elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo


contexto.

Ex.: Na sala, apenas quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)

Zeugma: ocorre quando se omite um termo que já apareceu antes. Ou seja,


consiste na elipse de um termo que antes fora mencionado.

Ex.: Nem ele entende a nós, nem nós a ele. (omissão do termo entendemos)

Silepse: ocorre quando a concordância se faz com a ideia subentendida, com


o que está implícito e não com os termos expressos. A silepse pode ser:

De gênero: Vossa excelência é pouco conhecido. (concorda com a pessoa


representada pelo pronome)
De número: Corria gente de todos os lados, e gritavam. (gente dá ideia de
plural, gritavam concorda com “gente”)

De pessoa: Os brasileiros somos bastante otimistas. (brasileiros dá ideia de


nós (1º p. do plural) somos, 1º p. do plural “concorda” com “somos”)

Hipérbato ou Inversão: consiste no deslocamento dos termos da oração ou


das orações no período. Ou seja, é a mudança da ordem natural dos termos na
frase.

Ex.: São como cristais suas lágrimas.

Batia acelerado meu coração.

Na ordem direta, as frases dos exemplos expostos seriam:

Suas lágrimas são como cristais.

Meu coração batia acelerado.

Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou


elementos do período.

Ex.: “...e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre...” (Clarice Lispector)

Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre elementos coordenados.

Ex.: “Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino.” (Cecília Meireles)

Acordei, levantei, comi, saí, trabalhei, voltei.

Anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Isso ocorre,


geralmente, porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta
por outra.

Ex.: “Eu, que me chamava de amor e minha esperança de amor.”

“Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as
mãos.” (Camilo Castelo Branco)

Os termos destacados não se ligam sintaticamente à oração. Embora


esclareçam a frase, não cumprem nenhuma função sintática nos exemplos.
Figuras de pensamento: utilizadas para produzir maior expressividade à
comunicação, as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias,
pensamentos.

Antítese: é o emprego de palavras ou expressões de significados opostos.

Ex.: Os jardins têm vida e morte.

Paradoxo: consiste no uso de palavras de sentido oposto que parecem


excluir-se mutuamente, mas, no contexto se completam, reforçam uma ideia e/ou
expressão.

Ex.: Estou cego, mas agora consigo ver.

Gradação ou Clímax: é uma sequência de palavras que intensificam uma


ideia.

Ex.: Porque gado a gente marca,/ tange, ferra, engorda e mata,/ mas com
gente é diferente.

Personificação ou Prosopopeia: consiste em atribuir a seres inanimados


características próprias dos seres humanos.

Ex.: O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

Ironia: é o recurso linguístico que consiste em afirmar o contrário do que se


pensa.

Ex.: Que pessoa educada! Entrou sem cumprimentar ninguém.

Apóstrofe: é a interpelação enfática de pessoas ou seres personificados.

Ex.: “Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro
Alves)

Alusão: é um recurso utilizado para fazer referência ou citação, relacionando


uma ideia a outra — o que pode ocorrer de forma explícita ou não. Ao fazer
referência a um acontecimento, pessoas, personagens ou outros trabalhos, a alusão
ajuda no entendimento da ideia que se deseja passar.

Ex.: “Eles estavam apaixonados como Romeu e Julieta.”


No caso do exemplo acima, o objetivo é explicar tamanha paixão que uma
pessoa sente pela outra.

Quiasmo: ocorre quando existe um cruzamento de palavras (ou expressões),


fazendo com que elas se repitam. Geralmente é usado para enfatizar algum feito.

Ex.: “Cheguei. Chegaste / Tu vinhas fatigada e triste / e triste e fatigado eu


vinha.” (No Meio do Caminho — Olavo Bilac)

Exemplo de como ele é usado no dia a dia: “Ele quase não sai. Vai de casa
para o trabalho, do trabalho para casa.”

Figuras sonoras: são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem para


reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes:

Cacofonia: é a junção de duas palavras (as últimas sílabas de uma + as


sílabas iniciais da outra) pode tornar o som diferente e criar um novo significado —
ela é percebida ao falar, com o som fazendo parecer algo diferente do que
realmente foi dito.

Ex.: “Alma minha gentil, que te partiste / Tão cedo desta vida descontente, /
Repousa lá no Céu eternamente, / E viva eu cá na terra sempre triste” (Luís de
Camões)

Nos versos acima, a cacofonia acontece logo no início: "alma minha".

Exemplos de cacofonia que podemos produzir até mesmo sem perceber no


dia a dia:

“eu beijei a boca dela” (cadela);

“a prova valia 5 pontos, um por cada acerto” (porcada);

“ela tinha uma saia longa” (latinha);

"vou te dar uma mão nessa tarefa" (mamão).

Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra para imitar sons e ruídos. É


uma figura que procura imitar os ruídos e não apenas sugeri-los.

Ex.: Chega de blá-blá-blá-blá!


É importante destacar que a existência de uma figura de linguagem não exclui
outras. Em um mesmo texto podemos encontrar aliteração, assonância,
paronomásia e onomatopeia.

Aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.

Ex.:“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de
duro, dá de dentro, dá direito”. (Guimarães Rosa)

Assonância: consiste na repetição ordenada de mesmos sons vocálicos.

Ex.: “O que o vago e incógnito desejo/de ser eu mesmo de meu ser me deu”.
(Fernando Pessoa)

Paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas


de significados distintos.

Ex.: “Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”.


(Almir Sater e Renato Teixeira)

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